domingo, 4 de fevereiro de 2024

A Garota da Agulha – Arquétipo & Consciência Histórica e Lendária.

 Eu gosto do lado sombrio, mas também do lado bom. Eu gosto dos dois”. Magnus von Horn

O filme A Garota da Agulha desenvolveu-se a partir de um roteiro que Magnus von Horn co-escreveu com Line Langebek, baseado em aspectos sociais da história da assassina em série dinamarquesa Dagmar Overbye (1887-1929), que manipulou mães empobrecidas para deixar seus filhos supostamente indesejados sob seus cuidados, mas juridicamente tidos como “adotados”, e posteriormente os assassinou. Em Copenhague, a jovem grávida Karoline assume uma posição como “ama de leite” para uma mulher mais velha chamada Dagmar para ajudar a se sustentar. Dagmar opera uma agência de adoção clandestina disfarçada de uma “loja de doces”, auxiliando mães a colocar seus recém-nascidos indesejados em lares adotivos. Ela foi condenada à morte pela primeira vez em 1921, mas mais tarde foi alterada posteriormente pena para prisão perpétua. Overbye é a assassina em série mais prolífica da Dinamarca. Uma coprodução entre a Dinamarca, Polônia e Suécia, foi estrelado por Vic Carmen Sonne e Trine Dyrholm. O filme foi selecionado para competir pela Palm d`Or no 77º Festival de Cinema de Cannes, estreando em 15 de maio de 2024 com aclamação da crítica. Foi nomeado um dos 5 melhores filmes de 2024 pelo National Board of Review. E escolhido como a entrada dinamarquesa para Melhor Filme Internacional, foi indicado ao 97º Oscar. 

O homem é essencialmente razão. O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a cada um. A razão não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto de si mesmo, então o homem é por si. A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos. O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Todo conhecer, todo aprender, toda visão na vida terrena, toda ciência, inclusive toda atividade humana, não possui nenhum interesse além do aquilo que filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença na história real do mundo.

Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem: a meditação sobre liberdade. O conceito de figuração distingue-se de outros conceitos abstratos da sociologia por incluir expressamente os seres humanos em sua formação social. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira, uma forma determinada singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra, por tanto por meio do ingresso singular do mundo simbólico específico de uma figuração já existente de seres humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso único dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos apreendidos. Sem sua apropriação, sem, por exemplo, o aprendizado de determinada língua especifica, os humanos não seriam capazes de se orientar no seu mundo concretamente nem de se comunicar uns com os outros.               

O conceito de figuração distingue-se de outros conceitos abstratos da sociologia por incluir expressamente os seres humanos em sua formação social. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira, singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra, por tanto por meio do ingresso singular do mundo simbólico específico de uma figuração já existente de seres humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos apreendidos pela memória. Sem sua apropriação realmente, sem, por exemplo, o aprendizado de determinada língua especificamente social, os seres humanos não seriam capazes de se orientar no seu mundo concretamente nem de se comunicar uns com os outros. Um ser humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da língua e do conhecimento de determinado grupo permanece fora das figurações humanas, pois não é um ser humano.

Um ser humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da língua e do conhecimento de determinado grupo social permanece fora de todas as figurações humanas, pois não é um ser humano. As definições são amplas e vagas, e seria legítimo indagar, escolhendo-as mais ou menos ao acaso, para inferir que resultam de um controle, estímulo ou complexo de estímulos que provoca uma reação. Assim, pois, todos os estímulos são controles, pois representam a direção do comportamento por influências grupais, estimulando ou inibindo a ação individual (os sonhos) ou coletivamente (mitos, ritos, símbolos). O controle social pode ser definido como a soma total ou, antes, o conjunto de padrões culturais, símbolos sociais, signos coletivos, valores culturais, ideias e idealidades, tanto como atos quanto como processos diretamente ligados a eles, pelo qual a sociedade de forma inclusiva, opera em cada grupo particular, e cada membro individual participante superam as tensões e os conflitos entre si, através do equilíbrio temporário, e se dispõem a novos esforços criativos. Em toda a dimensão da vida associativa deverá haver algum ajustamento de relações sociais tendentes a prevenir a interferência de direitos civis e a questão dos privilégios entre os indivíduos. São três as funções do estabelecidas pelo controle social: a obtenção e a manutenção da ordem social, da proteção social e da eficiência social. 

O seu emprego na investigação sociológica contribuiu consideravelmente para produzir uma simplificação técnico-metodológica ou uma redução na análise dos problemas sociais, conseguida proporcionalmente, graças à compreensão positiva da integração das contradições correspondentes no sistema de organização das sociedades e da importância relativa de cada um deles, como e enquanto expressão do jogo social da vida humana.  Embora obscuro e equívoco, em seu significado, o conceito de controle social é necessário à investigação sociológica na modernidade, encontraram um sistema de referências propício à sua crítica científica, seleção lógica e coordenação metódica. O crescimento de um jovem convivendo e habitando comum em figurações humanas, como processo social e experiência, assim como o aprendizado de um determinado esquema de autorregulação na relação social com os seres humanos, é condição indispensável ao desenvolvimento rumo à humanidade. Portanto, socialização e individualização de um ser humano, são nomes diferentes para o processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros, e é, ao mesmo tempo, diferente de todos os outros. O mais das vezes, as teorias sociológicas deixam sem resolver o problema da relação entre indivíduo e sociedade; nem sempre a sociedade está aberta para o ato de se comunicar.

As definições são amplas e vagas, e seria legítimo indagar, escolhendo-as mais ou menos ao acaso, para inferir que resultam de um controle, estímulo ou complexo de estímulos que provoca uma reação. Assim, pois, todos os estímulos são controles, pois representam a direção do comportamento por influências grupais, estimulando ou inibindo a ação individual ou coletivamente (mitos, ritos, símbolos). O controle social pode ser definido como a soma total ou, antes, o conjunto de padrões culturais, símbolos sociais, signos coletivos, valores culturais, ideias e idealidades, tanto como atos quanto como processos diretamente ligados a eles, pelo qual a sociedade de forma inclusiva, opera em cada grupo particular, e cada membro individual participante superam as tensões e os conflitos entre si, através do equilíbrio temporário, e se dispõem a novos esforços criativos. Ipso facto, em toda a dimensão da vida associativa deverá haver algum ajustamento de relações sociais tendentes a prevenir a interferência de direitos e privilégios entre os indivíduos. Especificamente são três as funções do estabelecidas pelo controle social: a obtenção e a manutenção da ordem social, da proteção social e da eficiência social. O seu emprego hic et nunc na investigação sociológica contribuiu consideravelmente para produzir uma simplificação ou redução na análise dos problemas sociais, conseguida proporcionalmente, graças à compreensão positiva da integração das contradições correspondentes no sistema de organização das sociedades e da importância relativa de cada um deles, como e enquanto expressão do jogo social da vida humana. 

O filme A Garota da Agulha desenvolveu-se a partir de um roteiro que Magnus von Horn co-escreveu com Line Langebek, baseado em aspectos sociais da história da assassina em série dinamarquesa Dagmar Overbye (1887-1929), que manipulou mães empobrecidas para deixar seus filhos supostamente indesejados sob seus cuidados, mas juridicamente tidos como “adotados”, e posteriormente os assassinou. Em Copenhague, a jovem grávida Karoline assume uma posição como “ama de leite” para uma mulher mais velha chamada Dagmar para ajudar a se sustentar. Dagmar opera uma agência de adoção clandestina disfarçada de uma “loja de doces”, auxiliando mães a colocar seus recém-nascidos indesejados em lares adotivos. Ela foi condenada à morte pela primeira vez em 1921, mas mais tarde foi alterada posteriormente pena para prisão perpétua. Overbye é a assassina em série mais prolífica da Dinamarca. Uma coprodução entre a Dinamarca, Polônia e Suécia, foi estrelado por Vic Carmen Sonne e Trine Dyrholm. O filme foi selecionado para competir pela Palm d`Or no 77º Festival de Cinema de Cannes, estreando em 15 de maio de 2024 com aclamação da crítica. Foi nomeado um dos 5 melhores filmes internacionais pelo National Board of Review. E escolhido como a entrada dinamarquesa para Melhor Filme Internacional, foi indicado ao 97º Oscar.

Embora obscuro e equívoco, em seu significado, o conceito de controle social é necessário à investigação sociológica na modernidade, encontraram um sistema de referências propício à sua crítica científica, seleção lógica e coordenação metódica. O crescimento de um jovem convivendo e habitando comum em figurações humanas, como processo social e experiência, assim como o aprendizado de um determinado esquema de autorregulação na relação social com os seres humanos, é condição indispensável ao desenvolvimento rumo à humanidade. Socialização e individualização do ser humano, são nomes diferentes para o processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros, e é, ao mesmo tempo, diferente de todos os outros. O mais das vezes, as teorias sociológicas deixam sem resolver o problema da relação entre indivíduo e sociedade. Quando se fala que uma criança se torna um indivíduo humano por meio da integração em determinadas figurações, como, por exemplo, em famílias, em classes escolares, em comunidades aldeãs ou em Estados, assim como mediante a apropriação e reelaboração de um patrimônio simbólico social, conduz-se o pensamento por entre dois grandes perigos da teoria e das ciências humanas: o perigo de partir de um indivíduo a-social, portanto como que de um agente que existe por si mesmo; e o perigo de postular um “sistema”, um “todo”, em suma, uma sociedade humana que existiria para além do ser humano singular, para além dos indivíduos. Embora não possuam um começo absoluto, não tendo nenhuma outra substância a não ser seres humanos gerados familiarmente por relacões de parentesco entre pais e mães, as sociedades humanas não são simplesmente um aglomerado cumulativo dessas comunidades de pessoas.

O convívio dos seres humanos em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na desintegração social, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É isso que o conceito de figuração exprime na vida. Quando se fala que uma criança se torna um indivíduo humano por meio da integração em determinadas figurações, como, por exemplo, em famílias, em classes escolares, em comunidades aldeãs ou em Estados, assim como mediante a apropriação e reelaboração de um patrimônio simbólico social, conduz-se o pensamento por entre dois grandes perigos da teoria e das ciências humanas: o perigo de partir de um indivíduo a-social, portanto como que de um agente que existe por si mesmo; e o perigo de postular um “sistema”, um “todo”, em suma, uma sociedade humana que existiria para além do ser humano singular, para além dos indivíduos. Embora não possuam um começo absoluto, não tendo nenhuma outra substância a não ser seres humanos gerados familiarmente por pais e mães, as sociedades humanas não são  um simples aglomerado cumulativo dessas pessoas. O convívio humano em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na desintegração social, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É isto é exatamente o que o conceito abstrato de figuração exprime.  

A Garota da Agulha (Pigen med nålen) tem como representação social um filme de 2024, do gênero terror psicológico histórico, dirigido por Magnus von Horn, nascido em Gotemburgo, em 21 de dezembro de 1983 é um diretor de cinema e roteirista sueco-polonês. Ele se formou na Escola Nacional de Cinema de Łódź em 2013. O terror psicológico geralmente visa criar desconforto psicológico ou pavor expondo as relações sociais entre vulnerabilidades/medos psicológicos e emocionais comuns ou universais e revelando as partes mais obscuras da psique humana que a maioria das pessoas pode reprimir ou negar. Essa ideia é referida na psicologia analítica como as características arquetípicas da sombra: suspeita, desconfiança, dúvida e paranoia dos outros, de si mesmos e do mundo. Poucos meses depois de chegar à Polônia, ele foi brutalmente roubado, o que fez com que ele, o ponto de vista do discurso sobre o poder se interessasse pela violência. O primeiro filme realizado foi um curta-metragem sobre um jovem criminoso polonês. O curta-metragem de 2011, Utan snö, foi indicado ao Prêmio Guldbagge de Melhor Curta-Metragem. Seu primeiro longa-metragem, Efterskalv, estreou na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cinema de Cannes de 2015.

Karoline se aproxima de Dagmar, e se depara com a realidade de pesadelo em que entrou involuntariamente. Ela assassinou entre 9 e 25 crianças, incluindo uma das suas, durante um período consecutivo de sete anos, de 1913 a 1920. Em 3 de março de 1921, ela foi condenada à morte em um dos julgamentos mais notáveis da história social dinamarquesa, isto é, um julgamento que mudou definitivamente a legislação sobre cuidados infantis. A sentença foi posteriormente comutada para prisão perpétua. Overbye trabalhava como cuidadora profissional de crianças, cuidando de bebês tipicamente nascidos fora do casamento legal e assassinando seus próprios filhos. Ela os estrangulava, afogava ou queimava os bebês até a morte em seu aquecedor de alvenaria. Os corpos eram cremados, enterrados ou escondidos cuidadosamente no sótão. Overbye foi condenada por nove assassinatos, pois não havia provas suficientes dos outros. Seu advogado de defesa baseou o discurso jurídico no fato social de provavelmente Overbye “ter sofrido abusos quando bebê, mas essa alegação não impressionou o juiz”. Ela se tornou uma das três mulheres condenadas à morte na Dinamarca no século XX, mas, obteve indulto como as outras duas. O indulto pode ser individual ou coletivo e geralmente é concedido por razões humanitárias, políticas ou sociais. Ela morreu na prisão em 6 de maio de 1929, aos 42 anos de idade. Notas relacionadas ao seu estudo de caso estão incluídas no Museu Politihistorisk em Nørrebro, em Copenhague.

Carl Jung vai buscar esta noção metodologicamente em Jakob Burckhardt (1818-1897) e faz dela sinônimo de origem primordial, de enagrama, de margem original, de protótipo social. O pensador evidencia claramente o caráter de trajeto antropológico dos arquétipos quando escreve que a imagem primordial deve incontestavelmente estar em relação com certos processos perceptíveis da natureza que se reproduzem sem cessar e são sempre ativos, mas por outro lado é igualmente indubitável que ela diz respeito também a certas condições inferiores da vida do espírito e da dinâmica da vida em geral. Longe de ter a primazia sobre a imagem, a ideia seria tão-somente o comprometimento pragmático do arquétipo imaginário num contexto histórico e epistemológico dado.  Neste sentido, o mito representa um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema tende a compor uma narrativa. O mito é já um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e progressivamente os arquétipos em ideias culturais. Na realidade mito explicita a relação de esquema ou um grupo de esquemas.

Do modo que o arquétipo promovia a ideia, o símbolo o nome, e com Gilbert Durand, reconhecidamente um fabuloso antropólogo, filósofo, pesquisador e professor universitário francês por seus trabalhos sobre imaginário e mitologia, que o mito promove a doutrina religiosa, o sistema filosófico ou, como bem anteviu Émile Bréhier, a “narrativa histórica e lendária”.  Foi um filósofo francês, conhecido pelos seus trabalhos sobre a história da filosofia. Seguidor dos estoicos, Bréhier era também um seguidor de Henri Bergson e herdou sua cátedra na Sorbonne e na Academia das Ciências Morais e Políticas, em 1941. É mediante este princípio, que o psicólogo Carl Jung sentiu abrangido por seus conceitos de “Arquétipo” e “Inconsciente coletivo”, justamente o que uniu o médico psiquiatra Jung ao físico Wolfgang Pauli, que em 1945, após ter sido nomeado por Albert Einstein, Pauli recebeu o Prêmio Nobel de Física por sua “contribuição decisiva através da descoberta de uma nova lei da Natureza, o princípio de exclusão ou princípio de Pauli”. A descoberta envolveu a teoria do spin, que é a base de uma teoria social da estrutura da matéria, dando início às pesquisas interdisciplinares pari passu em física e psicologia. A sincronicidade, vale lembrar, se manifesta muitas vezes atemporalmente e/ou em eventos energéticos acausais, e em ambos são violados princípios associados ao paradigma científico vigente.

Magnus von Horn se formou na Escola de Cinema de Łódź em 2013. A Escola de Cinema de Łódź (Polônia) é uma das mais antigas e prestigiadas escolas de cinema da Europa, reconhecida por formar cineastas de renome internacional como Roman Polański, Andrzej Wajda e Krzysztof Kieślowski. Fundada em 1948, a escola oferece cursos de graduação, pós-graduação e doutorado em diversas áreas do cinema, incluindo direção, cinematografia, edição e produção. A escola tem uma longa história e uma reputação sólida na indústria cinematográfica, sendo considerada um berço de talentos. Ela investe em novos departamentos e equipamentos modernos, oferecendo aos alunos acesso a estúdios de TV e rádio, salas de edição e animação, e equipamentos de filmagem em 16mm e 35mm. As aulas são ministradas em polonês, mas a escola oferece um curso intensivo de polonês para estudantes estrangeiros que não dominam per se o idioma. O processo de admissão envolve testes, entrevistas e análise do currículo, sendo bastante competitivo, especialmente para programas de estudos e pesquisas de pós-graduação. A escola é gratuita para cidadãos da União Europeia (UE), enquanto estudantes podem esperar pagar entre 4.000 e 11.000 euros por ano, dependendo do programa. A escola possui uma unidade dinâmica dedicada a viabilizar projetos cinematográficos dos alunos e apoiar institucionalmente as produções autorais.

Além de Polański, Wajda e Kieślowski, a escola também formou renomados diretores de fotografia como Paweł Edelman, Dariusz Wolski e Łukasz Żal.  A Escola de Cinema de Łódź é um local onde os alunos podem desenvolver suas habilidades, ter acesso a recursos de ponta e se conectar com a rica história e tradição do cinema polonês. Na trama cinematográfica poucos meses depois de chegar à Polônia, ele foi brutalmente roubado, uma experiência que despertou seu interesse em explorar pessoas violentas pelo meio de trabalho do cinema. Seu primeiro filme foi um curta-metragem documentário sobre um jovem criminoso polonês. Seu curta de 2011, Without Snow, foi indicado ao Prêmio Guldbagge de Melhor Curta-Metragem. Seu primeiro longa-metragem, The Here After, estreou na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cinema de Cannes de 2015. Seu segundo filme, Sweat, foi selecionado para o Festival de Cinema de Cannes de 2020. Seu terceiro longa-metragem, The Girl with the Needle, estreou em Competição no Festival de Cinema de Cannes de 2024, nomeado um dos Cinco Melhores Filmes Internacionais pelo National Board of Review. Recebeu uma indicação de Melhor Longa-Metragem Internacional no 97º Oscar. Em junho de 2025, Magnus von Horn foi convidado a ingressar na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Copenhague é a capital e a maior cidade da Dinamarca. Está situada na costa oriental da ilha da Zelândia, com uma parte menor na ilha adjacente de Amager, ambas banhadas pelas águas do sul do estreito de Øresund, tendo do outro lado do referido estreito a cidade sueca de Malmö. É o principal centro de comércio, transportes, indústria e serviços da Dinamarca, albergando cerca de 25% da população total do país. É a sede da comuna de Copenhaga, pertencente à Região da Capital. Originalmente uma vila de pescadores viking estabelecida no século X nas proximidades do que hoje é Gammel Strand, Copenhaga tornou-se a capital da Dinamarca no início do século XV. A partir do século XVII, consolidou-se como centro regional de poder com suas instituições, defesas e forças armadas. Durante o Renascimento, a cidade serviu como capital de fato da União de Kalmar, sendo a sede da monarquia, governando a maior parte da atual região nórdica em uma união pessoal com a Suécia e a Noruega governada pelo monarca dinamarquês servindo como chefe de estado. A cidade floresceu como o centro cultural e econômico da Escandinávia sob a união por mais de 120 anos, no século XV até o início do século XVI, quando foi dissolvida com a Suécia deixando a união por meio de uma rebelião.

Após um surto de peste e incêndio no século XVIII, a cidade passou por um período de reconstrução sociológica. Isso incluiu a construção do prestigioso distrito de Frederiksstaden e a fundação de instituições culturais como o Teatro Real da Dinamarca e a Academia Real de Belas Artes. Depois de mais desastres no início do século XIX, quando Horatio Nelson (1758-1805) atacou a frota Dano-Norueguesa e bombardeou a cidade, a reconstrução durante a Era de Ouro dinamarquesa trouxe um visual neoclássico à arquitetura de Copenhaga. Mais tarde, após a 2ª guerra mundial (1839-1945), o Plano Finger promoveu o desenvolvimento de moradias e negócios ao longo das cinco linhas ferroviárias urbanas que se estendiam a partir do centro da cidade. Desde a virada do século XXI, Copenhaga tem visto um forte desenvolvimento urbano e cultural, facilitado pelo investimento em suas instituições e infraestrutura. A cidade é o centro cultural, econômico e governamental da Dinamarca; é um dos principais centros financeiros do norte da Europa com a Bolsa de Valores de Copenhaga. A economia de Copenhaga tem visto um rápido desenvolvimento no setor de serviços, especialmente por meio de iniciativas em tecnologia da informação, produtos farmacêuticos e tecnologia limpa.

Friedrich Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a história detalhada de sua formação. Ou seja, a Fenomenologia vem a ser uma história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à Ciência. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema, o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento do sistema abstrato de interpretação do método dialético, isto é, para poder alcançar a transformação da representação numa noção clara e exata.

Assim, temos a passagem da representação abstrata, para o conceito claro e concreto através do acúmulo de determinações. Aquilo que por movimento dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. Metodologicamente a determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito não se detém na apropriação social, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu a oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia, mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria realidade.

A Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza, produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim à Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas de Hegel ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor dizendo, para Friedrich Hegel, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, na realidade o que se chama conceito pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência. Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro, ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada.

O europeu sabe de si, afirma Hegel, é objeto de si mesmo. A determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como livre. O homem considera a liberdade como sua substância. Se os homens falam mal de conhecer é porque não sabem o que fazem. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto (do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do saber, como se quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a existência. Portanto isto é o segundo, esta é a única diferença da existência (Existenz) a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e eu sou livre somente enquanto existo como livre. A terceira determinação é que o que existe em si, e o que existe por si são somente uma e mesma coisa. Isto quer dizer precisamente evolução. O em si que já não fosse em si seria outra coisa. Por conseguinte, haveria ali uma variação, mudança. Na mudança existe algo que chega a ser outra coisa. Na evolução, em essência, podemos também sem dúvida falar da mudança, mas esta mudança deve ser tal que o outro, o que resulta, é ainda idêntico ao primeiro, de maneira que o simples, o ser em si não seja negado.

Para Friedrich Hegel a evolução não somente faz aparecer o interior originário, exterioriza o concreto contido já no em si, e este concreto chega a ser por si através dela, impulsiona-se a si mesmo a este ser por si. O espírito abstrato assim adquire o poder concreto da realização. O concreto é em si diferente, mas logo só em si, pela aptidão, pela potência, pela possibilidade. O diferente está posto ainda em unidade, ainda não como diferente. É em si distinto e, contudo, simples. É em si mesmo contraditório. Posto que é através desta contradição impulsionado da aptidão, deste este interior à qualidade, à diversidade; logo cancela a unidade e com isto faz justiça às diferenças. Também a unidade das diferenças ainda não postas como diferentes é impulsionada para a dissolução de si mesma. O distinto (ou diferente) vem assim a ser atualmente, na existência. Porém do mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como tal é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do diferente consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a unidade verdadeiramente concreta. É algo concreto, algo distinto. Entretanto contido na unidade, no em si primitivo. O gérmen se desenvolve assim, não muda. Se o gérmen fosse mudado desgastado, triturado, não poderia evoluir. Na alma, enquanto determinada como indivíduo, as diferenças estão enquanto mudanças que se dão no indivíduo, que é o sujeito uno que nelas persiste e, enquanto momentos do seu desenvolvimento.

Desde a conclusão da ponte de Øresund, Copenhaga tornou-se cada vez mais integrada à província sueca de Scania e sua maior cidade, Malmö, formando a região de Øresund. Com várias pontes conectando os vários distritos, a paisagem urbana é caracterizada por parques, passeios e orlas. Os marcos de Copenhague, como os Jardins de Tivoli, a estátua da Pequena Sereia, os palácios Amalienborg e Christiansborg, o Castelo Rosenborg, a Igreja de Mármore, Børsen e muitos museus, restaurantes e casas noturnas são atrações turísticas importantes. Copenhaga é o lar da Universidade de Copenhaga, da Technical University of Denmark, da Copenhagen Business School e da IT University of Copenhagen. A Universidade de Copenhaga, fundada em 1479, é a instituição de ensino universitário mais antiga da Dinamarca. Copenhague é a casa dos clubes de futebol F.C. Copenhague e Brøndby IF. A Maratona Anual de Copenhague foi criada em 1980. Copenhague é uma das cidades mais amigas da bicicleta do mundo. A Movia é a empresa de transporte público de massa que atende todo o Leste da Dinamarca, exceto Bornholm. O Metrô de Copenhaga, lançado em 2002, serve o centro de Copenhaga. Além disso, o Copenhagen S-train, o Lokaltog e a rede Coast Line servem e conectam o centro de Copenhague aos bairros periféricos. Atende a cerca de 2,5 milhões de passageiros por mês, o Aeroporto de Copenhague, Kastrup, é o aeroporto mais movimentado dos países nórdicos.

Susto é um sentimento biológico que ocorre quando uma pessoa vê ou ouve algo inesperado em sua vida cotidiana. Ela vem do Latim surctus, alteração de surrectus, “surgido, levantado subitamente”, de sugere, “levantar-se, erguer-se”. É uma reação do corpo humano contra possíveis ameaças, que resulta no lançamento do hormônio adrenalina na corrente sanguínea. A adrenalina gera vários efeitos no corpo humano, como redirecionamento da corrente sanguínea do sistema intestinal para os músculos e a descarga de adrenalina provoca uma série de efeitos. O primeiro deles é a aceleração dos batimentos do coração e a elevação da pressão arterial. O ritmo frenético aumenta o fluxo sanguíneo nos músculos. O intuito do susto é, biologicamente, preparar o corpo humano a reagir contra a ameaça, mesmo quando esta ameaça de fato não existe como ocorre por exemplo com a exibição de filmes de horror. Mas do ponto de vista clínico, o susto pode causar parada cardíaca e causar tremedeiras, dilatação da pupila e/ou dores corporais, que podem ser os sinais do início da parada cardíaca em alguns casos.

O “pulo de susto” (Jumpscare) é uma técnica frequentemente usada em filmes de terror e jogos eletrônicos com intuito de assustar o público, surpreendendo-o com uma mudança abrupta de imagem ou evento, geralmente ocorrendo com um som alto e assustador. A técnica foi descrita como “um dos blocos de construção mais básicos dos filmes de terror”. O Jumpscare pode surpreender o espectador ao surgir em um ponto do filme em que a trilha sonora está quieta e o público não está esperando nada alarmante acontecer, ou pode ser a recompensa súbita de um longo período de suspense. Alguns descreveram o recurso como modo preguiçoso de assustar os telespectadores, e acreditam que o gênero de terror sofreu um declínio nos anos após uma excessiva confiança no tropo, estabelecendo-o um clichê dos filmes de terror modernos.

A aflição representa um sentimento de agonia, sofrimento intenso, preocupação ou desassossego por alguma causa ou alguma coisa em que vá afetar a vida direta, ou indiretamente. Aflição é ainda a sensação de que algo “não está certo”, ou de que alguma coisa errada ou traumática possa vir acontecer. Em 1668, o dramaturgo grego Ésquilo, reconhecido frequentemente como o pai da tragédia, é o mais antigo dos três trágicos os outros dois são Sófocles e Eurípedes gregos cujas peças ainda existem; já afirmava de forma extremamente atual que “os sofrimentos humanos têm facetas múltiplas: nunca se encontra outra dor do mesmo tom”. Segundo Paula Cassel, o sofrimento “é um estado de aflição severa, associado a acontecimentos que ameaçam a integridade de uma pessoa. Sofrimento exige consciência de si, envolve as emoções, tem efeitos nas relações pessoais do indivíduo ou da pessoa, e tem um impacto no corpo”. Sigmund Freud de forma mais fatídica dizia, em 1930, que “o mal-estar é inerente à condição humana”. Em sua vasta obra teórica e clínica produtiva ele não demonstra soluções para tal angústia. A famosa definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) nos traz o desafio: - “Cuidado paliativo é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade [social] da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”. A partir de tais definições sociais e/ou culturais, em última análise, podemos inferir que o objeto do cuidado paliativo é presentemente a questão tópica da aflição humana.

Os objetivos sociais são o controle de sintomas, a alocação adequada de recursos, a realização de diretrizes avançadas e o não prolongamento artificial de vida. Importante ter atenção para não subestimar sintomas: não se quantifica dor através de exames laboratoriais ou tomógrafos, o que não pode de maneira alguma deslegitima-la. Jacques Salomé de forma provocativa afirma que qualquer sofrimento pode ser entendido como um sinal, um convite para mudar algo em nosso modo de vida. Neste trecho, sofrimento aparece como sinônimo de conflito psicológico. Incontáveis são os convites dos enfermos às equipes médicas de saúde, a maioria deles ignorados. Somatizações que podem ser representadas por invites inconscientes, angústias e medos são diversas vezes vistos como supérfluos quando comparados ao que se pode mensurar ou palpar. Oportunidades de metamorfoses épicas podem ser perdidas se esta dimensão do sofrimento não emergir. Medo de morrer, raiva, tristeza, barganha, aceitação, culpas, não aceitação social da morte, ausência de significado de vida, conflitos familiares, conspiração do silêncio e no trabalho e risco de luto patológico são levados à superfície da boa comunicação.

Acompanhamento familiar, encaminhamento externo, psicoterapia de apoio permanente ou breve são essenciais para uma condução adequada do caso. Por fim, não podem faltar reuniões familiares. Quantas forem necessárias para desmistificar pensamentos mágicos ou conceitos médicos irreais. Cuidar dos familiares se torna tão importante quanto cuidar do paciente. Saber em qual ambiente e circunstâncias sociais está inserido o indivíduo socialmente redimensiona expectativas e reduz suas dificuldades de acesso à terapêutica. Alguns complicadores sociais podem ser o abismo entre a indicação do profissional de saúde e a concretização dela. A saber ausência de cuidador, baixa renda familiar, dificuldade de atendimento médico, conflitos familiares, estresse do cuidador, pendências legais ou financeiras, rede de suporte insuficiente, dificuldade de emissão de atestado de óbito, local para sepultamento ou cremação. Alguns pontos podem não parecer relevantes e provocarem sofrimento. A necessidade de resolução de pendência contratual ou uma dívida. A ausência de rede de suporte traz consequências não apenas emocionais. Há muito o que se caminhar nesta direção.

Os problemas sociais de cura dos doentes merecem uma propedêutica de solução: providenciar cuidador, orientação legal e orientação financeira, acompanhamento individual, acompanhamento familiar, orientação sobre óbito, institucionalização e reunião familiar. Os objetivos são: organizar testamentos e benefícios; regularizar questões financeiras; providenciar funeral e atestado de óbito; ser cuidado por alguém; amparar o cuidador e a família; definir local de óbito. Não somente de carne nós somos feitos. Mesmo os ateus apresentam questões espirituais a serem tratadas, que não se limitam ao cunho religioso. Conflitos com Deus, conflitos religiosos com familiares, proselitismo, restrição ao culto, destruição de valores, ritos ou sacramentos, promessas e obrigações pendentes, ausência de sentido espiritual, expectativas miraculosas e culpa religiosa devem ser investigados por um capelão. Busca-se estar em paz com o Criador, receber o perdão de Deus, receber ritos de sua tradição, sentimento de transcendência, síntese de vida e legado. Isso acontece através da instrumentalização de orientação disciplinar espiritual e religiosa, estímulo de espiritualidade, contato com sacerdote da tradição e orientações familiares. Depois de trabalho multidisciplinar as chances de um fim de vida sofrido reduzem, mas não se esgotam em perseverança diante da complexidade humana. Sobre este aspecto da dimensão espiritual é preciso ascender à propedêutica da consciência transcendental à consciência pura.

Se René Descartes (1596-1650) foi um filósofo e matemático francês, criador do pensamento cartesiano, sistema filosófico que deu origem à Filosofia Moderna, foi um tímido que precisava ir muito mais longe, pois precisamos fazer da consciência o próprio absoluto. Nesse mundo cartesianamente concebido e conduzido, o ideal narcísico de uma consciência idêntica a si mesmo é plenamente atingido. Nele para lembrarmos como disse Louis Althusser (1918-1990), os nascimentos teóricos estão perfeitamente regulados: - “O pré-natal é institucional. Quando nasce uma nova ciência, está já o círculo de família preparado para o espanto, o júbilo e o batismo”. Acontece, porém, que não há dominação que consiga subjugar a totalidade do ser humano e não há controle que consiga ser absoluto. E o saber continuou produzindo filhos naturais. Muitos foram aceitos apenas pelos próprios pais e por um círculo restrito de amigos; outros foram abandonados e viveram uma amarga solidão, mas outros ainda se tornaram, por assim dizer: “filhos sem pais na teoria”. O próprio Freud, segundo Garcia-Roza, no ensaio: Freud e o Inconsciente (2008), percebe a psicanálise como “a terceira grande ferida narcísica sofrida pelo saber ocidental ao produzir um descentramento da razão e da consciência, pois, as outras duas consciências foram as produzidas por Copérnico e por Darwin”. Originalmente a psicanálise produziu uma queda da razão ocidental e da consciência do lugar sagrado que se encontravam. Isto é, ao fazer da consciência um mero efeito de superfície do Inconsciente, Freud operou uma inversão do cartesianismo que dificilmente pode ser negada, mas depois aprendemos a ser cautelosos.

Freud revela uma mente dividida contra si mesma, com falta de autoconhecimento e governada por impulsos instintivos incontroláveis. Por causa de suas implicações perturbadoras, Freud comparou suas descobertas às do astrônomo Nicolau Copérnico, o primeiro a descobrir que o Sol não girava em torno da Terra. Quando Nicolau Copérnico ao demonstrar racionalmente que a Terra gira em torno do Sol, sendo, portanto, apenas “mais um” planeta e Charles Darwin que mostrou que o homem na forma em que o reconhecemos é resultado de uma evolução natural, sendo apenas “mais uma” espécie, deram um forte golpe no antropocentrismo. Para o biólogo Edward Manier, certamente a teoria darwiniana enfraquece o antropocentrismo que compreende a existência das espécies vivas e do planeta em que habitamos como estando à disposição dos seres humanos. Edward Manier provavelmente contestaria a expressão “nos destronou de nosso antropocentrismo”, com a genética diante das possibilidades científicas e éticas, porque ela toma por certos os contextos polêmicos em que Darwin usou essa retórica que nossos chamados “poderes superiores” da razão científica, estética e moral não exigiam uma intervenção divina especial, isto é, que eles poderiam ser plausivelmente vistos como o resultado genealógico de um continuum natural desses poderes existente no reino animal.

Ele sustentou que a questão da tradição da teologia natural inglesa arrogantemente “entronizou” os seres humanos como se estivessem especialmente ligados ao divino, e se opôs e, de modo geral, minou essa tradição específica e seu correlato filosófico dualista. Darwin não fez nada para diminuir a importância ou o status desses “poderes superiores”, ou seja, a questão no plano da razão e os sentimentos morais. Quando jovem, ele achava que suas concepções apontariam o caminho para uma nova síntese das concepções de David Hume que não prescinde a visão do empirismo e de Immanuel Kant sobre o papel da “razão pura” na ciência e na moralidade. Sua compreensão de Kant era mínima, mas sua posição se encontra na linhagem ancestral de esforços analíticos consideráveis para encontrar as raízes dos sentimentos morais humanos numa única natureza humana como por exemplo, de James Q. Wilson, no ensaio The Moral Sense (Free Press Paperbacks, 1997). A teoria de Darwin efetivamente enfraquece qualquer “antropocentrismo” que implique que a Terra e todas as coisas vivas nela tivessem sido colocadas aqui para o benefício dos seres humanos e apenas deles. O darwinismo só foi apoiado por amplo consenso entre os cientistas no segundo quartel do século XX. Ocorreu com o desenvolvimento da “nova síntese” que associava o darwinismo, o mendelismo e as teorias sofisticadas e empíricas bem sustentadas da hereditariedade e mutação humana.

Reconhecido pelo padrão de que não há ideias inatas e que todo o conhecimento vem da experiência rigorosamente ao nexo de causalidade e necessidade, David Hume em vez de tomar a noção de causalidade, como concedido, desafia-nos a considerar o que a experiência nos permite saber sobre a relação estabelecida entre causa e efeito, pois nada é mais usual e natural, para aqueles que pretendem oferecer ao mundo novas descobertas filosóficas e científicas que insinuar elogios ao seu próprio sistema. O homem de discernimento e de sabedoria percebe facilmente a fragilidade do fundamento, até mesmo daqueles sistemas bem aceitos e com maiores pretensões de conter raciocínios precisos e profundos. Isto é, alguns princípios acolhidos em torno da confiança; consequências deles deduzidas de maneira defeituosa; falta de coerência entre as partes, e de evidência no todo – tudo isso se pode encontrar nos sistemas dos mais eminentes filósofos, e parece cobrir de opróbrio a própria filosofia, pois “a plebe lá fora é capaz de julgar, pelo barulho e vozerio que ouve, que nem tudo vai bem aqui dentro”.

Neste âmbito tampouco é necessário um conhecimento muito profundo para se descobrir a distância e imperfeição e que de fato, não há nada que não seja objeto de discussão e sobre o qual os estudiosos não manifestam opiniões contrárias. Se por um lado multiplicam-se as disputas, como se tudo fora incerto; e essas disputas são conduzidas da maneira mais acalorada, como se tudo fora certo. É daí que surge na opinião de Hume, o preconceito comum contra todo tipo de raciocínio metafísico. Mesmo por parte daqueles que são doutos e que costumam avaliar de maneira justa todos os outros gêneros da literatura. E realmente nada, a não ser o mais determinado ceticismo, juntamente como um elevado grau de indolência, pode justificar tal aversão à metafísica. Pois se a verdade está ao alcance da capacidade humana, é certo que ela deva esconder em algum lugar muito profundo e abstruso. Não por acaso, devemos reunir nossos experimentos mediante a observação cuidadosa da vida. Tomando-os tais aspectos como aparecem no curso habitual do mundo, no comportamento dos homens em suas ocupações e prazeres. E reunidos e comparados, podemos estabelecer, com base neles, uma concepção condicionada de ciência, que não será inferior em certeza, mas superior em utilidade, a qualquer outra que esteja ao alcance da compreensão humana.

Bibliografia Geral Consultada.

GRANGER, Gilles-Gaston, Essai d`une philosophie du style. 2. ed. Paris: Odile Jacob, 1988; LE BRETON, David, Compreender a Dor. Lisboa: Editor Estrela Polar; 1995; KAPLAN, E. Ann, A Mulher e o Cinema: Os Dois Lados da Câmera. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1995; MERLEAU-PONTY, Maurice, Le Cinema et la Nouvelle Psychologie. Paris: Éditions Gallimard, 1996; BECHERIE, Paul, Genesis de los Conceptos Freudianos. Buenos Aires: Ediciones Paidós, 1998; TAVARES, Ana Maria, Armadilhas para os Sentidos: Uma Experiência no Espaço-Tempo da Arte. Tese de Doutorado em Artes. Departamento de Artes Plásticas. Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo, 2000; TEIXEIRA, Leônia Cavalcante, “O Lugar da Literatura na Constituição da Clínica Psicanalítica em Freud”. In: Psychê. Ano IX, nº 16. São Paulo. Julho-dezembro de 2005; pp. 115-132; GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo, Freud e o Inconsciente. 23ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008; DAMASCENO, Maurício Henriques, Origem Filosófica e Significado Metapsicológico do Conceito de Pulsão de Morte em Freud. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2008; KNEIPP, Sérgio Ribeiro, A Influência da Linguagem Cinematográfica na Moderna Prosa de Horror: Um Estudo de Caso, O Iluminado, de Stephen King. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Literatura. Brasília: Universidade de Brasília, 2011; CERTEAU, Michel de, A Invenção do Cotidiano. 1. Artes de Fazer. 22ª edição. Petrópolis (J): Editoras Vozes, 2014; BABO, Thiago, Uma Alternativa Nórdica à Europa? Uma Análise da Política Externa e de Segurança da Dinamarca. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015; FIGUR, Elvio Nei, “Religião e Cinema: Sobrevoo sobre ‘A Festa de Babette’”. In: Sacrilegens, vol. 13, nº 1, 2016; FREUD, Sigmund, A Interpretação dos Sonhos. Porto Alegre: L&PM Editor, 2017; MELO, Petra Pastl Montarroyos, Cinema do Medo: Um Estudo sobre as Motivações Espectatoriais diante dos Filmes de Horror. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Centro de Artes e Comunicação. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2017; MORAES, Felipe Moralles e, Neoconservadorismo: A Teoria da Injustiça de Jürgen Habermas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2024; entre outros.

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