sexta-feira, 18 de março de 2016

Grande Bem-Te-Vi – Consciência Teórica & Adaptação ao Ambiente.

 Não é a espécie mais forte, nem a mais inteligente, mas a que melhor se adapta às mudanças”. Charles Darwin                              

                                         

Na atividade teórica, lembrava Hegel: α) O primeiro requisito é que recuemos das coisas naturais, deixando-as como são, e nos orientemos segundo elas. Assim começamos pelos conhecimentos sensíveis da natureza. Se, ao invés, repousasse a física somente em observações e as observações não fossem nada mais que o testemunho dos sentidos, então constaria o agir do físico apenas de ver, ouvir, cheirar, etc., e os animais, deste modo, seriam também físicos. Mas é um espírito, um ser pensante, que vê, ouve, etc. Se disséssemos então que no puro teórico deixamos livres as coisas, isto só se referiria em parte aos sentidos exteriores, pois estes mesmos são parte teóricos, parte práticos; só o representar, a inteligência tem este livre relacionar-se com as coisas. É verdade que também podemos considerá-las também segundo aquele ser-meio [os sentidos], mas então o conhecimento é apenas meio, não fim-em-si-mesmo. Β) A segunda relação das coisas conosco é que elas recebem a determinação da universalidade para nós ou que nós a transformamos em algo universal. Quando mais do pensamento há na representação tanto mais desaparece da naturalidade, singularidade e imediatez das coisas; pelo pensamento que se intromete, empobrece a riqueza da natureza infinitamente multiforme, morrem suas primaveras, seus jogos de cores empalidecem. O que rumoreja da vida da natureza emudece no silêncio do pensamento; sua quente abundância, que se transfigura em mil atraentes maravilhas, murcha em ressequidas formas e generalidade amorfas, semelhantes a um sombrio nevoeiro do Norte. ϒ) Estas duas determinações são não somente opostas às duas práticas, mas encontramos a atitude teórica dentro de si mesma contraditória, enquanto ela parece imediatamente o contrário daquilo que tenciona.  

Isto é, queremos conhecer a natureza que efetivamente não é algo que não é; em vez, pois, de deixá-la e de tomá-la onde ela em verdade está, em vez de percebê-la, fazemos algo totalmente outro diverso disto. Para pensarmos as coisas, fazemos delas algo universal; mas as coisas são singulares e o leão-em-geral não existe. Fazemos delas um subjetivo, produto nosso, a nós pertencente, e decerto a nós apropriado; pois as coisas da natureza não pensam, nem são representações ou pensamentos. Conforme a segunda determinação, que se nossa apresentou acontece justamente essa inversão; pareceria que aquilo que começamos imediatamente se nos torna impossível. A atitude teórica principia com a inibição do desejo e do apetite, é desinteressada, deixa as coisas agirem e existirem; com esta posição temos duma vez fixados os dois, objeto e sujeito, e a separação de ambos, um aquém e um além. Nossa intenção é, porém, mais, apreender a natureza, compreendê-la, fazê-la o nosso, fazer que ela para nós não seja um estranho, um além. Assim, aqui entra a dificuldade:  como atravessamos nós, sujeitos, até os objetos? Se nos atrevemos a saltar este abismo, e nos deixamos para isto, na certa, desencaminhar, assim [é que] pensamos esta natureza; [isto é], fazemos que ela, que é outra coisa do que nós, seja outra coisado que o que ela própria é. Ambas as relações teóricas são também imediatamente entre si opostas; fazemos as coisas [serem] gerais ou peculiares a nós, e contudo elas, como coisas naturais, deve ser para si livres. Eis do que se trata em relação à natureza do conhecimento – este, o interesse da filosofia.

A filosofia da natureza encontra-se, entretanto, em condições tão desfavoráveis, que ela deve demonstrar seu ser-aí; para justificá-la necessitamos de reconduzi-la ao notório. A resolução da oposição de subjetivo e objetivo merece mencionar-se uma figura apropriada, que também é conhecida, em parte, da ciência, em parte da religião; nesta última, porém é assunto do passado e em brevíssimo tempo resolvida a dificuldade toda. A união das duas determinações, a saber, o que se chama o estado original da inocência, onde o espírito é idêntico com a natureza e o olho do espírito está imediatamente no centro da natureza, ao passo que o ponto de vista da separação da consciência é a queda-no-pecado, desde a eterna divina unidade. Esta unidade é representada como uma intuição originária, uma razão que se situa ao mesmo tempo numa imaginação [Phantasie], isto é, somando figuras sensíveis e aí mesmo racionalizando as figuras sensíveis. Essa razão intuinte é a razão divina; pois Deus, podemos dizê-lo, é aquele no qual razão e natureza estão em unidade, [e] a inteligência ao mesmo tempo também tem de ser a figura. As excentricidades da filosofia da natureza têm particularmente seu fundamento numa representação tal que, segundo ela, se hoje os indivíduos não mais se encontram nesse estado paradisíaco, contudo, ainda existem nascidos-no-domingo aos quais Deus comunica no sono verdadeiro o conhecimento e ciência; ou que o homem, mesmo sem ser filho-de-domingo, ao menos mediante  a fé nisto [que segue], pode transportar-se para momentos tais, que neles o íntimo da natureza lhe seja por si imediatamente revelado, somente sob a condição de que se deixe invadir, ter invasões [mentais], isto é, solte sua fantasia para anunciar profeticamente o verdadeiro. Este realizar-se, do qual não se pode apontar fonte nenhuma, tem sido em geral considerado como o acabamento da potência científica; e acrescenta-se a isto que tal estado de ciência perfeita antecedera à história atual do mundo e que para nós – após a queda dessa unidade -, no mito, na tradição ou noutros vestígios, estariam destroços e longínquas brumas de crepúsculos daquele espiritual estado-de-luz aos quais se agarraria a ulterior formação religiosa do gênero humano e dos quais brotaria todo o conhecimento científico. 

                                


Se não custasse mais penosamente à consciência o conhecer a verdade, e apenas precisasse sentar no tripé e enunciar oráculos, bem se pouparia a labuta de pensar.  Enfim, a dificuldade, isto é, a hipótese unilateral da consciência teórica, segundo Hegel, de que as coisas naturais são, diante de nós, resistentes e impenetráveis, é diretamente refutada pelo comportamento prático em que jaz a fé idealística absoluta de que as coisas singulares são nada em si.  As passeriformes são uma grande ordem da classe aves, que compreendem a mais numerosa das ordens, incluindo quase 6 mil espécies, mais da metade do total das espécies de aves existentes, possuindo uma extraordinária diversificação morfológica, ecológica, biológica e comportamental. Membros desta ordem são reconhecidos como “pássaros”, lembrando que, embora em linguagem coloquial, este termo pode referir a qualquer ave, especialmente de pequeno porte. Geralmente, têm pequenas à médias dimensões, canoras, com alimentação baseada em sementes, frutos, pequenos invertebrados, como anelídeos e crustáceos, e alguns vertebrados, como peixes, roedores e até mesmo filhotes de outras aves. Etnograficamente a forma do bico caracteristicamente varia bastante, dependendo do tipo de alimentação do animal. Os quatro dedos estão todos implantados ao mesmo nível, encontrando-se curiosamente o primeiro permanentemente invertido. A plumagem é suficientemente densa e a penugem fina. O canto dos pássaros é geralmente melodioso. As suas características dependem da estrutura do aparelho fonador (siringe), bem como da quantidade e posição dos músculos desse, que variam entre um e sete. 

Estudos sugeriram que o canto dos pássaros pode evoluir de jeitos diferentes em resposta a uma pressão evolutiva. Porém, eles também apontam que a complexidade no canto em certas linhagens é uma característica que foi selecionada por fêmeas em busca de parceiros, com a complexidade do canto sendo selecionada de modo semelhante à cauda do pavão.  Além da atração de parceiros, o canto em indivíduos machos também tem como função reprodutiva, por assim dizer, em defender o território contra outros machos, e em ambos as variações individuais afetam o sucesso reprodutivo do indivíduo. Aves que cantam possuem um órgão vocal bipartido chamado siringe que se localiza na junção da traqueia com os brônquios, onde o som é gerado pela oscilação de membranas nos dois lados da siringe. Cada lado possui músculos próprios, que proporcionam flexibilidade e controle independente da frequência e amplitude do som, dando um grau de especialização acústica único. Os cantos de aves adultas estão associados à coordenação da respiração e de músculos da siringe, sendo controlados pelo sistema somatossensorial do animal. O mecanismo de emissão do som se baseia em três estados motores das membranas das siringes, dependendo da mudança da demanda vocal e respiratória do animal, e estão relacionados com inspiração, fonação e mudez. Na inspiração, a membrana se encontra afastada da corrente de ar, reduzindo a resistência ao fluxo de ar e repondo o ar exalado na vocalização. Durante a fonação, as membranas devem estar “entreabertas”, permitindo passagem de ar de dentro da ave para fora de um modo que essa corrente gera uma vibração e, consequentemente, emissão sonora.

As membranas podem vedar completamente cada lado da siringe, emudecendo-o. Isso, em conjunto com as características peculiares de cada lado da siringe, torna possível que a ave emita sons distintos ao mesmo tempo, ou combinar sons diferentes para emitir um canto mais complexo. Entre as aves que cantam, existem espécies que cantam de maneira estereotipada, ou seja, não apresentam variações populacionais e/ou individuais. O canto dessas aves é determinado geneticamente e desenvolvido sem necessidade de aprendizagem a partir de um modelo. Outras aves possuem canto mais complexo, e apresentam variações individuais e populacionais. É comum encontrarmos dialetos diferentes de populações diferentes. O processo de aprendizagem de canto em aves é mediado por memorização e coordenação vocal-auditiva, dependendo da movimentação complexa e precisa das membranas da siringe. A modalidade de canto inato é encontrada principalmente em Passeriformes da subordem Suboscines, enquanto a modalidade de canto aprendido é encontrada principalmente em Passeriformes da subordem Oscines. Os pássaros, ou aves canoras, compreendem quantitativamente a mais numerosa das ordens, incluindo mais da metade de todas as espécies de aves existentes em nosso tempo. Encontram-se entre os membros dessa ordem aves de dimensões pequenas e médias.

A forma do bico varia bastante, dependendo do respectivo tipo de alimentação. As pernas são demonstrativas da origem arborícola das aves canoras. Os quatro dedos estão todos implantados ao mesmo nível, encontrando-se o primeiro permanentemente invertido. O tarso é coberto por escamas pequenas, em forma de lâminas. A plumagem é suficientemente densa e a penugem fina. O canto dos pássaros é geralmente melodioso. As suas características dependem da estrutura do aparelho fonador (a siringe), bem como da quantidade e posição dos músculos deste, que variam entre um e sete. As aves canoras são, na sua maioria, monógamas, vivendo com um único parceiro ao longo de toda época do acasalamento; no entanto, também se conhecem espécies polígamas, com um macho dominante que acasala com várias fêmeas. Os ninhos dos pássaros são, provavelmente, os que envolvem uma construção mais elaborada entre todas as espécies de aves. São, na sua maioria, em forma de taça, sendo muitos deles, exemplos perfeitos de engenharia. Os filhotes são nidícolas, isto é, nascendo cegos, desprovidos de penas, e raramente cobertos de penugem. São completamente dependentes dos progenitores durante um bom tempo de duração desde o nascimento até o desenvolvimento em sua formação. Pedem alimento aos pais, esticando o pescoço e abrindo o bico, desde as primeiras horas logo após o nascimento. Para uma melhor orientação dos progenitores durante o processo vital de alimentação, os bicos dos filhotes apresentam comissuras coloridas, manchas na língua, ou mesmo pontos florescentes na garganta. A classificação dos Passeriformes é bastante complexa, baseando-se no número e posição dos músculos fonadores e na concreção dos músculos flectores dos dedos.                 

Em Ecologia, um “biótopo” ou “ecótipo”, é representa uma região que apresenta regularidade nas condições ambientais e nas populações animais e vegetais. Corresponde à menor parcela analiticamente de um habitat que é possível mensurar geograficamente. Mais amplamente, também pode ser considerado como um lugar que oferece as condições socioambientais adequadas para a subsistência de uma comunidade de organismos vivos. Este conceito costuma ser confundido com o de “nicho ecológico”, mas enquanto o biótopo consiste na relação criada entre o ser vivo e a totalidade dos fatores ambientais que o afetam, nicho ecológico diz respeito à maneira como os organismos respondem aos recursos existentes, à competição com outros seres e aos fatores ambientais presentes em sua zona de vida para sobreviver. Biocenose, biota ou comunidade biológica é o grupo de seres vivos de diferentes espécies que coexistem e desenvolvem sua reprodução no mesmo biótopo. O termo biocenose foi criado extraordinariamente pelo zoólogo alemão Karl August Möbius (1825-1908), em 1877, para ressaltar “a relação de vida em comum dos seres que habitam determinada região”. 

A biocenose de uma típica floresta, por exemplo, compõe-se de populações de arbustos, árvores, pássaros, formigas, microrganismos etc., que convivem e se inter-relacionam. Combinam características físicas e químicas no ambiente do ar ou da água para os organismos vivos e o ambiente. Define características físicas básicas para a existência de animais e plantas, e determina a gama de organismos que podem existir em um determinado ecossistema. Edafotop é o ambiente pedológico (ou do solo) de um biótopo. A edafologia é a ciência que trata da influência dos solos em seres vivos, particularmente plantas, incluindo o uso do solo pelo ser humano com a finalidade de proporcionar o desenvolvimento das plantas. Epifitismo é uma relação de inquilinismo entre duas plantas ou algas, na qual uma planta (epífita) vive sobre a outra (forófito), utilizando-se apenas de apoio e sem dela retirar nutrientes e sem estabelecer contato com o solo. O epifitismo é comum nas florestas tropicais e abundante em comunidades de algas. Nas florestas, sua evolução teve como característica marcante a conquista de melhores espaços, em termos de insolação, acompanhada por condições de maior estresse para aquisição de água e nutrientes.  Em ambientes aquáticos, deve-se apenas a existência de substrato sólido e fixo disponível para colonização. Distinguem-se das hemiepífitas por terem um ciclo de vida que não inclui em qualquer das suas etapas o enraizamento no solo. O termo epífito é de Charles-François Mirbel (1775-1854) e vem da junção de epíphyto, significando, portanto, “sobre planta” (1815). Tornou-se reconhecido com as obras de Andreas Franz Wilhelm Schimper (1856-1901) sobre epífitas das “Índias ocidentais” e das Américas. 

O termo forófito, por sua vez, é utilizado em oposição a hospedeiro pois este denota relação parasítica. Provém da junção das palavras foro (sustentar) e fito (planta), podendo ser substituído por árvore-suporte. A ecologia das epífitas aquáticas difere das registradas em ambientes terrestres. Em ambientes aquáticos, especialmente os marinhos as epífitas são espécies de algas e bactérias, e mais raramente macrófitas. Alguns pesquisadores também incluem nesta categoria organismos como fungos, esponjas, briozoários, ascidias, protozoários, crustáceos, moluscos assim como qualquer organismo séssil que crescem nas superfícies de plantas, tipicamente ervas marinhas e árvores de mangue, ou em algas. Elevadas abundâncias de epífitas podem afetar negativamente as plantas-suporte causando danos físicos ou levando a morte, particularmente das ervas marinhas. Isto deve-se ao fato de que, em elevadas densidades, as epífitas podem chegar a bloquear a luz solar impedindo a fotossíntese do hospedeiro. Epífitas em ambientes marinhos conhecidamente crescem em velocidades altas e se reproduzem com facilidade. Epífitas são plantas que, sem contato com o solo, necessitam do suporte fornecido por árvores para seu desenvolvimento. Nos ambientes florestais podem ser divididas em epífitas avasculares, formadas principalmente por hepáticas e musgos, e vasculares, que incluem principalmente pteridófitas e angiospermas e, mais raramente, gimnospermas. Suas raízes se fixam externamente nos troncos ou galhos e nunca emitem estruturas haustoriais, nem ocorre contato com o xilema ou floema dos forófitos. Plantas com estas habilidades são denominadas hemiparasitas, quando invadem o xilema, ou parasitas quando invadem o floema. As epífitas podem estar expostas a elevados índices de insolação, extremos de temperatura e umidade além de variações na quantidade de água disponível. Para sobreviver necessitam de adaptações, tanto nos aspectos morfológicos quanto fisiológicos. 

Em geral, as epífitas vicejam sobre o tronco das árvores e dispõe de raízes superficiais que se espalham pela casca e que absorvem a matéria orgânica em decomposição disponível. Muitas vezes, as raízes são acompanhadas por um fungo microscópico que faz uma associação mutualística conhecida como micorriza, que se encarrega de transformar a matéria orgânica morta em sais minerais, facilitando a sua absorção pela planta. Por vezes, o epífito não absorve matéria prima da superfície da árvore ou arbusto, e suas raízes podem ser atrofiadas ou ausentes, de modo que o epífito utiliza seu hospedeiro apenas como suporte para alcançar seu ambiente ideal nos estratos da floresta. As epífitas jamais buscam alimento nos organismos hospedeiros. Suas raízes superficiais não absorvem a seiva da planta hospedeira, não há qualquer relação de parasitismo. Melhor dizendo, a presença de epífitas não prejudica a árvore ou arbusto onde elas vegetam. A incidência de espécies epífitas diminui à medida que se aumenta a distância para a Linha do Equador, ou afasta-se das florestas úmidas para áreas mais secas. Alguns exemplos de epífitas são as polipodiáceas (fetos ou samambaias); cactáceas (flor-de-maio); as bromeliáceas (bromélias ou gravatás); as orquidáceas (orquídeas). Espécies epífitas são particularmente entre as Bryophyta, Pteridophyta, Orchidaceae, Gesneriaceae, Begoniaceae, Bromeliaceae e Araceae. Há também certas algas verdes que vivem sobre árvores hic et nunc em terra firme. No caso das bromélias, existem as epífitas e as não epífitas: todas têm seu cálice em forma de rosa no ponto onde as folhas se juntam, numa chamada “disposição rosácea”; este mecanismo faz com que recebam água da chuva, poeira e pequenos insetos mortos, que, decompostos pela água e misturados à poeira, serão aproveitados em sua nutrição. As orquídeas têm aproximadamente cerca de 800 gêneros, quase 35 mil espécies já catalogadas e aproximadamente 5 mil em processo de catalogação desde 2004. Estão presentes em todos os continentes, menos nas áreas polares que são zonas térmicas da Terra. Têm as raízes revestidas com uma espécie de velame: um tecido formado por células mortas que atuam como uma esponja, absorvendo a umidade e nutrientes.

O bem-te-vi (português brasileiro) ou bem-te-vi-de-coroa (português europeu) de nome científico: Pitangus sulphuratus, tem como representação social uma espécie de ave passeriforme da família dos tiranídeos. São uma família de aves passeriformes, cuja distribuição estende-se do Alasca à Terra do Fogo, sendo mais concentrada na região neotropical. É considerada a maior família de aves da Terra, com cerca de 400 espécies. No Brasil ocorrem cerca de 300 espécies de tiranídeos incluindo o bem-te-vi. Em todos os países das Américas, exceto nos Estados Unidos da América e Canadá, é considerada a “família mais diversificada dentre as aves”. Seus membros variam muito em termos de plumagem, morfologia e forma de reprodução. Alguns tiranídeos assemelham-se a Muscicapídeos do Velho Mundo. São membros da Subordem Tyranni (Suboscines), que não têm as sofisticadas capacidades vocais dos Oscines. É um pássaro adaptado ao ambiente urbano, sendo encontrado em praças, parques e áreas de vegetação alteradas pelo homem. Com cerca de 23 centímetros, o bem-te-vi tem uma coloração parda no dorso; amarela viva na barriga; uma listra branca no alto da cabeça e o bico é preto e achatado. Sua vocalização é bastante popular e dela deriva vários nomes comuns. Os únicos representantes do gênero Pitangus eram o bem-te-vi e a espécie Pitangus lictor, porém atualmente só uma espécie se enquadra neste gênero, o próprio bem-te-vi. A espécie Pitangus lictor agora é sinônima da atual Philohydor lictor, o bem-te-vizinho.

A região neotropical é a região biogeográfica que compreende a América Central, incluindo a parte Sul do México e da península da Baja California, o Sul da Florida, todas as ilhas do Caribe e a América do Sul. Apesar do seu nome, esta região biogeográfica inclui, não só regiões de clima tropical, mas também de climas temperado e de altitude. É uma região de grande biodiversidade, com ecossistemas tão diversos como a floresta amazônica, a floresta temperada valdiviana do Chile, a floresta subpolar de Magalhães da Patagônia, o cerrado, a mata atlântica, o pantanal, os pampas e a caatinga. As Américas Central e do Sul faziam parte do supercontinente Gondwana, juntamente com as regiões que são a África, a Austrália, a Índia e a Antártida. Por essa razão, a região neotropical mantém ainda marsupiais e espécies da flora antártica. Quando este “novo” continente se juntou à América do Norte, há cerca de três milhões de anos, houve alguma troca de material genético com aquele continente, incluindo os antepassados dos atuais tatus e gambás, migrando para norte, e os antepassados dos atuais camelídeos sul-americanos, como a llama e a alpaca, migrando para sul e extinguindo-se na sua pátria de origem. Trinta e uma famílias de aves são endêmicas dos neotrópicos, duas vezes mais do que em qualquer outra região biogeográfica e incluem a ema (família Rheidae), a azulona e os inhambús (família Tinamidae), os mutuns (família Cracidae) e os tucanos. As famílias de aves originárias da região incluem os colibris (família Trochilidae) e os pássaros da subfamília Troglodytinae

As regiões tropicais úmidas ou áridas do mundo apresentam peculiaridades distintas das regiões temperadas no que concerne ao clima, ao solo, à vegetação e à ação antropomórfica. No que concerne ao clima deve ser dado destaque à chuva devido à grande variação de precipitação pluvial que ocorre dentro do período chuvoso bem como à existência de períodos de secas prolongadas, como experimento no Nordeste brasileiro entre os anos de 1979 e 1983. Uma classificação do Nordeste baseada na quantidade e distribuição da chuva foi feita por Hargreaves (1974). As variações de solo e temperatura não são tão contrastantes quanto à precipitação pluvial, contudo a interação social de tais fatores e da altitude chegam a causar mudanças de grande significação na vegetação, dando origem a formações vegetais distintas dentre a mais extensa, a caatinga, com suas características próprias e com grandes implicações nas formas de utilização pelo homem. São insetívoros, embora alguns poucos se alimentem de frutos ou de pequenos vertebrados, como por exemplo pequenas rãs. Os menores membros da família são os relacionadas com o maria-caçula e o Myiornis atricapillus. Com um comprimento total de 6,5-6,8 cm e um peso de 4-5 gramas, são os menores passeriformes da Terra. O maior é o gaúcho-grande com 29 cm e 88 gramas.

Algumas espécies, como a que é representada pelo tesoura-do-brejo, o Tyrannus forficatus e o “tesourinha” têm um comprimento total maior. A riqueza de espécies de Tyrannidae, quando comparada ao habitat é variável. Nas florestas da planície tropical e florestas nubladas têm a mais alta diversidade caracterizada de espécies numa única região de interesse, enquanto que muitos habitats, incluindo rios, palmeirais, florestas de areia branca, borda das florestas tropicais caducifólias, florestas temperadas do Sul, região de pequenos arbustos das florestas semiúmidas ou úmidas de montanha e pradarias temperadas do Norte têm a menor diversidade de espécies. A variação entre o maior e o menor é extrema; noventa espécies podem ser encontradas nas florestas da planície tropical, enquanto que o número comparado de espécies que podem ser encontradas nos habitats listados é de um único algarismo. Isto pode dever-se em parte, ao poucos nichos encontrados em determinadas áreas e, poucos lugares para as espécies ocuparem. A contagem difere apenas por três espécies; as florestas da planície tropical têm 49 espécies endêmicas e as florestas nubladas têm 46 espécies endêmicas. Pode-se supor que ambas têm níveis semelhantes de especialização. Regionalmente, a Mata Atlântica tem a mais elevada riqueza de espécies com a Tumbes-Chocó-Magdalena vindo logo a seguir.

As espécies Camptostoma imberbe e Pachyramphus aglaiae são protegidas pelo Ato de Migração de Aves de 1918. A situação para um número de outras espécies da América do Sul e América Central é muito mais problemática. Em 2007, a BirdLife International (e, consequentemente a União Internacional para Conservação da Natureza considerou duas espécies: a cara-dourada e a maria-catarinense criticamente ameaçadas. Ambas são endêmicas do Brasil. Além disso, sete espécies foram consideradas em perigo e dezoito vulneráveis. Em suas línguas oficiais, respectivamente International Union for Conservation of Nature e Union internationale pour la Conservation de la Nature, também reconhecida pelas siglas UICN e IUCN, é uma organização civil dedicada à conservação da natureza. Fundada em 1948, a UICN reúne mais de 1 250 organizações, incluindo 84 governos nacionais, 112 agências de governo e um grande número de organizações não-governamentais (ONG) nacionais e internacionais, e cerca de dez mil membros individuais, que são cientistas e especialistas divididos em seis comissões. A esses números somam-se os mais de mil funcionários do secretariado da UICN, alocados em mais de sessenta países. Sua sede está localizada em Gland, na Suíça. A missão da UICN é influenciar, encorajar e assistir sociedades para a conservação da natureza, e assegurar que todo uso dos recursos naturais seja equitativo e ecologicamente sustentável.

A colaboração com governos nacionais e regionais, comunidades e outros organismos, para que sistemas de áreas protegidas sejam criados e geridos corretamente, é uma das especialidades da UICN e constitui um de seus objetivos principais e das organizações que a compõem. Ela apoia pesquisas científicas, administra projetos de campo e congrega governos, Organizações Não-Governamentais, agências das Nações Unidas, companhias e comunidades para que sejam desenvolvidas e implementadas leis e políticas ambientais que estejam de acordo com sua missão. As origens da UICN remontam à 2ª Guerra Mundial, tendo sido criada por proposição de alguns governos, e sob a égide da Unesco e de seu primeiro presidente, Julian Huxley (1887-1975), neto do naturalista Thomas Huxley (1825-1895) e irmão de Aldous Huxley (1894-1963). À época as Nações Unidas estavam no processo político de serem criadas, e os governos dos Estados Unidos da América, França e Reino Unido discutiam a necessidade de criar uma instituição de amplitude internacional dedicada a promover a proteção da natureza. No entanto, havia desacordo entre esses governos quanto à natureza da nova instituição, que poderia ou não pertencer ao quadro das Nações Unidas. Desejando dar à organização uma base científica, e para que esse e outros temas fossem discutidos, Huxley organizou um congresso que ocorreria em Fontainebleau, em 5 de outubro de 1948. Participaram 18 governos, 7 organizações internacionais e 107 organizações nacionais de conservação da natureza, que concordaram em formar a instituição e mantê-la de natureza privada, assinando, portanto, uma “ata constitutiva” criando a International Union for the Protection of Nature. O trabalho da UICN concentra-se em uma série de iniciativas, mas dentre elas se destacam “a criação de parques naturais para a preservação ambiental”.

Bibliografia Geral Consultada.

GUATTARI, Félix, As Três Ecologias. Campinas (SP): Editora Papirus, 1990; MARCUSE, Herbert, “La Ecología y la Crítica de la Sociedad Moderna”. In: Ecología Política - Cuadernos de Debate Internacional. Barcelona, n° 5, pp. 73-79, 1993; HEGEL, Friedrich, Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio (1830). Volume III. A Filosofia da Natureza. São Paulo: Edições Loyola, 1997; SATO, Michèle, Educação para o Ambiente Amazônico. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 1997; CLAVAL, Paul, La Geographie du XXeme Siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 2004; LÖWY, Michael, Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez Editores, 2005; SICK, Helmut, Ornitologia Brasileira. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001; FRISCH, Christian Dalgas; FRISCH, Johan Dalgas, Aves Brasileiras e Plantas Que As Atraem. 3ª edição. São Paulo: Editora ‏Dalgas Ecoltec, 2005; LÖWY, Michael, Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez Editores, 2005; CARVALHO, Liliane Souza Dantas, Repertório Vocal e Variações no Canto de Basileuterus spp. (Passeriformes, Parulidae) em Fragmentos de Mata (Uberlândia, MG). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais. Instituto de Biologia. Departamento de Ciências Biológicas. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2010; SILVA, Pedro Henrique Vieira Braga Pereira, Descrição do Repertório Acústico e Estudo sobre a Variação Individual no Canto de Macho de Uma População de Embernagra longicauda (Aves, Passeriformes). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Instituto de Ciências Biológicas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2016; ZORZAL, Ravel Rocon, Diversidade de Espécies de Aves na Região Metropolitana da Grande Vitória, Espírito Santo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecossistemas. Vila Velha: Universidade de Vila Velha, 2016; entre outros. 

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