quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Toquinho – Violonista, Arranjador & A Tonga da Mironga do Kabuletê.

Você que entra e não cabe. Você vai ter que viver. Na Tonga da mironga do kabuletê”. Toquinho

A composição “A Tonga da Mironga do kabuletê” (1979) é uma canção escrita pelo poeta Vinícius de Moraes e pelo músico Toquinho. Nela os autores informam, que a expressão seria “uma espécie de xingamento no idioma nagô”. Uma forma de protesto político, para afrontar os militares sem que eles tivessem consciência. Na época o Brasil era governado por um regime militar golpista (1964-1984) e essa era “a oportunidade de protestar sem que os militares compreendessem”. Essa composição supostamente significaria “o pelo do ânus da mãe”. De acordo com o Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, estas palavras significam o seguinte: (1) Tonga (do Quicongo), “força, poder”; (2) Mironga (do Quimbundo), “mistério, segredo”, o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa acrescenta: “feitiço”; (3) Kabuletê, de origem incerta, “indivíduo desprezível, vagabundo”, também empregado para designar um pequeno tambor que vai preso em um cabo, usado na percussão brasileira. “Tonga”, segundo o dicionário do magnífico Aurélio, pode ser a representção de uma palavra de origem angolana para “terra a ser lavrada” ou “lavoura”. É, ainda são-tomensíssimo depreciativo, a designar descendentes de lusos, ou de serviçais, nascidos nas ilhas. “Mironga” é, em candomblé e em outras religiões afro brasileiras, “feitiço, sortilégio, bruxedo”. Não por acaso “Kabuletê”, no mesmo léxico, é visto como “indivíduo reles, desprezível, vagabundo”.

O parceiro fundamental de Antonio Carlos Jobim (1927 –1994) de 1956 a 1963, Vinicius de Moraes enfatizou essa coloquialidade na obra construída nos anos 1970 em dupla com Antonio Pecci Filho, cantor, compositor e violonista paulistano artisticamente reconhecido como Toquinho. A parceria tinha sido iniciada casualmente na Itália, em 1969, ano em que Vinicius gravou com Toquinho um disco produzido por Sergio Bardotti (1939–2007) com o cantor Sergio Endrigo (1933 – 2005) e o poeta Giuseppe Ungaretti (1988-1970). Popularizada no Brasil dos anos 1970 com as gravações de sambas A Tonga da Mironga do kabuletê (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1970) e Tarde em Itapoã (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971), a dupla Toquinho & Vinicius atravessou com sucesso esses anos 1970, com produção concentrada na primeira metade daquela década e somente se desfez, pela força do destino, com a saída de cena pública do poeta, cuja morte completa exatos 44 anos em 9 de julho de 2020. Lançado em 1980 pela gravadora Ariola, com capa assinada por Elifas Andreato, o álbum de vinil Um Pouco de Ilusão foi o último arremedo de Toquinho & Vinicius, dupla dona de discografia farta que incluiu álbuns gravados com cantoras – como Maria Bethânia, Maria Creuza, Marília Medalha e Ornella Vanoni – e Long Plays com trilhas sonoras originais das novelas Nossa filha Gabriela (1972), O Bem Amado (1973) e Fogo Sobre Terra (1974). Gravado com produção musical assinada por Marco Mazzola com Cayon Gadia e Toquinho, com arranjos do pianista José Briamonte, o álbum Um Pouco de Ilusão foi realizado com Vinicius de Moraes já fragilizado por problemas de saúde.

            A sociologia não pode ser considerada uma concepção que exclui o indivíduo ou que, no máximo, o tolera. É uma concepção humanista, mas que deve implicá-lo e explicitá-lo. Sobre a aquisição do conhecimento pesa um formidável determinismo. Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, o que não se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça os rumos, estabelece os limites, ergue cercas de arame farpado e conduz-nos ao ponto onde devemos ir. E também que conjunto prodigioso de determinações sociais, culturais e históricas é necessário para o nascimento da menor ideia, da menor teoria. Não bastaria limitarmo-nos a essas determinações que pesam do exterior sobre o conhecimento. É necessário considerar, também, os determinismos intrínsecos ao processo social de conhecimento, que são muito mais implacáveis. Em primeiro lugar, princípios iniciais, comandam esquemas e modelos explicativos, os quais impõem uma concepção de mundo e das coisas que se governam e ipso facto, controlam de modo imperativo e proibitivo a lógica dos discursos, pensamentos, teorias. Ao organizar os paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo organizado dos sistemas de convicção e de crença que, quando reinam em uma sociedade, impõem a todos a força imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a força proibitiva do tabu do corpo. Publicado pela primeira vez em 1979, tornou-se a primeira publicação brasileria a analisar o corpo como sistema simbólico. As ideologias nas sociedades dispõem também da força imperativa e coercitiva que evidencia a repressão social sobre a sexualidade aos convictos e o temor inibitório aos desalmados.

         O conceito de figuração distingue-se de outros conceitos teóricos da sociologia por incluir expressamente os seres humanos em sua formação social. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira, singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra, por tanto por meio do ingresso singular do mundo simbólico específico de uma figuração já existente de seres humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso de compartilhamento dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos socialmente apreendidos. Sem sua apropriação, sem o aprendizado de uma determinada língua especificamente social, os seres humanos não seriam capazes de se orientar no seu mundo nem de se comunicar uns com os outros. Um ser humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da língua e do conhecimento de determinado grupo permanece fora das figurações humanas, pois não é um ser humano.

      O livro O Mistério do Samba (1995), do antropólogo Hermano Vianna cunhou o termo “mediadores transculturais” para se referir a personagens da elite intelectual brasileira que, interessados pelas manifestações de uma cultura popular afro-brasileira, favoreceram o encontro cultural do Brasil com o samba, os sambistas e com uma parte significativa desse núcleo universal. No capítulo de Macunaíma, “Macumba”, Mário de Andrade escancara esse encontro e um dos locais onde ele se dava: exatamente, a casa da Tia Ciata, metonímia de “todas as tias” (baianas) do samba do Rio de Janeiro. A forma que um dia os membros da elite social se interessaram pelas manifestações afro-brasileiras de expressão popular, depois, outros grupos se aproximaram e, por conseguinte, o próprio Estado, verificando a correlação da força do ritmo e o poder de comunhão dessa expressão popular, “apadrinhou o samba, tornando-o a música popular brasileira por excelência”. Nos anos populistas controversos da Era Vargas, o samba se tornava um patrimônio nacional, mas, ainda nesse percurso, teria que se enquadrar na cartilha do Estado Novo (1937-1945). Mudam personagens: sai o “malandro”, o “boêmio da orgia”, a cabrocha; entra o trabalhador, o pai de família, a dama. A questão do “samba-exaltação”, cujo exemplo vibrante é “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, gravada por Francisco Alves (1898-1952) e orquestra, sob a batuta de Radamés Gnattali (1906-1988); mais adiante, na contraluz, o samba-canção. Entre os mais proeminentes “mediadores transculturais” poderíamos incluir o nome do poeta e diplomata Vinicius de Moraes. Para o poeta quanto para o embaixador, a mediação transcultural é um ofício.

O primeiro operacionaliza, na mediação de sua poesia no mundo, como autêntico representante de uma escrita que consagra, o segundo representa um país, uma nação, ipso facto, a pátria amada. Mas é claro que Vinicius de Moraes misturou tudo isso. Deve-se lembrar que, nesse tempo social, a diplomacia não era uma profissão de carreira, os cargos diplomáticos eram muitas vezes oferecidos a escritores de relevância nacional/internacional como João Cabral de Melo Neto (1920-1999) ou Guimarães Rosa (1908-1967). Entretanto, hegelianamente dialetizando, Vinicius de Moraes não seria diplomata sem antes se destacar como poeta. E, assim, não estaria condizendo com a sua condição de diplomata se deixasse de lado logo aquilo que o fez merecer o posto. Em busca de uma poesia total, popular, que escapasse do círculo restrito da poesia escrita, o poeta pensou em escrever uma peça que recriasse o mito de Orfeu numa favela carioca. Com elenco composto exclusivamente por atores negros e atrizes negras e muito samba, Orfeu da Conceição ainda trazia uma novidade que seria fundamental para o surgimento da Bossa Nova: a parceria entre Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Poucos anos depois, a peça seria adaptada para o cinema pelo diretor francês Marcel Camus (1912-1982) e ganharia o Festival de Cannes (1959), e o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1960). Foi o estopim da comunicação socialmente internacional da Bossa Nova, que nesse momento historicamente da arte contemporânea, já contava com Chega de Saudade (1959), o primeiro disco de João Gilberto (1931-2019). Mas, como diria Vinicius numa parceria com Jobim: “tristeza não tem fim, felicidade sim”.

          As definições de controle social são demasiado amplas e vagas, e, portanto, seria legítimo indagar, escolhendo-as mais ou menos ao acaso, para inferir que resultam em termos de um controle, isto é, qualquer estímulo ou complexo de estímulos que provoca uma determinada reação. Assim, pois, todos os estímulos são controles, pois representam a direção do comportamento por influências grupais, estimulando ou inibindo a ação individual ou grupal. O controle social pode ser definido como a soma total ou, antes, o conjunto de padrões culturais, símbolos sociais, signos coletivos, valores culturais, ideias e idealidades, tanto como atos quanto como processos diretamente ligados a eles, pelo qual a sociedade inclusiva, cada grupo particular, e cada membro individual participante superam as tensões e os conflitos entre si, através do equilíbrio temporário, e se dispõem a novos esforços criativos. Ipso facto, em toda a dimensão da vida associativa deverá haver algum ajustamento de relações sociais tendentes a prevenir a interferência de direitos e privilégios entre os indivíduos. De maneira mais específica, são três as funções do estabelecidas pelo controle social: a obtenção e a manutenção da ordem social, da proteção social e da eficiência social. O seu emprego hic et nunc na investigação sociológica contribuiu consideravelmente para produzir uma simplificação ou redução na análise dos problemas sociais, conseguida proporcionalmente, graças à compreensão positiva da integração das contradições correspondentes no sistema de organização das sociedades e da importância relativa de cada um deles, como e enquanto expressão do jogo social.  Embora obscuro e equívoco, em seu significado corrente, o conceito de controle social é necessário à investigação sociológica na modernidade, encontraram um sistema de referências propício à crítica analítica científicamente, no âmbito de uma seleção lógica e coordenação metódica.  

           A estratégia do passado que visava organizar novos espaços urbanos transformou-se meramente em artifícios políticos e muito pouco em torno de reabilitação de patrimônios. Depois de haver inconscientemente projetado a cidade futura, torna-se uma cidade frequentada por sua estranheza, muito mais elevada aos excessos que reduzem o presente, a nada mais que simples escombros como caixas d`água que deixam escapar seu domínio do tempo. Mas os técnicos se denunciam já no quadriculamento que atrapalhavam os planejadores funcionalistas que deviam fazer tábula rasa das opacidades contidas nos projetos de cidades transparentes. Afinal qual o urbanismo que não descontroem mais do que uma guerra a questão da memória e da história aldeã, operária, com casas desfiguradas, fábricas desativadas, universidades sem vida, cacos de histórias naufragadas que hoje formam as ruínas de uma cidade fantasma ou fantasmas da cidade, antes modernista, cidade de massa, homogênea, como os lapsos de uma linguagem que se desconhece, quem sabe inconsciente. Mas elas surpreendem. O imaginário individual (sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos), em primeiro lugar, são as coisas que o soletram. Eles têm uma função que consiste em abrir uma profundidade no presente, mas não têm mais o conteúdo que provê de sentido a estranheza do passado. Suas histórias políticas deixam de ser pedagógicas para inferir um final claramente trágico. 

O Estado se constitui, portanto, em relação à forma de governo um duplo contexto: de um lado, efeitos de poder político em relação a outros Estados, atuais ou potenciais, isto é, os princípios concorrentes – portanto, precisa concentrar “capital de força física” para travar a guerra pela terra, pelos territórios; de outro lado, em relação a um contexto interno, a contrapoderes, isto é, príncipes concorrentes ou classes dominadas que resistem à arrecadação do imposto ou ao recrutamento de soldados. Esses dois fatores favorecem a criação de exércitos poderosos dentro dos quais se distinguem progressivamente forças propriamente militares e forças propriamente policiais destinadas à manutenção da ordem interna. Essa distinção exército/polícia, evidente hoje, tem uma genealogia extremamente lenta, as duas forças têm sido por muito tempo confundido. O desenvolvimento do imposto está ligado às despesas de guerra. O nascimento do imposto é simultâneo a uma acumulação extraordinária de capital detido pelos profissionais da gestão burocrática e à cumulação de um imenso capital informacional. É o vínculo institucional entre Estado e estatística: o Estado está associado a um conhecimento racional do mundo social e governamental. A estatística em como representação o campo da matemática que relaciona fatos sociais e números em que há um conjunto de métodos que nos possibilita coletar dados e analisá-los, assim sendo possível realizar alguma interpretação deles.

 A partir deste fundamento, sociologicamente falando, compreendemos que ordem social, desordem social e organização, socialmente são elementos essenciais para o entendimento da questão da complexidade, pois se desintegram e se desorganizam ao mesmo tempo. A despeito do significado literalmente, a expressão foi escolhida pelo poeta Vinícius de Moraes (1913-1980) pela sua sonoridade, sem valor semântico, mas com alto valor social sugestivo. É uma inovação linguística que se instalou na cultura popularmente brasileira. Lançada nos anos 1970 pela famosa dupla, representou um de seus maiores sucessos comerciais, cantada ainda pelo Monsueto (1924-1973), sendo, durante aqueles anos, uma expressão de uso bastante popular, à qual não se emprestava nenhum significado particular. - Dizem os versos: - Você que ouve e não fala. Você que olha e não vê. Eu vou lhe dar uma pala. Você vai ter que aprender: A Tonga da mironga do kabuletê. Depois, a canção diz que o ouvinte deve “viver na Tonga da mironga”, para encerrar mandando-o para a “Tonga da mironga”. Monsueto foi um sambista, cantor, compositor, instrumentista, pintor e ator brasileiro. Antonio Pecci Filho, reconhecido profissionalmente pelo apelido Toquinho, nasceu no dia 6 de julho de 1946, em São Paulo. Seus pais são Antonio Pecci e Diva Bondeolli Pecci, descendentes de italianos.

Quer dizer, ele é um cantor, compositor e violonista brasileiro, consagrado pelas parcerias musicais com o poeta Vinícius de Moraes. Se consolidou como um dos grandes cantores, compositores e violonistas da música popular brasileira (MPB). Como Toquinho sempre foi uma “criança pequena”, sua mãe afetivamente o chamava de “meu toquinho de gente”, o que acabou se tornando um privilégio fundamentando seu nome artístico. Toquinho iniciou seus estudos no colégio Sagrado Coração de Jesus, de padres salesianos. Suas maiores influências musicais ocorreram através de João Gilberto e Carlinhos Lira. Assim, Toquinho teve suas primeiras aulas de violão com a professora Dona Aurora, que já via em seu “grande paixão e talento”. Com 14 anos começou a ter aulas de violão com Paulinho Nogueira, de violão clássico com Isaías Sávio e harmonia com Oscar Castro Neves. A carreira de Toquinho se iniciou com apresentações em colégios e faculdades. Mas, foi em 1963, nos shows promovidos pelo radialista Walter Silva, no Teatro Paramount, que obteve mais espaço. No ano seguinte, 1964, Toquinho musicou diversas peças de teatro, entre elas Balanço de Orfeu e Liberdade, LiberdadeO Liceu Coração de Jesus é uma instituição de ensino salesiana, localizada no bairro dos Campos Elíseos, na região central da grande cidade de São Paulo, que tem como grande missão preparar e formar alunos católicos para a sociedade. 

Fundado por São João Bosco em 1885, o Liceu Coração de Jesus, como é tradicionalmente chamado, contou, ao longo de seus mais de 130 anos, com educação noturna, cursos técnicos e cursos superiores. Atualmente, ainda sob administração da Congregação dos Salesianos, o Liceu Coração de Jesus oferece também em sua grade cursos da Educação Infantil ao Ensino Médio, e ainda Educação para Jovens e Adultos (EJA). Fundado em 1885 por São João Bosco, ou “Dom Bosco”, como é reconhecido, com o auxílio de Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, o Liceu Coração de Jesus, à época Liceu de Artes, Ofícios e Comércio, foi criado para atender à doutrina Salesiana, que visava o aprimoramento dos jovens de baixa renda promovendo a educação, o esporte e principalmente a religião. Inicialmente, o Liceu teve como primeiros alunos os filhos de escravos libertos e de imigrantes italianos, oferecendo ensino gratuito em oficinas profissionalizantes de sapataria e alfaiataria. Posteriormente, inaugurou o internato, acolhendo os filhos de cafeicultores. Na esfera de ação política a Revolta Paulista de 1924, conhecida “Revolução Esquecida”, assim como a Revolução Constitucionalista, trouxe transtornos para o colégio que “sofreu com tiros e balas de canhões, durante o bombardeio ao Palácio dos Campos Elísios que ocorreu no dia cinco de julho desse mesmo ano”. Por muitos anos, encontravam-se em seu entorno postes públicos com marcas de balas, e é possível encontrar algumas marcas nos portões do Santuário sagrado Coração de Jesus. Em julho de 1924, balas de canhão caíram na tipografia do Liceu e feriram o braço de um aluno. O diretor do colégio Padre Luiz Marcigaglia, fez a promessa de construir a uma igreja dedicada a Santa Teresinha caso nenhum aluno viesse a óbito ou tivesse lesões graves. Como o pedido foi atendido, em 1926, os salesianos construíram a igreja Santa Teresinha e posteriormente o Colégio Salesiano Santa Teresinha.

O Liceu Coração de Jesus foi a primeira instituição de ensino paulistana a oferecer um curso de Ensino Médio noturno. Instituiu cursos técnicos e cursos superiores. Apenas em meados dos anos 1970 é que o Liceu deixou de ser uma instituição exclusivamente masculina. O Liceu já chegou a contar com três mil alunos. Diferentemente de outras tradicionais escolas paulistanas, como o Colégio Visconde de Porto Seguro, o Colégio Pio XI ou a Escola Normal Caetano de Campos, o Liceu não se retirou da região em que foi fundado. Quando foi inaugurado, o Liceu era um colégio de ensino profissionalizante e exclusivo para meninos, além de funcionar também como um internato. O exterior do edifício permanece inalterado, mas o sistema de ensino sofreu alterações no tempo e espaço. O colégio já não oferece mais cursos profissionalizantes e as meninas são aceitas nas salas de aula, mas o Liceu mantém na proposta educativa os três princípios originais instituídos por Dom Bosco: a razão, que é apresentada como a dimensão das relações lógicas, a qual aborda uma compreensão do mundo no geral; a religião, vista como a dimensão transcendental, que busca o sentido da vida a partir da concepção de Deus e por último, o carinho, o qual se encaixa na dimensão afetiva, que refere-se à alegria e ao amor existente para os outros e para a vida. No âmbito esportivo, o Liceu promoveu, por diversos anos, a tradicional Maratona de São Paulo, cujo percurso ia tendo como ponto de partida a bela Praça da República até o pátio interno do colégio. A instituição promovia também as “Olimpíadas Escolares”, um torneio de inovação metodológica pragmaticamente proposto interclasse que durava quinze dias.

Outro fato social atualmente pouco conhecido é o time de futebol amador formado por alunos do Liceu, que chegou a ganhar diversos campeonatos regionais. Além disso, nas atividades extracurriculares estão a capoeira e o judô, modalidades que participam do Festival de Lutas da mesma forma, sediado e organizado pelo colégio. A escola também teve importante contribuição na área artística. Fundou um grupo de coral chamado Canarinhos, que por muitos anos fez apresentações e gravações. Outro importante ícone do Liceu era sua banda marcial, cuja fanfarra, composta por mais de 50 integrantes, cruzava as ruas do bairro em dias festivos. Para promover excursões e outras experiências extracurriculares com seus alunos, o Liceu adquiriu, em 1919, uma chácara no alto de Sant`Ana. Em 1924, é construído um Oratório Festivo. Três anos mais tarde, os salesianos inauguraram nessa chácara a Igreja Votiva de Santa Teresinha, como agradecimento à proteção da Santa, já que nenhum aluno se feriu durante os bombardeios de 1924. No campo cultural, a escola mantém a “Maratona Cultural” e a “Maratona de Matemática”, além de aulas de robótica para crianças e adolescentes. O conjunto de edifícios do Liceu Coração de Jesus, incluindo sua igreja, é tombado pelo patrimônio histórico. Por isso, sua fachada sofreu modificações. Além do colégio e do Santuário, o complexo arquitetônico conta também com teatro e pátio esportivo.

Outro fato social atualmente pouco conhecido é o time de futebol amador formado por alunos do Liceu, que chegou a ganhar diversos campeonatos regionais. Além disso, nas atividades extracurriculares estão a capoeira e o judô, modalidades que participam do Festival de Lutas da mesma forma, sediado e organizado pelo colégio. A escola também teve importante contribuição na área artística. Fundou um grupo de coral chamado Canarinhos, que por muitos anos fez apresentações e gravações. Outro importante ícone do Liceu era sua banda marcial, cuja fanfarra, composta por mais de 50 integrantes, cruzava as ruas do bairro em dias festivos. Para promover excursões e outras experiências extracurriculares com seus alunos, o Liceu adquiriu, em 1919, uma chácara no alto de Sant`Ana. Em 1924, é construído um Oratório Festivo. Três anos mais tarde, os salesianos inauguraram nessa chácara a Igreja Votiva de Santa Teresinha, como agradecimento à proteção da Santa, já que nenhum aluno se feriu durante os bombardeios de 1924. No campo cultural, a escola mantém a “Maratona Cultural” e a “Maratona de Matemática”, além de aulas de robótica para crianças e adolescentes. O conjunto de edifícios do Liceu Coração de Jesus, incluindo sua igreja, é tombado pelo patrimônio histórico. Por isso, sua fachada sofreu pouquíssimas modificações ao longo dos anos. Além do colégio e do Santuário, o complexo arquitetônico conta também com teatro e pátio esportivo.

O Santuário, que foi construído no estilo renascentista, tem forma de basílica e a mesma planta retangular de sua construção original. O interior, contudo, já sofreu diversas modificações, incluindo a construção de um patamar a mais em seus edifícios. O pátio interno também já apresentou diferentes configurações. Sendo um colégio católico, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus (São Paulo) é parte importante do Liceu Coração de Jesus, não sendo isso um óbice, todavia, socialmente para o ingresso de alunos dos mais diversos credos. A torre da igreja se caracteriza pela imagem de Jesus Cristo com os braços abertos. Acima da abóbada de entrada, encontra-se a imagem de uma cegonha ferindo o próprio peito para alimentar seus filhotes com suas vísceras—tradicional símbolo do sacrifício dos pais por sua prole. Internamente, o conjunto conta com uma pequena capela, onde se encontram as imagens de Maria, São José e de Cristo crucificado. Como pertence à Congregação dos Salesianos, o Liceu é devotado a Nossa Senhora Auxiliadora, para além de São João Bosco e de São Domingos Sávio - havendo imagens deles espalhadas interiormente pela escola. Alunos famosos: Antero Greco, Aúthos Pagano, Carvalho Pinto, Fernando de Sousa Costa, Franco Montoro, Fulvio Stefanini, Grande Otelo, Jânio Quadros, José Carlos Pace, Juninho Bill, Laudo Natel, Mário Travaglini, Noite Ilustrada, Osny Silva, Rodolfo Mayer, Roberto Tibiriçá, Sérgio Cardoso, Toquinho, Vicente Feola, Viola, Zeferino Vaz, Napoleão Mendes de Almeida.

            O termo “música popular brasileira” (MPB) já era historicamente utilizado no início do século XX, sem, entretanto, definir um “movimento social” ou grupo de artistas. No ano de final da segunda guerra mundial (1945), o livro: “Música popular brasileira”, de Oneyda Alvarenga, relaciona o termo a “manifestações populares, como o bumba-meu-boi”. Somente duas décadas depois ganharia também a sigla MPB e a concepção que se tem atualmente do termo. A MPB surgiu exatamente em um momento de declínio da chamada Bossa Nova, um gênero renovador na música brasileira surgido na segunda metade da década de 1950. Influenciado pelo jazz norte-americano, a bossa nova deu novas marcas identitárias ao samba tradicional. Mas na primeira metade da década de 1960, a bossa nova passaria por transformações culturais e, a partir de uma nova geração de compositores, o movimento chegaria ao fim já na segunda metade daquela década. A MPB, vagamente entendida como um estilo musical iniciou-se em meados dos anos 1960, a tipos de música que surgiram após o início, origem e evolução da bossa nova. A ideia do gênero musical “bossa negra” é antiga. - “Ela surgiu em Miami (Estados Unidos), em cima do palco, enquanto eu dava uma canja no show do Hamilton. Foi um jam que aconteceu sem ensaio. O repertório foi escolhido na hora e incluiu canções de artistas que admiramos - como Baden Powell e Vinícius de Moraes, entre outros artistas consagrados. O resultado foi ótimo e no camarim - afirma - decidimos que tínhamos que levar a parceria adiante”, recorda o talentoso cantor, compositor e, sobretudo, o apresentador carioca Diogo Nogueira.

         Nos órgãos públicos em geral o padrão de funcionalidade burocrática tem identidade própria. O sujeito da ação funcional, individual ou coletivamente, é um agente do poder público, tanto na atividade meio como na atividade fim. O poder público é uma instituição representativa da sociedade, em nome da qual exerce uma administração regida por leis, normas, regulamentos e códigos de conduta que devem ser cumpridos. Não raras vezes, no âmbito social, a noção de poder público assume uma indefinição conceitual, carregada de subjetividades culturais à medida de atribuições e responsabilidades. A forma de comportamento dos atores sociais envolvidos na dinâmica burocrática, administrativa e acadêmica, das universidades se reporta, em grande parte, às competências distribuídas e amparadas no sistema normativo instituído. Os conflitos de competência e desempenho resultam do confronto da autoridade como forma de comportamento não desejada, amparada em normas, regras e leis. Ao invés de associar as gerações a um conceito de tempo externalizado e mecanicista, pautado por um princípio de linearidade, o pensamento histórico-romântico alemão se esforça por buscar no problema geracional uma contraproposta diante da linearidade do fluxo temporal da história. O problema geracional se torna um problema de existência de um tempo interior não mensurável e que só pode ser apreendido qualitativamente. As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições sociais diferentes em relação a um mesmo problema determinado na esteira da vida.

O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades sociais nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo meio social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Estes, de acordo com a análise de Mannheim, foram produtos específicos, capazes de produzir mudanças sociais, da colisão entre o tempo biográfico e histórico. Ao mesmo tempo, as gerações podem ser consideradas o resultado de descontinuidades históricas e, portanto, de mudanças sociais. O que forma uma geração geneticamente não é uma data de nascimento comum. A “demarcação geracional” é algo apenas potencial - mas é a parte do processo histórico que jovens da mesma idade-classe de fato compartilham em vista do vínculo com a geração atualmente. As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Mas a forma como grupos de uma mesma “conexão geracional” lida com os fatos históricos vividos, por sua geração, fará surgir distintas unidades geracionais no âmbito da mesma conexão geracional no conjunto da sociedade. Quer dizer Karl Mannheim não esconde sua preferência pela abordagem histórico-romântica alemã e per se destaca ainda que este é um exemplo bastante claro de como a forma de se colocar uma questão na sociedade pode variar de país para país, assim como de uma época para outra.

As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Mas a forma como os grupos da mesma conexão geracional lida com os fatos históricos vividos, por sua geração, fará surgir distintas unidades geracionais no âmbito da mesma conexão geracional no conjunto da sociedade. Na verdade, inicialmente, a classe médica em geral acaba por marginalizar as ideias de Freud; seu único confidente durante esta época é o médico Wilhelm Fliess. Depois que o pai de Freud falece, em outubro de 1896, segundo as cartas recebidas por Fliess, Freud, naquele período, dedica-se a anotar e analisar seus próprios sonhos, remetendo-os à sua própria infância e, no processo, determinando as raízes de suas próprias neuroses.

Tais anotações tornam-se a fonte etnográfica para a obra “A Interpretação dos Sonhos”.  Durante o curso desta autoanálise, Freud chega à conclusão de que seus próprios problemas eram devidos a uma atração por sua mãe e a uma hostilidade em relação a seu pai. É o que constitui o famoso “complexo de Édipo”, que se torna o “coração”, por assim dizer, na concepção da teoria de Freud sobre a origem da neurose em todos os seus pacientes investigados. Nos primeiros anos do século XX, são publicadas suas obras em que contém suas teses principais: “A Interpretação dos Sonhos” e “A psicopatologia da vida cotidiana”. Freud já não mantinha mais contato nem com Josef Breuer, nem com Wilhelm Fliess. No início, as tiragens das obras não animavam Freud, mas logo médicos de vários lugares: Eugen Bleuler, Carl Jung, Karl Abrahams, Ernest Jones, Sandor Ferenczi, demonstram respaldo às suas ideias e passam a compor o “Movimento Psicanalítico”. O filme Kids é o drama norte-americano de 1994, escrito por Harmony Korine, dirigido por Larry Clark e produzido por Gus Van Sant. Apresenta Chloë Sevigny, Leo Fitzpatrick, Justin Pierce e Rosario Dawson. O filme representa características importantes, ma msque dizem respeito a “um dia na vida de um grupo de jovens ditos sexualmente ativos de Nova Iorque”. Demonstra seu comportamento diante do consumo de sexo e drogas em meados dos anos 1990.

            Ao invés de associar as gerações humanas a um conceito de tempo externalizado e mecanicista, pautado por um princípio de linearidade, o pensamento histórico-romântico alemão se esforça por buscar no problema geracional uma contraproposta diante da linearidade do fluxo temporal da história. O problema geracional se torna um problema de existência de um tempo interior não mensurável e que só pode ser apreendido qualitativamente. As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas diferentes em relação a um mesmo problema dado. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades sociais nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo meio social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Estes, de acordo com Mannheim, foram produtos específicos - capazes de produzir mudanças sociais - da colisão entre o tempo biográfico e o tempo histórico. Ao mesmo tempo, as gerações podem ser consideradas o resultado de descontinuidades históricas e, portanto, de mudanças sociais. Em outras palavras: o que forma uma geração não é uma data de nascimento comum - a “demarcação geracional” é algo apenas potencial - mas é a parte do processo que jovens da mesma idade-classe de fato compartilham em vista do vínculo com a geração atual.

      Durante cinco anos os artistas mantiveram contato social e finalmente em 2014 conseguiram afinar as agendas de trabalho para a concretização da chamada Bossa Negra. – “Começamos a montar o repertório e o processo todo, incluindo a produção do álbum, levou cerca de seis meses”, completa Hamilton de Holanda. Inicialmente, o estilo que seria conhecido como MPB era denominado como Música Popular Moderna (MPM), terminologia utilizada pela primeira vez em 1965, para identificar: a) canções que já se diferenciavam da bossa nova, b) que não eram samba, nem moda ou marchinha, c) mas, que aproveitavam simultaneamente a suavidade do repertório da bossa nova, d) o carisma das tradições regionais e o cosmopolitismo de canções norte-americanas, que se tornaram conhecidas do público brasileiro por meio do cinema. Um dos primeiros exemplos de canção rotulada como MPM foi “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, que em 1965, interpretada por Elis Regina, venceu o 1º Festival de Música Popular da TV Excelsior. Em 1966, o samba “Pedro Pedreiro”, de Chico Buarque, também foi classificado estilisticamente como MPM, pois não era propriamente representação da “bossa nova”, nem “jovem guarda” e nem música de protesto. Em 1966, um conjunto vocal de Niterói (RJ), até então reconhecido como “Quarteto do CPC”, sigla do movimento social Centro Popular de Cultura, adotou o nome “MPB 4”. Na virada da década de 1960 para a década de 1970, deixou-se de adotar a sigla MPM que foi substituída pela sigla MPB. 

       Houve experiências concretas como o Centro Popular de Cultura (CPC) do movimento estudantil. A União Nacional dos Estudantes (UNE), através do CPC, que procurava levar a arte ao povo, sem temor da mão-de-ferro e a vontade do governo golpista militar de dificultar esse contato politizado a seus objetivos. Além do mais, Brecht transformara o teatro em arma política no século XX, sabendo se apoderar da sua grande força de comunicação política e a capacidade de mobilizar as pessoas. Atores e diretores não podiam dar as costas a essa influência arrebatadora, principalmente na década de 1970, quando o mundo ocidental assistia a uma reviravolta dos costumes e, no Brasil, cresciam os infames mecanismos de repressão e censura. Para bloquear o avanço desse teatro, estagnar o elo estreito entre o palco e a política, os militares estendem um “cordon sanitaire” entre o público e os artistas. A censura e a perseguição acirram-se. Quem não se lembra do ator Klaus Maria Brandauer no papel do ator devorado pela ambição em Mephisto? Cai sobre todos aqueles que convivem com a arte, o dilema cruel que consumiu o protagonista, do diretor húngaro István Szabó. No cinema marcado pelas atuações brilhantes de Gianfrancesco Guarnieri & Fernanda Montenegro, Eles não usam black-tie representa uma metáfora do cotidiano das frações das classes subalternas.

       Revelando demandas sociais tão contemporâneas quanto urgentes, o roteiro constrói, na figura de cada personagem, um ator social. A luta pelos direitos civis num cenário marxista do mundo contemporâneo é revelada a partir da luta de classes, tendo como background os conflitos pessoais, o início dos movimentos sindicalistas e grevistas do ABC Paulista, nos anos 1980. Em São Paulo, o Tião (Carlos Alberto Riccelli) acaba de saber que sua namorada (Bete Mendes) está grávida do primeiro filho. Tião vive sociologicamente, um “paradoxo de consequências não intencionais”: a) ainda mora com os pais e o irmão caçula, b) além de trabalhar explorado na mesma fábrica em que o pai ganha um salário modesto. Mas a situação fica mais delicada, c) quando a empresa entra em constante clima de “indicativo de greve”. Otávio (Gianfrancesco Guarnieri), pai de Tião, é um dos líderes do movimento sindical. Pensando na família que está prestes a se formar, Tião assume posição conservadora, se colocando contra os ideais no berço do sindicalismo brasileiro. Sua atitude leva-o a furar a greve quando ela se dissemina fora da fábrica.  O filme celebra a democracia e a liberdade de expressar o que se pensa e o que se almeja, sem o receio da conservadora censura brasileira.   

        Antropologicamente falando o samba “Ai Que Saudades da Amélia”, de Mário Lago e Ataulfo, é um primoroso poema popular, coloquial espontâneo. Escrito por Mário Lago, recebeu de Ataulfo Alves uma de suas melhores melodias, que expressa musicalmente o espírito da letra. Da sensibilidade da letra de Mário Lago, compositor inspirado é baseado numa história real. Aníbal Alves de Almeida, conhecido como Almeidinha, irmão da cantora Araci de Almeida, é o pai não-intelectual de “Amélia”. Os historiadores da música sustentam que Amélia realmente “existiu e, possivelmente, ainda vivia à época da canção. Era uma antiga lavadeira que serviu à sua família [de Almeidinha]. Morava no subúrbio do Encantado (Zona Norte do Rio de Janeiro) e trabalhava para sustentar uma prole de nove ou dez crianças”. Mário Lago narra que, em 1941, enquanto conversava com Ataulfo, Frazão e Orlando Silva, no Café Nice, “o Almeidinha começou a cantarolar a história de uma mulher que era solidária ao seu homem, que passava fome ao seu lado e achava bonito não ter o que comer. Eu e Ataulfo pensamos: isso dá um samba”. O baterista Almeidinha admirava o desprendimento de Amélia dos Santos Ferreira, empregada de Araci de Almeida. A versão de Ataulfo, transmitida por Luizito: - “Tínhamos combinado fazer o samba juntos. Eu tinha a música e pedi os versos Mário Lago. Ele escreveu o poema e me deu.

Em casa, meti os peitos no samba. Mudei então alguns versos. Não o sentido. Uma ou outra palavra, trocando de lugar uma frase para melhor adaptar minha música”. Alguns disseram para Ataulfo: “O samba é bonito, mas não é carnavalesco”. Outros ficaram com receio: “A música é boa, mas, não sei, é diferente e acho que o povo não gosta disso”. Nem Orlando Silva, o “Sinatra” da casa grande e da senzala, ousou gravar “Amélia”. Na falta de um grande cantor, para concordarmos com o mimetismo sociológico, Ataulfo decidiu gravar o samba, no fim de novembro de 1941, com o grupo Academia do Samba e, tocando cavaquinho, Jacob do Bandolim. Lançada em janeiro de 1942, a música fez sucesso, não desagradando os que entenderam aquilo que Ataulfo disse numa entrevista: - “Amélia é compreensão, é ternura, é vida”. Não é um hino à submissão. - “Ela simboliza a companheira ideal, que luta ao lado do marido, vivendo de acordo com suas possibilidades, sem exigir o que ele não pode dar”, acrescentou o compositor-cantor. “Amélia” pontificou Mário, era o “símbolo da mulher brasileira”, um exagero, pois as troianas, e outras, eram tão solidárias quanto. Indicada a disputa do samba do carnaval de 1942, “Amélia” enfrentou “Praça Onze”, sucesso de Herivelto Martins e Grande Otelo. As duas músicas empataram, por decisão do público, e levaram a grana do prêmio.

Seu primeiro disco solo começou a ser gravado em 1966, A Bossa de Toquinho, que em 1968 recebeu o nome de O Violão do Toquinho. O álbum conta com faixas em parceria com Elis Regina e Walter Silva, em Triste Amor Que Vai Morrer. No ano de 1969, o cantor passou sete meses na Itália com Chico Buarque. Dessa viagem, saiu uma participação na gravação de “um disco que homenageia Vinícius de Morais”. As primeiras canções de Toquinho tiveram vários parceiros, entre eles, Vitor Martins, Chico Buarque, Paulo Vanzolini e Jorge Ben. Entertanto, a música começou a entrar na sua vida cedo, quando ouvia os discos que seu pai comprava, entre eles, Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Francisco Alves, Orlando Silva, o trompetista Ray Anthony, a orquestra de Ray Conniff (1916-2002), entre outros. Como Toquinho já estava ganhando bastante espaço, chamou atenção de Vinícius, que ficou admirado com o violão que o músico tocava. Assim, fez um convite para Toquinho, pedindo para acompanhá-lo numa temporada na Argentina. Isso marcou o início de uma grande parceria e amizade. Suas maiores influências foram João Gilberto e Carlinhos Lira. Assim, Toquinho teve suas primeiras aulas de violão com a professora Dona Aurora, que já via em seu aluno grande paixão e talento. Com 14 anos começou a ter aulas de violão com Paulinho Nogueira, de violão clássico com Isaías Sávio e harmonia com Oscar Castro Neves. Como Toquinho já estava ganhando bastante espaço, socialmente, chamou atenção de Vinícius, que ficou admirado com o violão que o músico tocava. Assim, fez um convite para Toquinho, pedindo para acompanhá-lo numa temporada na Argentina. Isso marcou o início de uma grande parceria e amizade.

O Liceu Coração de Jesus é uma instituição de ensino salesiana, localizada no bairro dos Campos Elíseos, na região central da grande cidade de São Paulo, que tem como grande missão preparar e formar alunos católicos para a sociedade. Fundado por São João Bosco em 1885, o Liceu Coração de Jesus como é tradicionalmente chamado, já contou, no decorrer de seus mais de 130 anos, com educação noturna, cursos técnicos e cursos superiores. Ainda sob administração da Congregação dos Salesianos, o Liceu Coração de Jesus oferece em sua grade cursos da Educação Infantil ao Ensino Médio, e ainda Educação para Jovens e Adultos. A música começou a entrar na sua vida quando ouvia os discos que seu pai comprava, entre eles Luís Gonzaga, Ângela Maria, Francisco Alves, Orlando Silva, o trompetista Ray Antony e a orquestra de Ray Coniff, entre outros. Com 14 anos começou a ter aulas de violão com Paulinho Nogueira, de violão clássico com Isaías Sávio e harmonia com Oscar Castro Neves. Toquinho Iniciou a sua carreira musical se apresentando em colégios e faculdades. Mas só em 1963 se apresentou nos shows promovidos pelo radialista Walter Silva no Teatro Paramount. Walter Silva (1933-2009) foi um jornalista e produtor musical, reconhecido como “Pica-Pau”, iniciou a carreira profissional em 1952, em São Paulo, como locutor comercial da rádio Piratininga.

Desde então exerceu intensa atividade como jornalista das seguintes rádios: Rádio 9 de Julho (1973), emissora oficial do IV Centenário de São Paulo, como locutor e apresentador; Rádio Cultura (1954), como locutor e apresentador; Rádio Mayrink Veiga e Rádio Mundial (1955), no Rio de Janeiro; Rádio Nacional do Rio de Janeiro (1956), como apresentador dos espetáculos musicais do Departamento de Intercâmbio. Em 1964 Toquinho musicou diversas peças de teatro, entre elas Balanço de Orfeu e Liberdade, Liberdade. Em 1966 gravou seu primeiro disco solo “A Bossa de Toquinho”, que em 1968 recebeu o nome de “O Violão do Toquinho”. No disco há uma parceria com Elis Regina e Walter Silva em “Triste Amor Que Vai Morrer”. Em 1969 passou sete meses na Itália com Chico Buarque e participou da gravação de um disco em homenagem a Vinicius de Morais. As primeiras canções tiveram vários parceiros no trabalho de composição artística, entre eles, Vitor Martins, Chico Buarque, Paulo Vanzolini e Jorge Ben Jor (Que Maravilha). Estudou harmonia com Edgar Janulo, violão clássico com Isaías Sávio, orquestração com Leo Peracchi (1911-1963) e Oscar Castro-Neves (1940-2013).

Em 1967, trabalhou como arranjador instrumental no Long-Play: “Onze Sambas e uma Capoeira”, de Paulo Vanzolini. Em 1970 compôs, com Jorge Ben Jor, seu primeiro grande sucesso, “Que Maravilha”. Ainda nesse ano, Vinicius de Moraes o convidou para participar de espetáculos em Buenos Aires, formando uma sólida parceria que durou onze anos com 120 canções, 25 discos e mais de mil espetáculos. Naquele mesmo período, iniciou suas primeiras composições com um novo parceiro, o violonista Toquinho. Desta parceria, viriam clássicos reconhecidos nas composições: “Como Dizia o Poeta”, “Tarde em Itapoã” e “Testamento”. Em 1970, Vinicius se apresentou na casa de espetáculo carioca Canecão, no bairro de Botafogo, com o parceiro Tom Jobim, o violonista Toquinho e a cantora Miúcha. O show, que relembrou a démarche do poeta, ficou quase um ano em cartaz devido ao sucesso obtido. Outra apresentação marcante de Vinícius de Moraes, ao lado de Toquinho e da cantora Maria Creuza, ocorreu na cidade argentina de Mar del Plata, na boate La Fusa. O concerto resultaria no LP ao vivo Vinicius En La Fusa, uma das mais belas joias gravadas ao vivo da música brasileira. 

É uma cidade no centro-leste da Argentina, situada na costa do Oceano Atlântico, na província de Buenos Aires. Fundada em 1874, Mar del Plata é um dos maiores portos da Argentina, enquanto também é um destino turístico popular litorâneo. É também onde se localizam os casinos na República Argentina até a década de 1990. Mar del Plata sediou os Jogos Pan-Americanos em 1995. O clima de Mar del Plata é oceânico, classificado como Cfb na Classificação climática de Köppen. As precipitações não variam muito ao decorrer do ano, entretanto a média de chuva no verão é um pouco maior do que no inverno. O verão possui muitos dias ensolarados e secos, gerando grande variação de temperatura ao longo do dia. As chuvas são causadas pelas frentes frias. É uma estação de extremos, a temperatura pode atingir valores perto dos 40 °C nos dias mais quentes e valores próximos a 5 °C nos dias mais frios, com máximas de 14 °C. No inverno a temperatura não muda tão bruscamente como no verão, pois a cidade é influenciada por massas de ar polar em quase toda a estação. Apesar de chover um pouco menos do que no verão, a temperatura diária varia menos, devido a ocorrência de muitos dias nublados e com umidade alta. Neve não é um fenômeno climático raro, mas não ocorre todos os anos, mas de 3 a 5 anos por década é registrado alguma precipitação de neve. As nevadas mais fortes na cidade nos últimos 40 anos foram as de 1975 e 1991.

No ano seguinte, como dizíamos, Vinicius de Morais voltou à Fusa para gravar um novo LP ao vivo, também com Toquinho, mas desta vez com a cantora Maria Bethânia nos vocais. Neste álbum estão presentes canções com “A Tonga da Mironga do Kabuletê”, “Testamento” e “Tarde em Itapoã”. Também em 1971, assinou com Chico Buarque, sobre antigo choro de Garoto, a canção “Gente Humilde”, grande sucesso gravada pelo próprio Chico Buarque e, pouco depois, por Ângela Maria.  A popularidade de Vinicius e de outros brasileiros na Argentina naquela era tamanha que alguns nacionalistas bolaram uma espécie, metaforicamente falando de “teoria da conspiração”, segundo a qual Vinicius, Maria Creuza, Roberto Carlos e Altemar Dutra lideravam um tal de “Plano Macumba”, por meio do qual planejariam a conquista cultural do país vizinho. A parceria Vinicius/Toquinho excursionou por várias cidades brasileiras e também pelo exterior. Ainda em 1971, a dupla lançou seu primeiro LP de estúdio, com destaque para “Maria Vai com as Outras”, “Morena Flor”, “A Rosa Desfolhada” e “Testamento”. Em 1972, eles lançaram o álbum “São Demais os Perigos Dessa Vida”, contendo - além da faixa-título - grandes sucessos como “Cotidiano nº 2”, “Para Viver Um Grande Amor” e “Regra três”. Com Toquinho, também compôs a trilha sonora da telenovela “Nossa Filha Gabriela” TV Tupi, registrada em disco naquele ano. No seguinte, a dupla se apresentou no show “O Poeta, a Moça e o Violão”, com a cantora Clara Nunes (1942-1983) no Teatro Castro Alves, em Salvador. É o maior e mais importante centro artístico de Salvador, capital da Bahia, no Largo do Campo Grande. Em 2013, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Em 1973, junto com Toquinho, é convidado pelo diretor da emissora TV Globo, Daniel Filho, a compor a trilha sonora nacional da telenovela O Bem-Amado. A novela, escrita por Dias Gomes, e as músicas são um imenso sucesso, tornando-se em conjunto talentosamente marcos na teledramaturgia brasileira. Alfredo de Freitas Dias Gomes, romancista, contista e teatrólogo nasceu no bairro do Canela em Salvador, Bahia, no dia 19 de outubro de 1922, e faleceu aos 76 anos, em 18 de maio de 1999, vítima de acidente de carro em São Paulo. Filho do engenheiro Plínio Alves Dias Gomes e de Alice Ribeiro de Freitas Gomes, fez o curso primário no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, dos Irmãos Maristas, e iniciou o secundário no Ginásio Ipiranga. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu o curso secundário no Ginásio Vera Cruz e posteriormente no Instituto de Ensino Secundário. Com apenas 15 anos escreveu sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas (1937), que obteve o 1º lugar no Concurso do Serviço Nacional de Teatro em 1939, criado em 1937 por Gustavo Capanema, o Ministro da Educação que mais tempo ficou no cargo em toda a história social e política do Brasil, entre os anos de 1934 a 1945, durando aproximadamente 11 anos contínuos como Ministro da Educação e Saúde durante o governo autoritário de Getúlio Vargas (1936-1945).  Embora não tenha sido encenada, a obra foi premiada em 1939 num concurso do Serviço Nacional de Teatro (SNT) e publicada no mesmo ano pela Fênix Gráfica, da Bahia, a expensas de um tio entusiasta, chamado Alfredo Soares da Cunha. Ela foi seguida por Esperidião (1938), Ludovico (1940), Amanhã Será Outro Dia (1941) e O Homem Que Não Era Seu (1942).

Em 1942, o jovem autor reconhece a sua primeira realização teatral de sucesso com Pé de cabra, produzida e encenada pelo ator Procópio Ferreira (1898-1979) e exibida em diversas capitais brasileiras entre 1943 e 1944. A peça foi censurada e “proibida na estreia, no dia 31 de julho de 1942, por ser considerada marxista. Liberada, serviu, no entanto, para caracterizar Dias Gomes como comunista muito antes de ele ingressar de fato no Partido Comunista Brasileiro” (cf. Paranhos, 2017). Estreou no teatro profissionalmente com a comédia Pé-de-cabra (1942), encenada no Rio de Janeiro e posteriormente em São Paulo por Procópio Ferreira, que com ele excursionou pelo país. Escreveu as peças O Homem Que Não Era Seu e João Cambão (1942).  Em 1943, sua peça Amanhã Será Outro Dia foi encenada pela Comédia Brasileira, do Serviço Nacional de Teatro (SNT) e novelas globais como O Bem Amado (1973), Roque Santeiro (1985), Saramandaia (1976) e O Pagador de Promessas (1982), uma minissérie produzida e exibida pela Rede Globo de televisão entre 5 e 15 de abril de 1988, em 12 capítulos, às 22h30. Escrita pelo extraordinário Dias Gomes, adaptando a peça teatral de sua autoria, e dirigida por Tizuka Yamasaki, nascida em Porto Alegre, em 12 de maio de 1949 é uma diretora de cinema, produtora, roteirista assistente de direção e designer de produção nipo-brasileira. Concebida tecnicamente em 12 capítulos, a história político-religiosa teve que ser reeditada por imposição do bloco político-ideológico de censura civil-militar, e acabou sendo exibida em apenas oito capítulos. As referências políticas, as menções das lutas dos trabalhadores rurais sem-terra e posseiros (MST) e a inconclusiva Reforma Agrária per se “foram suprimidas tirando o gênese mítico-poética da personagem”.

Tizuka Yamasaki é filha e neta de japoneses. Seus pais tinham se conhecido em Atibaia, no interior de São Paulo, onde foram apresentados através de um nakodo, uma espécie de “casamenteiro na cultura japonesa”. Sua mãe, Sumiko, era filha única, e a avó materna, Titoe Koga, via na filiação do pai de Tizuka, Tosio Yamasaki, um herdeiro para sua propriedade rural em Atibaia. Como o relacionamento com a sogra não era fácil, Tosio Yamasaki decidiu se mudar de Atibaia para Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, onde trabalhou no bairro Belém Velho, a convite de um amigo. A mãe de Tizuka, grávida desta, foi atrás do marido e acabou dando à luz no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Um ano depois, o casal e a pequena filha regressaram para Atibaia na tentativa de reatar laços com a família. Em Atibaia nasceu a irmã caçula de Tizuka, Yurika, em 1952. Pouco tempo depois, por razões pessoais, Tosio precisou viajar ao Japão, onde morreu. Segundo a própria cineasta, enquanto era vivo, a família só falava japonês em casa. Quando atingiu idade para frequentar a escola, Tizuka aprendeu a falar português. Em Atibaia, Sumiko Yamasaki era dona da escola de costura, chamada São João. Aos quinze anos, ela se mudou para a cidade de São Paulo, onde sua mãe contratou um professor de japonês para manter presente o idioma, mas Tizuka curiosamente alegou, o que não é incomum cotidianamente: um “bloqueio cultural”, rejeitando-se a aprender. Tizuka Yamasaki é mãe de Ilya, Fábio e Naina.

Em 1970, Tizuka Yamasaki transferiu-se para a capital federal, onde cursou Arquitetura na Universidade de Brasília. Quando a faculdade foi fechada, Tizuka decidiu estudar cinema no Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Nesse período, Tizuka realizou alguns curtas-metragens. Um de seus professores foi o cineasta Nelson Pereira dos Santos (1928-2018), cujas ideias cinematográficas a influenciaram. Ao lado dele, Tizuka desenvolveu a revista Luz e Ação, a qual nunca circulou comercialmente. Além disso, no filme O Amuleto de Ogum, de 1974, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, ela fez o trabalho de continuísta e fotógrafa de cena. Após trabalhar com Santos, Tizuka colaborou com outros nomes da indústria cinematográfica nacional: Glauber Rocha, Lael Rodrigues e Paulo Thiago. Em 1978, Tizuka Yamasaki fundou sua própria produtora, a CPC, que produziu filmes como Bar Esperança, de Hugo Carvana, Rio Babilônia, de Neville De Almeida e Idade da Terra, o último filme de Glauber Rocha. Em 1980, desenvolveu o roteiro de Gaijin - Os Caminhos da Liberdade, seu primeiro longa-metragem como diretora; o filme conta as dificuldades passadas por imigrantes japoneses em uma fazenda de café, no começo do século XX. Bem recebido, Gaijin conquistou o prêmio de melhor filme no Festival de Gramado daquele ano e recebeu Menção Especial pelo júri do Festival de Cannes, na França. Após o sucesso de Gaijin, Tizuka dirigiu o drama Parahyba Mulher Macho (1983), baseado na história real da poetisa feminista Anaíde Beiriz, interpretada por Tânia Alves, amante de João Dantas, o assassino e rival político de João Pessoa, cuja morte foi o estopim para a mobilização armada da chamada Revolução de 1930. O terceiro longa-metragem de Tizuka Yamasaki, Pátriamada (1984), tem grande valor sociológico documental, pois começou no tempo “sem ter um roteiro pronto, durante os movimentos reivindicatórios das Diretas Já, unindo simultaneamente ficção e realidade. Em 1984, o Brasil vive uma nova efervescência política provocada pelos movimentos sociais e pelo desgaste do regime ditatorial, que culminam no movimento Diretas Já.

Com o objetivo de documentar o tão sonhado processo de redemocratização, a jornalista Carolina, com o auxílio de seu amigo Goiás, começa a fazer um filme sobre o movimento. No entanto, seu envolvimento com um rico empresário pode colocar tudo a perder. Nos anos de 1989 e 1990 dirigiu juntamente Carlos Magalhães a novela Kananga do Japão. Essa novela, voltada para o público adulto, foi recebida positivamente pela imprensa. Segundo a revista Veja, “ficou evidente a intenção dos diretores de usar tomadas de estilo cinematográfico”. Desta forma, foi condecorada por seis categorias vencidas no troféu APCA, da Associação Paulista dos Críticos de Arte. A partir da década de 1990, Tizuka começou a dirigir filmes voltados para o público infantil, todos sucessos de bilheteria. Lua de Cristal (1990) foi o primeiro de uma série de longas-metragens estrelando a apresentadora Xuxa Meneghel. Ipso facto, O Noviço Rebelde (1997) estrelou Renato Aragão. Em 1996, porém, Yamasaki dirigiu o filme Fica Comigo, o qual tem como escopo o universo dos adolescentes. Segundo a própria cineasta, a adoção de seu filho Fábio, na época das filmagens um adolescente, determinou a escolha do projeto. Em 2000, o Ministério da Cultura entregou-lhe a Ordem do Mérito Cultural, que tem como representação uma homenagem do governo brasileiro para as personalidades, grupos e instituições que se destacaram nos trabalhos prestados à cultura brasileira. Em 2005, lançou Gaijin - Ama-me Como Sou, que voltou ao tema de seu primeiro longa-metragem.

Vale lembrar que em 1974, Vinicius e Toquinho compuseram “As Cores de Abril” e “Como É Duro Trabalhar”, ambas incluídas na trilha sonora da novela Fogo Sobre Terra (1974-1975), da Rede Globo de televisão. Naquele mesmo ano, a parceria lançou o álbum Toquinho, Vinicius e Amigos. O disco teve as participações de Maria Bethânia (em “Apelo” e “Viramundo”), Cyro Monteiro (“Que Martírio” e “Você Errou”, últimas gravações deste cantor), Maria Creuza (“Tomara” e “Lamento no Morro”), Sergio Endrigo (“Poema Degli Occhi” e “La Casa”) e Chico Buarque (“Desencontro”). Ainda naquele ano, a dupla lançou “Vinicius e Toquinho”, quarto álbum de estúdio da parceria, que trazia composições de autoria deles, como “Samba do Jato”, “Sem Medo” e “Tudo Na Mais Santa Paz”, e ainda “Samba pra Vinicius”, homenagem a poetinha, de Toquinho e Chico Buarque, que fizeram uma participação especial no disco. Em 1975, Vinicius de Moraes lançou o álbum “O Poeta e o Violão”. Gravado em Milão, o LP teve a participação especial dos maestros Bacalov e Bardotti. No mesmo ano, a gravadora Philips lançou o álbum “Vinicius e Toquinho”. Deste LP, destaca-se “Onde Anda Você” - parceria com Hermano Silva e que alcançou grande sucesso. Ainda naquele ano, Vinicius lançou o livro de poemas infantis A Arca de Noé. Foram lançados no ano seguinte os álbuns Ornella Vanoni, Vinicius de Moraes e Toquinho - La Voglia, la Pazzia, l`incoscienza e l`allegria e Deus lhe pague, este disco com as composições da parceria Vinicius e Edu Lobo.

Vinicius teve publicado, em 1977, o livro O Breve Momento, com 15 serigrafias de Carlos Leão. Naquele ano, o selo Philips lançou o álbum “Antologia Poética”, uma seleção da obra poética de poetinha e que teve a participação especial de Tom Jobim, Francis Hime e Toquinho. A gravadora Som Livre disponibilizou no mercado o LP Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha - Ao Vivo no Canecão. Em 1978 foi lançado o álbum Vinicius e Amália, gravado em Lisboa com a cantora portuguesa Amália Rodrigues, cantora, atriz e fadista portuguesa, aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. É a artista portuguesa mais bem sucedida de todos os tempos e está sepultada no Panteão Nacional, entre outras ilustres figuras portuguesas. Naquele mesmo ano, foi editado o álbum: “10 Anos de Toquinho e Vinicius” - uma coletânea de uma década de trabalhos da dupla. Em 1980 foi lançado o álbum Arca de Noé, que trouxe diversos intérpretes para as composições infantis do poeta, musicadas a partir do livro homônimo. O disco gerou Especial Infantil na Rede Globo, naquele mesmo ano. Na madrugada de 9 de julho de 1980, Vinicius de Moraes começou “a se sentir mal na banheira da casa onde morava, no bairro da Gávea, vindo a morrer pouco depois”.

O poeta passou o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do volume 2: Arca de Noé. Foi sepultado no Cemitério de São João Batista, bairro de Botafogo no Rio de Janeiro. Mesmo após a morte, a obra musical de Vinicius de Moraes manteve-se prestigiada na música popular brasileira. Foram lançados os álbuns Toquinho, Vinicius e Maria Creuza - O Grande Encontro (1988) e A História dos Shows Inesquecíveis - Poeta, Moça e Violão: Vinicius, Clara e Toquinho (1991), além de terem sido lançados os seguintes livros sobre o poeta, Vinicius de Moraes - Livro de Letras (1993), de José Castello, Vinicius de Moraes (1995), também de José Castello, “Vinicius de Moraes” (1997), de Geraldo Carneiro que é edição ampliada do livro publicado em 1984. Ainda em 1993, Almir Chediak editou os três volumes do Songbook Vinicius de Moraes. Por ocasião dos vinte anos da morte do poeta, em 2000, a Praia de Ipanema, símbolo carioca, foi o palco de um show em homenagem a Vinicius, com a participação social da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), Roberto Menescal, Wanda Sá, Zimbo Trio, Os Cariocas, Emílio Santiago e Toquinho, interpretando composições de sua autoria. A OSB é uma das mais importantes orquestras brasileiras. Sua sede situa-se na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro.

Foi fundada em 23 de março de 1947, a partir de uma dissidência da escola de samba Prazer da Serrinha. Entre seus fundadores estão Sebastião Molequinho, Elói Antero Dias, Mano Décio da Viola, Silas de Oliveira, Aniceto Menezes, Antônio dos Santos (Mestre Fuleiro) e Eulália do Nascimento. O nome “Império Serrano” foi proposto por Sebastião Molequinho e faz referência ao Morro da Serrinha. A escola tem como cores o verde e o branco, escolhidas por Antenor Rodrigues de Oliveira. A Coroa Imperial Brasileira é o símbolo de representação da agremiação. O Império não tem escola madrinha. São Jorge é o santo padroeiro da agremiação, mas também reconhecido como Jorge da Capadócia e Jorge de Lida foi, conforme a tradição, um soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. A escola surgiu da necessidade de criar uma agremiação democrática, “sem dono, e onde as decisões fossem tomadas em conjunto, o oposto do que vinha ocorrendo no Prazer da Serrinha, onde seu presidente comandava a escola de forma autoritária”. A maioria dos seus fundadores trabalhavam no Sindicato da Estiva, o que resultou, em seus primeiros anos, numa escola organizada. O estatuto regimental da escola proíbe patronos; e a cada três anos, são realizadas eleições presidenciais. Com o passar do tempo, a disputa pela presidência do Império deflagrou crises políticas e, consequentemente, financeiras, que transformaram a agremiação em uma escola “ioiô”, infelizmente, se alternando no pier ranking entre a primeira e a segunda divisão de grupos do carnaval carioca.

Em 2003, ano em que o poeta completaria seu 90º aniversário, foram lançados vários projetos em tributo à sua criação artística. Também foi lançado o website oficial de Vinicius. Em 2005, a canção Garota de Ipanema foi escolhida uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano. Ainda em 2005, estreou, na abertura da sétima edição do Festival do Rio, o documentário Vinicius, dirigido por Miguel Faria Jr. e produzido por Suzana de Moraes, filha do poeta, com a participação de Chico Buarque, Carlos Lyra, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Mariana de Moraes e Olívia Byington, entre outros convidados. A trilha sonora do filme foi lançada em CD. Em 2006, foi lançada a caixa “Vinicius de Moraes & Amigos”, com cinco álbuns de Vinicius contendo 70 canções compiladas de fonogramas gravados por vários intérpretes e pelo próprio Vinicius (solo ou em dueto). A caixa incluiu ainda um livreto com a biografia do homenageado e as letras de todas as canções. Em 2011, a escola Império Serrano falou sobre ele com o enredo: “A Benção, Vinicius”. Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, ou Império Serrano, representa uma escola de samba brasileira da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Originária do Morro da Serrinha, encontra-se sediada na Avenida Ministro Edgard Romero, ao lado da estação de trem Mercadão de Madureira, no bairro de Madureira.

Bibliografia Geral Consultada.

BOUDON, Raymond, Effets Pervers et Ordre Social. Paris: Presses Universitaires de France, 1977; RODRIGUES, José Carlos, Les Representations Sociales de la Mort et l`Occident Industriel. Thèse de Doctorat en Anthropologie. Paris: Université Paris 7, 1981; CHAUÍ, Marilena, Repressão Sexual: Essa Nossa (Des)conhecida. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987; MANNHEIM, Karl, “El Problema de las Generaciones”. In: Revista Española de Investigaciones Sociológicas, n° 62, pp. 193-242; 1993; CASTELLO, José, Vinicius de Moraes: O Poeta da Paixão. 1ª edição. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1994; VIANNA, Hermano, O Mistério do Samba. 2ª edição. Rio de Janeiro: Jorge‎ Zahar Editor, 1995; WEBER, Max, Os Fundamentos Racionais e Sociológicos da Música. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995; De STEFANO, Gildo, O Povo do Samba. O Caso e os Protagonistas da História da Música Popular Brasileira. Pref. de Chico  Buarque, Introd. de Gianni Minà. Roma: Edições de Radio Audizioni Italiane, 2005; ELIAS, Norbert, Escritos & Ensaios (I): Estado, Processo, Opinião Pública. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006; BUTLER, Judith, El Gênero en Disputa. El Feminismo y la Subversión de la Identidad. Barcelona: Editor Paidós, 2008; WENNER, Liana, Vinicius Portenho: As Inesquecíveis Temporadas de Vinicius de Moraes na Argentina e no Uruguai. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2012; GOIANA, Francisco Daniel Iris, Instinto e Civilização: A Sociologia Processual de Norbert Elias e Seu Encontro com a Psicanálise Freudiana. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2014; BRAGA, Ubiracy de Souza, “Bíblia: Exclusividade na Educação Pública?”. Disponível em: http://opovo/app/opovo/opiniao/2014/07/08; CARDOSO, João Henrique Corrêa, A Técnica Violonística: Um Estudo das Convergências e Divergências nos Métodos de Ensino no Decorrer da História do Violão. Dissertação de Mestrado. Escola de Música e Artes Cênicas. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2015; PANICO, Luigi, “De Stefano e i 100 Anni della Bossa Nova”. In: Diário Roma, 10 luglio, 2017; PARANHOS, Kátia Rodrigues, “Dias Gomes entre Textos e Cenas: A Construção e a Reconstrução de um Autor”. In: ArtCultura. Uberlândia, Volume 19, n° 34, pp. 139-152; jan./jun., 2017; VASQUES, Juliana, “Como Surgiu o Violão? Saiba quais foram as origens deste instrumento”. In: Musicalidades, 10 de agosto de 2019; PINTO, Isabella, Elena Ferrante. Poetiche e Politiche della Soggettività. Milano: Mimesis Edizione, 2020; FERRANTE, Elena, As Margens e o Ditado: Sobre os Prazeres de Ler e Escrever. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2023; entre outros.

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