“Bolsonaro tem
a violência como projeto político e as mulheres e a imprensa são alvos”. Miriam
Leitão
Os historiadores, como os filósofos e os historiadores da literatura, estavam habituados a uma história das sumidades. Mas hoje, diferentemente dos outros, aceitam mais facilmente trabalhar sobre um material “não nobre”. A emergência deste material plebeu na história já data bem de uns cinquenta anos. Temos assim menos dificuldade de lidar com os historiadores. Você não ouvirá jamais um historiador dizer o que alguém, cujo nome não importa, disse em uma revista incrível, Raison Présente, a propósito de Buffon e de Ricardo: Foucault se ocupa apenas dos medíocres. Atualmente, lembra o filósofo da analítica do poder, retoma-se muito a monografia, mas a monografia tomada menos como o estudo de um objeto particular do que como uma tentativa de fazer vir novamente à tona os pontos em que se produziu e se formou. O que seria então um estudo sobre uma prisão ou sobre um hospital psiquiátrico? Fizeram centenas deles no século XIX, sobretudo acerca dos hospitais, estudando a história das instituições, a cronologia dos diretores etc. Fazer a história monográfica de um hospital consistiria em fazer emergir o arquivo do hospital no movimento mesmo de sua formação, como um discurso se constituindo e se confundindo com o movimento do hospital, com as instituições, alterando-as, reformando-as. Tentar-se-ia reconstituir o limiar do discurso, no decorrer e no âmbito da história. Lembra a fase arqueológica foucaultiana que é situada além do estruturalismo e da hermenêutica, para não falarmos do que Jean-Pierre Faye (1994) fez com o discurso totalitário.
A constituição de um corpus
coloca, segundo Foucault, um problema para minhas pesquisas, mas um problema
sem dúvida bem diferente da pesquisa linguística, por exemplo. Quando queremos
fazer um estudo linguístico, ou um estudo do mito, vemo-nos obrigados a
escolher um determinado corpus, a defini-lo e a estabelecer seus
critérios de constituição. No domínio muito mais vago que estudo, o corpus
é num certo sentido indefinido; não se chegará jamais a constituir o conjunto
de discursos formulados sobre a loucura, mesmo limitando-nos a uma época e a um
país determinados. No caso da prisão, não haveria sentido em limitarmo-nos aos
discursos formulados sobre a prisão. Há igualmente aqueles que se originam da
prisão: as decisões, os regulamentos que são elementos constituintes da prisão,
o funcionamento mesmo da prisão, que possui suas estratégias, seus discursos
não formulados, suas astúcias que finalmente não são de ninguém, mas que são,
no entanto, vividas, assegurando o funcionamento e a permanência da
instituição. É tudo isso metodologicamente que é preciso ao mesmo tempo
recolher e fazer aparecer. E o trabalho, que para Foucault, consiste antes em
fazer aparecer esses discursos em suas conexões estratégicas do que
constituí-los excluindo outros discursos.
O momento em que se percebeu ser, segundo a economia do poder, mais eficaz e mais rentável vigiar que punir. Esse momento corresponde à formação, ao mesmo tempo rápida e lenta, no século XVIII e no início do século XIX, de um tipo de exercício do poder. Todos conhecem as grandes transformações, os reajustes institucionais que implicaram a mudança de regime político, a maneira pela qual as delegações de poder no ápice do sistema estatal foram modificadas. O século XVIII encontrou um regime por assim dizer sináptico de poder, de seu exercício no corpo social, e não sobre o corpo social. A mudança de poder oficial esteve ligada a esse processo, mas por meio de decalagens. Trata-se de uma mudança de estrutura fundamental que permitiu a realização, com uma certa coerência, da modificação dos pequenos exercícios de poder. Também é verdade que foi a constituição deste novo poder microscópico, capilar, que levou o corpo social a expulsar elementos como a corte e o personagem do rei. A mitologia do soberano não era mais possível a partir do momento em que certa forma de poder se exercia no corpo social. O soberano tornava-se um personagem fantástico, ao mesmo tempo monstruoso e arcaico. Não se pode dizer que a mudança, no nível do poder capilar, esteja absoluta e ligada às mudanças institucionais no nível das formas centralizadas do Estado.
O que há de novo na interpretação
foucaultiana (2016; 2021) é que a sua hipótese de trabalho reitera o fato
social que a prisão esteve, desde sua origem, ligada a um projeto de
transformação dos indivíduos. Habitualmente se acredita que a prisão era uma
espécie de depósito de criminosos, de tal forma que se teria dito ser
necessário reformar as prisões, fazer delas um instrumento de transformação social
dos indivíduos. Isso não é verdade: os textos, os programas, as declarações de
intenção estão aí para demonstrar. Desde o começo, a prisão devia ser um
instrumento tão aperfeiçoado quanto a escola, a caserna ou o hospital, e agir
com precisão sobre os indivíduos. O fracasso foi imediato e registrado quase ao
mesmo tempo que o próprio projeto. Desde 1820 se constata que a prisão, longe
transformar os criminosos em “gente honesta”, na verdade serve para “fabricar
novos criminosos” ou para afundá-los ainda mais na criminalidade. Foi então que
houve, como sempre nos mecanismos de poder, uma utilização estratégica
daquilo que era inconveniente. A prisão fabrica delinquentes, mas os
delinquentes são úteis tanto no domínio econômico como no político. Os
delinquentes servem para alguma coisa. No proveito que se pode
tirar da exploração do prazer sexual: a instauração, no século XIX, do grande
edifício da prostituição só foi possível graças aos delinquentes que permitiram
a articulação entre o prazer sexual quotidiano e a capitalização. E basta ver o
medo e o ódio que os operários do século XIX sentiam em relação aos
delinquentes, para compreender que estes eram utilizados contra aqueles nas
lutas políticas e sociais, em missões de vigilância, infiltração, para impedir
ou furar as greves etc.
Anos
depois de ser vítima de tortura pelo regime autoritário militar, a jornalista Miriam Azevedo
de Almeida Leitão veio a público revelar, com detalhes, o sofrimento
vivido nas dependências do quartel do Exército em Vila Velha durante a ditadura
militar (1964-1984). Grávida, a jornalista foi agredida, assediada moral e
sexualmente, e até colocada nua dentro de uma sala escura com uma
jiboia, onde foi mantida por horas. O episódio voltou a ser comentado depois
que, na tarde de domingo do dia 3 de abril de 2022), deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou redes
sociais para debochar da tortura vivida por Miriam Leitão. - “Ainda com
pena da cobra”, escreveu. O ataque foi motivado por um artigo publicado por
Miriam no jornal O Globo na qual ela critica o posicionamento de
integrantes da chamada “terceira via” de comparar e tentar igualar o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o inexperiente presidente Jair Messias
Bolsonaro (PL), chamado por ela de “inimigo declarado da democracia”. Em agosto
de 2014, a jornalista quebrou o silêncio que perdurou 42 anos e deu seu relato
etnográfico ao jornalista Luiz Cláudio Cunha, após o repórter tentar
diversas vezes ao longo de um mês. O depoimento foi publicado originalmente no Observatório
da Imprensa e reproduzido, na ocasião, pelo Congresso em Foco. Um
dos jornalistas mais premiados do país, Luiz Cláudio Cunha é autor de Operação
Condor: O Sequestro dos Uruguaios (2008). O Congresso
em Foco volta a publicar o artigo, devido à crueldade imposta à Miriam
Leitão na década de 1970 por militares associados à tortura. É um site independente e apartidário com notícias relacionadas ao Congresso Nacional no
Brasil.
O site foi lançado em 2004. É financiado por uma empresa privada criada pelo jornalista Sylvio Costa, que é o fundador e principal sócio. Tem como principais fontes de receita a publicidade que é exibida no site e na revista Congresso em Foco, disponível para venda e assinatura, além de eventos e parcerias com outros veículos de comunicação. Em 2010, iniciou uma parceria com o Universo Online (UOL), uma empresa brasileira de conteúdo, produtos e serviços de Internet do Grupo UOL PagSeguro, uma empresa brasileira que atua como meio de pagamento eletrônico e instituição bancária (PagBank) sendo uma das responsáveis pela captura, transmissão e liquidação financeira de transações com cartões de crédito e débito, tanto no meio físico (com suas máquinas sem aluguel), quanto no meio eletrônico (com suas soluções de pagamento on-line), sendo o braço mais rentável do grupo Universo Online (UOL). Em 1º de janeiro de 2006 foi lançada no mercado a BRPay fundada pelos sócios Sergio Costa, Armando Hilel e Leonardo Pascoal, a primeira plataforma de pagamentos online do Brasil. No mês de janeiro de 2007 o UOL realizou a compra da BRPay. Em 15 de julho de 2007 o UOL mudou o nome de BRPay para PagSeguro com uma campanha “BRPay agora é PagSeguro” se tornando a plataforma oficial de serviços financeiros da empresa. Em 2010, o PagSeguro contava com mais de 12 milhões de usuários cadastrados. Dois anos depois, em 2012, fez parceria com a Horus, empresa de prevenção a fraudes em meios eletrônicos de pagamentos para garantir a segurança de suas transações bancárias.
Também
em 2012, fez parceria com a Nokia para processar pagamento via Near Field
Communication (NFC), tecnologia que permite a transmissão dos dados de
forma segura através da aproximação de dois celulares. O PagSeguro foi a
primeira empresa a implantar a tecnologia NFC no Brasil. Em 2013, o PagSeguro
lançou o leitor de cartão de crédito e débito para recebimento de pagamentos
através de aplicativos móveis. No mesmo ano, fez parcerias com o Cartão Mais! e
com o iPAGARE Magento. Os lojistas que possuem uma loja Magento com a
tecnologia do iPAGARE podem utilizar o PagSeguro no checkout. No mesmo
ano, 2013, recebeu a certificação PCI-DSS (Padrão de Segurança de Dados para a
Indústria de Cartões de Pagamento) e também lançou o Envio Fácil, um serviço de
frete com descontos para os lojistas no envio de encomendas, sem limite de peso
para todo o país. O Envio Fácil faz o rastreio das entregas através do
site do PagSeguro. Em 2014, o PagSeguro lançou o aplicativo Carteira PagSeguro,
o aplicativo armazena os dados disponíveis do cartão de crédito e permite a
facilidade de realizar o pagamento direto em estabelecimentos através do
telefone celular.
No ano seguinte, 2015, foi destaque no XVI Prêmio Consumidor Moderno (2016) como a melhor empresa na categoria Serviços Financeiros e de Excelência em Serviços ao Cliente e foi eleita a melhor empresa na Categoria Pagamentos online, de acordo com Prêmio Época ReclameAQUI 2015. Em dezembro de 2017, o PagSeguro anuncia a compra de 50,5% do controle da startup de empréstimos Biva, centrada em micro e pequenos empresários, tendo a maior parte de suas operações voltada para a antecipação de recebíveis. Em janeiro de 2018, o PagSeguro anuncia a abertura de seu capital através de uma oferta pública de ações (IPO) na New York Stock Exchange. A operação resultou na arrecadação de cerca de US$ 2,7 bilhões, e até aquela data, considerado o maior IPO brasileiro. Em janeiro de 2019, adquiriu do Grupo Rendimento o controle do BBN - Banco Brasileiro de Negócios, depois de uma tentativa falha de adquirir o Agibank, com o intuito de acelerar sua entrada no sistema financeiro. Em maio do mesmo ano, o PagSeguro lançou o PagBank, uma conta digital oferecida gratuitamente, que permite ao cliente fazer transferências, pagamentos e recarga de celular, além de dar direito a um cartão de crédito internacional. A adesão social foi bastante significativa e, em quatro meses, o PagBank já tinha incorporado em torno de 1,4 milhões de clientes ativos.
No
dia 4 de julho de 2019, anunciou um novo cartão gratuito com bandeira Visa para
sua conta digital, a PagBank. O novo serviço possibilita a movimentação
de contas internacionais para pagamento em lojas físicas e virtuais. Além
disso, funções como, pagamento de contas, recarga de celulares, solicitação de
empréstimos, portabilidade de salários e fazer e receber TED para qualquer
banco serão possíveis. Em 21 de agosto
de 2020, compra a operação brasileira (MOIP) da alemã Wirecard em
operação sem divulgação dos valores envolvidos. A empresa de pagamentos Wirecard
surpreendeu o “mundo financeiro” com seu
sucesso vertiginoso, até uma equipe de jornalistas determinados expor a grande
fraude. A incorporação adiciona R$ 120 milhões em receitas, carteira com 200 mil
clientes e R$ 5 bilhões em volume total de pagamentos segundo informações
publicadas pelo Valor Econômico. Ainda em agosto, o PagBank atingiu a marca de
6 milhões de clientes ativos. No mesmo ano, foi eleito pela renomada revista Forbes como
um dos 4 melhores bancos do Brasil. O segundo semestre de 2020, finalizou a
aquisição a Wirecard Brazil, subsidiária Wirecard, por valor não
divulgado.
O
escândalo da Wirecard foi uma série de práticas comerciais corruptas e
relatórios financeiros fraudulentos que levaram à insolvência da Wirecard, uma
processadora de pagamentos e provedora de serviços financeiros, com sede em
Munique, Alemanha. A empresa fazia parte do índice Deutscher Aktienindex
(DAX). Eles ofereciam aos clientes transações eletrônicas de pagamento e
serviços de gerenciamento de risco, bem como a emissão e processamento de
cartões físicos. A subsidiária, Wirecard Bank AG, detinha uma licença bancária comercial
e tinha contratos com várias empresas internacionais de serviços financeiros. Alegações
de más práticas contábeis acompanham a empresa desde os primeiros dias de sua
constituição, atingindo um pico em 2019, depois que o jornal Financial Times
publicou uma série de investigações junto com denúncias de denunciantes e
documentos internos. Em 25 de junho de 2020, a Wirecard entrou com pedido de
insolvência após revelações de que € 1,9 bilhão estava “desaparecido”, e a
rescisão e prisão de seu Chief Executive Officer (CEO) Markus
Braun. Foram levantadas questões legítimas
sobre algumas falhas regulatórias por parte da Autoridade Federal de
Supervisão Financeira (BaFin), o principal órgão de fiscalização financeira
da Alemanha, e possível negligência do auditor de longa data da Wirecard, Ernst
& Young.
A empresa foi fundada em 1999. Depois que Markus Braun ingressou como CEO em 2002, a empresa se concentrou em serviços de pagamento online, começando com sites de pornografia e jogos de azar como clientes. Ao assumir a listagem da InfoGenie AG, um grupo de call center extinto, a Wirecard entrou no segmento de mercado de ações da Neuer Markt, uma ação que foi criticada por evitar o escrutínio adequado durante uma oferta pública inicial. Isso foi alcançado através de uma decisão em uma assembleia geral da InfoGenie de transferir a Wirecard não listada para a InfoGenie AG por meio de um aumento de capital contra investimento em espécie, tornando a Wirecard uma sociedade por ações listada no Prime Standard, segmento de mercado de ações por meio de IPO reverso. Uma auditoria limpa da EY em 2007 acalmou as preocupações dos investidores. A Wirecard foi incluída no TecDAX desde 2006 e no DAX desde 2018. Neste ano, as ações da Wirecard atingiram um pico, avaliando a empresa em € 24 bilhões. A Wirecard atribuiu seu rápido crescimento à rápida expansão internacional alcançada por meio da aquisição de empresas locais, resultando no crescimento de sua receita muitas vezes superando as tendências gerais do setor. Em março de 2017, a Wirecard adquiriu a Citi Prepaid Card Services e criou a Wirecard North America, entrando no mercado norte-americano. Em 2007, a Wirecard expandiu-se ao adquirir o XCOM Bank AG, permitindo-lhe emitir cartões de crédito e débito através de Acordos de Licenciamento com Visa e Mastercard. Em novembro de 2019, a Wirecard entrou no mercado chinês ao adquirir a AllScore Payment Services, com sede em Pequim.
Suspeita-se
que a Wirecard tenha se envolvido em uma série de atividades contábeis
fraudulentas para inflar seu lucro. Apesar das alegações, a BaFin acabou
tomando poucas medidas contra a empresa antes de seu eventual colapso, optando
por apresentar queixas contra os críticos da empresa e vendedores a descoberto
das ações da empresa. As operações bancárias combinadas da Wirecard, por meio
de sua subsidiária Wirecard Bank e aquelas não bancárias, principalmente processamento
de pagamentos, dificultam a comparação de seus resultados financeiros com os de
seus pares, de modo que os investidores tiveram que confiar em versões
ajustadas das demonstrações financeiras da empresa. As contas “ajustadas”, ao
contrário dos Relatórios que seguem as Normas Internacionais de Relato
Financeiro, resultaram em lucros inflacionados e valores de fluxo de caixa.
Alertas vermelhos foram levantados já em 2008, quando o chefe de uma associação
de acionistas alemã atacou as irregularidades do balanço patrimonial da
Wirecard. Após a realização de uma Auditoria Especial em resposta às críticas,
a Ernst & Young (EY) assumiu o cargo de auditor principal da Wirecard e permaneceria pelo resto da história da empresa. Como resposta, as
autoridades alemãs processaram duas pessoas devido à divulgação precária da
posse de ações da Wirecard.
Apesar das denúncias bem concretas, a Wirecard negou e tentou passar um pano na história. O caso só estourou mesmo quando a empresa, após adiar quatro vezes a divulgação de seu balanço, admitiu que 1,9 bilhão de euros (US$ 2,1 bilhões) haviam desaparecido de seu resultado. Isso levou o então CEO Markus Braun a pedir demissão, para ser preso por suspeita de falsificação de contas logo em seguida. Ele foi solto em seguida após pagar fiança de cinco milhões de euros. O caso levou as ações da Wirecard, até então negociadas em torno de 104 euros, a caírem 98%, batendo uma mínima de 1,28 euro. A queda da companhia colocou a “governança corporativa” e a regulamentação do setor na Alemanha em xeque-mate. Em 2020, a empresa entrou com pedido insolvência com dívidas de cerca de 3,5 bilhões de euros (em torno de R$ 18 bilhões). Sobre o documentário O Escândalo da Wirecard, por sua vez, há muito o que comentar. O filme é um “mosaico benjaminiano” (enquanto entrecruzamento de teorias filosóficas) mobilizado em torno de entrevistas com os jornalistas que participaram da investigação e pelo fato de como se decorreu o caso. Entretanto, a montagem bem-feita e ágil traz o espectador consigo, tornando um assunto que já era interessante em algo ainda muito mais atrativo. Quem gosta do gênero, certamente vai adorar O Escândalo da Wirecard. Para os jornalistas e para quem critica a mídia, é uma aula de como a imprensa é historicamente importante para assuntos tão relevantes.
Em 2015, o Financial Times relatou o que viu como uma lacuna significativa entre os ativos e passivos de curto prazo no negócio de pagamentos da Wirecard. Isso foi resultado do fato de a Wirecard receber apenas uma pequena comissão de seu volume de processamento de pagamentos, e o fluxo transitório de pagamentos através das contas da Wirecard foi ajustado para refletir o pequeno corte da Wirecard. Em resposta, a Wirecard contratou os serviços da Schillings, um escritório de advocacia do Reino Unido, e da agência de relações públicas da FTI Consulting em Londres. Mais tarde, em 2015, a J Capital Research publicou um Relatório que recomendava a venda a descoberto das ações da Wirecard, pois considerava as operações asiáticas da empresa muito menores do que o alegado. Em 2016, um relatório publicado por uma entidade desconhecida chamada Zatarra Research levou a “quedas nos preços das ações, levando a BaFin a iniciar uma investigação sobre uma possível manipulação de mercado”. Em julho de 2021, a Wirecard contratou a empresa de investigações corporativas Alix Partners para realizar uma investigação forense das práticas contábeis que levaram à sua insolvência.
Em
abril de 2021, anunciou o lançamento do PagPhone, primeiro equipamento do
mundo, baseado em Android, a oferecer de forma unificada as funções de
telefonia inteligente com o ecossistema financeiro completo da companhia. Em
outubro de 2021, “o empresário Fábio Souza Lima acusa a PagSeguro de racismo e
conspiração após a venda de sua startup Tilix, que consequentemente
levou a sua prisão”. De acordo com o Comscore, a empresa ocupa a 3ª posição
entre aquelas que operam propriedades multiplataforma na Internet do Brasil,
atrás do Google (Google Brasil, Google dos Estados Unidos da América e
YouTube) e da Meta (Facebook e Instagram), e ficando à frente do Grupo Globo
(Globo.com), da Microsoft (MSN), do Grupo Record (R7), do MercadoLivre, da
Telefônica (Terra), dos sítios eletrônicos operados pelo Governo Federal do
Brasil, onde o mais acessado é o da Caixa Econômica Federal: “vem pra
caixa você também”, da B2W Digital (Americanas.com, Shoptime e Submarino), da Shopee,
da Byte Dance (Tik Tok), da Netflix, do Samsung Group e da
Magazine Luiza.
Ainda
de acordo com o Comscore, o Universo Online (UOL) é o maior portal do Brasil
com mais de 108 milhões de visitantes únicos por mês e 7,4 bilhões de páginas
visitadas mensalmente. O UOL foi fundado por Luiz Frias em abril de 1996, sendo
o primeiro portal de conteúdo midiático do país. Sete meses após sua fundação,
o UOL uniu-se ao portal Brasil Online (BOL) da Editora Abril, é uma
editora brasileira, sediada na cidade de São Paulo, parte integrante do Grupo
Abril. A empresa atualmente publica 18 títulos, com circulação de 188,5 milhões
de exemplares, em um universo de quase 28 milhões de leitores e 4,1 milhões de
assinaturas, “sendo a maior do segmento na América Latina”. embora a editora
não possua mais participação no grupo. O Grupo UOL PagSeguro é controlado pela
OFL S.A. uma holding controlada por Luiz Frias empresário e banqueiro com participação
minoritária e em ações preferenciais da Empresa Folha da Manhã S. A. e tem
também outros acionistas minoritários. Historicamente desde 1996, o Universo Online ganhou
mais de 120 prêmios como “um dos maiores portais comerciais do Brasil”. Em 28
de abril de 1996, o UOL entrou comercialmente no mercado. Três meses depois, em julho, o UOL
colocou em operação uma conexão de 2 megabits por segundo com a rede mundial Internet
e, no mês seguinte, lançou o provedor de acesso à Internet em São Paulo e no
Rio de Janeiro com conta de e-mail e instalação do Netscape 2.2.
Foi no ano de sua fundação que surgiu um dos produtos mais icônicos da Internet
no Brasil: o Bate-Papo Universo Online.
Em 1997, o UOL criou fóruns com grupos de discussões e enquetes, estreou a versão Web da “Nova Enciclopédia Ilustrada Folha”, lançou a TV UOL (1997), a primeira emissora de televisão da rede de computadores brasileira com a programação transmitida exclusivamente pela Internet, em 2019 é substituída pelo selo MOV, com programação de clipes, entrevistas e trailers e apresentou a operação AcessoNet, empresa de rede que ampliou o acesso à Internet nas principais cidades do Brasil. O UOL também expandiu a capacidade de conexão para 20 megabits e recebeu o prêmio de melhor provedor e site preferido dos internautas da revista Informática Exame em 1997. O UOL absorveu os assinantes da provedora Compuserve no Brasil, aumentou sua capacidade de conexão para 74 megabits e através do UOL Discador, acabou com a linha ocupada no acesso à rede mundial de computadores - Internet em 1998. No ano seguinte, o UOL alcançou mais de 350 mil assinantes, lançou o UOL Educação, canal de notícias do setor educacional, e estreou o Placar UOL Esporte, site que mostra em tempo real o placar multinacional de jogos de futebol no país e no mundo ocidental. Nesse período iniciou o sistema de acesso ilimitado à Internet, criou a versão online da Bíblia, passou a oferecer e-mail gratuito, através do Brasil Online (BOL), nova empresa do grupo, e expandiu as operações internacionais com portais na Argentina, México, Venezuela, Chile e Estados Unidos da América (EUA).
Rosângela Lula da Silva, reconhecida
pelo apelido Janja, nascida em União da Vitória, no Paraná, em 27 de
agosto de 1966, é uma socióloga brasileira filiada ao Partido dos Trabalhadores
(PT). É a terceira e atual esposa do 35º presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula
da Silva. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores em 1983, quando tinha apenas 17 anos.
Em 1990, ingressou no curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do
Paraná (UFPR) e se especializou em História na mesma instituição de ensino superior. Além disso,
Rosângela possui Master of Business Administration (MBA) em Gestão Social
e Sustentabilidade Social. Entre 1995 e 1996, Rosângela Lula da Silva participou como docente
colaboradora do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG). Em 1º de janeiro de 2005, aos trinta e oito anos,
Rosângela ingressou na Itaipu Binacional. Na época, não havia concurso público
para o preenchimento do cargo administrativo, de maneira que ela foi
selecionada por meio de análise de currículo vitae e entrevista presencial.
Na
hidrelétrica, atuou como Assistente do diretor-geral e coordenadora de
programas voltados ao desenvolvimento sustentável. Entre 2012 e 2016, ela atuou
como assessora de comunicação e relações institucionais da Eletrobrás, no Rio
de Janeiro. Em 2016, voltou à Itaipu. Em 1º de janeiro de 2020, deixou
oficialmente a hidrelétrica, onde tinha um salário de 20 mil reais como
servidora. Janja e seu marido Luiz Inácio Lula da Silva, conheceram-se há
décadas, mas começaram o relacionamento em abril de 2018, quando o
ex-presidente já era viúvo de Marisa Letícia Lula da Silva, sua segunda esposa,
falecida em fevereiro de 2017. Após a prisão arbitrária de Lula, ela o visitava
com frequência à sede da Polícia Federal em Curitiba, tendo a primeira visita
ocorrido no Dia dos Namorados de 2018. Em uma ocasião, Janja visitou Lula durante
seu horário de expediente na empresa estatal. No dia 17 de maio de 2022, foi
anunciado que Lula e Janja iriam se casar no dia seguinte. O casamento ocorreu
em 18 de maio de 2022, em uma casa de festas de São Paulo. O casal estabeleceu
residência em um sobrado de 700m² alugado no bairro Alto de Pinheiros, na
capital paulista. Em 2 de julho de 2022, aos gritos por pedidos de beijos
durante comício em Porto Alegre, Lula comparou-o com Janja ao
dos personagens Juma e Joventino, na interpretação da novela Pantanal.
Pantanal é uma representação dramática da telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 28 de março a 7 de outubro de 2022, em 167 capítulos. Substituiu Um Lugar ao Sol que por sua vez foi substituída por Travessia, sendo a 19ª novela das 21 horas da emissora. É um remake da telenovela de mesmo nome criada e escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida na Rede Manchete em 1990. Adaptada por Bruno Luperi, tem direção de Davi Lacerda, Noa Bressane, Roberta Richard, Walter Carvalho e Cristiano Marques. A direção artística é de Rogério Gomes e Gustavo Fernandez. Conta com as atuações de Marcos Palmeira, Dira Paes, Jesuíta Barbosa, Alanis Guillen, Irandhir Santos, Camila Morgado, José Loreto e Guito nos papéis principais. Joventino, maior peão do Pantanal, desaparece sem deixar rastros, deixando o filho José Leôncio. Dois anos depois, em uma viagem ao Rio de Janeiro, ele se casa com Madeleine, que vai com ele para o Pantanal, onde nasce seu filho, Jove, batizado com o nome do avô paterno. Benedito Ruy Barbosa é escritor, dramaturgo, jornalista e publicitário brasileiro. Chegou à dramaturgia com a peça Fogo Frio, encenada pelo Teatro de Arena de São Paulo.
A estreia como autor de telenovelas
se deu como Somos Todos Irmãos (1966), na TV Tupi, uma livre adaptação
de A Vingança do Judeu, romance mediúnico da russa Vera Krijanóvscaia
(1861-1924) atribuído ao espírito de John Wilmot, Segundo Conde de Rochester
(1647-1680). Em seguida foi ao vivo outra novela de sua autoria, O Anjo e o
Vagabundo, representando um grande sucesso de audiência. O tema mais
constante nas novelas é a abordagem da vida rural e interiorana e cultura dos
caboclos, bem como a imigração portuguesa no Brasil e a imigração italiana no
Brasil, abordada em Os Imigrantes (1981), Vida Nova (1988), Terra
Nostra (1999) e Esperança (2002), onde foi substituído por Walcyr
Carrasco por problemas de saúde. Outro grande sucesso foi exibido em 1990 na
Rede Manchete, como vemos é a novela Pantanal, cuja sinopse foi recusada
pela TV Globo, feito este que ocorreu também com Os Imigrantes, que
acabou produzida ao vivo na Rede Bandeirantes. Até então, Benedito Ruy Barbosa
só havia escrito novelas para o horário das 18 horas na emissora, à qual
retornou três anos depois para escrever outro grande sucesso: Renascer
(1993), que marcava a estreia do autor no Horário Nobre, abordando a
crendice popular, feita também em Paraíso (1982), e a saga da história
de uma família nos dias antigos e atuais, com O Rei do Gado (1996).
Com
saudade da vida urbana e não se acomodando a ser esposa de peão, sempre em
comitivas, Madeleine convive com Filó, funcionária de sua casa. Ela era mulher
de corrutela, por onde passavam comitivas de peões, e se relacionou
amorosamente com José Leôncio em uma de suas viagens. Madeleine foge do
Pantanal levando Jove, ainda bebê, de volta para a mansão de sua família. O
menino cresce longe do pai, que, após se ver incapaz de brigar pela guarda do
filho, passou a enviar fielmente uma quantia de pensão mensal, mas Jove cresce
acreditando que seu pai havia morrido. Após a partida de Madeleine, Filó diz
que seu filho Tadeu também é de José Leôncio. A informação é mantida em
segredo, de forma que, da porta para fora, Tadeu segue como afilhado do patrão.
Duas décadas depois, Jove descobre que seu pai está vivo e vai à sua procura,
em um reencontro marcado por uma grande festança. Embora felizes com o momento,
José Leôncio e Jove são confrontados por um abismo de diferenças
comportamentais e culturais. Em meio aos ocorridos, Jove conhece Juma Marruá e
eles se apaixonam. Filha de Maria e Gil, a jovem aprendeu com a mãe a se
defender do “bicho homem”, que matou toda a família devido a conflitos de
terras, tornando-se uma mulher selvagem e arredia. Logo depois, José Lucas de
Nada, filho desconhecido de José Leôncio, chega à fazenda por obra do destino e
descobre ali os laços genéticos familiares que nunca teve.
O
Congresso em Foco – mutatis mutandis - também edita o Painel
do Poder. Em abril de 2009, ao lado de outros veículos de comunicação,
denunciou gastos irregulares na Câmara dos Deputados do Brasil, no que ficou reconhecido
como Escândalo das Passagens Aéreas é nome popular usado para designar
uma crise política do Brasil sobre o uso irregular da cota de passagens aéreas
a que todo parlamentar tem direito no Congresso Nacional. As cotas que os
deputados tem direito são bancadas pelo erário público, e em vez de serem
usadas pelos deputados para retornar as suas bases eleitorais, por muitas vezes
patrocinaram viagens ao exterior, ou viagens de amigos e parentes dos
deputados. No dia 4 de abril de 2009, o jornal O Estado de S. Paulo,
revelou que ao menos quatro senadores teriam usado o dinheiro destinado à
compra de bilhetes aéreos para fretar aviões particulares, com agravante de ter
sido feito com o aval da mesa diretora do senado. Segundo a publicação, o Ato
da Comissão Diretora do Senado, datado de 15 de dezembro de 1988, que extingue
à ajuda de custo para transporte aéreo, não prevê, que os bilhetes possam ser
transformados em dinheiro para fretar jatinhos. Apesar de tudo, quatro
senadores - Tasso Jereissati (PSDB-CE), Mário Couto (PSDB-PA), Jefferson Praia
(PDT-AM), Heráclito Fortes (DEM-PI) - segundo o próprio senador Jereissati “ele
teria gasto cerca de R$ 358 mil reais nessa modalidade”, mas teria sido
autorizado pela mesa diretora do Senado, através do seu primeiro-secretário o
senador Efraim Morais (DEM-PB).
No
dia 14 de abril de 2009, o site Congresso em Foco, denuncia que o
deputado Fábio Faria (PMN-RN), teria usado sua cota de passagens aéreas para
pagar viagens de atores da TV Globo - Kayky Brito, Sthefany Brito e Samara
Felippo - para o Carnatal, “carnaval fora de época da cidade de Natal”,
também para pagar sete viagens da sua ex-namorada Adriane Galisteu, e de sua
mãe Emma Galisteu, entre outras pessoas, entre os anos de 2007 e 2008. No dia
15 de abril do mesmo ano, o Congresso em Foco, revela que deputados que
se tornaram ministros continuaram usufruindo da cota de passagens aéreas a qual
tem eles tinham direito como deputados, mas o Ato 42 da Mesa da Casa, de 2000,
afirma que os deputados não podem utilizar a cota enquanto seus suplentes
estiverem em exercício. O ministro José Mucio (PTB-PE), após assumir o cargo no
Palácio do Planalto utilizou o expediente 54 vezes, o ministro Reinhold
Stephanes fez uso do mesmo 15 vezes, o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)
usou 4 vezes. Das 54 viagens feitas através da cota de José Mucio apenas 4 o tiveram
como passageiro. De acordo com o Congresso em Foco, os voos contratados
pelo ministro saíam de Brasília-Rio, Recife, São Paulo-Porto Alegre. E ainda
existem sete viagens realizadas por parentes do ministro.
No
dia 16 de abril, é revelado que cinco dos onze integrantes da Mesa Diretora da
Câmara dos Deputados, usaram a sua cota de passagens aéreas para viajar ao
exterior, ou bancar viagens de amigos e parentes. O deputado Inocêncio Oliveira
(PR-PE) na época segundo-secretário da Câmara usou sua cota para patrocinar
viagens internacionais de sua mulher, uma neta e suas três filhas. - “Sua
mulher Ana Elisa e sua a filha Shely viajaram para Frankfurt, Milão e Nova York
através das cotas”. Outras duas filhas “receberam passagens para Frankfurt e
Nova York, e a neta Amanda recebeu passagem para Miami”. O terceiro-secretário,
Odair Cunha (PT-MG), o quarto-secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP), o
terceiro suplente, Leandro Sampaio (PPS-RJ), e o quarto suplente, Manoel Junior
(PSB-PB) também usaram suas cotas para viagens ao exterior. O deputado Leandro
Sampaio usou a cota para emitir onze bilhetes para Alemanha, Chile e Argentina
para ele, seus amigos e sua família. Em resposta disse que estava participando
de encontros antiaborto. Nelson Marquezelli viajou a Nova York e Buenos Aires
com a mulher, Maria Alice, em resposta disse que Maria Alice comprou seus
próprios bilhetes e usou milhagens para os seus bilhetes. E disse desconhecer
três pessoas da mesma família - Luana, Luma e Robert Leroy - que viajaram para
Paris com cotas de seu gabinete.
O
deputado Odair Cunha teve sua cota usada para emitir um bilhete para Geraldo
Silva viajar de Buenos Aires para o Rio, em maio de 2008, o deputado explicou
que cedeu milhagem para um padre conhecido. “O uso da cota foi para pagar a
taxa de embarque, de R$ 92, mas mandei devolver”. Manoel Junior, o quarto
suplente da Mesa, teve passagem de Buenos Aires para São Paulo emitida em sua
cota. A assessoria do deputado em resposta disse que ele não lembra o motivo da
viagem. No dia 17 de abril, é revelado que passagens da cota da deputada
federal Luciana Genro (PSOL-RS) foram emitidas em nome do Protógenes Queiroz
quando este viajou para Porto Alegre para participar de uma palestra na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e de um ato contra a
corrupção. No dia 20 de abril, o presidente da Câmara Michel Temer (PMDB-SP)
que ele destinou “parte da cota de passagens aéreas a familiares e terceiros
não envolvidos diretamente com a atividade do parlamento”, o deputado Fernando
Gabeira (PV-RJ) também admite que usou sua cota de passagens aéreas para levar
sua filha ao exterior.
Segundo um estudo do Ponto de Inflexão, publicado pela Sembra Media em parceria com a empresa filantrópica Omidyar Network, o Congresso em Foco foi alvo de 50 processos judiciais até 2017, após “denunciar salários de políticos que estavam acima da média”. Em 2019, lançou a primeira campanha de crowdfunding para apoiar o site, no Catarse. Crowdfunding, ou melhor, em bom português, “financiamento coletivo”, é a prática ordinária que promove o fato econômico de arrecadar dinheiro de vários indivíduos ou “fontes para financiar um novo projeto”. Frequentemente, os benditos “empreendedores recorrem às redes sociais para compartilhar sua plataforma ou ideia visando inspirar outras pessoas a contribuir para uma campanha de crowdfunding”. Em vez de esperar uma ideia de produto para uma equipe de investidores, os empreendedores podem levar suas ofertas diretamente ao público para buscar apoio financeiro de pessoas, empresas e organizações interessadas. Em outras palavras, o tempo de espera entre uma ideia e recursos para torná-la realidade pode ser muito reduzido.
Luiz Cláudio Cunha é jornalista
brasileiro e trabalhou para diferentes órgãos de imprensa como os jornais O
Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Globo, Correio
Braziliense, Zero Hora, Diário da Indústria e Comércio, e as
revistas Veja, IstoÉ e Afinal. Comandou a redação da Veja
em Porto Alegre (1973-1980) e em Brasília (1981-1983). Também em Brasília,
chefiou a redação de IstoÉ (1984) e, Afinal (1985-1986), e de O
Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Zero Hora e Diário
da Indústria e Comércio. Sua carreira jornalística está marcada pela
reportagem investigativa e pelo jornalismo político. Ganhador de vários prêmios
jornalísticos, cobriu episódios políticos marcantes da história recente do
Brasil e escreveu sobre crimes contra os direitos humanos realizados pelas
ditaduras militares do Cone Sul. Dentre seus trabalhos mais importantes,
destaca-se a série de reportagens realizadas entre 1978 e 1980, sobre o
episódio reconhecido como “Sequestro dos Uruguaios”, uma tentativa ilegal de
militares brasileiros e uruguaios para a prisão de ativistas uruguaios, no
âmbito da clandestina Operação Condor. O trabalho, realizado em conjunto
com o fotógrafo J.B. Scalco, rendeu-lhe o prêmio principal do Esso de
Jornalismo de 1979. Em 2008, o livro Operação Condor: o Sequestro
dos Uruguaios - uma reportagem dos tempos da ditadura, recebe da Câmara
Brasileira do Livro Prêmio Jabuti, e menção honrosa do Prêmio
Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ambos na
categoria de Livro-Reportagem. É detentor do Título de Notório Saber em
Jornalismo pela Universidade de Brasília.
Em novembro de 1978, alertado por um
telefonema anônimo, Luiz Cláudio Cunha testemunhou com o fotógrafo da Revista
Placar J. B. Scalco uma ação em Porto Alegre da Operação Condor, um
grande aparato de terrorismo de Estado conjunto entre diversos países do Cone
Sul. Era o sequestro dos ativistas políticos uruguaios Universindo Díaz e
Lilian Celiberti e seus dois filhos, Camilo e Francesca. Os uruguaios são hoje
os únicos sobreviventes uruguaios da Operação Condor, graças ao
testemunho de Cunha e Scalco e à investigação jornalística empreendida por sua
equipe da Revista Veja. Pela série de reportagens sobre o Sequestro
dos Uruguaios publicadas em Veja durante 86 semanas, 630 dias, quase
vinte meses, cerca de dois anos, Cunha recebeu, junto com o fotógrafo João
Batista Scalco, o Prêmio Esso de Jornalismo de 1979, na categoria
principal. O júri foi presidido pelo repórter Joel Silveira e composto por Paulo
Henrique Amorim, Carmo Chagas, Luiz Carlos Lisboa e Mário Moraes. O trabalho de
Cunha conquistou ainda premiação principal do Prêmio Nacional TELESP; o I
Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, do Sindicato dos Jornalistas de
São Paulo, e ainda o Prêmio Hors Concours da Editora Abril. O trabalho de
Luiz Cláudio Cunha recebeu voto de louvor
encaminhado pelo jurista Jean-Louis Weil em nome do Secretariat International
des Juristes pour l’Amnistie en Uruguay, durante o Colóquio sobre la
Política de Institucionalizacion del Estado de Exception y su Rechazo por el
Pueblo Uruguayo, realizado em Genebra, Suíça, em 27-28 de fevereiro de
1981.
Em dezembro de 2010, o Grupo UOL, por meio de suas subsidiárias UOL Host Data e DHC Outsourcing, comprou a Diveo Broadband Networks, empresa americana de outsourcing de tecnologia, o que deu origem ao UOL Diveo, empresa que oferece soluções em TI, desde serviços básicos de infraestrutura até tecnologias estado-da-arte dentro dos pilares de Big Data, IoT, Inteligência Artificial e Transformação digital. No ano seguinte, lançou aplicativos de notícias para iPhone e iPad, o GigaMail e o UOL Cursos Online, portal que oferece cursos livres de idiomas, técnicos, graduação, extensão e pós-graduação. Em 2012, o UOL ampliou sua parceria com o Discovery Kids, lançou o curso de inglês online, anunciou o novo portal UOL Mulher, que mais tarde se tornaria o Universa, criou um aplicativo sobre a Formula 1 e lançou o UOL Viagens, portal com dicas, roteiros e notícias de viagens. Foi nesse ano também que nasceu o UOL EdTech, plataforma que oferece soluções de aprendizagem online para atender aos desafios e necessidades de todas as fases da vida das pessoas. O UOL renovou o layout do seu portal e passou a hospedar o Portal da Turma da Mônica em 2013. No ano seguinte, em 2014, lançou um aplicativo móvel para o bate-papo e foi eleito pela pesquisa do Ibope Conecta o site que mais auxilia na busca de informações para os internautas paulistanos.
No
mesmo ano, fez parcerias com a RedeTV! que passou a ser hospedada em seu portal
e com o Clarín, um dos maiores jornais da Argentina, para disponibilizar o
conteúdo do UOL em seu portal em português. Foi também em 2014 o lançamento do
UOL TAB, o novo projeto de conteúdo multimídia do UOL com reportagens especiais
em formatos que promovem a interação com o usuário. Em 6 de janeiro de 2017, o
portal sofreu um ataque de crackers, que redirecionaram para sites
pornográficos os sites do UOL e de seus parceiros, como os da Folha de S. Paulo,
ESPN Brasil e RedeTV! além de serviços de e-mail. Como o ataque
redirecionava sites, é provável que tenha se tratado a um ataque aos servidores
de DNS do portal. O ataque ocorreu às 2h50 da madrugada e foi corrigido por
volta das 4 horas. No final de 2017, o
UOL aderiu, em fase de testes, ao modelo
paywall, já adotado por veículos tradicionais da mídia
brasileira, restringindo o acesso de usuários não-assinantes aos conteúdos do
portal. Em novembro de 2017, o lançamento de UOL Viva Bem, a plataforma do UOL
voltada à saúde e bem-estar que no dia 8 de março de 2018, aproveitando o Dia
Internacional da Mulher, o UOL lançou a plataforma Universa, com
pautas desde saúde e beleza a política e carreira feminina.
Em 8 de agosto de 2014, uma matéria do portal de O Globo afirmou que um dispositivo conectado à internet através da “rede sem fio” do Palácio do Planalto alterou, em maio de 2013, informações das páginas de Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg na Wikipédia, com o objetivo de difamá-los. As informações inseridas no artigo de Miriam qualificavam suas análises e previsões econômicas como “desastrosas”, além de acusá-la de ter defendido “apaixonadamente” o banqueiro Daniel Dantas quando este foi preso pela Polícia Federal. Esta última acusação ocorreu em razão de comentário de Miriam Leitão na Rádio CBN onde ela defendia a inocência de Dantas. A CBN é uma rede de rádio brasileira, pertencente ao Sistema Globo de Rádio. Foi criada em 1.º de outubro de 1991 pelo jornalista Roberto Marinho, como projeto de rádio All News, com programação jornalística 24 horas por dia, além de se dedicar às transmissões de futebol. O Palácio do Planalto, em nota, explicou que não possui maneiras de identificar o autor das críticas, uma vez que o IP usado na alteração era tanto pela sua rede interna quanto pela rede sem fio do Palácio e possibilitaria a qualquer visitante do Planalto realizar tal alteração. As Organizações Globo foram criticadas por divulgar alterações das biografias de seus contratados na Wikipédia, com utilidade de uso, de caráter colaborativo e aberta à edição de todos e que, segundo seu próprio criador, Jimmy Wales, lembrando que as informações veiculadas não devem ser usadas como fonte primária de informação.
Jimmy Donal Wales, nascido em Huntsville, a cidade mais populosa do estado norte-americano do Alabama e sede do condado de Madison, em 7 de agosto de 1966 é um empresário norte-americano da rede mundial de computadores, reconhecido pelo público pelo fato de ter sido um dos fundadores da Wikipédia, em 2001. Atualmente, ele é membro do conselho de administradores da Fundação Wikimedia e é um dos fundadores da Wikia, uma propriedade privada de serviço livre de hospedagem de sites criado em 2004. Com Larry Sanger, ajudou a popularizar a tendência do desenvolvimento comercial da web que visa facilitar a criatividade, a educação e o conhecimento humano de acesso livre, por meio da colaboração compartilhada entre usuários. Jimmy criou a Wikipédia inspirado pela Teoria da Ordem Espontânea, do economista e filósofo Friedrich Hayek (1899-1992), diz respeito ao surgimento espontâneo de ordem no caos aparente; o surgimento de vários tipos de ordem sociais a partir de uma combinação de indivíduos autointeressado que não estão intencionalmente tentando criar ordem, pois segundo Hayek, o conhecimento se encontra disperso pela sociedade. Com o produto de seu trabalho com a Wikipédia, que se tornou a maior Enciclopédia do mundo, a revista Time listou Jimmy Wales como uma das pessoas mais influentes do mundo em 2009. Neste mesmo ano, recebeu uma premiação da Fundação Nokia por suas contribuições para a evolução da World Wide Web (WWW) como plataforma participativa e verdadeiramente democrática. A Fundação Matias Machline, ou Fundação Nokia, é uma instituição localizada na região Norte, na Zona Franca de Manaus, Amazonas, Brasil.
Era
mantida pela empresa Nokia e posteriormente pela Microsoft. A entidade conta
com mais de 800 alunos e é considerada a melhor escola técnica das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A instituição possui laboratórios, biblioteca
com mais de 14 mil títulos e equipamentos interativos e oferece vagas para
ensino médio, ensino médio integrado ao técnico, cursos técnicos, cursos
profissionalizantes e cursos online. A Fundação Nokia é uma das melhores em
desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) da Região Norte e
vitórias em diversas olimpíadas do conhecimento e feiras científicas. A 9 de
maio de 2010, no decurso da polêmica gerada pela sua intervenção no projeto
Commons sobre remoção de imagens de caráter pornográfico, Jimmy Wales removeu
os privilégios executivos do estatuto de fundador da Wikipédia, conservando os
relativos à visualização de edições, de modo a que a discussão sobre o seu
estatuto não interferisse no debate em curso sobre o conteúdo editorial. Em 2
de fevereiro de 2016 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da
Université Catholique de Louvain. Também foram criticadas por só terem noticiado
as alterações em plena campanha eleitoral de 2014 quando concorriam os três
principais candidatos à Presidência da República: a presidente Dilma Rousseff, Aécio
Neves e Eduardo Campos. No dia seguinte ao da reportagem d`O Globo, o
jornalista Miguel do Rosário divulgou um usuário que navegava na rede da
Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, ligado ao governo
do estado e ocupado pelo Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), um partido político de centro, centro-direita.
Fundado em 1988 e registrado definitivamente em 1989, surgiu a partir de uma cisão do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) que mesclava pari passu o ideário da social-democracia, da democracia cristã e o fundamentalmente o liberalismo econômico e social e que faz oposição ao Partido dos Trabalhadores (PT) inseriu uma calúnia na biografia do músico Raul Seixas (1945-1989) e apontou que a rede Globo não deu a mesma atenção ao caso. Ele também relatou que já visitou o Palácio do Planalto e que teve acesso à senha da rede sem fio do gabinete presidencial e que qualquer visitante poderia ter efetuado a edição. Em 11 de setembro de 2014, uma Comissão de Sindicância Investigativa identificou um servidor público como autor das alterações dos verbetes da Wikipédia sobre Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg. Em audiência realizada no Juizado Especial Criminal de Brasília, em 20 de agosto de 2015, o servidor público aceitou a proposta de transação penal. A comprovação da obrigação, com vista à extinção do processo por calúnia, difamação e injúria, é feita mediante Relatório e Folha de Frequência no cartório do Juizado Especial Criminal.
Miriam Azevedo de Almeida Leitão nasceu
em Caratinga em 7 de abril de 1953. É um município no interior do estado de
Minas Gerais, região Sudeste do país. Localiza-se no Vale do Rio Doce e
pertence ao colar metropolitano do Vale do Aço, estando situado a cerca de 310
km a leste da capital do estado. Miriam Leitão é jornalista e apresentadora de
televisão brasileira. Formada na Universidade de Brasília, exerce a profissão
há 40 anos. Iniciou sua carreira em Vitória, estado do Espírito Santo, tendo
atuado em diversos meios de trabalho e de comunicação, seja em jornal, rádio e
televisão, tais como Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, Veja,
O Estado de S. Paulo, O Globo, Rádio CBN, Globo News e Rede
Globo. Foi repórter de assuntos diplomáticos da Gazeta Mercantil e editora
de economia do Jornal do Brasil. Em 1972, quando estava grávida, foi
presa e torturada física e psicologicamente pelos próceres da ditadura militar
brasileira por ser militante do Partido Comunista do Brasil. O nome Partido
Comunista do Brasil havia sido usado primeiramente pelo PCB, fundado em
25 de março de 1922. Dos nove membros que fundaram o PCB só o barbeiro Abílio
de Nequette (1888-1960) e Manoel Cendón são socialistas, enquanto outros vinculam-se aquele
movimento. Uma leitura atenta da obra de Otávio Brandão, escrita em 1924 sob
pseudônimo de Fritz Mayer, Agrarismo e Industrialismo, as revoluções
pequeno-burguesas de 1922 e 1924, cometeram erros graves, anterior à sua adesão
afetiva ao PCB em 15 de outubro de 1922, verifica as influências
anarquista e mística nos ensaios e livros, que traduzem o predomínio
do questionamento, esquemático e acentuadamente ideológico, resistindo traços políticos da doutrina anarquista mesmo considerado na análise comparativa em algumas das posições políticas
partidárias pós-adesão ao ideário emergente comunista.
Não
poderíamos repetir o mesmo com Astrojildo Pereira, homem de leitura mais vasta,
bom conhecedor da literatura socialista europeia em geral, e em particular a
teoria da história e o método de análise materialista e dialético de Marx e
Engels. Em 1929, publicou em A Classe Operária o artigo “Sociologia ou
apologética?”, estudo crítico da obra de Oliveira Vianna, Populações
Meridionais do Brasil, em que eram contestadas as opiniões do autor, que
negava a existência de luta de classes na história do Brasil. O trabalho foi
depois incluído nos livros Interpretações (1944) e Ensaios históricos e
políticos (1979). Lembra Vanilda Paiva no artigo: Oliveira Vianna:
Nacionalismo ou Racismo? (1978), que
a presença de Oliveira Vianna na vida intelectual brasileira é frequentemente
subestimada, especialmente entre os que passaram a viver os problemas políticos
e culturais de forma plenamente consciente a partir dos anos 1960. Sobre ele
são amplamente reconhecidos o ensaio de Nelson Werneck Sodré, Oliveira
Vianna – o racismo colonialista (1961) e o estudo de Astrojildo Pereira
intitulado: Sociologia ou Apologética? (1929) e reunido com Interpretações
(1944). Ambos os autores se concentraram com justiça sobre o caráter racista e
de apologia das classes dominantes que permeia a obra Populações Meridionais
do Brasil que levou o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos (1978) a
caracterizá-lo como “autoritarismo instrumental”.
O
colunista é um profissional do jornalismo que trabalha escrevendo regularmente
para empresas de comunicação social, produzindo textos não necessariamente
noticiosos denominados colunas. Ipso facto nos periódicos do século XIX, tudo
que não era notícia era diagramado numa única coluna vertical. Era literal de
alto a baixo da página, à parte do resto do conteúdo, exceto pelos folhetins,
publicados na parte inferior da primeira página, ocupando a maioria das colunas
da esquerda à direita. O colunista não precisa ser jornalista, o que significa,
no caso brasileiro, não precisar ser bacharel em Jornalismo. Alguns dos
colunistas brasileiros reconhecidos, como Luís Fernando Veríssimo e Arnaldo
Jabor, não são jornalistas. A Coluna surgiu em virtude da
diagramação dos textos não-noticiosos publicados em
espaço predeterminado no jornal. Com o passar do tempo, os textos de colunas
deixaram de ser limitados a uma coluna de diagramação. Quando passaram mudaram o
formato, mantiveram o caráter de colunas curtas, em notas, ou observações do
cotidiano, em linguagem de crônica.
Até a década de 1990, era mais comum que cada coluna jornalística tivesse um tema específico, a despeito dos autores que assinassem os textos. Assim, o mesmo espaço era preenchido por diversos profissionais, versando sobre os mesmos assuntos, por exemplo, a coluna social de Carlos Swann, publicada no jornal O Globo, assinada por mais de um autor. Na verdade, o nome que imprimia a assinatura era fictício, homenagem ao protagonista Charles Swann de “Em busca do tempo perdido”, a obra-prima de Marcel Proust, a partir da ideia de Álvaro Americano, o primeiro titular do lugar praticado, que foi publicado de 20 de maio de 1963 a 8 de maio de 1989. Desde 1991 Miriam Leitão é funcionária do Grupo Globo, quando na época ela ganhou uma coluna no Jornal O Globo. Em 1996, ela passou a ser comentarista de economia do Jornal Hoje (JH) ao lado de Fátima Bernardes. Após a saída do JH, Miriam Leitão optou pela análise econômica e se tornou colunista do Bom Dia Brasil, assumindo função que era de Ana Paula de Vasconcelos Padrão, jornalista, repórter, editora e empresária brasileira. Foi jornalista de TV por 27 anos, com passagens pela Manchete, Globo, SBT e Record. Em 2003 Miriam Leitão assumiu o Espaço Aberto Economia, substituindo Joelmir José Beting, um jornalista e sociólogo, profissionalmente de grande contribuição para o jornalismo bem como para a economia e a comunicação social, tendo em vista que Joelmir foi um pioneiro na tradução dos difíceis termos técnicos econômicos para a vida cotidiana, mas que subaproveitado pela emissora “havia sido demitido por participar de comercial”.
Não por acaso atualmente colunistas
têm recebido mais destaque do que as colunas. O que lhes permite escrever sobre
praticamente qualquer tema, auspicioso, desde que o leitor identifique neles um
estilo próprio do autor. Este fenômeno tem aproximado os textos de
coluna do chamado jornalismo literário. Um tema auspício na antiga Roma era um
sinal dos deuses que os áugures tiravam do céu. Era necessário, sobretudo ao
cruzar certos limites, para conhecer a vontade dos deuses. Não o fazer seria
uma afronta para eles e, segundo a mentalidade dos romanos, teria causado
terríveis desastres. Um áugure oficiava a cerimônia, reconhecida como na
interpretação para “tomar os auspícios” e lia as pautas das aves no céu.
Dependendo do pássaro, os auspícios dos deuses podiam ser favoráveis ou
desfavoráveis. Por vezes, subornados, ou por motivos políticos, os áugures
fabricariam auspícios desfavoráveis para retardar certas funções estatais como no
âmbito das eleições. Um dos mais famosos auspícios é o que se relaciona com a
fundação de Roma. Quando os fundadores, Rômulo e Remo, chegaram ao Palatino,
discutiram sobre onde queriam exatamente alçar a cidade no estratégico e
facilmente fortificável Aventino. Os dois concordaram decidir a discussão pelo
desejo dos deuses, provando as suas habilidades como áugures. Cada um sentou-se
no chão, separados entre si e, segundo Plutarco, Remo viu seis abutres,
enquanto Rômulo viu doze.
Segundo Juan Bautista Carrasco (cf. Gomes, 2018), os adivinhos cingiam a sua cabeça com coroas de louro, porque esta árvore estava consagrada a Apolo, e ademais levavam um ramo do mesmo na mão, às vezes mastigavam as suas folhas, o seu alimento ordinário eram as partes principais dos animais proféticos; as cabeças dos corvos, abutres. Era a sede dos prítanes, ou seja, dos membros do governo das cidades-Estado da Grécia Antiga. No Pritaneu de Atenas os adivinhos eram pagos pelo tesouro público. Rômulo tinha ditado uma lei que proibia expressamente aos funcionários públicos que admitissem qualquer cargo ou emprego público, até mesmo a mesma dignidade real, sem ter antes obtido os auspícios favoráveis; a sua prática foi observada com a maior escrupulosidade no tempo de Tarquínio Prisco, por causa do engano atribuído ao célebre Ácio Návio, de ter partido uma pedra com uma navalha, de modo que para a criação dos magistrados, declarar e empreender a guerra ou a celebração das eleições, era indispensável que os precedessem os auspícios. Esta lei de Rômulo, permitindo-lhe se erigir em arbitro para declarar bons ou maus os presságios, foi observada estritamente no tempo da República Romana, até que os tribunos conseguiram participar dos cargos e dignidades que serviam os patrícios, privando a estes dos vários meios empregues para saciar a sua ambição pelos cargos e os simulacros em termos de biopoder. Os auspícios, sempre necessários para todos os negócios públicos e privados, até mesmo para a celebração do matrimônio, como diz Cícero, sofreram modificações segundo os objetos e maneiras em que se praticavam.
Miriam Leitão é reconhecida por ser
uma “comentarista econômica” e pela “fama de brigona”, o choro da jornalista ao
falar sobre a morte de Zilda Arns (1934-2010), médica, pediatra e sanitarista
brasileira, contrapõe, segundo Alberto Dines, “o mito da objetividade” e “torna
a profissão do jornalista menos burocrática, menos fleumática”. Para o
comentarista econômico Carlos Alberto Sardenberg, ela “nunca se contentou com
as explicações oficiais. No jornal O Globo onde é colunista e em seu blog,
Mirian Leitão publicou uma matéria denominada “Miséria do Debate” onde acusava
a algumas pessoas de distorcer certas realidades. Declarou que os jornalistas
Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino são pessoas que pertencem a “direita
hidrófoba” pelas denúncias que faziam sobre o governo petista. Ela citou a
declaração da Suzana Singer, ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, que
denominou Reinaldo Azevedo de “rottweiler”, pois este fora contratado por
aquele jornal para publicar uma coluna semanal. Escreveu de forma
considerada forte como a frase: - Os epítetos petralhas e privataria se igualam
na estupidez reducionista. Termos este utilizados por ambos jornalistas em suas
matérias.
Durante a crise financeira internacional,
em 29 de junho de 2009, Miriam Leitão escreveu o seguinte sobre a previsão de
crescimento do Ministro Guido Mantega de 4,5% do PIB de 2010: - “Ele fez uma
afirmação de que em 2010 o Brasil está preparado para crescer 4,5%. É temerário
dizer isso”. De fato, o alto crescimento de 7,5% daquele ano foi acima do
potencial do Produto Interno Bruto e fez a inflação se distanciar do
centro da meta durante todo o mandato da presidente Dilma Rousseff. Em abril de
2007, Dilma já era apontada como possível candidata à presidência da República
na eleição de 2010. Naquele mesmo ano, o presidente Lula passou a dar destaque
a então ministra com o objetivo de testar seu potencial como candidata. Em
abril de 2009, Lula afirmou: “Todo mundo sabe que tenho intenção de fazer com
que Dilma seja candidata do PT e dos partidos, mas se ela vai ganhar vai
depender de cada brasileiro”. Para cumprir com a lei eleitoral de
desincompatibilização, Dilma deixou o Ministério da Casa-Civil em 31 de março
de 2010, sendo sucedida por Erenice Guerra. A Convenção Nacional do Partido
dos Trabalhadores, realizada em Brasília dia 13 de junho de 2010,
oficializou Dilma Rousseff a candidata à presidência, bem como oficializou
o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, como seu candidato a vice-presidente.
A coligação de Dilma e Temer recebeu o nome “Para
o Brasil Seguir Mudando” e foi composta por dez partidos. Em seu
discurso de aceitação como candidata, declarou: “Não é por acaso que depois
desse grande homem o Brasil possa ser governado por uma mulher, uma mulher que
vai continuar o Brasil de Lula, mas que fará o Brasil de Lula com
alma e coração de mulher”. Ainda em 2009, Míriam Leitão alertava que os fortes
empréstimos dados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
ao grupo de Eike Batista não eram saudáveis à economia e expunham o
banco a riscos de poucos grandes grupos. Em 2013, várias empresas do grupo
entraram em concordata. Em decorrência da morte do ex-presidente argentino
Néstor Kirchner no dia 27 de outubro de 2010, Miriam postou em seu blog
que com a morte do ex-presidente “acaba o Kirchnerismo”, no sentido de que o
estilo de governar do presidente argentino estaria chegando ao fim. No dia 23
de outubro de 2011, Cristina Elisabet Fernández de Kirchner foi reeleita
presidente da Argentina no primeiro turno das eleições presidenciais, mas a
grave crise econômica que atingiu o país nos anos seguintes fez sua
popularidade política cair drasticamente. Pesquisa de 2014 já apontava que
67,5% dos argentinos desaprovavam o seu governo. O país entrou em nova
moratória e o que agravou sua crise cambial. Após deixar a presidência da
República, Cristina Kirchner fundou um think tank, o Instituto Pátria, e
foi novamente eleita senadora pela província de Buenos Aires em 2017. Em 2019,
surpreendeu ao anunciar que seria candidata à vice-presidência na eleição em
vez de presidente, alegando que a decisão se deu pela necessidade de formar
ampla aliança governamental peronista. Com Alberto Fernández como cabeça da
chapa, Cristina se elege como vice-presidente da Argentina, a terceira mulher a
ocupar o cargo.
Na
tentativa de observar – mutatis mutandis - o que se dá na relação vivida,
segundo Mariano (2020) em uma entrevista jornalística, quais são seus motivos,
seus riscos e suas virtudes, a autora percorre o conteúdo das interações e o
quão “verídico” ele pode ser, dialogando com conceitos dos estudos sobre a questão
da memória: a) as diferentes manifestações da memória; b) a indissociabilidade
entre memória e identidade; e, c) as ideias de memória coletiva, memórias
abertas e fechadas, esquecimentos e silenciamentos. Ao longo deste texto nos
reportaremos a uma entrevista veiculada em 2018, durante a campanha eleitoral à
Presidência do Brasil, com o então candidato à Vice-Presidência, Antônio
Hamilton Mourão. Longe de ser uma escolha aleatória, acreditamos que o trecho
sintetiza aspectos importantes para compreender uma vigorosa disputa de
memórias que se acentua no Brasil contemporâneo e que tem repercutido nos
veículos de comunicação e redes sociais, já anunciando ambições de influenciar
políticas públicas.
Durante
a campanha eleitoral à Presidência de 2018, os candidatos à Presidência e à
Vice-Presidência foram entrevistados em diversos veículos de comunicação social. Na verdade, um trecho, muito expressivo,
de diálogo entre a jornalista Miriam Leitão e o candidato Antonio Hamilton Mourão
(AHM). A sequência de perguntas e respostas durou 1 minuto e 37 segundos e ocorreu
no programa Sabatina Globo News, exibido pela TV a cabo Globo News em 7
de setembro de 2018, com duração aproximada de 1 hora (cf. Globonews, 2018). O
então candidato Mourão estava sendo entrevistado por 7 jornalistas quando, após
27 minutos de entrevista, ocorreu o diálogo exclusivo com
Miriam Leitão: Antônio Hamilton Mourão (AHM) – Tivemos o governo Geisel, extremamente
estatizante, mas também tivemos o Castelo Branco, que tinha Roberto Campos e
Otávio Gouveia de Bulhões, que foi o passo inicial, né? Miriam Leitão – Foi um
período muito curto de pensamento mais liberal. AHM – Foi pouco, é…Miriam Leitão
– O senhor acha que eles erraram? AHM – Acho que Geisel errou. Acho. Acho. É
minha visão. Miriam Leitão – Só Geisel? Médici não? Ninguém? AHM – Médici foi
diferente, foi um governo diferente. Agora, o Geisel foi o homem que
realmente…Miriam Leitão – O senhor acha que foi melhor? Médici foi um melhor
governo do que Geisel? AHM – Foi. Na minha visão, sim. ML – Mas não foi o
período mais duro da ditadura, da repressão? AHM – É… Miriam, essa questão da
ditadura, né? Isso é história, né? Eu sei que você teve a sua passagem difícil
aí nesse período, não é? Mas isso é história. Miriam Leitão – Não falo por mim,
falo pela história.
AHM
– A história terá que ser bem contada a esse respeito. Nós tivemos grupos
organizados que tentavam implantar um outro tipo de ditadura, vamos colocar
assim. Atacaram o Estado. O Estado se defendeu. E quando ocorre guerra, a
primeira coisa que é vítima é a razão. ML – O senhor tem dito, e também o
candidato Bolsonaro, que o coronel Carlos Brilhante Ustra é um herói. [Mourão
sacode a perna, começa a balançar os dedos da mão direita, desvia o olhar, balança
a cabeça em sinal de concordância]. No
período em que ele ficou no DOI-CODI, 47 pessoas morreram. [Órgão subordinado
ao Exército, de inteligência e repressão do governo brasileiro durante a
ditadura que se seguiu ao golpe militar de 1964]. Elas estavam sob a custódia
do Estado. O senhor acha isso normal, que um herói deve fazer isso? Comandar um
instamento militar, um local do Estado em que 47 pessoas morrem sob a custódia
do Estado? [Ao final da pergunta, Mourão já voltou a olhar para a jornalista e
diminuiu a agitação nas mãos]. AHM – Olha, os meus heróis não morreram de
overdose, Miriam. [Sorri com ironia] Carlos Alberto Brilhante Ustra foi meu comandante
quando eu era tenente em São Leopoldo. Um homem de coragem, um homem de
determinação, que me ensinou muita coisa. ML – E os mortos?
AHM
– Tem gente que gosta de Carlos Marighella, assassino, terrorista, autor do
manual que é explorado…Miriam Leitão – Eu pergunto pelo Estado, o papel do
Estado brasileiro naquele momento. AHM – Houve uma guerra, Miriam. Houve uma
guerra. Excessos foram cometidos? Excessos foram cometidos. [O trecho a seguir está
encoberto pela interrupção da jornalista]. Houve tortura? Houve tortura. ML –
Então o seu herói matou pessoas. AHM – Heróis matam. [Desvia o olhar; silêncio
de 5 segundos]. ML – Eu queria também
perguntar uma coisa para o senhor sobre Reforma da Previdência… Algumas das
afirmações de Mourão sobre o que teria ocorrido no Brasil durante os governos
militares – “excessos”, “um homem de coragem” – e as motivações – “tentavam
implantar um outro tipo de ditadura”, “o Estado se defendeu”, “tem gente que
gosta de Carlos Marighella, assassino”, “heróis matam” – são distintas das
versões frequentemente citadas na mídia, nos livros de história, nas produções
artísticas e, especialmente, nas universidades. Ainda assim, traduzem a
perspectiva de muitos brasileiros, que não só elegeram Jair Messias Bolsonaro e
Antônio Hamilton Mourão como têm deixado comentários e depoimentos de plena
concordância com essas e outras declarações e versões sobre o passado. Nas
várias postagens dessa entrevista no YouTube, por exemplo, predominam
comentários elogiosos ao general e depreciativos em relação aos jornalistas.
Em
tom irônico, deputado Eduardo Bolsonaro (PL) disse ter “pena” da cobra
utilizada para amedrontar a jornalista quando ela tinha 19 anos, quando foi
presa por militares.
Bibliografia
geral consultada.
FAYE, Jean-Pierre, Le Piège: La Philosophie Heideggerienne et le Nazisme. Paris: Éditions Balland, 1994; SILVA, Edna Melo, “Vertentes do Jornalismo Econômico no Telejornalismo Brasileiro: As Colunas de Míriam Leitão e Joelmir Beting”. In: Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. São Luís, 2010; SANTOS, Angelo de Assis Fernandes dos, O Blog de Míriam Leitão e a Linguagem do Jornalismo Econômico. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. Bauru: Universidade Estadual Paulista, 2011; MARI, Hugo; SANTANA, Eliara, “Discurso e Mídia: Totalitarismo e Linguagem Totalitária”. In: Scripta, 22(45), 205-218; 2018; VECHI, Fernando, Política, Judiciário e Mídia: A Divulgação das Inteceptações Telefônicas entre Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2018; SCHETTINI, Andrea Bandeira de Mello, Comissão de Verdade e o Processo de “Acerto de Contas” com o Passado Violento: Um Olhar Genealógico, Jurídico-Institucional e Crítico. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2019; ROCHA, Luís Gustavo Souza, Formação Cultural e Mídia: Uma Reflexão sobre o Processo Formativo do Indivíduo/Leitor a Partir das Colunas de Míriam Leitão. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Faculdade de Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2019; FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir. Nascimento da Prisão. 42ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; Idem, Isto não é um cachimbo. 7ª edição. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2016; ALVIM, Mariana, “Míriam Leitão e Eliane Brum são consideradas as jornalistas mais premiadas da história do Brasil. In: https://oglobo.globo.com/16/01/2017; VENTURINI, Lilian, “O Assassinato de Marielle Franco num Rio sob Intervenção em 4 Pontos Centrais”. In: Nexo Jornal, 15 de março de 2018; VASCONCELOS, Fabíola Mendonça de, Mídia e Conservadorismo: O Globo, a Folha de S. Paulo e a Ascensão Política de Bolsonaro e do Bolsonarismo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2021; Artigo: “Miriam Leitão recebe apoio de Lula contra ofensas de Eduardo Bolsonaro”. Disponível em: https://vermelho.org.br/2022/04/04/; Artigo: “Tese de Doutorado que detalha ajuda do Globo e Folha para a eleição de Bolsonaro é censaurada”. Disponível em: https://www.brasil247.com/20/08/2022; AQUINO, Marla Mendes, História Genética e Assinaturas Adaptativas de Nativos da América do Sul. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Genética. Instituto de Ciências Biológicas. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2022; entre outros.