A Teoria da Conspiração de 17 de Abril de 2016 no Brasil.
Ubiracy de Souza Braga
“O segredo da criatividade é saber
esconder suas fontes”. Albert Einstein
Albert
Einstein nasceu em Ulm, na Alemanha, no dia 14 de março de 1879. É considerado
o físico mais influente do século XX. Filho de um pequeno industrial judeu, em
1880 mudou-se com a família para a cidade de Munique. Seus pais Hermann
Einstein e Pauline Koch eram judeus. O caráter e a biblioteca do pai foram
importantes na formação de Albert Einstein. Nos primeiros anos de vida,
Einstein teve dificuldades para se expressar através da fala e era lento para
aprender, fato que, durante algum tempo, deixou seus pais preocupados. Nos
primeiros anos escolares, Einstein não se destacava nem pelas notas nem pela
regularidade com que ia à escola. Com seis anos de idade, incentivado pela mãe,
começou a estudar violino. Cedo se destacou no estudo da física, matemática e
filosofia. Aos nove anos ingressa no Luitpold Gymnasium, escola
secundária em Munique (ALE). Foi fundada pelo príncipe Luitpold da Baviera em
1891 como Luitpold-Kreisrealschule para servir a parte oriental da cidade e
seus subúrbios. Ficava na Alexandrastrasse em frente ao Museu Nacional, onde se
interessa por geometria e álgebra, matérias nas quais progride. Aos doze anos é
um considerado um gênio das matemáticas, mas lê avidamente Leibniz, figura
central na história da matemática e na história da filosofia, Kant que operou,
na epistemologia uma síntese entre o racionalismo continental, onde impera a
forma de raciocínio dedutivo, e a tradição empírica inglesa de Hume, Locke, ou
Berkeley, que valoriza a indução e Hume que se opôs à Descartes e às filosofias
que consideravam o espírito desde um ponto de vista teológico-metafísico.
Foi
paradoxal para seus mestres, que nem sempre sabiam responder as suas perguntas
nem refutar seus questionamentos tanto políticos quanto existenciais. A física,
com as ciências da natureza, faz parte de um complexo de instituições de
importância na sociedade contemporânea, não só em função do vulto dos
investimentos, como também do contingente humano, do número e da diversidade de
organizações comprometidas com sua expansão. Os físicos constituem hoje um
grupo de profissionais socialmente prestigiados, formados em organizações
próprias. Dispõem de enormes facilidades de trabalho, como laboratórios,
bibliotecas, serviços de intercâmbio e divulgação de informações etc., os
quais, em muitos aspectos sociais, têm superado as vantagens conquistadas por
grupos profissionais mais tradicionais na cultura ocidental, como advogados e
médicos. Como possuía caráter individualista e alheio à disciplina prussiana,
acaba sendo expulso do Gymnasium. Aos 16 anos abandona a religião judaica que
está na obediência espiritual aos mandamentos divinos estabelecidos nos livros
sagrados, uma vez que para eles, isso é fazer a vontade de Deus e demonstrar
respeito e amor pelo criador. O judaísmo é a religião monoteísta que possui o
menor número de adeptos no mundo, tornando-se livre de qualquer tipo de
imposição em sua formação. Ainda que fosse de família judia, Albert Einstein
(1879-1955) tinha um pensamento sobre religião que foi moldado durante sua
estada em Zurique, na Suíça, quando os livros do filósofo Spinoza, caíram em
suas mãos. O Deus de Spinoza era amorfo e impessoal, responsável pela ordem no
universo e pela beleza da natureza.
Os indivíduos formulam teorias “conspiratórias”
para explicar, por exemplo, as relações de poder em grupos sociais e a
existência imaginada no âmbito da política. Teorias da conspiração têm origens
principalmente psicológicas ou sócio-políticas. As origens psicológicas
propostas incluem projeção; a necessidade pessoal de tentar explicar um evento
significante com uma causa significante; e o resultado de vários tipos e
estágios de transtornos de pensamento como disposição paranoica, por exemplo, que
vão desde as doenças mentais graves até as diagnosticáveis. Alguns preferem
explicações sócio-políticas para não se sentirem inseguras ao se depararem com
situações aleatórias, imprevisíveis ou, quase inexplicáveis. As teorias da
conspiração são racionais e concretamente se referem a um conjunto de práticas
e saberes sociais. Michael Butter afirma que a disseminação de tais teorias contribuem, no campo político, para a ascensão de partidos populistas de direita.
O cientista político Michael Barkun,
ao discutir o uso de “teoria da conspiração” na cultura norte-americana
contemporânea, sustenta que este termo é usado para uma crença que explica um
evento como sendo o resultado de um plano secreto de conspiradores
excepcionalmente poderosos e astutos que visam atingir um fim malévolo. No decorrer da história humana, líderes políticos e econômicos têm sido
verdadeiramente a causa de enormes quantidades de morte e miséria e, algumas
vezes, se envolviam em conspirações, ao mesmo tempo em que promoviam teorias
conspiratórias sobre seus alvos. Alguns argumentam que as teorias da
conspiração, que eram limitadas a públicos marginais, se tornaram comuns nos
meios de comunicação de massa, contribuindo para que o conspiracionismo
emergisse como um fenômeno cultural nos Estados Unidos, entre o final do século
XX e início do XXI. Segundo os antropólogos Todd Sanders e Harry G. West,
evidências sugerem que um amplo setor norte-americano dá credibilidade a algumas
teorias conspiratórias. A crença nessas teorias tornou-se um tema de interesse
para sociólogos e especialistas em política.
Deputado Sergio Petecão, denunciado por compra de votos, fala em possível conspiração contra Temer. Malandro é malandro, mané é mané.
Um estudo publicado em 2012 também
constatou que teóricos de conspiração acreditam frequentemente em múltiplas
conspirações, mesmo quando uma contradiz a outra. Por exemplo, pessoas que
acreditam que Osama Bin Laden foi capturado vivo pelos norte-americanos também
estão propensas a acreditar que, na realidade, Bin Laden havia sido morto antes
da invasão de 2011 a sua casa em Abbottabad, Paquistão. Em um artigo de 2013
publicado na revista Scientific American
Mind, o psicólogo Sander van der Linden argumenta que existem evidências
científicas convergentes de que (1) as pessoas que acreditam numa conspiração
são susceptíveis a aderirem a outras; (2) em alguns casos, a ideação
conspiratória tem sido associada com a paranoia e esquizotipia; (3) as
concepções de mundo conspiracionistas tendem a provocar a desconfiança de princípios
científicos bem estabelecidos, como a associação entre tabagismo e câncer ou
entre o aquecimento global e as emissões de CO²; e (4) a ideação conspiratória
geralmente leva as pessoas a verem padrões onde aparentemente não existem. Van
der Linden também cunhou o termo “o efeito conspiratório”. Alguns historiadores
defendem que existe um elemento de projeção psicológica no
conspiracionismo. Esta projeção histórico-social, e, portanto, individual (o sonho) e
coletiva (os mitos, os ritos, os símbolos) se manifesta sob a forma de atribuição de características
indesejáveis aos conspiradores.
A maçonaria teve influência decisiva
em grandes acontecimentos mundiais, tais como a Revolução Francesa e a
Independência dos Estados Unidos da América. Tem sido relevante, desde a
Revolução Francesa em diante, a participação da Maçonaria em levantes,
sedições, revoluções e guerras separatistas em muitos países da Europa e da
América. No Brasil, deixou suas marcas, especialmente na Independência do jugo
da metrópole portuguesa e, entre outras, a Inconfidência Mineira e na
denominada “Revolução Farroupilha”, tendo legado os símbolos maçônicos na
bandeira do Rio Grande do Sul, importante estado da Federação brasileira. Vários outros
Estados da Federação possuem símbolos maçônicos nas suas bandeiras, como Minas Gerais,
por exemplo. O principal idealizador da bandeira pós-república foi Teixeira Mendes, presidente do Apostolado Positivista do Brasil, com colaboração de Miguel Lemos e Manuel Pereira Reis, este, catedrático de astronomia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. As justificativas da Bandeira Nacional foram feitas por Teixeira Mendes, no Diário Oficial do dia 24 de novembro. O dístico “Ordem & Progresso” foi tido como influência do positivismo e durante algum tempo, julgou-se que o positivismo estivesse ligado à influência da Proclamação da República. Hoje sabemos que o mote em questão sempre envolveu a Maçonaria e que o primeiro ministério formado era, quase em sua totalidade, constituído de Maçons.
A
divulgação dos direitos do homem e da ideia de um governo republicano inspirou
a Maçonaria no Brasil, em particular depois da Revolução Francesa, quando os
cidadãos derrubam a monarquia absolutista secular. As ideias que fermentaram o
movimento político do século XVIII havia levedado o espírito dos colonos
norte-americanos, que emigraram para a América em busca terra, trabalho e de
liberdade religiosa e política. A maçonaria é caracteristicamente universalista
por ser uma sociedade conservadora que aceita a afiliação de todos os cidadãos
que se enquadrarem na qualificação “livres e de bons costumes”, qualquer que
seja a sua raça, a sua nacionalidade, o seu credo, a sua tendência política ou
filosófica excetuada os adeptos do comunismo teorético porque erroneamente
acreditam que “seus princípios filosóficos fundamentais negam ao homem o
direito à liberdade individual da autodeterminação”. O Congresso Nacional
possui 51 Deputados Federais e 7 Senadores pertencentes à Maçonaria, forma
reduzida e usual de “franco-maçonaria” (cf. Naudon, 1987; 1991), é uma
sociedade filosófica, filantrópica, iniciática e só aparentemente progressista.
Policiais
retiram placa com frases alusivas à corrupção colocada por manifestantes em
frente ao Congresso Nacional.
Dentro
da realidade política contemporânea, entretanto, a instituição não poderá ser
considerada senão como sendo uma sociedade discreta. De pretenso caráter
universal cujos membros cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da
liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual.
Seu adjetivo é maçônico e maçônica. A maçonaria é, portanto, uma sociedade
fraternal, que admite os chamados “homens livres e de bons costumes, sem
distinção de raça, religião, ideário político ou posição social”. Suas
exigências morais são que o candidato acredite em um princípio criador, tenha
boa índole, respeite a família, possua um espírito filantrópico e o firme
propósito de tratar sempre de ir em busca da perfeição, aniquilando seus vícios
e trabalhando para a constante evolução de suas virtudes. Muitos princípios éticos maçônicos
foram inspirados pelo Antigo Testamento. Os ritos e símbolos da maçonaria e
outras sociedades secretas recordam: A reconstrução do Templo de Salomão, a
estrela de David, o selo de Salomão, os nomes dos diferentes graus, como por
exemplo o que se refere ao cavalheiro Kadosh, que em
hebraico significa santo, Príncipe de Jerusalém, Príncipe do Líbano, Cavalheiro
da Serpente de Airain, e assim por diante.
A Luz é um dos mais densos símbolos na maçonaria
(cf. Brown, 2010), pois representa o espírito divino, a liberdade religiosa,
designando, para os maçons de formação francesa, a ilustração, o
esclarecimento, o que esclarece o espírito, a claridade intelectual. Outro
símbolo compartilhado é o Templo de Salomão. Figura como uma parte central na
religião judaica, por ser o rei Salomão uma das maiores figuras de Israel, como
o Templo representar o zênite da religião judaica. Na maçonaria, juntou-se a
figura de Salomão, à da construção do Templo, pois os maçons são reconhecidos,
antes de tudo, como construtores, pedreiros, geômetras e arquitetos. Os rituais
maçônicos estão prenhes de lendas/mitos sobre a construção do Templo, no
sentido bíblico e histórico. Tem seu método educacional num todo estruturado, baseado em simbologia e em seus principais rituais. Nascida da maçonaria operativa e dos pedreiros livres, toda sua estrutura simbólica é baseada nos utensílios dos pedreiros, construtores e arquitetos medievais. A maioria dos símbolos e ritos usados socialmente na maçonaria são utensílios de pedreiros ou símbolos de outra categoria, incorporados à ordem.
Em seu livro A Sociedade Aberta e Seus Inimigos, Karl Popper utiliza o termo
“teoria da conspiração” para criticar ideologias que conduzem ao historicismo.
O positivismo transforma-se, desde logo, em uma regra de moral individual, administrativa e política. É que procuramos suprir, muito às pressas, as nossas deficiências com as ideias que nos chegam. O certo é que, cansados do ensino verbalístico e estéril da escolástica envelhecida e pobre que se impusera até então ao país, os espíritos cultos e as instituições sociais de pesquisa em geral governamentais abraçam com entusiasmo o positivismo. Popper argumenta que o totalitarismo foi fundado em cima de teorias
conspiratórias que “recorriam a complôs imaginários conduzidos por cenários
paranoicos baseados no tribalismo, chauvinismo ou racismo”. Portanto, Popper
não argumenta contra a existência de conspirações cotidianas, como se sugeria
incorretamente em muita da literatura posterior. Em sua crítica aos
totalitários do século XX, escreve: - “Não quero dar a entender que as
conspirações nunca ocorrem (...), são fenômenos sociais típicos”, pois, “conspirações
ocorrem, é preciso admitir. Mas, apesar de suas ocorrências, o fato marcante
que refutou a teoria da conspiração é que foram poucas as conspirações que
tiveram êxito. Os conspiradores raramente consomem sua conspiração”.
Analistas dos meios sociais de
comunicação de massa notam regularmente uma tendência nas mídias de notícias e
de cultura popular para compreender acontecimentos através do prisma de agentes
individuais, em oposição a notícias estruturais ou institucionais mais
complexas. Caso se trate de uma observação conjuntural, pode-se esperar que a
audiência que demanda o consumo seja mais receptiva a informações
personalizadas e dramáticas de fenômenos sociais. Um segundo tropo da mídia,
talvez relacionado, é o esforço em atribuir responsabilidades individuais a
acontecimentos negativos. Os meios de comunicação de massa têm a tendência de iniciar a
busca por culpados, caso ocorra um acontecimento social, mas afetivo que seja de tamanha
importância, e acabam não tirando o assunto da agenda de notícias por vários
dias, semanas, meses. Seguindo a mesma direção, tem-se dito que o conceito de “puro acidente” já
não é mais permitido em um artigo de notícias. O primeiro presidente eleito após o longo período de ditadura civil-militar foi morto em uma teoria da conspiração? O mineiro Tancredo Neves foi o primeiro presidente civil eleito após a ditadura militar, que durou 21 anos no país (1964-1985). Em 15 de janeiro de 1985, em eleição indireta no Colégio Eleitoral, composto de senadores, deputados federais e representantes das Assembleias Legislativas estaduais,Tancredo Neves derrotou o candidato apoiado pelos militares, Paulo Maluf. Em 14 de março, véspera da posse, Tancredo teve fortes dores abdominais, foi internado às pressas e fez uma operação de emergência. No dia seguinte, quem tomou posse em seu lugar foi o vice-presidente, José Sarney, ex-presidente do PDS, partido que apoiava a ditadura militar. Após uma agonia de 38 dias e sete cirurgias, Tancredo Neves oi declarado morto coincidentemente em 21 de abril. Para o deputado federal Paulo
Teixeira (PT-SP), o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o atual
presidente Michel Temer estiveram no centro de uma grande conspiração que
culminou com a deposição de Dilma Rousseff, através de um processo fraudulento,
que precisa ser revisto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). – “Não podemos
aceitar que pessoas que chegaram ao poder pelas mãos de Eduardo Cunha queiram
mexer na Constituição, que sintetizou uma série de direitos conquistados pelo
povo”. Para o deputado, é hora de Eduardo Cunha elucidar como funcionava o
sistema de corrupção por ele articulado, e que essas revelações podem atingir
Temer, a quem classifica como “usurpador”. – “Fizeram toda uma campanha como se
estivessem lutando pela honestidade e pela probidade. Na verdade, ele (Cunha)
era um dos mentores e articuladores desse processo de corrupção”, ressalta
Teixeira, que cobra a realização de Diretas
Já, para restabelecer a legitimidade do governo, além de uma Constituinte
exclusiva que trate da reforma política. Sobre o deputado Paulo Pereira da
Silva (SD-SP), o “Paulinho da Força”, um dos dez parlamentares que votaram pela
absolvição de Eduardo Cunha, Paulo Teixeira afirmou que ele demonstra, mais uma
vez, de que lado está: - “Sempre esteve na contramão da boa política”.
Independente dos interesses e das
motivações maçônicas, quase sempre apresentadas pelos maçons de forma romântica
e, em alguns pontos, quase fictícia, seria hipocrisia negar a atuação da
maçonaria em nossa sociedade, seja no âmbito filantrópico, nos meandros
sociais, ou na atmosfera política entre os poderes regentes de nosso país. A
República foi proclamada em 15 de novembro de 1889 e inaugurou a forma
republicana federativa presidencialista de governo em nosso país, derrubando a
monarquia constitucional parlamentarista vigente e pondo fim à soberania do
imperador d. Pedro II. Esse episódio ocorreu no 2° reinado, que à época, era o
Rio de Janeiro. Conforme a narrativa de Visconde de Ouro Preto, a proclamação
foi oficializada após “um grupo de militares do Exército brasileiro, liderados
pelo marechal Deodoro da Fonseca, dar um golpe de Estado, fazendo uso de coação
(...). Foi instituído, naquele mesmo dia 15, um governo provisório republicano. Faziam parte desse governo,
organizado na noite de 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca,
como Presidente da República e chefe do governo provisório, o marechal Floriano
Peixoto, como vice-presidente, e, como ministros, Benjamin Constant Botelho de
Magalhães, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo,
Demétrio Ribeiro e o almirante Eduardo Wandenkolk, todos membros regulares da
maçonaria brasileira”.
Em abril de 2007, Dilma Rousseff já
era apontada como possível candidata à presidência da República na eleição de
2010. Naquele mesmo ano, o presidente
Lula passou a dar destaque a então ministra com o objetivo de testar seu
potencial como candidata. Em abril de 2009, Lula afirmou que “Todo mundo sabe
que tenho intenção de fazer com que Dilma seja candidata do PT e dos partidos,
mas se ela vai ganhar vai depender de cada brasileiro”. Os candidatos dos dois maiores grupos políticos foram a ex-ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil seguir mudando, tendo o deputado Michel Temer como candidato a vice-presidente, e o ex-governador de São Paulo, José Serra, da coligação O Brasil pode mais, tendo o deputado Índio da Costa como candidato a vice. Para cumprir com a lei eleitoral de desincompatibilização, Dilma deixou o Ministério da Casa-Civil em 31 de março de 2010, sendo sucedida por Erenice Guerra. A Convenção Nacional do
Partido dos Trabalhadores - PT, realizada em Brasília no dia 13 de junho de
2010, oficializou Dilma como a candidata do partido à presidência, bem como
oficializou o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer como seu
vice. A coligação de Dilma e Michel Temer recebeu o nome de Para o
Brasil seguir Mudando e foi composta por dez partidos políticos. Em
seu discurso de aceitação como candidata, declarou: - “Não é por acaso que
depois desse grande homem o Brasil possa ser governado por uma mulher, uma
mulher que vai continuar o Brasil de Lula, mas que fará o Brasil de Lula com
alma e coração de mulher”. O mote da campanha petista foi a continuidade do
governo Lula. Até então desconhecida por grande parte do eleitorado, Dilma
Rousseff passou a liderar a corrida pela sucessão presidencial. Como é natural,
ela foi beneficiada pela aprovação recorde do governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, que atingiu patamares superiores aos 80%. O presidente engajou-se
pessoalmente na campanha, participando de vários comícios, gravando para a
propaganda eleitoral e declarando apoio à candidata repetidas vezes. O ultraconservador
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) interpretou algumas dessas declarações como propaganda
eleitoral antecipada, multando-os diversas vezes.
No
2° turno, Marina Silva errou em sua estratégia quando optou “por não declarar
apoio a nenhum dos dois candidatos”. Dilma manteve a vantagem sobre Serra nas
pesquisas de opinião. Em 31 de outubro, ela obteve 55 752 529 votos (56,05%),
elegendo-se a 1ª mulher presidente do Brasil. Em seu discurso de vitória,
destacou o papel das mulheres e agradeceu o apoio do presidente Lula. Sua
vitória teve grande repercussão na imprensa internacional, que destacou “o
ineditismo por ser a primeira presidente e o peso de seu padrinho político”.
Dilma foi empossada como a 36ª presidente do Brasil em 1º de janeiro de 2011.
Em seu discurso de posse, prometeu
erradicar a pobreza e mudar o sistema tributário. Antes mesmo de assumir
o cargo, afirmou preferir ser tratada como presidenta, mas desde sua eleição
não houve posicionamento oficial a respeito do tema, o que gerou certa
confusão. Os meios de comunicação não respeitaram a solicitação da presidenta
da República. Sem estabelecer qualquer padronização, têm utilizado tanto “a
presidente”, quanto “a presidenta”.
Em
14 de janeiro de 2011, Dilma Rousseff visitou as áreas atingidas pelas
enchentes e deslizamentos de terra no Rio de Janeiro. Seu governo liberou R$
100 milhões para ações de socorro e assistência social. No início de fevereiro,
fez a primeira viagem internacional, escolhendo a Argentina como destino
político. No mesmo mês, anunciou um corte de R$ 50 bilhões nas despesas
previstas pelo Orçamento Geral da União para 2011. Fez seu primeiro
pronunciamento transmitido em rede nacional de rádio e televisão. Em março,
recebeu a visita do presidente norte-americano Barack Obama, assinando acordos
de cooperação. Em abril, decretou luto oficial de três dias pelo Massacre de Realengo (RJ) e declarou que
o país estava unido em repúdio à violência. Em seu discurso de abertura da
Assembleia Geral das Nações Unidas em 21 de setembro, defendeu o Estado
Palestino ao dizer que “chegou o momento” daquele país se tornar um membro
pleno da ONU. Também exaltou o papel das mulheres na política, declarando: -
“Pela primeira vez na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o
debate geral: é a voz da democracia”. Em novembro, sancionou a lei que
instituiu a chamada “Comissão Nacional da Verdade” e a Lei de acesso à
informação, regulamentando o direito do acesso às informações públicas. Em seu
1° ano de mandato, sete ministros foram substituídos. Irritado, Nelson Jobim,
ministro da Defesa, pediu demissão, após classificar o governo como
“atrapalhado”. Em fevereiro de 2012, o governo federal leiloou os aeroportos de
Guarulhos, Viracopos e Brasília. As concessionárias vencedoras irão administrar
os aeroportos durante o prazo de concessão, que varia de vinte a até trinta
anos. O governo arrecadou R$ 24 bilhões com os leilões. Também foram
concessionados para a iniciativa privada trechos de rodovias e ferrovias federais.
Dilma discursa durante abertura do Rio+20, 20 de junho de 2012. Em
maio de 2012, anunciou, em rede nacional de televisão, a criação do programa
“Brasil Carinhoso”, com o objetivo de “tirar da miséria absoluta todas as
famílias com integrantes de até quinze anos”. No mês seguinte, sancionou a Lei
nº 12 677, criando mais de 70 mil cargos a serem preenchidos até 2014 na área
educacional e, em agosto sancionou a lei que destina metade das vagas em
universidades federais para estudantes de escolas públicas. Dilma manteve um
alto índice de aprovação nos dois primeiros anos de seu mandato. A aprovação do
governo nunca foi inferior a 48% de “ótimo” ou “bom” e sua avaliação pessoal
atingiu a casa dos 70% diversas vezes. Estes índices deram-lhe melhor aprovação
do que comparativamente ao mesmo período dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em seu primeiro pronunciamento rede nacional em 2013, anunciou uma redução na conta de luz e declarou
que “ao mesmo tempo, com a entrada em operação de novas usinas e linhas de
transmissão, vamos aumentar em mais de 7% nossa produção de energia e ela irá
crescer ainda nos próximos anos”. Em março, anunciou a desoneração de impostos
federais sobre a cesta básica para “reaquecer” a economia.
Em
junho de 2013, em meio à onda de protestos da população que se espalharam por
todo País sobre insatisfação relacionada aos Poderes Executivo e Legislativo,
aliada a questões sobre condições de saúde, educação e segurança, geraram a maior
queda na popularidade de Dilma, que foi de 55% para 31%. A onda de protestos
comunicativos também atingiu negativamente a popularidade de governadores, prefeitos,
deputados e da maioria dos partidos do país. Em 21 de junho de 2013, um dia
após a maior manifestação registrada nessa onda de protestos, Dilma cancelou
uma viagem que faria ao Japão e convocou uma reunião de emergência. No mesmo
dia, foi gravado um pronunciamento presidencial em que Dilma Rousseff anunciou
a criação de cinco pactos e uma proposta de plebiscito para constituinte da
reforma política. Em setembro de 2013, documentos do governo dos Estados Unidos
da América (EUA) revelaram que Dilma e seus assessores, além de grandes empresas como a
Petrobrás, foram espionados pelo governo norte-americano.
Em
17 de setembro, Dilma Rousseff cancelou a viagem oficial que faria aos EUA. Em
24 de setembro, a presidente discursou na Assembleia Geral da ONU, onde
declarou que “a espionagem fere a soberania e o direito internacional”. Ela
classificou as denúncias como uma “grave violação dos direitos humanos e das
liberdades civis” e uma “afronta aos princípios que devem guiar as relações
entre os países”. Em fevereiro de 2015, uma reportagem do jornal The New York Times denunciou que os
programas de espionagem da NSA no Brasil e no México continuaram mesmo após as
revelações ao público e o estremecimento das relações bilaterais. Em 21 de
outubro de 2013, foi leiloado o “Campo de Libra”, considerado o maior campo de
petróleo da Camada pré-sal. Naquele mesmo dia, a presidenta fez um
pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão negando que o leilão
significava a privatização do petróleo brasileiro. Segundo ela, “o Brasil é – e
continuará sendo – um país aberto ao investimento, nacional ou estrangeiro, que
respeita contratos e que preserva sua soberania. Por tudo isso, o leilão de
Libra representa um marco na história do Brasil”.
Em
27 de abril de 2014, sancionou o Marco
Civil da rede mundial Internet, que estabeleceu obrigações e direitos dos
provedores de internet. Dilma Rousseff discursou no fórum global NET mundial,
realizado naquele mês, afirmando: - “Esse foi um processo virtuoso que nós
levamos no Brasil. O nosso “Marco Civil” também foi valorizado pelo processo de
sua construção. Por isso, gostaria de lembrar que ele estabelece princípios,
garantias e direitos dos usuários”. Em
10 de junho de 2014, dois dias antes do início da Copa do Mundo FIFA - Federação Internacional de Futebol, Dilma
pronunciou-se em rede nacional de televisão sobre o evento. No pronunciamento,
a presidente defendeu o legado da Copa, declarando: - “No jogo, que começa
agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de
trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca”. Entre
junho de 2013 até a realização da Copa das Nações, vários protestos ocorreram
contra a realização do evento no país. Dilma também foi alvo dos protestos por,
pelo menos, duas vezes: em seu discurso de abertura da Copa das Confederações
FIFA de 2013, recebeu muitas vaias da plateia; ao entregar a taça de campeã
para a Alemanha, então vaiada pela torcida.
Enfim,
segundo Michael Löwy o que aconteceu no Brasil, com a destituição da presidente
eleita Dilma Rousseff, foi um golpe de Estado. Golpe de Estado pseudolegal, “constitucional”,
“institucional”, parlamentar ou o que se preferir. Mas golpe de Estado.
Parlamentares – deputados e senadores – profundamente envolvidos em casos de
corrupção (fala-se em 60%) instituíram um processo de destituição contra a
presidente pretextando irregularidades contábeis, “pedaladas fiscais”, para
cobrir déficits nas contas públicas – uma prática corriqueira em todos os
governos anteriores! Não há dúvida de que vários quadros do PT estão envolvidos
no escândalo de corrupção da Petrobras, mas Dilma não… Na verdade, os deputados
de direita que conduziram a campanha contra a presidente são uns dos mais
comprometidos nesse caso, começando pelo presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (recentemente suspenso), acusado de corrupção, lavagem de
dinheiro, evasão fiscal etc. A prática do golpe de Estado legal parece ser a
nova estratégia das oligarquias latino-americanas. Testada em Honduras e no
Paraguai (países que a imprensa costuma chamar de “República das Bananas”), ela
se mostrou eficaz e lucrativa para eliminar presidentes (muito moderadamente)
de esquerda. Agora foi aplicada num país que tem o tamanho de um continente…
A
1ª mulher eleita na América Latina foi Violeta Barros, em 1990, na Nicarágua.
Apesar da importância da eleição, ela é conhecida como Violeta Chamorro,
sobrenome do marido - pela maioria das pessoas é lembrada como viúva do
jornalista Pedro Joaquín Chamorro, assassinado pela ditadura que assolava o
país. A 1ª mulher eleita para uma Presidência na América Latina
“precisa ter a memória vinculada a um homem”. A 2ª mulher a presidir um país
latino-americano foi Mireya Moscoso, que governou o Panamá entre 1999 e 2004.
Em todas as biografias, Mireya “é descrita como esposa do Presidente Arnulfo
Arias Madrid”. Michelle Bachelet foi eleita em 2006 para governar o Chile. Ela
é a 1ª mulher a presidir o Chile pela segunda vez, desde a ditadura do general
Augusto Pinochet. As referências de “esposa” e “viúva” também são usadas para
Cristina Kirchner, que governa a Argentina desde 2007. O mandato termina em
2015 e ela não poderá se candidatar novamente, de acordo com Constituição do
país. A 5ª Presidenta eleita na América Latina venceu as eleições de 2010,
assim como Dilma Rousseff. Laura Chinchilla presidiu a Costa Rica até maio
deste ano. Antes de ocupar o cargo, ela já havia sido vice-presidente de Óscar
Arias Sanchez. Dilma Rousseff é a 1ª mulher a governar o Brasil, vencendo as
eleições de 2010 e 2014, sucessivamente, mas foi derrubada pelo golpe de Estado
de 17 de abril de 2016. Lembra-nos os versos de Cora Coralina quando afirma: -
“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir
ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o
mais importante é o decidir”. Bibliografia
geral consultada.
NAUDON, Paul, Les Origines de la Franc-Maçonerie; Le Sacré et le Métier. Paris:
Éditions Dervy-Livres, 1991; AZEVEDO, Célia Maria Marinho, “Maçonaria: História
e Historiografia”. Disponível em: Revista
da Universidade de São Paulo, n° 32, 1996-97; BARATA, Alexandre Mansur, Maçonaria, Sociabilidade Ilustrada e
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Artigo: Lula publica fotos de Moro com Aécio e Temer. Disponível em: https://oglobo.globo.com/17/05/2017; TEIXEIRENSE, Pedro Ivo, Reinventando o Inimigo: História, Política e Memória
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Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em História Social. Instituto de
História. Rio de Janeiro: Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2017; entre outros.
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