sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Parque Semuc Champey - Guatemala & Natureza Sob as Rochas.

                                                   Guatemala tiene un río pensativo y otro que se tiñó de sangre”. Luis Alfredo Arango

              Um rio (do latim rivus) é um curso de água, usualmente de água doce, que flui por gravidade em direção a um oceano, um lago, um mar, ou um outro rio. Em alguns casos, um rio simplesmente flui para o solo ou seca completamente antes de chegar a um outro corpo d`água. Pequenos rios também podem ser chamados por outros nomes, incluindo córrego, canal, riacho, arroio, riachuelo ou ribeira. Não existe uma regra geral que define o que pode ser chamado de rio, embora em alguns países ou comunidades, um fluxo pode ser definido pelo seu tamanho. Muitos nomes de rios de pequeno porte são específicos para a sua localização geográfica. Um exemplo é o termo “burn”, usado na Escócia e no Nordeste da Inglaterra. Às vezes um rio é considerado maior do que um afluente, mas isso nem sempre é o caso, por causa da imprecisão na linguagem.  O rio faz parte do ciclo hidrológico que se inicia a partir da energia emanada pelo Sol. A água de um rio é coletada através de escoamento superficial, recarga das águas subterrâneas, nascentes, e a liberação da água armazenada em gelo natural como por exemplo, das geleiras. Muitos rios com utilidade de uso econômica são utilizados como meio de trabalho e processo de comunicação para transporte, chamado transporte fluvial. No seu curso, dependendo do tamanho e volume das águas, e profundidade, navegam navios, barcos, barcaças e outras embarcações menores.

Ressalte-se que há rios com corredeiras e quedas d`água que impedem a navegação, bem como há rios navegáveis em apenas parte de seu curso d`água. A travessia aérea dos rios dá-se por intermédio de pontes, construídas sob os mais diferentes estilos arquitetônicos. Mas na água, a travessia dá-se através de “feri boats” ou balsas, jangadas, caiaques e outras pequenas embarcações. Em rios de baixa profundidade, somente é possível navegação com lanchas com hélices aéreas, chamadas de “aerobarcos”. Com o aumento da população mundial e ocupação desenfreada para industrialização e moradia de terrenos ribeirinhos, surgiu um problema grave no meio ambiente: a poluição fluvial, que pode provocar danos irreversíveis ao rio, provocando a morte e até a extinção por completo de espécies de peixes. Isso somado à clássica iniciativa nociva de aterrar pântanos e banhados gera a cada temporada de chuvas, nas margens de rios e próximo a elas, o problema da enchente, que desabriga famílias a cada ano. Quanto às águas, os rios podem ser de três tipos: rios de águas brancas, rios de águas claras e rios de águas pretas. Os rios de águas brancas são aqueles cujas águas carregam grandes quantidades de sólidos em suspensão, como magnésio e cálcio, o que os deixa com a água com um aspecto esbranquiçado ou barrento, e baixa visibilidade.

Muitos desses rios com parte do curso presente no Brasil têm origem nas nascentes da Cordilheira dos Andes. Em suas margens, existem áreas de várzeas férteis, propícias para a agricultura. Os rios de águas pretas são os que nascem em áreas de sedimentos terciários. Esses rios têm geralmente água ácida devido às grandes quantidades de substâncias orgânicas dissolvidas, provenientes de solos arenosos cobertos por vegetação. O rio Negro, localizado em três países: Venezuela, Colômbia e Brasil, é um exemplo de rio de água preta. Os rios de águas claras, ou águas azuis, são os rios com pouca quantidade de sólidos em suspensão e aspecto cristalino, o que lhes permite uma grande visibilidade. Exemplos desses rios são os que correm na Região Centro-Oeste do Brasil e na região das Guianas. O rio pode ser perene, quando há sempre água fluindo em seu leito, ou seja, não seca durante o ano, ou intermitente (ou temporários), que durante a época de chuva (ou “cheias”), geralmente no inverno, apresenta bastante água em seu curso e durante a estiagem (ou período das “secas”), normalmente no verão, desaparece temporariamente. Apesar de cobrirem apenas 1% da superfície da terra, os rios e os lagos, albergam 17 000 espécies de peixe, o que representa um quarto de todos os vertebrados.

             Semuc Champey é um monumento natural no Departamento de Alta Verapaz, que representa um dos vinte e dois Departamentos da Guatemala, país da América Central. Sua capital é a cidade de Cobán, perto da cidade Q`eqchi` Maya de Lanquín. É consertado por uma ponte natural de calcário de 300 metros, sob a qual passa o rio Cahabón. No topo da ponte há uma série de piscinas naturais turquesas escalonadas, uma atração popular para natação extraordinária. A melhor e mais acessível maneira de ver Semuc Champey em toda a sua glória é do ponto de vista ecológico El Mirador, um sítio arqueológico pré-colombiano Maia, muito extenso, localizado no norte do departamento de El Petén, na Guatemala. O sítio foi descoberto em 1926, e fotografado a partir do ar em 1930, mas este sítio remoto num recanto da selva não receberia grande atenção até Ian Graham aqui ter passado 10 dias elaborando o primeiro mapa do local em 1962. Em 1978, foi iniciada uma investigação detalhada, num projeto coordenado por Bruce Dahlin da Universidade Católica de Washington e Ray Matheny da Universidade de Brigham Young. El Mirador cobre cerca de 26 km². Existem várias estruturas que consistem de uma grande plataforma artificial de altura reduzida em cima da qual se encontram três pirâmides em escada. 

             As mais notáveis dentre estas são três enormes complexos: El Tigre, La Danta e Los Monos. A pirâmide mais alta de El Tigre tem cerca de 60 metros de altura. La Danta, com 75 metros de altura, é a mais alta estrutura Maia, e uma das maiores do mundo em volume se incluída a grande plataforma em que assenta a pirâmide e que cobre 18 000 m² com um volume total de 2 800 000 m³. As paredes da maioria das estruturas estavam originalmente revestidas com blocos talhados em pedra e decoradas com caras de grande dimensão pintadas sobre estuque retratando as divindades da mitologia maia. Carlos Morales-Aguilar, um arqueólogo guatemalteco que obteve Ph.D. em Arqueologia pela Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne, sugere a existência de alinhamento entre os variados grupos arquitetônicos, templos principais e monumentos esculpidos, relacionado com as trajetórias do Sol e da Lua.  Este estudo reflete o planejamento urbano e os sagrados desde a chegada dos povoadores de El Mirador. 

            Richard D. Hansen, é um reputado arqueólogo da Universidade de Idaho, e diretor do Projeto da Bacia de Mirador, de acordo com os seus achados, pensa que os mais de vinte e sete sítios da bacia de Mirador, formavam o primeiro Estado político das Américas, e que o Norte de El Petén dá à Guatemala o direito de intitular-se “berço da civilização maia”. É uma caminhada quente de aproximadamente 45 minutos na selva a partir da área de encontro, as vistas do vale são incomparáveis. É um sítio natural no departamento de Alta Verapaz, Guatemala. A cidade de Cobán possui um clube no Campeonato Guatemalteco de Futebol, o Cobán Imperial, que joga de mandante no Estádio José Ángel Rossi e o Estadio Verapaz de futebol. Seu nome oficial é Estádio Verapaz José Angel Rossi. Foi construído em 1936 e sua capacidade de público é de 15.000 torcedores. É a residência do clube de futebol da Liga Nacional Coban. Os Maias de El Petén, que esgotaram o solo pela pressão agrícola e amor à opulência, deveria nos levar a considerar as consequências da relação técnico-metodológica do binômio produção-consumo exagerado, afirma em entrevista concedida em Paris ao arqueólogo Richard Hansen (2011). 

- As últimas descobertas arqueológicas na bacia guatemalteca de El Mirador reforçam a teoria de que os Maias, antiga civilização construtora de cidades formidáveis, desapareceram por “causas ambientais como o desmatamento”. A exposição “Maias: do Alvorecer ao Crepúsculo”, no Musée du Quai Branly, em Paris, apresenta 150 peças de arte e cerâmica procedentes de El Mirador, Norte da Guatemala, e ilustra a complexidade científica e artística da civilização mesoamericana. As peças são vasos, esculturas, pedaços de monólitos (pedras talhadas) e de relevos, foram encontradas no sítio arqueológico do Departamento de El Petén, no Norte do país, perto da fronteira com o México. As obras pertencem aos períodos pré-clássico e clássico Maia, aproximadamente entre o ano 1000 a. C e 900 d. C. A civilização Maia se desenvolveu ao longo de aproximadamente três mil anos desde o estabelecimento das primeiras aldeias na extensa área compreendendo, respectivamente, o extremo Sudeste do México de Yucatán, Campeche, Quintana Roo, e partes de Tabasco, localizado no Sudeste do país, com 2. 395. 232 habitantes e a capital é a cidade de Villahermosa. Suas origens remontam a 1519, quando Hernán Cortés, depois de estar perto do Malinche, fundada na margem esquerda do enclave do rio Grijalva, deram o nome de Santa María de la Victoria.

Em 1557 devido aos contínuos ataques piratas, um grupo de espanhóis abandonam Santa María de la Victoria e para trás do río Grijalva chegando a um lugar onde havia três montes e se estabeleceram lá, nomeando San Juan Bautista, por terem chegado justamente no dia no santo. Villahermosa é a capital do Estado de Tabasco, no México. Localiza-se no Sudeste do país. Tem cerca de 335 mil habitantes. Foi fundada em 24 de junho de 1564 pelo espanhol Diego de Quijana no final do século XVI, designando-se San Juan Bautista, em homenagem ao santo até 1915. Seu gentilício é villahermosino ou capitalino. O nome colonial original foi “Villa Hermosa de San Juan Bautista”, que depois da Revolução Mexicana, fico somente “Villahermosa” ou “Cidade de Villahermosa”. Concentra a maior população urbana do Estado de Tabasco. A cidade se destaca como um centro de negócios e administração da indústria petrolífera e do Sudeste do México. Villahermosa é uma cidade moderna com uma grande abundância de recursos naturais e goza de realizar a conexão entre a Cidade do México (880 km) e as mais importantes cidades da região Sudeste como Cancun a (900 km), Mérida a (500 km) Campeche (390 km), Tuxtla Gutiérrez (298 km) e Ciudad del Carmen a (168 km). Assim mesmo, se encontra próxima à fronteira da Guatemala, com acesso pela rodovia internacional Villahermosa-Tenosique-Flores em Tikal. É uma antiga cidadela Maia nas florestas tropicais do Norte do Guatemala. Possivelmente datada do século I d.C., Tikal floresceu entre os anos 200 e 850 d.C. e foi abandonada por razões climáticas e de desertificação provavelmente. As icónicas ruínas de templos e palácios incluem a gigante e cerimonial Pirâmide do Mundo Perdido e o Templo do Grande Jaguar. A 70 metros, o Templo IV é a estrutura pré-colombiana mais alta das Américas e proporciona vistas deslumbrantes.

            Não queremos perder de vista posto que achamos necessário indicar pistas sobre um tema relativamente pouco estudado, que aponta na relação entre informação e história.  Como já se observou alhures, essa indagação leva-nos mais uma vez a seguinte questão: o problema da história é a história do problema e inversamente.  Conquanto tenha-nos advertido Montálban, na conclusão de seu importante ensaio: História y Comunicación Social (Montálban, 1985). Este livro tem cumprido e cumpre seu papel, fomentando a curiosidade dos estudantes de ciências da informação por um delineamento historicista de sua disciplina fundamental, que está contra o saber dominante nas atuais faculdades de ciências da informação. E igualmente contribui a ocupar um lugar na consciência de qualquer um que pense que o saber não ocupa um lugar. Isto quer dizer que a cultura, a sociedade, vem articular-se a uma estrutura de relações sociais. No processo de produção estão inseridas as bases de produção e da reprodução da existência. O escravagismo antigo, distingue do processo de produção, o escravo agricultor independente do proprietário privado. O que os distingue é a relação com o trabalho. 

          Se um se conduz como proprietário das condições materiais da reprodução de sua existência material, no outro aso é o mestre que se conduz como proprietário das condições naturais da reprodução de sua existência material de escravo. Pode-se fazer a mesma comparação e a mesma distinção entre o escravo moderno, do século XIX, e o trabalhador agrícola no mesmo sistema técnico de trabalho, ao qual se articulam relações sociais diferentes. A interligação dos processos de trabalho é primeiramente técnica, na medida em que está contida nos meios de trabalho e envolve imediatamente trabalhadores em situações específicas de trabalho.  Em seguida é de ordem social, basicamente quanto à escala e quanto ao sentido de conjunto, no sentido de satisfazer necessidades sociais. É finalmente, de ordem tecnológica na medida em que a produção, circulação, uso, dos produtos resultantes do processo de trabalho interligados, são o próprio sistema social no âmbito de determinada cultura ou sociedade. Produzindo e consumindo determinados produtos de forma como o fazem, os homens primeiro tecnologicamente produzem sua sociedade e todas as relações sociais nela existentes. 

Um sistema de trabalho representa uma estrutura de relações sociais onde o que está em jogo é o próprio processo de trabalho. O trânsito que realmente efetuam no circuito produtivo permanece sendo o de um movimento entre forças que se encontram objetivadas num sentido preciso de trabalho e no processo de trabalho com o objetivo de transformar um produto com valor de uso. Nesse fluxo que o conclui enquanto movimento tecnicamente orientado, o valor-de-uso inerente aos produtos que entram no processo de trabalho é também e necessariamente, valor-trabalho qualificado que noutro lugar nomeamos informação. Sabemos além disso, que todo processo de trabalho é, simultaneamente, um processo de comunicação, embora nem todo processo de comunicação sea necessariamente um processo de trabalho. A concepção “meios de comunicação de massa” só responde ao sentido a comunicação moderna a partir da existência de meios e das “massas” intercomunicadas. A existência de fontes de notícias, um sistema de transmissão, uns polos de recepção e transmissão e receptores que tenham estabelecido uma demanda de informação.  Este processo só se alcança a partir da imprensa no século XV, com o comércio e do correio coincidente com a expansão da burguesia renascentista. 

Considera-se assim, de um ponto de vista americanista e eurocentrista, que a partir do século XV até o XIX seguiremos assistindo a uma comunicação social embrionária, que em muito pouco responde a atual concepção assumida em sua diversidade. A condição significativa da mensagem, é o que passa a ser o leitmotiv e o objeto de conhecimento dos estudos chamados de comunicação. Tal como se as práticas sociais, produto das relações sociais e de produção se reduzissem à sua dimensão de mensagem ou, como querem Marshall McLuhan e Quentin Fiore (2002), com a expressão o meio é a mensagem, à sua dimensão significativa, como produtores ou consumidores, mas sem encontrarem-se envolvidos. A necessidade de comunicar-se foi a démarche de todo tipo específico de codificações expressivas, sendo a linguagem e a escrita instrumentos de comunicação oral e escrita sujeitos as limitações de espaço e lugar e a sua transmissão através da distância entre o emissor e o receptor. Pode-se dividir em quatro fases a história comunicativa da codificação de signos e fonemas aos serviços da relação inter-humana: mnemônica, pictórica, ideográfica e fonética.  A primeira, mnemônica, se caracterizou pelo emprego de objetos reais como dados ou mensagens entre pessoas que viviam alheias e não pertenciam ao mesmo sistema convencional de comunicação. Os antigos peruanos, escreve Albert A. Sutton, os chineses, e inclusive tribos primitivas mais recentes, utilizavam com muita frequência o quipo. 

  Cada um dos cordões nodosos usados pelos peruanos, no tempo da monarquia dos Incas, que formavam um método mnemônico, fundado nas cores e ordens dos cordões, número e disposições dos nós, etc., ou a série de cordas atadas para comemorar acontecimentos felizes, para servir como instrumentos de cálculo ou guardadas recordações dos mortos das tribos. Na segunda, pictórica, a comunicação social se transmite mediante a pintura, a representação dos objetos. Estas gravuras aparecem não só na pintura rupestre, e também sobre objetos variados: utensílios, armas ou artigos de valor empregados para o intercâmbio comercial. Na terceira, ideográfica, resulta de uma associação de símbolos pictográficos com objetos e ideias. Nesta fase, os signos se empregam cada vez mais na representação de ideias, numa progressiva separação da estrutura do objeto a comunicar e uma modelação cada vez mais simbólica que aproximará no signo alfabético, na estrutura. A expressão ideográfica serviu para as formas primitivas de relatos etnográficos, tal como podemos valorar na escritura ideográfica das culturas colombianas ou mesopotâmicas, ainda que o máximo tipo cultural deste sistema de comunicação foi a escrita hieroglífica dos egípcios. A última, last but not least, fonética, se estabelece quando o signo representa um som, fora das palavras inteiras, de sílabas ou do que hoje chamamos letras, como unidade fonética menor. A invenção do alfabeto foi o ponto máximo da codificação da comunicação e foi propiciada precisamente por aqueles povos de maior desenvolvimento social e de maior interrelação comercial com outros povos. O alfabeto é chave de intercomunicação e aríete de penetração dos povos da antiguidade criadores das rotas de comércio marítimo e terrestres.

O Estado está localizado no Sudeste do México, fazendo fronteira com os estados de Campeche, Chiapas e Veracruz, com o Golfo do México ao Norte e o país da Guatemala ao Sul e Leste. O Estado cobre 24.731 km², o que representa 1,3% do total do México, e Chiapas, um estado no Sul do México, situado geografiacamente na fronteira com a Guatemala. Os planaltos montanhosos e a densa floresta tropical estão repletos de sítios arqueológicos Maias e cidades coloniais espanholas. Na cidade colonial de San Cristóbal de las Casas, o complexo Templo y ex-convento Santo Domingo abriga uma igreja barroca e um museu que exibe artefatos regionais. Em torno dela está localizado um mercado que vende itens como tecidos coloridos. E, de fato, ainda existem, pois mais de quatro milhões de pessoas continuam falando as múltiplas línguas Maias historicamente contituídas na Mesoamérica. A bacia de El Mirador foi um sofisticado complexo urbano, com numerosas cidades de grande extensão, entre elas El Mirador, Nakbé, El Tintal, Wakná e a recém-descoberta arqueológica de Xulnal, unidas por estradas de até 50 metros de largura e várias centenas de quilômetros de comprimento. O sítio inclui edifícios de até 70 metros de altura e volumes superiores a dois milhões de metros cúbicos, maiores do que as pirâmides do Egito. Ao mesmo tempo que ilustram sobre o alto grau de desenvolvimento humano e técnico-científico e artístico dos Maias, a cerâmica, e sobretudo a arquitetura, sugerem que o colapso civilizatório foi “causado pela degradação ambiental da região”, afirma o arqueólogo Richard Hansen, diretor do projeto de pesquisa da bacia de El Mirador e assessor científico da exposição.

Cerca do ano 700 ocorreu a reocupação em pelo menos parte de El Mirador envolvida por uma muralha em que se reutilizou alguma pedra das estruturas mais antigas. Tornou-se também a única fonte de “cerâmica de estilo códex”, um tipo de cerâmica finamente pintada. El Mirador é ainda o centro de variegadas antigas sacbeob, ou “estradas brancas”, caminhos de pedestres elevados cerca de 4 metros acima do nível do solo, pavimentados com pedra, com 40 metros de largura, um dos quais liga El Mirador a Nakbé, a cerca de 12 km de distância. Sacbé, plural sacbeob, “caminhos brancos”, são estradas pavimentadas elevadas construídas pela civilização maia pré-colombiana. A maioria destes caminhos liga templos, praças e grupos de estruturas no interior de centros cerimoniais de cidades, mas são também reconhecidos alguns caminhos mais longos entre cidades. Sacbé é o termo iucateque para designar a estrada branca; isto é, branca porque as pedras e os materiais de enchimento originalmente eram cobertos com estuque de cal. Iucateque ou Iucateco é uma das línguas indígenas da América do tronco Maia, falada na Península do Iucatão no México, no Norte do Belize e em partes da Guatemala. Permanece como a primeira língua de muitos habitantes dos estados mexicanos de Quintana Roo, Campeche e Iucatão. É comumente reconhecida como Maya (ou Maia) e muitos linguistas usam o termo Maya yucateco para distingui-la comparativamente de outras línguas Maias.

Os Maias foram uma civilização mesoamericana desenvolvida pelos povos maias e reconhecida pelo seu logossilabário, sendo o mais sofisticado e desenvolvido sistema de escrita da América pré-colombiana, bem como por sua arte, arquitetura, matemática, calendário e sistema astronômico. A civilização Maia se desenvolveu em uma área que abrange o Sudeste do México, toda a Guatemala e Belize e as partes ocidentais de Honduras e El Salvador. Essa região consiste nas planícies do Norte, que abrangem a Península de Iucatã, e as montanhas da Sierra Madre, que partem do Estado mexicano de Chiapas, atravessam o Sul da Guatemala e seguem para El Salvador e as planícies do Sul da planície litoral do Pacífico. O termo abrangente “Maia” é um termo coletivo moderno que se refere aos povos constitutivos da região; no entanto, o historicamente não era usado pelas próprias populações indígenas, pois nunca houve um senso comum de identidade ou unidade política entre essas populações distintas. As primeiras cidades Maias se desenvolveram por volta de 750 a.C. A partir do ano 500 a.C. essas cidades passaram a possuir arquitetura monumental, como grandes templos com elaboradas fachadas de estuque. A escrita hieroglífica já estava sendo usada na região maia no século III a. C. 

Chiapas é um Estado do México. A sua capital é Tuxtla Gutiérrez. Situa-se no Sudeste do país, limitando com o Estado de Tabasco a Norte, de Veracruz a Noroeste e de Oaxaca a Oeste. A Leste limita-se com a Guatemala, e ao Sul com o Oceano Pacífico. Tem cerca de 5,5 milhões de habitantes (2020). Um terço de sua população é descendente dos Maias, sendo que a grande maioria são bilíngues com o espanhol, idioma nacional, “falado por nada menos que 99% dos habitantes do país, além de, um número reduzido menor que 1% que não falam o idioma”. O nome do Estado vem da palavra “Chiapan” ou Tepechiapan, o nome pelo qual designou o antigo povo indígena de Chiapas e que significa “monte de chia” ou “água sob a colina”, a partir do nahuatl “tepetl” colina, “chi”, abaixo, “atl”, água, “pan” lugar do rio. Os espanhóis, ao invadir e fundar duas cidades da região: Chiapas dos Índios e Chiapas dos espanhóis, adotaram para ambas o mesmo nome de “Província de Chiapas”. Então, com o plural Las Chiapas, se identificou no momento da Independência, ao conjunto de regiões administrativas com as que formariam o novo Estado. No período pré-clássico tardio, várias grandes cidades se desenvolveram na Bacia de Petén, a cidade de Kaminaljuyú ganhou destaque nas terras altas da Guatemala.

A partir do ano 250 a.C., o período clássico é amplamente definido como quando os Maias estavam erguendo monumentos esculpidos com datas de contagem longa. Nesse período, a civilização Maia desenvolveu muitas cidades-Estado ligadas por uma complexa rede comercial. Nas planícies maias, as cidades de Tikal e Calakmul, tornaram-se poderosas e duas grandes rivais. No período clássico também houve a intervenção intrusiva da cidade de Teotihuacan, no México central, na política dinástica Maia era dominada por um sistema fechado de patrocínio, embora a composição política exata de um reino variasse em cada cidade-Estado. No final da Era Clássica, a aristocracia havia aumentado bastante, resultando na redução correspondente no poder exclusivo do rei divino. No século VIII, houve um colapso político generalizado na região central dos Maias, resultando em guerra internacional, abandono de cidades e mudança de população para o Norte. O período pós-clássico viu a ascensão de Chichén Itzá, no Norte, e a expansão do agressivo reino Quiché, nas terras altas da Guatemala. No século XVI, o Império Espanhol colonizou a região mesoamericana e uma longa série de campanhas viu a queda de Nojpetén, a última cidade em 1697. O domínio político durante o período clássico estava centrado no conceito do “rei divino”, que agia como mediador entre os mortais e o reino sobrenatural. O reinado era patrilinear e o poder era herdado pelo filho mais velho. Também se esperava que um possível Rei fosse um líder bem-sucedido em guerras. A política Maia era dominada por um sistema fechado de patrocínio, embora a política variasse em cada cidade-Estado. 

No final da chamada Era clássica, a aristocracia havia aumentado bastante, resultando na redução correspondente no poder exclusivo do rei divino. A civilização Maia desenvolveu formas de arte altamente sofisticadas e as criou usando a combinação de materiais perecíveis e não perecíveis, como madeira, jade, obsidiana, cerâmica, monumentos de pedra esculpida, estuque e murais finamente pintados. As cidades maias tendiam a se expandir aleatoriamente e o centro delas era ocupado por complexos administrativos e cerimoniais, cercados por uma expansão irregular de bairros residenciais. Diferentes partes de uma cidade eram frequentemente ligadas pelos “caminhos brancos”. A principal arquitetura da cidade consistia em palácios, templos-pirâmides, quadras cerimoniais e estruturas alinhadas para observação astronômica. A elite social era alfabetizada e desenvolveu um sistema complexo de escrita hieroglífica que era a mais avançada nas Américas pré-colombianas. Registraram sua história e conhecimento ritual em livros de tela, dos quais apenas três exemplos incontestados permanecem, sendo que o restante foi destruído pelos espanhóis. Também existem muitos exemplos de texto maia encontrados em estelas e cerâmicas. Também desenvolveram uma série complexa de calendários rituais interligados e empregaram Matemática que incluía uma das primeiras instâncias do zero no mundo. Como parte de sua religião, os Maias praticavam sacrifícios humanos.

Muitos sacbeob podem ser vistos pelos visitantes modernos dos sítios maias; talvez o mais conhecido seja o de Chichén Itzá que se estende desde o grupo principal próximo de El Castillo até ao Cenote Sagrado, e que todos os dias é percorrido por milhares de turistas. Poucas das estradas mais longas existem ainda na totalidade da sua extensão. Um Sacbé bem conhecido liga as cidades de Uxmal e Kabah, encontrando-se as suas duas extremidades assinaladas com arcos falsos. A estrada que liga as antigas cidades de Cobá e Yaxuna, com 100 km de extensão, foi durante décadas a mais longa daquelas conhecidas pelos arqueólogos. Os restos de um caminho ainda mais longo tornaram-se recentemente objeto da atenção dos arqueólogos. Este longo Sacbé aparentemente ligava a Ti`ho, atual Mérida, Yucatán ao Mar das Caraíbas, próximo de Puerto Morelos, passando por sítios como Ake e Izamal numa distância total próxima dos 300 km. Ainda que as estradas mais longas pudessem ser usadas no comércio e nas comunicações, todos os sacbeob tinham aparentemente significado ritual e religioso. Vale lembrar que apesar dos sacbeob de Iucatã serem os melhores conhecidos, encontram-se documentados por toda a área física e geográfica Maia. Alguns terão sido construídos no período pré-clássico e vários foram encontrados em redor de El Mirador

John Lloyd Stephens (1805-1852) representou um explorador, escritor e diplomata norte-americano que relatou que alguns povos maias de Iucatã ainda recitavam uma curta oração ritual quando cruzavam um Sacbé no início da década de 1840, ainda que os sacbeob tivessem sido cobertos pela selva alguns séculos. Stephens foi uma figura central na redescoberta da civilização maia na América Central e no planejamento do A ferrovia do Canal do Panamá ou Ferrocarril de Panamá é uma linha ferroviária que liga os oceanos Atlântico ao Pacífico na América Central. A rota se estende por 76,6 km através do istmo do Panamá, de Colón (Atlântico) a Balboa (Pacífico), perto da Cidade do Panamá). Por causa das difíceis condições físicas e geográficas da rota e do estado da tecnologia, a construção da ferrovia foi reconhecida como uma conquista internacional da engenharia, tendo custado ao Estado 8 milhões de dólares e a vida de cerca de 5 mil a 10 mil trabalhadores. Inaugurada em 1855, a ferrovia precedeu o Canal do Panamá em meio século; o canal foi posteriormente construído paralelo à ferrovia. Reconhecida como Panama Railroad Company quando foi fundada no século XIX, a linha hoje é operada como Panama Canal Railway Company. Desde 1998, é propriedade conjunta da Kansas City Southern e da Mi-Jack Products e alugada ao governo do Panamá. A Ferrovia do Canal do Panamá atualmente oferece tanto serviços de carga como de passageiros.

A linha foi construída pelos Estados Unidos e o principal incentivo foi o grande aumento no tráfego de passageiros e carga do Leste dos EUA para a Califórnia após a corrida do ouro de 1849. O Congresso dos Estados Unidos forneceu subsídios a empresas para operar navios de correio e passageiros a vapor nas costas e apoiou alguns fundos para a construção da ferrovia, que começou em 1850; o primeiro trem rentável percorreu toda a extensão em 28 de janeiro de 1855. Referida como uma “ferrovia interoceânica” quando foi inaugurada, foi mais tarde também descrita por alguns como uma ferrovia “transcontinental”, apesar de atravessar apenas o estreito istmo que conecta os continentes da América do Norte e do Sul. Por um tempo, a Ferrovia do Panamá também possuía e operava navios oceânicos que forneciam correio e serviço de passageiros para algumas das principais cidades das costas Leste e Oeste dos Estados Unidos, respectivamente. A infraestrutura dessa ferrovia foi de vital importância para a construção do Canal do Panamá em uma rota paralela meio século depois. um canal artificial de navios com 77,1 quilômetros de extensão, localizado no Panamá e que liga o oceano Atlântico (através do mar do Caribe) ao oceano Pacífico. O canal atravessa o istmo do Panamá e é uma travessia chave para o comércio marítimo internacional. Há bloqueios e eclusas em cada extremidade da travessia para levantar os navios até o lago Gatún, um lago artificial criado para reduzir a quantidade de trabalho necessário para a escavação do canal e que está localizado 26 metros acima do nível do mar. 

Os bloqueios iniciais tinham 33,5 metros de largura. Uma terceira faixa de eclusas, mais larga, foi construída e entre 2007 e 2016. A França começou a construir o canal em 1880, mas teve que parar as obras devido a problemas de engenharia e pela alta taxa de mortalidade de trabalhadores por doenças tropicais. Os Estados Unidos assumiram o projeto em 1904 e levaram uma década para concluir o canal, que foi inaugurado oficialmente em 15 de agosto de 1914. Um dos maiores e mais difíceis projetos de engenharia já realizados, o Canal do Panamá reduziu muito o tempo de viagem para se cruzar os oceanos Atlântico e Pacífico de navio, o que permitiu evitar a longa e perigosa rota do cabo Horn, no extremo sul da América do Sul, através da passagem de Drake ou do estreito de Magalhães. O cabo Horn é o ponto mais meridional da América do Sul, excluídas as Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e as Ilhas Diego Ramírez. Encontra-se na Ilha de Hornos, no arquipélago da Terra do Fogo, na porção pertencente ao Chile. Dos grandes cabos, é o que se encontra mais ao Sul e compõe a parte Norte do estreito de Drake. Até a abertura do canal do Panamá, era passagem obrigatória da rota dos navios que viajavam ao redor do globo, indo para a costa Oeste dos Estados Unidos, China, Índia e toda a Ásia. Cabo Hornier é o nome que é dado ao marinheiro e à embarcação que passa o Cabo Horn. A passagem mais curta, mais rápida e mais segura para a Costa Oeste dos Estados Unidos e para os países banhados pelo Pacífico, permitiu que essas regiões se tornassem mais integradas à economia mundial. O tempo social aproximado para cruzar o canal varia entre 20 e 30 horas.

À época da construção civil, a posse do território onde está o canal era dos povos colombianos, depois, dos invasores franceses e dos invasores norte-americanos. Os Estados Unidos da América continuaram a controlar a Zona do Canal do Panamá até a assinatura dos Tratados Torrijos-Carter, em 1977, que passaram o controle da passagem ao Panamá. Esses dois tratados garantiam ao Panamá o controle do canal do Panamá - até então sob controle dos Estados Unidos - a partir de 1999. Os tratados são assim chamados em homenagem aos dois signatários, o presidente estado-unidense Jimmy Carter e o líder panamenho Omar Torrijos. Torrijos não fora eleito democraticamente, tendo tomado o poder através de um golpe de estado em 1968, mas considera-se, em geral, que teve um grande apoio no Panamá para a assinatura desses tratados. Após um período de administração conjunta entre Estados Unidos e Panamá, o canal foi finalmente assumido pelo governo panamenho em 1999 e, agora, é gerenciado e operado pela Autoridade do Canal do Panamá, uma agência do governo do país. O tráfego anual aumentou de cerca de 1 000 navios, quando o canal foi inaugurado em 1914, para 14 702 embarcações em 2008, sendo que a última medição registrou um total de 309,6 milhões de toneladas movimentadas. Até 2008, mais de 815 mil embarcações tinham passado pelo canal; os maiores navios que podem transitar através do canal são chamados  trânsito de porta-contêineres pós-panamax. A Sociedade Americana de Engenheiros Civis classificou o canal do Panamá como uma das sete maravilhas do mundo moderno.

Bibliografia geral consultada.

MARX, Karl, Formações Econômicas Pré-Capitalistas. Rio de Janeiro: Editoras Paz e Terra, 1975; ARGUEDAS, José Maria, Señores e Índios. Acerca de la Cultura Quéchua. Buenos Aires: Acalanto Editorial, 1976; LEHMANN, Henri, As Civilizações Pré-Colombianas. 2ª edição. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1979; SCORZA, Manuel, La Danza Inmovil. Barcelona: Editora Plaza e Janés, 1983; MONTÁLBAN, Manuel Vásquez, História y Comunicación Social. Madrid: Alianza Editorial, 1985; RABE, Stephen, Eisenhower and Latin America: The Foreign Policy of Anticommunism. North Carolina: University of North Carolina Press, 1988; FRANCH, José Alcina, Mitos y Literatura Quechua. Madrid: Alianza Editorial, 1989; Idem, Mitos y Literatura Maya. Madrid: Alianza Editorial, 1989; Idem, Mitos y Literatura Azteca. Madrid: Alianza Editorial, 1989; O`GORMAN, Edmundo, A Invenção da América. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992; DURAND, Gilbert, As Estruturas Antropológicas do Imaginário: Introdução à Arquetipologia Geral. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997; GARDENSWRTZ, Lee; ROWE, Anita, Diverse Teams at Work: Capitalizing on the Power of Diversity. Virginia (USA): Oxford Editor, 2008; SANT`ANNA, Sérgio Luiz Pinheiro, Do Mercosul à Unasul: As Estratégias Políticas do Brasil no Processo de Integração Regional Sul-americano. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Departamento de Ciência Política. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2013; MONTEIRO, Felipe Antônio Dantas, A Espeleologia e as Cavernas no Ceará: Conhecimentos, Proteção Ambiental e Panorama Atual. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2014; PÉREZ, Marcelo Jorge, A Guerra Silenciosa de Manuel Scorza: Literatura e Denúncia. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Centro de Artes e Comunicação. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2015; AZEVEDO, Luciana Alves Vieira de; GENOVESE, Cinthia Leticia de Carvalho Roversi; GENOVESE, Luiz Gonzaga Roversi, “Educação Ambiental na Escola: Uma Prática Indispensável para Conscientização Ecológica”. In: Revista de Educação, Ciências e Matemática. Vol.4 nº2 mai./ago 2014; CARTER, John, Civilização Maia: A História Completa da Ascensão e Queda do Maior Império da Mesoamérica. Londrina: Editora‎ Book Brothers, 2020; LALLO, Pedro Gabriel Antonio, A Crise do Conhecimento Oficial: Uma Análise da Relação Vocabulário/Organização Social. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Faculdade de Filosofia e Ciências. Marília:  Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2022; entre outros.

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