segunda-feira, 17 de junho de 2019

Rotinização no Trabalho - Universidadade & Dedicação Exclusiva.

                                                                                                      Ubiracy de Souza Braga

             “Saber é compreendermos as coisas que mais nos convém”. Friedrich Nietzsche
                                   

O mundo para Nietzsche, não é ordem e racionalidade, mas desordem e irracionalidade. Seu princípio filosófico não era, portanto, Deus e razão, mas a vida que atua sem objetivo pragmático definido, mas ao acaso, se está dissolvendo e transformando-se em constante devir. A única e verdadeira realidade “sem máscaras”, é a vida humana tomada e corroborada pela vivência do instante. Ele era um crítico: a) das “ideias modernas”, b) da vida social e da cultura moderna, c) do neonacionalismo alemão, e, para sermos breves, d) Para ele, os ideais modernos como democracia, socialismo, igualitarismo, emancipação feminina não eram senão expressões da decadência de determinado “tipo homem”. Por estas razões, é vezes apontado como um precursor da concepção de pós-modernidade. Sua imagem foi promovida na Alemanha nazista num processo político mediante o qual você opta, mas não decide, tendo a irmã, Elisabeth Förster-Nietzsche simpatizante do regime, fomentado a associação. Dizia Martin Heidegger, ele próprio nietzschiano, quando “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.
Durante boa parte de sua vida, tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando à conclusão de que “nascera póstumo”, para os leitores do porvir. O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarquês leu a sua obra: “Così parlò Zarathustra” (cf. Nietzsche, 1968) e, então, tratou de difundi-la, em 1888. Em 3 de janeiro de 1889, Nietzsche sofreu um colapso mental. Teria testemunhado o açoitamento de um cavalo no outro extremo da Piazza Carlo Alberto. Então correu em direção ao cavalo, jogou os braços ao redor de seu pescoço para protegê-lo e em seguida, caiu no chão. Nos dias seguintes, Nietzsche enviou escrito breve reconhecido como: Wahnbriefe, em português: “Cartas da loucura” – para um número de amigos, entre eles, Cosima Wagner, filha do pianista húngaro Franz Liszt com a Condessa Marie d`Agout e Jacob Burckhardt, historiador, filósofo da história e da cultura suíça, autor de importantes obras sobre cultura e história da arte. Muitas destas cartas foram curiosamente assinadas “Dionísio”. Embora seus comentaristas e intérpretes considere seu colapso como alheios à sua filosofia. Georges Bataille chegou a insinuar que sua filosofia pudesse tê-lo enlouquecido e a psicanálise “post-mortem”, de René Girard, postula uma “rivalidade de adoração” com o extraordinário Richard Wagner.


           
A reflexão nietzschiana sobre a educação não se exime das suas últimas consequências. A ambiguidade historicista, na falta de melhor expressão, não encontra guarida na mensagem, nos pressupostos ou no procedimento filosófico de Nietzsche. No entanto, o jovem e famoso professor Nietzsche pronuncia, em 1872, na Universidade de Basiléia, uma série de conferências sobre os estabelecimentos de ensino. Evidentemente o tema proposto representava parte de um projeto mais amplo, revelando sua intenção de publicação, utilizando as categorias dessas conferências. Pretendia dar uma forma superior, a esses escritos de circunstância. O seu objetivo expresso era demonstrar uma reflexão crítica, em torno de problemas da cultura, educação e do ensino. Algumas referências contumazes testemunham uma surpreendente repercussão quando suas conferências haviam suscitado reações de entusiasmo, emoção, mas também ódio. Faz alusões sobre a perturbação do auditório, cancelando suas duas últimas conferências. Um filólogo melindrado já havia investido com o propósito de replicar a Origem da Tragédia.
A habilitação ao ensino superior representa o nível mais elevado dos sistemas educativos contemporâneos. Referindo-se normalmente a educação realizada em universidades, faculdades, institutos politécnicos, escolas superiores ou demais instituições de ensino que conferem graus acadêmicos ou diplomas profissionais. Desde 1950, o art. 2º do Primeiro Protocolo à Convenção Europeia dos Direitos Humanos obriga os países ou nações, signatários, a garantir o direito integral à educação. Em nível mundial, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966, da Organização das Nações Unidas (ONU), garante este direito no seu art. 13º, que estabelece que “a educação superior deverá tornar-se de acesso igualitário para todos, com base na capacidade, por todos os meios apropriados e, em particular, pela introdução progressiva da educação gratuita”. 

Uma organização difere de uma instituição por definir-se por uma prática social determinada de acordo com sua instrumentalidade: está referida ao conjunto de meios (administrativos) particulares para obtenção de um objetivo particular. Não está referida a ações articuladas às ideias de reconhecimento externo e interno, de legitimidade interna e externa, mas a operações definidas como estratégias balizadas pelas ideias de eficácia e de sucesso no emprego de determinados meios para alcançar o objetivo particular que a define. Por ser uma administração, é regida pelas ideias concepção e de gestão, planejamento, previsão, controle e êxito. Não lhe compete discutir ou questionar sua própria existência, sua função, seu lugar no interior da luta de classes, pois isso, que para a instituição social universitária é crucial, é, para a organização privatista, um dado de fato, indicam ao mesmo tempo o refluxo daquilo em que os interrogados creram na ausência de uma credibilidade mais forte que os leva para outro lugar. Ora, a capacidade de crer parece estar em recessão em todo o campo político. A tática é a arte do fraco. O poder se acha amarrado à sua visibilidade. Ela em certa medida sabe, ou julga saber, por que, para que e onde existe. 
Nos últimos 21 anos a Universidade Estadual do Ceará tem realizado seleção semestral para professor substituto e temporário com calendário e as atenções especiais de rotinização de trabalho. Havia uma tramitação que era indicada pelo colegiado de curso de graduação, homologada pelo conselho de centro/faculdade, informada pelo Departamento de Gestão Pública, analisada pela Comissão Permanente de Pessoal Docente, etc. Em seguida, a tramitação para publicação da seleção, realização do processo de seleção, homologação dos resultados e contratação. No último semestre de 2018, dada a publicação de lei que reformou estruturas organizacionais e cargos, além do decreto de “enxugamento de despesas” e novas exigências de tramitação, o processo foi acrescido pela passagem obrigatória pelo Comitê de Gestão por Resultados e Gestão Fiscal, regulamentado pelo Decreto Estadual nº 32.173/2017, tendo a importância ideal da gestão fiscal e da administração transparente por resultados na viabilização do compromisso do governo de promover o bem-estar da sociedade. 

A necessidade técnica de obter “eficácia simbólica” de um planejamento fiscal que preserve as condições reais para que sejam atingidos os objetivos das Políticas Públicas, Planos de Ação e Programas de Governo. Enfim, o compromisso de credibilidade do Estado na gestão social das contas públicas. Também foi implantada, pela primeira vez no caso das universidades estaduais, a passagem por uma consultoria contratada para dar parecer sobre o dimensionamento ideal de pessoal, e se as solicitações seriam coerentes com o modelo de cálculo administrativo adotado. Mais de 12 mil candidatos disputam 1 914 vagas nas ofertas de cursos na universidade. Assim, o puzzle com o turnover (rescisões) de professores substitutos e/ou temporários. Para não falarmos da não blindagem de vagas para Titulares desde 2000, sem que o sindicato denuncie a segregação no mercado de trabalho. 
Do ponto de vista teórico do trabalho, a gestão envolve duas partes principais: a vontade da organização e a concepção social do indivíduo. Diferentemente de décadas passadas, quando as organizações definiam as carreiras de seus empregados, na modernidade o papel do indivíduo na gestão da carreira se torna relevante e assume um papel revolucionariamente atípico. Os empregados assumem, na atualidade, o papel de planejar ideologicamente sua carreira. Constroem conhecimentos científicos para administrar suas vidas. Aptos para garantir mobilidade no mercado de trabalho. Os indivíduos buscam desafios, salários atrativos e responsabilidades. Após amadurecerem, se interessam por trabalhos que demandem autonomia e independência. Assim como segurança, estabilidade, crítica funcional, competência gerencial, criatividade teórica e intelectual, serviço e dedicação a uma causa, desafio político, estilo próprio de vida. Em universidades regionalistas, como a Universidade Estadual do Ceará, um doutor com Dedicação Exclusiva recebe uma carga horária com manhãs, tardes e noites dedicadas às aulas em sua Coordenação.
Como poderá a instituição social aspirar à universalidade? A organização sabe que sua eficácia simbólica e seu sucesso dependem de sua particularidade. Isto significa que a instituição tem a sociedade como seu princípio e sua referência normativa e valorativa, enquanto a organização tem apenas a si mesma como referência. Num processo de competição com outras que fixaram os mesmos objetivos particulares. Em outras palavras, a instituição se percebe inserida na divisão social e política e pretende definir uma universalidade imaginária ou desejável que lhe permita responder às contradições, impostas pela divisão do trabalho. A organização busca espaço reproduzido em tempos particulares. Aceitando como dado sua inserção num polos da divisão social. Seu alvo não é responder às contradições, mas vencer a competição com seus supostos iguais. Como o centro da compreensão está na vida estruturada, tem como representação a relação entre individualidades, para perceber as possibilidades entre a ética e a teoria compreensiva de Max Weber.
Em verdade uma concepção da teoria, ao longo de quase meio século, permeada lado a lado por um motivo básico: uma unidade cuja garantia de existência é a presença do sentido. Há uma démarche que atravessa o homem, e nesta noção de sentido está marcada de uma concessão fatal a uma metafísica.  Ele desejava evitar tanto quanto o empirismo dos positivistas, seja nas universidades, seja nos conselhos de pesquisa desde que fique clara a dimensão de ser criador de significados, mas sua unidade constitutiva, a vivência, representada em toda experiência humana. Ipso facto, a história é suscetível de reconhecimento porque é obra humana; nela o sujeito e objeto do conhecimento formam uma tensa unidade. Nessa direção chega-se à formulação final da concepção hermenêutica. Seus elementos são representados pela vivência, sua expressão e compreensão. A vivência surge nesse ponto, como algo especificamente social, pela sua dimensão intersubjetiva, e cultural, ou, pela sua dimensão significativa, isto é, para além do seu nível psicológico ou mesmo biológico porque guardada na memória. Trata-se de ato de consciência que propõe e persegue fins num contexto moral intersubjetivo.

      A partir da tardia e conservadora Constituição de 1988, desaparece o conceito de funcionário público. Passando-se adotar a designação ampla de “servidores públicos”, distinguindo-se, no gênero, uma espécie: os servidores públicos civis, que receberam tratamento nos artigos 39 a 41. Desta forma, servidor público civil “é unicamente o servidor da administração direta, de autarquia ou de fundação publica, ocupante de cargo público por concurso de provas e títulos” A relação jurídica que interliga o Poder Público e os titulares de cargos públicos é de natureza técnica estatutária, institucional. Valendo dizer ressalvadas as disposições constitucionais impeditivas, o Estado detém o poder único de legislativo, de acordo com o processo de cooptação, o regime de direitos e obrigações recíprocos, existentes à época do ingresso no serviço público.
O princípio ético-político é que a universidade deve estar comprometida com a qualidade de ensino e de formação intelectual de seus pesquisadores e alunos. Com a produção científica, artística, estética, filosófica e tecnológica. Com o atendimento às necessidades, aos anseios e às expectativas da sociedade global, em sua complexidade humana, espiritual, formando técnicos e policompetentes, no sentido que Edgar Morin emprega, desenvolvendo soluções próprias para problemas locais, regionais e nacionais. A história da universidade brasileira deve deixar para trás o simbolismo sindical e seu heroísmo. E hoje autoritário de um presidente fascista, eleito com as maracutaias das notícias falsas, inexperiente, com desvio de conduta nos quartéis. Sem perder de vista períodos de submissão e subserviência aos poderes públicos, que serviram para ilustrar, orientar, criticar e engrandecer a função acadêmica. Ipso facto, caminha notadamente para um plano de eficiência global. Para a manutenção e garantia da subsistência de seus próceres e da excelência e padrão de ensino para as universidades públicas e gratuitas em todo território nacional.
 O tempo é igualmente contínuo como o espaço, pois ele é a representação da negatividade abstratamente referindo-se a si e nesta abstração ainda não há nenhuma diferença real. No tempo, diz-se, tudo surge e tudo passa, perece, onde se se abstrai de tudo, a saber, do recheio do tempo e igualmente do recheio do espaço, fica de resto o tempo vazio como o espaço vazio na vida mundana – isto é, são então postas e representadas estas abstrações de exterioridade, como se elas fossem “por si”. Mas não é o que no tempo surja e pereça tudo, porém o próprio tempo é este vir-a-ser, surgir e perecer, o abstrair essente, o Kronos que tudo pare, e que seu parto destrói ou devora. – O real é bem diverso do tempo, mas também essencialmente idêntico a ele. O real é limitado, e o outro para esta negação está fora dele, a determinidade é assim nele exterior a si, e daí a contradição de seu ser. A abstração opera nessa exterioridade de sua forma do tempo, contradição e a inquietação da mesma é o próprio tempo. Por isso o finito é transitório e temporário, porque ele não é, como o conceito nele mesmo, a negatividade total, mas tem esta “em si”, como sua essência universal, entretanto, diferentemente da mesma essência, é unilateral, e se relaciona à mesma essência como é próprio à sua potência.  

   A questão nevrálgica refere-se à pergunta: Como foi possível passar da ideia da universidade como instituição à definição como organização prestadora de serviços? Em primeiro lugar através da passagem da produção de massa e da economia de mercado para as sociedades de conhecimento baseadas na informação e comunicação. Na esfera de ação política é regulação da existência coletiva, poder decisório, luta entre interesses contraditórios, disputa por posições de mundo, confrontos mil entre forças sociais, violência em última análise. Só que a produção dos processos políticos, baseados em instituições sociais como esfera de poder, em segundo lugar, se diferencia radicalmente da produção econômica. Isto porque usam suportes materiais, como armas, livros, processos, papéis onde se inscrevem as ordens. Os atos de gestão e comunicação,  ou as leis, mas não é uma produção de saber dialética no sentido hegeliano do termo. Hegel sustentava que a verdade é o todo. Que se não enxergamos o todo na representação do movimento, podemos atribuir valores exagerados a verdades, limitando a compreensão de uma verdade geral.
Essa visão é sempre provisória, nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, caso contrário a dialética estaria negando a si própria. O método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente, ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo em nome do que “ainda não é”. Para Hegel, o trabalho é o conceito chave para compreensão da superação da dialética, atribuindo o verbo suspender (com três significados): negação de uma determinada realidade, conservação de algo essencial dessa realidade e elevação a um nível superior. A filosofia descreve a realidade e a reflete, portanto, a dialética busca, não interpretar, mas refletir acerca da realidade. A dialética é a história das contradições. Aufheben significa suprassunção e ao mesmo tempo manutenção da coisa suprimida. O reprimido permanece dentro da totalidade. Esta contradição não é apenas do pensamento, mas em processo de constante devir. A noção de desenvolvimento passa a ser central nessa concepção e, para o bem até os dias de hoje. Mesmo a idéia de progresso, que implicava que o depois pudesse ser explicado em função do antes, encalhou, de certo modo nos recifes do século XX, ao sair das esperanças (ilusões) que acompanharam a travessia do mar pelos colonizadores do século XIX. Esse questionamento refere-se a várias ocorrências distintas entre si que não atestam um progresso moral da humanidade. E sim, uma grande dúvida sobre a história como portadora de sentido, dúvida renovada.
 Essencialmente no que se refere ao seu método, objeto e fundamental prazer nas grandes dificuldades não só em fazer do tempo. Um princípio de inteligibilidade, como ainda em inserir aí um princípio de identidade. A história: isto é, uma série de acontecimentos reconhecidos como acontecimentos por muitos. Acontecimentos que podemos pensar que importarão aos olhos dos historiadores de amanhã. E ao qual por consciente que sejam hegelianamente nada representar. E nada pode vincular circunstâncias particulares, como se fosse a cada dia menos verdadeiro que os homens, que fazem a história, pois, senão, quem mais, não sabe que a fazem?  O ensino superior constitui o nível educacional que se segue à finalização do ensino secundário. Compreende normalmente estudos de graduação e estudos de pós-graduação, bem como estudos e formação de natureza vocacional. É realizado em estabelecimentos genericamente reconhecidos como “instituições de ensino superior”, que podem incluir instituições universitárias: a) como as universidades, as faculdades e os colégios universitários e, b) instituições de ensino superior técnico e vocacional, como correspondem os institutos politécnicos, as escolas superiores, com realização de cada um dos ciclos do ensino superior confere um certificado. Um diploma profissional ou um grau acadêmico. Em países de formação nacional recente há uma elevada taxa de abandono do ensino médio sem a obtenção de um diploma ou grau de final de curso.
Um discurso político, no âmbito da consciência, tem uma estrutura e finalidade muito diferente do mero discurso econômico. Mas politicamente pode operar no nível da análise a dimensão econômica produzindo efeitos sociais específicos em termos de persuasão. Não queremos perder de vista que a Fenomenologia é a história concreta da consciência, “sua saída da caverna e sua ascensão como procedimento da Ciência”.  Daí a analogia em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este vir-a-ser é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Ipso facto quando Hegel afirma sobre a filosofia em geral, que “a coruja de Minerva só levanta voo ao anoitecer” (“die Eule der Minerva beginnt erst mit der einbrechenden Dämmerung ihren Flug”), ele quer dizer que vale somente para uma filosofia da história. Melhor dizendo, que é verdadeiro para a concepção científica de história e que, além disso, corresponde à weltanschauung dos historiadores sociais que têm como seu trabalho (ofício) descrever metodologicamente a história real.
Enfim, Hegel dizia que a verdade é o todo. Se não enxergamos o todo, podemos atribuir valores exagerados a verdades limitadas, prejudicando a compreensão de uma verdade geral. Essa visão é sempre provisória, nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, caso contrário a dialética estaria negando a si própria. O método dialético nos incita a revermos o passado, à luz do que está acontecendo no presente. Ele questiona o presente em nome do devir o que está sendo em nome do que “ainda não é”. Ipso facto, o trabalho é o conceito chave para compreensão da superação da dialética. Atribuindo o verbo “suspender”, com três significados: em primeiro, a negação de uma determinada realidade, conservação de algo essencial dessa realidade e elevação a um nível superior. A filosofia descreve a realidade e a dialética busca, não interpretar, mas refletir acerca da realidade, posto que a dialética é a história das contradições. O  conceito aufheben significa supressão, ou, suprassunção, e “ao mesmo tempo manutenção da coisa suprimida”. O reprimido ou negado permanece dentro da totalidade. Hegel, um dos filósofos que mais tratou da dialética, esta contradição não é apenas do pensamento, mas da realidade: tudo está em processo de constante devir.
Do ponto de vista histórico e pontual o conceito de carreira deriva da palavra latina “carraria” e passou por diversas transformações no decorrer de sua aplicabilidade teórica e historicamente determinada. Por volta de 1530, no período renascentista, simplificadamente, “carreira” identificava um caminho, ou o “curso do sol através dos céus”. Nas disputas de Justa, em 1590, a palavra “carreira” estava inserida no seguinte contexto: o cavalo que, durante o combate, passava uma “carreira” em seu oponente. A partir de 1803, o significado contemporâneo da palavra “carreira” passou a se relacionar ao mundo perigoso dos negócios, quando o termo foi associado à ideia de “caminho na vida profissional”. Nos dias atuais, comumente entende-se “carreira” como a soma de “todos os cargos” ou “posições” ocupadas por uma pessoa durante sua vida profissional. Este entendimento contraria a raiz etimológica do termo e impede que o conceito real da palavra seja plenamente assimilado no mercado, inclusive por alguns profissionais de renome global. Não está associado a restrições temporais, mas espaciais. Não revela um histórico profissional, mas um caminho particular rumo a um objetivo institucional.
Temos um exemplo conspícuo na história social e política brasileira. Nelson Werneck Sodré cursou a Escola Militar do Realengo de 1931 a 1933. No ano seguinte, foi destacado para o 4° Regimento de Artilharia Montada, em Itu (SP). Nesse período, escrevia para o Correio Paulistano duas vezes por semana e começava a despontar como escritor. Após a decretação do Estado Novo em 1937, tornou-se ajudante-de-ordens do general José Pessoa, designado comandante da 9ª Região Militar, em Mato Grosso, em 1938. Foi nessa conjuntura, quando o Exército interviu em conflitos de terra entre grandes proprietários e agricultores pobres naquele estado, que Werneck Sodré iniciou a mudança à esquerda, na direção do marxismo. Em 1944, iniciou o curso da Escola de Comando e Estado-Maior, concluindo-o em 1946, onde permaneceu até 1950 como chefe do Curso de História Militar. Até o início da década de 1950, Werneck Sodré teve uma brilhante carreira militar: chegou a ser instrutor na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, onde lecionava História Militar.
Em 1951, foi desligado da Escola de Estado-Maior devido às posições políticas que assumiu publicamente: por participar da diretoria do Clube Militar, empenhada na luta pelo monopólio estatal da pesquisa e lavra do petróleo no Brasil, e pela publicação, sob o pseudônimo, de um artigo na Revista do Clube Militar, identificado com as posições sustentadas em seu tempo pelo PCB, em que combatia a participação do Brasil na Guerra da Coreia. Apesar de suas ligações com o então Ministro da Guerra, general Newton Estillac Leal, que presidira o Clube Militar durante a Campanha ideológica do Petróleo, Nelson Werneck Sodré teve de conformar-se em postos de pouco relevo: como oficial de artilharia numa guarnição em Cruz Alta, interior do Rio Grande do Sul, e numa Circunscrição de Recrutamento, no Rio de Janeiro considerada punitiva. Em 25 de agosto de 1961, Sodré foi promovido a coronel, para o Quartel General da 8ª Região Militar, em Belém e o único general por concurso público.  
Em sinal de protesto, solicitou a sua passagem para a reserva. Após a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, apoiou a posse do seu sucessor legal, o vice-presidente João Goulart, que fora vetada pelos ministros militares. Por conta disso, foi preso e interrogado durante dez dias e destacado, coercitivamente, para servir em Belém. Insatisfeito, passou à reserva no início de 1962 na patente de general, por concurso público de provas e títulos, pois possuía o curso superior de Estado-Maior. A dedicação exclusiva (DE) é um conceito político, com uma definição rasteira, apenas para classificar no processo de trabalho abstrato, aqueles que se enquadram nesta categoria profissional. Erroneamente é considerado um privilégio nas instituições. Entrando em contradição com a divisão social do trabalho, o papel do cientista e do mérito alcançado pelas descobertas originadas nas pesquisas teóricas e empíricas.
No sentido hostórico e pontual é um termo disciplinar que designa um determinado campo do conhecimento.  Como campos específicos de saber, as disciplinas se referem aos mais diversos âmbitos de produção de conhecimento técnico e científico. Tem como representação a produção social através de instâncias ou níveis de análises sobre a realidade social, a constituição de uma linguagem aparentemente comum entre os seus praticantes, a definição e constante redefinição de seus objetos de estudo, uma singularidade que as diferencia de outros saberes, uma complexidade interna que termina por gerar novas modalidades no interior da disciplina. Enfim, a rede de conexão humana de conhecimentos que constitui determinado campo de saber, com a formação progressiva da chamada “comunidade científica” compartilhada pelos diversos praticantes do campo disciplinar. Há de fato um processo de trabalho, com a fundação e manutenção de revistas científicas especializadas. A ocorrência constante de congressos frequentados pelos praticantes do campo disciplinar. A criação de instituições do campo de saber vinculado ao nome, cargo no âmbito do processo de trabalho e de pesquisa.

Bibliografia geral consultada.

BRIDGSTOCK, Martin, “A Sociological Approach to Fraud in Science”. In: Australian and New Zealand Journal of Sociology, 18 (1982), pp. 364-383; TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro, Tempos Enredados: Teias da Condição de Professor. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1998; LOBOSQUE, Ana Marta, A Vontade Livre em Nietzsche. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2010; FONSECA, Ana Carolina da Costa e, Uma Leitura Nietzscheana da Questão da Responsabilidade Moral. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Porto Alegre: Universidade Federa do Rio Grande do Sul, 2010; SANTOS, Leandro dos, “Um Mapeamento das Aproximações entre Weber e Nietzsche”. In: Plural. Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo. Volume 21, janeiro de 2014, pp. 139-156; MARTELLO, Dionei José, Friedrich Nietzsche e a Educação: Crítica à Metafísica e a Formação do Homem Superior. Dissertação de Mestrado em Educação. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2015; SOARES, Daniel Quaresma Figueira, Nietzsche e a Autosupressão da Filosofia da Vontade: Uma Interpretação sobre o Papel da Recepção de Schopenhauer no Percurso da Obra Nietzschiana. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015; BARRERA, Tathyana Gouvêa da Silva, O Movimento Brasileiro de Renovação Educacional no Início do Século XXI. Tese de Doutorado em Educação.  Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016; LIMA, Silvia Cristina Fernandes, Educação como Experimentação de Si: Uma Reflexão à Luz do Pensamento de Nietzsche. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2017; SOUZA, Kaline Viviane de, Sobre a Extemporaneidade da Genealogia: Crítica e Apropriação do Sentido Histórico da Filosofia de Nietzsche. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2019; entre outros.

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