terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Leon Trotsky - Vida Política de Um Homem Singular.

Ubiracy de Souza Braga*

                          Aquele que se ajoelha diante do fato consumado não é capaz de enfrentar o futuro”. Leon Trotsky
               
            A noção de representação tem pautado a história política através de problemas de diferentes naturezas. É constantemente empregada, em termos gerais, para designar a forma segundo a qual um ator social se apresenta, como distinta dos níveis de análise social ou econômico. O termo representação se refere ao modo de apreensão por parte de um sujeito, ou meio de trabalho, como o caso de um livro, o que significa para que haja um ato político de representação é preciso que haja alguém (e uma literatura) que representa alguma coisa (um discurso) no caso do sujeito, quando é possível falar deste sujeito como representando a si mesmo. A teoria política contemporânea concentrou seu interesse na noção de representação na esfera de ação, uma vez que é um problema de produção da relação entre o pensar e o agir revolucionário do sujeito na história. Na foto, retratos do czar e da família imperial são removidos das paredes em Petrogrado. Após abdicação em fevereiro de 1917, Nicolau II e família foram aprisionados, primeiro na Tsarskoye Sielo (“aldeia do czar”), a mansão imperial nos subúrbios de Petrogrado, depois, na casa Dom Kuklina (“casa de Kuklin”), residência localizada em Tobolsk. Renomeada Petrogrado (1914–1924) e, posteriormente, Leningrado (1924–1991), voltando a chamar-se São Petersburgo quando a “perestroika” e a “glasnost” de Mikhail Gorbachev, acelerou a passagem da economia estatal para o liberalismo.
          Nicolau II foi o último Imperador da Rússia, Rei da Polônia e Grão-Duque da Finlândia. Nasceu no majestoso Palácio de Catarina, em Tsarskoye Selo, próximo de São Petersburgo, em 18 de maio de 1868. É também conhecido como São Nicolau, o Portador da Paixão pela Igreja Ortodoxa Russa. Oficialmente, era chamado Nicolau II, Imperador e Autocrata da Rússia. Filho de Alexandre III governou desde a morte do pai, em 1° de novembro de 1894, até sua abdicação em 15 de março de 1917, quando renunciou em seu nome e no nome de seu herdeiro, passando o trono para seu irmão, o grão-duque Miguel Alexandrovich. Durante seu reinado viu a Rússia decair de uma potência do mundo para um desastre econômico e militar (cf. MARIE, 1966; Lenin, 1966; 1974a). Nicolau foi apelidado pelos críticos em torno da aristocracia de “o Sanguinário” por causa e pelas consequências da chamada “Tragédia de Khodynka”, uma histeria coletiva que aconteceu em 18 de maio de 1896 no campo de Khodynka em Moscou durante as festividades que seguiram à coroação do último imperador da Rússia,  Nicolau II, pelo “Domingo Sangrento”, foi um massacre que aconteceu em 9 de janeiro de 1905 na cidade de São Petersburgo, onde manifestantes marcharam até ao Palácio de Inverno para pedir uma petição ao czar, mas foram baleados pela Guarda Imperial. A marcha foi organizada por George Gapon, que colaborou com Sergei Zubatov da Okhrana, a polícia czarista, para destruir organizações de trabalhadores.   

Os grupos envolvidos nesse conflito foram a população no geral, os partidos e os movimentos revolucionários, e pelos fatais pogroms antissemitas que ocorreram em seu reinado. Nicolau era filho do czar Alexandre III e da imperatriz Maria Feodorovna, nascida “Princesa Dagmar da Dinamarca”. Seus avós paternos eram o imperador Alexandre II e a imperatriz Maria Alexandrovna, nascida princesa Maria de Hesse. Seus avós maternos eram o rei Cristiano IX da Dinamarca e a princesa Luísa de Hesse-Cassel. Nicolau tinha três irmãos mais novos: Alexandre, Jorge e Miguel e duas irmãs mais novas: Xenia e Olga. Maternalmente, Nicolau era sobrinho de vários monarcas, incluindo Jorge I da Grécia, Frederico VIII da Dinamarca, Alexandra da Dinamarca e Tira da Dinamarca. Como Chefe de Estado, aprovou a mobilização de agosto de 1914 como fator determinante e processual, considerado o primeiro passo fatal em direção à 1ª grande guerra (1914-1918), a Revolução Russa de 1917 e consequente queda da dinastia Romanov. Czarismo representou um sistema político sustentado na nobreza que imperou durante 370 anos na Rússia desde 1547 até a Revolução de 1917.
Czar era o título que se dava ao Imperador Russo e que, durante esse período, governava de forma absoluta, na qual se confundia com o Estado.Um retrato do último czar da Rússia, Nicolau II, que esteve escondido durante quase um século atrás de uma pintura do pai da Revolução Russa, Lenin, será exposto em breve em São Petersburgo. – “O retrato do imperador vestido de gala, realizado por Ilia Galkin em 1896, ficou escondido durante quase 90 anos atrás de outro retrato, o de Lenin, pintado em 1924 por outro artista, Vladislav Izmailovich”, afirma Tatiana Potseluieva, coordenadora da equipe de restauradores que durante três anos se incumbiu de reconstituir a tela. O gigantesco retrato de Lenin, de quatro metros por três, em pé na frente da Fortaleza de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo, permaneceu durante anos no salão cerimonial da escola 206 da antiga capital imperial. Na conjuntura czarista, a instituição era um instituto de comércio, e depois um colégio. A pintura durou quase um século, mas foi danificada por engano na década de 1970.  
           O seu reinado findou com o processo revolucionário de 1917, quando, tentando retornar do quartel-general para a capital, seu trem foi detido em Pskov e ele obrigado a abdicar. A partir daí, o czar e sua família foram aprisionados, primeiro no Palácio de Alexandre em Tsarskoye Selo, depois na Casa do Governador em Tobolsk e finalmente na Casa Ipatiev em Ecaterimburgo. Nicolau II, sua mulher, seu filho, suas quatro filhas, o médico da família imperial, um servo pessoal, a camareira da imperatriz e o cozinheiro da família foram executados no porão da casa pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17 de julho de 1918. É reconhecido que esse evento foi ordenado de Moscou por Lenin e pelo também líder bolchevique Yakov Sverdlov. Mais tarde Nicolau II, sua mulher e seus filhos foram canonizados como “neomártires” por grupos ligados à Igreja Ortodoxa Russa no exílio. Vale lembrar que em 1721, Pedro I aboliu o Patriarcado e transformou a Igreja em uma instituição estatal, o que só foi interrompido em 1917 com a Revolução de Outubro. A história da Igreja Ortodoxa sob a Rússia Czarista é conturbada, como em 1569, quando Ivan, o Terrível ordenou o assassinato do Metropolita Filipe II. Em 1589, com o crescimento da importância ideológica da Igreja, Constantinopla lhe cede autocéfala e proclama seu metropolita patriarca. Em 1666, houve o sinal de intrusão do Estado na Igreja, com Aleixo I provocando a deposição do Patriarca Nikon pelas reformas que levaram ao cisma dos velhos crentes. 
Nikon, nascido Nikita Minin (1605-1681) foi o sétimo Patriarca de Moscou de Todas as Rússias da Igreja Ortodoxa Russa, servindo oficialmente entre 1652 e 1666. Ele era reconhecido pela sua eloquência, energia, piedade e proximidade ao Czar Aleixo I. Nikon introduziu muitas reformas que eventualmente levaram a uma cisma duradoura que ficou conhecido como Raskol. Por muitos anos ele foi um personagem político dominante, geralmente em equivalência ou superioridade ao próprio Czar. Suas reformas litúrgicas eram impopulares entre os conservadores. Em dezembro de 1666, Nikon foi julgado por um Sínodo de oficiais da Igreja, privado de todas as suas funções sacerdotais e reduzido ao status de um simples monge. Filho de um camponês russo chamado Mina, ele nasceu em 7 de maio de 1605 na vila de Valmanovo, 90 versts (96 km) de Nijni Novgorod. Sua mãe faleceu após o seu nascimento, e o seu pai se casou novamente.

Ele era maltratado por sua madrasta. Ele aprendeu a ler e escreveu com o pároco local. Aos 12 anos ele fugiu de casa para o Mosteiro de Makaryev, onde ele permaneceu até 1624 como noviço. A residência de Nikon no Mosteiro de Nova Jerusalém é representativa de suas visões estéticas austeras. Então ele retornou para casa devido à insistência de seus pais, se casou e se tornou um pároco numa vila próxima. Sua eloquência atraiu a atenção de alguns mercadores de Moscou que iam para a região por causa da famosa feira realizada nos jardins do Mosteiro de Makaryev. Pelos seus esforços ele foi convidado a servir como padre em uma paróquia populosa da capital. Ele serviu lá por dez anos. Enquanto isso, em 1635, seus três filhos pequenos morreram.

Ele viu isso como um sinal de providência e decidiu tornar-se monge. Primeiro ele persuadiu a sua esposa a também seguir o monasticismo e então retirou-se para um eremitério desolado na ilha de Anzersky, no Mar Branco. Ao se tornar um monge ele adotou o nome de Nikon. Em 1639, ele teve uma discussão com o seu superior e fugiu do mosteiro de barco; uma tempestade começou e seu barco encalhou na Ilha de Kiy, onde ele iria posteriormente estabeleceria um grande mosteiro. Ele eventualmente alcançou o Mosteiro Kozheozersky, na diocese de Novogárdia, na qual se tornou abade em 1643. Em sua capacidade oficial, ele visitou Moscou em 1646 e prestou homenagens ao jovem Czar Aleixo I, como era o costume. Aleixo, que era piedoso, se impressionou com Nikon, e o indicou como Arquimandrita do importante Mosteiro de Novospassky, em Moscou. Este monastério era especialmente associado com a Dinastia Romanov.

         Leon Trotsky nasceu numa pequena localidade do óblast de Kherson na atual Ucrânia, sendo o quinto filho de Anna e David Leontyevish Bronstein (ou Bronshtein), um humilde lavrador de origem judaica que, pragmaticamente, havia aproveitado os esquemas de colonização tzaristas na Crimeia para abandonar a área tradicional de residência autorizada aos judeus (o “pálio”) e converter-se num próspero fazendeiro. A família de origem judaica não era religiosa. Em casa, falava-se russo ou ucraniano e não iídiche. Aos nove anos, foi para Odessa, a fim de prosseguir seus estudos numa escola tradicional alemã. Ao longo dos anos em que ali permaneceu, passou pelo processo de “russificação”, conforme a política czarista. Trotsky revelava já um temperamento de líder, organizando um protesto contra um professor impopular no 2º ano. Não demonstrou interesse pela política nem pelo socialismo até 1896, quando se mudou para Nikolaev, onde concluiu o último ano de estudos secundários.
           Cursou Matemática brevemente na Universidade Nacional de Odessa. Sua irmã Olga casou-se com Lev Kamenev, um dos principais líderes bolcheviques e membro do triunvirato liderado por Stálin, que afastaria o próprio Trotsky do poder, sendo também afastado posteriormente. Após um período de exílio europeu, Trotsky voltou para a Rússia durante a Revolução Russa de 1905, onde sua oratória elétrica fez dele uma figura de liderança na St. Petersburgo Soviética até sua prisão, em dezembro do mesmo ano, conseguindo porém escapar e refugiar-se na Europa Ocidental. Durante a próxima década Trotsky passou do apoio da ala menchevique do POSDR a defesa da unidade das diversas facções dentro do partido, criando uma organização formal chamada Partido Operário Socialdemocrata Russo, vulgarmente conhecido como o “Mejraiontsi”. O virtual colapso do antigo regime durante a última parte da 1ª grande guerra motivou  Mejraiontsi a fazer as pazes com os rivais bolcheviques liderados por Lênin, e no início de 1917 Trotsky voltou do exílio em Nova York para se unir como membro do Comitê Central do Partido Bolchevique. O trabalho de Trotsky, assumindo o cargo de chefe do Soviete de Petrogrado no início de outubro e constituindo o Comité Militar-Revolucionário, foi fundamental em criar as bases para a deposição do governo provisório russo liderado por Alexander Kerensky em 7 de novembro de 1917.
 A dissidência no interior do partido vem a público quando Trotsky publica, em 1924, um prefácio à edição dos seus escritos de 1917, “As Lições de Outubro”, criticando a falta de estratégia revolucionária de Stalin e da direção do Comintern na direção do levante alemão de 1923. O problema principal que motivava a oposição contra a política de Stalin e de Bukharin, afirma Medvedev, era atitude diante dos elementos capitalistas na cidade e no campo. Ela reclamava uma intensificação da luta contra os kulaks e os nepman, além do aumento de impostos a que estavam sujeitos. Simultaneamente, exigia um incremento do ritmo da industrialização, a ampliação e o aprofundamento da democracia no Partido, a luta contra a burocratização do aparelho do Partido e do Estado, etc. Portanto, a orientação da oposição não estava absolutamente em contraste com a do Partido quanto á construção do socialismo. A oposição simplesmente queria o uso de métodos que não se conciliavam com os princípios fundamentais da NEP. Insistia na aceleração da construção do socialismo para a qual o país ainda não estava pronto. Trotsky, Zinoviev ou Kamenev, tentavam em geral evitar as discussões sobre a possibilidade da “construção” total e completa do socialismo.
Compara suas atitudes com a indecisão demonstrada por Kamenev e Zinoviev às vésperas da Revolução de Outubro. Após a deportação, Trotsky passou pela Turquia, França de julho de 1933 a junho de 1935, e Noruega de junho de 1935 a setembro de 1936, fixando-se finalmente no México, a convite do pintor Diego Rivera, vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em casa da esposa de Rivera, a pintora Frida Kahlo. À medida que aumenta a repressão stalinista, multiplicam-se os lutos familiares. Além da morte dos seus quatro filhos, os genros, noras, netos, e outros parentes próximos de Trotsky são igualmente vítimas da repressão por sua ligação com um suposto “inimigo do povo” e desaparecem nos sucessivos expurgos da década de 1930, com exceção do único filho que Zina pôde levar consigo ao exterior, e que acabou por reunir-se ao avô no México, depois de negociações com a mulher francesa de Leon Sedov - que havia se responsabilizado pelo sobrinho num hospital parisiense.
No seu crescente isolamento pessoal e político, Leon Trotsky, a partir desta conjuntura política, aumenta consideravelmente a sua produção escrita, escrevendo importantes obras como sua autobiografia, “Minha Vida” (1930), a “História da Revolução Russa” (em 2 vols., 1930 e 1932), “A Revolução Permanente” (1930) e “A Revolução Traída” (1936), uma crítica política ao stalinismo. Apoiando-se sobre um panfleto de Rakovski, “Os Perigos profissionais do poder”, Trotsky considerava em “A Revolução Traída” que a União Soviética se tornara num Estado de trabalhadores degenerado, controlado por uma burocracia autoritária - derivada, no entanto, contraditoriamente da hegemonia sócio-política própria classe operária, em um processo social descrito como “degenerescência burocrática” e que teria eventualmente de ser derrubada por uma 2ª revolução política que restaurasse o caráter democrático da revolução socialista, ou, degenerasse ao ponto de regressar ao capitalismo. Em 3 de setembro de 1938, numa reunião com 25 delegados de 11 países, Trotsky e seguidores fundam a IV Internacional, como combate à III Internacional stalinista.
Historicamente, a Quarta Internacional (QI) foi fundada na França em 1938, onde Trotsky e seus seguidores, após terem sido expulsos da União Soviética, consideraram a “Comintern” ou a chamada “Terceira Internacional” como “perdida para o stalinismo” e incapaz de levar a classe trabalhadora internacional ao poder político. Assim sendo, os trotskistas fundaram sua própria Internacional Comunista. A QI sofreu várias cisões durante a sua história: a primeira em 1940, que ocorreu somente na França, e a mais importante, que se deu no plano internacional, em 1953. Apesar de uma reunificação em 1963, vários reagrupamentos internacionais reivindicam a Quarta Internacional e a herança trotskista. Durante parte importante de sua existência, foi perseguida por agentes da polícia secreta soviética, reprimida por países como a França e os Estados Unidos da América, e rejeitada como ilegítima pelos seguidores da União Soviética e, depois por membros do Maoísmo - uma posição ainda mantida por estes bravos comunistas no mundo contemporâneo.  
Foram as lutas entre facções dos primeiros anos do regime soviético que deram vida à mais duradoura das concepções marxistas, a de Leon Trotsky e seus seguidores. Vinte e cinco anos depois da morte de Trotsky, no México, assassinado por um stalinista (cf. Broue, 1980; 1988; 2003) e, em larga medida, por causa da amplificação dessa morte, veiculada pelos processos sociais de comunicação, era possível encontrar partidos trotskistas em quase todos os países europeus onde o movimento não havia sido explicitamente banido. Partidos pequenos que, à imagem do seu fundador, eram liderados por um chefe carismático e autoritário, que ditava doutrina e táticas. Sua principal característica era a guerra de movimento chamada de “centrismo”, a militância nas grandes organizações de esquerda, como partidos, sindicatos, sociedades acadêmicas e literárias, com o propósito de colonizá-las ou fazer avançar políticas e alianças indicadas pela teoria trotskista.
Quando revoltas dos trabalhadores ocorreram, eram geralmente sob a influência de grupos de inspiração soviética, de maoístas, socialdemocratas, anarquistas, ou de grupos de militantes nacionalistas, levando a novas derrotas para a QI e os trotskistas, que nunca conseguiram apoio semelhante. Mesmo após o repúdio do Estado soviético a Stalin e o processo de aparente “desestalinização” do país, o trotskismo, apesar de sua crítica à burocratização, não sobreviveu um processo de ampliação de sua influência. A crise cíclica vivida pelo ideário socialista, de todos os matizes, também enfraqueceu a alternativa trotskista. Ideologicamente, maoístas, comunistas de esquerda e anarquista consideram o trotskismo e, portanto, também a Quarta Internacional ideologicamente falida politicamente. Apesar disso, muitas partes da América Central e Latina e da Europa continuam a abrigar grupos trotskistas, com seguidores jovens e velhos, que são atraídos pela formação do anti-stalinismo e pela retórica a favor do movimento operário internacional. Alguns desses grupos carregam o rótulo de “membro da Quarta Internacional”, quer no nome de sua organização, em seus manifestos, ou em ambos. Trotsky tinha entrado, entretanto, em conflito com Diego Rivera - numa disputa a qual tinha tanto a ver com as pretensões políticas de Rivera no movimento trotskista, que Trotsky desfavorecia, quanto com a breve ligação de Trotsky com Frida Kahlo - e mudara-se em 1939 para uma casa própria no bairro de Coyoacán, na Cidade do México.  

A 24 de maio de 1940 sobrevive a um ataque à sua casa por assassinos alegadamente a mando de Stalin. O assassinato de Leon Trotsky no México, em 1940, fixou na mente de muitos o exílio final de três anos do líder da Revolução Russa. Outros lembram também que o maduro Trotsky, sua mulher e netos foram acolhidos pelo famoso pintor mexicano Diego Rivera, militante comunista, e sua mulher, Frida Kahlo. O que é menos sabido é que Trotsky e Frida tiveram um romance que durou quase um ano e havia recém terminado quando Rivera o descobriu. Muitos dos biógrafos de Trotsky consideraram o desentendimento com o pintor mexicano de ordem, sobretudo política. Mas o autor da mais recente biografia de Rivera, Patrick Marnham, argumenta convincentemente que os motivos foram mais pessoais: - “Em outubro de 1938 Frida havia deixado o México para uma viagem de seis meses a Nova Iorque e Paris”.
O líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) desejava ocultar fatos de seu passado, como suas ações de agente provocador a serviço a polícia secreta tzarista - a Okhrana. Neste período, Trotsky escrevia uma biografia não autorizada sobre Stálin e este seria um dos motivos do crime. A casa de Trotsky em Coyocán, preservada no mesmo estado em que se encontrava naquele dia, é hoje um museu, em cujos terrenos se encontram ainda o cenotáfio de Trotsky, com a foice e martelo talhados sobre seu nome. Dos descendentes de Trotsky, o único que pôde preservar sua conexão com a família foi seu neto, o engenheiro Esteban Volkov, filho de Zina, criado por Natalia Sedova no México que muito fez pela preservação da memória do avô pela manutenção da sua casa de Coyoacán como um museu privado, depois encampado pelo governo mexicano. Na década de 1990, Volkov viajaria à Rússia para encontrar-se com uma irmã, que se encontrava em estado terminal de câncer, com a qual teve de conversar através de um intérprete, para explicar-lhe que a decisão de deixá-la na URSS havia sido imposta pelo domínio autoritário à sua mãe por Josef Stalin. Okhrana representou a polícia secreta do regime czarista de Alexandre III da Rússia, criada em 1881 em São Petersburgo. O seu nome significa Departamento de Segurança. Surgiu para perseguir os partidos políticos em torno do Narodnik e do Partido Social-Democrata Russo que faziam frente à autocracia do czar. Foi usada para reprimir sectores educacionais, imprensa e tribunais, além da massa popular, descontente com a situação social, política e económica que a Rússia enfrentava no fim do século XIX e princípios do século XX. Um dos policiais mais conhecidos da Okhrana foi Roman Malinovsky. Tinha nos seus quadros diversos agentes provocadores. Esse tipo policial tem por tarefa aparentar amizade, com a finalidade de realizar a traição ou provocar inconfidências que possam ser interpretadas como subversivas, levando à prisão da vítima, ainda que esta fosse inocente. Teve influência ao Domingo Sangrento. 
Bibliografia geral consultada.
MARIE, Jean-Jacques, Lénine, Que faire? Collection: Points Politique. Paris: Éditions du Seuil, 1966; LENIN, Vladimir Ilicht, L`État et la Révolution. Pékin: Éditions en Langues Étrangère, 1966; Idem, Cultura e Revolução Cultural. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968; Idem, El Desarrollo del Capitalismo en Rusia. El Proceso de la Formación de un Mercado  Interior para la Gran Industria. Barcelona: Editorial Ariel, 1974a; Idem, Contenido Económico del Populismo. México: Siglo Veintiuno Editores, 1974b; HILL, Christopher, Lenin and the Russian Revolution. London: Editor Penguin Books, 1971; FERREIRA, Pedro Roberto, Os Trotskistas (PSR) em 1946: Uma Ultra-esquerda Brasileira. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Pulo, 1985;  KETTENMANN, Andrea, Frida Kahlo, Dor e Paixão.  Lisboa: Benedikt Taschen Editor, 1994; BROUÉ, Pierre, L`Assassinat de Trotsky. Bruxelles: Éditions Complexe, 1980; Idem, Trotsky. Paris: Éditions Fayard, 1988; Idem, Communistes contre Staline - Massacre d`une Génération. Paris: Éditions Fayard, 2003; HERRERA, Hayden, Frida: A Biografia. São Paulo: Editor Globo, 2011; pp. 236-262; SERGE, Victor, Memorie di un Rivoluzionario. Itália: Massari Editore, 2011; JUSTO, Saymon de Oliveira, O Pensamento Militar de León Trotsky e a Formação do Exército Vermelho: 1918-1925. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Franca: Universidade Estadual Paulista, 2012; VILLELA, Thiago Marão, O Ocaso de Outubro: O Construtivismo Russo, a Oposição de Esquerda e a Reestruturação do Modo de Vida. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014; Lenin: Teoria e Prática Revolucionária. Anderson Deo, Antonio Carlos Mazzeo, Marcos Del Roio (Organizadores). Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015; SILVA, Edison Menezes Urbano da, Guerra e Revolução em Weber e Trotsky: Política Imperialista e Internacionalismo Marxista da Primeira Guerra Mundial. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em História. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2015; MUNDIM, Luiz Felipe Cezar; PINTO, Tales dos Santos (Orgs.), Dossiê: 100 Anos da Revolução Russa. In: Revista História e Cultura. Vol. 6, 1, março de 2017;  entre outros.

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