“O silêncio é um espião”. Mario Quintana (1906-1994)
Praxeologia ou praxiologia do grego
antigo πρᾶξις, praxis, ação, prática + -λογία, -logia, estudo, é uma teoria
que tenta explicar a estrutura lógica da ação humana, baseada na noção de que
os humanos se envolvem no comportamento proposital, ao contrário do
comportamento reflexivo e outro comportamento não intencional. Comumente se
relaciona com a obra do economista austríaco Ludwig von Mises (1881-1973) e
seus seguidores da Escola Austríaca. Para Mises, praxeologia é o estudo dos
fatores que levam as pessoas a atingirem seus propósitos. Para a praxeologia a
Ação humana é todo comportamento propositado, aquele que busca atingir um dado
fim, de longo alcance. Comportamento propositado é consciente, o oposto de
comportamento inconsciente, isto é, do comportamento social realizado por atos
reflexos, respostas involuntárias das células e nervos do corpo aos estímulos.
Para Ludwig von Mises, a praxeologia é uma ciência formal: “O conhecimento
humano é condicionado pela estrutura da mente humana. O conteúdo do pensamento
do homem primitivo difere do conteúdo do nosso pensamento, mas a estrutura
formal e lógica é comum a ambos. A praxeologia é neutra em relação a todos os
julgamentos de valor e à escolha de objetivos finais. Sua tarefa não é a de
aprovar ou desaprovar, mas a de descrever o que é”. Mises define ação como “uma manifestação da
vontade humana”; ação como sendo um “comportamento propositado”. Para ele, um
homem em estado de contentamento ou de satisfação não busca realizar ações. O
homem busca sempre substituir um estado menos satisfatório por outro mais
satisfatório. Sua mente imagina situações que lhe são mais propícias
(planejamento) e sua ação procura realizar esta situação desejada.
A força que impele o homem à ação é sempre um desconforto com seu estado atual ou sua situação no mundo. O homem perfeitamente satisfeito com a sua situação não teria incentivo para mudar seu estado de vida. Mises diz: “Não teria nem aspirações nem desejos; seria perfeitamente feliz. Não agiria; viveria simplesmente livre de preocupações”. Além do desconforto e da imagem mental de uma situação melhor, há a condição de que o homem espere – isto é, tenha a expectativa - de que seu comportamento propositado tenha o poder de afastar ou pelo menos aliviar o seu desconforto. Se não existir esta expectativa, não se dá a ação e o homem passa a ser um conformista. Se por outro lado, o homem consegue atingir seus fins, dizemos que é “feliz”. Ou melhor, dizemos que “está mais feliz do que estava antes”. Para Mises, o homem realiza a ação em busca de sua felicidade. O objetivo final da ação humana é, sempre, a satisfação do desejo do agente homem. Não há outra medida de maior ou menor satisfação, a não ser o julgamento individual de valor, diferente de uma pessoa para outra, e para a mesma pessoa em diferentes momentos. O que faz uma pessoa sentir-se desconfortável, ou menos confortável, deriva de critérios decorrentes de sua própria vontade e julgamento, de sua avaliação pessoal e subjetiva. Assim, nenhuma pessoa tem condições de determinar o que faz outra pessoa feliz.
Mas a busca da ação não pode ser identificada com as antíteses egoísmo e altruísmo, materialismo e idealismo, ateísmo e religião. Há pessoas cujo único propósito é desenvolver as potencialidades de seu ego. Há outras para as quais ter consciência dos problemas de seus semelhantes lhes causa tanto desconforto ou até mesmo mais desconforto do que suas próprias carências. Uns desejam apenas a satisfação de seus apetites para a relação sexual, comida, bebida, boas casas e outros bens materiais. Todas estas insatisfações podem ser a causa de uma ação. Depende da pessoa. Thomas Mayer (1927-2015) acredita que a rejeição da escola austríaca do método científico, que emprega positivismo e empirismo no desenvolvimento de teorias, invalida sua metodologia. Os autores da escola austríaca acreditam que o positivismo lógico não é capaz de explicar ou prever as ações humanas e que dados empíricos por si só são insuficientes para descrever a economia, pois estes dados seriam incapazes de falsear teorias econômicas, fazendo com que o positivismo lógico não se torne um método apropriado para conduzir os estudos da ciência econômica. O economista Mark Blaug (1927-2011) também criticou o apoio extremo ao individualismo metodológico, pois este acabaria por criar proposições macroeconômicas impossíveis de serem aplicadas na microeconomia, rejeitando sua contribuição macroeconômica. O individualismo metodológico é um método de análise social que explica fenômenos sociais através das ações e decisões de indivíduos, e não de grupos ou classes.
No Time to Die tem como representação social um filme de ação e espionagem britano-estadunidense, dirigido por Cary Joji Fukunaga e escrito em colaboração com Scott Z. Burns e Phoebe Waller-Bridge, a partir de uma história de Neal Purvis e Robert Wade, baseado no personagem James Bond de Ian Fleming, sendo a sequência de Spectre, de 2015, e o vigésimo quinto filme da franquia 007. Produzido pela Eon Productions, Metro-Goldwyn-Mayer e Universal Pictures e distribuído pela Universal Pictures, mundialmente, e United Artists Releasing, nos Estados Unidos da América, foi lançado nos cinemas em 8 de outubro de 2021. Daniel Craig é ex-aluno da National Youth Theatre e se formou na Guildhall School of Music and Drama em Londres e começou sua carreira como ator de teatro. É estrelado por Daniel Craig, que reprisa o papel do espião britânico do MI6 pela quinta e última vez, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Rami Malek, Léa Seydoux, Ben Whishaw e Jeffrey Wright. O desenvolvimento de um novo título da franquia começou no primeiro semestre de 2016. O contrato entre a Eon Productions e Metro-Goldwyn-Mayer com a Sony Pictures Entertainment, que coproduzia e distribuía os filmes da nova safra, havia encerrado após o lançamento do filme Spectre. Em abril de 2017, iniciou-se uma disputa pelos direitos com grandes estúdios, incluindo a própria Sony, Warner Bros. Pictures, 20th Century Fox, Universal Pictures e Annapurna Pictures.
A Universal ganhou a disputa, ficando com a distribuição internacional e home vídeo, incluindo Estados Unidos da América e Canadá. Em comemoração aos 100 anos de existência da United Artists, a MGM, juntamente com a Orion Pictures, através de uma joint venture com a Annapurna, formou a United Artists Releasing, selo responsável pela distribuição doméstica teatral de Bond 25. A transmissão digital e direitos televisivos mundiais também estão asseguradas a MGM. Em maio de 2018, Danny Boyle foi confirmado como diretor do longa-metragem, com as filmagens tendo início em dezembro do mesmo ano. Três meses após o anúncio oficial, Boyle deixou a produção devido a divergências criativas. Em setembro de 2018, Cary Joji Fukunaga foi anunciado como novo diretor, tornando-se o primeiro estadunidense a dirigir um filme da franquia 007. Em 20 de agosto de 2019, foi divulgado que o título oficial do filme seria No Time to Die. Após James Bond (Daniel Craig) deixar o MI6 e mudar-se para a Jamaica, Felix Leiter, amigo de Bond e agente da CIA, pede sua ajuda na busca por um cientista desaparecido. Ao perceber que o cientista foi raptado, o ex-agente 007 percebe que a simples busca é na verdade uma corrida para salvar o mundo. As filmagens, antes programadas para dezembro de 2018 no Pinewood Studios, no Reino Unido, foram adiadas para abril de 2019 após a saída de Boyle. A filmagem principal teve início no dia 28 de abril de 2019 em Port Antonio, na Jamaica. Outros locais de filmagens incluem Nittedal, na Noruega, e Matera, na Itália, e a cidade de Aviemore, na Escócia.
O desenvolvimento de um
novo título da franquia começou no primeiro semestre de 2016. O contrato entre
a Eon Productions e Metro-Goldwyn-Mayer com a Sony Pictures Entertainment, que
coproduzia e distribuía os filmes da nova safra, havia encerrado após o lançamento
de Spectre. Em abril de 2017, iniciou-se uma disputa pelos direitos com
outros grandes estúdios, incluindo a própria Sony, Warner Bros. Pictures, 20th
Century Fox, Universal Pictures e Annapurna Pictures. A Universal ganhou a
disputa, ficando com a distribuição internacional e home vídeo, incluindo
Estados Unidos e Canadá. Em comemoração aos 100 anos de existência da United
Artists, a MGM, juntamente com a Orion Pictures, através de uma joint venture
com a Annapurna, formou a United Artists Releasing, selo responsável pela
distribuição doméstica teatral de No Time to Die. A transmissão digital
e direitos televisivos mundiais também estão asseguradas a MGM. Em março de
2017, Neal Purvis e Robert Wade, que co-escreveram as histórias sociais dos
filmes da série 007 desde The World Is Not Enough, de 1999, iniciaram os
trabalhos no roteiro. Mesmo com a aclamação da crítica especializada e do
sucesso comercial de Skyfall, incluindo Spectre, as maiores bilheterias
da franquia, Sam Mendes declarou que não iria dirigir uma nova parcela do
espião britânico.
Vários diretores
estavam na mira da Eon e MGM, incluindo Yann Demange, David Mackenzie, Denis
Villeneuve e Christopher Nolan, este último sendo o preferido para assumir a
produção. Mais tarde, Nolan disse que, além de ser fã de James Bond, adoraria
dirigir um filme da série 007 e só se envolveria com a franquia se fosse para
trazer “algo completamente novo”, mas que ainda não era o momento. Em dezembro
de 2017, Villeneuve se retirou do projeto para se dedicar totalmente ao seu
novo filme de ficção científica, a segunda adaptação de Duna. Em maio de 2018,
Danny Boyle foi anunciado como diretor do longa-metragem, com as filmagens
previstas para iniciarem em dezembro do mesmo ano. Boyle tinha uma "ideia
específica" para o filme, e por isso necessitaria do roteirista John
Hodge, que trabalhara com Boyle em diversos projetos. Michael G. Wilson e
Barbara Broccoli, responsáveis pelas produções da franquia 007, além da palavra
final em cada filme, ficaram empolgados com a ideia. Ambos deixaram claro que
se o roteiro de Hodge não estivesse dentro das expectativas, voltariam ao plano
original, usando a história da dupla Neal Purvis e Robert Wade. Três meses após
o anúncio oficial, Boyle deixou a produção devido a divergências criativas na
arte cinematográfica. Com a saída de Boyle, John Hodge também abandonou o
projeto. Após a especulação de vários nomes, Cary Joji Fukunaga foi anunciado
como novo diretor em setembro de 2018, tornando-se o primeiro estadunidense da
história dirigir um filme da franquia 007.
Foi anunciado também a
contratação de Linus Sandgren, como diretor de fotografia, e Dan Romer, para
compor a trilha sonora. Purvis e Wade retornaram para refazer o roteiro. Em
novembro de 2018, Paul Haggis, corroteirista de Casino Royale, foi contratado
para reescrever o roteiro de Purvis e Wade. Em fevereiro de 2019, Scott Z.
Burns, que contribuiu para filmes como The Bourne Ultimatum e Contágio, foi
contratado para também trabalhar em cima do roteiro da dupla. A pedido de
Daniel Craig, a escritora e criadora das séries Fleabag e Killing Eve, Phoebe
Waller-Bridge, foi contratada em abril de 2019 para adicionar mais humor ao
roteiro. Waller-Bridge é a segunda roteirista feminina da história da série
James Bond a ser creditada depois de Johanna Harwoodco, que co-escreveu Dr.
No e From Russia with Love. Em resposta ao Movimento Me Too,
a produtora Barbara Broccoli disse que as atitudes de Bond às mulheres seria
totalmente outro em No Time to Die, o que também foi endossado ela
roteirista Waller-Bridge. O movimento Me Too (ou movimento #MeToo), com
grande variedade de nomes alternativos e internacionais, é um movimento contra
o assédio sexual e a agressão sexual.
O movimento começou a se espalhar “viralmente” em outubro de 2017 como uma hashtag nas mídias sociais, na tentativa de demonstrar a prevalência generalizada de agressão sexual e assédio, especialmente no local de trabalho. Este movimento levou às acusações de abuso sexual contra Harvey Weinstein. Logo após a notícia, Weinstein foi demitido da The Weinstein Company e expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e outras associações profissionais. Investigações criminais sobre as queixas de pelo menos seis mulheres estão em andamento em Los Angeles, Nova Iorque e Londres. Tarana Burke, uma ativista social estadunidense e organizadora comunitária, começou a usar a frase “Eu também” (“Me too”) em 2006 e a frase mais tarde popularizada pela atriz estadunidense Alyssa Milano, no Twitter em 2017. Milano encorajou as vítimas de assédio sexual a twittar sobre e “dar às pessoas uma noção da magnitude do problema”. Uma série de mensagens de alto nível e respostas das celebridades estadunidenses Gwyneth Paltrow, Ashley Judd, Jennifer Lawrence e Uma Thurman, entre outras, logo a seguiram. Especulações davam conta que Daniel Craig não retornaria para um próximo filme. O próprio ator disse em uma entrevista de 2015 que “preferia cortar os pulsos” do que viver James Bond novamente no cinema.
Antoine Lilti, nascido em 1972, é um historiador francês especializado na representação da Era Moderna e no Iluminismo. É diretor de estudos da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) desde 2011. Formou-se na École Normale Supérieure, que frequentou entre 1991 e 1995. Foi aprovado na agregação em história em 1994. Defendeu sua dissertação de mestrado em história na Universidade de Paris 1 em 1993 sob a orientação de Antoine Prost, intitulada: Le PSU et la gauche (1960-1968). Em 2003, Antoine Lilti defendeu uma tese em história na Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne intitulada: “O Mundo dos Salões: Sociabilidade Mundana em Paris na Segunda Metade do século XVIII” sob a direção de Daniel Roche. Entre 2005 e 2011 lecionou na École Normale Supérieure como conferencista. Ele então se tornou diretor de estudos na École des Hautes Etudes en Sciences Sociales. Desde 2006, é membro do conselho editorial da revista Annales Histoire, Sciences Sociales, da qual foi editor entre janeiro de 2007 e dezembro de 2011. Dirigiu a redação dos Annales entre 2006 e 2011.
Seu trabalho mais recente enfoca a recepção atual do período do Iluminismo e seu legado no mundo político de hoje. As primeiras obras de Antoine Lilti centraram-se nos salões do século XVIII, verdadeiras instituições, em Paris, das elites intelectuais. Lilti os apresenta na encruzilhada da sociedade da corte e da vida intelectual, ao mesmo tempo em que enfatiza seu papel fundamental no início da Revolução Francesa. Por exemplo, o salão Choiseul em Chanteloup é objeto, no Le Monde des Salons, de um estudo aprofundado de Lilti. Este é descrito como um “nó onde se cruzam os fluxos de informação do tribunal, do mundo literário, dos cafés e dos jornalistas” (Éric Saunier) 10e um pool de oponentes e oposições. Além disso, Lilti quer contradizer uma visão excessivamente idealizada – às vezes tingida de nostalgia – de salões onde estes são considerados apenas pelo seu aspecto filosófico e intelectual. Ele enfatiza as dimensões mundanas e triviais (jogos, refeições, shows): Roger Chartier explica que Antoine Lilti, os salões “não são tanto lugares para exercícios filosóficos, mas oportunidades para compartilhar os prazeres e jogos do mundanismo”. Seu livro Le Monde des Salons (2005) foi traduzido para o inglês por Lydia Cochrane em 2015, sob o título “O mundo dos salões: sociabilidade e mundanismo na Paris do século XVIII”, na imprensa da Oxford Universidade. Ainda ligada ao ideário do Iluminismo e à clássica Revolução Francesa, Lilti estudou, em Public Figures (2014), o nascimento e a relação de poder histórico do conceito moderno de celebridade que tem como primícias ou in statu nascendi no século XVIII como ponto de partida da análise. Neste livro, o historiador se propõe a estudar “as figuras públicas que desde a década de 1750 até cerca de 1850 marcaram a opinião europeia e americana”.
Analisa as celebridades
de Rousseau transportado pelo sucesso de La Nouvelle Héloïse, de
Voltaire (Lilti retorna à sua “coroação” na Comédie-Française em março de 1778)
do comediante Janot. Lilti explica que alguns autores contemporâneos à Voltaire
e Janot lamentaram que um filósofo e um ator de boulevard pudessem ter uma
celebridade equivalente. Assim, a fama é vista “como uma força que 'nivela',
que apaga as distinções legítimas entre esferas de atividade”. Uma ligação com
sua obra sobre o mundo dos salões seria a da distinção entre as noções de
público e privado, e do comentário à obra do teórico Jürgen Habermas sobre
esses conceitos. Na introdução Lilti propõe diferenciar entre glória, reputação
e celebridade. As duas primeiras são as características do tradicional latim
fama. Enquanto o terceiro é mais moderno. Ele detalha que a glória se refere
aos heróis antigos e à comemoração dos gloriosos mortos e que a reputação é “em
grande parte independente” da celebridade. Para descrever a celebridade, cita
uma velha fórmula: “uma pessoa famosa é conhecida por pessoas que não têm
motivos para opinar sobre ela”. A celebridade diz respeito então a um público
mais amplo, variado, contemporâneo à pessoa. Esse público costuma estar ávido
por detalhes sobre a vida privada dessas celebridades e busca construir um
vínculo afetivo com elas. Ele propõe a compreender a notoriedade do ator
François-Joseph Talma (1763-1826) com esta chave de leitura. Mas também David
Garrick e Sarah Siddons na Inglaterra, ou mesmo Miss Clairon na França.
Para que possamos
melhor especificar a questão tópica as quais derivam os grupos sociais
particularmente dedicados às ideias e ao conhecimento, isto é, a clericatura,
denominam todas as coisas: pessoas, objetos, sensações, sentimentos e a
intelligentsia, faremos uma distinção
sobre a posição da classe intelectual e as duas culturas nas sociedades
arcaicas, nas quais há, com frequência, uma extraordinária acumulação de savoir-faire
e de conhecimentos sobre a vida vegetal e animal, os homens possuem por vezes
um saber escondido ás mulheres, e essas, um saber desconhecido dos homens: os
anciãos são, em geral, portadores da experiência e da sabedoria e há, entre os
feiticeiros ou xamãs, um conhecimento visionário que é fonte, segundo Morin (1972;
1998), de terapias e de atos mágicos. São comuns ao conjunto da sociedade, por
um lado, um rico pensamento cosmogônico e cosmológico, expresso sob a forma de
mitos e, por outro lado, uma sabedoria de vida concentrada em máximas e
provérbios. Nas sociedades teocráticas da Antiguidade, os saberes cosmológicos,
mágico, mitológico e religioso foram concentrados nos mesmos espíritos, na
casta de Sacerdotes/Magos. As verdades supremas, de caráter esotérico, não
podiam ser divulgadas e o acesso a elas exigia uma iniciação longa, mas na
Idade Média ocidental a instrução é privilégio dos clérigos.
Que os rostos dos
atores sociais célebres sejam frequentemente reproduzidos pode parecer algo
anódino. Na verdade, trata-se de um fenômeno novo que traduzia o lugar que o
teatro assumia na vida urbana do século XVIII, que se inscrevia também em uma
transformação mais ampla da cultura visual. Com frequência imagina-se que a
celebridade moderna esteja ligada à reprodução maciça das imagens,
caraterística do século XX. As novas tecnologias de produção e de reprodução da
figura humana, a partir da fotografia, e sobretudo com o cinema e a televisão,
teriam transformado a história da celebridade, para fazer a visibilidade a
forma dominante da notoriedade. É incontestável que essas tecnologias tenham
transformado de maneira considerável o universo midiático, bom como nossa
relação com a imagem. Os retratos das estrelas estão, disponíveis profusamente,
fixos ou móveis, em close ou de fato com teleobjetiva. No entanto, uma
transformação da cultura visual já acontecera ao longo do século XVIII, fundada
em inovações técnicas, como a gravura em couro a buril e a água-forte, que
permitiam tiragens bastante importantes, outrora inacessíveis para a gravura em
madeira, e imagens mais fiéis. A mutação era sobre social e cultural.
Nos grandes centros urbanos, os retratos eram cada vez mais visíveis, em todas
as formas de suporte e sentido dos retratos pintados, expostos nos salões da
Academia, as figuras de porcelana que se tornaram na moda, passado pelas
inúmeras gravuras vendidas nas bancas dos comerciantes.
Mas a celebridade não se reduz à visibilidade e à presença de imagens: ela se alimenta, na mesma medida, de narrativas, de discursos, de textos, como demonstra o jornalismo de fofoca. Também no âmbito do impresso, as mutações foram decisivas do século XVIII. O público alfabetizado conheceu um crescimento, e a relação com o livro, com a leitura, transformou-se largamente. Atividade erudita nos séculos precedentes, a leitura muda doravante de estatuto, conforme demonstrado pelo sucesso dos romances, dos impressos baratos, e, sobretudo, dos jornais, que se multiplicam, a partir do século XVII, por toda a Europa. Os jornais literários e as gazetas políticas, sobretudo, chamaram a atenção dos historiadores. Os primeiros asseguram a comunicação intelectual entre meios eruditos, ao lado das correspondências pessoais, que haviam estruturado, a primeira República das Letras. Os segundos inauguraram uma nova era de informação política, que não circula mais unicamente sob a forma de correspondências manuscritas ou rumores orais, mas por meio de organismos de imprensa. Para os teóricos do espaço público, foi por meios dos jornais, e nos lugares de sociabilidade reservados à sua leitura coletiva e ao seu comentário, que o uso público da razão se forjou no século das Luzes. Quando Immanuel Kant, em O Que é o Iluminismo? descreve a Auflarklärung como um processo de emancipação individual e coletivo permitido pelo uso que cada um faz da razão “diante do público que lê” (cf. Lilti, 2018), refere-se prevalentmente aos leitores de jornais.
Em agosto de 2017,
durante o late-night talk show da CBS, The Late Show with Stephen
Colbert, Craig anunciou que reprisaria o papel do espião britânico pela
última vez. Após a estreia de Spectre, boatos indicavam que Christoph
Waltz havia assinado o contrato para retornar como o vilão Ernst Stavro
Blofeld, mas sob a condição de que Craig retornasse como Bond. Em outubro de
2017, Waltz informou que não voltaria como Blofeld. Porém após negociações
Christoph Waltz resolveu retornar a franquia reprisando seu papel de Blofeld
para o encerramento da Era Craig e o desfecho do arque inimigo de Bond.
Em uma entrevista no final 2018, Fukunaga revelou que Ben Whishaw, Naomie
Harris, Rory Kinnear, Jeffrey Wright e Ralph Fiennes assinaram contrato para
reviverem seus papéis dos filmes anteriores. Fukunaga também revelou que Léa
Seydoux estaria reprisando seu papel como Madeleine Swann, sendo a terceira
atriz a interpretar uma Bond girl em mais de um filme da franquia, se
igualando a Eunice Gayson, a primeira Bond girl da história, que interpretara
Sylvia Trench em Dr. No e From Russia With Love e Maud Adams,
atriz sueca, que foi a segunda atriz a interpretar duas Bond girls
diferentes em filmes de James Bond, a saber: Andrea Anders em 007 Contra o
Homem da Pistola de Ouro e Octopussy (o papel-título) em 007 contra Octopussy.Ana
de Armas, Dalis Benssalah, David Dencik, Lashana Lynch, Billy Magnussen e Rami
Malek foram anunciados como parte do elenco em uma transmissão ao vivo, na
propriedade GoldenEye, do romancista Ian Fleming, criador de James Bond, na
Jamaica. Malek, ganhador do Oscar de melhor ator por Bohemian Rhapsody, foi
anunciado como o antagonista de No Time to Die, sendo seu primeiro filme
após viver Freddie Mercury.
As filmagens, antes
programadas para dezembro de 2018 no Pinewood Studios, no Reino Unido, foram
adiadas para abril de 2019 após a saída de Danny Boyle. A filmagem principal
teve início no dia 28 de abril de 2019 em Port Antonio, na Jamaica. No mês
seguinte, enquanto filmava no país, Daniel Craig sofreu uma lesão no tornozelo
e precisou passar por uma cirurgia. Em junho, uma explosão controlada durante
as filmagens causou danos ao 007 Stage, estúdio do Pinewood Studios onde
são gravados os filmes da franquia, o que acabou paralisando novamente a
produção. Um membro da equipe teve ferimentos leves. Cenas também foram
gravadas em Londres. Outros locais de filmagens incluem a comuna Nittedal, na
Noruega, e a cidade de Aviemore, na Escócia. Cenas da sequência de abertura dos
pré-credito foram filmadas em Matera, na Itália. Aston Martin DB5, carro mais
conhecido e que mais apareceu na franquia 007, marcará presença em No Time
to Die. Marca registrada dos filmes de James Bond, a fabricante de carros
desportivos de luxo Aston Martin confirmou que os modelos V8 Vantage, DB5 e
Valhalla estarão no longa-metragem. Dan Romer, que trabalhou com Fukunaga em Beasts
of No Nation e Maniac, era o compositor original, antes de deixar por
diferenças criativas no meio da produção e substituído por Hans Zimmer, a
primeira troca desse tipo da série.
Zimmer contou com o produtor Steve Mazzaro e o guitarrista Johnny Marr. Billie Eilish se tornou a cantora mais jovem a fazer uma música-tema da série com “No Time to Die”, escrita em dupla por ela e seu irmão Finneas O`Connell. No Time to Die estava originalmente programado para estrear em 8 de novembro de 2019. Com a saída de Boyle, foi adiado para fevereiro de 2020 e, em seguida, para 3 de abril de 2020 no Reino Unido. A estreia na China e uma turnê de publicidade em todo o país, planejada para abril de 2020. A carta pedia o adiamento do lançamento para minimizar o risco de disseminação da doença e garantir o sucesso comercial do filme. Em 4 de março de 2020, a MGM e a Eon Productions anunciaram que, após uma “avaliação completa do mercado teatral global”, o lançamento do filme foi adiado para 12 de novembro de 2020 no Reino Unido e 25 de novembro de 2020 nos Estados Unidos. No Time to Die foi o primeiro grande filme afetado pela pandemia. De acordo com o Deadline Hollywood, que citou fontes internas, o atraso não estava diretamente relacionado ao coronavírus; mudar o filme para novembro combinaria com a janela tradicional de lançamento de filmes de James Bond e a MGM e a Universal precisavam garantir um forte desempenho em todos os mercados internacionais ou enfrentariam a perda da franquia. A reprogramação garantiria que todos os cinemas, principalmente os da China, Coréia do Sul, Japão, Itália e França que foram fechados devido à pandemia, estivessem abertos e operacionais. Estima-se que 70.000 cinemas na China tenham fechado, e países como Austrália e Grã-Bretanha fecharam cinemas para minimizar a propagação do vírus.
A revista Variety
disse que o estúdio já gastou $ 66 milhões na promoção do filme, enquanto o The
Hollywood Reporter escreveu que o atraso custou à MGM entre $ 30-50
milhões em custos de marketing desperdiçados e estimou que as perdas de
bilheteria globais poderiam ter ultrapassado $ 300 milhões se o filme tivesse
permanecido em seu slot de abril de 2020. Em outubro de 2020, depois que se
tornou aparente que os cinemas, especialmente nos EUA, não veriam a demanda
total, No Time to Die foi adiado novamente para 2 de abril de 2021 nos
Estados Unidos. Depois que o adiamento foi anunciado, a rede de cinemas
britânica Cineworld, a segunda maior rede de cinemas do mundo, fechou seus
cinemas por tempo indeterminado. O presidente-executivo Mooky Greidinger disse
que o atraso foi a “gota d`água” para a Cineworld, após uma série de atrasos e
cancelamentos de outros filmes. Em comemoração aos 100 anos de existência da
United Artists, a Metro-Goldwyn-Mayer, juntamente com a Orion Pictures, através
de uma joint venture com a Annapurna Pictures, formou a United Artists
Releasing, selo responsável pela distribuição doméstica teatral de No Time
to Die. A transmissão digital e direitos televisivos mundiais também estão
asseguradas a MGM. A Universal Pictures ficou responsável pela distribuição
internacional nos cinemas e home vídeo doméstico. Antes chamado apenas de Bond
25, da divulgação do filme até as filmagens, No Time to Die foi
anunciado como o título oficial da produção em 20 de agosto de 2019 através das
redes sociais da franquia. O Metacritic atribuiu ao filme uma pontuação média
ponderada de 70 de 100 com base em 39 críticos, indicando “críticas geralmente
favoráveis”.
Bibliografia Geral Consultada.
THOMPSON, Edward Palmer, Tradición, Revuelta y Consciencia de Clase: Estudios sobre la Crisis de la Sociedad Preindustrial. Barcelona: Editorial Crítica, 1979; MORIN, Edgar, As Estrelas. Mito e Sedução no Cinema. 1ª edição. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1972; Idem, Introducción al Pensamiento Complejo. Barcelona: Editorial Gedisa, 1998; VERNANT, Jean-Pierre, O Universo, os Deuses, os Homens. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2000; LUHMANN, Niklas, Risk: A Sociological Theory. New Brunswick; New Jersey: Translation Publishers, 2009; COMETTI, Jean-Pierre, Qu`est-ce Que Le Pragmatisme? Paris: Éditions Gallimard, 2010; LÖWY, Michael, A Jaula de Aço: Max Weber e o Marxismo Weberiano. 1ª edição. São Paulo: Boitempo Editorial, 2014; BURKE, Peter, O Que é História Cultural? Rio de Janeiro: Editor Zahar, 2014; HIDALGO, Yaremis da Trinidade; CRUZ, Yenisey López, “La Hermenéutica en el Pensamiento de Wilhelm Dilthey”. In: Griot - Revista de Filosofia. Santiago de Cuba. Volume 11, n°1, junho de 2015; LIMA, Humberto Alves de Vasconcelos, Entre o Saber e o Segredo: Uma Leitura Realista da Tolerância da Espionagem Internacional na Era do Medo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Faculdade de Direito. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2017; LILTI, Antoine, A Invenção da Celebridade (1750-1850). 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2018; MOREIRA NETO, Euclides, J’accuse! Análise das Representações Textual-discursivas de Dreyfus e de Esterhazy. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2018; OLIVEIRA, Juliana Michelli da Silva, A Vida das Máquinas: O Imaginário dos Autômatos em O Método de Edgar Morin. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2019; ABERS, Rebecca, O Papel da Burocracia na Construção das Políticas Públicas. Brasília: Enap Cadernos, 2021; entre outros.
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