sexta-feira, 7 de junho de 2019

Tina Turner - Poder, Música, Amor & Budismo


                                                                                      Ubiracy de Souza Braga

                                            We don`t need another hero. We don`t need to know the way home”. Tina Turner

          
            Seu primeiro contato com a música ocorreu na infância, cantando em um coral de uma igreja batista, demonstrando natural aptidão ao canto. Os inumeráveis movimentos corporais empregados nas interações enraízam-se na afetividade individual. Da mesma forma que a pronúncia de uma palavra ou o silêncio numa conversa, eles nunca são neutros ou indiferentes, manifestando-se uma atitude moral em relação ao mundo e oferecendo ao discurso ou ao encontro uma corporeidade que lhes acrescenta ulteriores significações. É considerada dona das mais belas e viscerais vozes do cenário musical, além de ser reconhecida por suas memoráveis coreografias em seus shows. É reconhecida igualmente por ser a lenda viva do rock`n roll, e uma das maiores e melhores cantoras do mundo. Além disso, a fama e o poder a colocam no ranking das dez cantoras mais ricas do mundo. Em 1988 seu nome entrou para o Guiness Book, como “o maior show já feito por uma cantora solo”. A artista reuniu 182 mil pessoas no antigo estádio do Maracanã, antes da reforma que alterou a capacidade de público. Após obras de modernização, a capacidade do estádio reduziu-se para 78 838 espectadores, sendo o maior estádio do Brasil. O show foi transmitido pari passu para todo o mundo ocidental. Nesta época particularmente a cantora estava fazendo a turnê “Break Every Rule”.
            Todo o sistema simbólico associa no indivíduo uma capacidade de decodificação a uma capacidade de ação sobre o mundo. Os simbolismos de uma sociedade confundem-se, conferindo sentido e valor às iniciativas humanas e aos eventos diários ocorridos em certo ambiente. Eles instalam o homem na posição de ator sobre um espaço e um tempo prenhes de significados. As mímicas, os gestos, as posturas, a distância ao outro, a maneira de tocá-lo ou de conversar para evitar tal contato, assim como os olhares, consistem em uma linguagem inscrita no espaço e no tempo, as quais se referem a uma ordem de significados. Com suas indicações preciosas, eles estendem o conteúdo inicialmente conferido pela voz. O indivíduo habita seu corpo em consonância com as orientações sociais e culturais que a impõem, mas ele as remaneja de acordo com seu temperamento e história pessoais (cf. Le Breton, 2019: 47-48). Embora Tina Turner tenha começado a cantar em 1955 na banda The Kings of Rhythm, só iniciou profissionalmente sua carreira musical em 1958, quando a banda tornou-se reconhecida e passou a ter investimento de produtores, mas a artista só ganhou fama a partir de 1960, quando a banda se desfez e ela se tornou membro da dupla Ike & Tina Turner, com hits que ficaram famosos, tais como: “A Fool in Love”, em 1960, e “River Deep - Mountain High”, em 1966. Em 1974 iniciou sua carreira com alguns trabalhos independentes como: “Tina Turns the Country On!” (1974) e o com principal destaque “Acid Queen” (1975) fazendo parte da trilha sonora da ópera rock versão filmográfica “Tommy” (1975), considerada a melhor ópera rock da história da música contemporânea.


           
            Vale lembrar que o contralto é um tipo de voz feminina rara, com a mais baixa das tessituras, e com um timbre intenso e resistente, grosso modo, queremos dizer que se trata de uma incomum voz forte. Esse tipo de voz é considerado clássico e operístico, assim foi denominado para atender essas características. Rememorando sempre de voltar sua atenção à tessitura e ao timbre da voz. E na opera é que o contralto mais se faz presente. O ritualismo social da comunicação implica igualmente os movimentos do rosto e do corpo. Cada língua funciona de acordo com uma gestualidade que lhe é própria. Ademais, os movimentos do corpo não se diferenciam apenas de acordo com as condições sociais e culturais, eles são marcados pelo status conferido ao masculino e ao feminino segundo os grupos e de acordo com distinções frequentemente ligadas à idade. A explicação de contralto pode não ser tão clara, quanto esse estilo de voz, mas assimilar a forma e estilo de quem canta e enquadra nessa categoria, pode facilitar o entendimento do que representa o contralto. Com essa explicação teórica é possível perceber o quanto o contralto é uma voz única, que evita ao máximo o enquadramento em subdivisões, procurando ser pura. Algumas das vozes mais reconhecidas na cena musical são contraltos, marcando sua especificidade e mesmo que não exerçam esse papel simbólico no palco: Tina Turner, Alicia Keys, Adele, Pink, Katy Perry, Amy Winehouse, entre outras.
            Após seu divórcio em 1978, conseguiu reconstruir a sua carreira aos poucos em meio a desafios e inúmeros estilos musicais, lançando álbuns como “Rough” (1978), “Love Explosion” (1979) e já entrando na peculiar década de 1980 o seu trabalho “Ball of Confusion” (1982) através de inúmeras inovações ao vivo, marcadas pela sua enérgica presença de palco e seus poderosos vocais. Mas seu retorno ao cenário musical de grande sucesso e estrelato só se deu de fato com o lançamento do single “Let's Stay Together” (1983), seguido pelo lançamento do seu quinto álbum solo de estúdio, “Private Dancer” (1984), que se tornou um sucesso mundial. O single de maior sucesso do álbum, “What's Love Got to Do with It”, foi usado como título do filme baseado em sua autobiografia de 1993 que levou a papéis de destaque no cinema, como no filme “Tommy” (1975) e uma aparição no filme “Mad Max Beyond Thunderdome” (1985). Tina Turner é considerada “A Rainha do rock 'n roll”, sendo a artista feminina mais bem-sucedida nesse gênero, tendo vencido 12 vezes o Grammy Awards, e vendido mais de 200 milhões de cópias no mercado mundial da música. Também é uma das artistas que mais arrecadou em bilheterias por suas turnês na história. A revista Rolling Stone classificou-a dentre as “10 Maiores Artistas de Todos os Tempos”.
            Nascida em uma família batista, Tina Turner começou a cantar ainda criança no coral da igreja, que para Max Weber, a ênfase no significado ascético de uma vocação fixa propiciou uma justificativa ética para a moderna divisão social do trabalho. Da mesma forma, a interpretação providencial da lucratividade propiciou-a para os homens de negócios. A aristocrática tolerância do grão-senhor e a ostentação dos novos-ricos são igualmente condenadas pela ascese. Em compensação, tem para o sóbrio self-made man da classe média, como conceito sociológico de estratificação social, a demonstração da mais ampla aprovação ética. “God blesseth his trade” é uma observação corrente sobre aqueles homens bons, que aproveitaram com êxito as oportunidades divinas. Todo o poder de Deus do Antigo Testamento, que recompensa Seu povo pela obediência nesta vida, necessariamente exerce uma influência semelhante sobre o puritano (cf. Weber, 2002), que, de acordo com o conselho de Richard Baxter, comparava o seu próprio estado de graça com o dos heróis da Bíblia, ao interpretar os seus aforismas como parágrafos de um texto legal.  

                 
 
Filme: “Mad Max Beyond Thunderdome” (1985).          
Quando tinha 11 anos, sua mãe se mudou para St. Louis, no Missouri, pois havia se separado do pai de Tina, acabando com anos de um casamento “onde sofria agressões físicas e humilhações”. Seu pai casou-se novamente, não dando mais notícias às filhas, e se mudou para Detroit, a cidade mais populosa e mais famosa do estado estadunidense Michigan. Tina voltou a morar com a avó em um rancho em Brownsville, enquanto sua mãe levou sua irmã mais velha para St. Louis. Turner disse mais tarde em sua autobiografia que ela sentia que seus pais não a amavam. Nunca entendeu porque eles a deixaram com sua avó quando foram trabalhar em outra cidade e levaram apenas sua irmã mais velha. Jamais compreendeu o abandono do pai, que casou e não deu mais notícias. E muito menos ainda o abandono materno, causador de muito sofrimento, quando ela preferiu deixá-la na separação, ao invés de levá-la junto de sua irmã. Em entrevistas, ela informou que através do sofrimento de sua mãe, Zelma Priscilla, ela havia planejado deixar o marido quando estava grávida de Tina Turner. Sobre isso, a própria filha declarou  com serenidade: - “Ela era jovem, muito jovem, e não queria outra criança”. Foi criada pela avó tendo contato com a mãe e irmã por cartas.                                    
Aos 14 anos, com sua avó bastante idosa e doente, a jovem teve que deixar os estudos para cuidar da avó, quando começou a trabalhar como empregada doméstica para uma família rica da cidade de Ripley, no Tennessee. Ao completar 16 anos, sofreu muito pela morte da avó. Sua mãe e sua irmã não foram ao enterro, o que a deixou muito mal, pois alegava descaso da parte delas. Nesta época de perda e sofrimento, foi morar em St. Louis com as duas. Mas se dava bem afetivamente com a irmã, estava sempre em conflitos com a mãe, que a tratava friamente. Continuou a trabalhar como empregada doméstica, embora o grande sonho da sua vida fosse ser cantora, enquanto sua irmã era garçonete de um clube noturno. Morou pouco tempo com as duas, pois logo se casou com seu primeiro namorado e teve um filho. Mesmo cantando, ainda não havia obtido independência financeira e nem fama, além do que nem o salário dava para se manter. Sabendo da importância da formação, voltou a estudar, e se graduou na Sumner High School em 1958, completando o colegial e o curso profissionalizante. Após a graduação, começou a trabalhar como auxiliar de enfermagem no Barnes-Jewish Hospital, por um ano, quando conseguiu fama na área musical, e os compromissos profissionais não permitiam mais que ela se dividisse entre o hospital e os palcos.                       

Cantando no Maracanã (RJ) para 182 mil pessoas
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Em 1960, Ike Turner compôs uma canção de R&B intitulada “Fool in Love”, que originalmente seria gravada pelo vocalista da antiga banda de Ike, “Art Lassiter”. Mas ele faltou no dia da gravação, e após alguma insistência, Ike deixou Turner gravar a canção, como um guia para que depois Art Lassiter gravasse sobre os vocais de Turner. No entanto, após ouvir a demo, Dave Dixon convenceu Ike a enviar a demo (vídeo) para Juggy Murray, presidente da Sue Records. Depois de ouvir a demo, Murray ficou muito impressionado com os vocais de Tina Turner, que comprou a faixa por vinte e cinco mil dólares, e convenceu Ike a transformar Turner em uma “cantora de show”. Assim, Ike renomeou Anna Mae Bullock para “Tina”, porque para ele o nome soava parecido como o nome da personagem Sheena do programa “Sheena, Queen of the Jungle”. 
O primeiro single da dupla, “Fool in Love” lançado em julho de 1960, se tornou um hit, alcançando a 27ª posição na Billboard Hot 100. Logo Kurt Loder descreveu a faixa como “a gravação mais negra que qualquer uma vez se emplacou nas paradas pop brancas desde a canção “What'd I Say” de Ray Charles, no verão anterior”. O segundo single “It's Gonna Work Out Fine” também se tornou um hit e lhe valeu uma indicação ao Grammy Awards. Outros singles notáveis da dupla foram lançados sob o selo da gravadora Sue Records, tais como: “I Idolize You”, “Poor Fool” e “Tra-La-La-La”. No ano seguinte a dupla deixa a Sue Records e assina contrato com a Kent Records, após o moderado desempenho do single “I Can`t Believe What You Say”, eles assinam contrato social no ano seguinte com a Loma Records. Entre os anos 1964 e 1969, a dupla assinou com mais de 10 selos discográficos diferentes. Ipso facto, a dupla ganhou popularidade em todos os Estados Unidos, chegando a ficarem 90 dias fazendo shows praticamente sem parar.
O site History of Rock na ocasião escreveu que a dupla é uma das mais quentes, duráveis e potencialmente explosivas de todo R&B, com shows que rivalizavam em termos de espetáculo musical com James Brown. Em 1965, a faixa produzida por Phil Spector e Tina Turner, “River Deep - Mountain High” se torna sucesso no Reino Unido, fazendo com que a dupla fosse convidada para abrir os shows da banda The Rolling Stones. Nos anos 1970, o casamento de Tina Turner com Ike sofreu desgaste, devido ao abuso de drogas e a agressividade do marido. O número das turnês e vendas discos caiu, e apesar do sucesso de Turner, no filme “Tommy”, Ike acusava Turner pelo declínio da dupla, chegando até mesmo a agredi-la fisicamente. Em 1978, Turner se separa legalmente de Ike. Tina Turner iniciou sua carreira solo, paralela com a que tinha na dupla. Após o sucesso do single “Nutbush City Limits”, Turner lançou em 1974 o seu primeiro disco solo, “Turner Turns the Country On”. O álbum incluía regravações, como “He Belongs To Me”, de Bob Dylan e “Don't Talk to Me”, de James Taylor. O álbum exitoso recebeu uma indicação ao Grammy Awards por “Best Female R&B Vocal Performance”. O seu segundo álbum, “The Acid Queen” (1975), veio junto com o sucesso da sua personagem no filme Tommy. O álbum teve venda satisfatória e o filme recebeu duas nomeações para o Oscar. 

O seu terceiro álbum, “Rough”, foi lançado em 1978. Neste ano, já divorciada e atuando como cantora solo, fez o lançamento deste álbum marcar a liberdade criativa de Turner, que enfim, além de escrever suas canções, regravou sucessos de nomes da música, como Elton John e Ray Charles, mas o álbum não decolou. Assim, foi lançado no ano seguinte o seu quarto álbum de estúdio, “Love Explosion”, mas este também não conseguiu o sucesso esperado, tendo apenas um single lançado, “Bakstabbers”. Após ficar um tempo sem gravar, Turner assina com a Capitol Records, e lança o seu quinto álbum “Private Dancer” em 1983, com um sucesso mundial, alcançando o número três na Billboard 200 dos Estados Unidos, com mais de 5 milhões de cópias, e mais de 11 milhões de cópias mundialmente. O álbum contou com hits, como “Let's Stay Together”, uma regravação de Al Green, “Better Be Good to Me”, “Private Dancer” e “What's Love Got to Do with It”, sendo que este  alcançou o n° 1 na Billboard Hot 100 norte-americana. Durante esse período, Turner também contribuiu na gravação do single beneficente “We Are the World”, que foi escrita por Michael Jackson e Lionel Richie.
            Seu sucesso continuou em 1985, quando ela fez uma participação no filme: “Mad Max Beyond Thunderdome”, além de contribuir para a trilha sonora do filme, um sucesso comercial e de crítica, que veio render-lhe um prêmio NAACP Image Award por sua atuação. Turner também ganhou Grammy Award, pela canção “One of the Living” da trilha sonora do filme. Com o convite de Bryan Adams grava o dueto “It's One Love”, com uma indicação ao Grammy Awards. Em 1986, lança o seu sexto álbum de estúdio, “Break Every Rule” que vendeu mais de 4 milhões de cópias em todo o mundo e contou com os singles: “Typical Male”, “Two People” e “What You Get Is What You See”. A canção “Back Where You Started” rendeu-lhe um Grammy Award por Best Female Rock Vocal Performance. Para a promoção do álbum, Turner embarcou na turnê mundial “Break Every Rule Tour”, que é uma das turnês mais bem-sucedidas de todos os tempos na história da música contemporânea. Em janeiro de 1988, como vimos, Tina Turner entra para o Guiness Book, após cantar no estádio do Maracanã, na cidade Maravilhosa. O seu sétimo álbum, “Foreign Affair”, foi lançado em 1989. Embora o álbum tenha feito sucesso na Europa, não conseguiu ter o mesmo sucesso dos seus dois últimos álbuns nos Estados Unidos, recebendo uma certificação de ouro. Mesmo assim, o álbum recebeu duas indicações ao Grammy Awards.
Em 2002, a rodovia Tennessee State Route 19, entre Brownsville e Nutbush na cidade natal de Turner, foi renomeada para Tina Turner Highway. No ano seguinte, Turner grava o dueto com Phil Collins, Great Spirits, para o filme da Disney, “Brother Bear”. E em 2004 lança o álbum de coletânea de seus maiores sucessos, “All the Best”, que vendeu mais de um (01) milhão de cópias nos EUA. Em dezembro de 2005, Turner foi homenageada no Kennedy Center Honors. O então presidente dos EUA, George W. Bush comentou que Turner é naturalmente talentosa, enérgica e sensual e se referiu às suas pernas “como as mais famosas do show business”. Nessa noite vários artistas prestaram homenagens a Turner, como Melissa Etheridge que cantou “River Deep - Mountain High”, Queen Latifah que cantou “What's Love Got to Do with It” e Beyoncé que cantou “Proud Mary”. Oprah Winfrey afirmou: - “Nós precisamos de heroínas como você, Tina. Você me fez ter orgulho de soletrar a palavra M-U-L-H-E-R”.
Em novembro desse mesmo ano é lançada o álbum de compilação “All the Best - Live Collection”, que é certificado platina nos Estados Unidos da América. Em 2007, Tina Turner fez a sua primeira apresentação ao vivo decorridos 7 anos, em um concerto beneficente para a “Cauldwell's Children Charity”, em Londres. Nesse ano regravou a canção “Edith and the Kingpin” para o álbum de tributo, “River: The Joni Lettets”, do pianista Herbie Hancock. Regrava a canção “The Game of Love”, para o álbum de compilação do guitarrista Carlos Santana. E colabora, também, com a cantora Elisa na faixa “Teach Me Again” para a trilha sonora do filme “All the Invisible Children”. Em fevereiro de 2008, Tina Turner se apresenta na cerimônia do Grammy Awards cantando ao lado da cantora Beyoncé. Ainda em 2008, Turner embarca na turnê “Tina!: 50th Anniversary Tour”, e lança um outro álbum de compilação e um DVD ao vivo, Tina Live. Em 2013, se torna a “pessoa mais velha a pousar na capa da revista Vogue”. Em 2014, a Parlaphone Records, lança um novo álbum de compilação, “Love Songs”.          
Em sua autobiografia, “I, Turner” (1987), ela revelou em detalhes os maus-tratos que sofria por parte de Ike: Ele a traía constantemente, a obrigava a cantar as músicas do jeito que ele queria, de acordo com a narrativa, sempre a julgando inferior, a trancava em casa, e só a deixava sair se fosse com ele que usava drogas e misturava com bebidas alcoólicas, descontando seus ciúmes doentios e problemas pessoais em Tina, onde ela revelou que apanhava até sangrar. Ela tentou diversas vezes fugir com os filhos e os enteados, mas sem sucesso, pois Ike sempre a localizava e ameaçava tirar a guarda do filho do casal, além de ameaçá-la de morte. Não suportando os horrores deste matrimônio infeliz, tentou o suicídio em 1968, ingerindo veneno de rato e ficando um mês em coma. Após este episódio, passou muitos anos tomando calmantes e antidepressivos para conseguir continuar casada, por medo dele, e para não perder a guarda do filho, revelando que só era feliz nos palcos, ao cantar e dançar. A autobiografia foi adaptada para o cinema no filme: “What's Love Got With It”, de 1993.
Embora tenha nascido em uma família batista, tudo em sua vida mudou através de uma grande amiga, Jackie, que lhe apresentou a filosofia budista de vida. Buda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu, teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra, onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade desse concílio é alvo de debate: para alguns, esse relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras. Por volta do século I, os ensinamentos do Buda começaram de fato a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constituiu o denominado Cânone Páli. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como “contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda”. Não existem, contudo, no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão, que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.
Ela era backing vocal na banda de Ike, e acompanhou Tina desde os primeiros passos na fama. Inclusive apanhou de Ike ao tentar defender Tina de uma agressão em público. Após a tentativa de suicídio, elas ficaram mais unidas, e em 1977, após alguns anos frequentando reuniões, Tina se converteu ao Budismo de Nitiren, e que através do daimoku, a lei mística, fez uma revolução interior positiva em sua vida, onde tudo se transformou, e mudando para muito melhor. Um ano depois de iniciar-se oficialmente no budismo, conseguiu se libertar do marido. Passando a reagir às agressões, quando parou de tomar calmantes e antidepressivos, conseguiu fugir de casa, se abrigando na casa desta amiga com os filhos e enteados. Finalmente entrou na justiça, pedindo o divórcio. A única coisa que não abriu mão “foi de seu nome artístico, Tina Turner, pois os bens materiais e até lucros da música seu ex-marido fez questão de não dividir”.
Apesar de anos de perseguição do ex-marido com ameaças de morte e de ter perdido toda sua fortuna no divórcio, Tina seguiu firme em suas orações, recuperou a paz e o prazer de viver, afirmando “que a prática do budismo salvou sua vida”. A cantora é avó de dois netos, filhos de Ronnie. Em janeiro de 2013, Turner se naturalizou suíça. Nesse mesmo ano, Tina oficializou seu terceiro matrimônio, comemorando o casamento em uma cerimônia budista em sua mansão na Suíça, na cidade de Küsnacht, uma tradicional comuna da Suíça, no Cantão Zurique, com aproximadamente 12.816 habitantes, com o produtor alemão Erwin Bach, 16 anos mais novo. Os dois moram juntos desde 1986. Eles se conheceram no início de 1980, num concerto musical nos Estados Unidos, país onde eles viveram juntos no início da união. O casal vive em Küsnacht desde 1995, onde a cantora aprendeu a falar alemão fluentemente. Contudo, em 3 de julho de 2018 seu filho mais velho Raymond Craig Bullock Hill, foi encontrado morto em sua residência, em Studio City, na Califórnia. Ele foi encontrado com marcas por arma de fogo na cabeça, constatando que o mesmo cometera suicídio. Após o ritual fúnebre, Tina viajou com o marido de barco pela costa californiana, e espalhou flores e as cinzas do corpo do filho em alto-mar. Em entrevistas, ela revelou: - “Ele tinha cinquenta e nove anos quando morreu tragicamente, mas será sempre o meu bebê”.
Em 2013, três meses após oficializar seu matrimônio, Tina sofreu um AVC, ficando algumas semanas internada. Os medicamentos ficaram mais fortes para tratar sua hipertensão, o que acabou afetando seus rins, que paralisaram ao longo dos anos. Em 2016 recebeu outro duro diagnóstico: câncer no intestino, onde, no mesmo ano, precisou fazer quimioterapia, tendo que retirar uma parte do órgão e passar um ano com bolsa de colostomia, tendo que realizar outra cirurgia para reconstrução do intestino e retirada da bolsa de colostomia. Isto piorou seu quadro renal, que passou a funcionar com apenas vinte por cento da capacidade. Os médicos informaram que, ou a artista faria hemodiálise para sempre, ou teria que receber um transplante, mas não o recomendaram: Além do câncer recém-operado e pelo fato clínico de estar tomando medicamentos para hipertensão, descobriu estar com aterosclerose, o que poderia causar sua morte na cirurgia. Em depressão, não queria arriscar sua vida em hemodiálise.
O país que vive é um dos mais baixos em transplantes do mundo. Sem saída, estava muito infeliz, sem conseguir levantar da cama e se alimentar. Embora sempre orasse e não perdesse sua fé, estava muito fragilizada. Como o suicídio é legal na Suíça, pois o paciente tendo consciência pode injetar em si mesmo uma droga letal, a cantora se filiou a uma organização social que facilitaria o processo. Mas seu marido a impediu, e a convenceu de que ele seria o doador do rim. Ela não queria, estava preocupada com ele, sendo o mesmo dezesseis anos mais jovem, temia por seu futuro, mas ele estava decidido. O transplante acabou acontecendo na cidade de Basel, em 7 de abril de 2017, após ele passar por uma bateria de testes físicos e psicológicos. A cirurgia correu bem, e enfim Tina pôde voltar para casa após algumas semanas de internação.  Seu marido logo se recuperou, e atualmente Tina está bem, mas em constante visita ao hospital, tomando doses fortes de imunossupressores para evitar rejeição renal, fazendo com que o medicamento enfraqueça seus anticorpos, e evite que eles ataquem algum órgão vital. Em entrevistas Tina Turner atribuiu mais esta vitória as suas orações budistas: - “O gongyo e o daimoku”, que vem lhe dando forças para suportar as adversidades. 
Em outubro de 2018 lançou o livro: “My Love History”, em que narra suas memórias, e nesta medida descreve o equilíbrio em manter-se no topo apesar dos longos anos sob a mira das câmeras e exposta tanto ao amor quanto ao julgamento do público, além de seus triunfos e de grande prova de coragem, falando do romance com Erwin Bach, seu atual marido. No capítulo primeiro, intitulado: “The best” é emocionante, mesmo na vida de uma mulher expressiva na vida e no palco, como Tina Turner, que em sua carreira demonstrou cabalmente a questão central da sociologia das emoções, marcada pela relação de um constante fluxo e refluxo diretamente das necessidades de se compreender o comportamento dos indivíduos associados às questões sociais. – Tina, quer se casar comigo? Esse foi o primeiro pedido que recebi de Erwin Bach, o homem por quem me apaixonei à primeira vista. O amor da minha vida. Erwin, afirma Turner, me fez perder o rumo assim que nos conhecemos. Ele é alemão, então não fala inglês muito bem-, mas gostei. Erwin deve ter ficado surpreso quando disse: - Não sei como responder. Minha única certeza era que não estava dizendo nem que sim, nem que não. 

- Os anos eram 1989, e fazia três anos que estávamos juntos. Meu aniversário de 50 anos se aproximava, e Erwin, que tinha 33, achava que eu queria um compromisso sério. Foi gentil da parte dele oferecer, mas, em minha opinião, nosso namoro estava maravilhoso daquele jeito. Além do mais, eu não sabia ao certo se queria me casar. Casamentos mudam as coisas e, no meu caso, nem sempre para melhor. Vinte e três anos depois Erwin pediu para casar comigo de novo. Desta vez, o momento foi perfeito. Nós estávamos com uma dúzia de amigos próximos, velejando pelo Mediterrâneo no iate Lady Marina, de nosso amigo Sergio. Parando para pensar, eu devia ter previsto que alguma coisa importante ia acontecer. O lugar era bonito, mas não romântico o suficiente para Erwin. Depois descobri que ele conversou com Sergio que sugeriu que seguíssemos para a ilha grega de Skorpios. Acordei com a vista da bela Skorpios, que pertencera à família Onassis, com a famosa casa de banho com porta azul de Jacqueline Kennedy na beira da praia. Percebi que todos olhavam para Erwin, que se aproximou de mim e se ajoelhou. Ele erguia uma caixinha em sua - com um gesto inconfundível – Já fiz esta pergunta antes, mas quero repetir: Tina quer se casar comigo? Suas palavras foram perfeitas. Os homens secavam as lágrimas – eu não acreditava que eles estavam chorando – e as mulheres gritaram “Uhuuuul” quando respondi enfática: - Sim!  Enfim, a celebridade norte-americana Tina Turner, de 73 anos, se casou às margens do lago de Zurique (Suíça) com seu companheiro, o produtor musical alemão Erwin Bach, de 57 anos, depois de 27 anos de namoro.
A cerimônia ocorreu na mansão de 5.500 metros quadrados - na cidade de Kusnacht - onde a cantora, com passaporte suíço recém-obtido, compartilha como casal há 17 anos, informaram vários veículos de jornalismo suíços. – “O casal já enviou uma carta a seus vizinhos para preveni-los e se desculpar pelo barulho que o casamento pode gerar”, confirma a versão digital do jornal Tribune de Genebra. A festa não passou despercebida e o casal preparou para a ocasião um palco próprio de um concerto para que os convidados pudessem desfrutar de um espetáculo de luzes e som. Houve mais de 120 convidados, que compareceram vestidos de branco, entre os quais Eros Ramazzotti, David Bowie e Oprah Winfrey, velha amiga de Turner, conta outro veículo, Le Matin. A cantora, cujo verdadeiro nome é Anna Mae Bullock e que se aposentou da vida artística depois da turnê que realizou entre 2008 e 2009, vive na Suíça desde 1995 com o marido. A cultura suíça é extremamente rica pela influência de seus países vizinhos. Os suíços distinguem-se e caracterizam-se por sua honradez, grande sentido da poupança e cuidado com o meio ambiente. Por sua vez, é um povo com um enorme respeito pelo próximo e um forte sentido de ajuda humanitária; não à toa é o país sede das Nações Unidas e onde nasceu o movimento da Cruz Vermelha. Apesar de parecerem um pouco reservados, os suíços são amistosos e hospitaleiros.Tina Turner se sente bem na Suíça e o respeito a sua vida privada e seu desejo de ser naturalizada no país o qual passou a conviver.  
Bibliografia geral consultada.

CLAGHORN, Charles Eugene, Biographical Dictionary of American Music. New York: Parker Publishing Company Editors, 1973; MITZMAN, Arthur, La Jaula de Hierro. Una Interpretación Histórica de Max Weber. Madrid: Alianza Universidad, 1976; TOURAINE, Alain, La Voix et le Regard. Paris: Éditions du Seuil, 1978; TURNER, Tina; LODER, Kurt, Eu, Tina: A história de minha vida. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1987; DINVILLLE, Claire, A Técnica da Voz Cantada. Rio de Janeiro: Editora Enelivros, 1993; BAREAU, André, O Buda: Vida e Ensinamentos. Lisboa: Editorial Presença, 1997; WEBER, Max, La Ética Protestante y el Espiritu del Capitalismo. Madrid: Mestas Ediciones, 2002; PERRAULT, David, Eric Clapton: La Vie en Blues. Paris: Editeur Castor Astral, 2003; STRASSBURGER, Damaris, Jogo de Identidades: A Configuração Publicitária de Anunciantes e Consumidores. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2011; WILLIAMS, Eric, Capitalismo e Escravidão. Traduzido por Denise Bottmann. São Paulo: Editora Companhia das Letras. 2012; Artigo: “Tina Turner se casa em Zurique aos 73 com produtor Erwin Bach”. In: http://g1.globo.com/mundo/2013/07/10; CARRIJO, Daniel Dória Possolo, Cinema & Blues: Representações Audiovisuais do Gênero no Século XXI. Dissertação de Mestrado em História. Departamento de Ciências Humanas e Letras. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2014; LE BRETON, David, Antropologia das Emoções. Tradução de Luis Alberto Salton Peretti. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2019; TURNER, Tina, Minha História de Amor. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2019; entre outros.

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