quinta-feira, 23 de março de 2023

Catadores de Caranguejo – Energia Eólica & Costumes do Parnaíba.

                                                        Não podes ensinar o caranguejo a caminhar para a frente”. Aristófanes

    

Há registro etnográfico que Aristófanes teve dois filhos, que também seguiram a carreira do pai na arte da retórica. Escreveu mais de quarenta peças, dentre as quais apenas onze são integralmente reconhecidas. Conservador, no plano das ideias, revela certa hostilidade à história mítica dos deuses, bem como às inovações sociopolíticas e aos homens responsáveis por elas. Seus heróis defendem a memória do passado de Atenas, os valores democráticos tradicionais, as virtudes cívicas e a solidariedade social. Violentamente satírico, critica a pomposidade, a impostura, os desmandos e a corrupção na sociedade em que viveu. Seus alvos são as personalidades influentes entre políticos, poetas, filósofos e cientistas, velhos ou jovens, ricos ou pobres. Comenta em diálogos mordazes e inteligentes todos os temas importantes amplificados da sua época: a chamada Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, os métodos de educação, as discussões filosóficas, o papel da mulher na sociedade, o surgimento da classe média. Foi a literatura, contudo, que popularizou o estilo a partir da comédia, instando-se já no século V, em Atenas.

Aristófanes foi um dramaturgo considerado o maior representante da comédia antiga. Nasceu em Atenas e, embora sua vida seja pouco conhecida, sua obra permite deduzir que teve uma formação intelectual requintada. Aristófanes viveu toda a sua juventude sob o esplendor do Século de Péricles. Aristófanes foi testemunha também do início do fim de Atenas. Ele viu o início da Guerra do Peloponeso, que arruinou a Hélade. A guerra do Peloponeso representou um conflito armado entre Atenas e Esparta, de 431 a 404 a.C. Sua história foi detalhadamente registrada por Tucídides, na obra História da Guerra do Peloponeso, e por Xenofonte, na obra Helênicas. Ele, da mesma forma, viu de perto do ponto de vista político o papel nocivo dos demagogos na “destruição econômica, militar e cultural de sua cidade-estado”. À sua volta, em torno da acrópole de Atenas, florescia a sofística, a arte da persuasão, que subvertia os conceitos religiosos, políticos, sociais e culturais da sua civilização. Um fenômeno cultural de implicações filosóficas, e retóricas, caracterizado pelos ensinamentos e doutrinas dos diversos mestres da eloquência como por Protágoras de Abdera, Górgias de Leontinos etc., que, além de ministrarem aulas de oratória e cultura geral para os cidadãos gregos, interferiram em acirrados debates filosóficos, religiosos e políticos de seu tempo.

O símbolo não sendo já de natureza linguística deixa de se desenvolver numa só dimensão. As motivações que ordenam os símbolos não apenas já não formam longas cadeias de razões, mas nem sequer cadeias. A explicação linear do tipo de dedução lógica ou narrativa introspectiva já não basta para o estudo das motivações simbólicas. A classificação dos grandes símbolos da imaginação em categorias motivacionais distintas apresenta, com efeito, pelo próprio fato da não linearidade e do semantismo das imagens, grandes dificuldades. Metodologicamente, partindo dos objetos bem definidos pelos quadros da lógica dos utensílios, como faziam as clássicas “chaves dos sonhos”, segundo as estruturas antropológicas do imaginário, cai-se rapidamente, pela massificação das motivações, numa inextricável confusão. Parecem-nos mais sérias as tentativas para repartir os símbolos segundo os grandes centros de interesse de um pensamento, certamente perceptivo, mas ainda completamente impregnado de atitudes assimiladoras nas quais os acontecimentos perceptivos não passam de pretextos para os devaneios imaginários. Tais são, as classificações, tradicionalmente mais profundas de analistas das motivações do simbolismo religioso ou imaginação literária.  

Tanto escolhem como norma classificatória a ordem de motivação cosmológica e astral, na qual são as grandes sequências das estações, dos meteoros e dos astros que servem de indutores à fabulação, tanto são os elementos de uma física aparentemente primitiva e sumária que pelas qualidades sensoriais, polarizam os campos de força no continuum homogêneo do imaginário. Se suspeita que seja os dados sociológicos do microgrupo ou de referência a grupos que se estendem aos confins do linguístico que fornecem quadros sociais primordiais para os símbolos. Ocorre pela imaginação estreitamente motivada seja pela língua, seja pelas funções que se modela sobre essas matrizes sociológicas e antropológicas. Ou pelos seus genes raciais intervenham bastante misteriosamente para estruturar os conjuntos simbólicos, distribuindo sejam as mentalidades imaginárias sejam os rituais religiosos, constituído com uma matriz evolucionista, quando tenta estabelecer uma hierarquia das grandes formas simbólicas e restaura a unidade no dualismo de Henri Bergson das “Deux Sources” (2013). Ou, enfim, que atravessando a técnica da psicanálise se tente encontrar uma síntese entre as pulsões de uma libido em evolução e as pressões recalcadoras do microgrupo familiar. Estas são diferentes classificações das motivações simbólicas que precisamos analisar, antes de estabelecer um método pretensamente firme na ordem das motivações individuais e coletivas.  

Na história cultural da civilização todo povo que atinge um certo grau de desenvolvimento sente-se naturalmente inclinada à prática da educação. Ela é o princípio por meio do qual a comunidade humana conserva e transmite a sua peculiaridade tanto física quanto espiritual. Uma educação consciente pode mudar a natureza física do homem e suas qualidades, elevando-lhe a capacidade a um nível superior. Mas o espírito conduz progressivamente à descoberta de si mesmo e cria, pelo conhecimento do mundo exterior e interior, formas melhores de existência humana. A natureza do homem, na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, cria condições especiais para a manutenção e transmissão da sua forma peculiar e exige organizações físicas e espirituais, ao conjunto dos quais damos o nome de educação. Nela, a educação, o homem com sua prática social, atua a mesma força vital, criadora e plástica, que espontaneamente impele todas as espécies vivas à conservação e propagação de seu tipo social. É nela, porém, que essa expressão social atinge o mais alto grau de intensidade, através do esforço consciente do conhecimento e da vontade, dirigida para a consecução de um fim. Em nenhuma parte, o influxo da comunidade nos seus membros tem maior força que no constante ato de educar, em conformidade com o próprio sentir, cada nova geração. A estrutura política assenta nas leis e normas escritas e não escritas que a unem e unem os seus membros.

O conceito de sociedade está fundamentalmente ligado aos fatores territoriais, culturais, políticos e históricos que unem os seus indivíduos. Toda geração é assim o resultado da consciência viva de uma norma que rege uma comunidade humana, quer se trate da família, de uma classe social ou de uma profissão, quer se trate de um agregado mais vasto, como um grupo étnico ou um Estado. A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valões que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valões válidos para cada sociedade. À estabilidade das normas válidas corresponde a solidez dos fundamentos da educação. Da dissolução e destruição das normas advém a debilidade, a falta de segurança e até a impossibilidade absoluta de qualquer ação educativa. Acontece isto quando a tradição é violentamente destruída ou sofre decadência interna. Fora de dúvida, a estabilidade não é o indício seguro de saúde, porque reina também nos estados de rigidez senil, nos momentos finais de uma cultura determinada: assim sucede na China confucionista pré-revolucionária, nos últimos tempos da Antiguidade, nos derradeiros dias do Judaísmo, ipso facto, em certos períodos da história da Igrejas, da arte e das escolas científicas.       

Segundo Jaeger (2011), é monstruosa a impressão gerada pela fixidez quase intemporal da história do antigo Egito, através de milênios; mas também entre os Romanos e a estabilidade comunal das relações sociais e políticas foi considerada como o valor mais alto e apenas se concedeu justificação limitada aos anseios e ideais inovadores. O Helenismo ocupa uma posição singular na história. Uma achega de nossa parte se torna supérflua segundo esse aspecto, em que conceito e objeto, o padrão de medida e o que deve ser testado estão presentes na consciência mesma. Aliás, somos poupados da fadiga da comparação entre os dois, conceito e objeto, e do exame propriamente dito. Assim já que para Hegel em sua Fenomenologia (1807), a consciência se examina a si mesma, também sob esse aspecto, só nos resta o ato puro de observar. A consciência, por um lado, é consciência do objeto; por outro lado, a consciência de si mesma é consciência do que é verdadeiro para ela, e consciência de seu saber da verdade. Enquanto ambos são para a consciência, ela mesma é sua comparação: é para ela mesma que seu saber do objeto corresponde ou não a esse objeto. O objeto parece, para a consciência, ser somente tal como ela o conhece. Parece que a consciência não pode chegar por detrás do objeto, como ele é, não para ela, mas como é em si; e que, portanto, também não pode examinar seu saber no objeto. Se fosse possível a verdade da religião afloraria para todos numa dimensão totalizante da realidade.

Mas porque a consciência sabe em geral sobre um objeto, já está dada a distinção entre algo que é, para a consciência, o Em-si, e um outro momento que é o saber ou o ser do objeto para a consciência. O exame se baseia sobre essa distinção que é uma distinção dada. Caso os dois momentos não se correspondam nessa comparação, parece que a consciência deva então mudar o seu saber para adequá-lo ao objeto. Porém, na mudança de saber, de fato se muda também para ele o objeto, pois o saber presente era essencialmente um saber do objeto; junto com o saber, o objeto se torna também um outro, pois pertencia essencialmente esse saber. Com isso, vem-a-ser para a consciência: o que antes era o Em-si não é em si, ou seja, só era em si para ela. Quando descobre a consciência em seu objeto que o seu saber não lhe corresponde, tampouco o objeto se mantém firme como objeto. Há muita coisa ainda em jogo, se bem atendemos, no puro ser que constitui a essência dessa certeza, e que ela enuncia como sua verdade. Uma certeza sensível efetiva não é apenas essa pura imediatez, mas é um exemplo da mesma. Entre as diferenças sem conta que ali se evidenciam, achamos em toda parte a diferença-capital, a saber: que nessa certeza ressaltam para fora do puro ser os dois estes para o que é um este, como Eu, e um este como objeto de pensamento.

Refletindo essa diferença, resulta que tanto um como outro não estão na certeza sensível apenas de modo imediato, mas estão, ao mesmo tempo, mediatizados. Eu tenho a certeza por meio de um outro, a saber: da Coisa; e essa está igualmente na certeza mediante um outro, a saber, mediante o Eu. Essa diferença entre a essência e o exemplo, entre a imediatez e a mediação, quem faz não somos nós apenas, mas a encontramos na própria certeza sensível; e deve ser tomada na forma em que nela se encontra, e não como nós acabamos de determina-la. Na certeza sensível, um momento é posto como o essente simples e imediato, ou como a essência: o objeto. O outro momento é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é em-si, mas por meio de um Outro: o Eu, um saber que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto faz que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido – enquanto o saber não é, se o objeto não é. O objeto deve ser examinado, a ver se é de fato encontra-se, na certeza sensível mesma, aquela essência que ela lhe atribui; e esse seu conceito, de ser uma essência, corresponde ao modo como se encontra na certeza sensível. Consiste numa crítica ao saber imediato, sendo o seu ponto de partida em que a consciência mais ingênua se torna capaz de distinguir entre si mesma e seu objeto de pensamento.

O Delta do Rio Parnaíba corresponde à foz do rio Parnaíba e está situado entre os estados brasileiros do Maranhão e Piauí. Foz, reconhecido como desembocaduraé o local onde uma corrente de água, como um rio, deságua. Sendo assim, um rio pode ter como foz outro rio, um grande lago, uma lagoa, um mar ou o oceano; afluente: é o curso d`água que deságua em um rio principal ou em um lago. A foz abre-se em cinco braços, envolvendo 73 ilhas fluviais. Sua paisagem exuberante, repleta de dunas, mangues e ilhotas, com fauna e flora peculiares, garantem um cenário paradisíaco para os turistas. A Ilha Grande de Santa Isabel, a maior do arquipélago, fica nos municípios de Parnaíba e Ilha Grande, no Piauí. A segunda maior, a Ilha das Canárias, fica em Araioses, no lado maranhense. Outra ilha de destaque é a Ilha do Caju, que é particular e está a 50km de Parnaíba. A Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba abrange 10 municípios: Tutóia, Paulino Neves, Araioses e Água Doce do Maranhão, no Maranhão; Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia, no Piauí; Chaval e Barroquinha, no Ceará. Os recursos naturais são protegidos pela Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parnaíba. O Delta do Parnaíba faz parte do roteiro turístico da chamada Rota das Emoções, é uma rota turística criada em 2005, cuja maior cidade é Parnaíba, no Piauí. Em sua extremidade ocidental, fica o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, é o principal destino indutor do turismo, que começa em Paulino Neves, no Maranhão; do lado oriental, está o Parque Nacional de Jericoacoara, que situa-se nos municípios de Jijoca de Jericoacoara, Cruz e Camocim, no litoral Oeste do estado do Ceará.

O Piauí representa uma das 27 unidades federativas. Localiza-se no Noroeste da Região Nordeste, engloba a Sub-Região Meio-Norte do Brasil. Limita-se com cinco estados: Ceará e Pernambuco a Leste, Bahia a Sul e Sudeste, Tocantins a Sudoeste e Maranhão a Oeste. Delimitado pelo Oceano Atlântico ao Norte, o Piauí tem o menor litoral do Brasil, com 66 km. Sua área é 251 577,738 km², sendo pouco maior que o Reino Unido, e tem uma população de 3 289 290 habitantes. A capital e cidade mais populosa do estado é Teresina. Está dividido em 4 mesorregiões e 15 microrregiões, divididos em 224 municípios. Os municípios com população superior a oitenta mil habitantes são Teresina, Parnaíba e Picos. Tem um relevo moderado e a regularidade da topografia é superior a 53% inferiores aos 300m. Parnaíba, Poti, Canindé, Piauí e São Nicolau são os rios mais importantes e todos eles pertencem à bacia do rio Parnaíba. Possui clima tropical e semiárido. As principais atividades econômicas do Estado são a indústria química, têxtil, de bebidas, a agricultura de algodão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca e a pecuária. A região do Piauí começou a ser povoada pelos colonizadores europeus e sobretudo portugueses no século XVII, desde o interior, na época em que vaqueiros, vieram principalmente da Bahia, à procura de terras de pastos. Em 1718, o território, pertencente à Bahia, passou a fazer parte do Maranhão.

Em 1811, o príncipe Dom João, cinco anos antes de ser coroado rei de Portugal, elevou o Piauí à categoria de capitania independente. Foi um Príncipe de Orléans e Bragança, militar, piloto de aviões e executivo franco-brasileiro e descendente da família imperial brasileira, tendo, no final de sua vida, produzido aguardentes em Paraty. Depois que o Brasil se tornou independente, em 1822, as tropas com fidelidade a Portugal ocuparam a cidade de Parnaíba; as adesões foram recebidas pelo grupo, mas os piauienses acabaram por derrotar os portugueses em 1823. Certos anos após a batalha, por movimentos revoltosos, como a Confederação do Equador, uma revolta que ocorreu no Nordeste brasileiro, em 1824, contra o autoritarismo de Dom Pedro I e em defesa do regime republicano no Brasil e a Balaiada, chamada ainda Guerra dos Bem-te-vis, foi uma revolta popular e social ocorrida no estado brasileiro do Maranhão entre os anos de 1838 e 1841. Os primeiros indícios da revolta ecoaram da então vila da Manga do Iguará, também conhecida simplesmente Manga, na região do Maranhão oriental. O Piauí também foi atingido. Em 1852, o governo provincial transferiu a capital de Oeiras para Teresina, o estado começou a crescer economicamente. Desde a Proclamação da República no Brasil (1889), foi apresentado pelo estado que o terreno político se tornou tranquilo, mas foi difícil que se desenvolvesse social, geográfica e economicamente.  

O extraordinário Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é o destino quem busca aventura e contemplação da natureza.  Caminhar sobre as areias brancas do maior campo de dunas do Brasil, se refrescar em lagoas de água cristalina e observar o pôr-do-sol são experiências únicas que você levará para o resto da vida. Tudo isso com a emoção de um passeio fora de estrada em veículos de tração 4x4 credenciados especialmente adaptados para percorrer o terreno arenoso e alagado da restinga dos Lençóis Maranhenses. Aqueles que preferem caminhadas longas e interação com comunidades tradicionais, podem ainda se aventurar a atravessar o campo de dunas e ter a experiência de pernoitar nos oásis do “deserto brasileiro”. Localizado no litoral oriental do estado do Maranhão, é o principal destino indutor do turismo no Estado. Está inserido no Cerrado, mas apresenta forte influência da Caatinga e da Amazônia, sendo encontradas espécies comuns destes três biomas. Em seus 155 mil hectares, abriga ecossistemas diversos e frágeis, como a restinga, o manguezal, e um campo de dunas que ocupa 2/3 da área total da unidade, sendo o principal atrativo do Parque Nacional devido as lagoas interdunares que se formam no período chuvoso da região. O parque está inserido em três municípios maranhenses, que dispõem de estrutura para recepção e condução de visitantes. Barreirinhas, é um município brasileiro do estado do Maranhão. Sua população foi estimada em 63.991 habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatísticas de 2021, sendo o vigésimo mais populoso do estado. O município é reconhecido Portal dos Lençóis maranhenses pelo fato de abrigar o Parque nacional dos lençóis maranhenses, região turística que consiste em uma vasta área de altas dunas de areias brancas e de lagos e lagoas, também reconhecido como “deserto brasileiro”.

A região ocupada pelo município foi habitada historicamente pelas etnias indígenas dos Tapuios e Caetés. Os Caetés habitavam a região das areias próximo à foz do Rio Preguiças. No século XVIII, foi instalada a fazenda Santo Inácio, que pertencia à Companhia de Jesus. Após a expulsão dos jesuítas, a fazenda passou para o controle de senhores de engenho. Em 1835, houve a abertura da estrada entre São Bernardo do Parnaíba e São José do Periá, atual Humberto de Campos, que interligava férteis regiões da bacia do rio Preguiças, favorecendo o surgimento de povoados. Em 1849, o governo imperial construiu uma ponte sobre o rio Mocambo, na estrada que vinha da comarca de Campo Maior, no Piauí, à de Brejo, no Maranhão, e desta à de Icatu. As boas pastagens para a criação de gado e terras próprias para a lavoura nas margens do rio Mocambo deram origem à afluência de pessoas para aqueles lugares e à fundação de pequenos povoados. Em 1835, houve a abertura da estrada entre São Bernardo do Parnaíba e São José do Periá, que interligava regiões da bacia do rio Preguiças, favorecendo o surgimento de povoados. Em 1858, foi criada a freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Barreirinhas. Com a Lei Provincial n° 951, de 14 de julho de 1871, Barreirinhas foi elevada à categoria de vila, sendo desmembrada do município de Tutóia e formada por partes dos territórios de Tutóia, Brejo, Miritiba e São Bernardo. Foi elevada à condição de cidade em 1938. A partir da década de 1960, a Petrobrás, uma empresa estatal de economia mista, realizou pesquisas sobre a viabilidade econômica de exploração de petróleo e gás natural, tornando o campo de dunas reconhecido pela imprensa internacional. Ipso facto, não por acaso, em 1981 foi criado o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

Brachyura representa a infraordem de crustáceos que são os “caranguejos verdadeiros”, ou também braquiúros, sendo composta por caranguejos e siris. Essa infraordem pertence à subordem dos pleocyemata que agrupa caranguejos, lagostas e alguns camarões. A palavra “caranguejo” provém do termo castelhano cangrejo, que por sua vez vem do diminutivo latino cancriculus (“pequeno cancro”), tendo a mesma origem da palavra câncer do grego. Os braquiúros são na sua maioria marinhos, mas ocupam quase que a totalidade dos ambientes aquáticos, variando de águas abissais oceânicas até água doce. Fossas abissais ou oceânicas são áreas deprimidas e profundas do piso submarino. Possuem dimensões hemisféricas, sendo porém, estreitas em largura. Algumas espécies terrestres e semi-terrestres ocorrem nos trópicos. Essas espécies apresentam diferentes níveis de independência com o mar ou regiões de estuário, contudo a maior parte delas é dependente da água pelo menos para reprodução e/ou desenvolvimento larval, como ocorre com certas espécies das famílias ocypodidae, grapsidae, gecarcinidae etc. O litoral brasileiro é composto por cerca de 302 espécies de Brachyura, sendo que destas, 188 ocorrem no litoral paulista. Muitas espécies são endêmicas de regiões naturais de manguezais “e se encontram em risco de extinção devido à degradação desse ecossistema, como é o caso do guaiamum (Cardisoma guanhumi)”. PIB do município ficou em 2019, em R$ 482.388.100, correspondendo ao 26º maior PIB do Estado.

A distribuição setorial do PIB em 2018 ficou: Agropecuária (7,21%), Indústria (4,79%, com destaque para o setor alimentício), Serviços-Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social (42,30%) e Serviços-Demais setores (45,68%). A agricultura local conta com a plantações de mandioca (maior produtor do estado), arroz, milho, feijão, castanha de caju (maior produtor do estado), laranja (segundo maior produtor), coco (quarto maior produtor), e bananas. Na aquicultura, tem destaque a criação do tambaqui e da tilápia (quarto maior produtor estadual). O turismo para os Lençóis Maranhenses tem papel fundamental para a economia do município. A cidade é sede de 48 aerogeradores do Complexo Eólico Delta III, que gera 220 MW. um conjunto de parques eólicos de produção de energia localizado no Maranhão, na região dos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas e Paulino Neves, e que constitui o maior complexo dessa modalidade energética no estado. O complexo possui uma capacidade conjunta de produção de 221 megawatts. A primeira a entrar em operação comercial foi a Delta 3 VI, inaugurado em 13 de julho de 2017, e a última foi a de Delta 3 VIII, em 07 de novembro de 2017. O complexo tem capacidade de gera até 221 MW, divididos nos seguintes parques: Delta 3 I, Delta 3 II, Delta 3 III, Delta 3 IV, Delta 3 V, Delta 3 VI, Delta 3 VII e Delta 3 VIII. Cada um desses parques tem capacidade de 27, 6 MW. O investimento na construção do complexo foi de R$ 1,5 bilhão, e gera aproximadamente 13 % da energia consumida no estado. Delta 3 possui 96 aerogeradores, 48 localizados em Barreirinhas e 48 em Paulino Neves. O complexo pertence ao grupo Ômega Energia, que também opera os Complexos de Delta 1 e 2 (localizados em Parnaíba, Piauí), além de estados como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, entraram em operação as usinas Delta 5 I (27 MW), Delta 5 II (27 MW), Delta 6 I (24,3 MW) e Delta 6 II (29,7 MW), localizadas em Paulino Neves, totalizando 108 MW de capacidade. Nos meses de outubro e novembro de 2019, entraram em operação as usinas Delta 7 I (27 MW), Delta 7 II (35,1 MW) e Delta 8 I (35,1 MW), em Paulino Neves, mais 97 MW de capacidade.

Para sermos breves, entretanto, Paulino Neves é um importante município brasileiro do estado do Maranhão, também reconhecido como Rio Novo dos Lençóis, este, atribuído pela sua privilegiada locação geográfica na região de transição entre a APA do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o Delta do Parnaíba, é também conhecido regionalmente como a “Capital dos Pequenos Lençóis Maranhenses”. O município foi criado em 10 de novembro de 1994, sendo o distrito de Rio Novo dos Lençóis desmembrado do município de Tutóia e o distrito de Paulino Neves desmembrado do município de Barreirinhas. Ambos formando a atual cidade de Paulino Neves. O município está localizado a 360 km da capital São Luís e a cerca de 39 km de Barreirinhas e, 29 km de Tutoia, seus vizinhos mais próximos. Partindo de Barreirinhas, o acesso é possível pela MA-315, inaugurada em 2019, considerada a primeira ecorodovia do Maranhão. Antes disso, o acesso se dava por veículo próprio com tração 4 x 4 ou através de Toyota que trafegam em linhas regulares, atravessando campos de dunas, lagoas (na estação chuvosa) e buritizais num trajeto que por si só já é uma aventura. Partindo de Tutoia o acesso é pela MA-315, por veículo próprio ou Veículos que trafegam em linhas regulares. Situada na privilegiada região de transição entre o Delta do Parnaíba e os Lençóis Maranhenses, Paulino Neves, está estrategicamente localizada, possuindo os mais belos atrativos destas duas regiões e, acomodando uma riqueza e variedade de paisagens única em toda região. Concentra em um só local atrativos naturais de beleza ímpar, como os chamados Pequenos Lençóis Maranhenses, rios, corredeiras e lagoas de água cristalina, assim como praias cercadas de dunas e ao mesmo tempo de vegetação nativa: um paraíso perdido que ainda conserva o ar bucólico de cidade típica do interior. 

Sede das Complexo eólico Delta 3, Complexo eólico Delta 5 e Complexo eólico Delta 6, que geram mais de 13% da energia para consumo do Estado. O Delta do Parnaíba era habitado pelos índios Tremembés quando o explorador Nicolau de Rezende chegou ao local. Durante uma navegação pelo litoral nordestino, no século XVI, ele sofreu um acidente na região onde se encontra a divisa do Maranhão com o Piauí. O Delta é um arquipélago com 2,7 mil quilômetros quadrados de área divididos em, pelo menos, 70 ilhas. Além do sol brilhando forte o ano inteiro, há diversos espelhos d’água, mangues, lagoas, dunas, rios e praias, formando paisagens paradisíacas. Sem falar na receptividade dos moradores locais, que fazem qualquer turista se sentir em casa. A cidade sofreu a influência da mistura de diversas raças, culturas e costumes, o que resultou em uma gastronomia excêntrica de tempero único. Se você gosta de frutos do mar, esse é o local certo. Os principais pratos levam lagostas, caranguejos e peixes. A cidade de Parnaíba é a principal porta de entrada do Delta, mas também é possível acessá-lo por outras vias: desembarcar em Parnaíba, vindo de Campinas (aeroporto Viracopos) aos sábados; ir pelo Maranhão, saindo dos Lençóis Maranhenses; partir do Ceará, deixando Jericoacoara; ir por Teresina, contudo, lembrando que do aeroporto da capital até Parnaíba são cerca de 320 quilômetros. Para os turistas da Rota das Emoções, há diferentes opções de hospedagens familiares nos três destinos. Caso você não queira fazer esse roteiro programado, poderá escolher entre ficar na cidade de Parnaíba ou se hospedar em alguma pousada no Delta.

Os passeios pelo Delta  em embarcações coletivas, ocorrem com almoço por um valor de R$ 60,00 por pessoa ou de forma personalizada com o aluguel de uma lancha para o seu grupo. A grande novidade é o passeio da Revoada dos Guarás, o pássaro símbolo do Delta, cuja plumagem de um vermelho vivo encanta os viajantes. Até 2017 ele era realizado apenas por meio do aluguel de uma lancha, com custos elevados, mas agora pode ser integrado no tradicional passeio em embarcações coletivas, pagando apenas uma taxa por pessoa. Um dos pontos mais marcantes do Delta do Parnaíba é seu ecossistema único e intocado, sendo um dos poucos lugares no Brasil que conserva sua paisagem natural. Talvez, essa originalidade decorra do fato de o estado do Piauí ter um marketing turístico ainda incipiente. Isso assegura as praias quase desertas e a conservação dos encantos que a natureza oferece. Passeando pelas ilhas do Delta do Parnaíba, você vai encontrar muitos mangues, uma vegetação pura e vários tipos de animais, tais como jacarés, macacos e muitas aves. Mas o maior espetáculo do lugar são os guarás, que existem em grande quantidade na região. São aves exuberantes e de cor avermelhada, que formam um belo colorido no céu. A tonalidade tem relação com o seu principal alimento: os caranguejos. Devido à riqueza da fauna e flora local, o Delta do Parnaíba é composto por várias áreas de preservação ambiental, entre elas Ilha do Caju e Ilha Grande. Todo esse cuidado de si e proteção socioambiental acontece para conservar a questão nevrálgica da biodiversidade. Apenas algumas empresas de turismo sustentável cadastradas no Ministério de Turismo são autorizadas a operacionalizar ações sociais no local. Além disso, esse impacto é monitorado e controlado constantemente.

Segundo Martins (2018) o solo fresco é pura lama. O pé afunda, há muitos galhos retorcidos. Para achar os caranguejos, é preciso enfiar o braço nas tocas, cavadas pelos animais no chão cinza escuro. E não faltam mosquitos. Para aguentar, muitos catadores passam óleo diesel na pele e também se cobrem de lama. Alguns ainda andam com uma latinha que faz fumaça para espantar os “borrachudos”. Estimam-se uns três mil catadores na área de proteção ambiental do delta. O trabalho difícil garante o sustento de muitas famílias da região. A maioria dos caranguejos é vendida para o Ceará. Depois do mangue, as águas mornas do Parnaíba são perfeitas para mergulho. O banho no pôr do sol é um presente. Mas o passeio não acaba aí. O rio tem entre 70 e 80 ilhotas, que aparecem e desaparecem com a maré. Uma das mais famosas é a do Caju, dormitório de bandos de aves guarás. No fim da tarde, elas pintam o céu de vermelho quando voam em direção à ilha para descansar. O guará não nasce com essa cor. Mas fica assim por conta da alimentação. O guará come o caranguejo chama-maré, ou aratu, que por sua vez come as folhas do mangue, ricas em tanino — que causa essa pigmentação vermelha nas aves.

O Piauí é a maior reserva de caranguejos da região. Por isso é comum passar por barcos de catadores no Parnaíba. Eles saem muito cedo de casa, e passam de seis a oito horas no mangue em busca dos caranguejos machos que meçam a partir de seis centímetros - a coleta dos menores e das fêmeas é proibida. Quando os guarás enchem a Ilha do Caju, é hora de voltar também. Navegar nas águas escuras do Parnaíba é bonito de dia, mas não tão tranquilo à noite, quando só ficam os habitantes: guarás, caranguejos, peixes de quatro olhos e o jacaré-de-papo-amarelo. Além do vento constante, que não para no Piauí. Um dos maiores símbolos dessa fábrica de ventos natural é a “árvore penteada”. Árvore bastante decorativa, sua altura pode chegar aos 25 metros. O tronco divide-se em numerosos ramos curvados, formando copa densa e ornamental; as folhas são compostas e sensíveis que fecham por ação do frio, flores hermafroditas amarelas ou levemente avermelhadas, com estrias rosadas ou roxas que se reúnem em pequenos cachos axilares. O sopro forte envergou o caule de um tamarindeiro, que se transformou em atração turística no município de Luís Correia, outro ponto importante da Rota das Emoções. Há muitos caranguejos e garças pelo caminho. E, claro, pausa para banho. Depois, já perto do mar, um guia mergulha de snorkel. Faz mistério. Então levanta um aquário de vidro, com um cavalo-marinho dentro. Os animais se reproduzem ali. Parecem delicados, e sua principal defesa é a cauda, com a qual se enrolam nas raízes do mangue. Os turistas tiram fotografias. O guia destaca a importância de preservar a espécie quando o cavalo-marinho é devolvido ao habitat: a natureza viva bruta emociona.

Bibliografia geral consultada.

SANTOS, João Bosco Feitosa dos, O Avesso da Maldição do Gênesis: A Saga de Quem Não Tem Trabalho. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1997; CASTRO, Josué de, Homens e Caranguejos. 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2010; JAEGER, Werner, Paidéia: A Formação do Homem Grego. 5ª edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011; BERGSON, Henri, Les Deux Sources de la Morale et la Religion. Paris: Presses Universitaires de France, 2013; ANDRADE, Tadeu Bruno da Costa, A Arte de Aristófanes: Estudo Poético e Tradução d`As Rãs. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014; FARIAS, Alessandra Cristina da Silva, et al., Cadeia Produtiva da Pesca no Interior do Delta do Parnaíba e Área Marinha Adjacente. Fortaleza: Gráfica Editora RDS, 2015; SOUZA, Caroline Araújo de, O Caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Brachyura, Ocypodidae), como Espécie Bioindicadora do Estado de Conservação de Manguezais. Tese de Doutorado. Instituto de Biociências de Rio Claro. Universidade Estadual Paulista, 2016; Atlas dos Manguezais do Brasil. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2018; MARTINS, Elisa, O Surpreendente Litoral do Piauí. In: Jornal da Parnaíba/Agência O Globo, 11 de janeiro de 2018; ASSUNÇÃO, Marcos Paulo Ferreira, Estudo e Análise de Controlador para Turbina Eólica para Injeção de Energia na Rede Elétrica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Engenharia de Eletricidade. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2018; CRESPO, Maria de Fátima Vieira, Cadeia de Valor do Caranguejo-Uçá (Ucides cordatus, Linnaeus, 1973) da Reserva Extrativista Marinha Delta do Parnaíba, Maranhão/Piauí, Nordeste do Brasil. Tese de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Teresina: Universidade Federal do Piauí, 2020; PEREIRA, Lucas Coelho; SILVEIRA, Pedro Castelo Branco, “Humanos e Caranguejos nos Manguezais do Delta do Parnaíba: Histórias da Paisagem”. In: Revista Anthropológicas. Ano 25, 32 (1): 1-36, 2021; CARVALHO, Rita de Cassia Pereira de, Olhares sobre o Delta do Parnaíba: Conflitos na Construção de um Território Turístico. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras.  Foz do Iguaçu-PR: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2022; entre outros. 

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