Memória de Ibiúna - Todos Presos & Clandestinos Estudantis no Brasil.
Ubiracy de Souza Braga
“Estudantes presos em Ibiúna poderão sair até o Natal”. In: Folha de S. Paulo, 06 de outubro de 1968, p. 11.
Ibiúna representa um município brasileiro do estado de São Paulo. Situa-se na Região
Metropolitana de Sorocaba, na extensa Mesorregião Macro Metropolitana Paulista
e na Microrregião de Piedade. Localiza-se a uma latitude 23º39`23” Sul e a uma
longitude 47º13`21” Oeste, estando a uma altitude de 996 metros. Sua população
foi estimada em 80 062 habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística. O município é formado pela sede e pelos distritos de Carmo Messias
e Paruru. Ibiúna possui a segunda maior população rural do estado de São Paulo,
menor apenas que a capital do estado. Por estar localizada geograficamente entre
as grandes bacias hidrográficas do Tietê e Paranapanema, a região que abarca o
atual município de Ibiúna provavelmente já reunia ótimas condições para o
estabelecimento de grupos humanos há milênios atrás. De acordo com algumas
pesquisas arqueológicas, os primeiros indícios da presença de grupos ameríndios
no estado de São Paulo datam de fins do Pleistoceno, sendo que a área onde hoje
está a capital e região metropolitana contam com datações radiocarbônicas de
cerca de 6.000 anos atrás. Estes primeiros grupos humanos produziam tecnologicamente diversas
ferramentas feitas em pedra, madeira e ossos, utilizando assim diversos tipos
de matéria-prima para confecção desses instrumentos de subsistência. Sua alimentação era
baseada na caça de animais e coleta de frutos e raízes, lhes sendo desconhecida
a agricultura nesse primeiro momento.
As
primeiras populações indígenas agricultoras só teriam alcançado a região de
Ibiúna e outras próximas dos grandes rios paulistas por volta do início da Era
Comum. Ancestrais dos atuais grupos Tupi-Guarani e Macro-Jê, essas populações
cultivavam mandioca, feijão e milho, assim como diversas várias espécies não
alimentícias, como cabaças, tabaco, algodão e urucu. Também produziam cerâmica,
tecnologia provavelmente desconhecida pelos primeiros grupos que haviam se
estabelecido nas margens de rios como o Una e o Sorocamirim e arredores. Séculos
depois, os primeiros colonizadores europeus se depararam com diversos grupos
Guaianás, também reconhecidos como Guaianazes nas cabeceiras do rio Sorocaba e
boa parte do Planalto Paulista. Falante de um idioma relacionado ao tronco
Macro-Jê, o contato entre este povo e os portugueses se deu já nas primeiras
décadas de colonização da América, geralmente mencionados nas documentações dos
séculos XVI e XVII como “índios bravos”. Por resistirem ao avanço português
sobre suas terras, diversos conflitos ocorreram, sendo muitas vezes
escravizados, mortos ou eventualmente expulsos para o interior do continente. O
nome Guaianá não corresponde à identidade própria
desses povos, já que esse termo era normalmente utilizado para designar
diversas gentes não-tupis. A presença de grupos Tupi na região das
nascentes do rio Sorocaba também parece ser confirmada pelos registros
arqueológicos, inclusive durante o período colonial.
Os
Acordos MEC-USAID foram implementados no Brasil com a lei 5.540/68. Foram
negociados secretamente e só se tornaram públicos em novembro de 1966 após
intensa pressão política e popular. Foram estabelecidos entre o Ministério da
Educação (MEC) do Brasil e a Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) para reformar o
ensino brasileiro de acordo com padrões impostos pelos Estados Unidos da América.
A USAID surgiu em 1961, com a assinatura do Decreto de Assistência Externa
do Presidente John F. Kennedy, unificando diversos instrumentos assistenciais
dos Estados Unidos. Diretamente ou através de agências subsidiárias, a USAID
atua como um reforço à política externa norte-americana, cooperando nas áreas
de economia, agricultura, saúde, política e assistência humanitária. A agência
tem sido objeto de críticas e acusada de trabalhar em colaboração com a CIA por
conta de suas atividades de inteligência na desestabilização de governos não
alinhados com as políticas dos Estados Unidos da América (USA). Apesar da ampla discussão ocorrida anteriormente sobre a
educação, iniciada ainda em 1961, essas reformas foram implantadas pelos
militares que tomaram o poder após o Golpe Militar de 1° de abril de1964. A reforma mais
visível ocorreu na renomeação dos cursos.
A
tradição de 1º de abril remonta à instituição do Calendário
Gregoriano, que substituiu o Calendário Juliano por determinação do
Concílio de Trento, o conselho ecumênico da Igreja Católica. O Calendário
Gregoriano divide o ano em quatro estações distribuídas ao longo de 12 meses,
ou 365 dias, de acordo com o movimento da Terra em relação ao Sol e estabelece
o primeiro dia do ano em 1º de janeiro. Com a instituição do novo calendário
pelo papa Gregório XIII, em 1582, historiadores contam que parte da população
francesa se revoltou contra a medida e se recusou a adotar o 1º de janeiro como
início do ano. Zombados pelo resto considerado da população, os resistentes às
mudanças sociais e política eram convidados para festas e comemorações
inexistentes no dia 1º de abril. Nascia assim a tradição de zombaria e
de pregação de peças. Há também relatos históricos que relacionam a data ao
festival de Hilária - uma festa romana no período anterior ao nascimento de
Cristo - que celebrava o equinócio de março em honra à deusa Cibele, a “Mãe dos
Deuses", uma divindade que reunia aspectos das deusas gregas Gaia, Reia e
Deméter. No Brasil, a tradição foi introduzida em 1828, com o noticiário
impresso mineiro “A Mentira”, que trazia em sua edição a morte do colonizador
português Dom Pedro I na capa e foi em 1º de abril.
Mas
não são apenas as pessoas que contam mentiras no 1º de abril. Empresas
entenderam o potencial de marketing e a oportunidade de engajamento das
“pegadinhas” para aumentar a visibilidade no mercado e passaram, desde o século
passado, a participar da celebração. Entre os mais conhecidos exemplos está a
emissora pública britânica BBC, que tradicionalmente prega peças no público
desde a década de 1930. Em uma das memoráveis brincadeiras, a BBC afirmou que o
governo do Reino Unido trocaria o mecanismo de ponteiros do Big Ben - o relógio
mais famoso do mundo e símbolo nacional - por um mostrador digital. A mentira,
veiculada em 1980, ainda prometeu que a primeira pessoa a ligar para a rádio
ganharia os antigos ponteiros do grande relógio como lembrança. A ação gerou
milhares de ligações e cartas e acabou causando problemas à emissora, que teve
que explicar a manobra durante a programação nas semanas seguintes. Nos Estados
Unidos, em 1992, a National Public Radio (NPR), também uma emissora
pública de comunicação, veiculou entrevista do comediante Rich Little em que
ele se passava pelo ex-presidente Richard Nixon. No quadro, chamado “Conversa
da Nação”, o personagem afirmava categoricamente que se candidataria novamente
à Presidência naquele ano. O problema é que Nixon, figura política controversa,
havia renunciado durante processo de impeachment em 1974 pelo
envolvimento no escândalo de Watergate, o que no âmbito da comunicação
social gerou revolta nos ouvintes.
A
emissora ficou com todas as linhas telefônicas congestionadas até que, em
determinado momento, foi anunciada a pegadinha do Dia dos Tolos. A Amazon, a
maior loja online do mundo, também celebra o Dia da Mentira com
brincadeiras que, muitas vezes, confundem os usuários. Em 2015, a Amazon
reverteu sua página principal para a versão de 1999 - época em que a internet
ainda era rudimentar. Até descobrirem a brincadeira, os usuários deveriam
passar pela experiência de “túnel do tempo” na navegação do site. Apesar da permissão lúdica no dia 1º de abril,
a mentira pode se tornar hábito e degradar relações sociais. Em tempos de ampla
difusão de conteúdos na internet, uma mentira pode ser considerada até mesmo fake
News - notícias falsas ou com dados manipulados deliberadamente para
enganar ou enviesar as conclusões do leitor - e ser punida legalmente. Para o
psiquiatra Ilton Castro, existem diferentes níveis de mentira: há aquelas que
suavizam realidades e as que são usadas para usufruir benefícios em detrimento
de outras pessoas. Há também a condição psicológica conhecida como mitomania,
definida pelo uso compulsivo de mentiras. - “No jogo social, é normal mentir ou
omitir alguma coisa, mas existem casos considerados sérios. A mentira aparece
como um hábito. O mitomaníaco mente e acredita no que diz. A fantasia vira
realidade e ganha enredos intermináveis. A mentira cresce”. O uso exacerbado de
mentiras pode indicar transtorno de personalidade e fragilidades psicológicas
que necessitam ser trabalhadas.
O
antigo curso primário (5 anos) e ginasial (4 anos) foram fundidos e renomeados
como primeiro grau, com oito anos de duração. o antigo curso científico foi
fundido com o clássico e passou a ser denominado segundo grau, com três anos de
duração. O curso universitário passou a ser denominado terceiro grau. Essa
reforma eliminou um ano de estudos, fazendo com que o Brasil tivesse apenas 11
níveis até chegar ao fim do segundo grau enquanto países europeus e o Canadá
possuem um mínimo de 12 níveis. Documentos obtidos pelo WikiLeaks mostram que
nas ações da USAID na Venezuela, entre os anos de 2004 e 2006, houve intenções
de desestabilizar o governo do país. A USAID fez uma doação de 15 milhões de
dólares a várias organizações civis, com o intuito de impulsionar a estratégia
do ex-embaixador de Washington na Venezuela, William Brownfield, baseada em
provocar uma fratura interna no chavismo, e em organizar os setores
descontentes com as reformas realizadas pelo Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV). Em 3 de abril de 2014, a imprensa revelou que a partir de
2009, a USAID organizou e participou ativamente em uma operação secreta
americana para derrubar o governo de Cuba, com a criação de uma rede de comunicação,
similar ao twitter visando provocar uma “Primavera Cubana”.
O
programa foi financiado pelo governo dos Estados Unidos da América e criou uma
rede supostamente independente, mas na verdade falsa, com o objetivo de criar “uma
comoção e incitar uma revolta popular levando a queda do governo cubano”. O
programa, chamado de ZunZuneo, armazena dados estritamente pessoais dos
assinantes cubanos e informações demográficas, com seu gênero, idade,
receptividade e tendências políticas. O nome ZunZuneo se relacionada ao nome do
pássaro colibri em Cuba - o zunzún. O projeto foi iniciado em 2009,
depois da prisão do americano Alan Gross, que executava missão clandestina da
USAID em Cuba e foi condenado à prisão quando foi descoberto. Os usuários não
sabiam que o projeto foi criado por uma agência dos EUA ligada ao Departamento
de Estado, nem que os americanos coletaram informações pessoais sobre eles para
que esses dados fossem usados para fins políticos. Os organizadores do ZunZuneo
criaram o que parecia ser um negócio legítimo. Fizeram um portal de internet, e
uma campanha, de maneira que os usuários pudessem se inscrever e enviar suas
próprias mensagens de texto a grupos de sua escolha. Seus
contratantes omitiram que o projeto tinha ligações diretas com
Washington D. C.
Para
tal, criaram uma rede de empresas de fachada com sede em Espanha e contas
bancárias nas Ilhas Cayman, na tentativa de esconder as transações financeiras
e recrutaram executivos de empresas privadas para fazer parte da fachada do
projeto, de forma que não ficasse claro que o projeto foi financiado com o
dinheiro dos contribuintes norte-americanos e estava sendo executado pela
USAID. – “Não será mencionada a participação do governo dos Estados Unidos”,
disse um relatório da empresa Mobile Acord, uma das empresas que colaborou com
o programa como contratadas. - “É absolutamente crucial para o êxito a longo
prazo do serviço e para garantir o cumprimento da missão”. A revelação do
programa veio confirmar afirmações anteriores de Raúl Castro que em janeiro de
2014, havia afirmado que havia tentativas contra de introduzir o capitalismo
neocolonial em Cuba. As atividades em Cuba se assemelham as atividades
reveladas em 2013 pelo jornal Der Spiegel, com base em documentos
revelados por Edward Snowden, um analista de sistemas, ex-administrador de
sistemas da CIA e ex-contratado da National Security Agency (NSA) que tornou
públicos detalhes de programas do sistema de vigilância
global da NSA americana, referentes as Campanhas EFFECTS (Operações
confidenciais), do GCHQ britânico.
O sítio Muduru, localizado no bairro dos Alves, na cidade de Ibiúna, na Serra de São Sebastião a 70 km da capital de São Paulo, tornou-se destaque nas páginas dos jornais publicados em outubro de 1968, dentro e fora do Brasil, por ter sido escolhido para abrigar em torno de 700 estudantes no 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). É uma organização estudantil representante de alunos do Ensino Superior do país, tendo sede em São Paulo, além das regionais no Rio de Janeiro e Goiás. Fundada em 11 de agosto de 1937, a instituição desempenha um papel singular na política desde o início do século XX, especialmente aqueles ligados à esquerda política. Essa propriedade, que pertencia a Domingos Simões, também chegou a ser utilizada para abrigo de militantes e disponibilizada ao congresso, após uma reunião com Therezinha Zerbini fundadora do Movimento Feminino pela Anistia e Frei Tito de Alencar, frade dominicano e estudante de Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). A luta estudantil contra os governos autoritários, com o golpe de Estado de 1° de abril de 1964 contra o governo popular democrático de João Goulart (1919-1976), teve início nos primeiros momentos de ação política do golpe civil-militar.
As atividades ideológicas e sociais da “elite orgânica”, na expressão de Dreifuss (1981: 231 e ss.), consistiam em doutrinação geral e doutrinação específica, ambas coordenadas com atividades político-ideológicas mais amplas no Congresso, sindicatos, movimento estudantil e clero. A doutrinação geral visava a apresentar as abordagens da elite aos responsáveis por tomadas de decisão políticas e ao público em geral, assim como causar um impacto ideológico em públicos selecionados e no aparelho do Estado. A doutrinação geral através da mídia era realizada pela ação encoberta e ostensiva, de forma defensiva e defensiva-ofensiva, onde conflitos e tensões subsistem de forma necessária. Nessas situações, não há alternativas senão na confiança recíproca. Constituía-se basicamente numa medida neutralizadora. Visava infundir ou fortalecer atitudes e pontos de vista tradicionais na esfera de ação política de direita e estimular percepções negativas do bloco popular nacional-reformista. No ordenamento jurídico brasileiro, a abordagem pessoal por qualquer agente de segurança só é permitida quando há razões, concretas e objetivas, para a suspeita de que o indivíduo esteja portando bem ilícito ou praticando algum desvio ou delito.
Ela atacava o comunismo, o socialismo, a oligarquia rural e a falsa ideia de “corrupção” do populismo. No aspecto positivo, argumentava que a prosperidade do país e a melhoria dos padrões de vida do povo se deviam à iniciativa privada e não se deviam, certamente, a métodos socialistas ou à inversão do Estado na economia. Sua abordagem negativa podia ser vista nasua utilização de uma mesclagem de técnicas sofisticadas e uma grosseira propaganda anticomunista, constituindo uma pressão ideológica, que explorava representativamente o chamado “encurralamento pelo pânico organizado”. O objetivo geral da doutrinação específica era modelar as várias frações das classes dominantes e diferentes grupos sociais das classes médias em um momento de opinião com objetivos em curto prazo amplamente compartilhados, qual seja, a destruição de João Goulart da presidência e a contenção da mobilização popular, às demandas históricas das esquerdas e, ipso facto pregadas por ele mesmo: as reformas de base. A elite institucionalmente publicava, diretamente ou através das editoras, uma série de trabalhos, incluindo livros, panfletos, periódicos, jornais, revistas e folhetos. Saturava o rádio e a televisão com mensagens ideológicas.
Frei Tito de Alencar Lima nasceu em Fortaleza, em 14 de setembro de 1945 e morreu enforcado em Éveux, em 10 de agosto de 1974. Foi um frade católico alvo de perseguição da ditadura militar após ser fichado pela polícia devido a sua participação no Congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes (UNE), no ano de 1968. Nasceu em Fortaleza e estudou no Liceu do Ceará. Sua militância se iniciou na União Cearense de Estudantes Secundaristas e, em 1963, mudou-se para Recife, após ser escolhido como dirigente regional da região nordeste da Juventude Estudantil Católica (JEC). Em 1966, ingressou no noviciado dos dominicanos em Belo Horizonte, e fez a profissão dos votos no ano seguinte. Em 1968 mudou-se para São Paulo para estudar filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e no mesmo ano, no dia 12 de outubro, foi preso por participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna após ser fichado pela polícia e se tornar alvo de perseguição da ditadura militar. Foi preso pela segunda vez dia 4 de novembro de 1968 junto com outros companheiros da ordem dos dominicanos pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
Nessa ocasião foi acusado junto aos outros presos, de manter contatos com a Ação Libertadora Nacional (ALN) e seu dirigente, Carlos Marighella, um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura. Frei Tito foi submetido à palmatória e choques elétricos. Posteriormente foi transferido para o Presídio Tiradentes, onde permaneceu até 17 de fevereiro de 1970 e, em seguida, nas mãos da Justiça Militar, foi levado para a sede da Operação Bandeirantes (Oban). Na prisão, Frei Tito escreveu sobre a tortura com a qual conviveu, quando este documento se transformou em um símbolo da luta pelos direitos humanos. Em dezembro de 1970, incluído na lista de presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Bucher, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um grupo de luta armada brasileira de extrema-esquerda que lutou contra a ditadura militar brasileira, visando à instauração de um governo de cunho socialista no país. Frei Tito foi banido do Brasil pelo governo militar de Emílio Garrastazu Médici seguindo para o Chile. Sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. De Roma, foi para Paris, onde recebeu apoio afetivo dos dominicanos. Traumatizado pela tortura, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico e, no dia 10 de agosto de 1974, cometeu suicídio.
No dia 1º de abril de 1964 a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi invadida e incendiada por militares comandados pelo presidente cearense marechal Humberto Castelo Branco. A Lei Suplicy de Lacerda, decretada em novembro de 1964, colocou a UNE na clandestinidade. O novo regime político organizado em abril de 1964 tinha no movimento estudantil um forte elemento de antagonismo, razão por que o governo procurou substituir as entidades estudantis existentes, regidas pelo Decreto Café Filho, de 1955, por outras, controladas direta ou indiretamente pelo Ministério da Educação. O instrumento criado pelo Estado de Exceção dessa tentativa de controle foi baseado na Lei nº 4.464, de 9 de novembro de 1964, reconhecida como Lei Suplicy, devido ao nome do ministro da Educação que a patrocinou, Flávio Suplicy de Lacerda. Os acontecimentos posteriores a 1968, quando o regime assumiu sua feição ditatorial por meio do AI-5, fizeram com que se desse pouca importância à natureza da violência surgida a partir de 1964 e ao modo como ela foi enfrentada pelo governo Castello Branco. Ali estava a gênese da tortura e, frequentemente coberta por uma definição imprecisa do conceito nas legislações de organizações militares, sobretudo, de uma política que arruinaria as instituições políticas e militares do país.
Art. 1º: - Os órgãos de representação dos estudantes de ensino superior, que se regerão por esta Lei, têm por finalidade: a) defender os interesses dos estudantes; b) promover a aproximação e a solidariedade entre os corpos discente, docente e administrativo de ensino superior; c) preservar as tradições estudantis, a probidade da vida escolar, o patrimônio moral e material das instituições de ensino superior e a harmonia entre os diversos organismos da estrutura escolar; d) organizar reuniões e certames de caráter cívico, social, cultural, científico, técnico, artístico, e desportivo, visando o aprimoramento da formação universitária. Art. 2º - São órgãos de representação dos estudantes de ensino superior: a) o Diretório Acadêmico (D.A.), em cada estabelecimento de ensino superior; b) o Diretório Central de Estudantes (D.C.E.), em cada Universidade; c) o Diretório Estadual de Estudantes (D.E.E.), em cada capital de Estado, Território ou Distrito Federal, onde houver mais de um estabelecimento de ensino superior; d) o Diretório Nacional de Estudantes (D.N.E.), com sede na Capital Federal. E, principalmente: Art. 14. É vedada aos órgãos de representação estudantil qualquer ação, manifestação ou propaganda de carácter político-partidário, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares.
Flávio Suplicy de Lacerda foi ministro da Educação no governo Castelo Branco (cf. Figueiredo, 1980), de 15 de abril de 1964 a 8 de março de 1965, e de 22 de abril de 1965 a 10 de janeiro de 1966. Durante sua gestão no Ministério de Educação e Cultura, estabeleceu um acordo de cooperação com a United States Agency for International Development (USAID), que visava transformar o ensino brasileiro num projeto tecnocrático. Essa estratégia político-ideológica foi reconhecida como um Acordo institucionalizado. Com ele as universidades seriam as maiores afetadas. Redutos de manifestações estudantis nas mais diversos matizes da esquerda brasileira, as universidades eram vistas “pelo comando da ditadura militar como focos de subversão ao regime”. O acordo serviria para transformar o jovem ensino superior brasileiro não mais numa formação crítica do cidadão na sociedade, mas tão somente em cursos de formação meramente profissional e técnica. Nessa mesma conjuntura golpista, surgiram os primeiros rumores de privatização das universidades federais e estaduais, que, tal qual todo o projeto previsto no acordo norte-americano, revoltou os estudantes. Com a crise de hegemonia civil-militar, o movimento estudantil brasileiro entrou na sua fase mais aguerrida, com uma série de revoltas realizadas entre 1966 e 1968, ano de seu auge nas organizações. Vários desses conflitos tiveram vítimas fatais entre os estudantes.
A lei determinava que os diretórios acadêmicos (DA) continuariam tendo existência obrigatória nos estabelecimentos de ensino público superior. Os estudantes das universidades teriam seu Diretório Central de Estudantes (DCE) composto de representantes dos diretórios. Estes se reuniriam, também, para organizar os Diretórios Estaduais de Estudantes (DEE), os quais, por sua vez, comporiam, por meio de representantes, o Diretório Nacional de Estudantes (DNE). A lei “assegurava” a participação de representantes discentes junto aos órgãos de deliberação coletiva e aos departamentos das instituições de ensino superior, designados pelos estudantes. Atendia, também, antiga reivindicação do movimento estudantil, tornando obrigatório o voto para a eleição das diretorias. Em compensação, vedava aos órgãos de representação estudantil “qualquer ação, manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares”, cujo objetivo, ainda que indireto, seja a promoção de uma pessoa, um partido político ou uma ideologia partidária.
Mas em contrapartida a lei procurava limitar e desacelerar a participação social das diretorias das entidades estudantis, tornando inelegíveis “os estudantes repetentes, dependentes ou matriculados em regime parcelado, proibindo o abono de faltas pela participação nos diretórios”. Ao contrário do que acontecia com as entidades estudantis gerindo seu processo eleitoral, a lei determinava que as eleições para os diretórios devessem “ser acompanhadas por um professor designado pela direção da escola ou da universidade”. A fiscalização do cumprimento da lei deveria ser feita pelas Congregações ou Conselhos Departamentais, para os diretórios; pelos Conselhos Universitários (CU), no caso do Diretório Central do Estudantes (DCE), e pelo Conselho Federal de Educação (CFE), instituído pela lei nº 4024/61 reconhecida como Lei de Diretrizes e Bases de/1961, no caso respectivo do DEE e DNE. As universidades e as entidades estudantis deveriam adaptar seus Estatutos à lei em 60 dias. Para não deixar dúvidas sobre a determinação militar, a lei estipulava que os diretores de faculdade ou reitores de universidades incorreriam em “falta grave” se permitissem ou tolerassem o não cumprimento das normas por ação ou por omissão.
Diante da Lei Suplicy, os estudantes precarizaram as atividades políticas e se dividiram. Uma corrente era favorável à participação nos “Diretórios oficiais” mantendo-se ou não entidades “livres” paralelas. Outros defendiam o boicote aos “Diretórios oficiais”, anulando seus votos nas eleições obrigatórias. Esta última posição prevaleceu, fazendo com que após a contenção política iniciada pela promulgação do AtoInstitucional nº 5, o Decreto Aragão, sucessor da Lei Suplicy, fosse aplicado com mais intensidade. Edson Luís de Lima Souto nascido em Belém, em 24 de fevereiro de 1950 e assassinado por policiais militares no Rio de Janeiro, em 28 de março de 1968. foi um estudante secundarista morto, durante confronto no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro. Seu assassinato marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar que endureceu até decretar o chamado AI-5. Nascido em uma família pobre, iniciou os estudos na Escola Estadual Augusto Meira em Belém, no Pará. Mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer o segundo grau no Instituto Cooperativo de Ensino, no qual funcionava o restaurante Calabouço.
Em 28 de março de 1968, os estudantes do Rio de Janeiro estavam organizando uma passeata-relâmpago para protestar contra a alta do preço da comida no restaurante Calabouço, que deveria acontecer no final da tarde do mesmo dia.Por volta das 18 horas, a Polícia Militar chegou ao local e dispersou os estudantes que estavam na frente do complexo. Os estudantes se abrigaram dentro do restaurante e responderam à violência policial utilizando paus e pedras. Isso fez com que os policiais recuassem e a rua ficasse deserta. Quando os policiais voltaram, tiros começaram a ser disparado do edifício da Legião Brasileira de Assistência (LBA), o que provocou pânico entre os estudantes, que fugiram. Os policiais acreditavam – não se sabe por qual razão, que os estudantes iriam atacar a Embaixada dos Estados Unidos e invadiram o restaurante. Durante a invasão, o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, atirou e matou o secundarista Edson Luís “com um tiro a queima roupa no peito”. Outro estudante, Benedito Frazão Dutra, também baleado, chegou a ser levado ao hospital, mas morreu. Temendo que a PM sumisse com o corpo, os estudantes não permitiram que ele fosse levado para o Instituto Médico Legal (IML), mas o carregaram em passeata diretamente para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi velado. A necropsia foi feita no próprio local pelos médicos Nilo Ramos de Assis e Ivan Nogueira Bastos na presença do Secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Óbito n° 16.982 teve como declarante o estudante Mário Peixoto de Souza.
O registro de ocorrência n° 917 da 3ª Delegacia de Polícia informou que, no tiroteio ocorrido no restaurante Calabouço, outras seis pessoas ficaram feridas: Telmo Matos Henriques, Benedito Frazão Dutra (que morreu logo depois), Antônio Inácio de Paulo, Walmir Gilberto Bittencourt, Olavo de Souza Nascimento e Francisco Dias Pinto. Todos foram atendidos no Hospital Souza Aguiar. No período que se estendeu do velório até a missa da Igreja da Candelária, realizada em 2 de abril foram mobilizados protestos em todo o país. Em São Paulo, quatro mil estudantes fizeram uma manifestação na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Também foram realizadas manifestações no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade São Francisco, na Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O Rio de Janeiro parou no dia do enterro. Para expressar seu protesto, os cinemas da Cinelândia amanheceram anunciando três filmes: A noite dos Generais, À queima roupa e Coração de Luto. Centenas de cartazes foram colados nas paredes e postes da Cinelândia com frases como: “Bala mata fome?”, “Os velhos no poder, os jovens no caixão” e “Mataram um estudante. E se fosse seu filho?”. Edson Luis foi enterrado ao som do Hino Nacional, cantado pela multidão em vigília.
Diante do quadro de terror/horror no início de 1970, poucos eram os estabelecimentos de ensino superior onde existiam diretórios acadêmicos “oficiais” ou “livres”. Foi só a partir de 1973, que os estudantes começaram a organizar entidades livres que vingaram, instituindo o voto direto para o DCE, e fazendo as entidades “oficiais” saírem dos limites da Lei Suplicy. A lei determinava que os diretórios acadêmicos continuariam tendo existência obrigatória nos estabelecimentos de ensino superior. Os estudantes das universidades teriam seu Diretório Central de Estudantes (DCE) composto de representantes dos diretórios acadêmicos. Estes se reuniriam, também, para organizar os diretórios estaduais de estudantes que comporiam, por representantes, o Diretório Nacional de Estudantes (DNE). Durante a ditadura militar, o movimento estudantil ocupou um espaço destacado na estratégia política ao regime. Manifestações coordenadas pela UNE denunciaram os problemas da educação e expuseram o lado destes tempos sombrios do regime. Todos os eventos políticos da entidade eram organizados e realizados em clandestinidade.
A
primeira ação da ditadura militar brasileira ao tomar o poder em 1964 e depor o
presidente João Goulart foi, metralhar, invadir e incendiar a sede da UNE, na
Praia do Flamengo 132, na fatídica noite de 30 de março para 1º de abril.
Ficava clara a dimensão do incômodo que os militares golpistas e os grupos
elitistas conservadores sentiam em relação à entidade. A ditadura perseguiu,
prendeu, torturou e executou centenas de brasileiros, muitos deles estudantes.
O regime militar retirou legalmente a representatividade da UNE por meio da Lei
Suplicy de Lacerda e a entidade passou a atuar na ilegalidade. As universidades
eram vigiadas, intelectuais e artistas reprimidos, o Brasil escurecia. Em 1966,
um protesto em Belo Horizonte na Faculdade de Direito é brutalmente reprimido.
No mesmo ano, também na capital mineira, a UNE realiza um congresso clandestino
porão de uma igreja. Já no Rio de Janeiro, na Faculdade de Medicina da UFRJ, a
ditadura reprimi com violência os estudantes no episódio conhecido como
Massacre da Praia Vermelha. A UNE continuou a existir nas sombras da ditadura,
em firme oposição ao regime, como aconteceu no ano de 1968, marcado por
revoluções culturais e sociais em quase todo o mundo ocidental.
Decorre
daí que estudantes e artistas engrossaram a Passeata dos Cem Mil no Rio de
Janeiro, pedindo democracia, liberdade e justiça. No entanto, os militares
endureciam a repressão em episódios como o assassinato do estudante
secundarista Édson Luis e a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna (SP), com a
prisão de cerca de mil estudantes. No fim do mesmo ano, a proclamação do Ato
Institucional nº 5 (AI-5) indicava uma violência ainda maior. Nos anos
seguintes, a ditadura torturou e assassinou estudantes como a militante
Helenira Rezende e o presidente da UNE, Honestino Guimarães, perseguido e
executado durante o período de clandestinidade da entidade. Mesmo assim, o
movimento estudantil continuou nas ruas, como nos atos e missa de 7º dia da
morte do estudante da USP, Alexandre Vannucchi Leme, em 1973. Ao final dos anos
1970, com os primeiros sinais de enfraquecimento do regime militrar, a UNE
começou a se reestruturar. O Congresso de reconstrução da entidade aconteceu
Salvador, em 1979, reivindicando mais recursos para a universidade, defesa do
ensino público e gratuito, assim como pedindo a libertação de estudantes presos
do Brasil. No início dos anos 1980, os estudantes tentaram também recuperar sua
sede na Praia do Flamengo, mas foram duramente reprimidos e os militares
demoliram o prédio. Na manhã de 4 de abril foi realizada um missa na Igreja da Candelária em memória de Edson. Após o término da missa, as pessoas que deixavam a igreja foram cercadas e atacadas pela cavalaria da Polícia militar com golpes de sabre. Dezenas de pessoas ficaram feridas. Outra missa seria realizada na noite do mesmo dia. O governo militar proibiu a realização dessa missa, mas o vigário-geral do Rio de Janeiro, D. Castro Pinto, insistiu em realizá-la. A missa foi celebrada com cerca de 600 pessoas. Temendo que o mesmo massacre da manhã se repetisse, os padres pediram que ninguém saísse da igreja. Do lado de fora havia três fileiras de soldados a cavalo com os sabres desembainhados, mais atrás estava o Corpo de Fuzileiros Navais e vários agentes do DOPS. Num ato de coragem, os clérigos saíram na frente de mãos dadas, fazendo um “corredor” da porta da igreja até a Avenida Rio Branco para que todos os que estavam na igreja pudessem sair com segurança. Apesar desse ato, a cavalaria militar em represália aguardou que todos saíssem e os encurralaram nas ruas apertadas da Candelária. Novamente o saldo negativo foi de dezenas de pessoas feridas. Percebe-se a impossibilidade de se ver o menino que vivia na rua, como uma criança ou a adolescente. Ele era visto como “menor”. Foram mortas crianças, adolescentes e jovens que viviam à margem de tudo que a sociedade imaginava constituir a infância. Eram nomeadas “de rua”. Como se o traço humano, o nascimento, fosse subtraído. Não tinham nomes, família, humanidade. Nasciam e morriam nas ruas.
A maior parte dos membros participantes do 30º Congresso estava dormindo quando a polícia chegou ao sítio Muduru, na pequena cidade de Ibiúna, no interior de São Paulo. Por volta das 7h30 daquele sábado, dia 12 de outubro de 1968, agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) invadiram à propriedade acompanhados por homens armados da Força Pública, como eram denominadas as tropas estaduais. Após anunciar o cerco com disparos de metralhadora, os policiais prenderam 739 estudantes que estavam hospedados no sítio para os debates do encontro. Os estudantes tornaram-se alvo do Aparato Repressivo de Estado (ARE). Muitos foram monitorados, fichados, presos, torturados e mortos. O histórico da repressão militar em Sorocaba e região destaca o episódio icônico daquela conjuntura, a prisão de quase mil estudantes em outubro de 1968, num sítio em Ibiúna, durante o 30º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), dissolvido por ação conjunta de 215 policiais da Força Pública e do temido DOPS, comandado pelo coronel da PM de Sorocaba, Divo Barsotti do 7º Batalhão Policial.O 30º Congresso da UNE foi finalizado com a invasão do sítio pela polícia às 07 horas e 15 minutos da manhã de 12 de outubro de 1968. - “Todos foram presos”, foi a frase utilizada pela imprensa para destacar o resultado da operação policial, que prendeu quase todos os estudantes participantes. A comissão criada pelo governo para definir o valor de indenização a ser paga a União Nacional dos Estudantes (UNE), pela perda de sua sede durante a ditadura, em 1964, estipulou em R$ 44,6 milhões a reparação. Esta é a primeira reparação coletiva do Estado brasileiro quando foram depositados R$ 30 milhões desse montante na conta da entidade. A segunda parcela restante, de R$ 14,6 milhões, foi também paga em 2011. O governo reconheceu a responsabilidade do Estado pelo incêndio que destruiu a sede da UNE. A comissão trabalhou durante 60 dias e apresentou seu Parecer aos ministros da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e ao ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci. Os dois acataram o Parecer da comissão. A lei sancionada por Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT) previa indenização de até R$ 97,2 milhões, montante que representa seis vezes o valor do terreno, mas avaliado por baixo do valor de mercado pela Caixa Econômica Federal em torno de R$ 16,2 milhões. O valor fixado pela comissão representa pouco menos da metade do limite da lei. A indenização foi paga pela Comissão de Anistia. O presidente Lula participou de um ato simbólico de inauguração da pedra fundamental da reconstrução do prédio, na Praia do Flamengo. O projeto da arquitetura do prédio foi uma doação de Oscar Niemeyer (1907-2012).
A canção Menino, composta por Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, gravada no álbum Geraes (1976), e também por Elis Regina nas apresentações e no disco Saudade do Brasil (1980), refere-se a Edson Luís. A canção “Coração de Estudante”, composta por Wagner Tiso inicialmente sob o nome de “Tema de Jango” para um documentário sobre João Goulart, ganhou letra de Milton Nascimento lembrando a tragédia de Edson Luís e a canção foi rebatizada como “Coração de Estudante”. A canção foi gravada no álbum “ao vivo” em 1983. Em 28 de março de 2008, para lembrar os quarenta anos de sua morte, foi inaugurada uma estátua em homenagem ao estudante Edson Luís na Praça Ana Amélia, entre a Avenida Churchill e a Rua Santa Luzia, no Rio de Janeiro. O trevo viário que liga o Aterro do Flamengo às avenidas General Justo e Presidente Antônio Carlos, próximo ao Aeroporto Santos Dumont, passou a ser reconhecido como Trevo Estudante Edson Luís de Lima Souto. A trágica cena do seu violento assassinato foi representada na novela do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Amor e Revolução, no dia 28 de setembro de 2011. Foi escrita por Tiago Santiago, com colaboração de Renata Dias Gomes, Miguel Paiva e Elliana Garcia, e dirigida por Reynaldo Boury, Luiz Antônio Piá e Marcus Coqueiro e produção-executiva de Sérgio Madureira. A ditadura militar é o tema da trama, demonstrando as consequências do golpe militar que ocorreu no país entre os anos 1960 até o final dos anos 1980, envolvendo a moda, a música, a expansão da televisão na vida da família brasileira. Foram investidos 25 milhões de reais na produção da novela, entre cenários, a compra de novos equipamentos e gravações em externas.
Bibliografia geral consultada.
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Grande Irmão: Da Operação Brother Sam aos Anos de Chumbo. O Governo dos Estados
Unidos e a Ditadura Militar Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Civilização
Brasileira, 2008; MAIA JUNIOR, Edimilson Alves, Memórias de Luta: Ritos Políticos do Movimento Etudantil Universitário (Fortaleza, 1962-1969). Fortaleza: Edições UFC, 2008; PAULA, Gil César Costa de, A Atuação da União Nacional dos Estudantes – UNE: Do Inconformismo à Submissão do Estado (1960-2009). Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2009; MULLER, Angélica, A Resistência do Movimento Estudantil Brasileiro contra o Regime Ditatorial e o Retorno da UNE à Cena Pública (1969-1979). Tese Doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2010; SANTANA, Flávia de Angelis, Movimento Estudantil e Ensino Superior no Brasil: A Reforma Universitária no Centro da Luta Política Estudantil dos Anos 60. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014; SOUZA, Eliezer Felix de, Flávio Suplicy de Lacerda: Relações de Poder no Campo Acadêmico/Político Paranaense e o Processo de Federalização e Modernização da Universidade do Paraná (1930-1971). Tese Doutorado em Educação. Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2016; ROSSI, Pamela de Mattos, Os Acordos MEC-USAID no Jornal o Estado de S. Paulo (1962 -1973). Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2018; SILVA, Rosicleide Henrique da, Golpe Civil-Militar: Apoio de Estudantes, Mulheres e Imprensa. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação - Doutorado. Centro de Educação. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2019; LIMA, Gilneide de Oliveira Padre, Do Corpo Insepulto à Luta por Memória, Verdade e Justiça: Um Estudo do Caso Dinaelza Coqueiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Memória, Linguagem e Sociedade. Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2019; entre outros.
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