“Os mitos são sonhos públicos; os sonhos são mitos privados”. Joseph Campbell
Lone
Survivor (“O Grande Herói”) é um filme de guerra de 2013,
escrito e dirigido por Peter Berg. Ele é baseado em livro de 2007 de não-ficção
de Marcus Luttrell com o mesmo nome, e retrata acontecimentos fracassados dos
Navy SEALs dos Estados Unidos da América na missão Operação Red Wings de
contrainsurgência combatendo o Talibã realizada em 2005, no Afeganistão, em que
quatro membros da SEAL Team 10 foram incumbidos de capturar ou matar o líder do
Taliban Ahmad Shah (1970-2008). O filme é estrelado por Mark Wahlberg como
Luttrell, com um elenco de apoio que inclui Taylor Kitsch, Emile Hirsch, Ben
Foster, e Eric Bana. Primeiro Peter Berg soube do romance em 2007 durante as
filmagens de Hancock, e mais tarde perseguiu os direitos de filmagem com uma
reunião com Luttrell para discutir uma adaptação para o cinema do livro. Depois
de licitação contra a Warner Bros, Sony Pictures, Paramount Pictures e
DreamWorks, Universal Studios ganhou os direitos de filmagem, protagonizado com
Berg para dirigir. A filmagem principal de Lone Survivor começou em
outubro de 2012, e concluída após 42 dias; filmagens ocorreram no local, no
Novo México. O filme Lone Survivor foi ajustado para ter um lançamento
limitado, como é praxe em 27 de dezembro de 2013, e obtendo uma grande
liberação em 10 de janeiro de 2014. O filme é baseado no SEAL Team 10 a qual a
missão falhou: Operação Red Wings em 28 de junho de 2005, para capturar
ou matar um líder talibã notório durante a guerra no Afeganistão.
A Operação Red Wings, informalmente
reconhecida como Batalha de Abbas Ghar, foi uma operação militar
conjunta conduzida pelos Estados Unidos no nas montanhas de Sawtalo Sar, no
vale Korangal, distrito de Pech, província de Kunar, Afeganistão. Foi realizado
do final de junho a meados de julho de 2005 nas encostas de uma montanha
chamada Sawtalo Sar, situado a aproximadamente 32 km a Oeste da capital da
província de Asadabad. A operação pretendia interromper as atividades das
milícias anticoligação (ACM) locais alinhadas com os Talibã,
contribuindo assim para a estabilidade regional e facilitando assim as eleições
parlamentares de setembro de 2005 para a Assembleia Nacional do Afeganistão.
Naquele momento, as atividades do ACM talibã na região era levada a cabo
predominantemente por um pequeno grupo liderado por um homem local da província
de Nangarhar reconhecido como Ahmad Shah, que tinha aspirações de alcançar
proeminência regional entre os fundamentalistas muçulmanos. Consequentemente,
Shah e seu grupo foram um dos principais alvos da operação militar americana. A
Operação Red Wings foi concebida pelo 2º Batalhão, 3º Fuzileiros Navais
(2/3) do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América com base em
um modelo operacional desenvolvido pelo batalhão irmão de 2/3, o 3º Batalhão,
3º Fuzileiros Navais (3/3), que precedeu o 2/3 em seu desdobramento de combate.
Utilizou unidades e recursos das forças de operações especiais (SOF), incluindo membros dos SEALs da Marinha dos Estados Unidos e do Comando de Operações Especiais do Exército dos Estados Unidos (USASOC), o 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais (160º SOAR), reconhecidos como Night Stalkers, para a fase de abertura da operação. Uma equipe de quatro Navy SEALs encarregada de vigiar e reconhecer um grupo de estruturas conhecidas por serem usadas por Shah e seus homens, foram emboscados por Shah e seu grupo poucas horas depois de entrarem na área por meio de corda rápida de um helicóptero MH-47 Chinooks. Três dos quatro SEALs foram mortos durante a batalha que se seguiu, e um dos dois helicópteros da força de reação rápida (QRF) enviados para ajudá-los foi abatido por um RPG-7 disparado pelos insurgentes de Shah, matando todos os oito SEALs da Marinha e todos os oito aviadores de Operações Especiais do Exército a bordo. A operação então ficou conhecida como Red Wings II e durou mais três semanas, durante o qual os corpos dos SEALs e aviadores de Operações Especiais do Exército caídos foram recuperados e o único sobrevivente da equipe SEAL inicial, Marcus Luttrell, foi resgatado. Embora o objetivo da operação tenha sido parcialmente alcançado Shah se reagrupou no vizinho Paquistão e retornou com mais homens e armamentos, impulsionado pela notoriedade que ganhou com sua emboscada e abate de helicóptero durante a Red Wings. Em agosto de 2005, Shah ficou gravemente ferido e seu grupo foi destruído durante a Operação Whalers na província Kunar. Em abril de 2008, Shah foi morto por tropas paquistanesas durante um tiroteio na província paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa, província da Fronteira Noroeste, é a menor das quatro províncias em que se subdivide o Paquistão.
Faz fronteira com o Afeganistão a Oeste e ao Norte, com os Guilguite-Baltistão e a Caxemira a Nordeste e a Leste, com o Território Federal das Áreas Tribais a Oeste, e com o Panjabe e o Território da Capital Islamabade ao Sul e a Leste. Sua capital é a cidade de Pexauar. A população de Caiber Paquetuncuá é de 19 343 242 habitantes (2003), distribuídos numa área de 74 521 km². A província é habitada principalmente por pastós, muitos dos quais se referem como Pakhtunkhwa (“terra dos pastós”). De fato, em abril de 2010 o nome da província foi oficialmente alterado para o pastó, خیبر پښتونخوا, transliterado em inglês como Khyber Pakhtunkhwa. Segundo Cabral (2021) o filme, de 2013, estrelado por Mark Walberg, narra a história da Operação Red Wing, Do Team 10, dos SEALs, uma equipe de reconhecimento e vigilância, composta por cinco operadores, cujo objetivo era rastrear e capturar o líder talibã Ahmad Shah, senhor da guerra no Vale Korangi. Shah era acusado de matar fuzileiros navais norte-americanos e afegão que os ajudavam. O filme mostra as dificuldades de operar no Afeganistão com suas montanhas e vales dificultando as comunicações, no meio da incerteza sobre a população se amistosa, inimiga ou colaboradora do Talibã pelo medo das violentas retaliações do grupo e as rígidas regras de engajamento há que os Seals estavam submetidos nas operações. Esse dilema fica exposto quando localizam Shah, mas são descobertos por aldeões, sendo que um deles estava de posse de um rádio portátil, segue-se o debate se devem mata-los (e arcar com todas as consequências de assassinar civis inocentes) ou liberta-los. Luttrell dá o voto decisivo para soltá-los.
Ahmad Shah Massoud, nascido em Bazarak, em 2 de setembro de 1953 e morto em Takhar, em 9 de setembro de 2001, foi um líder militar e político afegão. Do ponto de vista geopolítico representou um poderoso comandante de guerrilha durante o movimento de resistência contra a ocupação soviética de 1979 a 1989. Na década de 1990, ele liderou a ala militar do governo contra milícias rivais; após o Talibã assumir o poder em 1996, ele liderou a resistência armada contra o novo regime até o seu assassinato em 2001. Massoud era um muçulmano sunita de etnia tadjique, cujas origens remontam ao Vale de Panjshir no Norte do Afeganistão (cf. Blasco, 2021). Ele começou a estudar na Universidade Politécnica de Cabul nos anos 1970, onde se envolveu com movimentos religiosos anticomunistas em torno de Burhanuddin Rabbani (1940-2011), um importante pensador islâmico. Ele participou da revolta fracassada contra o governo de Mohammed Daoud Khan, que vigorou de 1973 a 1978. Daoud Khan foi o primeiro presidente do país, após derrubar o rei Mohammed Zahir Shah num golpe de Estado. Ele mais tarde se juntou ao movimento Jamiat-e Islami (“Sociedade Islâmica”), de Rabbani. Durante a Guerra Soviético-Afegã, seu papel como poderoso líder insurgente dos mujahideen afegãos rendeu-lhe o apelido “Leão de Panjshir” entre seus seguidores, onde ele resistiu com sucesso aos soviéticos, os impedindo de tomar o vale de Panjshir. Foi o líder do partido afegão Jamiat-e Islami, e serviu como o chefe da Aliança do Norte, uma associação de grupos políticos que lutaram contra o governo Talibã no Afeganistão.
A Guerra do Afeganistão de 1979–1989, também chamada de Guerra Afegã-Soviética representou um período do conflito civil na nação afegã marcado pelo envolvimento militar direto da União Soviética, que durou de 1979 a 1989. Travada no contexto da chamada Guerra Fria, as forças soviéticas lutaram ao lado das tropas do governo marxista da República Democrática do Afeganistão contra grupos de guerrilheiros mujahidins de diversas nacionalidades. A maioria das facções de insurgentes da vertente sunita recebia apoio militar, na forma de armas e dinheiro, de nações vizinhas como o Paquistão, Arábia Saudita e a China, contudo o mais crucial suporte logístico veio de nações ocidentais como os Estados Unidos, o Reino Unido e outros. Os grupos xiitas receberam suporte de países como a República Islâmica do Irã. Esta fase do conflito, que durou uma década, resultou em milhares de mortes (entre civis e combatentes) e outra grande parcela da população afegã fugiu do país, se refugiando em países como o Paquistão e o Irã. As primeiras forças soviéticas entraram no Afeganistão em 24 de dezembro de 1979, sob a liderança do premier Leonid Brezhnev (1906-1982) foi um expressivo estadista soviético que esteve à frente da liderança da União Soviética entre 1964 e 1982. Chefiou o Partido Comunista, tendo presidido o Soviete Supremo de 1977 até a sua morte.
A retirada militar deu-se lentamente quase uma década mais tarde, a 15 de maio de 1988, completando-se a 15 de fevereiro de 1989, já com Mikhail Gorbachev (1931-2022) no cargo de líder da União Soviética. Devido à própria natureza desta guerra, o conflito travado no Afeganistão é chamado de a “Guerra do Vietnã da União Soviética” ou “armadilha de urso”. Alguns estudiosos acreditam que o custo econômico e militar deste conflito contribuiu consideravelmente para o “colapso da União Soviética em 1991”. A República Democrática do Afeganistão foi fundada após a Revolução de Saur em 27 de fevereiro de 1978. O governo tinha uma agenda socialista e populista. O novo regime afegão recebia vasto apoio político e econômico da União Soviética. Em 5 de dezembro de 1978, as duas nações assinaram um acordo de parceria. Em 3 de julho de 1979, o então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, assinou uma secreta ordem executiva para apoiar financeiramente os grupos de oposição ao regime pró-soviético em Cabul. O apoio militar da Rússia ao Afeganistão começou no século XIX no período de “Grande Jogo”. O interesse russo na região continuou durante a Era Soviética, com bilhões de dólares em ajuda econômica e militar aos comunistas afegãos entre 1955 e 1978. Em fevereiro de 1979, a Revolução Iraniana (acontecendo na fronteira afegã) derrubou o regime do imperador Reza Pahlavi, que era simpático aos Estados Unidos.
O
embaixador norte-americano no Afeganistão, Adolph Dubs (1920-1979), foi
sequestrado por militantes do movimento Setami Milli e depois acabou
sendo morto durante uma fracassada tentativa de resgate feito pela polícia
afegã. A morte do embaixador obscureceu ainda mais as relações dos Estados
Unidos com o Afeganistão. Os americanos então enviaram uma frota de vinte
navios de guerra ao Golfo Pérsico e ao mar Arábico, ao mesmo tempo que as
tensões também aumentavam entre o governo dos Estados Unidos e do Irã. Em março
de 1979, foi assinado, com apoio americano, um acordo de paz entre Israel e
Egito. A liderança soviética viu este tratado como uma vitória geopolítica
americana. Para Moscou, o acordo não tinha o propósito de apenas selar a paz
entre israelenses e egípcios, mas também de firmar um pacto militar entre essas
nações e o governo americano. Também, os Estados Unidos avançaram em outras
frentes para expandir sua influência na região, como a venda de 5 000 mísseis
para a Arábia Saudita e o oferecimento de ajuda aos combatentes antinasserismo
na guerra Civil do Iêmen do Norte (1962-1970), entre os
monarquistas do Reino do Iêmen e os partidários da República Árabe do Iémen. Embora
os nasseristas tenham desavenças com os baasistas, ambos são secularistas com
um socialismo vagamente definido.
A Revolução de Saur representou a tomada do poder político, no Afeganistão, pelos comunistas do Partido Democrático do Povo do Afeganistão (PDPA), em 27 de abril de 1978. Saur é o segundo mês do calendário persa, em dari, o mês em que a revolução ocorreu. Em 17 de abril de 1978, um membro proeminente do grupo político Parcham, ligado ao PDPA, Mir Akbar Khyber (ou “Kaibar”), foi morto. Embora o governo emitisse um comunicado lamentando o fato, Nur Mohammad Taraki, do PDPA, afirmou que o próprio governo era responsável pelo assassinato de Khyber, crença partilhada por grande parte da intelectualidade de Cabul. Líderes do PDPA aparentemente temiam que Mohammed Daoud Khan estivesse planejando exterminá-los. Durante as cerimônias fúnebres de Khyber, um protesto contra o governo ocorreu logo em seguida, e os líderes do PDPA, incluindo Babrak Karmal, presidente do Afeganistão de 1979 a 1986, foram, em sua maioria, presos. Hafizullah Amin, no entanto, foi colocado em prisão domiciliar, “o que lhe deu oportunidade para ordenar uma revolta, que vinha sendo urdida por mais de dois anos”. Foi um revolucionário, político comunista e professor afegão. Amin organizou a Revolução de Saur de 1978 e ajudou a fundar a República Democrática do Afeganistão, governando o Afeganistão de 14 de setembro de 1979 até seu assassinato em 27 de dezembro do mesmo ano. Amin, sem ter a autoridade, instruiu os oficiais do exército da Khalq a derrubar o governo. O regime do presidente Mohammad Daoud Khan, uma república declarada após a derrubada da monarquia, chegou ao fim na madrugada do dia 28 de abril de 1978, quando as unidades militares leais ao Khalq, ligado ao PDPA invadiram o Palácio Arg, no coração de Cabul.
A revolução foi estrategicamente planejada para esta data porque era uma sexta-feira, dia de adoração muçulmana, religião predominante no país, quando a maioria dos militares e funcionários do governo não trabalha. Com a ajuda da força aérea militar do Afeganistão, as tropas insurgentes superaram a resistência da Guarda Presidencial. Daoud e a maioria dos membros de sua família foram mortos. O PDPA, dividido entre os grupos Khalq e Parcham, sucedeu ao regime de Daoud, formando um novo governo sob a liderança de Nur Muhammad Taraki. Em Cabul, o gabinete inicial parecia ter sido cuidadosamente construído de modo a atribuir os cargos de maneira alternada, aos Khalqis e aos Parchamis. Assim, Taraki (Khalqi) era o primeiro-ministro, Karmal (Parchami) era o vice-primeiro-ministro, e Hafizullah Amin (Khalqi) era o Ministro das Relações Exteriores. Uma vez no poder, o partido implementou uma agenda comunista. Proclamou um estado ateísta em um país majoritariamente muçulmano e empreendeu uma reforma agrária mal planejada, que não foi bem recebida pelos afegãos. Os novos governantes também proibiram a usura, fizeram várias declarações sobre direitos das mulheres, igualdade entre os sexos e introduziram as mulheres na vida política. Parte da população nas cidades, incluindo Cabul, viu a alteração de forma positiva ou ambivalente em relação a essas políticas. No entanto, a natureza secular do governo tornou-se impopular entre os afegãos, em sua maioria muçulmanos tradicionais que não tiveram qualquer participação social e política ou envolvimento na revolução.
A
oposição tornou-se particularmente pronunciada após a ocupação da União
Soviética do país no final de dezembro de 1979. Havia o temor de que o governo
pró-soviético estivesse em perigo e pudesse ser derrubado por forças mujahidin.
Outra interpretação é a de que a revolução era apenas uma etapa da iminente
invasão soviética. Os Estados Unidos viram na situação uma oportunidade
privilegiada para enfraquecer a União Soviética, e o movimento essencialmente
sinalizou o fim da Era de Distensão, iniciada pelo ex-secretário de Estado
Henry Kissinger. Em 1978, os Estados Unidos começaram então a treinar
insurgentes e dirigir transmissões de propaganda para Afeganistão a partir do
Paquistão. Em seguida, no início de 1979, os oficiais de serviço diplomático
norte-americano começaram a reunir líderes insurgentes estrangeiros para
determinar as suas necessidades. De acordo com o então Secretário de Estado dos
EUA, Zbigniew Brzezinski, a ajuda da CIA aos insurgentes no Afeganistão foi
aprovada em julho de 1979, seis meses antes da invasão soviética. um
cientista político, geopolítico e estadista americano, de origem polonesa.
Brzezinski serviu como Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos
durante a presidência de Jimmy Carter, entre 1977 e 1981. Brzezinski afirmou
que a ajuda aos insurgentes, iniciada sob a administração de Jimmy Carter,
tinha a intenção geopolítica de provocar a intervenção soviética e foi
significativamente impulsionada sob a administração de Ronald Reagan
(1981-1989), que estava empenhado em reverter a influência soviética no
Terceiro Mundo. A insurgência, apesar de tecnologicamente inferior ao
exército vermelho, foi bem sucedida e a derrota da União Soviética enfraqueceu mais o governo soviético.
Além disso, a outrora forte parceria entre a União Soviética e o governo do Iraque começou a se desfalecer. Em junho de 1978, os iraquianos começaram a se aproximar mais do Ocidente, comprando armas da Europa (especialmente das potências militares da França e da Itália), em detrimento dos russos, apesar de boa parte do seu equipamento militar ainda ter origem soviética. Entre 1992 e 1996, Rabbani foi presidente do Afeganistão, até que foi “forçado a fugir de Cabul”, quando os talibãs tomaram a cidade. Seu governo foi reconhecido como legítimo por muitos países e pelas Nações Unidas. Foi assassinado na explosão de um carro-bomba em Cabul no dia 20 de setembro de 2011, enquanto negociava “um acordo de paz com o Talibã”. Antes de morrer, Rabbani era o líder da Frente Nacional do Afeganistão, reconhecido na mídia como a Frente Nacional, o maior grupo de oposição no governo de Hamid Karzai. Em 1992, ele assinou o Acordo de Peshawar, um acordo de paz e compartilhamento de poder no período pós-comunista do Estado Islâmico do Afeganistão. Ele foi apontado como Ministro da Defesa, além de ser o líder militar do governo. Sua milícia lutou para manter Cabul contra os fundamentalistas liderados por Gulbuddin Hekmatyar e outros “senhores da guerra” que ameaçavam a cidade. Hekmatyar foi um comandante militar rebelde durante a invasão soviética do Afeganistão, na década de 1980, e uma das principais figuras da guerra civil que se seguiu à retirada dos soviéticos. Foi primeiro-ministro do país de 1993 a 1994, e, por um breve período, em 1996. Um dos mais controversos líderes mujahidin, foi acusado de ter gasto “mais tempo lutando contra outros mujahidin do que combatendo os soviéticos”, e de ter matado civis de maneira indiscriminada. A partir de 1995 se voltou contra o grupo Talibã, que em janeiro havia cercado a capital, numa batalha que matou cerca de 60 mil civis. Foi a figura política dominante no Afeganistão desde a derrubada do Talibã em 2001 até meados da década seguinte. Karzai foi o presidente da Administração Transitória do Afeganistão, de 2001 a 2004. Após a restauração da república eleições foram realizadas, a qual Karzai saiu vencedor.
Após o Talibã tomar o poder em 1996, Massoud, que rejeitava a visão extremista religiosa deles, voltou à oposição armada até que foi forçado a fugir para Kulob, no Tajiquistão, destruindo antes o estrategicamente importante túnel Salang enquanto se dirigia para o Norte. Ele acabou se tornando o líder militar e político da Frente Islâmica Unida para a Salvação do Afeganistão (a chamada “Aliança do Norte”), que no ano 2000 controlava diretamente um pouco menos de 10% do país. Em 2001, ele visitou a Europa e pediu para líderes da União Europeia (UE) para pressionar o Paquistão para parar de apoiar os talibãs. O Túnel Salang é de 2,67 km de comprimento (1,66 mi) localizado na Passagem Salang, no Norte da Província de Parwan, no Afeganistão, cerca de 90 km (56 mi) ao Norte da capital do país, Cabul. A quase 3.200 metros (10.500 pés) acima do nível do mar, a obra do túnel foi originalmente concluída pela União Soviética em 1964. O túnel é de importância estratégica, pois conecta por estrada a Ásia Central com o Sul da Ásia, e é a única passagem que vai na direção Norte-sul que permanece em uso durante todo o ano, embora seja frequentemente fechado durante os invernos frios por fortes nevascas. Ele também pediu ajuda humanitária para combater as péssimas condições de vida do povo afegão sob o Talibã. Massoud acabou sendo morto em um atentado suicida promovido pela al-Qaeda e os talibãs, em 9 de setembro de 2001. Dois dias mais tarde, os Atentados de 11 de setembro que aconteceram nos Estados Unidos da América, levaram a OTAN a invadir o Afeganistão, se “aliando as forças militares de Massoud”. A Aliança do Norte venceu a guerra de dois meses em dezembro de 2001 retirando o Talibã do poder. Massoud foi postumamente nomeado como “Herói Nacional” pelo Presidente Hamid Karzai após os talibãs terem sido afastados do poder.
Osama bin Laden, ou simplesmente bin Laden (1957-2011), foi um dos membros sauditas da próspera família bin Laden, além de líder e fundador da Al-Qaeda, organização política à qual são atribuídos vários atentados contra alvos civis e militares dos Estados Unidos e seus aliados, dentre os quais os ataques de 11 de setembro de 2001. Filho de Muhammed bin Laden (1908-1967), “imigrante iemenita pobre” que se tornou o homem mais rico e poderoso da Arábia Saudita, depois do próprio rei, Osama bin Laden era o filho único de sua décima esposa, Hamida al-Attas; seus pais se divorciaram logo depois que ele nasceu, a mãe de Osama se casou com Muhammad al-Attas e o novo casal teve quatro filhos. Osama bin Laden também era referido pelos seguintes nomes: Usama Bin Muhammad Bin Ladin, Shaykh Usama Bin Ladin, The Prince, The Emir, Abu Abdallah, Mujahid Shaykh, Hajj, The Director. Desde 2001, bin Laden e sua organização tinham sido os maiores alvos da Guerra ao Terrorismo dos oficiais norte-americanos e esteve entre os dez foragidos mais “procurados” pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) é a polícia federal dos Estados Unidos. É uma agência governamental que investiga violações da lei penal federal, encabeçando a lista. Acreditou-se que Bin Laden e seus companheiros da Al-Qaeda estavam escondidos próximos à costa do Afeganistão e das áreas tribais do Paquistão. Em 1° de maio de 2011, dez anos após os atentados do 11 de setembro, o 1° Presidente negro, Barack Obama, que serviu como o 44º presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, sendo o primeiro afro-americano a ocupar o cargo, anunciou pela televisão que Osama bin Laden havia sido morto durante uma operação militar estadunidense em Abbottabad. Seu corpo teria ficado sob a custódia dos Estados Unidos da América e, “após passar por rituais tradicionais islâmicos, teria sido sepultado no mar”.
O
corpo, notoriamente, percorre a história da ciência e da filosofia. De
Platão a Bergson, passando por Descartes, Espinosa, Merleau-Ponty, Freud, Marx,
Nietzsche, Weber e principalmente Michel Foucault, a definição de corpo
demonstra um puzzle. Quase todos reconhecem a profusão da visão dualista de
Descartes, que define o corpo como uma substância extensa em oposição à
substância pensante. Podemos perceber que seguindo este modo de compreensão,
sobretudo com o advento da modernidade, o corpo foi facilmente associado a uma
máquina. O corpo foi pensado como um mecanismo elaborado por determinados
princípios que alimentam as engrenagens desta máquina promovendo o seu bom
funcionamento. Isto quer dizer que através dos exercícios de abstinência e
domínio que constituem a ascese necessária, o lugar atribuído ao conhecimento
de si torna-se mais importante: a tarefa de se pôr à prova, de se examinar, de
controlar-se numa série de exercícios bem definidos, coloca a questão da
verdade – da verdade do que se é, do que se faz e do que é capaz de fazer – no
cerne da constituição do sujeito moral. E, finalmente, o ponto de chegada dessa
elaboração é ainda e sempre definido pela soberania do indivíduo sobre si
mesmo. Neste aspecto Michel Foucault (2014) nos adverte sobre a questão
abstrata da analítica do poder que se constitui o marco histórico e pontual de
“docilidade dos corpos”. Para ele o soldado é, antes de tudo, etnograficamente,
alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu
vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão
de sua força e de sua valentia: e se é verdade que deve aprender aos poucos o
ofício das armas – essencialmente lutando – as manobras como a marcha, as
atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma “retórica
corporal de honra”.
Eis
como ainda no início do século XVIII se descrevia a figura ideal do soldado.
Mas na segunda metade deste século, o soldado se tornou algo que se fabrica; de
uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa;
corrigiram-se aos poucos as posturas: lentamente uma coação calculada percorrer
cada parte do corpo, assenhoreia-se dele, dobra o conjunto, torna-o
perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos
hábitos; em resumo, foi “expulso o camponês” e lhe foi dada a “fisionomia de
soldado”. Ipso facto, houve, durante a época clássica, uma descoberta do
corpo como objeto e alvo de poder. Encontraríamos facilmente sinais dessa
grande atenção dedicada então ao corpo que se manipula, modela-se, treina-se,
que obedece, responde, torna-se hábil ou cujas forças multiplicam o
“homem-máquina”. O grande livro do homem-máquina foi descrito
simultaneamente em dois registros: no anátomo-metafísico, cujas primeiras
páginas haviam sido escritas por Descartes e que os médicos, os filósofos
continuaram; o outro, técnico-político, constituído por um conjunto de
regulamentos militares, escolares, hospitalares e por processo empíricos e
refletidos para controlar ou corrigir as operações do corpo. Dois registros bem
distintos, pois se tratava ora de submissão e utilização, ora de funcionamento
e de explicação: corpo útil, corpo inteligível. E, entretanto, de um ao outro,
pontos de cruzamento. Isto é, “o homem-máquina” de Julien Offray La Metrie
(1709-1751) é ao mesmo tempo uma redução materialista da alma e uma teoria
geral do adestramento, isto é, no centro dos quais reina a noção de
“docilidade” que une ao corpo analisável o corpo manipulável.
Em
sua significação específica é dócil um corpo que pode ser submetido, que pode
ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado. Contudo, os famosos
autômatos, por seu lado, não eram apenas uma maneira de ilustrar o organismo;
eram também bonecos políticos, modelos reduzidos de poder: obsessão de
Frederico II (1712-1786), rei minucioso das pequenas máquinas, dos regimentos
bem treinados e dos longos exercícios. Para Foucault metodologicamente a
questão a responder é a seguinte: Nesses esquemas de docilidade, em que
o século XVIII teve tanto interesse, o que há de tão novo? Não é a primeira
vez, certamente, que o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e
urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes mito
apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Muitas coisas,
entretanto, são novas nessas técnicas. A escala, em primeiro lugar, do
controle; não se trata de cuidar do corpo, massa, grosso modo, como se fosse
uma unidade indissociável, mas de trabalha-lo detalhadamente; de exercer sobre
ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao mesmo nível prático da mecânica –
movimentos, gestos, atitudes, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo.
O objeto, em seguida, do controle: não, ou mais, os elementos
significativos do comportamento ou a linguagem do corpo, mas a economia, a eficácia
dos movimentos, sua organização interna; a coação se faz mais sobre as
forças que sinais; a única cerimônia que realmente importa é a do
exercício.
A
modalidade, enfim, implica uma coerção ininterrupta, constante, que vela
sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de
acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço,
os movimentos. Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do
corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma
relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar disciplinas. Muitos
processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos,
nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram historicamente no decorrer
dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação. Diferentes da
escravidão, pois não se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos; é
até a elegância da disciplina dispensar essa relação custosa e violenta obtendo
efeitos de utilidade pelo menos igualmente grandes. Mas também ocorre que são
diferentes também da domesticidade, que é uma relação social de dominação
constante, global, maciça, não analítica, ilimitada e estabelecida sob a forma
de vontade de poder singular do patrão, sendo quase seu “capricho”. Diferentes
da vassalidade, vale lembrar, que é uma
relação de submissão altamente codificada, mas longínqua e que se realiza menos
sobre as operações do corpo que sobre os produtos do trabalho e as marcas rituais
de obediência. Ipso facto, diferentes do ascetismo e das “disciplinas”
de tipo monástico, que têm por função realizar renúncias mais do que aumentos
de “utilidade” e “obediência”, têm como fim um aumento do domínio de
cada um sobre seu próprio corpo.
O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está nascendo; ela define como se pode ter o domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas ara que operem como se quer, com as técnicas segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dóceis. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra: ela associa o poder do corpo; faz dele por um lado uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte por outro lado a energia, a potência que poderia resultar, e faz dela uma relação de sujeição estrita.
Se
a exploração econômica separa a força e o produto do trabalho, a coerção
disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma aptidão aumentada e
uma dominação acentuada. Entendida como consumo cultural, a prática do culto ao
corpo situa-se como preocupação geral de mobilidade social, que perpassa a
estratificação de classes sociais e faixas etárias, apoiada num discurso
clínico difuso que se refere tanto a questão estética, quanto a preocupação
alimentar com a saúde. Nas sociedades contemporâneas há uma crescente
apropriação do corpo, com a dieta alimentar e o consumo excessivo de
cosméticos, impulsionados pelo processo de massificação da propaganda/consumo a
desde o desenvolvimento econômico dos anos 1980, onde o corpo ganha mais
espaço, principalmente nos meios midiáticos. Nesse sentido, as fábricas de
imagens estéticas do vencedor como o cinema, televisão, publicidade, revistas
etc., têm contribuído para isso. Ipso facto, nos leva a pensar que a
imagem da eterna fonte de juventude, associada ao corpo perfeito e idealmente, ao
sucesso na educação, no trabalho e na vida amorosa atravessa as etnias e
classes sociais, compondo de maneiras diferentes diversos estilos de vida. O
divórcio oficialmente nesta esfera entre a Rússia e os seus aliados políticos, por um lado, e o
bloco ocidental, por outro, vem ocorrendo em Moscou.
As
comemorações do 70º aniversário do fim da 2ª guerra mundial (1939-1945) marcam
aparentemente o princípio de uma nova ordem mundial, uma poderosa elite com uma
agenda globalista conspirando para eventualmente governar o mundo por meio de
um governo mundial autoritário e uma propaganda abrangente cuja ideologia
política saúda o estabelecimento da Nova Ordem Mundial como a culminação
do progresso da história. Ao lado de Vladimir Putin estavam os presidentes da
China comunista, Xi Jinping; do Irã, o Ali Khamenei; do Egito, marechal Sisi;
da Coreia do Norte, Kim Jong-un; da Venezuela, Nicolás Maduro; da Turquia,
Erdogan; e da Grécia, Tsipras, entre outros líderes de países, como a
Bielorrússia, que sempre estiveram ao lado de Moscou nos bons e maus momentos.
Barack Obama, Merkel, Holland, Cameron e tantos outros ficam de fora, com a
OTAN ao compreender dois dos seus membros ao lado de Vladimir Putin. A guerra
fria do século XXI está começando oficialmente, muito embora as relações
internacionais entre o Leste e Oeste nunca tenham sido felizes e muito menos
amistosas politicamente. Não queremos perder de vista que a Organização do
Tratado do Atlântico Norte, às vezes “Aliança Atlântica”, é uma
organização militar intergovernamental baseada no Tratado do Atlântico Norte de 4 de abril de 1949.
A organização constitui um “sistema de defesa coletiva” através do qual seus Estados-membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização. A sede da OTAN localiza-se em Bruxelas, na Bélgica, um dos 28 países membros em toda a América do Norte e Europa, sendo que os mais novos Albânia e Croácia se associaram em abril de 2009. Um adicional de 22 países participa da Parceria para a Paz da Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN), com 15 outros países envolvidos em programas de diálogo institucionalizado. O gasto militar combinado na “indústria da guerra global” de todos os membros da organização constitui mais de 70% do total de gastos militares de todo o mundo. Foi-se configurando um bloco político-ideológico que questiona a hegemonia do bloco ocidental dirigido pelos Estados Unidos da América (EUA), comparativamente tanto no plano econômico como político e militar que continuam sendo potência hegemônica no mundo, mas ficou para trás – como constata The Economist – o período de cerca de duas décadas e meia de sua hegemonia absoluta no mundo. Hoje se pode dizer que, com o Brics (o bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), já existe uma espécie de multipolaridade econômica no mundo, com uma arquitetura distinta da de Bretton Woods – apoiada no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial – em processo de construção, centrada no Sul do mundo. As alianças da Rússia com a China constituem o eixo dessa nova configuração – que incorpora América Latina, ou parte dela, e parte da Ásia. Os elementos de força do campo dirigido por Washington estão no plano militar, tecnológico e econômico, mas os próprios Estados Unidos, como principalmente Europa e Japão, vítimas de prolongada estagnação econômica e intranscendência política, estão em processo de decadência.
Enquanto
o bloco dirigido por Rússia-China, mesmo em inferioridade militar, econômica e
tecnológica, está em processo de fortalecimento. A primeira metade do século
encontrará uma nova configuração de poder no mundo. Mas antes da ofensiva da
Geórgia, a OTAN e os Estados Unidos avançaram decididos para leste e integraram
em 2004, na Aliança Atlântica, os três países bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia e a Polônia. A
Rússia ficava com quatro países integrantes do antigo inimigo junto à sua
fronteira. Ucrânia, o espaço vital agora, em 2014, 14 anos depois da chegada de
Vladimir Putin ao poder, nova ofensiva ocidental, desta vez na sensível
Ucrânia, cobiçada relíquia da Rússia dos czares e União Soviética, que reconheceu
a Independência em 1991. Evidentemente que a Ucrânia sempre foi uma região
disputada por russos e alemães. Em 2014 surgiu a oportunidade, há muito
esperada pelo Ocidente, para pôr as botas sujas na Ucrânia. E foi assim que, a
reboque da Alemanha de Merkel, a União Europeia tentou o presidente pró-russo
Yanukovitch a assinar um acordo de parceria muito aplaudido pelos ucranianos do
Oeste. Putin chamou Yanukovitch a Moscovo e obrigou-o a assinar uma parceria
com a Rússia. Os protestos na Praça Maidan, em Kiev, foram realimentados por
forças sociais e políticas nacionalistas e fascistas. O massacre de dezenas de
manifestantes em fevereiro constituiu-se em crimes políticos que ainda não está
esclarecido, fez cair Yanukovitch.
A
OTAN é um organismo internacional fundado no ano de 1949 no contexto da Guerra
Fria. Sua história está vinculada à polarização política, principalmente na
Europa, que se deu ao longo da segunda metade do século XX. O objetivo da Otan
é garantir a segurança dos seus países-membros por meio de ações específicas. A
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), frequentemente referida pela
sigla em inglês NATO (de North Atlantic Treaty Organization) e por vezes
também chamada de Aliança Atlântica, é uma aliança militar
intergovernamental baseada no Tratado do Atlântico Norte, assinado em 4 de
abril de 1949, que constitui um sistema de defesa coletiva através do qual os
seus Estados-membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque por
qualquer entidade externa à organização. A sede da NATO localiza-se na região
de Bruxelas, na Bélgica, um dos 32 países membros da América do Norte e Europa.
O mais recente, a Suécia, concluiu o processo de adesão em 5 de março de 2024 e
entrou em 7 de março de 2024. Outros 21 países participam na Parceria para a
Paz da organização com 15 outros países envolvidos em programas de diálogo
institucionalizado.
O
gasto militar combinado de todos os membros da organização constitui mais de
55% do total de gastos militares de todo o mundo. Os gastos de defesa dos
países membros devem ser superiores a 2% do PIB. A NATO era pouco mais que uma
associação política, até a Guerra da Coreia consolidar os Estados-membros da
organização e uma estrutura militar integrada ser construída sob a direção de
dois comandantes dos Estados Unidos. A Guerra Fria levou a uma rivalidade com
os países do Pacto de Varsóvia, que foi formado em 1955. As dúvidas
sobre a força da relação entre os países europeus e os Estados Unidos eram
constantes, junto com questões sobre a credibilidade das defesas da NATO contra
um potencial invasão da União Soviética, o que levou ao desenvolvimento da dissuasão
nuclear francesa independente e a retirada da França da estrutura militar da
organização em 1966 durante 30 anos. Após a queda do muro de Berlim, em 1989, a
organização foi levada a intervir na dissolução da Jugoslávia e conduziu as
suas primeiras intervenções militares na Bósnia em 1992–1995 e, posteriormente,
na Jugoslávia em 1999. Politicamente, a organização procurou melhorar as
relações com países do antigo Pacto de Varsóvia, muitos dos quais acabaram por
se juntar à aliança em 1999 e 2004.
O
artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte requer que os Estados-membros auxiliem
qualquer membro que esteja sujeito a um ataque armado, compromisso que foi
convocado pela primeira e única vez após os ataques de 11 de setembro de 2001
contra os Estados Unidos, quando tropas foram mobilizadas para o Afeganistão
sob a Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF), liderada
pela NATO. A organização tem operado uma série de funções adicionais desde
então, incluindo o envio de instrutores ao Iraque, auxílio em operações contra
pirataria e a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia de acordo
com a resolução 1973 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
(ONU) em 2011. O artigo 4º do tratado é menos potente, visto que apenas invoca
a consulta entre os membros da NATO. Este artigo foi convocado cinco vezes:
pela Turquia, em 2003, por conta da Guerra do Iraque; novamente pelos turcos,
em 2012, por conta da Guerra Civil Síria, após o abatimento de um caça
turco F-4 de reconhecimento desarmado; de novo pela Turquia, quando um morteiro
foi disparado contra o território turco a partir da Síria; pela Polônia, em
2014, após a intervenção militar russa na Crimeia, e por fim pela Turquia,
depois de vários ataques terroristas no seu território pelo Estado Islâmico do
Iraque e do Levante.
A
data da morte de Massoud (9 de setembro), é um feriado nacional chamado de “Dia
Massoud”. Seus seguidores o chamavam de Amer Sāhib-e Shahīd (آمر صاحب شهید),
que pode ser traduzido como “(nosso) comandante martirizado”. Massoud foi
descrito como um dos maiores líderes guerrilheiros do século XX. Ele já foi
comparado a Josip Broz Tito (1892-1980), Ho Chi Minh (1890-1969) e Ernesto Che
Guevara (1928-1967) nesse aspecto, particularmente porque ele conseguiu
defender repetidamente sua região natal de Panjshir tanto dos soviéticos quanto
do Talibã. É uma das 34 províncias do Afeganistão, localizada na parte Nordeste
do país que contém o Vale do Panjshir. A província está dividida em sete
distritos e contém 512 aldeias. Em 2021, a população da província de Panjshir
era de cerca de 173 mil Bazarak é a capital da província. Atualmente é
controlada pela Segunda Resistência, e a única província que não é controlada
pelo Talibã desde a ofensiva do Talebã em 2021. Seu irmão mais novo, Ahmad Zia
Massoud, serviu como primeiro vice-presidente do Afeganistão, de 2004 a 2009, e
seu filho, Ahmad Massoud, atualmente é um líder guerrilheiro contra a volta do
Talibã no Afeganistão. Ahmad Massoud é um político afegão fundador da Frente de
Resistência Nacional do Afeganistão. Ele é filho do líder militar
antissoviético Ahmad Shah Massoud. Ele foi nomeado CEO da Fundação Massoud em
novembro de 2016. Em 5 de setembro de 2019, ele foi declarado sucessor de seu
pai em seu mausoléu no vale de Panjshir. Em 2023, grandes obras de construção
foram realizadas dentro e fora do túnel. Além disso, todos os 30 países
ratificaram a adesão da Finlândia à Organização. Em face da Guerra na Ucrânia
pela Rússia, Finlândia e a Suécia adentraram no bloco como membros plenos.
Bibliografia
Geral Consultada.
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