Ubiracy de Souza Braga
“A
autonomia e a saúde das universidades é que estão em jogo quando se atinge a UERJ”.
Lilia Schwarcz
Apesar da crise financeira que
afeta, principalmente, a educação no estado do Rio de Janeiro, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro foi
classificada como a oitava melhor universidade do país e subiu 33 posições, em
relação ao ano passado, no levantamento estatístico realizado pelo Center for World University Rankings
(CWUR). Na classificação geral, divulgada em outubro de 2017, a instituição
ocupa a 709º colocação entre as melhores universidades do mundo. A Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) é uma das maiores, mais tradicional e
prestigiadas universidades do Brasil e da América Latina. Possui campi em sete (7)
cidades do Estado, sendo o maior deles localizado no bairro do Maracanã, na
cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, temos a Faculdade de Formação de Professores (São Gonçalo), na região metropolitana e a Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (Duque
de Caxias), abrangendo os municípios ao norte do estado do Rio de janeiro. Os outros campi estão em
cidades serranas como Petrópolis, Ilha Grande, Nova Friburgo, Resende, Teresópolis, além de
representações específicas nos bairros da capital, na enseada de Botafogo, e Lapa, São Cristóvão, Rio
Comprido, São Francisco Xavier e Vila Isabel.
Os cursos de medicina e direito da
Universidade figuram entre os melhores do país, segundo o ranking do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, Ordem dos
Advogados do Brasil, respectivamente, além de grande excelência na formação de
professores. Os cursos de Engenharia, História, Geografia, Jornalismo, Letras e
Economia também são referência no país,
segundo o Guia do Estudante. Sua
Faculdade de Direito também já formou egrégios nomes, tais como Ricardo Lira,
Luiz Fux, Otávio Leite, Sérgio Campinho, Wadih Damous, Luís Roberto Barroso e
Selma F. Franco. O Instituto de Física é considerado o 254º do mundo para a
própria área, segundo a mesma indicadora e divulgadora citada. Em três tipos de
rankings, metodologicamente
elaborados pela revista U.S. News & World Report baseado em doze indicadores
é tida como a 5ª melhor universidade do Brasil, a 11ª da América Latina e 464ª
do mundo. A UERJ é uma das 20 universidades listadas entre as mil melhores do mundo, segundo publicação do Center for World University Rankings (CWUR). Na listagem geral, que traz o total de 2 mil universidades avaliadas em 60 países, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro aparece em 631° lugar. Entre as brasileiras ela ocupa a 8ª posição.
Apesar dos problemas acumulados nos
últimos anos, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) começou como um
sonho. Renascida em 4 de dezembro de 1950, a então Universidade do Distrito
Federal (UDF) pretendia fazer dar certo um projeto de ensino superior que
existiu entre 1935 e 1939, quando a instituição fora criada sob a liderança do
educador Anísio Teixeira. Para isso, nos anos 1950 unificou quatro escolas já
estabelecidas: a Faculdade de Ciências Médicas, a de Ciências Jurídicas, a de
Ciências Econômicas e a de Filosofia e Letras. O Rio de Janeiro, então capital
da República, buscava acompanhar as mudanças na educação superior no Brasil.
Sua história social teve início em 4 de dezembro de 1950, com a promulgação da
lei municipal nº 547, que cria a nova Universidade do Distrito Federal (UDF)
durante mandato do então General de Divisão e Prefeito do Distrito Federal do
Rio de Janeiro Marechal Ângelo Mendes de Moraes. Diferente da instituição
homônima, fundada em 1935 e extinta em 1939, a nova universidade ganhou força estratégia
e tornou-se uma referência em ensino superior, pesquisa e extensão na Região
Sudeste. Em 1961, após a transferência do Distrito Federal para a
recém-inaugurada Brasília, a UDF passou a se chamar Universidade do Estado da
Guanabara (UEG). Finalmente, com a fusão do estado em 1975, ganhou o nome de
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Também naquela década, conheceria
uma de suas primeiras crises financeiras, a partir do final de 1964. Em 12 de
novembro daquele ano, o reitor Haroldo Lisboa da Cunha afirmava que sem mais
verba do governo, a UEG fecharia. Não fechou. E em 1967, começaria um de seus
planos mais ousados: a construção do campus do Maracanã. A obra duraria até a
década de 1970, mas alguns de seus cursos ocupariam as instalações em 1969, antes
de estarem prontas. Na década de 1970, a UEG, finalmente, se tornaria UERJ. No
ano de 1975, com a fusão dos estados do Rio e da Guanabara, na época do reitor
Oscar Tenório, a universidade mudou o nome. Um ano depois, já se falava em
interiorização da instituição, que agora pertencia ao Estado do Rio de Janeiro.
Sob novos padrões e no novo campus, idealizado para ser uma “microuniversidade
urbana”, a nova instituição aumentou sua participação na integração política da
cidade. O campus do Maracanã ocupava o lugar da antiga Favela do Esqueleto e havia desabrigado seus moradores, removidos
para o bairro da Vila Kennedy, na longínqua Zona Oeste. A retribuição à população ocorreria
por meio de projetos sociais, como os desenvolvidos no Morro da Mangueira a
partir da redemocratização de 1985. Uma integração social e um projeto real de que viria de fato para ficar.
Criada a partir da fusão da Faculdade
de Ciências Econômicas do Rio de Janeiro, da Faculdade de Direito do Rio de
Janeiro, da Faculdade de Filosofia do Instituto La-Fayette e da Faculdade de
Ciências Médicas, a Universidade cresceu, incorporando e criando novas unidades
com o passar dos anos. Às faculdades fundadoras uniram-se instituições como a
Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), o Hospital Geral Pedro Ernesto
(Hupe), a Escola de Enfermagem Raquel Haddock Lobo, entre outras. Além disso,
novas unidades foram criadas para atender às demandas da Universidade e da
comunidade, como o Instituto de Aplicação (CAp) e a Editora da UERJ (Eduerj),
entre outros. Nesses sessenta anos de história, a Universidade cresceu em
tamanho, estrutura e importância nos cenários regional, nacional e internacional.
O campus Francisco Negrão de Lima, no bairro Maracanã, zona norte
do Rio de Janeiro, foi erguido no local da antiga Favela do
Esqueleto, reconhecida por esse nome, pois lá existia a estrutura abandonada da
construção de um hospital público que, após sua conclusão, passou a ser o
Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha.
O
campus foi oficialmente inaugurado em 1976 e possui atualmente mais de 160 000
metros quadrados de área construída, 292 salas de aula, 12 bibliotecas, 24
auditórios e 111 laboratórios distribuídos entre o pavilhão João Lyra Filho e o
pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha. O campus no Maracanã também abriga
importantes espaços, enquanto lugares praticados, voltados para
atividades artísticas e culturais, como o teatro Odylo Costa Filho - o segundo
maior teatro do Rio de Janeiro, a galeria Cândido Portinari e a Concha
Acústica. A universidade possui um Colégio de Aplicação tradicional,
instituição de ensino fundamental e médio, que obteve, recentemente, destaque
no Exame Nacional do Ensino Médio. A
200 metros do campus, em Vila Isabel, está localizado o Hospital Universitário
Pedro Ernesto (HUPE), unidade de saúde de alta complexidade vinculada à UERJ,
sendo referência em Pediatria, Urologia, Reumatologia, Dermatologia, Medicina
de Família e Comunidade, Psiquiatria e Doenças Infectoparasitárias. Neste
terreno está sediada a Faculdade de Ciências Médicas (FCM). As faculdades de
Enfermagem e Odontologia também sediadas em Vila Isabel, próximas ao
Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Não
obstante, segundo Schwarcz (2017) há uma situação que tem parecido
particularmente surreal: aquela vivenciada pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro. A UERJ é a quinta maior universidade do Brasil, conta com mais de
43 mil alunos – 28 mil na graduação presencial, 7 mil na graduação à distância,
4,5 mil no mestrado e no doutorado, 2,5 mil na pós-graduação lato sensu, e 1,1
mil no ensino fundamental e médio em seu Colégio de Aplicação. Para completar
esse perfil, já em si robusto e consolidado, falta mencionar o Hospital
Universitário Pedro Ernesto (o Hupe) que atende a comunidade fluminense de
forma ampla e indiscriminada. É bom lembrar, ainda, que, atenta à sua função
social, essa Universidade foi pioneira na implementação de cotas sociais para o
ensino superior. Pois bem, em tempos de crise como esses que experimentamos os
primeiros setores a serem afetados (ao menos na lógica da atual administração
pública) são a saúde e a educação. Não se trata de mera coincidência ou dado
aleatório, mas o fato de que, desde o ano de 2016, o Estado do Rio de Janeiro esteja
repassando menos de 20% dos recursos necessários para a manutenção da entidade.
A
consequência imediata é que os salários dos servidores – dentre funcionários e
professores – vêm sofrendo um atraso tão sistemático como não justificado. Por exemplo,
o salário de janeiro foi pago no dia 18 de março e o 13o de 2016 virou matéria
para fábula: por enquanto, nem pensar no “viveram felizes para sempre”. Com
relação ao aguardado salário de fevereiro, não há data prevista para o
cumprimento da obrigação. Para adicionar mais um elemento a essa paisagem
rapinada, a Bolsa da Prociência, que garante aos docentes a realização plena
das suas pesquisas, e permite que honrem com as atribuições pelas quais foram
contratados, está atrasada há 6 meses e sem qualquer sinal de fumaça no
horizonte. Segundo os dados do Ranking Folha de Universidade 2016, a UERJ
guarda um importante 6° lugar no que se refere à internacionalização, posição
esta que tende a cair drasticamente caso a situação político-ideológica não seja revertida. Já
por parte do governo [carioca], o descaso continua total e absolutamente
escandaloso. Como uma coisa só pode levar a outra, os serviços de terceirizados
também encontram-se paralisados: o restaurante universitário deixou de
funcionar, os banheiros estão sujos e sem papel higiênico, os elevadores em boa
parte parados. Além do mais, centenas de trabalhadores têm sido demitidas sem a
devida quitação dos seus direitos – em flagrante usurpação dos direitos
trabalhistas e violação à autonomia financeira da universidade. E em meio a
esse desterro institucional, as aulas de graduação (como se pode prever, e até
entender) estão suspensas.
Criada
em 1975, a partir de Institutos de Ensino
Superior (IES) isolados que existiam em várias regiões do estado, a UECE
possui 19 mil estudantes e 1.000 professores lotados em 12 centros e
faculdades, que oferecem 77 cursos de graduação presenciais e a distância, 27
mestrados, 9 doutorados, 154 grupos de pesquisa atuantes em 138 laboratórios e
57 projetos de extensão. De acordo com o Ranking
Universitário da Folha de S. Paulo (RUF) de 2016, é considerada a 7ª melhor
universidade estadual do Brasil, sendo a melhor universidade estadual das
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Por este mesmo ranking, é a 48ª melhor universidade brasileira. Em 2013, foi a
instituição de ensino superior do Estado mais bem avaliada no Enade. Além
disso, os cursos de Administração, Psicologia e Ciências Contábeis figuraram entre
os melhores do país. É universidade brasileira citada no Bright Green Book, o programa de assentamentos urbanos da ONU. O Ranking Universitário da Folha de São
Paulo (2017) foi divulgado e destacou a Universidade Estadual do Ceará (Uece)
como a melhor universidade estadual do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil,
pelo sétimo ano consecutivo. No ranking
geral, a Uece, em 2017, ficou em 2º lugar na capital, Fortaleza, e
drasticamente no 48° nacional, mantendo a mesma colocação de 2016. O RUF avaliou
195 universidades brasileiras com base em cinco (05) indicadores estatísticos:
Pesquisa científica; Qualidade do ensino; Internacionalização; Mercado de
trabalho; Inovação.
Em análise comparada cinco fatores comprovam a estagnação acadêmica na Universidade Estadual do Ceará. Em primeiro lugar, a crise de autoridade configurada pela ausência de diálogo e liderança. Em 2015, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) completou 40 anos de fundação. No Jubileu de Rubi, a administração superior programou considerável número de inaugurações. Entre grandes, médias e pequenas obras, de construção ou reforma, mudando significativamente o perfil arquitetônico da infraestrutura para o desenvolvimento de ensino, pesquisa, extensão e gestão. Mas parece que só é possível habitar o que se constrói. Na universidade o homem de certo modo habita e não habita. Se por habitar entende-se simplesmente uma residência. Quando se fala em habitar, representa-se costumeiramente um comportamento que o homem cumpre e realiza em meio a vários outros modos sociais de comportamento. Não habitamos simplesmente, mas construir significa originariamente habitar. E a antiga palavra construir (“bauen”) diz que o homem é à medida que habita. Mais que isso, significa ao mesmo tempo: proteger e cultivar, a saber, cultivar o campo, cultivar a vinha. Construir significa cuidar do crescimento que, por si mesmo, dá tempo aos seus frutos. No sentido de proteger e cultivar, construir não é o mesmo que produzir. Note, em oposição ao cultivo, construir diz edificar.
Em análise comparada cinco fatores comprovam a estagnação acadêmica na Universidade Estadual do Ceará. Em primeiro lugar, a crise de autoridade configurada pela ausência de diálogo e liderança. Em 2015, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) completou 40 anos de fundação. No Jubileu de Rubi, a administração superior programou considerável número de inaugurações. Entre grandes, médias e pequenas obras, de construção ou reforma, mudando significativamente o perfil arquitetônico da infraestrutura para o desenvolvimento de ensino, pesquisa, extensão e gestão. Mas parece que só é possível habitar o que se constrói. Na universidade o homem de certo modo habita e não habita. Se por habitar entende-se simplesmente uma residência. Quando se fala em habitar, representa-se costumeiramente um comportamento que o homem cumpre e realiza em meio a vários outros modos sociais de comportamento. Não habitamos simplesmente, mas construir significa originariamente habitar. E a antiga palavra construir (“bauen”) diz que o homem é à medida que habita. Mais que isso, significa ao mesmo tempo: proteger e cultivar, a saber, cultivar o campo, cultivar a vinha. Construir significa cuidar do crescimento que, por si mesmo, dá tempo aos seus frutos. No sentido de proteger e cultivar, construir não é o mesmo que produzir.
Ambos os modos de
construir: construir como cultivar, em latim, colere, cultura, e construir
como edificar construções, aedificare – estão contidos no sentido próprio de
bauen. No sentido de habitar, ou construir, permanece, para a experiência
cotidiana do homem. Aquilo que desde sempre é, como a linguagem diz de forma tão exclusiva e bela, “habitual”. Isto
esclarece porque acontece um construir por detrás dos múltiplos modos de
habitar, por detrás das atividades de cultivo e edificação. O sentido próprio
de construir, a saber, habitar, cai no lapso de esquecimento. Em que medida
construir pertence ao habitar? Quando construir e pensar são indispensáveis
para habitá-lo. Ambos são, no entanto, insuficientes para habitá-lo, se cada um
se mantiver isolado, distantes, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao
outro. Ipso facto construir e pensar
pertence ao habitar. Permanecem em seus limites. Sabem, quando aprendemos a pensar, que tanto um como outro provém
da obra de uma longa experiência e de um exercício incessante de pensar.
A
figura do reitor na universidade pública brasileira deve ser analisada tendo
como prócer o reitor comunista Horácio Cintra de Magalhães Macedo na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Homem de esquerda, sua ideologia
política progressista marcou profundamente sua trajetória profissional, acadêmica e
política. O início de sua démarche ocorre durante a 2ª grande guerra (1941-45) quando,
ainda estudante, alista-se na Força Expedicionária Brasileira (FEB) para
combater o nazifascismo na Europa. Não obstante sua disposição patriótica, o
Ministério da Guerra recusa sua inscrição em razão de sua pouca idade. Em
compensação, no alvorecer dos anos 1950, quando acabara de concluir o curso de
Física, o jovem Horácio participou intensamente da campanha “O Petróleo é
Nosso”. Ingressa nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB), do qual
jamais se afastou. Com o golpe militar de 1 de abril de 1964, foi um dos cientistas vitimados
pelo chamado Massacre de Manguinhos (cf. Santos, 2016) um processo político de vigilância e quadriculamento que culminou com sua prisão e cassação de seus
direitos civis e evidentemente políticos.
Apesar
do modelo de organização variar de instituição para instituição, quase todas as
universidades dispõem de alguns órgãos centrais comuns, como um reitor,
chanceler ou presidente, um conselho de curadores, um senado universitário e
decanos das várias unidades orgânicas. O provimento destes órgãos varia
conforme o estatuto da instituição, indo desde a nomeação por uma autoridade
superior à eleição pelos próprios membros da universidade. Decano, em diplomacia, é o título que se dá
ao chefe de uma missão estrangeira num país que maior antiguidade tenha e, por
isso, tem precedência sobre os seus demais colegas ali creditados. Em muitos
dos países que mantém relações políticas com a Santa Sé é comum caber ao núncio
apostólico este papel social e litúrgico pelo só fato de representar ao Papa, e
noutros como, por exemplo, Costa do Marfim e Senegal, se outorga o título ao
representante de suas antigas metrópoles. Na
atualidade as funções do decano são limitadas e reduzidas a atuar como
porta-voz do corpo diplomático nalgumas cerimônias. Alguns países não aceitam
esta função, ao argumento de que não há necessidade de intermediário entre o
chefe de uma delegação legalmente constituída e sua entidade ministerial de
relações exteriores.
Em muitos casos o decano também intermedia assuntos
conflituosos entre os membros de uma representação diplomática e o país de
acolhida, como ocorre em impasses internacionais, ou nas diversas
representações políticas e diplomáticas. O Embaixador da Nicarágua nos Estados
Unidos da América (EUA) Guillermo Sevilla Sacasa, que ocupou ali este posto
diplomático por 36 anos, era chamado de Decano “do corpo diplomático naquele
país”. Reitor é a denominação atribuída ao dirigente máximo de alguns tipos de
instituições de ensino superior, podendo também designar o sacerdote
responsável por um seminário ou por um santuário, basílica ou catedral. A
palavra tem origem no latim “rector”, aquele que dirige ou aquele que governa.
O que nem sempre ocorre nas universidades nordestinas que ainda não se enredaram
no sentido da vocação. Já
chamamos atenção para o fato de que o decano pode ser considerado a pessoa mais
velha de certo grupo social ou turma de classe instituição ou
corporação; em alguns casos comparados ao pró-reitor da universidade.
Os
decanatos são unidades administrativas ligadas à Reitoria que coordenam e
fiscalizam as atividades de ensino & pesquisa universitárias. A função de
cada decanato é fazer com que os Departamentos e/ou Coordenações que compõem e
formam a Universidade funcionem de forma eficaz, segundo um grau acadêmico, sob
a forma de um título conferido
normalmente por uma instituição de ensino superior, em tempo contínuo, em
reconhecimento pela conclusão com sucesso dos requisitos de um curso, de um
ciclo ou de uma etapa de estudos. O moderno sistema de graus acadêmicos
desenvolveu-se a partir da disseminação entre as universidades medievais europeia, acompanhando
posteriormente, a expansão global deste tipo de instituição. Os graus de
Bacharel, Licenciado, Mestre, Doutor, Livre-Docente, Titular, concedidos pelas
universidades da Europa acabaram por ser adotados nas sociedades do mundo. Nos
órgãos públicos o padrão de funcionalidade burocrática tem identidade própria.
O sujeito da ação funcional, individual ou coletivamente, é um agente do poder
público, tanto na atividade meio como na atividade fim.
A forma de
comportamento dos atores sociais envolvidos na dinâmica burocrática,
administrativa e acadêmica, pode viciar a engrenagem técnica das universidades que se reporta, em grande parte, às
competências distribuídas e amparadas no sistema normativo instituído. O decanato é a forma legítima para resolver, diplomaticamente os
conflitos de competência e desempenho que resultam do confronto da autoridade, e excesso de vigilância de pró-Reitores com
uma forma de comportamento não desejada, porém amparada em decretos, normas, regras estatutárias. O problema geracional (cf. Mannheim, 1993) se torna um problema de existência de um tempo estático
interior não mensurável e que só pode ser apreendido qualitativamente. As
unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas
diferentes em relação a um mesmo problema dado. O nascimento em um contexto social
idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades sociais nas
ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção de estilos de
vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo meio social. Em outras palavras: a unidade geracional
constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão
geracional.
Estes, de acordo com a análise de mannheimiana, foram produtos específicos, capazes de produzir mudanças sociais, da colisão entre o tempo biográfico e histórico. Ao mesmo tempo, as gerações podem ser consideradas o resultado de descontinuidades históricas e, portanto, de possíveis mudanças sociais. Num ponto coincide a análise comparativa entre a crise da UERJ/UECE, no Rio de Janeiro e no Ceará. Para a historiadora Lilia Schwarcz (2017) fica evidente como a Universidade não faz parte das prioridades do governo, mesmo considerando-se o quadro de escassez de recursos em que vivem o Rio de Janeiro e o Brasil. Mas a filosofia social como pano de fundo parece ser outra: condenar a UERJ a um desaparecimento futuro, lento, gradual e, de preferência, silencioso. Cientistas políticos e historiadores costumam explicar que momentos de crise guardam uma só vantagem – bem pequena, é certo. Eles permitem observar melhor as estratégias políticas e separar o joio do trigo. A Constituição Federal de 1988 atribuiu autonomia financeira às universidades públicas, justamente visando preservar sua independência, reconhecendo a excelência da pesquisa e a importância estratégica da difusão do saber científico. Com tamanha redução, a UERJ corre, porém o perigo de ver sua missão sucateada, ainda mais quando sujeita às pressões do mercado e do Estado.
Estes, de acordo com a análise de mannheimiana, foram produtos específicos, capazes de produzir mudanças sociais, da colisão entre o tempo biográfico e histórico. Ao mesmo tempo, as gerações podem ser consideradas o resultado de descontinuidades históricas e, portanto, de possíveis mudanças sociais. Num ponto coincide a análise comparativa entre a crise da UERJ/UECE, no Rio de Janeiro e no Ceará. Para a historiadora Lilia Schwarcz (2017) fica evidente como a Universidade não faz parte das prioridades do governo, mesmo considerando-se o quadro de escassez de recursos em que vivem o Rio de Janeiro e o Brasil. Mas a filosofia social como pano de fundo parece ser outra: condenar a UERJ a um desaparecimento futuro, lento, gradual e, de preferência, silencioso. Cientistas políticos e historiadores costumam explicar que momentos de crise guardam uma só vantagem – bem pequena, é certo. Eles permitem observar melhor as estratégias políticas e separar o joio do trigo. A Constituição Federal de 1988 atribuiu autonomia financeira às universidades públicas, justamente visando preservar sua independência, reconhecendo a excelência da pesquisa e a importância estratégica da difusão do saber científico. Com tamanha redução, a UERJ corre, porém o perigo de ver sua missão sucateada, ainda mais quando sujeita às pressões do mercado e do Estado.
Comparativamente, trata-se de idêntico problema, seja no “passo do caranguejo” ou propriamente dito de sucateamento da universidade pública. O Ceará, um dos estados do semiárido, decidiu investir na ciência e tecnologia de ponta para estudar e controlar seus fenômenos de clima, degradação ambiental e recursos hídricos. Na década de 1980 foi gasto um (01) milhão de dólares para um avião-laboratório com instrumentação moderna e sofisticada. Com isso teve origem o ALPA. O Avião Laboratório para Pesquisas Atmosféricas (ALPA) pertence ao governo do estado do Ceará e é operado pela Fundação Universidade Estadual do Ceará (FUNECE) e utilizado como plataforma de pesquisa pelo Mestrado Acadêmico em Ciências Físicas Aplicadas, onde compõe o Laboratório de Pesquisas Atmosféricas (LAPA) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). O ALPA já participou de vários projetos de grande envergadura. Pela FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) e CTA (Centro Técnico Aeroespacial) realizou o projeto MODART (Modificação Artificial de Tempo). Pela UECE e CTA realizou o projeto EMFIN! (Experimento de Microfísica de Nuvens) versões I e II. Pela UECE, INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), USP (Universidade de São Paulo), MPIC Instituto Max Planck em Mainz-Alemanha, (HUJI) Universidade Hebraica de Jerusalém entre outras instituições parceiras realizou várias etapas do projeto LBA (Large Scale Biosphere Atmosphere Experiment).
O
Avião Laboratório recebeu recursos para voltar a realizar pesquisas através de
verba de um convênio entre a FINEP, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a Universidade
Estadual do Ceará (Uece) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação
Superior do Estado do Estado (SECITECE). O acordo, assinado em 2007, no
gabinete do reitor da UFC, Luís Carlos Uchoa Sanders, estabelece a recuperação
do Avião Laboratório do Ceará, aeronave criada para a realização de pesquisas
atmosféricas. Ao todo, as instituições investiram R$ 342 mil no projeto cada
entidade envolvida no projeto. Os recursos foram aplicados na revisão da
turbina, inspeção anual de manutenção, troca de cabos das hélices e para
viabilizar a utilização do avião para estudos em física de atmosfera. A
previsão era que a aeronave estivesse pronta para voar em julho de 2007. Mas
isso só ocorreu após três anos e meio em manutenção, em Brasília. O avião
deveria aterrissar em Fortaleza, naquela semana. O avião que está sob a
custódia da UECE e havia sido mandado para manutenção. A demora, segundo a
Universidade Estadual do Ceará (Uece), “foi por causa da verba envolvida – R$
1,1 milhão, que foi liberada aos poucos”. O
avião voltará a ser empregado em pesquisas sobre microfísica de nuvens do grupo
de Física da Atmosfera da universidade? A questão já passou a ser letra morta para o governo de Camilo Santana, um engenheiro agrônomo, professor. Em 2018, Camilo Santana foi reeleito gov. do Ceará pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Bibliografia
geral consultada.
CUNHA, Luiz Antonio, Qual Universidade? São Paulo: Editora Cortez, 1989; MANNHEIM, Karl, “El Problema de las Generaciones”. In: Revista Española de Investigaciones
Sociológicas (REIS), n° 62, pp. 193-242; 1993; MANCEBO, Deise, Da Gênese aos Compromissos: Uma História da UERJ. Rio de Janeiro:
Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1996; GAVILÁN, Mirta, “La
desvalorización del rol docente”. In: Revista Iberoamericana de Educación.
La Plata, nº 19, pp. 211-227, 1999; FLOTTES, Anne, “La
subjectivité dans le travail; est-elle vendable? À quel prix?”. In: Revue
Travailler. Paris, nº4, pp.73-92, dec. 2000; MENDES, Luiz Antonio Arnaud, Diretrizes para Implantação da Gestão ambiental na UERJ - Campus Francisco Negrão de Lima, Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado em Engenharia Ambiental. Faculdade de Engenharia. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2005; SILVA, Neusa Cardim, Repositório Digital da Universidade Pública: O Caso da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, 2011; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015; TUPY, Igor Santos, Impactos Regionais de Crises Financeiras: Estudo sobre as Respostas dos Estados Brasileiros à Crise Financeira Global. Dissertação de Mestrado em Economia. Faculdade de Ciências Econômicas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2015; SANTOS, Daniel Guimarães Elian dos, Ciência,
Política e Segurança Nacional: O Massacre de Manguinhos (1964-1970).
Dissertação de Mestrado em História das Ciências e da Saúde. Rio de Janeiro:
Fundação Oswaldo Cruz, 2016; PASSOS, Flávio Casaes, Rio de Janeiro: O Anos em que a Conta não Fechou. Dissertação de Mestrado. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2017; VICTOR, Tânia
Abreu da Silva, Orientação de Futuro de Jovens Moradores de uma Comunidade
na Cidade do Rio de Janeiro Submetida a Políticas Públicas de Segurança: Relação
com Variáveis Psicológicas e Socioculturais. Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em Psicologia Social. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, 2017; entre outros.
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