quarta-feira, 8 de março de 2023

Nelson Gonçalves – Vozeirão, Rei do Rádio & Popularidade de Massa.

                    “O boêmio voltou novamente. Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?”. Nelson Gonçalves

        

         A cada instante, sozinhos em ato puro de contemplação do mundo, os indivíduos difundem informações reais suscetíveis de serem recolhidas, catalogadas e analisadas. Regras não menos estritas regem o comportamento dos indivíduos no momento de suas trocas de palavras, organizando os gestos, mímicas, vozes, olhares, a distância etc. Também nutrem a comunicação social outros sistemas simbólicos, paralelos à linguagem articulada. Inseridos numa interação social, os locutores acordam sobre uma trama de regras. Uma gramática dos comportamentos indica aos atores sociais a maneira conveniente de situar-se frente ao outro. O significado de um gesto ou de uma postura deduz-se no contexto preciso da interação. Mesmo nessas circunstâncias, a decifração amiúde se verifica incômoda, pois as manifestações corporais jamais são transparentes. A palavra tampouco o é, pois que as palavras remetem à história individual e coletiva, a suas intenções nessa relação ou a sua conexão com o inconsciente de Her Freud. Os movimentos significantes do corpo não estão enraizados numa matéria natural. Em sua globalidade, no centro do mesmo grupo, trata-se de marcadores sociais que assinalam a presença cultural ou uma vontade de integração. Um signo não remete a significação se não for através de uma convenção cultural. A língua é um frontier rígido.  

        Para conseguir ser um artista, é necessário dominar, controlar e transformar a experiência em memória, a memória em expressão, a matéria em forma. A emoção para um artista não é tudo, pois ele precisa também saber trata-la, transmiti-la, precisa conhecer as regras do que está em jogo em termos de poder-saber, e portanto, das técnicas, recursos, formas e convenções com que a natureza, per se provocadora, pode ser dominada e sujeitada à concentração da arte. A paixão que consome o diletante serve ao verdadeiro artista, pois nesta relação determinada, a tensão e a contradição dialética são inerentes à arte, pois como trabalho abstrato, não só precisa derivar de uma intensa experiência da realidade como precisa ser construída, precisa tomar forma através de um processo contínuo da objetivação. A complexidade das relações exige reconhecimento preciso e consciência global diversificada com certo distanciamento/aproximação à liberdade formal em termos de predominância de um momento alcançado pela sociedade. Entretanto, é verdade que a função essencial da arte para uma classe destinada a transformar o mundo, não é fazer mágica, mas esclarecer, incitar à criação, de vez que provindo da natureza original a arte deixa de ser arte.  

       

           As grandes massas humanas das megalópoles, têm de uma maneira ou de outra, uma participação na vida política, pois os poderes constituídos são obrigados a despender grandes esforços para tirá-las de seu caminho. Nada é mais característico historicamente do que a tentativa de tornar esta “rebelião das massas” responsável pela alienação e degradação da cultura moderna e pelo ataque feito a ela em nome da razão e do espírito. O que ocorreu recentemente em Brasília, face a legitimidade das eleições presidenciais, ratifica a perda de memória, o insulto à democracia manietada por células de extremistas habitualmente confusa, que em suas facções tomam isso como se significasse coisas absolutamente distintas e empreendem suas lutas de um lado, contra a visão do mundo científica e “sem alma”, tendo em mente o positivismo comtista, e de outro, contra as formas de organização social nos Estados competitivos capitalistas. Sociologicamente, sem temor a erro, a maioria é consciente ou inconscientemente reacionária e abre caminho para ações neofascistas, que são contrastados como se representassem a ordem e o caos, a autoridade e a anarquia, a estabilidade e a revolução social, o racionalismo disciplinado e o misticismo desenfreado. O grande movimento reacionário que se estende desde o século XX, representa uma incisão na história da arte, ipso facto, mais profunda do que todas as mudanças técnicas e sociais de estilo de tradição naturalista.

        O cantor Nelson Gonçalves (1919-1998) é filho de dois imigrantes portugueses: Manoel Gonçalvez Sobral , nascido em Trás-os-Montes e trazido ao Brasil em 1902, aos 12 anos, e Libânia Maria de Jesus (1883-1979), nascida em Viseu e trazida ao Brasil em 1911, aos 17 anos. Ambos moravam inicialmente no Rio de Janeiro, onde se conheceram, casaram-se e tiveram o primeiro filho, Joaquim. Trabalhando no ramo dos tecidos, decidem migrar para o Sul do Brasil em 1918, buscando melhores oportunidades de trabalho, e se estabelecem em Sant`Ana do Livramento, no Rio Grande do Sul, onde Nelson nasceu em 25 de junho de 1919. Em 1926, mudou-se com seus pais para São Paulo, para uma casa comprada na Rua Almirante Barroso no bairro do Brás. Matriculado no Liceu Eduardo Prado, que equilibrava disciplinas tradicionais com a convivência com a aprendizagem sobre o mundo rural. Lá, Nelson sofreu bullying e pela “precariedade de formação, golpes de palmatória da professora, por sua dificuldade em falar”. Num desses castigos, sucumbiu à raiva e jogou um tinteiro na professora, provocando sua expulsão. O pai, em dado momento conjuntural, deixou o trabalho com tecidos para a esposa e foi se imiscuir na carreira musical, “cantando fados em barbearias e bares”. O dinheiro que ganhava, gastava em bebida com seus colegas.  

Antes de se tornar o Rei do Rádio (cf. Lopes, 1982), algumas vezes o acompanhava nos vocais e Manoel chegava até aparentemente a se fingir de cego, como sobrevivência, para sensibilizar os passantes. Assim, passou a ajudar seu pai no sustento do lar, acompanhando-o em praças e feiras onde, enquanto o pai tocava violino, Nelson Gonçalves cantava, agradando os transeuntes e ganhando gorjetas. Para sustentar a família, seu pai também vendia frutas na feira e fazia serviços de pedreiro. Para ajudar a sustentar o lar, Nelson Gonçalves trabalhou também como jornaleiro, mecânico, engraxate, polidor e tamanqueiro, atuando como aprendiz, neste último por dois anos. Querendo ganhar dinheiro e seguir uma profissão, inscreveu-se em concursos de luta e venceu, “tornando-se lutador de boxe na categoria peso-médio, recebendo, aos dezesseis anos de idade, o título de campeão paulista de luta”. Após o prêmio, só ficou mais um ano lutando, pois queria investir em seu sonho de infância: ser de fato artista.  A motivação para aprender a boxear foi revanche: certa noite, envolveu-se em uma briga com um guarda de rua que praticava boxe e acabou levando uma surra. Decidido a desafiá-lo para uma revanche, foi praticar a luta antes em uma academia no Brás. O tal segundo embate não aconteceu, pois o guarda abandonou os ringues enquanto Nelson Gonçalves ainda treinava. Contudo, continuou praticando por mais dois anos.

Sua carreira musical começou com as apresentações ao lado do pai, e ganhou certo impulso quando o irmão mais velho abriu um bar e restaurante na esquina da Avenida São João com a Alameda Nothman, onde a família Gonçalves e outros representantes da música portuguesa no Brasil se apresentavam. Mesmo com o apelido preconceituoso de “Metralha”, por causada gagueira, tomou coragem e não se deixou levar pelo estigma, e decidiu ser cantor, após deixar os combates em ringues de luta. Em uma de suas primeiras formações musicais, teve como baterista Joaquim Silva Torres. Mas foi reprovado duas vezes no programa de calouros de Aurélio Campos, um dos maiores nomes do cenário artístico radiofônico e depois televisivo. Ele nasceu em 10 de agosto de 1914, na cidade de Santos, litoral de São Paulo. Foi professor primário, mas estudioso que era, formou-se em Direito, pela Universidade de São Paulo, do Largo de São Francisco. Ainda jovem Aurélio começou a trabalhar em rádio. Era a década de 1930 e seu programa “Teatro Alegre” fez sucesso. Neste “lugar praticado” compareciam calouros, que eram julgados por ele e por Rago e Seu Regional. A emissora era a PRA-5 Rádio São Paulo, onde Aurélio Campos exercia as funções de apresentador de programas e Diretor Artístico. A emissora surgiu a partir da Rádio Club de São Paulo, fundada em 1924 por João Batista “Pipa” do Amaral e extinta em 1930.

A Rádio São Paulo PRA 5 foi fundada em 1934 pelo próprio João Batista do Amaral e por seu cunhado Paulo Machado de Carvalho. No mesmo ano, estreou o programa humorístico A Cascatinha do Genaro. Em 25 de janeiro de 1936, no aniversário de São Paulo, o repórter João Ferreira Fontes iniciou o serviço de reportagem volante, fato inédito no Brasil e na América do Sul, cobrindo as festividades pela cidade. Posteriormente a emissora especializou-se em radionovelas, mantendo um grande elenco de radioatores e autores, como Oduvaldo Vianna e Waldemar Ciglioni, chegando a transmitir 16 radionovelas diárias. Em 1940 juntou-se às Emissoras Unidas controladas por Paulo Machado de Carvalho, entre as quais faziam parte a Rádio Record, a Rádio Cultura e a Rádio Excelsior, e viriam a fazer parte a Rádio Panamericana e a Rádio Bandeirantes. Foi na Rádio São Paulo, entretanto, onde em 1972, um desconhecido locutor chamado Eli Corrêa iniciou sua trajetória de sucesso no rádio. Em meados da década de 1970, a família Saad, da Rede Bandeirantes, assumiu a emissora e a rebatizou como Rádio Jornal de São Paulo, assim chamada até 1981, quando voltou a Rádio São Paulo, que no ano seguinte mudou-se para a frequência de 960 kHz, antes à Rádio Difusora. Em 1989 a emissora foi vendida para Edir Maced, um bispo evangélico (cf. Teixeira, 2018), televangelista, escritor, teólogo e empresário. 

Sociologicamente radionovela é um tipo de drama radiofônico no formado de uma narrativa folhetinesca sonora, nascida da dramatização do gênero literário novela, produzida e divulgada em rádio, principalmente na América Latina. Na chamada Era de Ouro do rádio, as radionovelas foram fundamentais para que a história do rádio brasileiro se configurasse. Elas estimularam a imaginação individual e coletiva dos ouvintes, neste caso, fundamentalmente mulheres, as senhoras e senhoritas que acompanhavam o enredo e projetaram uma série de radioatores que, posteriormente, migraram para a televisão. Na própria Rádio Nacional, desde o fim da década de 1930, era apresentado todos os sábados o programa Teatro em Casa, que consistia na radiofonização, em uma única apresentação, de uma peça teatral. Havia ainda Gente de Circo, de Amaral Gurgel, uma história semanal seriada, que estreou no início de 1941. Em São Paulo a Rádio São Paulo (PRA5) levou ao ar inúmeras radionovelas, com roteiros de Octávio Augusto Vampré, Alfredo Palácios, Olegário Passos e Menotti del Picchia, dentre outros. No início da década de 1940 ia “ao ar”, diariamente, um mini radioteatro, de autoria de Cardoso Silva, e interpretado por Cibéle Silva, nome artístico e de solteira de Cybele Palácios e Nélio Pinheiro.

Na verdade, o que estava sendo lançado era um novo modelo, diferente do que até então as emissoras costumavam apresentar. Assim, a primeira radionovela transmitida no Brasil pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi Em busca da Felicidade, original cubano de Leandro Blanco, com adaptação de Gilberto Martins. Também são consideradas pioneiras as radionovelas “Fatalidade”, escrita por Oduvaldo Vianna e a radionovela Mulheres de Bronze, baseada num folhetim francês. As adaptações de tramas internacionais perdurariam por anos, sobretudo das cubanas. Aliás, o maior sucesso em radionovela de todos os tempos foi O Direito de Nascer (1951), do cubano Félix Caignet, com três anos de sucesso e que chegou a ser chamada popularmente de “O Direito de Encher”. Entre os brasileiros pioneiros na rádio dramaturgia, estão Oduvaldo Vianna, Amaral Gurgel e Gilberto Martins. Em seguida, vieram os autores Dias Gomes, Mário Lago, Mário Brazzini, Edgar G. Alves, Alfredo Palácios, Janete Clair e Ivani Ribeiro. Muitos deles, inclusive, se imortalizaram escrevendo para outro gênero, a telenovela. Umas das radionovelas nacionais de maior sucesso, foi Jerônimo, o Herói do Sertão, criada por Moysés Weltman, em 1953. A trama foi, posteriormente, adaptada diversas vezes para a televisão emergente no Brasil e no mundo. O simbolismo heróico de Jerônimo transcende suas aventuras numa sequência de 96 radionovelas transmitidas em todo o território nacional.

Atualmente transmite a programação da Igreja Universal do Reino de Deus transmitida pela Rede Aleluia. A emissora tem uma programação religiosa e de jornalismo. Em agosto de 2022, a emissora foi autorizada a operar em 79.5 MHz do FM Estendido em caráter experimental, e entrou “no ar” em outubro do mesmo ano. Neste programa radiofônico Aurélio descobriu vários cantores de talento, dentre os quais Nelson Gonçalves, então com 19 anos de idade. Em 1945, Aurélio Campos tornou-se Diretor Artístico da Rádio Tupi e se envolveu no setor esportivo, onde era locutor e diretor de esportes. Ele estava presente no show inaugural da Televisão Tupi, em 18 de setembro de 1950. Apresentou o quadro “Vídeo Esportivo”, trazendo o craque Baltazar, diante de um campo de futebol em miniatura. Posteriormente Aurélio adaptou para o cenário regional o “game-show” (cf. Mira, 1990; Andersen, 1995; Collins, 1998) de maior sucesso de público norte-americano, que recebeu o nome de “O Céu É o Limite”, um programa de televisão brasileiro que foi produzido e exibido pela TV Tupi. Durante a década de 1950, a Tupi era o canal de maior audiência do Brasil, seguido pela TV Record/TV Rio, também reconhecida Rede das Emissoras Unidas e pela TV Paulista. A partir da década de 1960, o canal perderia a liderança de audiência para a concorrente TV Record e posteriormente o segundo lugar para a TV Excelsior, passando a ocupar então o terceiro lugar. Em 1967, foi superado estatisticamente em audiência pela TV Globo, assumindo o quarto lugar de audiência no restante da década. 

Teve sua estreia em 1955 na TV Tupi São Paulo, sendo considerado o primeiro programa interativo de “perguntas e respostas” da televisão aberta brasileira. O chamado game show que ficou “no ar” durante 30 anos, com passagem por diversas emissoras de televisão. No Rio de Janeiro a apresentação era de João Silvestre (1922-2000), mais conhecido como J. Silvestre, foi um ator, escritor e apresentador da TV brasileira. Filho dos imigrantes italianos Alessandro Silvestri e Orsola Bonet, J. Silvestre nasceu no interior de São Paulo. Iniciou no rádio em 1941, mais especificamente na Rádio Bandeirantes de São Paulo. Desempenhou todas as funções no rádio: ator, sonoplasta, contrarregra, ensaiador e autor. Em 1945, transferiu-se para a Rádio Tupi, no Rio de Janeiro. Volta para São Paulo em 1946 e vai para a Rádio Cultura. Na rádio paulistana se torna apresentador de programa de calouros. Retornou à Rádio Tupi, em 1950. Participou da inauguração da TV Tupi Rio de Janeiro, em janeiro de 1951, num programa estrelado pelo padre cantor mexicano Frei José Mojica. Em 1952, escreve e atua na telenovela Os Quatro Filhos, e apresenta o programa Essa é Sua Vida. Em 1955, estreou na Tupi a versão carioca programa O Céu É o Limite. Ao mesmo tempo, era apresentado um programa homônimo na TV Tupi SP, sob direção de Aurélio Campos.

O programa foi o precursor de perguntas e respostas da TV brasileira, tendo um enorme sucesso, tanto que nos anos 1970, o programa atingiu 84 pontos percentuais de audiência, uma das maiores audiências da TV brasileira. Os programas apresentados por J. Silvestre estabeleceram recordes históricos de audiência. Era o início da época do bordão “absolutamente certo!”. Com a inauguração da Embratel, lançou o primeiro programa em rede no Brasil, Domingo Alegre da Bondade, gerado pela TV Tupi no Rio. E depois apresentou O Carnê da Girafa. De 1972 a 1976, ausente da televisão, aproveitou para escrever o livro Como vencer na televisão, e foi ainda presidente da Radiobrás, nomeado pelo presidente da república, João Figueiredo. No SBT, também apresentou o Show sem Limite, A Mulher é um Show e O Carnê da Girafa. Rescindiu seu contrato com o SBT em 1983, acusando Silvio Santos de ter registrado para o canal o título de seu longevo programa Show sem Limite. Transferiu-se para a Rede Bandeirantes, onde apresentou o Programa J. Silvestre, o primeiro no estilo talk show na TV brasileira, e Essas mulheres maravilhosas. Na Rede Globo fez participação especial, homenageando Xuxa e Renato Aragão, no seu quadro: Essa é a sua vida. Em 1997, retornou à TV após 10 anos, apresentando o Domingo Milionário, pela Rede Manchete. Ficou pouco tempo, e J. Silvestre não voltaria para a TV, falecendo em 2000.

Este último popularizou seu “formato” e tornou-o reconhecido por quase todo o país. Em 2016, o empresário Marcelo de Carvalho  comprou uma versão do game show produzida na Itália, o L`eredità, e, desde março de 2017, comanda uma atração de mesmo nome na RedeTV! Durante a década de 1970, devido à extinção da TV Excelsior, passa novamente a ocupar o terceiro lugar, sendo superado pela Rede Globo, em primeiro lugar desde 1969, e pela TV Record, em segundo lugar. Em 1972, havia 64 estações geradoras de televisão no país. A maioria se limitava a retransmitir a programação dos três grandes grupos geradores: rede Globo, um dos principais conglomerados  de mídia no planeta, Record, uma rede de televisão comercial aberta brasileira e Tv Tupi. Em 18 de julho de 1980, devido a problemas administrativos e financeiros, a Tupi saiu do ar “com parte de suas concessões cassadas pelo Governo Federal”. Os ativos da emissora foram adquiridos pelo Grupo Silvio Santos (proprietário do SBT), pelo Grupo Bloch, proprietário da Rede Manchete, que seria extinta em 1999 e teria as suas concessões adquiridas pela RedeTV! e pelo Grupo Abril que operaria a MTV Brasil de 1990 até 2013, substituindo-a pela Ideal TV e então vendendo a sua concessão em 2015 a Spring Comunicação, que fundaria em 2020 a Loading, mas teve a venda de concessão anulada em 2020 e cassada em 2021, o que culminou no retorno da Ideal TV em seu lugar.   

Adolpho Bloch representou um dos grandes incentivadores do governo do presidente Juscelino Kubitschek (JK), defendendo especialmente a construção da nova capital. Foi graças à divulgação por ele promovida que o slogan “50 anos em cinco” (cf. Benevides, 1976), retirado de um discurso de campanha de Juscelino, se tornou famoso como símbolo do governo JK, entre 1956 e 1961. Sua eleição foi marcada pelo plano de ação “Cinquenta Anos em Cinco”, marca do desenvolvimentismo de JK-JQ, pois o ideal era penetrar no Brasil o desenvolvimento econômico e social. Segundo JK, se com outros governantes este processo levaria cinquenta anos, com ele levaria apenas cinco. Trouxe diversas empresas estrangeiras para o país, entre elas, as automobilísticas Chrysler e Ford através do Grupo Executivo da Indústria Automobilística, já que ele queria incentivar o comércio da indústria nascente de carros automotivos, além de televisões e outros bens de consumo duráveis. Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia norte-americana. Foi também o primeiro a abrir um escritório jornalístico no Planalto Central, para onde enviou uma dupla de repórteres. O Palácio do Planalto é a sede do Poder Executivo Federal e está situado na Praça dos Três Poderes em Brasília. Inaugurado em 21 de abril de 1960, é um projeto do arquiteto comunista Oscar Niemeyer (1907-2012). São 36 mil metros quadrados de área construída, em quatro pavimentos do prédio principal e nos quatro prédios anexos. A fachada principal é marcada pela rampa que dá acesso ao salão nobre. Em frente e na lateral direita do prédio, foi construído um espelho d’água com o objetivo de oferecer maior segurança pública e de equilibrar a umidade atmosférica do ar no período histórico de seca.

Apostando no programa de metas desenvolvimentista de Juscelino e publicando reportagens sobre a construção de Brasília, a Manchete aumentou sua tiragem e seu volume de publicidade e, com a decadência de O Cruzeiro, tornou-se a primeira revista brasileira. Aproveitando a situação favorável, Bloch reequipou seu parque gráfico e criou novas revistas, como Fatos e Fotos, Jóia, Pais & Filhos, Ele & Ela, Desfile, Amiga, Sétimo Céu e outras. A densidade de Manchete com o programa das metas de JK fez com que o já então ex-presidente se aproximasse do editor, justamente no momento em que a política dava uma reviravolta e JK era cassado e obrigado a se exilar, sendo seu nome proibido de receber menção na imprensa. Adolpho não tomou conhecimento da proibição e continuou a dar ampla cobertura e corajosa defesa a JK. Com o nascimento da primeira neta de Juscelino, em Portugal, Adolpho foi convidado a ser padrinho de batismo. Em 1968, inaugurou a nova sede da sua editora, na Praia do Russel (Zona Sul do Rio de Janeiro), com três prédios projetados por Oscar Niemeyer. Tornou-se amigo íntimo de Juscelino Kubitschek e, quando este foi cassado e exilado pelo regime golpista de 1º de abril de 1964, dois meses depois desconsiderou a proibição que seu nome recebesse menção na imprensa, continuando a promover publicamente a defesa do ex-presidente da República federativa do Brasil, de quem editaria suas memórias em três volumes.  

Embora mantivesse fidelidade a JK, Adolpho Bloch apoiou a ideologia do “Brasil Grande” promovida pelo regime militar instaurado em 1964. Em novembro de 1968, inaugurou a nova sede de sua editora na praia do Russel, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, projetada pelo arquiteto comunista Oscar Niemeyer, onde funcionariam, as redações do grupo, as emissoras de FM/AM, o Museu de Arte Brasileira e o Teatro Adolfo Bloch, inaugurado em 1973. Do saguão do prédio da Manchete sairia, em 22 de agosto de 1976, o enterro do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976). A história social de Brasília, a capital do Brasil, localizada no Distrito Federal, iniciou-se com as primeiras ideias da capital brasileira no centro do território nacional. A necessidade de interiorizar a capital do país parece ter sido sugerida pela primeira vez em meados do século XVIII, ou pelo Marquês de Pombal, ou pelo cartógrafo italiano a seu serviço Francesco Tosi Colombina. A ideia foi retomada pelos Inconfidentes, e reforçada após a instalação da corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808, quando colônia do Brasil.

A primeira menção ao nome de Brasília para a futura cidade apareceu em um folheto anônimo publicado em 1822, e desde então seus sucessivos projetos apareceram propondo a interiorização. A primeira Constituição da República, de 1891, fixou legalmente a região onde deveria ser instalada a capital, mas foi somente possível ocorrer em 1956, com a eleição de Juscelino Kubitschek, através de uma aliança política formada por seis partidos, Juscelino foi eleito Presidente da República em 3 de outubro de 1955, com 35,68% dos votos válidos, embora tenha ocorrido a menor votação de todos os presidentes eleitos no período de 1945 a 1960. Assim teve início a efetiva construção da cidade, inaugurada “incompleta” em 21 de abril de 1960 após um apertado cronograma de trabalho, seguindo o plano urbanístico de Lúcio Costa e orientação arquitetural do extraordinário arquiteto comunista Oscar Niemeyer (1907-2012). Os edifícios mais complexos, como os palácios e a catedral, seguiram os projetos estruturais elaborados pelo engenheiro Joaquim Cardozo.        

O formato programático de O Céu É o Limite era composto por quatro candidatos, que respondiam a três questões, cada um escolhendo seu próprio tema. Os candidatos acumulavam prêmios pagos em dinheiro até desistirem ou cometerem algum erro. Os participantes que chegavam metaforicamente à ilusão do “céu” concorriam a prêmios aparentemente milionários. A cada resposta correta, era usado o bordão “Absolutamente certo”. A versão carioca do formato era patrocinada pela Varig, com a presença da atriz e garota-propaganda da empresa Ilka Soares. Nos estúdios da Tupi do Rio de Janeiro, o apresentador J. Silvestre e a atriz Ilka Soares, recebiam os participantes, cujas memória e rapidez de raciocínio seriam testadas. Como Leni Orcida Varela, a chamada “Noivinha da Pavuna”, na época com 23 anos e o sonho de ganhar dinheiro para poder se casar. Depois de passar semanas respondendo a questões sobre o poeta português Guerra Junqueiro, Leni Varela conquistou a simpatia do público e acabou selando sua união civil de casamento diante das câmeras, em 1969, tendo João Silvestre como padrinho.

Como dizíamos, Nelson Gonçalves foi admitido na rádio PRA-5, mas dispensado logo depois, passando a trabalhar como pedreiro. Por intermédio da família de Elvira, sua primeira esposa, foi apresentado à cantora Sônia Carvalho, que lhe sugeriu o nome artístico Nelson Gonçalves e lhe entregou uma carta de recomendação para a Rádio São Paulo. Nelson Gonçalves fez um teste com o maestro Gabriel Migliori e conseguiu um contrato de 300 mil-réis por mês. Ficou desempregado após o nascimento dos filhos, e após alguns dias, começou a trabalhar como garçom no bar de seu irmão, onde ganhava 65 mil-réis por mês. Fato é que Nelson perdeu o emprego na rádio quando eclodiu a 2ª guerra mundial - os executivos demitiram todos os artistas por incerteza quanto ao futuro. Em 1941, em busca de vida melhor, partiu com a esposa e os filhos para o Rio de Janeiro, onde arriscou o caminho conturbado dos programas de calouros, apresentando-se em diversas emissoras. Foi reprovado novamente na maioria deles, inclusive no programa de Ary Barroso, que “o aconselhou a desistir e voltar aos ringues”.

Mesmo desolado, não desistiria facilmente do “sonho de ser cantor”. Chegou a dormir nas pedras do quebra-mar da Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, em algumas ocasiões pela falta absoluta de dinheiro. A Praia do Flamengo se estende por boa parte do Parque Brigadeiro Eduardo gomes, reconhecido como Parque do Flamengo, na Zona Sul da cidade. Possui cerca de 2 km de extensão de orla, apresentando uma larga faixa de areia e águas tranquilas, não oceânicas, por se situar dentro do mar da Baía de Guanabara. É uma praia muito procurada para a prática de esportes na areia e se deliciar com a extraordinária paisagem natural carioca. Em duas semanas, decidiu voltar a São Paulo. Voltou a atender no bar do irmão e tentava a sorte cantando em outras boates e clubes do bairro. Um dia, os compositores Orlando Monello e Osvaldo França lhe ofereceram duas composições: “Se Eu Pudesse um Dia” e “Os Anos Carregam” para que ele gravasse um acetato na Rádio Record que seria oferecido a Vicente Caccere, dono de uma loja de discos da RCA Victor em São Paulo. Gostasse ele do trabalho, ele recomendaria Nelson à gravadora e compraria 500 cópias para sua loja, o que acabou se concretizando. Enquanto isso, nas horas vagas, começou a cantar por conta própria em bares, conseguindo gorjetas. Voltou a tentar se apresentar em programas de calouro, sendo aprovado. Foi chamado para gravar em 78 rotações e bem recebido pelo público.

Nelson voltou ao Rio de Janeiro para conversar com a RCA Victor. Sua gagueira causou má impressão, mas Benedito Lacerda preparou um teste para ele e ficou muito impressionado com o desempenho do jovem. Assim, Nelson entrou em estúdio em 4 de agosto de 1941 para gravar seus dois primeiros discos: Se Eu Pudesse um Dia / Sinto-me Bem e Formosa Mulher / A Mulher dos Meus Sonhos. No mês seguinte, por intermédio de Carlos Galhardo (1913-1985), Nelson foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga a 600 mil-réis mais 100 réis por disco vendido, iniciando uma carreira de ídolo do rádio nas décadas de 1940 e 1950, da escola dos grandes, discípulo de Orlando Silva e Francisco Alves. Aclamado pela crítica, Nelson lançou outros dois discos em 1941: “Quem Fala É o Coração”/”Fingiu que Não Me Viu” e “Podia Ser Pior”/”Baianinha”. Em dezembro, levou os pais, a esposa e a filha para morar com ele no Rio de Janeiro em uma casa compartilhada com um casal na Rua Pedro Américo. Os pais acabaram voltando para São Paulo acompanhados da filha Marilene e em 17 de fevereiro de 1942 nasceu o segundo filho de Nelson: Nélson Antonio Gonçalves. Depois, a família mudou-se para outra casa compartilhada: um sobrado na Rua Paissandu, onde Nelson ocupava o andar.

Principal nome musical do país nas décadas de 1940 e 1950, Nelson Gonçalves representou uma “máquina de fazer discos”. Gravou discos ininterruptamente de 1941 até 1997, e com fidelidade profissional na mesma gravadora, a Radio Corporation of America, também reconhecida como RCA ou RCA Corporation, a partir de 1969, representou uma empresa norte-americana de eletrônicos, cuja fundação data de 1919. Inicialmente criada como subsidiária da General Electric em 1932 tornou-se independente devido a uma ação antitruste do governo norte-americano. Pioneira no setor de telecomunicações, dominou o mercado de eletrônicos e de comunicação nos Estados Unidos por mais de 5 décadas. Nos anos 1920, foi uma das maiores fabricantes de aparelhos receptores de rádio, mantendo-se no topo da “indústria do rádio”. Fundou a primeira rede dos Estados Unidos da América, a National Broadcasting Company.

            Nas décadas seguintes tornou-se pioneira na introdução e no desenvolvimento da televisão, pari passu tanto em preto e branco quanto em cores. Em 19 de fevereiro de 1972 era realizada, pela Rede Globo de televisão, a primeira transmissão de um programa a cores pela TV brasileira. Com imagens da TV Difusora de Porto Alegre, a Globo transmitiu a Festa da Uva de Caxias do Sul (RS) com narração de Cid Moreira, famoso jornalista e locutor. O novo padrão de transmissão em cores, chamado PAL-M, foi oficializado. O advento das cores elevou a televisão a um outro patamar, dando mais emoção sociológica ao telespectador. Neste período de ascensão e dominância no mercado global, a empresa ficou identificada com a liderança de David Sarnoff (1891-1971): gerente geral quando a empresa foi fundada, tornou-se presidente em 1930 e continuou na ativa mesmo após a sua presidência, como membro do conselho até o ano de 1969. A empresa entrou em decadência em meados dos anos 1970, quando tentou diversificar e expandir suas operações em um conglomerado. Assim, a empresa sofreu com enormes perdas no mercado de computadores, com diversos projetos que terminaram em fracasso. Em 1986, a RCA foi readquirida pela General Electric que liquidou as diversas empresas do grupo nos anos subsequentes. Atualmente RCA existe como marcas registradas pertencentes à Sony Music, a RCA Records, principalmente e à Technicolor Motion Picture Corporation, que as licenciam para outras empresas.

            Neste sentido vale uma digressão. David Sarnoff foi um empresário e pioneiro na área das telecomunicações principalmente na TV e no rádio. Em 1906 juntou-se a Marconi Wireless Telegraph Company e começou uma carreira de mais de 60 anos nas comunicações eletrônicas. Habilidoso operador de telégrafos em Nova York quando em uma madrugada de abril de 1912 recebeu o primeiro pedido de socorro do Titanic, que afundava a milhares de quilômetros. Passou 72 horas transmitindo informações técnicas para o mundo inteiro por código Morse, no que foi provavelmente a primeira transmissão jornalística ao vivo da história. Ao contrário de muitos dos quais estavam relacionados com os princípios de comunicação de rádio, Sarnoff viu o potencial do rádio como uma forma de se comunicar com as massas. Pois uma pessoa (emissor) poderia falar com muitos (receptores). Quando Owen D. Yong da General Electric comprou a empresa Marconi, fez dela à Radio Corporation of America. David Sarnoff contribuiu para o crescente aumento da popularidade de massa do rádio durante a guerra, ajudando a organizar a partida de transmissão de boxe entre Jack Dempsey e Georges Carpentier, em julho de 1921. A RCA comprou a sua primeira estação de rádio e lançou a National Broadcasting Company, a primeira rede nacional de rádio dos Estados Unidos da América sendo Sarnoff o presidente da empresa. Sarnoff estabeleceu o padrão de transmissão de rádio AM que se tornou o elemento de comunicação social mais usado até a década de 1960 quando ressurgiu a transmissão FM.

Pioneiro, Nelson Gonçalves, registrou 157 discos de 78 rotações com duas faixas, cada. E na fase dos famosos Long Plays (LPs), foram 57 álbuns originais gravados, dois póstumos, além de uma montanha, literalmente de coletâneas e dezenas de compactos. Nelson Gonçalves foi um dos três cantores mais populares do Brasil de todos os tempos, rivalizando com Francisco Alves, seu antecessor e Roberto Carlos que o sucedeu, mas demorou para alcançar o sucesso, pois era uma figura “desacreditada como ex-lutador de boxe e ex-garçom que poderia mesmo cantar, ainda mais porque era gago”. Fez testes nas principais emissoras cariocas e nada conseguiu. Um dia gravou um acetato e seguido de uma carta de recomendação à gravadora Victor. O diretor Vitorio Lattari ouviu, gostou, mas quando se deu conta de que “o rapaz gaguejava pensou tratar-se de um impostor”. Até que o flautista e produtor Benedito Lacerda, decidiu lhe dar uma segunda chance, chamando-o para um teste com orquestra ao vivo. No meio da música já estava contratado. Nelson Gonçalves em 1942 fazia um sucesso estrondoso com o fox-canção “Renúncia”. Dos 35 discos que a Sony disponibilizou remasterizados, temos 27 gravações originais e 8 coletâneas ainda não digitalizados entre os anos 1950 e 1990, com sua interpretação, que possuía a voz ideal típica para esse padrão de música.  

Bibliografia geral consultada.

LOPES, Maria Immacolata Vassallo, O Rádio dos Pobres – Estudo sobre Comunicação de Massa. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado em Ciências da Comunicação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1982; MIRA, Maria Celeste, Modernização e Gosto popular: Uma História do Sistema Brasileiro de Televisão. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1990; SANTOS, João Bosco Feitosa dos, O Avesso da Maldição do Gênesis: A Saga de Quem Não Tem Trabalho. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1997; LOPES, Carlos Renato, Identidades, Poderes e Saberes em um Programa Popular de Televisão Brasileira – Uma Abordagem Discursiva. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000; SEVERIANO, Jairo, Uma História da Música Popular Brasileira: Das Origens à Modernidade. São Paulo: Editora 34, 2008; NICOLAU NETTO, Michel, Música Brasileira e Identidade Nacional na Mundialização. São Paulo: Annablume Editora; Fapesp, 2009; MARTINI, Silvia Rosana Madena, O IBOPE, a Opinião Pública e o Senso Comum dos Anos 1950: Hábitos, Preferências, Comportamentos e Valores dos Moradores dos Grandes Centros Urbanos (Rio de Janeiro e São Paulo). Tese de Doutorado em Sociologia. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2011; MACHADO, Adelcio Camilo, O “Lado B” da Linha Evolutiva: Nelson Gonçalves e a “Má” Música Popular Brasileira. Tese de Doutorado. Instituto de Artes. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2016; TEIXEIRA, Jaqueline Moraes, A Conduta Universal: Governo de Si e Políticas de Gênero na Igreja Universal do Reino de Deus. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018; TORRES, José Airton Albuquerque, Pressupostos da Industrialização e Massificação da Juventude, numa Perspectiva de Adorno e Horkheimer. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Profissional em Filosofia. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2019; ALMEIDA E SILVA SAMPAIO, Helena, Infância, Biopolítica e Neoliberalismo: Uma Navegação do Pueril ao Kids. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2022; entre outros                          

Nenhum comentário:

Postar um comentário