segunda-feira, 31 de março de 2025

A Cartada Final – Cidade, Cetro, Regra do Jogo & Profissionalismo.

Para agir com conhecimento de causa não basta saber o que devemos querer”. Émile Durkheim

          A Cartada Final (The Score) é um filme norte-americano de 2001, dirigido por Frank Oz, um produtor de televisão anglo-estadunidense e um dos responsáveis pelos famosos fantoches e personagens de programas como Sésame Street (1969) e The Muppet Show (1974). O filme tem como representação um “veterano ladrão” que está prestes a se aposentar e um jovem unem forças a fim de realizar um assalto considerado impossível. Nick Wells (Robert De Niro) é um criminoso profissional que decidiu abandonar a vida de crimes, após quase ser capturado em seu último assalto. Nick pretende agora levar uma vida pacata com sua namorada Diane (Ângela Bassett), que coordena seu clube de jazz em Montreal no Canadá. Até que Max (Marlon Brando), seu grande amigo e financiador de Nick em seus trabalhos ilegais, lhe faz uma oferta impossível de recusar, isto é: o roubo de um histórico cetro francês que havia sido descoberto recentemente e que estava em exibição na cidade. Para realizar o roubo, Nick precisa da ajuda de um cúmplice, Jackie Teller (Edward Norton), que é um jovem, dinâmico, talentoso e agressivo ladrão, mesmo que para tanto ele tenha que quebrar sua própria regra individualista que socialmente prefere nunca trabalhar com parceiros. Até que Max (Marlon Brando), seu grande amigo e financiador em seus trabalhos ilegais, lhe faz uma oferta impossível de recusar: o roubo de um histórico cetro francês que havia sido descoberto recentemente e que estava em exibição na cidade. Porém, para realizar o roubo Nick precisa da ajuda praticamente de um cúmplice, que para tanto “ele tenha que quebrar sua própria regra de nunca trabalhar com parceiros”. 

         O tempo, como a unidade negativa do ser-fora-de-si, é igualmente um, sem mais nem menos, abstrato, ideal. Ele é o ser, que, enquanto é, não é, e enquanto não é; ele é o vir-a-ser intuído, segundo Hegel, isto é, analogamente, tal que são determinadas as diferenças simplesmente momentâneas, as que imediatamente se suprassumem como exteriores, isto é, que são apesar disso exteriores a si mesmas. O tempo é como o espaço uma pura forma de sensibilidade ou do intuir, é o sensível, mas, assim como a este espaço, também ao tempo não diz respeito a diferença de objetividade e de uma consciência subjetiva contra ela. Quando se aplicam estas determinações de espaço e tempo, então seria aquele a objetividade abstrata, este [o tempo], porém a subjetividade abstrata. O tempo é o princípio representativo que o Eu=Eu da autoconsciência pura; mas é o mesmo princípio ou o simples conceito ainda em sua total exterioridade e abstração – como o mero vir-a-ser intuído, o puro ser-em-si como um vir-fora-de-si. O tempo é igualmente contínuo como o espaço, pois ele é a negatividade abstratamente referindo-se a si e nesta abstração ainda não há nenhuma diferença real. No tempo, diz-se, tudo surge e perece, se se abstrai de tudo, a saber, do recheio do tempo e igualmente do recheio do espaço, fica de resto o tempo vazio como o espaço vazio, são então postas e representadas estas abstrações de exterioridade, como se elas fossem por si. O real é limitado, e o outro para esta negação está fora dele, a determinidade é assim nele exterior a si, e daí a contradição de seu ser; a abstração opera nessa exterioridade de sua contradição e a inquietação da mesma é o próprio tempo. 

           Por isso o finito é transitório e temporário, porque ele não é, como o conceito nele mesmo, a negatividade total, mas tem em si, como sua essência universal, entretanto – diferentemente da mesma essência – é unilateral, e se relaciona à mesma como à sua potência. Só o natural, na vida, na realidade concreta é, portanto, enquanto é finito, sujeito ao tempo; o verdadeiro, porém, a ideia, o espírito, é eterna. A intemporalidade absoluta é diferente da duração; é a eternidade que é sem o tempo natural. Mas o próprio tempo é, em seu conceito, eterno; pois ele, não quer qualquer tempo, nem o agora, mas significativamente o tempo-enquanto-tempo, é seu conceito; este tempo, porém, como cada conceito em geral, é o eterno, e também é presente absoluto. O que não está no tempo é o sem-processo; o péssimo e o mais perfeito não estão no tempo, dura. O péssimo, da pior qualidade, porque ele é uma universalidade abstrata, assim espaço, assim tempo mesmo; sua duração não é vantagem. O duradouro é mais altamente cotado do que o transitório; mas toda florescência, toda bela vitalidade tem morte cedo. Mas também o mais perfeito dura, não só o universal sem-vida, inorgânico, mas também o outro universal, o concreto em si, o gênero, a lei, a ideia, o espírito. Representa o processo total ou apenas um momento do processo que entra no tempo enquanto os momentos do conceito têm a aparência da independência; mas as diferenças excluídas portam-se como reconciliadas e retomadas à paz. A noção de desenvolvimento passa a ser central depois dessa concepção na filosofia da história e, para o bem ou para o mal até os dias presentes. Mesmo a ideia de progresso, que implicava o depois poder ser explicado em função do antes, encalhou, de certo modo nos recifes materiais do século XX, ao sair das esperanças ou das ilusões que acompanharam a chamada “travessia do mar” aberto pelo século XIX. 

Esse questionamento refere-se a várias ocorrências distintas entre si que não atestam um progresso moral da humanidade, e sim, uma dúvida sobre a história como portadora de sentido, dúvida renovada, per se no que se refere ao seu método, objeto e como tal nas grandes dificuldades não só em fazer do tempo um princípio de inteligibilidade, como em inserir aí um princípio de identidade. A história humana, isto é, uma série de acontecimentos reconhecidos como acontecimentos por muitos, acontecimentos que podemos pensar que importarão aos olhos dos historiadores de amanhã e, ao qual cada um de nós, por mais consciente que seja de nada representar nesse caso pode vincular algumas circunstâncias ou imagens particulares, como se fosse a cada dia menos verdadeiro que os homens, que fazem a história, pois, senão, quem mais senão homens, não sabem que a fazem. Hegel dizia que a verdade é o todo. Esta é a questão fundamental da filosofia. Que se não enxergamos o todo, podemos atribuir valores exagerados a verdades limitadas, prejudicando a compreensão de uma verdade geral. Essa visão é sempre provisória, nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, caso contrário a dialética estaria negando a si própria. O método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente, ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é”. Para Hegel, o trabalho é o conceito chave para compreensão da superação da dialética na história, atribuindo o verbo suspender com três significados: negação de uma determinada realidade, conservação de algo essencial dessa realidade e elevação a um nível superior. 

A filosofia descreve a realidade e a reflete, portanto, a dialética busca, não interpretar, mas refletir acerca da realidade. A dialética é a história das contradições. O reprimido permanece dentro da totalidade. Esta contradição não é apenas do pensamento, mas da realidade concreta. Então, tudo está em processo de constante devir. Esse padrão é nosso velho conhecido, visto que é algo do qual a filosofia durante séculos de elaboração utilizou para conhecer. E isto fica claro da seguinte maneira; se o saber é igual ao conceito e a essência corresponde o objeto, logo o conceito precisa corresponder ao objeto e vice-versa, basta para nós, portanto, verificar em nosso exame, diz Friedrich Hegel (2007) se o objeto corresponde ao conceito. Por isso, é necessário manter os dois momentos do exame; o conceito, quer dizer, “ser para outro e o objeto consequentemente ser em si mesmo”. Com isso verificamos que não é necessário um “padrão de medida”, no sentido funcionalista, um instrumento que capte o raio, mas de outro modo, é necessário investigar a partir do que é dado, embora, aquilo que é dado fique no limite da própria consciênciaDessa forma, a consciência é consciência do objeto e por identificar este objeto como um elemento extrínseco torna-se “consciência de si mesmo”. A consciência do que é verdadeiro é consciência do “seu saber da verdade”, que estabelece na relação entre tempo e espaço é a própria consciência. 

Hegel admite Marx, não enxerga o trabalho em toda a sua contraditória materialidade e por isso o idealiza e o vê de maneira unilateralmente positiva, minimizando a força da sua negatividade: a essência humana, o ser humano, equivale para Hegel à consciência de si, em vez de reconhecer na consciência de si a consciência de si do homem, quer dizer, “de um homem real, que vive num mundo real, objetivo, e é condicionado por ele”. Por isso, Hegel, na interpretação de Marx da Introdução de 1857, caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento, que se encontra em si mesmo, se aprofunda em si mesmo e se movimenta por si mesmo, enquanto o método que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto é para o pensamento precisamente a maneira de se apropriar do concreto, de reproduzi-lo como concreto espiritual. Portanto, ao assumir o conceito hegeliano de dialética, Marx foi levado a modificá-lo, mas a perspectiva de Marx implicava não só uma reavaliação do papel do trabalho material na autocriação da sociedade e na autotransformação do ser humano, como também exigia uma reavaliação dos trabalhadores e de sua concepção orgânica como força material de trabalho capaz de dar prosseguimento à autotransformação histórica da humanidade na modernidade. A definição histórica do sábado e do domingo como dias de descanso semanal remunerado é uma conquista relativamente recente dos trabalhadores. Foi resultado da luta operária surgida na Inglaterra historicamente depois da Revolução Industrial, no início do século XIX. Na Antiguidade, em termos de análise comparada, os romanos e os adeptos de religiões pagãs dedicavam o sábado ao deus Saturno, que regia a agricultura. Esse dia reservado para o descanso, numa forma de agradecimento ao deus por uma boa colheita. Em outras religiões, como no judaísmo, o sábado também já era consagrado como um dia de repouso semanal. 

O domingo ganhou esse “status” um pouco mais tarde. Só na Era Cristã é que passou a ser considerado sagrado, “porque Jesus ressuscitou dos mortos neste dia”. Por conta disso, os cristãos consagraram o domingo ao Senhor e, para que os fiéis pudessem ir tranquilamente aos cultos, era natural que fosse reservado um dia sem trabalho. Porque pode fazer história e revolucionar a estrutura dessa sociedade, em sua transitoriedade assimilando assim as conquistas mais profundas da filosofia. Utilizando o conhecimento para superar/conservar a situação particular de classe que lhes é imposta. Em sua concepção dialética, a filosofia, “não pode se realizar sem a superação do proletariado; e o proletariado não pode se superar sem a realização da filosofia”.  O modo de pensar dialético atento à infinitude do real e a irredutibilidade do real ao saber distingue os planos de análise e de realidade de quem opera sociologicamente. Implica uma interpretação da consciência no sentido dela se abrir para o reconhecimento do novo, inédito, no âmbito das “mediações complexas” e das contradições sociais que irrompem no campo visual do sujeito e lhe revelam a existência de problemas que não estava enxergando. Hegel é o primeiro a ter visibilidade na Filosofia colocando a questão da consciência e autoconsciência vis-à-vis à consciência comum. É conspícuo a jornada de trabalho que evidência a interrupção do trabalho, fora das crenças religiosas, para que o homem possa gozar e reconstituir-se.    

        Uma forma de atividade generalizada que tomou lugar na vida social não pode, evidentemente, permanecer tão desregulamentada, em seu desempenho e atividade, sem que disso resulte os impactos sociais sobre a divisão do trabalho e as mais profundas perturbações. Mas sofrer no trabalho não é uma fatalidade. No filme A Cartada Final, o cetro roubado é um cetro francês histórico que estava em exibição na cidade de Montreal. O cetro valia US$ 30 milhões e foi roubado na Alfândega de Montreal. É, em particular, como decorre e testemunhamos, uma fonte factível de desmoralização geral real. Pois, precisamente porque as funções econômicas absorvem o maior número de cidadãos, para o pleno desenvolvimento da vida social, há uma multidão de indivíduos, como dizia Freud, cuja vida transcorre quase toda no meio industrial e comercial; a decorrência disso é que, como tal meio é pouco marcado pela moralidade, a maior parte da existência transcorre fora de toda e qualquer ação moral. A tese funcionalista expressa como uma espécie de antídoto da civilização, e que o sentimento do dever cumprido se fixe fortemente em nós, é preciso que as próprias circunstâncias históricas em que vivemos permanentemente desperto. Não queremos perder de vista, que a atividade de uma profissão só pode ser regulamentada eficazmente por “um grupo próximo o bastante dessa mesma profissão para conhecer bem seu funcionamento, para sentir todas as suas necessidades e poder seguir todas as variações destas”. O único grupo que corresponde sociologicamente a essas condições sociais no tempo e espaço é o que seria formado por todos os agentes de uma mesma condição social reunidos num mesmo corpo.

E que a sociologia durkheimiana conceitua de corporação ou grupo profissional. É na ordem econômica que o grupo profissional existe tanto quanto a moral profissional. Desde que, não sem razão, com a supressão das antigas corporações, não se fizeram mais do que tentativas fragmentárias e incompletas para reconstituí-las em novas bases sociais. A primeira observação familiar da crítica de Émile Durkheim (1999), é que a corporação tem contra si seu próprio passado histórico. De fato, ela é tida como intimamente solidária do antigo regime político e, por conseguinte, como incapaz de sobreviver a ele. Na história da filosofia, o que permite considerar as corporações uma organização temporária, boa apenas para uma época e uma civilização determinada, é, ao mesmo tempo, sua grande antiguidade e a maneira como se desenvolveram na história. Se elas datassem unicamente da Idade Média, poder-se-ia crer, de fato que, nascidas com um sistema político, deviam necessariamente desaparecer com ele. Mas, na realidade, têm uma origem bem mais antiga. Em geral, elas aparecem desde que as profissões existem, isto é, desde que a atividade deixa de ser puramente agrícola. Se não parecem ter sido conhecidas na Grécia, até o tempo da conquista romana, é porque os ofícios, sendo desprezados, eram exercidos exclusivamente por estrangeiros e, por isso mesmo, achavam-se excluídos da organização socialmente legal da cidade. Mas em Roma, comparativamente, elas datam pelo menos dos primeiros tempos da República; uma tradição chegava até a atribuir sua criação ao rei Numa, um sabino escolhido como segundo rei de Roma. Sábio, pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim como dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário. É verdade que, por tempo, elas tiveram de levar uma existência bastante humilde, pois os historiadores e os monumentos só raramente as mencionam; não sabemos muito bem como eram organizadas no âmbito da sociedade.

Mas o caráter desses agrupamentos se modificou; eles acabaram tornando-se verdadeiras engrenagens da administração, pois desempenhavam funções oficiais; cada profissão era vista como um serviço público, cujo encargo e cuja responsabilidade ante o Estado cabiam à corporação correspondente. Foi a ruína da instituição. Porque, segundo Durkheim, essa dependência em relação ao Estado não tardou a degenerar numa servidão intolerável que os imperadores só puderam manter pela coerção. Todas as sortes de procedimentos foram empregadas para impedir que os trabalhadores escapassem das pesadas obrigações que resultavam, para eles, de sua própria profissão. Evidentemente, tal sistema de trabalho só podia durar enquanto o poder político fosse o bastante para impô-lo. É por isso que ele não sobreviveu à dissolução do Império. Aliás, as guerras civis e as invasões haviam destruído o comércio e a indústria; os artesãos aproveitaram essas circunstâncias para fugir das cidades e se dispersar nos campos. Assim, os primeiros séculos de nossa era viram produzir-se um fenômeno que devia se repetir tal qual no fim do século XVII: a vida corporativa se extinguiu quase por completo. Mal subsistiram alguns vestígios seus, na Gália e na Germânia, nas cidades essencialmente de origem romana. Portanto, naquele momento, um teórico tivesse tomado consciência da situação, teria provavelmente concluído, como o fizeram hic et nunc nas conjunturas das sociedades globais os “economistas de mercado”, que as corporações não tinham, ou, em todo caso, mais razão de ser, que haviam desaparecido irreversivelmente, e sem dúvida seria retrógrada e irrealizável toda tentativa de reconstituí-las. Os acontecimentos desmentiriam tal profecia.

De fato, após um “eclipse da razão” de algum tempo caminhando para os nossos dias, as corporações recomeçaram nova existência em todas as sociedades europeias. Cetro é um bastão com utilidade de uso, na esfera política por autoridades reais, geralmente empunhado pelo monarca na mão direita e uma das insígnias do poder soberano. O grande dilema na modernidade é que a teoria não previa a intensa luta supranacional, que ultrapassa os limites imaginários e físicos. Quando limitou a convivência em uma fronteira, não pode conceber a ideia de que governos de outros países que tentassem controlar outrem, só causariam o que nós podermos perceber: o caos e banhos de sangue moderno e contemporâneo. Idealizou uma criatura mística chamada Leviatã, em sua ilustração como um monstro composto por vários homens dispostos como escamas. Quer dizer que o soberano que controla a sociedade civil é formado pelo conjunto de indivíduos, demonstrando também que o ser humano deu ao Estado o direito de controlá-lo como se deseja. Todos os seres humanos buscam o sucesso contínuo na obtenção dos objetos de desejo, isto é, procuram a felicidade. É justamente essa busca que conduz os homens à guerra no estado de natureza e é, em última instância, o medo da morte que os leva a criarem o estado civil. Isto porque sem o medo da morte a procura pela felicidade conduz a uma “guerra de todos contra todos”, e para terem certeza de que alcançariam a felicidade, teriam que se tornarem poderosos na busca por um poder. Mas esta busca motivada por um desejo contínuo de poder e mais poder salvaguardaria a felicidade, outra coisa não é senão a satisfação dos desejos. Os homens ao se valerem dos meios políticos e sociais, mas disponíveis para serem felizes na vida cotidiana inevitavelmente entrariam em guerra uns contra os outros. 

A cidade encontra-se no contexto das sociedades ocidentais em que a autonomia e a liberdade estão associadas ao período de transição para a idade adulta. A contracultura pode influenciar o modo como os jovens representam e antecipam o que é ser adulto, na vida individual e coletiva, claramente quando a literatura sugere que as representações do papel de adulto adquirem na modernidade uma configuração própria. A pós-modernidade é um conceito da sociologia histórica que designa a condição sociocultural e estética dominante no capitalismo após a queda real do Muro de Berlim (1989), a “revolução retificada” segundo Jürgen Habermas, da União Soviética e a crise das ideologias nas sociedades ocidentais no final do século XX, com a dissolução da referência à razão como uma garantia de condição e possibilidade de compreensão do mundo através de esquemas totalizantes. O uso do termo se tornou corrente embora haja controvérsias quanto ao seu significado e a sua pertinência. Algumas escolas de pensamento sociais e políticas situam sua origem no alegado esgotamento do projeto moderno, que dominou a estética e a cultura até final do século XX. No ensaio: A Condição Pós-Moderna, François Lyotard caracteriza a pós-modernidade como uma decorrência da morte das “grandes narrativas” totalizantes, fundadas na crença no progresso e nos ideais iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade. Outros, porém, afirmam que a pós-modernidade seria apenas uma extensão da modernidade, período em que, segundo Walter Benjamin, ocorre a perda da aura do objeto artístico em razão do que ele nomeou “a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, em múltiplas formas: cinema, fotografia, vídeo, etc. Para o crítico marxista norte-americano Frederic Jameson, a pós-modernidade representa a “lógica cultural do capitalismo tardio”, correspondente à chamada terceira fase do capitalismo, conforme o esquema proposto analogamente por Ernest Mandel. Outros autores preferem evitar o termo.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo pós-modernidade no sentido de forma póstuma da modernidade, prefere usar a expressão “modernidade líquida” - uma realidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão do Manifesto Comunista, de Marx & Engels (1848) “tudo o que é sólido se desmancha no ar”. O filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo “hipermodernidade”, por considerar não ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos chaplinianos - como o prefixo “pós” dá a entender. Segundo Lipovetsky, os tempos atuais são modernos, com uma exacerbação de certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ética hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço. O filósofo alemão Jürgen Habermas relaciona o conceito de pós-modernidade a tendências políticas e culturais entre neoconservadores, determinadas a combater os ideais iluministas. A perspectiva individualista do “Flower Power”, condicionada historicamente, contraria as transformações dos sistemas de ensino e de formação que no processo civilizatório induzem também a períodos mais longos de coabitação entre pais e filhos adultos, facilitados por mudanças culturais, que permitem aos jovens pela via geracional optar pela “coabitação entre gerações”.

A popularidade de Zygmunt Bauman entrou em franca ascendência quando o autor passou a analisar a pós-modernidade sob o “prisma da liquidez” (2004). Como uma época em que nada é feito realmente para durar, em que a fixidez das relações sociais obtém um valor descartável no processo de social de comunicação, em que toda comunicação é um processo de trabalho, mas nem todo processo de trabalho é um processo de comunicação, elaborando o conceito de modernidade líquida que se afasta da pós-modernidade, na medida em que a modernidade representa um continuum. Ela teria se transformado numa versão consumista, individualista e despolitizada. O conceito de sociedade é comumente utilizado para expressar o processo de estratificação de cidadãos de um país, governados por instituições nacionais que aspiram ao bem-estar dessa coletividade. Todavia, a sociedade não é um mero conjunto de indivíduos vivendo juntos em um determinado lugar, é também a existência de uma organização social, de instituições e leis que regem a vida dos indivíduos e suas relações mútuas. Há também alguns pensadores cujo debate insiste em reforçar a oposição entre indivíduo e sociedade, reduzindo, com frequência, ao conflito entre o genético e o social ou cultural. Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber conceituaram com propriedade a sociedade. Cada um definiu-a a partir da atividade política, social ou econômica do indivíduo. As relações sociais entre os indivíduos tendem a ser menos frequentes e menos duradouras.

O que na análise, muda comparativamente a esses traços gerais de comportamento, refere-se à hierarquia e o poder que criaram para si as posições fixas e tradicionais. A partir da maneira como as pessoas se apresentam dispostas uma ao lado da outra, pode-se facilmente deduzir a diferença de prestígio entre elas. Sabemos o que significa quando uma pessoa se encontra sentada num plano mais elevado, tendo todas as demais em pé a circundá-la. Ou quando está em pé, e as demais sentadas ao seu redor; quando alguém aparece de súbito, e as pessoas reunidas levantam-se; quando alguém se ajoelha diante de outra pessoa; quando não se convida aquele que acabou de entrar a sentar-se. Já uma enumeração indiscriminada de exemplos como esses demonstram a quantidade de configurações mudas que o poder tem como significado e apresenta. Seria necessário investiga-las, definindo com maior exatidão o seu significado social e político. Durante um culto religioso numa igreja, os fiéis ajoelham-se muitas vezes; estão acostumados, e mesmo com prazer não atribuem significado a esse gesto frequente. O orgulho daquele que se encontra em pé reside no fato dele estar livre e não se apoiar em coisa alguma. Seja porque interfira aí a lembrança psicológica da primeira vez em que ele, quando criança, pôs-se de pé sozinho, sentindo-se independente. Aquele que se levantou, pôs-se de pé em consequência de certo esforço e, assim procedendo, faz-se tão alto quando pode ser. Mas aquele que se encontra de pé há muito tempo expressa certa capacidade de resistência, porque pode ser visto por inteiro, sem ter medo ou ocultar-se. Quanto mais tranquilo se revelar esse “seu estar em pé”, quanto menos ele se voltar para espiar em nas direções visíveis, tão mais seguro ele parecerá. Não temerá sequer um ataque pelas costas, invisivelmente a seus olhos. O “estar em pé”, repentinamente, causa a impressão de uma energia ainda não consumida, pois é algo que se encontra no princípio de todo movimento, não por acaso, usualmente, fica-se em pé antes de se andar ou correr.

Trata-se da posição central, a partir da qual, sem que haja transição alguma, pode-se passar seja para outra posição, seja para uma forma qualquer de movimento. As pessoas tendem a supor naquele que está em pé a presença de uma tensão maior. Mesmo nos momentos nos quais sua intenção é inteiramente diversa; no momento seguinte, talvez se deite para dormir. O um fato disciplinar é que na história da vida cotidiana, seja ela social ou tipicamente política é que se superestima aquele indivíduo que se encontra em pé. Simbolicamente, o cetro, é considerado o portador das forças divinas além de um atributo dos deuses. É um tipo de taco ou bastão mais grosso numa das extremidades e geralmente feito de algum material sólido - podendo ser de madeira, pedra, ou metal - normalmente utilizado para fins de necessária força física ou em batalhas de estilo corpo a corpo, em especial pelas forças policiais. Variam de tamanho, peso, material e manuseio, podendo causar danos leves ou pesados. Seu nome vem do francês casse-tête, que significa literalmente “quebra-cabeça”. É um bastão de madeira ou de metal utilizado por policiais ou militares, podendo ser usado também para a segurança pessoal. Nativos da Califórnia usavam clavas entalhadas de um único tronco ou galho de árvore. As dimensões das clavas variavam em torno de 3 cm a 4 cm de diâmetro, 20 cm a 30 cm de comprimento e a cabeça, geralmente arredondada, de 8 cm a 10 cm de diâmetro e 8 cm a 10 cm. O comprimento total da arma variava de 30 a 70 cm. Na parte final do cabo havia um furo transversal onde passava um cordão de couro, que servia para prender a arma no pulso do nativo.  O acabamento era dado por pedras cortantes e facas e o tingimento era feito com hematita avermelhada e dióxido de manganês escuro.

Eram usadas geralmente em batalhas, bem como em caçadas. Os Astecas do México incrustavam seus tacapes de madeira com lascas de obsidiana, uma pedra vulcânica e vítrea, que causava terríveis ferimentos em suas vítimas. Foi desenvolvida há muitos séculos como uma arma de madeira pelos habitantes de Okinawa, no Japão, especificamente como arte marcial, para uso no caratê. Duas tonfas eram frequentemente usadas simultaneamente, sendo uma arma muito eficiente contra ladrões. Os movimentos circulares da tonfa eram usados como forma de ataque, a parte lateral era usada para bloquear golpes de nunchakus e as extremidades para ataques penetrantes. Por volta de 1580, foram impostas leis que proibiram o uso e a posse de armas, até de espadas velhas e ferrugentas, para tentar restaurar a paz e trazer prosperidade a Okinawa. Isso ajudava a prevenir perdas de vida desnecessárias entre o povo e prevenir o surgimento de guerras civis, mas deixava os camponeses de Okinawa sem defesa contra os ninjas. Apesar das técnicas de mão vazia desenvolvidas nos campos de batalha serem eficazes, não o eram contra ataques em massa. Substituindo o ultrapassado cassetete, a tonfa se tornou um bastão ainda mais resistente, feito de fibra sintética e sendo usada como arma de defesa policial. Do ponto de vista da cultura e história, a tonfa, antes de se tornar arma, era usada há mais de oito séculos na China e Japão para “moer e descascar arroz e feijão”. A tonfa foi apenas um dos instrumentos agrícolas usados na China antiga que passaram a ser utilizados como armas em função do desarmamento civil.

Quando se trata de estudar as origens das artes marciais, é importante constatar de pronto que é impossível estabelecer ou identificar qual o momento exato em que surgiram, e o máximo que se pode fazer são conjecturas a partir do ambiente sociocultural em que se desenvolveu, traçando uma linha de acontecimentos mais ou menos coerente, haja vista que alguns aspectos duma arte marcial, algumas técnicas e/ou personagens têm uma origem bem conhecida ou documentada, porém, o conjunto não se fecha, se não se incluírem outras fontes, como relatos e anedotas. O que se sabe é que todos os povos que se organizaram em sociedade possuem alguma forma de defesa, isto é, pelo menos possuem estrategicamente uma força armada, pois os ajuntamentos de pessoas eventuais entravam em choque, por recursos naturais ou outros motivos. Da Grécia, vem outro exemplo de desenvolvimento das artes marciais como disciplina. As cidades-estados disputavam a supremacia sobre as demais, pelo que apareceram os períodos ateniense, espartano, tebano etc. Em tais circunstâncias, somente em Esparta as disciplinas militares tiveram relevo, em ambiente que foi dado destaque ao desenvolvimento físico, para fazer valer frente aos embates e os cidadãos espartanos (“esparciatas”) treinavam de maneira forte tanto “a luta armada como a desarmada”.

Em se tratando de luta desarmada, no ambiente helênico desenvolveu-se a arte marcial do pancrácio, que teria surgido por volta do século VII Antes da Era Comum, ou antes e cujo arcabouço técnico englobaria os mais variados movimentos e golpes, desde socos a estrangulamentos. Como esporte sabe-se ter feito parte dos Jogos Olímpicos. Caminhando pelos segredos extraordinários na Ásia, onde se acredita ser o berço das artes marciais modernas, sabe-se que o exército de Alexandre Magno enfrentou guerreiros de várias origens, como de China e Índia. É impossível creditar o desenvolvimento das artes marciais asiáticas ao contacto com os gregos, pois logicamente existiam já naquelas paragens suas próprias disciplinas, tanto é que se deu enfrentamento entre exércitos e não de um exército e pessoas desarmadas. Infere-se ter havido certamente a troca de conhecimentos, o que era inevitável, após a estabilização das relações. De qualquer forma, havia na Índia uma forma de luta chamada de vajramushti, a qual parecer ter sido transmitida a outros países ou mesmo comunidades, no processo de trocas culturais na Ásia. Posto que se diga tratar mais de especulações, diante da lacuna documental e de que, mesmo existindo algum documento, se tratam de coletâneas de relatos etnográficos, lendas míticas ou anedotas, de fato, as artes marciais passaram a ter caracteres mais formais, no sentido de formalização disciplinar, quando um monge budista indiano chamado Bodhidharma, considerado o primeiro grande mestre, por volta do ano 520 da Era Comum, no fito de empreender uma longa jornada em busca de iluminação espiritual, viajou originalmente desde a Índia até a China.

O monge ficava onde lhe dessem abrigo, em templos ou casas, e aproveitava para evangelizar de acordo com sua doutrina. Sua jornada o teria levado até o Templo Shaolin e, quando Bodhidharma viu as condições físicas precárias em que se encontravam os monges daquele sítio, exortou-os no sentido que a pessoa deveria evoluir por completo, desenvolvendo o lado espiritual, mas sem esquecer do físico, pelo que instruiu todos na prática de exercícios. A prática dos exercícios evoluiu para um sistema de defesa pessoal, até com o uso de armas e outros instrumentos, fazendo surgir uma reputação de que os monges lutadores seriam experts em diversas modalidades e formas de combate, pelo que se difundiu pela China. Os monges de Shaolin não se isolaram apenas na China e levaram seus conhecimentos religiosos, filosóficos e marciais para outros recantos, entre estes o Japão. Antes das influências sínica e nipônica, já existia uma espécie de luta desarmada e nativa de Oquinaua, que era praticada abertamente, chamada de mutô, cujo embate começava com empurrões muito parecidos com os de sumô, depois, seguindo-se com aplicação de golpes de arremesso e torção. Vencia aquele que realmente derrubasse ou submetesse o adversário. Era uma prática social cujo fito mor era recreativo, mas que, segundo alguns autores e mestres, teria sido a semente do caratê, que foi então sendo moldado e modificado sob a influências do boxe sino-meridional.

Bibliografia Geral Consultada.

MACPHERSON, Crawford Brough, Libertá e Proprietà alle Origini del Pensiero Borghesi. La Teoria dell`Individualismo Possessivo da Hobbes a Locke. Milano: Casa Editrice Isedi, 1973; DELEUZE, Gilles, Cinéma II: l` Imagem-temps. Paris: Éditions Minuit, 1985; HOBBES, Thomas, Leviatano. Tradutore G. Micheli. Biblioteca Universale Rizzoli, 1991; SOARES, Luiz Eduardo, A Invenção do Sujeito Universal: Hobbes e a Política como Experiência Dramática do Sentido. Tese de Doutorado em Ciência Política. Rio de Janeiro: Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro, 1991; DURKHEIM, Émile, As Regras do Método Sociológico. 2ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1999; DAMIÃO, Carla Milani, Sobre o Declínio da Sinceridade. São Paulo: Editora Loyola, 2004; GROTIUS, Hugo, O Direito da Guerra e da Paz. 2ª edição. Rio Grande do Sul:  Editora Unijuí, 2005; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007; CRIGNON, Philippe, Hobbes et la Represéntation: Une Ontologie Politique. Paris: Thèse. Université de Paris 8. Saint-Denis, 2007; ANDRADE, Daniel Pereira, Nietzsche: A Experiência de Si como Transgressão. São Paulo: Editora Annablume, 2007; GALARD, Jean, A Beleza do Gesto: Uma Estética das Condutas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008; LOUREIRO, Roberto de Oliveira, O Ócio Criativo e as Inteligências Múltiplas: Dimensões de Domenico De Masi e Howard Gardner sobre o Trabalho Contemporâneo. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2009; LUHMANN, Niklas, Introducción a la Teoría de Sistemas. Org. Javier Torres Nafarrete. Madri: Unión Internacional de Arquitetos, 2012; GIMBO, Fernando Sepe, Foucault, o Ethos e o Pathos de um Pensamento. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2015; WILLIAMS, Raymond, Televisão: Tecnologia e Forma Cultural. São Paulo; Belo Horizonte: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2016; JOLLY, Claude, Destutt de Tracy. L’Idéologie Rationnelle. Paris: Editeur Librairie J. Vrin - Bibliothèque des Philosophies, 2024; BARBER, Nicholas, “De Ainda Estou Aqui a Wicked, por que Oscar 2025 é o mais politizado de todos os tempos”. In: https://www.bbc.com/portuguese/25/01/2025; entre outros. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário