“Um solo inabitável, impotente para alimentar um Estado, é um desperdício histórico”. Friedrich Ratzel
Friedrich Ratzel foi um geógrafo alemão do século XIX que desempenhou um papel social crucial no desenvolvimento científico da geografia como disciplina autônoma acadêmica. Ratzel nasceu em Ammerland em 1844 e começou a carreira acadêmica estudando biologia e geografia. Sua tese de doutorado: As Leis Espaciais do Desenvolvimento da Humanidade, marcou o início de suas ideias pragmáticas. Ele argumentava que o espaço físico representava um papel crucial na evolução das sociedades humanas, influenciando sua cultura, política e economia. Seu trabalho mais reconhecido, a obra “Geografia Política”, publicada em 1897, consolidou suas teorias sobre a relação entre espaço e sociedade. Ratzel defendia que os Estados-nação eram “organismos vivos” que buscavam expandir seu território para garantir sua sobrevivência, em uma analogia com a biologia. Essa abordagem inovadora de Ratzel teve um impacto duradouro no campo da geografia, influenciando gerações de geógrafos e acadêmicos. Sua ênfase na interação entre o ser humano e o ambiente, e na importância do espaço geográfico para a compreensão do mundo, ajudou a moldar a geografia moderna como a conhecemos. A principal influência no desenvolvimento da geografia moderna decorre da introdução do conceito de “espacialidade” e sua abordagem inovadora sobre a relação entre sociedade e ambiente, que se tornaram fundamentais para a disciplina. Foi um geógrafo alemão que contribuiu significativamente para o campo da geografia política. Em sua obra, ele desenvolveu o conceito de “territorialidade”, que se refere à relação entre o espaço geográfico e as atividades políticas no âmbito dos Estados.
Ele argumentava que os Estados eram como “organismos vivos” que buscavam
expandir seu território para garantir sua sobrevivência e prosperidade.
Sua tese principal, reconhecida como “Lebensraum” (habitat) ou “espaço
vital”, teve um impacto significativo na política e na geografia humana. Ratzel
acreditava que os estados-nação precisavam expandir seus territórios para
garantir sua sobrevivência e prosperidade. Ele argumentava que os países
deveriam buscar recursos naturais e terras adicionais para sustentar sua
população e fortalecer sua posição no cenário internacional. Essa ideia
influenciou decisivamente a política expansionista de muitas nações europeias
no final do século XIX e início do XX. Seu trabalho também contribuiu para o
desenvolvimento da geografia humana, ao destacar a importância da interação social
entre o ambiente natural e as atividades humanas. Foi pioneiro no estudo das
relações entre sociedade e espaço geográfico, abrindo caminho para o
desenvolvimento de novas teorias comparadas e abordagens na disciplina. O
legado de Friedrich Ratzel (1844-1904) pode ser visto na influência duradoura de suas
ideias sobre a geopolítica e na maneira como a geografia humana é estudada. Sua
ênfase na formação e expansão
territorial dos Estados continua sendo relevante para os estudiosos
contemporâneos.
A questão do solo do ponto de vista teórico e metodológico, e em alguma medida o debate na teoria sobre o chamado “determinismo ambiental”, é algo que ainda permanece um tanto obscuro para a compreensão da concepção antropogeográfica de Friedrich Ratzel. Em primeiro lugar, como o Estado não é concebível sem território e sem fronteiras, considera-se, entretanto, como fora de dúvida que o Estado não pode existir sem um solo. Abstraí-lo numa teoria do Estado é uma tentativa vã que nunca pode ter êxito senão de modo passageiro. A maior parte dos sociólogos, inferia Ratzel, “estuda o homem como se ele tivesse formado no ar”, sem laços com a terra. O erro dessa concepção salta aos olhos, é verdade, no que concerne às formas inferiores da sociedade, porque sua extrema simplicidade faz com que sejam semelhantes às formas mais elementares do Estado. Se os tipos mais simples de Estado são irrepresentáveis sem um solo que lhes pertença, assim também deve ser com os tipos mais simples de sociedade, a conclusão se impõe. Num e noutro caso, a dependência em relação ao solo é um efeito, de causas do todo gênero que ligam o homem à terra. Assim, fora de dúvida, o papel do solo aparece com mais evidência na história dos Estado que na história das sociedades, e devido aos espaços mais consideráveis de que o Estado tem “necessidade de existir”.
A geografia é uma ciência que estuda a relação entre a Terra e seus habitantes. Os geógrafos querem saber onde e como vivem os homens, as plantas e os animais; onde se localizam os rios, os lagos, as montanhas e as cidades. A palavra geografia vem do grego geographía (γεογραπηία), que significa descrição da Terra. A geografia depende do compartilhamento de outras áreas do conhecimento técnico-científico. Utiliza os dados da química, da geologia, da matemática, da história, da física, da astronomia, da antropologia e da biologia e principalmente da ecologia, pois tanto a Ecologia como a Geografia são estudos e pesquisas com objetos abstratos interrelacionados, porque estão interessados com as análises biológicas, com as análises de fatores geológicos e dos ciclos biogeoquímicos dos ecossistemas, da relação entre os seres vivos e a utilidade de uso do ambiente como sobrevivência. Os geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como viagens, leituras e estudo de estatísticas. Os mapas são seu instrumento etnográfico e meio de expressão mais importante. Além de estudar mapas, os geógrafos os atualizam como pesquisas especializadas, aumentando o campo de reconhecimento geográfico.
O
homem sempre precisou e se utilizou do conhecimento geográfico. Os povos
pré-históricos tinham de encontrar cavernas para habitar e reservas regulares
de água para a manutenção da existência na vida cotidiana. Tinham também de
morar perto de um lugar onde pudessem caçar. Caverna, gruta ou furna é toda
cavidade natural rochosa com dimensões que permitam acesso aos seres humanos.
Os termos relativos a caverna geralmente utilizam a raiz espeleo -, derivada do
latim spelaeum, do grego σπήλαιον, “caverna”, da mesma raiz da palavra espelunca.
As cavernas são também estudadas pela espeleologia, uma ciência
multidisciplinar que envolve análises simultâneas e comparativamente através da
geologia, hidrologia, biologia, paleontologia e arqueologia. Sabiam localizar
“os rastros dos animais e as trilhas dos inimigos”. Usavam carvão ou argila
colorida para desenhar mapas primitivos de sua região nas paredes das cavernas
ou nas peles secas dos animais. O homem
aprendeu a lavrar a terra e a domesticar os animais. As leis de evolução
geográfica da sociedade são menos fáceis de se perceber no desenvolvimento da
família e da sociedade que no desenvolvimento do Estado; e o são porque aquelas
estão mais enraizadas ao solo e mudam menos facilmente do que este.
É
mesmo um dos fatos mais consideráveis da história a força com a qual a
sociedade permanece fixada ao solo, mesmo quando o Estado romano morre, o povo
romano lhe sobrevive sob a forma de grupos sociais de todo tipo e é pelo
intermédio desses grupos que se transmitiram à posteridade uma multiplicidade
de propriedades que o povo havia adquirido no Estado e pelo Estado. Quer seja o
homem considerado isolado ou em grupo (família, tribo ou Estado), por toda
parte em que se observar se encontrará algum pedaço de terra que pertence ou à
sua pessoa ou ao grupo de que ele faz pare. No que diz respeito ao Estado a
geografia política após longo tempo se habituou a levar em consideração a
dimensão do território ao lado da cifra da população. Mesmo os grupos, como a tribo,
a família, a comuna, que não são unidades políticas autônomas, somente são
possíveis sobre um solo, e seu desenvolvimento não pode ser compreendido senão
com respeito a esse solo; assim como o progresso do Estado é inteligível se não
estiver relacionado com o progresso do domínio político. Estamos na presença de
organismos que entram em intercâmbio mais ou menos durável com a terra, no
curso que se troca entre eles e a terra todo gênero de ações e de reações.
E
quem venha a supor que num povo em vias de crescimento, a importância do solo
não seja tão evidente, que observe esse povo no momento da decadência e da
dissolução. Não se pode entender nada a respeito do que então ocorre se não for
considerado o solo. Um povo regride quando perde território. Ele pode contar
com menos cidadãos e conservar ainda muito solidamente o território onde se encontram
as fontes de sua vida. Mas se seu território se reduz, é, de um amaneira geral,
o começo do fim. Quer dizer, sob variações diversas, a relação da sociedade com
o solo permanece sempre condicionada por uma dupla necessidade: a da habitação
e a da alimentação. A necessidade que tem por objeto a habitação é de tal modo
simples que dela resultou, entre o homem e o solo, uma relação que permaneceu
quase invariável no tempo. Em nossas capitais, os representantes da mais alta
civilização que já existiu dispõem, para suas habitações, de menor lugar que os
habitantes, miseráveis de um Kraal hotentote. As habitações ente as
quais há mais diferença são, de um lado, aqueles dos pastores nômades, com a
extrema mobilidade necessária às migrações contínuas da vida pastoril, e, de outro,
os apartamentos amontoados nos enormes edifícios de nossas grandes cidades. E,
todavia, os próprios nômades estão ligados ao solo, ainda que os laços que os
ligam e ele sejam mais fracos, que aqueles da sociedade de vida sedentária. Eles
têm a necessidade de mais espaço para se mover, mas voltam a
ocupar os mesmos locais.
Portanto,
não existe apoio para se opor os nômades a todos os outros povos sedentários,
tomados em bloco, pela única razão de que após uma estada de alguns meses no local,
o nômade levanta sua tenda e a transmita, no dorso de seu camelo, para algum
outro negar, de pastagem. Essa diferença nada tem de essencial, não em, mesmo,
a importância daquela resultante de sua grande mobilidade, de sua necessidade
de espaço, consequência da vida pastoril. De resto, não é entre os pastores que
a ligação com o solo está em seu mínimo, com efeito eles retornam sempre às
mesmas pastagens. Ela é muito mais fraca entre os agricultores da África
tropical e das Américas que, a cada dois anos aproximadamente, deixam seus
campos de milho de mandioca para a eles nunca mais retornar. E ela é menos
ainda entre aqueles que, por medo dos povos que ameaçam sua existência, não
ousam se ligar muito fortemente à terra. Entretanto, uma classificação
superficial não inclui tais sociedades, entre os nômades. Se se classificar os
povos segundo a força com que aderem ao solo, é preciso colocar decididamente
no nível mais baixo os pequenos caçadores da África central e da Ásia do sudoeste,
assim como aqueles grupos que se encontram errante em toda espécie de
sociedade, sem que um solo determinado lhes seja destinado em particular (por
exemplo, os boêmios da Europa, os Fetths do Jopão). Os australianos, os habitantes da Terra do
Fogo, os esquimós que para suas caçadas, para suas coletas de raízes, procuram
sempre certas localidades, o que delimitam seus territórios de caça, estão a um
nível mais elevado. Mais acima, se encontram os agricultores nômades dos países
tropicais, depois, os povos pastores que, nas diferentes regiões da Ásia, há séculos
se mantém sobre o mesmo solo. E é, então que vêm os agricultores
sedentários, estabelecidos em algumas aldeias fixas, e os povos civilizados,
igualmente sedentários, dos quais a cidade é como que o símbolo.
Uma multiplicidade de fenômenos sociais que têm sua causa na necessidade, primitiva e premente, da alimentação. E para se explicar esse fato, não é necessário, se recorrer à teoria da “urgência” de que fala Lacombo, segundo a qual as instituições mais primitivas o mais fundamentais seriam aqueles que respondem às necessidades mais urgentes. Quanto mais se utiliza o solo apenas de uma maneira passageira, a fixação a le se dá apenas de uma maneira também passageira. Quanto mais as necessidades da habitação e da alimentação ligam-se estreitamente a sociedade à terra, tanto mais, é precisamente a necessidade de nela se manter. É dessa maneira que o Estado tira suas melhores forças. A tarefa do Estado, no que concerne ao solo, permanece sempre a mesma em princípio: o Estado protege o território contra ataques externos que tendem a diminuí-lo. No mais alto grau de evolução política, segundo Ratzel, a defesa das fronteiras não é a única a servir esse objetivo; o comércio, o desenvolvimento de todos os recursos que contém o solo, numa palavra, tudo aquilo que pode aumentar o poder do estado a isso concorre igualmente. A defesa do território (pays) é o fim último que se persegue por todos esses meios. Essa mesma necessidade de defesa e também o resultado do mais notável desenvolvimento que apresente a história das relações do Estado com o solo, isto é, ao crescimento, porque ele tende finalmente a fortalecer o Estado e a fazer recuar os Estados vizinhos. Uma sociedade grande ou pequena, antes de tudo, busca manter integralmente o solo sobre o qual vive e do qual vive. Logo venha a se assegurar dessa tarefa imediata ela se transforma em Estado.
Friedrich Ratzel foi o filho caçula de Carl Ratzel e Marie Wingens, que serviu como criado particular na corte dos Marqueses de Karlsruhe, onde cresceu livre de preocupações e protegido socialmente por ser parte de uma família de funcionários da corte. O Castelo de Karlsruhe (Schloss Karlsruhe) foi construído em 1715, como residência do marquês Carlos III Guilherme de Baden-Durlach. Até 1918 foi a residência oficial dos marqueses de Baden. Atualmente a edificação abriga o Museu Estatal de Baden e uma parte do Tribunal Constitucional Federal da Alemanha. O mestre de obras da edificação original foi Jakob Friedrich von Batzendorf. A primeira edificação foi parcialmente construída em madeira, e precisou já em 1746 ser totalmente restaurada, sendo a parte em madeira substituída por pedra. O castelo tinha dois pavimentos e um quarto no sótão, e ao Corps de logis ligavam-se duas grandes asas laterais. A torre de sete pavimentos, com 51 metros de altura, era originalmente separada do corpo do palácio. No início da regência de Carlos Frederico o castelo foi reconstruído passando pela modificação de diversos projetos de Balthasar Neumann, obra executada por Friedrich von Kesslau, até 1770. As marcantes características externas desta reconstrução foram as janelas e portas, bem como os dois pavilhões entre o corpo central e as alas laterais.
Em 1785 a torre foi um pouco rebaixada e recebeu uma cúpula, obra planejada pelo arquiteto Wilhelm Jeremias Müller. Logo após a revolução de 1848-1849 Leopoldo de Baden durante algum tempo foi expulso do castelo em 1849. O uso final do castelo como residência foi selado com a abdicação do último monarca de Baden, Frederico II de Baden, em 1918. Desde 1919 a edificação é utilizada como local do Museu Estatal de Baden. Durante a 2ª guerra mundial (1939-1945) “o castelo foi incendiado por um bombardeio, em setembro de 1944”. Entretanto, foi reconstruído, de 1955 a 1966, quando o museu foi realmente reaberto. Somente a fachada externa foi reconstruída na forma original. Internamente foram construídos novos pavilhões de exposição. Na parte Norte do castelo, oposta ao lado da cidade, Christian Thran (1701-1778) construiu um jardim em estilo barroco, de 1731 a 1746. No século XVIII o Großherzog Karl Friedrich ordenou sua reconstrução no estilo de um jardim inglês. Com 73 anos no cargo, ele é um dos monarcas com reinado mais longo da história social. Por ocasião da Bundesgartenschau em 1967, o jardim foi novamente reconstruído no mesmo estilo. Além de inúmeras espécies de plantas raras, encontram-se esculturas, monumentos e fontes do barroco ao moderno. Em 1967 foi construída uma pequena via férrea para conduzir os turistas em um circuito pelo parque, a Schlossgartenbahn Karlsruhe.
Karl Friedrich era filho do príncipe herdeiro Friedrich de Baden-Durlach e de sua esposa Anna Charlotte Amalie de Nassau-Dietz-Oranien, filha do príncipe Wilhelm Friso de Nassau-Dietz-Oranien. Depois que seu pai morreu em 1732 e sua mãe sofreu de uma doença mental, sua avó, Margravine Magdalena Wilhelmine de Württemberg, assumiu a educação de Karl Friedrich e de seu irmão Wilhelm Ludwig. Em 1738 ele sucedeu seu falecido avô Carlos III. como marquês. Devido à sua idade, ele inicialmente não governou sozinho, mas permaneceu sob a tutela de sua avó e de seu tio, Karl August von Baden-Durlach. Karl Friedrich recebeu seu ensino superior na Académie de Lausanne de 1743 a 1745. Em 1745/1746, viagens o levaram a Paris e à Holanda, onde viveu com seu tio Wilhelm Carl Heinrich Friso, mais tarde governador hereditário das Províncias Unidas dos Países Baixos. Em 13 de outubro de 1746, ocorreu afetivamente a “declaração imperial de maturidade”, e Karl Friedrich assumiu o governo como Margrave de Baden-Durlach. Karl retornou a Karlsruhe através das cortes principescas em Kassel e Darmstadt e assumiu a regência em 22 de novembro de 1746, com 18 anos, embora tenha prestado pouca atenção ao governo até depois de seu casamento em 1751.
Notícias sobre um estilo de vida descontraído com jogos de cartas e aventuras amorosas fizeram com que seu tio Wilhelm Carl Heinrich Friso o alertasse para adiar uma viagem planejada à Itália e não estragar suas chances de um “bom casamento”. Em agosto de 1747 fez nova visita à Holanda e depois à Inglaterra, onde participou na abertura do Parlamento. Em 1748 voltou para casa via Holanda, onde também visitou Oberland. No início de 1749 ele “cortejou a mão” de Carolina Luise de Hesse-Darmstadt, filha do Landgrave Ludwig VIII de Hesse-Darmstadt, e em outubro o pacto de casamento entre as casas reais foi concluído. A Casa de Baden-Durlach ficou convencida de ter se casado adequadamente com o regente, que em dezembro se tornaria pai de um filho ilegítimo de seu relacionamento com Elise Barbara Schlutter. A Casa de Hesse-Darmstadt também ficou satisfeita por ter encontrado um marido adequado para Karoline Luise, depois de ela já ter rejeitado vários candidatos. Originalmente representou um “casamento de conveniência”, mas uniu duas pessoas extraordinárias e os levou a um casamento feliz - mesmo que a historiografia dos funcionários do tribunal de Baden às vezes encobrem as circunstâncias. De acordo com o pacto de casamento, o filho ilegítimo nasceu em 18 de dezembro de 1749, e em janeiro de 1750 a Casa de Baden-Durlach arranjou um casamento entre Elise Barbara Schlutter e o caçador de cabeças Johannes Mono.
De
meados de janeiro a meados de setembro, Karl Friedrich foi à Itália para
realizar a viagem há muito planejada, e lá se entregou a um estilo de vida tão
luxuoso que o presidente do conselho da corte, Friedrich Johann Emich von
Üxküll-Gyllenband, sentiu-se compelido a advertir seu Principe. O casamento
finalmente aconteceu em 28 de janeiro de 1751, mas em maio Karl partiu para sua
segunda viagem à Inglaterra - sem a esposa - de onde voltou em três meses. A
partir de então, Karl Friedrich parece ter ficado seriamente preocupado com o
governo de seu país. Em 1771 ele herdou a Marca de Baden-Baden, que era
governada pela “linha Bernardina” desde 1515 e 1535, e fundiu as duas marcas
para formar a Marca de Baden. Ele é considerado um modelo de governante
absolutista esclarecido e, durante seu longo reinado, promoveu escolas e
universidades, jurisprudência, administração, economia e agricultura, cultura e
desenvolvimento urbano. Suas principais conquistas acadêmicas foram a
reorganização da Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg, que desde então recebeu
o apelido de “Karl” em sua homenagem. A universidade completa foi fundada em
1386 por instruções do Papa Urbano VI. Fundada pelo Eleitor Palatino Ruprecht I
e reorganizada em 1803 pelo Margrave Karl Friedrich de Baden - o nome da
universidade refere-se a esses dois governantes. Depois da Universidade Charles
em Praga e da Universidade de Viena, a universidade é a terceira universidade
mais antiga do então Sacro Império Romano ao norte dos Alpes e a segunda
universidade mais antiga existente na área de língua alemã. Recebeu o
privilégio de fundação do Papa Urbano VI em 1385 lecionando em 1386.
Embora a Universidade de Erfurt tenha recebido o privilégio de fundação do Papa Clemente VII em 1379, ela só começou a lecionar em 1392. Além disso, a Universidade de Erfurt foi posteriormente fechada por quase dois séculos. A escritura de fundação foi lavrada em 1º de outubro de 1386. O Studium Generale começou com uma Santa Missa no dia 18 de outubro, e as palestras começaram no dia seguinte. O pedido de um selo de prata também é datado de 18 de outubro. Os primeiros professores da jovem Universidade de Heidelberg vieram de Paris e Praga. Eles fugiram da sua terra natal para Heidelberg, um país estrangeiro seguro na época, para escapar do cisma na igreja e das lutas pela nacionalidade. O primeiro reitor da Universidade de Heidelberg foi Marsilius von Inghen, foi um representante proeminente da tendência filosófica do nominalismo, que por muito tempo foi ensinado exclusivamente em Heidelberg. O primeiro chanceler foi o reitor da catedral de Worms, Konrad von Gelnhausen, que defendeu a ideia conciliar durante o cisma e dotou a Universidade de Heidelberg com livros e recursos financeiros em seu testamento. A universidade inicialmente sofreu com problemas de espaço significativos; as palestras aconteceram nos mosteiros agostinianos e franciscanos. A universidade ganhou mais espaço quando o Eleitor Ruprecht II expulsou os judeus de Heidelberg e deixou prédios vagos para a universidade. A sinagoga foi convertida na Capela da Senhora e serviu como sala de aula. Para financiar a universidade, o Eleitor Ruprecht III fundou. a Fundação Espírito Santo. A Igreja do Espírito Santo também serviu como igreja universitária até que a Igreja de São Pedro assumiu esta função no século XIX. Ele aboliu a tortura em 1767 e a servidão em 1783. Em 1809 ele emitiu o progressista Edito Judaico de Baden.
A sua iniciativa remonta à fundação da
indústria joalheira e relojoeira e da primeira “escola de desenho para
artesãos” (1767) em Pforzheim. Por volta de 1780, Karl Friedrich trouxe o vinho
Gutedel de Vevey, na Suíça, para Markgräflerland. Como resultado da Conclusão
Principal da Deputação Imperial de 1803, Karl Friedrich tornou-se Eleitor e, a
partir de 1806, Grão-Duque da nova e grandemente ampliada Baden. Através das
políticas do ministro Sigismund Freiherr von Reitzenstein, as partes do
Palatinado Eleitoral na margem direita do Reno, bem como partes dos bispados de
Constança, Basileia, Estrasburgo e Speyer, e em 1805 o Breisgau e Ortenau foram
adicionados à Baden. Em 1806 juntou-se à Confederação do Reno com Baden. Karl
Friedrich era membro de uma loja maçônica inglesa e membro honorário da loja Carl
Zur Eintracht, em Mannheim, cujo nome não remonta a ele, mas ao eleitor do
Palatinado-Bávaro Karl Theodor. A literatura sobre Karl Friedrich afirma que
ele teve um filho de seu relacionamento ilegítimo com Elise Barbara Schlutter.
Após
terminar os estudos Friedrich Ratzel fez estágio supervisionado como farmacêutico
em Eichtersheim e, após passar no exame em 1863, trabalhou como auxiliar
farmacêutico. Nessa época desenvolveu seu interesse por estudar Ciências
Naturais e Filosofia e, aos 21 anos resolveu estudar Geologia e Zoologia em
Heidelberg, Iena e Berlim. Em 1868 fez pós-graduação em Zoologia em Heidelberg.
Problemas financeiros eventualmente o pressionaram a enviar uma de suas
anotações preliminares de viagem no Mediterrâneo para a Gazeta da Colônia.
Suas etnografias seriam bem recebidas pelos leitores, fazendo-o se consolidar
na revista. Entretanto, fez outras viagens de estudos na Itália, Hungria, em
Cuba, no México, e nos Estados Unidos da América. Em 1871 na Universidade
Técnica de Munique e deu continuidade aos estudos de Ciências Naturais, ocasião
em que a Geografia foi se tornando cada vez mais importante em sua vida. Em
1875 Ratzel encerrou suas viagens e após esse treinamento ou reconhecimento de
área, começou carreira na Universidade de Munique como professor habilitado
de Geografia, um ano depois obteve sua cátedra em Geografia. Publicou em
Munique, entre outros, seus trabalhos “Die Vereinigten Staaten von Amerika”
(1878, volume 1 e 1880, volume 2) e “Die Erde in 24 gemeinverständlichen
Vorträgen über allgemeine Erdkunde” (1881), dando início na démarche de
sua obra analítica mais importante: a Anthropogeographie.
Em
1877, Friedrich Ratzel casou-se com Marie Wingens, reconhecida em uma de suas
viagens à Inglaterra. Em 1879 e 1881 nasceram suas filhas Hedwig e Lila. Foi
eleito em 1883 membro da Academia Alemã de Ciências Leopoldina e em 1885 como
membro correspondente da Academia de Ciências da Baviera. Em dezembro de 1886,
ele foi aceito como membro titular da Academia de Ciências da Saxônia. Em 1886
trabalhou na Universidade de Leipzig, foi designado para ministrar a disciplina
de Geografia, que ficou disponível a partir da aposentadoria de Ferdinand von
Richthofen (1833-1905) um viajante, geógrafo e cientista alemão. É descrito
como paciente, cortês e extremamente culto, o que sem dúvida contribuiu para o
êxito das suas viagens de exploração à China. Foi eleito membro da Royal
Society em 1902. Fez sete grandes viagens na China entre 1868 e 1872, sendo
patrocinado pelo Banco da Califórnia, em troca de relatórios exclusivos para a
Câmara de Comércio de Xangai. Conheceu o sistema de rotas chamado Rota da Seda,
chamando-lhe Seidenstraße reconhecida rota da seda em alemão. À época em
que fez a exploração da China, na qual conseguiu compilar o primeiro mapa
moderno do gigantesco país, os chineses alimentavam uma profunda distância política
pelas potências ocidentais, pois haviam sido recentemente derrotados pela
França, pela Grã-Bretanha e pela Rússia, e revolta de Taiping havia
sido esmagada.
Apesar
disso, Richthofen atravessou o país, em cruz, no sentido do comprimento como da
largura antropogeográfica, e em cinco anos não teve realmente qualquer incidente. Efetuou
estudos geológicos, levantamentos topográficos e coligiu informação económica e
social. De regresso à Alemanha, passou sete anos a elaborar o seu “Grande Mapa
da China”, que o consagrou como “um dos mais notáveis geógrafos do mundo”. Foi
laureado com a medalha Wollaston de 1892, concedida pela Sociedade Geológica de
Londres. Sepultado no Südwestkirchhof Stahnsdorf. Durante os próximos 18 anos,
Ratzel trabalharia e faria pesquisas em Leipzig. Fez amizade com pessoas
influentes como o economista e historiador Wilhelm Roscher (1817-1894), o
químico Wilhelm Ostwald (1853-1932), e o psicólogo e filósofo Wilhelm Wundt
(1832-1920). Foi a favor da Expansão da Biblioteca e de Seminários. Devido a
sua popularidade docente consagrada em seu relacionamento liberal com o corpo
estudantil, o número de atendentes presenciais de suas aulas cresceu
rapidamente, fazendo com que Ratzel se torna-se membro de diversas Associações Geográficas emergentes como também parte da seção de Leipzig da Sociedade Colonial Alemã.
Friedrich
Ratzel também se engajou na Liga Pangermânica, e na Liga da frota alemã.
Em 1901 ele cunhou o termo “Espaço Vital”. Enfim, por seu papel social no
desenvolvimento da teoria geográfica, em particular, ou das ciências sociais,
de uma maneira geral; também por seu papel social, em certos casos precursor de
importantes “especialidades” desses campos de conhecimento, como a própria
geografia humana, a geografia política, a biogeografia, a etnografia, a
etnologia, a geografia cultural, etc.; Ratzel poderia ser considerado como uma
espécie de figura emblemática, cujas obras sintetizavam muitas daquelas
necessidades de abertura dos diálogos disciplinares a que nos referimos. Por
isso nos sentimos no direito de tomarmos as discussões em torno das ilações
ratzelianas, consideradas nas suas formulações originais ou nas de seus
analistas atuais e passados, como uma espécie de termômetro indicador do grau
de importância, que cientistas sociais conferem às discussões cultivadoras de
diálogos. Ratzel foi um pensador da segunda metade do século XIX, cujo final sabemos, foi marcado pelo recrudescimento da especialização analítica e consequente afirmação das identidades corporativas da nascente sociologia.
A
insistência ratzeliana, que pode ser verificada em algumas de suas principais
obras, no sentido singular de estabelecer cruzamentos históricos, biológicos,
políticos, geográficos, culturais, etc., para explicar per se os diversos aspectos,
físico-naturais ou humano-culturais, das paisagens, na falta de melhor expressão,
das comunidades humanas, caminhava a contrapelo das correntes preponderantes do
conhecimento científico de seu tempo. Ratzel tornou-se uma espécie de alvo
preferencial de sociólogos, antropólogos, geógrafos ou historiadores, que
interessados em afirmar caminhos de identidade corporativa, observavam apenas
aquilo que julgavam como os equívocos de suas teses. Estamos num novo de século e, se há alguma predominância nas discussões
teórico-epistemológicas do conhecimento científico, estas não são exatamente
aquelas relacionadas às necessidades de afirmação apenas identitária. Pelo contrário.
São inúmeras as produções e argumentações no sentido de observar e cultivar
caminhos comuns, ou até mesmo admitir fundamentos de toda ordem
físico-biológicos e socioculturais, para a explicação de quase todos aqueles fatos e
fenômenos sociais que cada uma das ciências transformou em seu objeto. Assim, talvez se
explique essa necessidade de rever as teses de alguns pensadores, como F.
Ratzel por exemplo, que em passados mais ou menos remotos e conturbados na política, já sinalizavam nesta direção.
Bibliografia
Geral Consultada.
RATZEL, Friedrich, La Géographie Politique: Les Concepts Fondamentaux. Paris: Éditions Fayard, 1987; Idem, “O Solo, a Sociedade e o Estado”. In: Revista do Departamento de Geografia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1983; pp.93-109; MARTINS, Luciana de Lima, “Friedrich Ratzel Hoje: A Alteridade de uma Geografia”. In: Revista Brasileira de Geografia. (54) 3, pp.105-113, 1992; MATAGNE, Patrick, “L`Anthropogeographie Allemande: Un Courant Fondateur de l’Écologie?”. In: Annales de Géographie, vol. 101, n° 565, pp. 325–331, 1992; MÜLLER, Gerhard H. “Ratzel et la Biogéographie en Allemagne dans la Deuxième Moitié du XIXè Siècle”. In: Revue d’Histoire des Sciences, tome 45, n°4, 1992; BRUMAT, Cristina, “Quali Interconnessioni tra Sociologia e Geografia?”. In: Studi di Sociologia, 1994, 32 (2), pp. 177-189; MERCIER, Guy, “La Région et I’ État selon Friedrich Ratzel et Paul Vidal de La Blache”. In: Annales de Geographie, n° 583, pp. 211-235, 1995; SANTIAGO, João Phelipe, A Questão Nacional na Geografia Ratzeliana e sua Assimilação no Pensamento Social Brasileiro na República Velha. Tese de Doutorado em Geografia. São Paulo. Universidade São Paulo, 2005; BARROS, Nilson Cortez Crocia, “Especiação na Antropogeografia de Frederico Ratzel”. In: Revista de Geografia. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, vol. 24, n° 1, jan./abr. 2007; MORAES, Antonio Carlos Robert, Geografia. Pequena História Crítica. 21ª edição. São Paulo: Annablume Editora, 2007; APAVERO, Nelson; TEIXEIRA, Dante Martins e PRADO, Laura Rocha, História da Biogeografia do Gênesis à Primeira Metade do Século XIX. Rio de Janeiro: Technical Books Editor, 2013; PEDROSA, Breno Viotto, “Sauer, Boas, Kroeber e a Cultura Superorgânica: Notas Sobre a Relação entre Geografia e Antropologia”. In: Confins, vol. 23, 2015; APOSTÓLICO, Lígia Hasselmann, Conceitos e História da Biogeografia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; SILVA JR., Ivan de Matos e, O Pensamento Decolonial na Biogeografia e suas Contribuições na Formação Docente. Tese de Doutorado em Filosofia e História das Ciências. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2020; ANTUNES, Thiago Henrique Costa Simões, Friedrich Ratzel e os Estigmas: A Construção de um Determinista Geográfico. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2023; Idem, “A Canonização de Friedrich Ratzel (1844-1904) na Geografia Brasileira”. In: XV Encontro Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia. Palmas: Universidade Federal do Tocantins, 9 a 13 de outubro de 2023; entre outros.
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