Ubiracy de Souza Braga
“Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular”. Machado de Assis
“Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular”. Machado de Assis
Chave é um objeto concreto que aciona uma fechadura. As primeiras fechaduras que foram usadas em Roma eram extremamente simples: consistiam em duas argolas, uma em cada aba da porta e entre elas passava-se um prego. E poderia abrir e fechar. Com esta novidade, o nome do prego (clavus) mudou ligeiramente para chamar-se clavis, da qual se originou a palavra chave. O jurisconsulto Papiniano usava a expressão clavem tradere com o sentido de “entregar a administração dos bens”, e Cícero usou claves adimere para “tirar as chaves à mulher, repudiá-la”. Em sentido figurado, usou-se clavis Scientiae como “chave da ciência”. O formato da chave é o primeiro segredo. Apenas uma chave com perfil igual e na posição correta poderá ser usada. O segundo segredo está ligado à altura dos dentes da chave, que formam uma base de apoio para pequenos pinos ou tambores metálicos, colocados aos pares e alinhados no interior do cadeado ou fechadura. Os pinos são sustentados por molas. Quando a chave é penetrada, os pinos são alinhados de modo que se permite girar o cilindro da fechadura, liberando a trava principal para o acesso. Nos cofres o mecanismo envolve discos e engrenagens. Ao serem alinhados abrem caminho para afastar a trava de aço que impede a abertura. Os modelos técnicos utilizam como chave um cartão magnético. Um código que é lido pela fechadura e ao computador que controla os horários de entrada e saída. No serviço público não há transparência.
O processo de escolha acadêmica para assumir a reitoria é denominado consulta. A universidade pública elabora uma lista tríplice a ser enviada para o governador ou a presidência da República, que indicará qual membro do corpo docente chegará a reitoria por meio do processo eleitoral. Segundo a lei, a consulta deve ter peso de 70% para professores, restando, portanto 30% para técnicos-administrativos e estudantes. Esse modelo é adotado por parte das universidades. Há o modelo universal, em que cada voto tem o mesmo peso, valorizando a participação da comunidade acadêmica. Apesar de usualmente o governo federal indicar para reitoria o candidato (a) com mais votos na consulta, há exceções. Em 1998, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) indicou o terceiro colocado para reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, gerando críticas negativas na comunidade acadêmica. Em 2009, o governador do estado de São Paulo, José Serra Chirico (PSDB), escolheu o segundo da lista tríplice. Desde o fim da ditadura militar (1985) foi a primeira vez em que o mais votado não foi o escolhido. No início de seu governo, por diversas vezes o ex-capitão eleito presidente Jair Bolsonaro (PSL), não respeitou os nomes escolhidos nas consultas universitárias para reitor em pelo menos seis nomeações de 2019.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro é a maior universidade federal do país. Presença registrada nas 15 melhores posições nos mais diversos rankings acadêmicos na América Latina, a instituição conta com 176 cursos de graduação, 130 cursos de mestrados acadêmico e profissional e 94 cursos de doutorado. Segundo o Ranking Universitário Folha 2018, a Universidade é a mais inovadora do país, o que também se deve à sua pluralidade: seu corpo social é composto por mais de 67 mil estudantes, 4 mil docentes e 9 mil servidores técnico-administrativos. A Universidade tem estrutura similar à de um município de médio porte, compatível com o seu grau de relevância estratégica para o desenvolvimento do país. Formou uma sucessão de ex-alunos notáveis, como os escritores Jorge Amado e Clarice Lispector, o indicado ao Prêmio Nobel da Paz Osvaldo Aranha e os médicos Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. Quarta instituição que mais produz ciência no Brasil, a UFRJ possui dois campi em outras cidades do Rio de Janeiro: um em Macaé, no interior do estado, e um em Duque de Caxias. Com projetos de ponta nas áreas científica e cultural, a antiga Universidade do Brasil criada em 1920, tem sob seu escopo nove hospitais universitários, 13 museus, 1.200 laboratórios, 45 bibliotecas e um Parque Tecnológico de 350 mil m² com startups (cf. Guerra Pires, 2020), ou seja, uma empresa emergente que tem como objetivo principal desenvolver ou aprimorar um modelo de negócio, preferencialmente e empresas de protagonismo nacional e internacional.
A atual forma de administração universitária combina per se o fisiologismo da administração universitária. O primeiro passo na desburocratização está em separar estas atividades através de eleições conjuntas para Decano, fora da raia da candidatura à Reitor, assumindo a função ético-política de definição de prioridades dos Editais de concursos públicos de provas e títulos evitando, assim, indicações comprometidas corporativamente, na tradição conservadora ou progressista do líder, pois as eleições não são um meio de trabalho apenas de escolha de liderança, mas parte do processo eletivo de debate sobre a ciência e para reinventar a universidade pública. Como poderá haver transparência pública numa instituição em que o Reitor faz concessões às pró-reitorias como afinidade eletiva, nas áreas de conhecimento, quando define quem poderá se constituir professor Titular ou Livre-Docente na instituição? Não estamos longe de admitir, um lugar praticado em que se estabelecem relações de poder político em que ações sociais e decisões acadêmicas são tomadas em troca de favores, apenas para realizar obras internas em negociações delicadas em segredo. Durante a existência do ministério da desburocratização (1979-1986), foram criados Juizado Especial Cível (JEC), antes chamado de Juizado de Pequenas Causas e o Estatuto da Microempresa.
O novo conceito de dialética desenvolvido por Hegel é todo um complexo sistema, baseado numa original concepção do absoluto que na filosofia de Hegel, precisa incorporar todos os momentos significativos do movimento pelo qual se realiza, assimilando tanto o positivo como o negativo, superando-o numa capacidade de síntese viva, para poder se estruturar, rigorosamente, como ocorre no sistema científico: “A verdadeira figura em que a verdade existe”, afirma Hegel, “só pode ser o sistema científico dela”. O sentido desse movimento realizado no sistema só pode ser compreendido do ângulo do resultado alcançado. Esta unidade do existente, o que existe, e do que é “em si” é o essencial. É um conceito dialético na unidade do diferente, do gérmen e do desenvolvido. Ambas estas coisas são duas e, no entanto, uma: um conceito da razão. As outras determinações são inteligíveis, mas o entendimento puramente abstrato não pode conceber isto. Pode compreender por intermédio das abstrações mediante as quais decorre a apropriação mental, sobre o qual funciona um procedimento específico sobre o modo de apreender a realidade e saber pensar. Hegel dizia que a verdade é o todo. Que se não enxergamos o todo, podemos atribuir valores sociais e políticos exagerados a verdades limitadas, prejudicando a compreensão de uma verdade geral. Essa visão é sempre provisória, nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, caso contrário, a dialética estaria negando a si própria.
Pelo que depreendemos, teremos uma única vida a qual está oculta. Mas depois entra na existência e separadamente, na multiplicidade das determinações, e que a partir de determinados graus distintos, são em essência, necessárias. E juntas de novo, constituem um sistema. Essa representação é uma imagem da história da filosofia. O primeiro momento era o “em si” da realização, e “em si” do gérmen etc. O segundo é a existência, aquilo se exalta e que resulta. Assim, o terceiro é a identidade de ambos, mais precisamente agora o fruto e movimento da própria evolução, o resultado de todo este movimento em torno do conhecimento. E a isto Hegel chama abstratamente o ser por si. É o por si do homem, do espírito mesmo. Somente o espírito chega a ser verdadeiro por si, idêntico consigo. O que o espírito produz seu objeto, é ele mesmo. Ele é um desembocar em seu outro reconhecimento. O desenvolvimento do espírito é um desprendimento, um desdobrar-se, e por isso, ao mesmo tempo, um desafogo.
Enfim, para Hegel a evolução no modo de pensar não somente faz aparecer o interior originário, exterioriza o concreto contido já no “em si”, e este concreto chega a ser por si através dela, impulsiona-se a si mesmo a este ser “por si”. O concreto é “em si” diferente, mas logo só em si, pela aptidão, pela potência, pela possibilidade. O diferente está posto ainda em unidade, ainda não como diferente antropologicamente. É em si distinto e, contudo, simples. É em si mesmo contraditório. Posto que é através desta contradição impulsionado da aptidão, deste este interior à qualidade, à diversidade; logo cancela a unidade e com isto faz justiça às diferenças. Também a unidade das diferenças ainda não postas como diferentes é impulsionada para a dissolução de si mesma. O distinto vem assim a ser atualmente, na existência. Porém, do mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como tal é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do diferente consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a unidade verdadeiramente concreta. Um discurso político, no âmbito da consciência, tem uma estrutura e finalidade diferente do discurso econômico, mas pode operar no nível da análise econômica produzindo efeitos sociais específicos em termos de persuasão.
Não queremos perder de vista que a Fenomenologia é a história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão como procedimento da Ciência. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este vir-a-ser é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Ipso facto quando Hegel afirma sobre a filosofia em geral, que “a coruja de Minerva só levanta voo ao anoitecer” (“die Eule der Minerva beginnt erst mit der einbrechenden Dämmerung ihren Flug”), ele quer dizer categoricamente que vale somente para uma filosofia da história. Melhor dizendo, é verdadeiro para a concepção científica de história e que, além disso, corresponde à weltanschauung dos historiadores que têm como seu trabalho (ofício) descrever metodologicamente a história real.
Hegel dizia que a verdade é o todo. Que se não enxergamos o todo, podemos atribuir valores exagerados a verdades limitadas, prejudicando a compreensão de uma verdade geral. Essa visão é sempre provisória, nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, caso contrário a dialética estaria negando a si própria. O método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente, ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é”. Para Hegel, o trabalho é o conceito chave para compreensão da superação da dialética, atribuindo o verbo suspender (com três significados): negação de uma determinada realidade, conservação de algo essencial dessa realidade e elevação a um nível superior. A filosofia descreve a realidade e a reflete, portanto, a dialética busca, não interpretar, mas refletir acerca da realidade. A dialética é a história das contradições. Em alemão: aufheben significa supressão (ou, suprassunção) e ao mesmo tempo manutenção da coisa suprimida. O reprimido ou negado permanece dentro da totalidade. Hegel, um dos filósofos que mais tratou da concepção dialética, esta contradição não é apenas do pensamento, mas da realidade. Então, tudo está em processo de constante devir.
Assim, Hegel não é um idealista platônico para quem as Ideias constituem um campo ontológico superior à realidade material: elas formam um campo pré-ontológico das sombras. Esta é a tese defendida com sabedoria no ensaio de Slavoj Žižek: “Less Than Nothing”... (2013: 310 e ss.). Para ele, o espírito tem a natureza como seu pressuposto e é simultaneamente a verdade da natureza e, como tal, o “absolutamente primeiro”; a natureza, portanto, “desvanece” em sua verdade, é “suprassumida” (aufgehoben) na identidade-de-si do espírito: Essa identidade, afirma Hegel na Lógica: “é a negatividade absoluta, porque o conceito tem na natureza sua objetividade externa consumada, porém essa sua extrusão é suprassumida, e o conceito tornou-se nela idêntico a si mesmo. Por isso só é essa identidade enquanto é retomar da natureza”. Note-se a estrutura triádica precisa dessa passagem, ao modo hegeliano mais ortodoxo em sua concepção dialética, todavia exemplar do ponto de vista da irrefutabilidade do conhecimento de apropriação do real: tese, o conceito tem na natureza sua objetividade externa consumada; antítese (“Porém”), essa sua extrusão é suprassumida e, por meio dessa suprassunção, o conceito atinge a identidade-de-si; síntese (“por isso”), ele só é essa identidade enquanto é [preciso] retomar o ser da natureza.
É dessa maneira que devemos entender a identidade tendo como representação a negatividade absoluta: a identidade-de-si do espírito surge por sua relação negativa (“suprassunção”) com esses pressupostos naturais, e essa negatividade é absoluta não no sentido que nega a natureza absolutamente, de que a natureza desaparece absolutamente (totalmente) nele, mas no sentido de que a negatividade da suprassunção (Aufhebung) é autorrelativa; em outras palavras, o resultado desse trabalho da negatividade é a identidade-de-si positiva do espírito. As palavras principais dessa passagem são: consumada e só. O conceito tem na natureza sua objetividade externa consumada: não há outra realidade objetiva, tudo o que realmente existe enquanto realidade é a natureza, o espírito não é outra coisa que se acrescenta às coisas naturais. É por isso que só é essa [sua] identidade enquanto é retomar da natureza: não há um espírito preexistente à natureza que, de alguma maneira, exterioriza-se na natureza e depois se reapropria dessa realidade natural alienada – a natureza completamente processual do espírito, tendo em vista que o espírito é seu próprio devir, é resultado de sua própria atividade, quando significa que o espírito é somente (ou seja, nada mais que) seu retorno-a-si-mesmo a partir da natureza. Em outras palavras, o retorno a é plenamente performativo, o movimento do retorno cria aquilo para que ele retorne.
A política é levada, a lidar com duas referências contrapostas, legitimando-se através da universalidade dos princípios e viabilizando-se por meios das motivações particulares. Uma política que subordinasse rigorosamente à universalidade dos princípios não conseguiria promover uma mobilização ampla, consistente e duradoura de indivíduos particulares. Por outro lado, uma política que esvaziasse os princípios universais de qualquer conteúdo real, que se dispusesse a compromissos pragmáticos, ou com metas a médios e longo prazo, seria uma política de oportunistas, incapazes de se elevarem ao nível de uma dedicação fecunda à comunidade. O processo dialético é uma totalidade porque decorre num mesmo tempo, lógico, ontológico e histórico. A exigência do reconhecimento das contradições pode entrar em choque e, de fato com frequência entra, de forma contígua com exigências de outro tipo que são exigências ligadas às tarefas revolucionárias urgentes que a política representa. Assim, é uma representação aos homens e mulheres que compreendem ou sabem que a vida vive mudando e sua consciência participa deste movimento. Em determinadas circunstâncias, o reconhecimento da complexidade e da contraditoriedade que legitima do quadro de pensamento e ação pode paralisar, ou ao menos “entorpecer”, como na religião, ou, “no mito religioso da leitura” a intervenção eficaz da visão em tais circunstâncias.
Contudo, Michael Oakeshott na atividade prática, é reconhecido como o escritor e filósofo mais desconcertante e original significativamente desde o pragmatismo de Ludwig Wittgenstein. É um filósofo britânico, falecido em 1990, e que durante as décadas de 1950-60 exerceu a cátedra de Ciência Política na prestigiosa London School of Economics, tendo sido o sucessor de Harold Laski. Autor de trabalhos que versam sobre os mais diversos aspectos do conhecimento, e em particular o conservadorismo, é geralmente enquadrado positivamente, como um dos mais proeminentes pensadores conservadores do século XX. Em sua vida acadêmica, publicou relativamente pouco. Além de alguns artigos e pequenos ensaios, constam essencialmente quatro livros: Experience and its Modes (1933), On Human Conduct (1975), On History (1983) e Rationalism in Politics and other essas (1962), sem dúvida a principal obra de divulgação de seu pensamento, conjunturalmente não poderia ser taxada de outra forma, como de caráter pessimista, tradicionalista, típico burkeano, uma ideologia política e social que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura, da política e da civilização refletindo a expressão do pensamento conservador. O conservadorismo enfatiza a continuidade e a estabilidade das instituições, opondo-se a qualquer tipo de movimentos revolucionários e de políticas sociais progressistas. Mas é importante entender que o conservadorismo não representa um conjunto de ideias políticas definidas, pois os valores conservadores variam enormemente de acordo com os lugares e com o tempo.
O conservadorismo é uma influente corrente de pensamento político burguês contemporâneo surgido e desenvolvido com sabedoria na Inglaterra, no final do século XVIII, através da atividade política do conservador Whig Edmund Burke, como uma reação extraordinária à Revolução clássica Francesa, cujas utopias sociais resultaram imediatamente em instabilidade política e crise social conjuntural na França. Sua principal expressão como teórico político foi a crítica que formulou à ideologia da Revolução Francesa, manifesta em Reflexões sobre a Revolução na França e sobre o comportamento social de certas comunidades em Londres relativo a esse acontecimento, de 1790. O pensamento conservador expandiu-se pelo mundo principalmente após o período do Terror jacobino, que, durante o auge da Revolução, causou a morte de 35 mil a 40 mil pessoas. O termo conservador denota a adesão a princípios e valores atemporais, que ficando em suspenso, devem ser conservados a despeito de toda mudança histórica, quando mais não seja porque somente neles e por eles a história adquire uma forma inteligível. A noção de uma ordem divina do cosmos ou a de uma natureza humana universal e permanente. O conservadorismo é um freio às ambições prometeicas do movimento revolucionário e, mais genericamente, sem exceção dos governantes.
O conservadorismo britânico deriva largamente de Edmund Burke e da sua obra Reflexões sobre a Revolução na França (1790), onde defende que as constituições não devem ser o produto da razão abstrata (como as francesas), mas sim de uma lenta evolução histórica (como a constituição inglesa), considerando a sociedade como sendo não apenas um contrato entre os vivos, “mas entre os vivos, os mortos e os que estão por nascer”. Contra a liberdade proclamada pela Revolução como um absoluto, Burke faz a defesa das liberdades, das prerrogativas particulares e tradicionais dos diversos grupos sociais e locais, que se equilibravam mutuamente na ordem pré-revolucionária. Ao contrário de Burke, outros parlamentares whigs, como Charles James Fox, tomaram o partido da Revolução Francesa, acabando as ideias das Reflexões por serem mais aceites entre os Tories. Durante o século XIX, o conservadorismo britânico, inspirado por pensadores conspícuos como Samuel Coleridge, Thomas Carlyle, Henry Maine, etc. desenvolve-se como o partido político de representação da aristocracia tradicional, em volta de temas em análise comparada como a desconfiança em face da democracia, a defesa da Câmara dos Lordes e certas nostalgias pela Inglaterra pré-industrial.
Sob a liderança política de Benjamin Disraeli moderniza-se, adotando os princípios democráticos e passando a ter como escopo político a defesa do Império como grande bandeira, contra a desconfiança dos liberais perante a expansão colonial. Disraeli, que concedeu o direito de voto aos operários urbanos, tentou dar um caráter social ao conservadorismo e torná-lo numa aliança entre a aristocracia e as chamadas classes subalternas. Nas primeiras décadas do século XX, os conservadores têm como referência esses princípios - defesa da unidade do Império, oposição à autonomia irlandesa que levou muitos liberais unionistas, como Joseph Chamberlain, a se juntarem ao Partido Conservador, uma politica comercial protecionista favorecendo o comércio com as colônias, etc., a que se junta uma posição antissocialista, à medida que o Partido Trabalhista e o movimento sindical vão ganhando força no âmbito da política global. O Partido Unionista Escocês, ou simplesmente Partido Unionista, foi um partido político representativo da Escócia, ativo entre 1912 e 1965, tendo sido o principal partido de centro-direita na Escócia.
Ideologicamente, os unionistas seguiam uma linha defensora da união da Escócia com o Reino Unido, além de ser um partido de linha conservadora e do liberalismo económico. Em nível nacional estava aliado ao Partido Conservador, e, a nível eleitoral, foi um partido relevante, tendo, por várias vezes, sido o partido mais votado na Escócia. A partir dos anos de 1950, os unionistas começaram a perder influência e, em 1965, foram sucedidos pelo Partido Conservador Escocês. O Parlamento Escocês é o órgão legislativo nacional, unicameral da Escócia, localizado na área de Holyrood da capital Edimburgo. O Parlamento, informalmente designado por Holyrood, é um órgão eleito democraticamente compreendendo 129 deputados que são reconhecidos como Membros do Parlamento Escocês, (MSPs). Os membros são eleitos para um período de quatro anos sob o sistema de representação proporcional mista. Como resultado, são eleitos 73 MSPs que representam individualmente os distritos eleitorais geográficos pelo sistema da pluralidade e 52 dividem-se proporcionalmente entre oito regiões distintas, sendo sete deputados para cada uma. A última eleição geral para o parlamento escocês foi realizada em 5 de maio de 2016.
Para os conservadores, as melhores instituições sociais e politicas não são aquelas que são inventadas pela razão humana, como fora defendido pelo chamado racionalismo político, mas as que resultam de um lento processo de crescimento e evolução histórico-política ao longo do tempo, empiricamente como a não escrita constituição inglesa face às Constituições promulgadas pelos revolucionários franceses. Não acreditando na ideia de “bondade natural do Homem”, os conservadores consideram que são os constrangimentos introduzidos pelos hábitos e tradições que permitem o funcionamento das sociedades, pelo que qualquer regime duradouro e estável só poderá funcionar se assente nas vigentes tradições sociais. Assim, para os conservadores não faz sentido elaborar projetos universais do ponto de vista de uma sociedade ideal, pois não só tal sociedade será inatingível devido ao que acreditem ser “a imperfeição intrínseca da natureza humana”. Mas, devido a diferentes povos terem diferentes histórias, sociais, políticas e de costumes referendando suas tradições, o modelo social mais adequado a um povo não será o mais apropriado a outro, criticando de seu ponto de vista político conservador os revolucionários franceses.
Um notável exemplo contemporâneo no desenvolvimento da ciência e da pesquisa ocorre desde sua criação na Universidade de Brasília (UnB) e é realizado nas unidades acadêmicas com apoio institucional, acompanhamento e supervisão através do Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação (DPP). A atuação do decanato promove todas as áreas do conhecimento em que a universidade atua com o auxílio de diretorias específicas para pesquisa, desenvolvimento institucional e inovação e o programa de iniciação científica. Para estimular a pesquisa e a inovação e tornar a UnB uma referência na área, foi criado, no início de 2017, o Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI). Com a mudança estratégica, o DPP passou a se chamar Decanato de Pós-Graduação (DPG). A intenção é que as pró-reitorias somem expertises em seus respectivos setores de produção de saberes técnicos e científicos de atuação e possam conduzir a UnB adiante na produção científica. Editais próprios e de agências de fomento como CNPq, Capes e Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal são responsáveis por financiar parte significativa das pesquisas na Universidade.
O Decanato de Pós-Graduação democratiza a transparência de suas ações anunciando em sua página as publicações internas e as principais chamadas públicas que podem beneficiar a comunidade científica com a concessão de aportes financeiros, equipamentos, bolsas e realização e participação em eventos científicos. Algumas das principais definições estratégicas para o progresso da ciência na UnB são realizadas no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), com apoio da Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação (CPP). Essas estruturas colegiadas permitem decisões democráticas com participação ativa dos segmentos interessados. No mundo contemporâneo e globalizado, é desejável para a gestão pública reconhecer e dinamizar o significado público para a transparência de informações sobre a execução orçamentária e financeira, de acesso público e em linguagem acessível à sociedade. O Repositório Institucional da UnB disponibiliza artigos, dissertações, teses e outras produções acadêmicas na rede mundial de computadores - internet. O serviço oferecido pela Biblioteca Central tem a finalidade de armazenar, preservar e divulgar os conteúdos científicos da Universidade em formato digital. Esse trabalho é complementado pela Biblioteca Digital de Monografias, que reúne as obras essencialmente de conclusão de curso de graduação e de pós-graduação (Especialização).
A Transparência Internacional (TI) é uma organização não governamental internacional que luta por “um mundo no qual governos, empresas, a sociedade civil e a vida das pessoas sejam livres de corrupção” fundada em março de 1993, com mais de 100 seções no mundo e um secretariado internacional em Berlim. A organização trabalha em conjunto com governos, empresas e cidadãos para acabar com o abuso de poder, o suborno e negociações secretas por agenciamentos de poder local e global dentro/fora da universidade. O órgão central da TI é o secretariado internacional com sede em Berlim, que coordena a ação de aproximadamente cem capítulos (secções) nacionais. Nasceu na Alemanha em 1993, sob a liderança de Peter Eigen, funcionário aposentado do Banco Mundial, com experiência em projetos de desenvolvimento na África e na América Latina, que fundou o Conselho Consultivo da Transparência Internacional, que promove a transparência e a prestação de contas no desenvolvimento internacional. Ela une os povos numa poderosa relação de coligação em escala mundial para pôr fim ao devastador impacto da corrupção que ocorre ao redor do mundo civilizado. A TI definiu cinco prioridades na luta contra corrupção: a) corrupção política; b) corrupção em contratos internacionais; c) corrupção no setor privado; d) convenções internacionais para prevenir a corrupção; e) pobreza e desenvolvimento.
Ela desenvolve instrumentos para combater a corrupção e trabalha com outras organizações, empresas e governos para implantá-las. A TI é apartidária e constrói parcerias contra a corrupção social. Enfim, existem quatro gerações de percepções sobre transparência pública, que são voltadas a objetivos diferentes e foram gradativamente sendo incorporadas às práticas de agentes e das instituições estatais. Na primeira, a transparência era vista como um instrumento para informar os cidadãos e incorporá-los ao processo de tomada de decisões. Na segunda, transparência é uma ferramenta de combate à corrupção. Essa concepção foi avançada por meio da criação de redes internacionais de transparência, como a Transparência Internacional. Esse movimento está associado à promoção do crescimento do comércio internacional, da privatização de estatais aparentemente ineficientes, e é formado por uma rede de atores sociais que promove conferências, publica artigos e Relatórios, com o intuito de promover a transparência e a ideia boa governança. Essa concepção é política e demonstra que a transparência não é um ideal axiologicamente neutro, no sentido weberiano, mas um movimento global levado por organizações com orientações axiológicas à maior integração do capital global não podendo ser considerado um ato cíclico ou ocasional.
Bibliografia geral consultada.
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