terça-feira, 7 de julho de 2020

Cemitério - Lugar dos Mortos & Memória, Utilidade de Uso.


À fama saudável tanto faz na boca de quem ela cai”. Elias Canetti


            A distinção entre multidão e público pode ser compreendida da seguinte forma. A primeira representa a aglomeração de pessoas que estão próximas e tem um mesmo objetivo: o afeto. Os indivíduos são anônimos e não há diferenciação de classe social, etnia, etc., porém a integração social de seus indivíduos é convencional. A segunda, o público representa pessoas que se reúnem por um mesmo objetivo e que também estão próximas fisicamente. Sua maior característica é a capacidade de interagir entre si e com a fonte que originou a interação do público, como os aplausos no caso de uma peça teatral. As pessoas nesse caso estão reunidas intencionalmente, como por exemplo, o público de um showmício, ou, de uma boa partida de futebol. A massa ocorre sem o estabelecimento de contato físico e as pessoas estão impedidas de emitir qualquer tipo de crítica, sendo passivas com o que lhes ocorre. Sua reunião é de modo espontâneo e a principal forma de configuração é a partir dos meios de comunicação em massa que representam os meios de contato social usados na transmissão de mensagens a um grande número de receptores no âmbito da globalidade das relações. Nas relações sociais de comunicação cotidianas, os meios de comunicação de massa mais comum são expressos através dos jornais, do rádio, da televisão e a mídia comunicativa em rede.          
            Cemitério judaico é um lugar comunal onde são sepultadas várias pessoas de famílias diferentes. O costume de sepultar em um local comum data de tempos pós-bíblicos, pois na época talmúdica o costume era utilizar sepulcros familiares. Apesar disto, em II Reis 23:6 existe uma referência às sepulturas das pessoas comuns. Na época talmúdica, as tumbas eram em cavernas ou escavadas na rocha, e o local era marcado por uma pedra que havia sofrido erosão fluvial, para indicar os passantes sobre a impureza. Na época misnaica, nos cemitérios judaicos, havia cemitérios especiais para as pessoas executadas, mas o costume geral era sepultar em propriedade própria, ou em cavernas (costume da Palestina) ou enterrando (costume da Babilônia). Uma tradição que data desta época é colocar uma pedra arredondada por erosão fluvial sobre as sepulturas, para avisar aos passantes para que não profanem o túmulo. A cena de representação final do filme A Lista de Schindler (1993), em que os sobreviventes do Holocausto e os atores que os representavam colocam pedras sobre o túmulo de Oskar Schindler, retrata esta tradição. As ideias para um filme sobre os judeus Schindler foram propostas desde 1963. Spielberg ficou interessado quando o executivo Sidney Sheinberg enviou a ele uma resenha sobre a Schindler`s Ark. A Universal Pictures comprou os direitos autorais do romance, mas Spielberg, eticamente sem saber se estava pronto para fazer um filme sobre o Holocausto, tentou passar o projeto para vários diretores antes decidir dirigi-lo.
            Curiosamente somente na massa (cf. Freud, 1975) é possível ao homem libertar-se do temor do contato. Tem aí a única situação na qual esse temor transforma-se no seu oposto. E é da massa densa que se precisa para tanto, aquela na qual um corpo comprime-se contra o outro, densa inclusive em sua constituição psíquica, de modo que não atentamos para quem é que nos “comprime”. Tão logo nos entregamos à massa não tememos o seu contato. Na massa ideal, todos são iguais. Nenhuma diversidade contra, nem mesmo a dos sexos. Quem quer que nos comprima é igual a nós mesmos. Subitamente, tudo se passa então como que no interior de um único corpo. Talvez essa seja uma das razões pelas quais a massa busca concentrar-se de maneira tão densa: ela deseja libertar-se tão completamente quanto possível do temor individual do contato. Quanto mais energicamente os homens se apertam uns contra os outros, tanto mais seguros eles se sentirão de não se temerem mutuamente. Essa inversão do temor do contato, segundo Canetti (1995), “é característica da massa”. O alívio que nela se propaga alcança uma proporção alta quando a massa se apresenta em sua densidade máxima.



O sociólogo norte-americano David Riesman tornou-se imprescindível no estudo  e compreensão das relações sociais nas sociedades industriais do século XX. Seu livro mais reconhecido, A Multidão Solitária - Um Estudo da Mudança do Caráter Americano (1950), causou tanto impacto que conquistou leitores em paralaxe dos círculos acadêmicos. Argumentava que a sociedade estava em transição de um estágio “orientado para dentro” para um estágio “orientado para o outro” antes influenciado pelos pais e autoridades divinas, passando “a depender da aprovação de seus pares”. O sociólogo antecipou não só a emergência de um culto à juventude, estudada de Karl Mannheim à Zygmunt Bauman, e à distorção ideológica entre o domínio da política nas redes de entretenimento, ao descrever um eleitorado mantido informado, mas passivo. O crítico Jonathan Yardley inclui seu argumento dentre livros que, durante os anos 1950, situaram a classe média norte-americana sob um autoexame minucioso. O livro de Riesman tornou-se tema de aulas e reuniões. Seu título foi citado na canção I Shall Be Released (1968), de Bob Dylan. David Riesman escreveu Faces in the Crowd (1950) e On Higher Education (1980), entre outras obras.     
Desde tempos imemoriais não há nada que o homem tenha temor do que o contato, como categoria antropológica, com o desconhecido, pois evita o contato social com o que lhe é estranho. À noite ou no escuro, o pavor ante o contato inesperado pode intensificar-se até o pânico. O suposto medo do ladrão não se deve unicamente a seu propósito de roubar, mas representa também o temor ante seu toque súbito, inesperado, saído da escuridão. A mão transformada em garra é o símbolo que sempre se emprega para representar esse medo. Trata-se aí de uma questão que, em boa parte, manifesta-se no duplo sentido da palavra “agarrar” (Angreifen). Nesta encontram-se contidos ao mesmo tempo tanto o “contato inofensivo” quanto “o ataque perigoso”, e algo deste último sempre ecoam primeiro. O substantivo “agressão” (Angriff), por sua vez, viu-se reduzido exclusivamente ao sentido negativo da palavra: à maneira como nos movemos em meio aos muitos transeuntes, nos restaurantes e transportes de massa por esse medo em torno de si, e que foram transmitidas por esse temor do contato social.         
Curiosamente somente na massa é possível ao homem libertar-se do temor do contato. Tem aí a única situação na qual esse temor transforma-se no seu oposto. E é da massa densa que se precisa para tanto, aquela na qual um corpo comprime-se contra o outro, densa inclusive em sua constituição psíquica, de modo que não atentamos para quem é que nos comprime, como o poeta Bertolt Brecht, precisou bem na memória.. Tão logo nos entregamos à massa não tememos o seu contato. Na massa ideal, todos são iguais. Nenhuma diversidade contra, nem mesmo a orgia dos sexos. Quem quer que nos comprima é igual a nós mesmos. Subitamente, tudo se passa então como que no interior formasse um único corpo. Talvez essa seja uma das razões pelas quais a massa busca concentrar-se de maneira tão densa: ela deseja libertar-se tão completamente quanto possível do temor individual e coletivo do contato físico. Quanto mais energicamente os homens se apertam uns contra os outros, tanto mais seguros eles se sentirão de não se temerem mutuamente. Essa inversão do temor do contato, segundo Canetti (1995), “é característica da massa”. O alívio que nela se propaga abruptamente alcança uma proporção notavelmente alta quando a massa se apresenta em sua densidade máxima.

O que muda comparativamente a esses traços gerais de comportamento refere-se à hierarquia e o poder que criaram para si as posições fixas e tradicionais. A partir da maneira como as pessoas se apresentam dispostas uma ao lado da outra, pode-se facilmente deduzir a diferença de prestígio entre elas. Sabemos o que significa quando uma pessoa encontra-se sentada num plano mais elevado, tendo todas as demais em pé a circundá-la. Ou quando está em pé, e as demais sentadas ao seu redor; quando alguém aparece de súbito, e as pessoas reunidas levantam-se; quando alguém se ajoelha diante de outra pessoa; quando não se convida aquele que acabou de entrar a sentar-se. Já uma enumeração indiscriminada de exemplos como esses demonstram a quantidade de configurações mudas que o poder tem como significado e apresenta. Seria necessário investiga-las, definindo com maior exatidão o seu significado social e político. Durante um culto religioso numa igreja, os fiéis ajoelham-se muitas vezes; estão acostumados, e mesmo aqueles que o fazem com prazer não atribuem significado a esse gesto frequente.
            O orgulho daquele que se encontra em pé reside no fato dele estar livre e não apoiar-se em coisa alguma. Seja porque interfira aí a lembrança psicológica da primeira vez em que ele, quando criança, pôs-se de pé sozinho, sentindo-se independente. Aquele que se levantou, pôs-se de pé em consequência de certo esforço e, assim procedendo, faz-se tão alto quando pode ser. Mas aquele que se encontra de pé há muito tempo expressa certa capacidade de resistência, porque pode ser visto por inteiro, sem ter medo ou ocultar-se. Quanto mais tranquilo se revelar esse seu estar em pé, quanto menos ele se voltar para espiar em todas as direções, tão mais seguro ele parecerá. Não temerá sequer um ataque pelas costas, invisível a seus olhos. O estar em pé causa a impressão de uma energia ainda não consumida, pois é algo que se encontra no princípio de todo movimento: usualmente, fica-se em pé antes de se andar ou correr. Trata-se da posição central, a partir da qual, sem que haja transição alguma, pode-se passar seja para outra posição, seja para uma forma qualquer de movimento. As pessoas tendem a supor naquele que está em pé a presença de uma tensão maior. Mesmo nos momentos nos quais sua intenção é inteiramente diversa; no momento seguinte, talvez se deite para dormir. O fato é que na história se superestima aquele que se encontra em pé.        
Nos países em que a independência das pessoas é tão importante a ponto de ser desenvolvida e enfatizada de todas as formas, fica-se com mais frequência e por mais tempo em pé. Na Inglaterra, na Irlanda ou no Rio de Janeiro, por exemplo, os bares nos quais se pode beber em pé são particularmente muito bem apreciados. O freguês pode, sem nenhuma cerimônia, ir embora à hora que melhor lhe quiser. Um pequeno e discreto movimento permite-lhe desvincular-se dos outros. Mesmo em suas reuniões sociais privadas, os ingleses adoram permanecer em pé. Expressam assim, já ao chegar, que não pretendem ficar muito tempo naquele ambiente. Movem-se com liberdade e podem, uma vez que estão em pé, desvencilhar-se sem cerimônia alguma de uma pessoa e voltar-se para outra. A igualdade no interior de um determinado grupo social, uma das ficções mais importantes e úteis da vida inglesa, é especialmente enfatizada quando as vantagens do estarem em pé são compartilhadas por todos. Desse modo, ninguém “é colocado acima de ninguém”, e aqueles que desejam conversar, podem abordar uns ao outros, representando um ritual social de convívio, intimidade e igualdade social.
Sentado, o homem se vale do auxílio de “pernas estranhas”, empregando-as no lugar daquelas duas que reserva para pôr-se de pé. A cadeira, na forma como e concebida, tem sua origem no trono. Este, no entanto, pressupõe a existência de animais ou homens submissos, aos quais cabe carregar o soberano. Mas seu sentido é outro: o sentar-se na cadeira constituía uma distinção. Quem nela se sentava, “sentava-se sobre seus súditos e escravos”. Se a ele era permitido sentar-se, os outros, por sua vez, tinham de ficar em pé. O cansaço destes pouco importava, contanto que ele fosse poupado. Ele era o mais importante. De fato, da preservação de sua força sagrada dependia o bem-estar dos demais. O que se tem aí é a escravidão levada às últimas consequências. O que está em cima, por sua vez pode agir livre e arbitrariamente. Pode chegar, sentar-se e permanecer sentado pelo tempo que lhe convier. Ou pode partir sem dedicar um único pensamento ao que deixou para trás naquele momento. O homem exibe uma inequívoca tendência a persistir nessa simbologia. Aferra-se obstinadamente à cadeira de quatro pernas; novas formas encontram dificuldade para impor-se. E mesmo que o cavalgar desaparecesse mais rápido do que essa forma da cadeira, tão ilustrativa de seu significado de utilização de uso no espaço antrópico.       
Fala-se aqui daqueles homens para os quais a dominação tornou-se uma segunda natureza e com frequência apreciam demonstrá-lo dessa forma simbólica e abrandada. O fato de estar deitado traduz-se num desarmamento do homem. Uma enorme quantidade de atos, posturas e comportamentos que definem o homem ereto e, em geral, tanto empenho lhe custam são despidos feito roupa quando ele se deita, como se de fato não fizessem parte dele. Esse processo exterior transcorre paralelamente ao processo interior do adormecimento, quando o homem desprende e afasta de si muito do que em geral lhe parece imprescindível – certos caminhos e imposições do pensamento, a roupagem de espírito a protegê-lo. O homem deitado desarma-se em tal medida que é absolutamente incompreensível como é que a humanidade conseguiu sobreviver ao sono, o que torna visível a vacuidade de todas as teorias da adaptação do homem ao ambiente, teorias estas que, no intuito de elucidar muitas coisas inexplicáveis, busca sempre apresentar as mesmas pseudo-explicações, quando nosso assunto é o estar deitado e a quantidade de poder que, comparado a outras posições humanas, este contemporâneo encerra.               
Inexiste expressão mais manifesta do poder do que a atividade do maestro, mestre, professor. Cada detalhe de seu comportamento público é característico. O que quer que ele faça emite como uma lança alguma partícula sobre a natureza do poder. Alguém que nada soubesse a seu respeito poderia deduzir uma a uma as características do poder a partir da contemplação atenta do regente. O próprio regente é quem mais está convencido disso. Ele crê que seu fazimento é prestar um serviço à música, a qual deve transmitir com exatidão, e nada mais. O regente considera-se o servidor-mor da música, da vida, empertigando a visão. Encontra-se tão impregnado dela que a ideia de um segundo sentido, extramusical, extra-sensorial para sua atividade não lhe ocorre. Ninguém se espantaria mais com a interpretação que se segue do que ele próprio. O regente se posta de pé. A passagem do homem para a posição ereta, na qualidade de uma antiga lembrança, é ainda importante em muitas representações do poder. Ademais, o regente encontra-se de pé sozinho. Sentada a seu redor está sua orquestra e, atrás dele, o público. O fato de ser o único em pé chama a atenção. Encontra-se em posição elevada, visível tanto aos que estão na frente dos que veem quanto àqueles que estão  às suas costas dos que não veem.  
       Quantos mestres e mestras morrem após anos de trabalho na mesma instituição? E que tipo de (re)conhecimento e (des)conhecimento, seja da sociedade, dos sindicatos e do staff acadêmico lhes prestam reverência e de-vida atenção? Quantos professores pesquisadores tiveram a sua última morada no próprio ambiente de trabalho? Entre nós há um insidioso preconceito e desrespeito. A morte não deveria ser mais nem menos tabu para a sociedade globalizada. A morte, que era um evento culturalmente localizado, mudou na passagem os processos sociais de medicalização da vida, para um algo-em-si, originando a chamada morte globalizada. Mas a compreensão que se tem de que a morte é expressão da questão social não é a mesma quando se apropria da morte de forma massificada. Tal conceito se encontra na base da compreensão mecanicista da morte e do morrer, especialmente aquela consagrada pelo aparente consenso médico na Declaração de Harvard, em 1968. A morte, nessa acepção, não é um evento, mas um processo de falência fisiológica em que os vários órgãos e sistemas de manutenção da vida vão entrando em colapso progressiva e sucessivamente. Trata-se de uma visão que nega as diversas concepções sobre morte em nome de uma cultura científica universal.
Tese: Nos próximos anos as universidades públicas irão enterrar seus próprios viventes. A tendência é conselheira. O que se coloca no tocante ao processo civilizador, segundo Elias (1993: 194) nada mais é do que o problema geral da mudança história. Tomada em seu conjunto complexo e contraditório, essa mudança social não foi racionalmente planejada se por racional entendemos que ela resultaria intencionalmente da deliberação e do propósito  de pessoas isoladas, ipso facto, nem irracional, se por este vocábulo queremos dizer que tenha surgido de maneira incompreensível. Os hábitos mentais que tendem a nos prender a pares opostos, seja na dialética de Hegel á Marx, sejam na esfera de domínio da wertfreiheit de Weber, como racional e irracional. Mas tampouco se reduziu ao aparecimento e desaparecimento aleatórios de modelos desordenados. A reorganização dos relacionamentos humanos se fez acompanhar de correspondentes mudanças nas maneiras. Na estrutura da personalidade, cujo resultado provisório é nossa conduta e sentimentos civilizados. A diferenciação em marcha das funções sociais, é apenas a primeira e geral nas transformações que notamos. Ao estudar a constituição psicológica reconhecida como civilização ocorre a total reorganização do tecido social.  
Antítese: Ao se formar um monopólio de força, criam-se espaços sociais pacificados, que normalmente estão livres de atos de violência. As pressões que atuam sobre as pessoas nesses lugares praticados são diferentes das que existiam antes. Formas de violência não física, são agora separadas destas últimas. Persistem, mas de forma modificada, nas sociedades mais pacificadas. Na realidade, contudo, há um conjunto inteiro de meios cuja monopolização permite ao homem, como grupo ou indivíduo, impor sua vontade aos demais. De modo geral, a direção em que o comportamento e a constituição afetiva das pessoas mudam, quando a estrutura dos relacionamentos humanos e transformada. As sociedades sem um monopólio estável da força são sempre aquelas em que a divisão de funções é relativamente pequena (como ocorre na universidade pública), e relativamente curta, as cadeias de ações que ligam os indivíduos ente si. Nelas o indivíduo é protegido principalmente contra ataques súbitos, contra a irrupção de violência física em sua vida. Mas ao mesmo tempo, é forçado a reprimir em si mesmo qualquer impulso emocional para atacar fisicamente outra pessoa. Quanto mais apertada se torna a teia de interdependência em que o indivíduo está emaranhado, com o aumento da divisão de funções, maiores são os espaços sociais por onde se estende essa rede.   
 A maior espontaneidade das pulsões e o grau mais alto de ameaça física que se encontra em todas as situações em que ainda inexiste um monopólio central forte e estável são, conforme pode ser visto como fenômenos complementares. Nessa estrutura social, o vitorioso tem a maior possibilidade de dar livre rédea a suas pulsões e sentimentos, positivos ou negativos, embora também seja maior a ameaça direta a um homem por patê dos sentimentos de outro, e mais presente a possibilidade de ilimitada subjugação e humilhação se um cair em poder de outro. À estrutura dessa sociedade, com sua polarização extrema, suas incertezas contínuas, correspondem a estrutura dos indivíduos que a formam e o modo como se comportam. Da mesma forma que nas relações inter-humanas o perigo surge mais bruscamente e a possibilidade de vitória ou liberação é mais repentino e incalculável, o indivíduo também se debate mais frequente e diretamente entre o prazer a dor. Como monopólio de certos grupos de especialistas, ela é habitualmente excluída da vida dos demais. Esses especialistas, que constituem toda a organização monopolista da força, agora montam guarda à margem da vida social, na medida em que controlam como watchdog role a conduta do indivíduo.         
A razão por que, dentro dessa rede, padrões de controle das emoções variam em alguns aspectos, ou seja, a sexualidade é cercada de restrições mais fortes em um país do que no outro, é uma questão à parte. Mas como quer que essas diferenças que venham surgir em casos especiais, na memória, a direção geral da mudança na conduta, a tendência do movimento da civilização é em toda a parte a mesma. Ela se orienta sempre para um autocontrole mais ou menos automatizado, para a subordinação de impulsos de curto prazo, para a formação de uma instância, mais complexa e segura: o bendito superego. E de maneira geral é também assim que essa necessidade de subordinar emoções momentâneas a objetivos mais distantes se difunde. Em toda a parte, no todo e na parte, na sociedade ocidental, pequenos grupos dirigentes são afetados primeiro, e depois, estratos cada vez mais amplos. Mas constitui uma das peculiaridades dos processos sociais que, com a ampliação da interdependência, a necessidade de pensamento em longo prazo e com a sincronização da conduta individual com alguma entidade mais vasta, remota no tempo e no espaço, tenham se difundido por segmentos cada vez maiores nas sociedades estruturadas em classes. 
         De qualquer modo, podemos dizer que os retratos que saíram da pena de Saint-Simon na descrição da high society desde o século XIX, de autoria de Proust – passando por Balzac, Flaubert, Maupassant e outros, perpassam uma linha direta de tradição caracterizada precisamente por essa lucidez determinada pela observação. Quando se aproxima a morte o afastamento é acompanhado de senhas cujo vocabulário situa o vivo na posição do morto. É preciso que o moribundo fique calmo e descanse. Além dos cuidados técnicos e dos calmantes necessários ao doente, o passe livre põe em causa sua impossibilidade, para o setor da enfermagem, de suportar a enunciação da angústia, do desespero ou da dor: é preciso impedir que se diga isso. Os moribundos são proscritos (outcasts) porque são os desviantes da instituição por e para a conservação da vida. O moribundo é o lapso desse discurso. É, e não pode ser senão obsceno. Portanto, censurado, privado de linguagem, envolto numa mortalha de silêncio: o inominável. Um luto antecipado como ersatz de rejeição institucional os coloca na câmara da morte (chambre ardente), envolve-os de silêncio, ou, pior ainda com a constatação das mentiras que protegem os vivos, contra a voz que poderia quebrar essa clausura para gritar: estou morrendo! A ideia disseminada de que o doente vai melhorar é uma garantia contra a comunicação. Pois a palavra proibida, trairia a luta que mobiliza a instituição. Pior ainda morto em sursis, afirma Certeau (2014: 265) o moribundo cai fora do pensável, que se identifica com aquilo que se pode fazer.

            Saindo do campo circunscrito por possibilidades de intervenção, entra numa região de insignificância. Não se pode dizer mais nada ali onde nada mais pode ser feito. Com o ocioso, e mais do que ele, o moribundo é o imoral: um, cidadão que não trabalha; outro, objeto que nem mesmo se oferece a mais trabalho; ambos intoleráveis numa sociedade onde o desaparecimento dos sujeitos é em toda parte compensado e camuflado pela multiplicação de tarefas.  O desaparecimento de pessoas, em grande parte relacionada ao tráfico humano, foi um assunto que preocupou autoridades em 2012, com mobilizações principalmente na esfera estadual e municipal. Quem informa a quem? Amarildo virou um símbolo de desaparecimentos não esclarecidos pela polícia militar do Rio de Janeiro. A campanha “Onde está o Amarildo?” iniciada nas redes de comunicação social com o apoio de movimentos sociais como o Rio de Paz, as Mães de Maio e da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, não obtiveram resultados. Foram organizados atos públicos por moradores da Rocinha, contando com a participação da sociedade civil.
            Foi necessário o nazismo, lógico em seu “totalitarismo tecnocrático”, para tratar dos mortos e ultrapassar com os processos de rentabilização o limite que o cadáver, inerte, lhes impõe. Nesta combinação sutil entre indivíduos sem ação e operações sem autor, entre a angústia dos indivíduos e a administração das práticas, o moribundo reduz a questão do sujeito à extrema fronteira da inação, onde é a coisa mais impertinente e menos suportável. A família tampouco não tem nada a dizer. O doente é-lhe arrebatado pela instituição social que vai cuidar não do indivíduo, mas da sua doença, objeto isolado, transformado ou eliminado pelas técnicas médicas visando a defesa da saúde assim como outros se dedicam à defesa da ordem ou da limpeza. Lançado fora de uma sociedade que, conforme as utopias de antanho, limpa suas ruas e suas casas de tudo o que parasita a razão do trabalho – detritos, delinquência, doença, velhice -. O doente deve seguir a enfermidade onde será tratada, nas empresas especializadas onde se muda num objeto científico e linguístico, estranho à vida e à língua cotidianas.
Em sua dimensão endógena, a globalização pode ser entendida formando um singular clima de comunicação, que pode ser entendido enquanto estado que tende à estabilização dos elementos componentes. Num ambiente/meio atravessado por forças reguladoras/desreguladoras instalado de efeito generalizado de transmissão interligado. Pode-se ilustrar isso em dois registros. Com o apuramento técnico da economia de guerra que o conceituam logística, onde há formação de clima de comunicação  manifesto, ou que vem gradativamente sendo reconstruído, com o colonialismo ou a destruição das novas e velhas culturas no capitalismo, bem como nos procedimentos e resultados já familiares de controle da informação, com a informática etc., padrão comunicacional nesse clima. O que se chamou vulgarmente de “guerra fria” nas últimas cinco décadas conformava-se à ideia geral deste tal adensamento. Em consequência do adensamento/expansão do clima de comunicação que é cultural, se estabelece um modelo tecnológico e padrão de modernização das forças produtivas.
O enfermeiro é um profissional de nível superior com competência técnica, científica responsável pela organização técnica de trabalho de equipe de enfermagem e pela promoção, prevenção e recuperação da saúde dos indivíduos. O enfermeiro é um profissional integrado, preparado para atuar simultaneamente no quadro técnico-científico da saúde no âmbito assistencial, técnico-administrativo e de promoção gerencial. Na área assistencial esses profissionais estão habilitados a diversos tipos de intervenções prático-pedagógicas de média e alta complexidade, situações que exigem reconhecimento científico e capacidade eficaz de diálogo de tomar decisões imediatas. Lideram e gerenciam unidades hospitalares e colaboradores de nível médio técnico, que prescrevem a assistência de enfermagem para que técnicos e auxiliares executem as ações. Seguindo um método de trabalho de tendência mundial o enfermeiro prescreve medicamentos e solicita exames na chamada Estratégia Saúde da Família (ESF).
O ESF tem como objetivo promover a qualidade de vida da população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. Com atenção integral, equânime e contínua, a ESF se fortalece como a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). A proximidade da equipe de saúde com o usuário permite que se conheça a pessoa, a família e a vizinhança. Isso garante uma maior adesão do usuário aos tratamentos e às intervenções propostas pela equipe de saúde. O resultado é mais problemas de saúde resolvidos na Atenção Básica, sem a necessidade de intervenção de média e alta complexidade em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) ou hospital. A Equipe de Saúde da Família está ligada à Unidade Básica de Saúde (UBS) local. Esse nível de atenção resolve 80% dos problemas de saúde da população. Entretanto, se a pessoa precisar de um cuidado mais avançado, a ESF faz este encaminhamento clínico. A ESF é composta por equipe multiprofissional que possui médico generalista, ou especialista em saúde da família, ou médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde (ACS).                       
O enfermeiro representa o trabalhador profissional da saúde, par excellence habilitado por uma licenciatura em Enfermagem e registado na Ordem dos Enfermeiros, a quem foi reconhecido às competências científicas, técnicas e humanas para praticar cuidados de enfermagem gerais ao indivíduo, família e comunidade, em situação de prevenção primária, secundária e terciária. O enfermeiro assiste o ser humano, doente ou são    individual ou em comunidade, de forma a que este mantenha e/ou recupere a saúde. O enfermeiro objetiva também que o indivíduo atinja a sua máxima capacidade funcional. Em Portugal, comparativamente, não existe a categoria correspondente de Auxiliar e Técnico de Enfermagem, sendo as funções acumuladas pelo enfermeiro. O enfermeiro não é só responsável pelos procedimentos técnicos, como por todo o processo de enfermagem. No entanto, existe a representação social da categoria de Assistente Operacional de Saúde, designado de Auxiliar de Saúde, que do ponto de vista do conhecimento técnico-profissional colabora com o enfermeiro, e que através da sua delegação e supervisão, pode prestar cuidados de higiene, conforto e alimentação.       
Nos primeiros capítulos de economia política da magnânima obra O Capital, Marx apresenta-nos um breve sumário do desenvolvimento das formas de trocas comerciais, começando com escambo e trocas simples, e terminando com mercadorias capitalistamente produzidas. Este esboço do processo de mercantilização demonstra que as formas das mercadorias não são fixas de uma vez por todas, mas de fato passam por desenvolvimento enquanto o comércio se torna mais sofisticado, com o resultado sendo que o valor de troca das mercadorias pode ser expresso em quantidade (teórica) de dinheiro (um preço em dinheiro). O comércio de órgãos refere-se à prática da troca de órgãos humanos para o transplante de órgãos por dinheiro. Não é de hoje que há uma escassez mundial de órgãos disponíveis para transplante. O problema do comércio ilegal, ou tráfico globalizado de órgãos é generalizado, por ser um escambo de forma clandestino, e difícil de obter. Não se trata ainda, em primeiro lugar de consulta pública à sociedade, se se deve ou não legalizar o comércio de órgãos, e, em segundo lugar, sobre a maneira adequada de combater o tráfico ilegal, pois é um assunto de dimensão geral e de relevante debate. Os traficantes de órgãos humanos operam através de estratégias e táticas de várias maneiras: as vítimas podem ser sequestradas e forçadas a desistir de um órgão. Algumas, por desespero financeiro, concordam em vender um órgão, ou são enganadas ao acreditar que precisam de uma operação cirúrgica e o órgão é removido sem o seu conhecimento. Inúmeras  vítimas podem ser assassinadas.
Uma institucionalização do saber médico produziu a grande utopia de uma política terapêutica, abrangendo, da escola até o hospital, todos os meios de lutar contra o jugo da morte no espaço/tempo social. Assim a ruptura que opôs à morte um trabalho conquistador, e a vontade de ocupar por uma administração econômica e terapêutica o imenso espaço vazio dos campos do século XVIII – região da infelicidade, nova terra dos mortos-vivos – organizaram o saber numa relação com a miséria. De Nietzsche a Bataille, de Sade a Lacan, essa literatura que, mediante a instauração do discurso científico se viu expulsa do seu campo próprio e constituída como outra, assinala na linguagem o retorno do eliminado, em pouco tempo é também transformada na região da ficção. Confessa do saber aquilo que se cala. Uma transformação geral em poder deu aparência clínica a uma administração encarregada de curar e, mais ainda, de organizar a ordem em prevenção. Esse modelo médico de uma política se referia simultaneamente à ambição ocidental de um progresso indefinido do corpo e sua representação pública no esporte e à obsessão de uma surda e permanente degenerescência que comprometia o capital biológico sobre o qual repousava a expansão colonizadora sobre o país.
É posto de lado numa das áreas técnicas e secretas (hospitais, prisões, depósitos de lixo) que aliviam os vivos de tudo aquilo que poderia frear a cadeia da produção e do consumo e que, na sombra onde ninguém penetra, consertam e fazem a triagem daquilo que pode ser reenviado à superfície do progresso. Retido ali, torna-se um desconhecido para os seus. Talvez o exilado um dia regresse do país estranho cuja língua, na casa dele, ninguém conhece e que há de ser fatalmente esquecida. Se regressar, será o objeto longínquo, não significável, de um esforço e de um fracasso impossíveis de traçar no espaço e na linguagem familiar. A morte é o outro lugar. Considerada por um lado um fracasso ou uma parada provisória da luta médica, subtraída por outro lado à experiência comum, chegando ao limite do poder científico e escapando às práticas familiares. Aquilo que não podiam nomear, encarregavam disso uma linguagem na qual não podiam crer. Nos repertórios religiosos, diabólicos, de feitiçaria ou de fantasia, léxicos, marginalizados, o que depõe em segredo ou ressurge mascarado é a própria morte.  
O segredo imoral da morte é depositado nas grutas protegidas que lhe são reservadas pela concepção de psicanálise ou religião. Habitam as imensas metáforas da astrologia, da necromancia ou da feitiçaria, línguas toleradas enquanto formam as regiões do obscurantismo de que se distinguem as sociedades de progresso. A impossibilidade de dizer remonta então bem antes do momento em que os esforços dos locutores anulam com ele. Acha-se inscrita em todos os procedimentos que encerram a morte ou a expulsam para fora das fronteiras da cidade, para fora do tempo, do trabalho e da linguagem, para salvaguardar um lugar. Mas quando vamos produzir a imagem do moribundo, procedemos da mesma forma. Com a mentira que localiza a morte alhures. Pela representação, exorcizamos a morte, colocada no vizinho, relegada num momento do qual postulamos. A inversão se esboça no próprio trabalho de escrever cujas representações não são mais do que o seu efeito e/ou os seus detritos. Por que escrever, senão a título de uma palavra impossível? A escritura repete essa falta com cada um de seus sinais gráficos, relíquias de uma caminhada através da linguagem. Ela soletra uma ausência que é o seu preâmbulo e o seu destino final. Prática da perda da palavra, a escritura, só tem sentido fora de si mesma, noutro lugar, o do leitor, que produz como a sua própria necessidade indo ela mesma para essa presença que não poderia ganhar.
A morte, porém não se nomeia. Escreve-se no discurso da vida, sem que seja possível atribuir-lhe um lugar particular. A morte é condição de possibilidade da evolução. Que os indivíduos percam o seu lugar, eis a lei da espécie. A transmissão do capital e o seu progresso são garantidos por um testamento, sempre assinados por um morto. A decadência de uma civilização construída sob o alicerce do poder da escritura contra a morte se traduziria pela possibilidade de escrever o que a organizava. Somente a fim de uma conjuntura, observa Michel de Certeau, permite enunciar o que a fez viver, como se lhe fosse preciso morrer para tornar-se um livro. Então, escrever (este livro) é ter que caminhar através do terreno do próprio inimigo, na própria região da perda, fora do domínio protegido delimitado pela localização da morte noutro lugar. É praticar a relação entre gozar e manipular, nesse interregno onde uma perda (um lapso) da produção de bens cria a possibilidade de uma expectativa (uma crença) sem apropriação, mas já agradecida. Desde Stéphane Mallarmé, se utilizava dos símbolos para expressar a verdade através da sugestão, mais que da narração, a experiência escriturística se desdobra segundo o modo de relação entre o ato de avançar e o solo mortífero onde se traça sua itinerância. Desse ponto de vista, o escritor é também o moribundo que tenta falar. Mas, na morte que seus passos inscrevem em uma página não obscura e nem em branco. Ele sabe que pode dizer e representar o desejo que espera do outro, o excesso maravilhoso e efêmero de sobreviver numa atenção que ele altera.   
Bibliografia geral consultada.
FREUD, Sigmund, Psicologia delle Masse e Analisi dell`Io. Roma: Editore Bollati Boringhieri, 1975; ARIÈS, Philippe, Sobre a História da Morte no Ocidente desde a Idade Média. Lisboa: Editorial Teorema, 1989; BOSI, Ecléa, Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. 3ª edição. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1994; CANETTI, Elias, Massa e Poder. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1995; THOMAS, Louis-Vincent, Morte e Poder. Lisboa: Editores Temas & Debates, 2001; Idem, A Solidão dos Moribundos seguidos de Envelhecer e Morrer. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001; MOURA, Cristina Marcos de, Uma Avaliação da Vivência do Luto Conforme o Modo de Morte. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia. Brasília: Universidade de Brasília, 2006; CERTEAU, Michel de, “O Inominável: Morrer”. In: A Invenção do Cotidiano. 1. Artes de fazer. 22ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; pp. 264-273; OLIVEIRA, Diego Ferreira de, A Morte como Dignidade e a Autonomia do Indivíduo: Uma Discussão sobre a Necessidade de Regulamentação da Ortotanásia no Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Direito. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2016; NASCIMENTO, Danielle Cândido da Silva, Medo e Consumo: Os Efeitos de Sentido da ´Publicidade de Choque`. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Letras. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2017; SILVEIRA, Débora Ely, Marisa Letícia: Morte, Política e Ódio em Tempos de Redes Sociais e Polarização. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Escola de Humanidades. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2018; GILBERTI, Gabriela Machado, A Única Certeza da Morte é a Vida.: Investigação Fenomenológica sobre Idosos que se Preparam  para a Morte. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018; BARROS, Vanessa Andrade de; BARROS, Carolyne Reis, Reflexões sobre a Casa dos Mortos em Tempos de Pandemia: As Prisões Brasileiras. In: Caderno de Administração, vol. 28, Ed. Esp., jun./2020; entre outros.

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