Ubiracy de Souza Braga
“Nós não
temos que ter essa preocupação de sermos donos
de determinado programa”. Aécio Neves
Ainda
não eram 6h40 da manhã quando parti para a padaria do meu bairro. Como sempre,
várias pessoas já se aglomeravam no balcão para apreciar o café da manhã que,
por mais que seja deveras corrido, nada menos necessário. E nesta padaria posso
dizer: - “entra e sai gente o tempo inteiro”. O pouco tempo que se observa, não
é difícil notar: o tradicional café com
leite, também conhecido como “pingado”, é um dos mais pedidos. – “Eu,
claro, pedi o meu para acompanhar a clientela local enquanto conversava com o
Márcio, o simpático atendente”. Nesta padaria saem em média 260 pingados por
dia, sendo que pela manhã o movimento é bem maior que nos demais horários –
média feita pelo atendente. Ele me contou sobre clientes fiéis, como o “seu
Miguel”, desses que não precisam chegar até o balcão para fazer um pedido, mas
ao entrarem na padaria os próprios atendentes já começam a preparar “o de
sempre”.
De
fato, o pingado expressa a memória
afetiva no cotidiano do trabalhador brasileiro. - Quem me iniciou nesse mundo
da mescla de café com leite foi minha mãe. Como todo paulistano, pela manhã
dois eram os itens básicos: o pingado e
o pão com manteiga. Este último com variações importantes: adoro passar
manteiga em pão quentinho aberto ou aquecer na chapa. E sou sempre o
responsável pelo preparo. Além dessas “pedidas”, o pessoal em casa gosta muito
do pão “canoa”, aberto levemente passado na chapa e coberto com queijo
derretido. – “Diria que minha relação com o café não era das melhores até me
iniciar como cafeicultor e descobrir os diferentes processos de produção”. Mas,
pela manhã, o pingado sempre foi companheiro muito próximo. - Com ele inicio o
meu dia cafeinado, quando não é um puro coado com uma seleção de grãos que
escolho na hora. Portanto, ter sempre disponíveis diferentes origens dá a
chance de criar um blend para cada
momento especial em que estou, fico em casa.
Em
toda comunidade humana, a estrutura de poder representa o resultado de duas
forças antagônicas: as crenças, por um lado; as necessidades práticas, por
outro. Em consequência, a direção dos partidos apresenta o duplo caráter de uma
aparência democrática e de uma realidade oligárquica. A cada época, os homens
fazem certa ideia da estrutura e da transmissão do poder ao âmbito dos grupos
sociais: concedem naturalmente a obediência aos chefes que se conformem com
essa ideia comum e a recusam aos outros. Essa crença dominante e hegemônica define
a legitimidade de um dirigente, no sentido sociológico do termo. Os que a
professam lhe dão um caráter absoluto; o observador constata seu caráter
relativo. Cada civilização e cada geração forjou sua própria doutrina da legitimidade,
geralmente muito diferente das outras. As crenças relativas à legitimidade têm
um caráter geral, que é válida para todos os grupos sociais, porém se aplicam
imediatamente ao Estado, aos seus órgãos, ao seu mecanismo administrativo. Os
partidos devem ter o cuidado em proporcionar a si próprios uma direção
democrática. Mas a eficácia prática os impele fortemente no sentido inverso.
A
representação da “política do café com leite” derivou-se da “política dos
governadores” e visava à predominância do poder nacional por parte da hegemonia
das oligarquias paulista e mineira, executada no âmbito da República Velha, ou
República das oligarquias, a partir da Presidência de Campos Sales, por
presidentes civis fortemente influenciados pelo setor agrário dos estados de
São Paulo - com grande produção de café - e Minas Gerais - maior polo eleitoral
do país da e produtor de leite. Essa política de convergência de interesses perdurou
até o rearranjo da chamada Revolução de 1930. Tornavam-se predominantes no
poder representantes do Partido Republicano Paulista (PRP), e do Partido Republicano
Mineiro (PRM), que controlavam a “máquina administrativa” nas eleições e gozavam
do apoio agrarista de outros estados do Brasil. As reformas da administração pública
não contribuíram para melhorar a capacidade de decisão política e para a
descentralização do Estado.
No
artigo, assinado por Fernando Brito, “Aécio, a época do “café-com-leite” passou
faz tempo” (30/06/2004), ao contrário do que se pensa reitera a “política do
café com leite”. Em suas palavras - O PSDB é mesmo um partido da República
Velha. Não é senão o Partido Republicano Paulista, meu deus! A escolha de
Aloysio Nunes Ferreira soma, literalmente, só uma coisa à candidatura de Aécio.
O que ela já tinha: São Paulo. Ou seja, acrescenta zero, ou perto disso. Michel
Temer é paulista, mas é o PMDB, ou parte dele. Nunes Ferreira é apenas uma
declaração de servidão ao tucanato paulista. Tucanato paulista, aliás, vem a
ser quase um pleonasmo. É uma declaração de amor às oligarquias locais, que de
alguma forma, desde a eleição de Lula, têm de ser compor com uma política
nacional de desenvolvimento, uma visão de Nação que supera a simples
convivência federativa de poderes e grupos dominantes locais, embora não hesite
em se aliar a eles pelo projeto nacional que sustenta. E, dentre todas, nada
mais resistente, renitente e insolente que a oligarquia paulista, para quem a
ideia de um país desenvolvido de forma equilibrada e inclusiva é a inaceitável
proclamação de igualdade entre os brasileiros. Assim como sinal de submissão
mental de Aécio - para quem, em tese, seria muito mais vantajoso eleitoralmente
ter um candidato nordestino ou mesmo uma mulher, como Ellen Gracie -, esta
opção marca certo temor de não “emplacar São Paulo”, embora a dupla Skaf-Kassab
coloque uma cunha no conservadorismo bandeirante. Quando Serra escolheu Índio
da Costa o fez porque, afinal, Serra era São Paulo, e São Paulo não precisava
de nada mais. Agora, quando escolhe Aloysio, é o nada que vai buscar São Paulo,
porque precisa, desesperadamente, dele.
O
poder financeiro das aristocracias rurais de Minas Gerais e São Paulo,
crescente durante o século anterior, havia permitido que seus políticos
adquirissem projeção nacional. Desta forma, a política do café com leite
consolidou o poder das famílias mais abastadas, formando as oligarquias. Os
paulistas e os mineiros ocupavam os cargos de presidente da República,
vice-presidente e os Ministérios da Justiça, das Finanças e da Agricultura,
entre outros. Nos Estados, poucas famílias ocupavam os cargos de Governador do
Estado; as secretarias das Finanças, Educação e Saúde; a prefeitura da capital;
a chefia de Polícia Estadual; a diretoria da Imprensa Oficial; a presidência
dos Bancos Estaduais; e a presidência da Assembleia Legislativa. Em Minas
Gerais, as principais famílias que controlavam o poder durante a “política do
café com leite” eram representadas por: Cesário Alvim; Crispim Jacques Bias
Fortes; Júlio Bueno Brandão; Afonso Pena, que se tornou presidente; Francisco
Sales, que fundou um Banco; Artur Bernardes, que também se tornou Presidente;
entre outros. Para integrar a oligarquia mineira, contavam os laços de família,
educação e poder financeiro.
O
conhecido acordo da dívida externa de 1898 - funding loan - foi pago à custa de aumento de impostos, paralisação
de obras públicas e abandono da ideia de incentivo à indústria nacional. Essa
política recessiva e impopular adotada por Campos Sales foi concretizada com o
apoio dos governadores estaduais através de um compromisso pelo qual esses
governadores receberiam recursos, cargos públicos e ainda a garantia de que o
governo federal não apoiaria os grupos oposicionistas estaduais. Ou seja, tudo
foi feito utilizando-se a estrutura da “política dos governadores”. A “política
do café com leite”, como ficou reconhecida essa “aliança”, permitiu à burguesia
cafeeira paulista de controlar, no âmbito nacional, a política monetária e
cambial, e a negociação no exterior de empréstimos para a compra das sacas de
café excedentes. Enfim, uma política de intervenção ainda mais ativa que
garantia aos cafeicultores lucros. Para Minas Gerais, o apoio a São Paulo
garantia a nomeação dos membros da elite política mineira para cargos na área
federal e verbas para obras públicas, como a construção de ferrovias.
São
Paulo (produtor de café) e Minas Gerais (produtor de leite) eram os estados
mais ricos e populosos no Brasil da República Velha. A oligarquia paulista
estava reunida no Partido Republicano Paulista (PRP), e a mineira, no Partido
Republicano Mineiro (PRM). Ciente disso, esses dois partidos se aliavam para
fazer prevalecer seus interesses. Por diversas vezes o PRP e o PRM escolheram
um único candidato à eleição para presidente: ora o candidato era indicado por
São Paulo e apoiado por Minas Gerais, ora se dava o contrário. Por isso, a
maioria dos presidentes da República Velha representou os interesses das
oligarquias paulista e mineira. Essa alternância entre São Paulo e Minas na
presidência da República é chamada de política do café com leite. A república
continuava as práticas centralizadoras do Império, através da política dos
Presidentes de Estado (governadores), que controlavam, de um lado, o poder
local através dos coronéis, e, de outro, davam sustentação aos presidentes. A
República Velha já possuía, nesta conjuntura política entre seus dirigentes
principais, representantes combinados das oligarquias paulista e mineira
vinculadas ao setor agroexportador, liderados pelos cafeicultores paulistas,
uma vez que a economia cafeeira constituía o setor dinâmico da economia
brasileira. Ipso facto os
compromissos conservadores republicanos visaram garantir a cooperação dos
credores estrangeiros, comprometendo-se o novo regime a pagar dívidas
contraídas com eles por cafeicultores brasileiros.
Aécio
Neves foi eleito governador de Minas Gerais em 2002, reeleito na eleição de
2006, tendo desta vez a maior votação, para o cargo de governador, já
registrada no estado. Renunciou ao cargo em março de 2010 para concorrer ao
senado federal, sendo substituído pelo seu vice, Antônio Anastasia. Nas
eleições de 2010, comparativamente, foi eleito senador com a maior votação do
estado, assumindo a função normalmente. Em 2013 foi escolhido presidente
nacional do PSDB, e, em 2015 foi reeleito. Em 2014, foi candidato à Presidência
da República por seu partido, tendo como principais adversários a candidata a
reeleição, Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores (PT), e Marina Silva do
Partido Socialista Brasileiro (PSB). No primeiro turno da eleição, Aécio obteve
33,55% dos votos válidos, classificando-se para o segundo turno com Dilma, que
obteve 41,59%. No segundo turno, conseguiu 48,36% dos votos, perdendo para a
petista Dilma Rousseff, que se reelegeu na eleição mais disputada da história
do país, antes do golpe de Estado, precisamente ocorrido em 17 de abril de
2016. Em 18 de maio de 2017, Aécio Neves foi
afastado do cargo de Senador pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Edson Fachin, a pedido da Procuradoria-Geral da República. A PGR também pediu
sua prisão, mas Fachin negou. Retornou ao cargo no final de junho, sendo
novamente afastado por decisão da Primeira Turma do STF em 26 de setembro. No
mês seguinte, o Senado autorizou sua volta ao exercício do mandato.
O
paulista Michel Temer e o mineiro Aécio Neves parecem ser os exemplares mais
caricatos da República Velha, que apareceram na recente cena política
brasileira travestida de “modernos” de paladinos da moralidade, no auge da
conspiração do golpe de Estado. Mas, no final do espetáculo, as máscaras caíram
e o povo viu dois falsários sucumbirem no nevoeiro da corrupção, nas trevas do
atraso, de onde surgiram. Minas e São Paulo sedimentaram a República Velha e a
política “Café com Leite”, movida talvez por sentimentos ancestrais herdados de
facínoras como Raposo Tavares, Fernão Dias, Borba Gato, e outros bandeirantes
genocidas, de fazendeiros, criadores de gado, cafeicultores, canavieiros e
mineradores. Governos conservadores paulistas espalharam nomes de bandeirantes
por todo o Estado de São Paulo. Rodovias, viadutos, praças, ruas, edifícios,
monumentos, receberam nomes de genocidas. Esse ódio de classe, latente não é
uma exclusividade das elites econômicas conservadoras paulista e mineira.
Está
na classe proprietária e rentista, em setores da classe média, nos conflitos
políticos de dominação em quase todo Brasil. Plantado em corações e mentes pela
mídia hegemônica, e fustigado por ela, o ódio de classe explodiu nas ruas das
cidades brasileiras (2016), nas manifestações a favor do golpe de Estado de 17
de abril, sob proteção das forças policiais, que mantém a ordem dos de cima e
espancam os de baixo com extrema violência, quando defendem a democracia e
protestam contra a subtração de direitos. Enquanto na Praça dos Três Poderes em
Brasília dois malandros: Michel Temer e Aécio Neves, numa conspiração típica da
política “Café com Leite”, com a ajuda do malandro evangélico, Eduardo Cunha na
presidência da Câmara e a conivência do Judiciário, tramavam a deposição da
presidenta Dilma Rousseff (PT), legitimamente eleita, para, no lugar do governo
dela, lançarem uma pinguela para o passado, idealizada nos mesmos moldes
coloniais escravistas dos coronéis da política do café com leite.
Depois
do PSDB oficializar sua candidatura ao cargo de presidente da Câmara, passou a
tentar angariar novos apoios e conseguiu os votos favorável do Partido Popular
Socialista (PPS), o PTB e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Poucos dias
antes da eleição, Severino Cavalcanti desistiu da disputa em troca de um cargo
na mesa diretora. A eleição passou então a ser disputada por Inocêncio, Aloizio
Mercadante (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PL-SP) e Nelson Marquezelli (PTB-SP),
que concorreu de forma avulsa. No primeiro turno, em 14 de fevereiro de 2001,
logrou 283 votos, contra 117 de Inocêncio, 81 de Mercadante, 21 de Costa Neto e
3 de Marquezelli. Como recebeu 56% dos votos válidos, não precisou ocorrer um
segundo turno. No Senado, Jader Barbalho foi eleito com 50,5% dos votos, também
em primeiro turno das eleições corporativas.
Em
seus primeiros dias, apresentou algumas medidas para reduzir gastos e instituiu
uma verba de gabinete, uma reivindicação antiga dos deputados que autorizou
gastos com aluguel de escritórios nos estados que os parlamentares representam,
o frete de veículos, a compra de passagens, além de outras despesas. Apesar do
anúncio de corte de gastos no início do mandato, defendeu o investimento
permanente em ações de divulgação da instituição e na realização de pesquisas
de opinião pública sobre o trabalho dos deputados. Também empreendeu uma
reforma administrativa, criou a ouvidoria parlamentar, e, para tornar o
trabalho legislativo mais visível, criou um portal na internet. Durante seu
primeiro ano de mandato, apresentou um “Pacote Ético”, que, após ser aprovado
via “Emenda Constitucional”, acabou com a imunidade parlamentar para crimes
comuns, e criou o “Código de Ética e Decoro” e a “Comissão de Ética”.
Em
1º de janeiro de 2003, Aécio Neves tomou posse como governador de Minas Gerais,
sucedendo Itamar Franco. Aécio Neves foi reeleito governador de Minas Gerais em
2006, e tomou posse em 1.º de janeiro de 2007. Permaneceu no cargo até 31 de
março de 2010, quando renunciou para se candidatar a uma vaga no senado. Foi
sucedido pelo vice-governador Antônio Anastasia. Ao todo, ficou 7 anos, 2 meses
e 30 dias no cargo, tornando-se o governador a permanecer mais tempo no Palácio
da Liberdade. Como parlamentar, tem defendido a elaboração de um novo pacto
federativo; o fortalecimento da ação parlamentar, com a restrição ao uso das
medidas provisórias; a redução de impostos; transformar o programa “Bolsa
Família” em política pública de Estado;
a ampliação dos direitos civis dos trabalhadores domésticos; o direcionamento
de 10% da receita do governo federal para a área de saúde; a mudança no cálculo
pagamento dos royalties da mineração.
Dentre suas iniciativas, está a articulação de um acordo suprapartidário para
fortalecer o Poder Legislativo e alterar as normas para edição e tramitação de
medidas provisórias (MPs) no Congresso Nacional.
Aécio
Neves esperava ser o candidato à presidência da República pelo partido da
socialdemocracia brasileira (PSDB) na eleição presidencial em 2010. Para tanto
declarou que sua prioridade em 2010 seria eleger o vice-governador Antônio Anastasia
como sucessor. Por diversas vezes, negou a possibilidade de formar uma chapa “puro-sangue”
encabeçada por José Serra. Em novembro de 2009, Aécio Neves apresentou suas
propostas político-partidárias com a intenção de ser escolhido entre os
correligionários como candidato de liderança do partido. Um mês depois, diante
da hesitação do PSDB e de Serra em posicionar-se como candidato, Aécio declarou
que se lançaria ao Senado Federal nas eleições de 2010. Aécio foi recebido com
entusiasmo no lançamento da pré-campanha presidencial de José Serra em
Brasília. Durante a campanha eleitoral, ele compareceu a eventos e fez campanha
para Serra. Notoriamente Aécio Neves fez oposição ao governo de Dilma Rousseff
(PT), juntamente com nomes da política nacional, como os representantes de oligarquias
de Norte a Sul: Cássio Cunha Lima, Álvaro Dias, Aloysio Nunes Ferreira, Pedro
Simon, Randolfe Rodrigues, Pedro Taques e outros. Em abril de 2011, apontou os “Caminhos
da Oposição”, definindo os “três pilares” no papel da oposição: “coragem,
responsabilidade e ética”.
É
neste sentido é que transparece o “véu da noiva”. Poder de barganha na política
só aparentemente significa no mercado o poder de troca, permitindo a permuta. Ipso facto barganhar que representa o
ato de trocar pode definir na formação do nível de análise econômica de forma
fraudulenta não um objeto por outro. Mas a força de uma pessoa (monopólio) ou
grupo (oligopólio) ao discutir preços, colocando pressão e exigindo, por
exemplo, maior qualidade em menor preço. Barganha tem origem na palavra inglesa
“bargain”, que representa o mesmo verbo barganhar em português. Em sentido
figurado na política, barganha pode ser sinônima de trapaça, porque pode
representar uma transação fraudulenta. Enfim, poder de barganha segundo Michael
Porter, na economia, compõe dois dos fatores deste modelo. O poder de barganha
dos compradores é uma das cinco forças, é a capacidade de barganha dos clientes
para com as empresas do setor. Este “campo” tem a ver com o poder de decisão
dos compradores sobre os atributos do produto. Principalmente quanto a preço e
qualidade, quando os clientes exigem mais qualidade por um menor preço de bens
e serviços, forçando os preços para baixo, aumentando o consumo e os
concorrentes uns contra os outros.
Pois
bem, essa é a palavra que conduz o poder público, pois tudo que tramita entre
os três poderes tem um ato de barganha. Em primeiro plano, o escopo é o
presidente, governador ou prefeito, e o ocupante do cargo representa o
interesse da nação. Ser bem sucedido no poder, decorre das qualidades
individuais e da percepção entre a ética de reponsabilidade, por um lado, e a
ética de compromisso do governante, por outro. São elas que permitem no âmbito
da governabilidade, ter mais sucesso que outro, influenciando também o tipo de
agenda de políticas propostas e os meios pelos quais os objetivos do titular do
cargo são perseguidos. A ênfase recai sobre a influência pessoal que os mesmos podem exercer. No entanto, há o
reconhecimento de que essa capacidade não é perfeita e tampouco suficiente para
conseguir o que se quer, porque outros atores políticos também têm poder de
influência. Por isso, a natureza da influência política envolve barganhas
recíprocas e mútua dependência entre dois ou mais atores. Mas a capacidade de
exercer influência política é, acima de tudo, uma questão de ação individual e
de capacidade de persuasão. Poder de governar é o poder de persuadir os outros
personagens políticos a fazer prosseguir a manutenção do poder.
Aécio
Neves divulgou durante a campanha as seguintes propostas: recuperação da
credibilidade financeira do país com a melhoria no ambiente de negócios e
aumento da produtividade; reduzir o número de ministérios; aumento da
eficiência e planejamento no setor público através de choque de gestão; a
manutenção e melhoria de programas sociais como: Bolsa-Família e Mais Médicos;
o combate pleno a corrupção e compromisso com a ética pública; educação de
qualidade como direito básico de cidadania; segurança pública como
responsabilidade nacional; mais autonomia para estados e municípios; retomada
de pautas ligadas a preservação do meio ambiente e sustentabilidade; e reforma
tributária. Também se comprometeu teoricamente em encaminhar ao Congresso
Nacional uma proposta vinculada ao Partido da Social Democracia Brasileira -
PSDB, de reforma política com fim da reeleição, manutenção de mandatos de cinco
anos, fim do voto de legenda e instituição do voto distrital.
Em
abril de 2011, Aécio se recusou a fazer o teste do bafômetro e teve a carteira
de habilitação apreendida em uma blitz da
“Lei Seca” no Rio de Janeiro. A carteira de habilitação foi apreendida por
estar vencida. Segundo os policiais, Aécio foi liberado por não apresentar
sinais de embriaguez. Sua assessoria informou que o bafômetro não foi realizado
e que ele não sabia que a carteira de habilitação estava vencida. Em 2015, o
senador perde a ação judicial movida contra os sites de pesquisa social Yahoo, Bing e Google. A ação
iniciada em 2013 contestava a exibição destes mecanismos virtuais de busca, de
notícias alegadas falsas pelo senado, que o relacionavam a desvios de verbas da
saúde. O juiz de julgamento do caso, Rodrigo Garcia Martinez entendeu, que
embora falsas as notícias, não poderiam ser responsabilizados profissionalmente
os sites que funcionariam como “livreiros virtuais” não se responsabilizando
pelas ideias divulgadas nestes sites. A ação que busca excluir postagens que
vinculam o nome de Aécio Neves ao consumo de drogas corre em segredo de Justiça
e foi iniciada em dezembro de 2013.
O
senador Delcídio do Amaral acusou o senador Aécio Neves, em deleção premiada já
homologada dia 15 de março de 2016 pelo STF, de ter recebido vantagens ilegais
na estatal de energia Furnas. Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas,
era quem operava o esquema de corrupção na referida estatal e teria, segundo o
depoente, “fortes vínculos” com Aécio Neves. O esquema além de beneficiar o
senador, abastecia também o Partido dos Trabalhadores e o deputado José Janene
(PP). O senador também foi acusado, por um executivo da Odebrecht, de “esquema
de propina”, quando governador de MG. Aécio Neves defendeu que o chamado “2, 5
a 3 por cento de propina”, foram doações legitimas “que todo o conteúdo é de
conhecimento público”. Em abril de 2017, o Relator da Operação Lava-Jato, Edson Fachin, autorizou a “investigação das
denúncias contra o senador pela Procuradoria Geral da República”.
No
dia 17 de maio de 2017, após uma publicação on-line
do jornal O Globo foi deflagrado a
delação premiada de Joesley Batista e Wesley Batista, empresários da JBS, na
qual há uma gravação de 30 minutos de Aécio Neves pedindo a Joesley 2 milhões
de reais, quantia que seria usada para pagar sua defesa na Lava Jato. Toda a operação de recebimento do dinheiro foi filmada e
rastreada pela Polícia Federal, sendo que o dinheiro foi depositado em uma
empresa do também senador Zezé Perrella. A publicação do jornal foi confirmada
pela própria Policia Federal, sendo que, no dia 18 de maio a delação premiada
foi homologa pelo ministro do STF Luiz Edson Fachin. No mesmo dia, Aécio Neves
foi afastado do Senado por ordem de Edson Fachin, que determinou que Aécio
Neves fosse impedido de exercer as atividades parlamentares. Enfim, em 2 de
junho de 2017, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Aécio
Neves ao Supremo Tribunal Federal pelos crimes de corrupção passiva e obstrução
da Justiça. Na denúncia, o Procurador-Geral da República pede que Aécio e sua
irmã Andrea sejam condenados a pagar R$ 6 milhões a título de reparação por
danos morais decorrentes de corrupção (R$ 4 milhões) e reparação por danos
morais (R$2 milhões) causados por suas condutas. A denúncia é baseada nas
investigações da operação Patmos.
Eles foram citados nas relações premiadas de executivos da JBS.
A
Operação Patmos é uma operação do
âmbito da Operação Lava Jato
conduzido pela Polícia Federal (PF) e a Procuradoria Geral da República (PGR),
com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) em 18 de maio de 2017. Seus
principais alvos incluem o presidente da República Michel Temer (PMDB), e o
senador da República, Aécio Neves (PSDB). A operação foi realizada um dia após
o jornal O Globo revelar a “existência
de áudios comprometedores e provas contra Temer, Aécio, o deputado federal
paranaense Rocha Loures (PMDB) e diversos outros agentes políticos. Foram
apreendidos dois milhões de reais na operação”. As revelações do jornal carioca e as
investigações indicaram uma suposta tentativa de Michel Temer de “comprar o
silêncio de Eduardo Cunha, impedindo-o de fazer uma delação premiada. Cunha era
o ex-presidente da Câmara dos Deputados que se encontrava preso, acusado de
diversos crimes relacionados à corrupção”. As informações foram coletadas no
diálogo com o empresário Joesley Batista, um dos donos da empresa JBS, que
havia gravado o presidente e negociado acordo de “delação premiada”. Além
disto, no anexo 9 da delação, Joesley
relata pagamento de propina de três milhões de reais ao senador Michel Temer em
2010, três milhões de reais em 2012, e 300 mil reais em 2016.
Bibliografia geral consultada:
SILVA, Sérgio, Expansão Cafeeira e Origens da Industrialização
no Brasil. Tese de Doutorado. São Paulo: Editora Alfa-ômega, 1978; GRAZIA,
Sebastian, Maquiavel no Inferno. São
Paulo: Editora Companhia das Letras, 1993; MICHELS, Robert, Los Partidos Políticos. Un Estudio Sociológico
de las Tendencias Oligárquicas de la Democracia Moderna. 2ª edicíon. Buenos
Aires: Amorrotu Editores, 2008; VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro, Teatro do Absurdo: A Nova Ordem do
Federalismo Oligárquico. Tese de Doutorado em História Social. Departamento
de História. Rio de Janeiro: Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 1999; Idem, O Teatro
das Oligarquias: Uma Revisão da Política do Café com Leite. Belo Horizonte:
Editor Fino Traço, 2012; BRITO, Fernando, “Aécio, a época do café-com-leite passou
faz tempo”. Disponível em: http://www.tijolaco.com.br/blog/30/06/2014;
Artigo: “Fachin Nega Pedido de Prisão de Aécio e Homologa Delações”. In: Revista
VEJA 18/05/2017; BENITES, Afonso,
“Aécio Derruba Tasso e Recupera o Poder para Amarrar PSDB a [Michel] Temer”. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/09/11/2017;
CALGARO, Fernanda; MODZELESKI, Alessandra, “Senado Derruba Decisão do STF que
Mandou Afastar Aécio do Mandato”. Disponível em: https://g1.globo.com/18/10/2017;
entre outros.
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