“A punição disciplinar é, pelo menos por uma boa parte, isomorfa à própria obrigação”. Michel Foucault
O
exame social combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza.
É um controle normalizante, uma vigilância constante que permite qualificar, classificar
e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade através da qual eles
são diferenciados e sancionados. É por isso que, em todos os dispositivos de
disciplina, o exame é altamente ritualizado. Nele vêm-se reunir a cerimônia do
poder e a forma da experiência, a demonstração da força e o estabelecimento da
verdade. No coração dos processos de disciplina, ele manifesta a sujeição dos
que são percebidos como objetos e a objetivação dos que se sujeitam. A
superposição das relações de poder e das relações de saber assume no exame todo o seu brilho
visível. Mais uma inovação da Era Clássica que os historiadores, segundo Foucault
(2014: 181) deixaram na sombra. Ipso facto, faz-se a história das experiências
com cegos de nascença, meninos-lobo ou com a hipnose. Mas quem fará a história
mais geral, mais vaga, mais determinante também, do “exame” – de seus rituais,
de seus métodos, de seus personagens e seus papéis, de seus jogos de perguntas
e respostas, de seus sistemas de notas e de classificação? Pois nessa técnica
delicada estão comprometidas todo um campo notável de saber, todo um tipo de poder.
Fala-se muitas vezes da ideologia que as “ciências” humanas pressupõem, de
maneira discreta ou declarada. Mas sua própria tecnologia, esse pequeno
esquema operatório que tem tal difusão disseminada da psiquiatria à pedagogia, do
diagnóstico das doenças à contratação de mão de obra, esse processo familiar
do exame, não põe em funcionamento, através de um só mecanismo social de controle, relações de poder
que permitem obter e constituir um saber?
O investimento político não se faz simplesmente no nível da consciência, das representações e no que julgamos saber, mas no nível daquilo que torna possível algum saber. Isto é importante. Uma das condições essenciais para a liberação epistemológica da medicina no fim do século XVIII foi a organização do hospital como aparelho de “examinar”. O ritual da visita é uma das formas mais evidentes. No século XVII, o médico, vindo de fora, juntava a sua inspeção vários outros controles – religiosos, administrativos; não participava absolutamente da gestão cotidiana do hospital. Pouco a pouco a visita se tornou mais regular, mais rigorosa, principalmente mais extensa: ocupou uma parte cada vez mais importante do funcionamento hospitalar. Os regulamentos do século XVIII determinaram os horários da visita, e sua duração (duas horas no mínimo); insistem para que um rodízio permita que seja realizado os todos os dias, “inclusive domingo de Páscoa”; em 1771, se institui um médico residente, encarregado de “prestar todos os serviços de seu estado, tanto de noite como de dia, nos intervalos entre uma visita e outra de um médico de fora”. A inspeção de antigamente, descontínua e rápida, se transforma em uma observação tipicamente regular que coloca o doente em situação de exame quase numa dinâmica perpétua. Para o que nos interessa, sociologicamente falando, do ponto de vista do exame supõe um mecanismo que liga claramente um tipo de formação de saber a uma forma de exercício do poder. O exame inverte a economia política da visibilidade no exercício de poder.
Tradicionalmente, o poder é o que se vê, se mostra, se manifesta, e, de maneira paradoxal, encontra o princípio de sua força no movimento com o qual a exibe. Aqueles sobre os quais ele é exercido podem ficar esquecidos; só recebem luz daquela parte do poder que lhes é concedida, ou do reflexo que mostram um instante. O poder disciplinar, ao contrário, se exerce tornando-se invisível: em compensação impões aos que submete um princípio de visibilidade obrigatória. Na disciplina, são os súditos que têm que ser vistos. Sua iluminação assegura a garra do poder que se exerce sobre eles. É o fato de ser visto sem cessar, de sempre poder ser visto, que mantem sujeito o indivíduo disciplinar. E o exame é a técnica pela qual pela qual o poder, ao invés de emitir os sinais de seu poderio, ao invés de impor sua marca a seus súditos, capta-nos num mecanismo de objetivação. No espaço que domina, o poder disciplinar manifesta, para o essencial, seu poderio organizando os objetos. O exame vale como cerimônia dessa objetivação. Em segundo lugar, o exame faz também a individualidade entrar num campo documentário. Seu resultado é um arquivo com detalhes e minúcias que se constitui no nível dos corpos e dos dias. O exame que coloca os indivíduos num campo de vigilância os situa igualmente numa rede de anotações escritas; compromete-os em toda uma quantidade de documentos que os captam e os fixam. Os procedimentos de exame são acompanhados imediatamente de um sistema de registro intenso e de acumulação documentária.
Um
“poder de escrita” é constituído como uma peça essencial nas engrenagens da disciplina.
Em muitos pontos, modela-se pelos
métodos tradicionais da documentação administrativa. Mas com técnicas particulares
e inovações importantes. Umas se referem aos métodos de identificação, de
assimilação, ou de descrição. Era esse o problema do exército, onde urgia
encontrar os desertores, evitar as convocações repetidas, corrigir as listas fictícias
apresentadas pelos oficiais, conhecer os serviços e o valor de cada um, estabelecer
com segurança o balanço dos desparecidos e dos mortos. Era esse o problema dos
hospitais, onde era preciso reconhecer os doentes, expulsar os simuladores, acompanhar
a evolução das doenças, verificar a eficácia dos tratamentos, descobrir os
casos análogos e os começos de epidemias. Era o problema dos estabelecimentos de
ensino, onde era forçoso caracterizar a aptidão de cada um, situar seu nível e
capacidades, indicar a utilização que se pode fazer dele. Daí a formação da
série de códigos da individualidade disciplinar que permitem transcrever, homogeneizando-os,
os traços individuais estabelecidos pelo exame: código físico da qualificação,
código médico dos sintomas, código escolar ou militar dos comportamentos e dos
desempenhos. Esses códigos eram rudimentares, em sua forma qualitativa ou
quantitativa, mas marcam o momento de uma primeira “formalização” do individual
dentro de relações do poder.
Graças
a todo esse aparelho de escrita que o acompanha, o exame abre duas possibilidades que são correlatas: a
constituição do indivíduo como objeto descritível, analisável, não contudo para
reduzi-los a traços “específicos”, como fazem os naturalistas a respeito dos
seres vivos; mas para mantê-lo em seus traços
singulares, em sua evolução particular, em suas aptidões ou capacidades próprias,
sob o controle de um saber permanente; e por outro lado a constituição de um sistema
comparativo que permite e medida de fenômenos globais, a descrição de grupos a caracterização de fatos coletivos, a
estimativa dos desvios dos indivíduos entre si, sua distribuição numa “população”.
Importância decisiva, consequentemente, dessas pequenas técnicas de anotação,
de registro, de constituição de processos, de colocação em colunas que nos são
familiares, mas que permitiram a liberação epistemológica das ciências do
indivíduo. O exame como fixação ao mesmo tempo ritual e “científica” das
diferenças individuais, como aposição de cada um à sua própria singularidade
(em oposição à cerimônia onde manifestam os status, os nascimentos, os privilégios,
as funções, com todo o brilho de suas marcas) indica bem a aparição da nova
modalidade de poder em que cada um recebe como status sua própria
individualidade, e onde está estatutariamente ligado aos traços, às medidas, aos
desvios, às “notas” que caracterizam e fazem dele, de qualquer modo, um “caso”.
As disciplinas marcam o momento em que se efetua o que se poderia chamar a
troca do “eixo político da individualização”. Quanto mais o homem é detentor de
poder ou privilégio, tanto mais é marcado como indivíduo, por rituais,
discursos, ou representações plásticas.
Na
essência de todos os sistemas disciplinares, funciona um pequeno mecanismo
penas. O Exame tem como representação social um filme britânico lançado
em 2009. A produção se enquadra no âmbito do gênero thriller
psicológico. É o suspense abstrato que se concentra na mente e emoções dos
personagens, explorando temas como paranoia, transtornos mentais e manipulação.
Diferentemente do suspense tradicional, que pode ter como escopo a literatura
sobre investigações ou perseguições, o thriller psicológico busca criar
tensão através da mente dos personagens, muitas vezes jogando com a percepção
do público e levando à dúvida sobre o que é real ou imaginação. O filme foi
escrito por Simon Garrity e Stuart Hazeldine, e
dirigido por Stuart Hazeldine. É uma combinação de fatores sociais
complexos, de suspense e drama que explora a natureza humana da pressão e da
competição em processos de seleção dinâmicos para obtenção de um emprego. A
história gira em torno de “oito candidatos que se enfrentam numa prova final
que pode mudar suas vidas”. A trama utiliza uma abordagem claustrofóbica
e tensa, com os candidatos isolados em uma sala e sob pressão de tempo e espaço,
enquanto tentam responder a uma única pergunta-teste que determinará quem será
selecionado para os candidatos para um cargo importante numa das maiores
empresas do mundo se encontram uma sala para a realização de um exame final. O
teste é aparentemente simples, mas ao mesmo tempo dialeticamente difuso. Uma forte tensão começa a surgir enquanto os
candidatos tentam descobrir o que fazer.
Claustrofobia é transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo excessivo de estar em espaços fechados ou confinados. Este medo pode ser tão intenso que interfere na vida diária, levando à evitação de situações como elevadores, aviões ou mesmo salas pequenas. É uma fobia específica, ou seja, um medo irracional e excessivo de um objeto ou situação específica, no caso, espaços confinados. Além do medo, a claustrofobia pode causar sintomas físicos como coração acelerado, falta de ar, tremores, sudorese, sensação de sufoco e, em casos mais graves, crises de pânico. As causas da claustrofobia podem ser diversas, incluindo fatores genéticos, experiências traumáticas na infância (como ter ficado trancado em algum lugar), ou mesmo o aprendizado de medos de familiares. O tratamento para claustrofobia geralmente envolve “terapia cognitivo-comportamental” (TCC), que ajuda a pessoa a lidar com os seus medos e a desenvolver estratégias para controlar a ansiedade. Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para ajudar a controlar a ansiedade e as crises de pânico. Exemplos de situações que podem desencadear crises: Elevadores, túneis, aviões, trens, salas pequenas, ambientes com pouca ventilação, ou até mesmo procedimentos médicos como a ressonância magnética. A claustrofobia pode ter um impacto socialmente significativo na qualidade de vida, levando à evitação de situações sociais constrangedoras, problemas de relacionamento e até mesmo a isolamento. O tratamento adequado pode ajudar a pessoa a recuperar o controle sobre a sua vida e a lidar com os seus medos de forma mais eficaz.
Frequentemente, é narrada através das motivações individuais do ponto de vista de personagens estressados, revelando suas percepções mentais de forma distorcidas e subjetivamente nos relacionamentos complexos e frequentemente torturados entre personagens obsessivos e per se patológicos. Os thrillers psicológicos geralmente incorporam elementos de mistério, drama, ação e paranoia. O gênero está intimamente relacionado e às vezes se sobrepõe ao gênero de “terror psicológico”, o último geralmente envolvendo mais elementos e temas de terror e terror e cenários mais perturbadores ou assustadores. Peter Hutchings afirma que vários filmes foram rotulados de thrillers psicológicos, mas geralmente se refere a “narrativas com cenários domesticados nos quais a ação é suprimida e onde as emoções são fornecidas por meio de investigações das psicologias dos personagens principais”. Uma característica distintiva de um thriller psicológico é que ele enfatiza os estados mentais de seus personagens: suas percepções, pensamentos, distorções e luta em geral para compreender a realidade. De acordo com o diretor John Madden, os thrillers psicológicos se concentram na história social, no desenvolvimento do personagem, na escolha e no conflito moral; o medo e a ansiedade conduzem a tensão psicológica de maneiras imprevisíveis. Madden afirmou que sua falta de espetáculo e ênfase no personagem levou ao declínio da popularidade de Hollywood. Mas são plenos, explorando a incerteza sobre os conteúdos de sentido emotivos, a honestidade e como veem o mundo. Os filmes causam desconforto ao público, privilegiando-o com informações que desejam compartilhar com os personagens; aqueles culpados que podem sofrer angústia semelhante em virtude de seu reconhecimento.
A primeira observação familiar da
crítica de Émile Durkheim, é que a corporação tem contra si seu próprio passado
histórico. De fato, ela é tida como intimamente solidária do antigo regime
político e, por conseguinte, como incapaz de sobreviver a ele. Na história da
filosofia, o que permite considerar as corporações uma organização temporária,
boa apenas para uma época e uma civilização determinada, é, ao mesmo tempo, sua
grande antiguidade e a maneira como se desenvolveram na história. Se elas
datassem unicamente da Idade Média, poder-se-ia crer, de fato que, nascidas com
um sistema político, deviam necessariamente desaparecer com ele. Mas, na
realidade, têm uma origem bem mais antiga. Em geral, elas aparecem desde que as
profissões existem, isto é, desde que a atividade deixa de ser puramente
agrícola. Se não parecem ter sido conhecidas na Grécia, até o tempo da
conquista romana, é porque os ofícios, sendo desprezados, eram exercidos
exclusivamente por estrangeiros e, por isso mesmo, achavam-se excluídos da
organização legal da cidade. Mas em Roma, comparativamente, elas datam pelo
menos dos primeiros tempos da República; uma tradição chegava até a atribuir
sua criação ao rei Numa, um sabino escolhido como segundo rei de Roma. Sábio,
pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim
como dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário. É
verdade que, por tempo, elas tiveram de levar uma existência bastante humilde,
pois os historiadores e os monumentos só raramente as mencionam; não sabemos
muito bem como eram organizadas. Desde de Cícero, um advogado, político,
escritor, orador e filósofo da gens Túlia da República Romana eleito
cônsul em 63 a.C., sua quantidade tornara-se considerável e elas começavam a
desempenhar um papel. Nesse momento, diz J.-P Waltzing (1857-1929), “todas as
classes de trabalhadores parecem possuídas pelo desejo de multiplicar as
associações profissionais” (cf. Durkheim, 2010).
Mas
o caráter desses agrupamentos se modificou; eles acabaram tornando-se
“verdadeiras engrenagens da administração”. Desempenhavam funções oficiais;
cada profissão era vista como um serviço público, cujo encargo e cuja
responsabilidade ante o Estado cabiam à corporação correspondente. Foi a ruína
da instituição. Porque, segundo Durkheim, essa dependência em relação ao Estado
não tardou a degenerar numa servidão intolerável que os imperadores só puderam
manter pela coerção. Todas as sortes de procedimentos foram empregadas para
impedir que os trabalhadores escapassem das pesadas obrigações que resultavam,
para eles, de sua própria profissão. Evidentemente, tal sistema de trabalho só
podia durar enquanto o poder político fosse o bastante para impô-lo. É por isso
que ele não sobreviveu à dissolução do Império. Aliás, as guerras civis e as
invasões haviam destruído o comércio e a indústria; os artesãos aproveitaram
essas circunstâncias para fugir das cidades e se dispersar nos campos. Assim,
os primeiros séculos de nossa era viram produzir-se um fenômeno que devia se
repetir tal qual no fim do século XVII: a vida corporativa se extinguiu quase
por completo. Mal subsistiram alguns vestígios seus, na Gália e na Germânia,
nas cidades de origem romana. Portanto, naquele momento, um teórico tivesse
tomado consciência da situação, teria provavelmente concluído, como o fizeram
mais tarde os economistas, que as corporações não tinham, ou, em todo caso, não
tinham mais razão de ser, que haviam desaparecido irreversivelmente, e sem
dúvida teria tratado de retrógrada e irrealizável toda tentativa de
reconstituí-las. Os acontecimentos desmentiriam uma tal profecia. De fato, após
um “eclipse da razão” de algum tempo caminhando para os nossos dias, as
corporações recomeçaram nova existência em todas as sociedades europeias.
Elas renasceram por volta dos séculos XI e XII. Desde esse momento, diz Emile Levasseur, “os artesãos começam a sentir a necessidade de se unir e formam suas primeiras associações”. Em todo caso, no século XII, elas estão outra vez florescentes e se desenvolvem até o dia em que começa para elas uma nova decadência. Uma instituição tão persistente assim não poderia depender de uma particularidade contingente e acidental; muito menos ainda é possível admitir que tenha sido o produto de não sei que “aberração coletiva”. Se, desde a origem da cidade até o apogeu do Império, desde o alvorecer das sociedades cristãs aos tempos modernos, elas foram necessárias, é porque correspondem a necessidades duradouras e profundas. Sobretudo, vale lembrar que o próprio fato de que, depois de terem desaparecido uma primeira vez, reconstituíram-se por si mesmas e sob uma nova forma, retira todo e qualquer valor ao argumento que apresenta sua desaparição violenta no fim do século passado como uma prova de que não estão mais em harmonia com as novas condições de existência coletiva. A necessidade que todas as grandes sociedades civilizadas sentem de chamá-las de volta à vida é o mais seguro sintoma evidente dessa supressão radical não era um remédio e de que a reforma de Jacques Turgot (1727-1781) requeria outra que não poderia ser indefinidamente adiada. Mas nem toda organização corporativa é anacronismo histórico. Acreditamos que ela seria chamada a desempenhar, nas sociedades contemporâneas, menos pelo papel considerável que julgamos indispensável, por causa não dos serviços econômicos que ela poderia prestar, mas da influência moral que poderia ter. O que vemos antes de mais nada no grupo profissional é um poder moral capaz de conter os egoísmos individuais, de manter no coração dos trabalhadores um sentimento vivo de solidariedade comum, de impedir que a “lei do mais forte” se aplique de maneira brutal nas relações industriais e comerciais.
Mas é preciso evitar estender a todo regime corporativo o que pode ter sido válido para certas corporações e durante um curto lapso de tempo de seu desenvolvimento. Longe de ser atingido por uma sorte de enfermidade moral devida à sua própria constituição, foi sobretudo um papel moral que ele representou e continua representando ainda, na maior parte de sua história. Isso é particularmente evidente no caso das corporações romanas. Sem dúvida, a associação lhes dava mais forças para salvaguardar, se necessário, seus interesses comuns. Mas era isso apenas um dos contragolpes úteis que a instituição produzia, lembra Durkheim: “não era sua razão de ser, sua função principal. Antes de mais nada, a corporação era um colégio religioso”. Cada uma tinha seu deus particular, cujo culto quando ela tinha meios, era celebrado num templo especial. Do mesmo modo que cada família tinha seu Lar familiaris, cada cidade seu Genius publicus, cada colégio tinha seu deus tutelar, Genius collegi. Naturalmente, o culto profissional não se realizava sem festas, que eram celebradas em comum sem sacrifícios e banquetes. Todas as espécies de circunstâncias serviam, aliás, de ocasião para alegres reuniões, além disso, distribuições de víveres ou de dinheiro ocorriam com frequência às expensas da comunidade. Indagou-se se a corporação tinha uma caixa de auxílio, se ela assistia regularmente seus membros necessitados, e as opiniões a esse respeito são divididas. Mas o que retira da discussão parte de seu interesse e de seu alcance é que esses banquetes comuns, mais ou menos periódicos, e as distribuições que os acompanharam serviam de auxílios e faziam não raro as vezes de uma assistência direta. Os infortunados sabiam que podiam contar com essa subvenção dissimulada, espiritualmente com o homem diante da morte. Como corolário do caráter religioso, o colégio de artesãos era, ao mesmo tempo, um colégio funerário.
Unidos, como gentiles, num mesmo culto durante sua vida, os membros da corporação queriam, como eles, dormir juntos seu derradeiro sono. A importância tão considerável que a religião tinha em sua vida, tanto em Roma quanto na Idade Média, põe particularmente em evidência a verdadeira natureza de suas funções; porque toda comunidade religiosa constituía, então, um ambiente moral, do mesmo modo que toda disciplina moral tendia necessariamente a adquirir uma forma religiosa. A partir do instante em que, no seio de uma sociedade política, certo número de indivíduos tem em comum ideias, interesses, sentimentos, ocupações que o resto da população não partilha com eles, é inevitável que, sob a influência dessas similitudes eles sejam atraídos uns para os outros, que se procurem, teçam relações, se associem e que se forme assim, pouco a pouco, um grupo restrito, com sua fisionomia especial da sociedade em geral. Porque é impossível que homens vivam juntos, estejam regularmente em contato, sem adquirirem o sentimento do todo que formam por sua união, sem que se apeguem a esse todo, se preocupem com seus interesses e o levem em conta em sua conduta. Enfim, basta que esse sentimento se precise e se determine, que, aplicando-se às circunstâncias mais ordinárias e mais importantes da vida, se traduza em fórmulas definidas, para que se tenha um corpo de regras morais em via de se constituir. Ao mesmo tempo que se produz por si mesmo e pela força das coisas, esse resultado é útil e o sentimento de sua utilidade contribui para confirma-lo. A vida em comum é atraente, ao mesmo tempo que coercitiva. Para o ponto de vista conservantista do método analítico durkheimiano, a coerção é necessária para levar o homem a se superar, a acrescentar à sua natureza física outra natureza; mas, à medida que aprende a apreciar os encantos dessa nova existência, ele contrai sua necessidade e não há ordem de atividade que não os busque com paixão.
A
moral doméstica não se formou de outro modo. Por causa do prestígio que a
família conserva ante nossos olhos, parece-nos que, se e ela foi e é sempre uma
escola de dedicação e de abnegação, o foco por excelência da moralidade, é em
virtude de características bastante particulares que teria o privilégio e que
não se encontrariam em ouro lugar em nenhum grau. Costuma-se crer que exista na
consanguinidade uma causa excepcionalmente poderosa de aproximação moral. A
prova está em que, num sem-número de sociedades, os não-consanguíneos são
muitos no seio da família; o parentesco dito artificial se contrai então com
grande facilidade e exerce todos os efeitos do parentesco natural.
Inversamente, acontece com grande frequência consanguíneos bem próximos serem,
moral ou juridicamente, estranhos uns aos outros; é, por exemplo, o caso dos
cognatos na família romana. Portanto, a família não deve suas virtudes à unidade de descendência: ela é, simplesmente, um grupo de indivíduos que foram
aproximados uns dos outros, no seio da sociedade política, por uma comunidade
mais particularmente estreita de ideias, sentimentos e interesses. A
consanguinidade pode ter facilitado essa concentração, pois ela tem por efeito
natural inclinar as consciências umas em relação às outras. Outros fatores
intervieram: a proximidade material, a solidariedade de interesses, de união contra um perigo comum, ou simplesmente de se unir, foram
causas muito mais poderosas de comunicação social no processo produtivo.
Mas, para dissipar todas as prevenções, adverte Durkheim, para mostrar bem que o sistema corporativo não é apenas uma instituição do passado, seria necessário mostrar que transformações ele deve e pode sofrer para se adaptar às sociedades modernas, pois é evidente que ele não pode ser o que era na Idade Média. Para tanto, seriam necessários estudos comparativos que não estão feitos e que não podemos fazer de passagem. Talvez, porém, não seja impossível perceber desde já, mas apenas em suas linhas mais gerais, o que foi esse desenvolvimento. O historiador que empreende resolver em seus elementos a organização política dos romanos não encontra, no decurso de sua análise, nenhum fato que possa adverti-lo da existência das corporações. Elas não entravam na constituição romana, na qualidade de unidades definidas e reconhecidas. Em nenhuma das assembleias eleitorais, em nenhuma das reuniões do exército, os artesãos se reuniam por colégios, em parte alguma o grupo profissional tomava parte, como tal, na vida pública, seja em corpo, seja por intermédio de representantes regulares. No máximo, a questão pode se colocar a propósito de três ou quatro colégios que se imaginou poder identificar com algumas das centúrias constituídas por Sérvio Túlio, a saber: tignari (construtores de casas), aerari (corporação clerical), tibicines (monumento funerário), as corporações cornicínes (espécie de pizza), mas o fato não está bem estabelecido.
Quanto às outras corporações, estavam certamente fora da organização oficial do povo romano. Ora, por muito tempo os ofícios não foram mais do que uma forma acessória e secundária da atividade social dos romanos. Roma era essencialmente uma sociedade agrícola e guerreira. No primeiro era dividida em gentes e em cúrias; a assembleia por centúrias refletia antes a organização militar. Quanto às funções industriais, eram demasiado rudimentares para afetar a estrutura política da cidade. Aliás, até um momento bem avançado da história romana, os ofícios permaneceram marcados por um descrédito moral que não lhes permitia ocupar uma posição regular no Estado. Sem dúvida, veio um tempo em que sua condição social melhorou. Mas a própria maneira como foi obtida essa melhora é significativa. Para conseguir fazer respeitar seus interesses e desempenhar um papel na vida pública, os artesãos tiveram de recorrer a procedimentos irregulares e extralegais. Só triunfaram sobre o desprezo de que eram objeto por meios de intrigas, complôs, agitação clandestina. E, se, mais tarde, acabaram sendo integrados ao Estado para se tornar engrenagens da máquina administrativa, essa situação como foi, para eles, uma conquista gloriosa, mas uma penosa dependência; se entraram então no Estado, não foi para nele ocupar a posição a que seus serviços sociais podiam lhes dar direito, mas simplesmente para poder ser mais bem vigiados pelo poder governamental.
Quando
as cidades se emanciparam da tutela senhorial, quando a comuna se formou, o
corpo de ofícios, que antecipara e preparara esse movimento, tornou-se a base
da constituição comunal. De fato, segundo J.-P Waltzing, “em quase todas as
comunas, o sistema político e a eleição dos magistrados baseiam-se na divisão
dos cidadãos em corpos de ofícios”. Era costumeiro votar-se por corpos de
ofícios e elegiam-se ao mesmo tempo os chefes da corporação e os da comuna. –
Em Amiens, por exemplo, os artesãos se reuniam todos os anos para eleger os
prefeitos de cada corporação ou bandeira (bannière); os prefeitos eleitos
nomeavam em seguida doze escabinos, que nomeavam outros doze, e o escabinato
apresentava, por sua vez, aos prefeitos das bandeiras três pessoas, dentre as
quais eles escolhiam o prefeito da comuna... Em algumas cidades, o modo de
eleição era ainda mais complicado, mas, em todas, a organização política e
municipal era intimamente ligada á organização do trabalho. Inversamente, assim
como a comuna era um agregado de corpos de ofícios, o corpo de ofício era uma
comuna em miniatura, pelo próprio fato de que fora o modelo do qual a
instituição comunal era a forma ampliada e desenvolvida. Queremos dizer com
isso, que sabemos o que a comuna foi na história de nossas sociedades, de que
se tornou, com o tempo, a pedra angular. Ipso facto, já que era uma reunião de
corporações e que se formou com base no tipo da corporação, foi esta em última
análise, que serviu de base a todo o sistema político oriundo do movimento
comunal. Vê-se que, em sua trajetória, ela cresceu singularmente em importância
e dignidade. Em Roma, começou estando quase fora dos contextos normais, ela
serviu de marco elementar para sociedades contemporâneas. É um motivo para que
recusemos a considera-la uma instituição arcaica, destinada a desaparecer.
A
obra do sociólogo não é a do homem público, assevera Émile Durkheim. O que a
experiência do passado demonstra, antes de mais nada, é que os marcos do grupo
profissional devem guardar sempre uma relação com os marcos da vida econômica;
foi por ter faltado com essa condição que o regime corporativo desapareceu.
Portanto, já que o mercado, de municipal que era, tornou-se nacional e
internacional, a corporação deve adquirir a mesma extensão. Em vez de ser
limitada apenas aos artesãos de uma cidade, ela deve ampliar-se, de maneira a
compreender todo os membros da profissão, dispersos em toda a extensão do
território, porque, qualquer que seja a região em que se encontram, quer no
campo, todos são solidários uns com os outros e participam da vida comum. Já
que essa vida comum é, sob certos aspectos, independentemente de qualquer
determinação territorial, tem que ser criado um órgão apropriado, que a exprima
e regularize seu funcionamento. Por causa de suas dimensões, tal órgão estaria
necessariamente em contato relacional com o órgão central da vida coletiva,
pois os acontecimentos importantes o bastante para envolverem toda uma
categoria de empresas industriais num país tem necessariamente repercussões
bastante gerais, que o Estado não pode sentir, o que o leva a intervir. Não foi
sem fundamento que o poder real tendeu indistintamente a não deixar fora de sua
ação a grande indústria. Era impossível que ele se desinteressasse por uma
forma de atividade que por sua natureza, é capaz de afetar o conjunto da
sociedade. Essa organização unitária para o conjunto de um mesmo país não
exclui, de modo algum, a formação de órgãos secundários, que compreendam os
trabalhadores similares de uma mesma região ou localidade, e cujo papel seria
especializar ainda mais a regulamentação profissional segundo as necessidades
locais ou regionais. A vida econômica poderia ser regulada e determinada, sem
nada perder de sua diversidade. Por isso mesmo, o regime corporativo seria
protegido contra essa propensão ao imobilismo, que lhe foi frequente e
justamente criticada no passado, porque é um defeito que resultava do caráter
estreitamente comunal da corporação.
Na síntese filosófica durkheimiana representada sobre o lugar de análise das corporações
deve-se até supor que esteja destinada a se tornar a base, ou uma das bases
essenciais de nossa organização política. Ela começa por ser exterior ao
sistema social, tenderá a se empenhar de forma cada vez mais profunda nele, à
medida que a vida econômica se desenvolve. Ela foi outrora a divisão elementar
da organização comunal. Agora que a comuna, de organismo autônomo que era
outrora, veio se perder no Estado, como o mercado municipal no mercado
nacional, acaso não é legítimo pensar que a corporação também deveria sofrer
uma transformação correspondente e tornar-se a divisão elementar do Estado, a
unidade política fundamental? A sociedade, em vez de continuar sendo o que
ainda é, um agregado de distritos territoriais justapostos, tornar-se-ia um
vasto sistema de corporações nacionais. Mas essas divisões geográficas são, em
sua maioria, artificiais e já não despertam em nós sentimentos profundos. O
espírito provinciano desapareceu irremediavelmente: o “patriotismo de paróquia”
tornou-se um arcaísmo que não se pode restaurar à vontade. Para o sociólogo uma
nação só se pode manter se, entre o Estado e os particulares, se intercalar
toda uma série de grupos secundários bastante próximos dos indivíduos para
atraí-los fortemente em sua esfera de ação e arrastá-los, assim, na torrente
geral da vida social. Isso não quer dizer, porém, que a corporação seja uma
espécie de panaceia capaz de servir a tudo. Será necessário que, em cada
profissão, um corpo de regras se constitua, fixando a quantidade de trabalho, a
justa remuneração dos diferentes funcionários, seu dever para com os demais e
para com a comunidade, etc. Estaremos,
pois, não menos que, em presença de uma tábula rasa.
A
vida social deriva inexoravelmente de uma dupla fonte: a similitude das
consciências e a divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no
primeiro caso, porque, não tendo individualidade própria, confunde-se como seus
semelhantes, no seio de um mesmo tipo coletivo; no segundo, porque, tendo uma
fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles
na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, da sociedade que
resulta de sua união. Esta divisão dá origem às regras jurídicas que determinam
as relações das funções divididas, mas cuja violação acarreta apenas medidas
reparadoras sem caráter expiatório. De todos os elementos técnicos e sociais da
civilização, a ciência nada mais é que a consciência levada a seu mais alto
ponto de clareza. Nunca é demais repetir que para que as sociedades possam
viver nas condições de existência que lhes são dadas, é necessário que o campo
da consciência se estenda e se esclareça. Quanto mais obscura uma consciência,
mais é refratária à mudança social, porque não vê depressa o que é necessário
mudar. Nem em que sentido é preciso mudar. Uma consciência esclarecida sabe
preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança risível. Eis porque
é necessário que a inteligência guiada disciplinarmente pela ciência adquira
uma importância maior no curso da vida coletiva. Tais sentimentos são capazes
de inspirar não apenas esses sacrifícios cotidianos, mas também atos de
renúncia completa e de abnegação exclusiva. A sociedade aprende a ver os
membros que a compõem como cooperadores que ela não pode dispensar e para com
os quais tem deveres.
Na
realidade, a cooperação também tem sua moralidade intrínseca. Há apenas motivos
para crer, que, em nossas sociedades, essa moralidade ainda não tem todo o
desenvolvimento que lhes seria necessário. Daí resulta duas grandes correntes
da vida social, que correspondem dois tipos de estrutura não menos diferentes.
Dessas correntes, a que tem sua origem nas similitudes sociais ocorre quando um
grupo é capaz de criar e reproduzir para si e para os outros a princípio só e
sem rival. Quando, no exercício do cuidado de si, mutatis mutandis,
faz-se apelo a outro, o qual se advinha que possui aptidão para dirigir e para
aconselhar, faz-se uso de um direito; e é um dever que se realiza quando se
proporciona ajuda a outro ou quando se recebe com gratidão as lições que ele
pode dar na duração da vida. Acontece também do jogo entre os cuidados de si e
a ajuda do outro inserir-se em relações sociais preexistentes às quais ele dá
uma nova coloração e um sentido de calor expresso em intensidade maior. O
cuidado de si – ou os cuidados que se tem com o cuidado que os outros devem ter
consigo mesmos – aparece então como uma intensificação mais do que necessária
das relações sociais. É sobretudo neste sentido que Sêneca dedica um consolo à
sua mãe. Justamente no momento em que ele próprio está no exílio, para ajudá-la
a suportar essa infelicidade atualmente e, talvez, mais tarde, infortúnios
maiores sobre a própria solidão. O “cuidado de si” aparece, portanto,
intrinsecamente ligado a uma espécie de “serviço da alma” que comporta a
possibilidade de um jogo de trocas com o outro e de um sistema de obrigações
recíprocas. Neste aspecto a analítica do poder de Foucault abriu caminho
para o eterno.
Pode-se descer no sentido da
corrente e, uma vez percorrido o domínio das formações discursivas e dos
enunciados, uma vez esboçada sua teoria geral, correr para os domínios
possíveis de sua aplicação. Recorrer sobre a utilidade dessa análise que ele
batizou de “arqueologia” recoloca o problema da escansão do discurso segundo
grandes unidades que não eram as das obras, dos autores, dos livros ou dos
temas. Sua singularidade refere-se ao fato social de que em sua épistème “já
existem muitos métodos capazes de descrever e analisar a linguagem, para que
não seja presunção querer acrescentar-lhes outro”. Ele já havia mantido “sob
suspeita”, expressão que Michel Foucault utiliza repetidas vezes hic et nunc,
unidades de discurso como no que se refere ao livro ou a obra porque
desconfiava que não fosse tão imediata e evidente quanto pareciam ser no âmbito
da pesquisa hermenêutica e propriamente filosófica. Será razoável opor-lhes
unidades estabelecidas à custa de tal esforço, depois de tantas hesitações e
segundo princípios tão obscuros que foram necessárias centenas de páginas para
elucidá-los? E o que todos esses instrumentos acabam por delimitar, esses
famosos “discursos” cuja identidade eles demarcam, coincide com as figuras
“psiquiatria” (clínica) ou “economia política” (trabalho) ou “história natural”
(biologia) de que ele tinha empiricamente partido, e que de pretexto
para remanejar esse estranho arsenal.
Forçosamente, ele precisa agora medir a eficácia descritiva das noções que tentou definir. Precisa saber se a máquina funciona e o que ela pode produzir. O que pode, então, oferecer essa “arqueologia”, que outras descrições não seriam capazes de dar? Qual é a recompensa de tão árdua empresa, indagava o bravo filósofo francês. Em vista dos acontecimentos inusitados a di-visão entre “ironia” e “absurdismo”. Poder-se-á dizer em sua complementariedade que a originalidade da filosofia reside justamente na forma como desfaz a oposição entre história e analítica, entre argumentação descritiva e argumentação propositiva, porque justamente o seu desígnio é fazer uma genealogia. Um estudo da proveniência que identifica o lugar em que se deu um conflito e uma ruptura que ainda exerce efeitos sociais específicos no nosso presente. O argumento mais forte a favor de uma leitura programática do cuidado de si refere-se à dificuldade com que, desde o século XIX, as sociedades ocidentais se deparam no desejo de reconstituir uma ética e estética do eu. As noções que no passado atestavam essas práticas, apesar de nos serem familiares, perderam o sentido e tornaram-se por isso, esvaziadas de sentido. É o caso das expressões “retornar a si” e “liberar-se”. Apesar dessas expressões serem ambíguas, regressamos ao tema da soberania do Eu ou de uma ética do Eu, que chamou atenção da sociedade norte-americana, em particular o caso da cidade de San Francisco.
O exercício da disciplina supõe um dispositivo que obrigue pelo jogo do olhar: um aparelho onde as técnicas que permitem ver induzam a efeitos de poder, e onde, em troca, os meios de coerção tornem claramente visíveis aqueles sobre quem se aplicam. Lentamente, no decorrer da Época Clássica, são construídos esses “observatórios” da multiplicidade humana para as quais a história das ciências guardou tão poucos elogios. Ao lado da grande tecnologia dos óculos, das lentes, dos feixes luminosos, unida à fundação da física e da cosmologia novas, houve as pequenas técnicas das vigilâncias múltiplas e entrecruzadas, dos olhares que” devem ver sem ser vistos”; uma arte obscura da luz e do visível preparou em surdina um saber novo sobre o homem, através das técnicas para sujeitá-lo e processo para utilizá-lo. Esses “observatórios” têm um modelo quase ideal: o acampamento militar. É a cidade apressada e artificial, que se constrói e remodela quase à vontade; é o ápice de um poder que deve ter ainda mais intensidade, mas também mais discrição, por se exercer sobre homens de armas. No acampamento perfeito, todo o poder seria exercido somente pelo jogo de uma vigilância exata; e cada olhar seria uma peça no funcionamento global do poder. O velho e tradicionalmente plano quadrado foi afiando com inúmeros esquemas. Define-se exatamente a geometria das aleias, o número e a distribuição das tendas, a orientação visíel de suas entradas, a disposição das filas e também das colunas; desenha-se a rede dos olhares que se controlam simultaneamente uns aos outros. O acampamento é o diagrama de um poder que age pelo efeito de uma visibilidade geral.
Quer
dizer, toda uma problemática se desenvolve então: a de uma arquitetura que não
é mais feita simplesmente para ser vista (fausto dos palácios), ou para vigiar
o espaço exterior (geometria das fortalezas), mas para permitir um controle
interior, articulado e detalhado – para tonar visíveis os que nela se
encontram; mas geralmente, a de uma arquitetura que seria um operador para a
transformação dos indivíduos: agir sobre aquele que abriga, dar domínio sobre
seu comportamento, reconduzir até eles os efeitos de poder, oferece-los a um
conhecimento, modificá-los. A pedras podem tornar dócil e conhecível. O velho
esquema simples do encarceramento e do fechamento – do muro espesso, da porta
sólida que impedem de entrar ou de sair – começa a ser substituído pelo cálculo
das aberturas, dos cheios e dos vazios, das passagens e das transparências.
Assim é que o hospital-edifício se organiza pouco a pouco como instrumento da
ação médica: deve permitir que se possa observar bem os doentes, portanto,
coordenar melhor os cuidados; a forma dos edifícios, pela cuidadosa separação
dos doentes, deve impedir os contágios, a circulação que se faz circular em
torno de cada leito, deve enfim evitar, que os “vapores deletérios” se estagnem
em torno dos pacientes, decompondo seus humores e multiplicando a doença por
efeitos visíveis imediatos. O hospital – aquele que se quer aparelhar na
segunda metade do século, e para o qual se fizeram tantos projetos depois do
segundo incêndio do Hôtel-Dieu – não é mais simplesmente o teto onde abrigavam
a miséria e a morte próxima; é, sem sua própria materialidade, um operador
terapêutico.
A
organização de um espaço serial representou uma das grandes modificações
técnicas do ensino elementar. Permitiu ultrapassar o sistema tradicional: um
aluno que trabalha alguns minutos com o professor, enquanto fica ocioso e sem
vigilância o grupo confuso dos que estão esperando. Determinando lugares
individuais tornou possível o controle de cada um e o trabalho simultâneo de
todos. Organizou uma nova economia do tempo de aprendizagem. Fez funcionar o
espaço escolar como uma “máquina de ensinar”, mas também de vigiar, de
hierarquizar, de recompensar. O tempo penetra o corpo, e com ele todos os
controles minuciosos do poder. O controle disciplinar não consiste simplesmente
em ensinar ou impor uma série de gestos definidos; impõe a melhor relação entre
um gesto e a atitude global do corpo, que é sua condição de eficácia e de
rapidez. No bom emprego do corpo, que permite um bom emprego do tempo, nada
deve ficar ocioso: tudo deve ser chamado a formar o suporte do ato requerido.
Um corpo disciplinado forma o contexto de realização do mínimo gesto dos
recursos multimodais (aspectos verbais, gestos, corpo e mundo material) com
rigor abrangendo por inteiro, da ponta do pé à extremidade do indicador. A
aprendizagem corporativa com a utilização de bolsistas, historicamente introduzidas
pelas castas/elites europeias que formam pequenos grupos de pesquisas nas
universidades públicas, surgiu originalmente em 1667, confiados durante certo
tempo histórico a um mestre que devia realizar “sua educação e
instrução”, depois colocados para a aprendizagem junto aos diversos mestres
tapeceiros da manufatura; após seis anos de aprendizagem, quatro anos de
serviço e uma prova qualificatória, tinham direito a “erguer e manter loja” em
qualquer cidade do reino.
Encontramos
aí a divisão técnica do trabalho corporativo: relação de dependência ao mesmo
tempo individual e total quanto ao mestre; duração estatutária da formação que
se conclui com uma prova qualificatória, mas que não se decompõe segundo um
programa preciso; troca total entre o mestre que deve dar seu saber e o
aprendiz que deve trazer seus serviços, sua ajuda mútua e muitas vezes uma
retribuição. A forma de domesticidade se mistura a uma transferência de
conhecimento. A escola é dividida em três classes. A primeira para os que não
têm nenhuma noção de desenho; a segunda para os que já têm alguns princípios e,
na terceira, aprendem as cores, fazem pastel, iniciam-se na teoria e na prática
do tingimento. Regularmente, os alunos fazem deveres individuais: cada um
desses exercícios, marcado com o nome e a data da execução, é depositado nas
mãos do professor. Os melhores são recompensados, reunidos no fim do ano e
comparados entre eles, permitem estabelecer os progressos, o valor atual, o
lugar relativo de cada aluno, e os que podem seguir para a classe superior. Em
resumo, pode-se dizer historicamente que a disciplina produz, a partir dos
corpos que controla quatro tipos de individualidade, ou antes, uma
individualidade dotada de quatro características: é celular, pelo jogo da
repartição espacial, é orgânica, pela codificação das atividades, é genética,
pela acumulação do tempo, é combinatória, pela composição das forças. E, para
tanto, utiliza quatro grandes técnicas: constrói quadros; prescreve manobras;
impõe exercícios; enfim, para realizar a combinação das forças, organiza
táticas. Esta representa a arte de construir, com os corpos localizados,
atividades codificadas e as aptidões formadas, em que o produto das
diferentes forças que operam se encontra majorado por sua combinação calculada
é a forma mais elevada da prática disciplinar.
Uma
técnica extensiva utilizada nos laboratórios das universidades. É possível que
a guerra como estratégia seja a continuação da política. A política, como
técnica da paz e da ordem interna, procurou pôr em funcionamento o dispositivo
do exército perfeito, da massa disciplinada, da tropa dócil e útil, do
regimento na manobra e no exercício. Se há uma série guerra-política que passa
pela estratégia, há uma série exército-política que passa pela tática. A
vigilância se torna um operador econômico decisivo, na medida em que é ao mesmo
tempo uma peça interna no aparelho de produção e uma engrenagem específica do
poder disciplinar. Na essência de todos os sistemas disciplinares, funciona um
pequeno mecanismo penal. É beneficiado por uma espécie de privilégio de
justiça, com suas leis próprias, seus delitos especificados, suas formas
particulares de sanção, suas instâncias de julgamento. As disciplinas
estabelecem uma infrapenalidade, quadriculam um espaço deixado pelas leis,
qualificam e reprimem um conjunto de comportamentos que escapava aos grandes
sistemas de castigo por sua relativa indiferença. Na oficina, na escola, no
exército, funciona como repressora toda uma micropenalidade do tempo (atrasos,
ausências, interrupções das tarefas), da atividade (desatenção, negligência,
falta de zelo), da maneira de ser (grosseria, desobediência), dos discursos
(tagarelice, insolência), do corpo (atitudes incorretas, gestos não conformes,
sujeira), da sexualidade (imodéstia, indecência). Ao mesmo tempo é utilizada, a
título de punição, uma série de processos sutis, que vão do castigo físico leve
a privações ligeiras e a pequenas humilhações. Trata-se ao mesmo tempo de
tornar penalizáveis as frações mais tênues de conduta, e de dar uma função
punitiva aos elementos indiferentes do aparelho disciplinar: levando ao
extremo, que tudo possa servir para punir a mínima coisa; que cada indivíduo se
encontre preso numa universalidade punível-punidora.
Mas a disciplina traz consigo uma maneira específica de punir, e que é apenas um modelo reduzido do tribunal. O que pertence à penalidade disciplinar é a inobservância, tudo o que está inadequado à regra, tudo o que se afasta dela, os desvios. É passível de pena o campo indefinido do não conforme. O regulamento da infantaria prussiana impunha tratar com “todo o rigor possível” o soldado que não tivesse aprendido a manejar corretamente o fuzil. O castigo disciplinar tem a função de reduzir os desvios. Deve, portanto, ser essencialmente corretivo. De modo que o efeito corretivo que dela se espera apenas de uma maneira acessória passa pela expiação e pelo arrependimento; é diretamente obtido pela mecânica de um castigo. Castigar é exercitar. Ipso facto, o exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, classificar, punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade através da qual eles são diferenciados e sancionados. Em todos os dispositivos de disciplina, o exame é altamente ritualizado. Nele vêm-se reunir a cerimônia do poder. A forma da experiência, a demonstração da força e o estabelecimento da verdade. O indivíduo é o átomo fictício da representação social. É uma realidade fabricada por essa tecnologia específica de poder: a disciplina.
O panóptico de Bentham, é uma máquina de dissociar o par-ser-visto: no anel periférico, se é totalmente, se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto, pois é a figura arquitetural dessa composição. O princípio é reconhecido: na periferia uma construção em anel; no centro, uma torre: esta é vazada de largas janelas que se abrem sobre a face interna do anel; a construção periférica é dividida em celas, cada uma atravessando toda a espessura da construção; elas têm duas janelas, uma para o interior, correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de lado a lado. Basta então colocar um vigia na torre central, e em cada cela trancar um louco, um doente, um condenado, um operário ou um estudante. Pelo efeito da contraluz, pode-se perceber a torre, recortando-se exatamente sobre a claridade, as pequenas silhuetas cativas nas celas da periferia. Tantas jaulas, tantos pequenos teatros, em que cada ator está sozinho, individualizado e constantemente visível. O dispositivo panóptico organiza unidades espaciais que permitem “ver sem parar e reconhecer imediatamente. Em suma, o princípio da masmorra é invertido; ou antes, de suas três funções – trancar, privar de luz e esconder – só se conserva a primeira e se suprime duas. A luz e o olhar de um vigia captam melhor que a sombra, que protegia. A visibilidade é uma armadilha” (cf. Foucault, 2014: 194).
Bentham
não diz se se inspirou, em seu projeto, no zoológico que Le Vaux construíra em
Versalhes: primeiro zoológico cujos elementos não estão, como tradicionalmente,
espalhados em um parque: no centro, um pavilhão octogonal que, no primeiro
andar, só comportava uma peça, o salão do rei; todos os lados se abriam com
largas janelas, sobre sete jaulas (o oitavo lado estava reservado para a
entrada), onde encerradas diversas espécies de animais. O panóptico descrito
pela analítica do poder, é um zoológico real; o animal é substituído pelo
homem, a distribuição individual pelo grupamento específico e o rei pela
maquinaria de um poder furtivo. Fora essa diferença, o Panóptico, também, faz
um trabalho de naturalista. Permite estabelecer as diferenças: nos doentes,
observar os sintomas de cada um, sem que a proximidade dos leitos, a circulação
dos miasmas, os efeitos do contágio misturem os quadros clínicos; nas crianças,
anotar os desempenhos (sem que haja limitação ou cópia), perceber as aptidões,
apreciar os caracteres, estabelecer classificações rigorosas e, em relação a
uma evolução normal, distinguir o que é “preguiça ou teimosia” do que é
“imbecilidade incurável”; nos operários, anotar as aptidões de cada um,
comparar o tempo que levam para fazer um serviço, e, se são pagos por dia,
calcular seu salário. Mas o panóptico pode ser utilizado como
“máquina de fazer experiências”, modificar o comportamento, treinar ou
retreinar os indivíduos. Experimentar remédios e seus efeitos. Tentar diversas
punições sobre os prisioneiros, segundo seus crimes e temperamento, e procurar
as mais eficazes.
Ensinar simultaneamente diversas técnicas aos operários, estabelecer qual é a melhor. Tentar experiências pedagógicas – e particularmente abordas o famoso problema da educação reclusa, usando crianças encontradas ; ver-se-ia o que acontece quando aos dezesseis ou dezoito anos rapazes e moças se encontram; poder-se-ia acompanhar “a genealogia de qualquer ideia observável”; criar diversas crianças em diversos sistemas de pensamento, fazer alguns acreditarem que dois e dois são quatro e que a lua é um queijo, depois de juntá-los todos quando tivessem vinte ou vinte e cinco anos; haveria então discussões que valeriam bem os sermões ou as conferências para as quais se gasta tanto dinheiro: haveria pelo menos ocasião de fazer descobertas no campo da metafísica. O Panóptico é um local privilegiado para tornar possível a experiência com homens, e para analisar com toda certeza as transformações que se pode obter neles. Mais do que isso: pode até se constituir em aparelho de controle, pois em sua torre, o diretor pode inspecionar todos os empregados submetidos a seu serviço; poderá julgá-los continuamente, modificar seu comportamento, impor-lhes métodos que considerar melhores; e ele mesmo, por sua vez, poderá ser facilmente observado. O Panóptico funciona como uma espécie de pragmática de um laboratório que produz efeitos de poder. Através da observação, ganha em eficácia e em capacidade de penetração no corpo dos homens: um aumento de saber vem se implantar em todas as frentes do poder, descobrindo objetos que devem ser conhecidos em todas as superfícies de saber-poder.
Para sermos breves, em cada uma de suas aplicações, na esfera da ação individual e coletiva, permite aperfeiçoar o exercício do poder de várias maneiras: porque pode reduzir o número dos que o exercem, ao mesmo tempo em que multiplica o número daqueles sobre os quais é exercido. Permite intervir a cada momento e a pressão constante age antes mesmo que faltas, erros, os crimes sejam cometidos. Porque, nessas condições, sua força é nunca intervir, é se exercer espontaneamente e sem ruído. É construir um mecanismo de efeitos em cadeia. Porque é um intensificador para qualquer aparelho de poder: assegura sua economia (em material, em pessoal, em tempo); assegura sua eficácia por seu caráter preventivo, seu funcionamento contínuo e seus mecanismos automáticos. É uma maneira astuciosa de obter poder. É uma espécie de “ovo de Colombo” na ordem da política. Ele cria dispositivos discursivos com efeitos de vir se integrar a uma função qualquer, de educação, de terapêutica, de produção, de castigo; de aumentar essa função, ligando-se intimamente a ela; de construir um mecanismo misto no qual as relações de poder (e de saber) podem-se ajustar exatas e até nos detalhes, aos processos que é preciso controlar; de estabelecer uma proporção direta entre o “mais-poder” e a “mais produção”.
Enfim,
o dispositivo panóptico não é simplesmente uma charneira. Um local de trocas
simbólicas e experimentais entre um mecanismo de poder e uma função. É capaz de
reformar a moral, preservar a saúde, revigorar a indústria, difundir a
instrução, aliviar os encargos públicos, estabelecer a economia como que sobre
um rochedo, desfazer, em vez de cortar, tudo isso com uma simples ideia
arquitetural. Na realidade, qualquer instituição panóptica, mesmo que seja tão
cuidadosamente fechada quanto aquelas controladas por uma casta, poderá sem
dificuldade ser submetida ser submetida a essas inspeções ao mesmo tempo
aleatórias e incessantes: e isso não só por parte dos controladores designados,
mas por parte do público, que pode ser agregado à analítica do poder, como
membro da sociedade com direito de vir constatar com seus próprios olhos como
funcionam as universidades, e sobretudo, os hospitais, as fábricas, as prisões.
Não há, consequentemente, risco de que o crescimento de poder devido à máquina
panóptica possa degenerar em tirania, pois a máquina de ver é uma espécie de
câmara escura em que se espionam os indivíduos; ela se torna um edifício
transparente onde o exercício do poder disciplinar poderá ser democraticamente
controlado, com a redução de mandato colocaria em xeque como função estabelecer
as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da administração pública. Não
queremos perder de vista que o panoptismo é o princípio geral de uma nova
“anatomia política”, cujo objeto e fim não são as relações de soberania do Eu.
São relações de disciplina-bloco, na constituição de uma instituição fechada,
entorpecida pelo ódio e pré-estabelecida à margem, mormente voltada para
funções negativas: realizar para o mal, romper as comunicações, suspender o
tempo.
Bibliografia
Geral Consultada.
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