sábado, 25 de maio de 2024

Os Três Males – Representação Social & Ótica da Religião Revelada.

                                O homem não é mais do que a série dos seus atos”. Georg Wilhelm Friedrich Hegel

           Gingle Wang nascida em 7 de fevereiro de 1998 é uma atriz e escritora taiwanesa. Gingle começou sua carreira de atriz em 2017 no filme: All Because of Love. Sua descoberta veio em 2019 com o filme de terror psicológico Detention, onde sua atuação ganhou o prêmio de Melhor Atriz no 22º Taipei Film Awards e uma indicação de Melhor Atriz Principal no 56º Golden Horse Awards. Ela foi descrita pelo Harper`s Bazaar Taiwan como “uma estrela em ascensão entre a nova geração de atrizes taiwanesas”. Gingle Wang nasceu no distrito de Beitou, Taipei, Taiwan. Foi criada em uma casa com “mãe solteira”, ela é próxima afetivamente da mãe, embora tenha poucas lembranças do pai. Em 2009, Gingle ingressou na Escola Secundária Municipal Tian-Mu de Taipei, mas foi para a Flintridge Sacred Heart Academy, nos Estados Unidos da América (EUA), no ano seguinte. Em 2013, Gingle publicou seu romance de estreia, intitulado: Bale Love, sob o pseudônimo curioso de Jun Jun, aos 15 anos. Quando ela estudou sozinha nos EUA, escrever a ajudou a lidar com suas dificuldades. Além disso, ela esperava que sua mãe pudesse se recuperar do divórcio por meio de seu romance, que apresentava a protagonista uma mulher divorciada, parecida com sua mãe. Dois anos depois, ela escreveu Cockroach Philosophy, seu segundo romance. Em 2016, ela retornou dos Estados Unidos para Taiwan e foi admitida na Temple University, exatamente no Japan Campus em 2017, onde se formou em Ciência Política. A estreia como ator de Gingle Wang ocorreu no filme de romance de 2017, All Because of Love. Sua escalação para esse papel social foi atribuída à sua atenção, fator que ela ganhou aos 17 anos no canal do YouTube com gravações de passageiros cantando KTV no banco de trás de um táxi em 2015.

Em 2018, ela foi escalada como protagonista feminina do filme: The Outsiders, baseado na série de televisão homônima de 2004. Ela também fez uma participação como protagonista feminina em Possession. Sua atuação em 2018 nos episódios 5 e 6 da série de TV On Children foi indicada para Melhor Atriz Coadjuvante em Minissérie ou Filme de TV no 54º Golden Bell Awards. Gingle investiu profundamente (e com sabedoria) em seu papel como Molly Lin e sentiu que ressoava num nível pessoal com a personagem. O papel inovador de Gingle em 2019 como protagonista feminina no filme de terror psicológico sobrenatural de John Hsu, Detention, ambientado durante o período do “Terror Branco” em Taiwan e baseado no videogame de mesmo nome. Foi o filme nacional de maior bilheteria em 2019 em Taiwan e o 15º de todos os tempos. Por sua atuação, Gingle foi indicada para Melhor Atriz Principal no 56º Golden Horse Awards e ganhou Melhor Atriz no 22º Taipei Film Awards. Ela continuou a estrelar séries de televisão em 2019, desempenhando um papel principal em Yuan Chengmei na série de 15 partes Brave to Love. Em seguida naquele mesmo ano, ela surge como Yin Yue, uma atriz coadjuvante na série de 10 episódios Yong-jiu Grocery Store. O filme de Gingle veio em 2021, adiado devido a atrasos na produção (pela pandemia), aparecendo em um papel coadjuvante como Wang Ting em Pluralidade, dirigido por Aozaru Shiao.

No mesmo ano, ela trabalhou ao lado de Alyssa Chia em papéis principais femininos como a extraordinária “dupla mãe e filha” no aclamado The Falls, de Chung Mong-Hong. Sua atuação confirmou a indicação para Melhor Atriz Principal no 58º Golden Horse Awards. Gingle também estrelou o romance de fantasia de Giddens Ko, Till We Meet Again, o segundo filme nacional de maior bilheteria de 2021 em Taiwan e o 14º de “todos os tempos”, onde ela interpretou uma estudante insatisfeita que se tornou estagiária deus do amor, ao lado de seu parceiro divino Ah Lun, interpretado por Kai Ko. Em 22 de outubro de 2021 o drama intitulado: More Than Blue: The Series foi lançado mundialmente na Netflix. A série de dez partes, com um ano de produção, apresentava Gingle com Cream, “uma estudante órfã do ensino médio, e segue suas aventuras com K, interpretada por Fandy Fan”. Gingle fez uma apresentação Especial nas partes dois e três, lançadas em dezembro de 2021 e março de 2022, respectivamente, da série de televisão de três partes “Light the Night”, onde interpretou uma Rose mais jovem, a protagonista feminina da série, e foi amplamente elogiada pelo papel no lançamento da série. Gingle teve um papel coadjuvante no filme de comédia/mistério sobrenatural de 2023, intitulado: Marry My Dead Body, a colega policial do protagonista masculino. Obteve um papel principal na série de drama político Wave Makers. Gingle Wang tem quatro tatuagens corporais, a saber: o nome da irmã “Maple”, o aforismo latino “carpe diem”, o versículo bíblico “Salmo 90:9”, e o nome inglês de sua mãe junto a uma rosa, a flor favorita de sua mãe. Ela gosta muito de ler, assim como escrever romances e assistir séries de história e cultura. Suas escritoras favoritas são Echo Chan e Xi Murong.  Além disso adora a arte da fotografia, explorar a natureza íntima e externalizada ecologicamente através da prática viajar.

                                         

Dirigido por Wong Ching-Po “Os Três Males” é um thriller policial taiwanês de 2023, que penetrou o catálogo da Netflix, combinando o realismo com o absurdo, a violência com a tranquilidade, de uma obra fora da representação fílmica convencional e, por vezes, desigualmente social. Ao descobrir que é apenas o “terceiro fugitivo” mais procurado de Taiwan, um criminoso embarca em uma jornada para ultrapassar os dois primeiros. A primeira parte cinematográfica de Os Três Males produz ação intensa e empolgante, com cenas realistas e convincentes. Ethan Ruan brilha na interpretação do protagonista, trazendo carisma e complexidade ao seu personagem. Ele cresceu em Taichung, Taiwan, vindo de uma família de militares: seu pai era soldado, sua mãe era enfermeira militar e seu irmão mais novo, piloto da Força Aérea. Inicialmente como nadador competitivo, as inúmeras conquistas e prêmios de Juan, incluindo o primeiro lugar no Taichung City Duathlon, que lhe renderam a admissão na prestigiada National Teaching First Sênior High School. No entanto, durante a adolescência, Ethan Juan acabou desistindo do esporte e apenas concluiu o referente Ensino Médio após passar por cinco escolas diferentes. Depois disso, Ethan teve vários empregos de meio turno. Durante este tempo, Juan também frequentou e mais tarde se formou na Universidade Hsing Wu, se especializando em Turismo. Hsing Wu University é composta por quatro faculdades: Gestão de Negócios, Turismo e Hotelaria, Design e Artes Populares. A escola oferece 18 cursos de graduação e quatro de pós-graduação. Em 2002 acompanhava um amigo à audição para seleção de teste cinematográfico, Ethan Juan foi “descoberto” pela Agência de talentos, e começou sua carreira per se com o videoclipe de Penny Tai para “Once Fell In Love”. Todavia, Juan foi modelo trabalhando em tempo integral antes de se tornar um ator popularmente reconhecido.

Neste ínterim, Friedrich Hegel é pioneiro quando admite no famoso § 387 que “o espírito que se desenvolve na sua idealidade é o espírito enquanto cognoscente”.  Porém o conhecimento não é aqui aprendido simplesmente tal como ele é a determinidade da ideia enquanto lógica: mas como o espírito concreto se determina em relação a ele. Na antropologia hegeliana o espírito subjetivo é: A) Em si ou imediato. Assim ele é alma ou espírito-da-natureza; objeto da Antropologia.  B) Para si ou mediatizado, ainda enquanto reflexão idêntica sobre si e sobre o Outro: o espírito na relação ou particularização. É a consciência, o objeto da Fenomenologia do Espírito. C) O espírito que se determina em si mesmo, enquanto sujeito para si. É o objeto da Psicologia. Na alma, a consciência desperta; a consciência se põe como razão, que está desperta imediatamente para [ser] a razão que se sabe, e que por sua atividade se libera para [ser] a objetividade, para [ser] a consciência do seu conceito. Ipso facto, seguindo os passos da dialética hegeliana, diz-nos o seguinte: Assim como, no conceito em geral, a determinidade que nele se apresenta é uma progressão do desenvolvimento, assim também no espírito cada determinidade em que ele se mostra é o momento do desenvolvimento, e na determinação progressiva é avançar para a sua meta, [que] é fazer-se e tronar-se para si o que é em si. Cada grau é no interior desse seu processo; e o seu produto é que para o espírito (isto é, para a forma de espírito que tem nesse grau) ele seja o que no seu começo era somente em si, ou para nós.

A maneira psicológica de considerar [as coisas], aliás a maneira habitual, indica em forma narrativa o que é o espírito ou alma, o que sucede à alma, o que a alma faz, de modo que a alma é pressuposta como sujeito [todo] pronto, em que as determinações desse tipo vêm à luz apenas como exteriorizações a partir das quais se deve conhecer o que é a alma – o que possui nela como faculdades e potências; sem [se ter] consciência de que a exteriorização do que ela é põe para ela em conceito aquilo mesmo por que a alma atingiu uma determinação mais alta. É preciso distinguir – e excluir – da progressão que se vai considerar aqui o que é cultura e educação. Essa esfera se refere aos sujeitos singulares como tais, [de modo] que o espírito universal seja neles levado prontamente à existência. Na visão filosófica do espírito como tal, ele próprio é considerado como cultivando-se educando-se conforme a progressão do seu conceito; e suas exteriorizações, [considerando-se] como os conceitos de seu produzir-se rumo-a-si-mesmo, de se concluir consigo mesmo: só por meio disso é ele espírito efetivo. Isto é, a diferença entre espírito subjetivo e espírito objetivo não deve, pois, ser vista como uma diferença rígida. Já no começo temos de apreender o espírito factual não como simples conceito, como algo simplesmente subjetivo, mas como ideia, como uma unidade do subjetivo e do objetivo; e cada progressão desse começo consiste em um ultrapassar essa primeira subjetividade simples do espírito, um progresso no desenvolvimento de sua realidade ou objetividade.

Esse desenvolvimento produz uma série de figuras que, se devem na certa ser indicadas pela empiria, não podem, ao contrário, na consideração filosófica, ficar colocadas exteriormente lado a lado, mas têm de ser conhecidas como a expressão correspondente de uma série necessária de conceitos determinados, e só têm interesse para o pensar filosófico na medida em que exprimem tal série de conceitos; sua necessidade só ressaltará seu desenvolvimento. Em síntese: as três formas principais do espírito subjetivo são: 1°) a alma, 2°) a consciência e 3°) o espírito como tal. Quer dizer, enquanto alma, o espírito tem a forma da universalidade abstrata; enquanto consciência, a da particularização; enquanto espírito essente para si, a singularidade. Assim se apresenta no seu desenvolvimento, o desenvolvimento do conceito. Por que [motivo] as partes da Ciência correspondentes a essas três formas do espírito subjetivo receberam o nome de Antropologia, Fenomenologia e Psicologia será esclarecido a partir de uma indicação preliminar mais precisa do “conteúdo de sentido” da ciência do espírito subjetivo. Metodologicamente, o espírito imediato deve formar o começo de nossa consideração; esse espírito é o espírito-natureza, a alma. Mas no começo o conceito do espírito ainda não pode ter a realidade mediatizada que ele obtém no pensar abstrato; pois só assim corresponde à idealidade do espírito – mas é necessariamente uma realidade ainda não-mediatizada, ainda não posta; por conseguinte, uma realidade essente, estranha ao espírito, dada pela natureza. Devemos, pois, começar pelo espírito ainda preso na natureza, referido à sua corporeidade, não essente junto a si, ainda não livre. Essa base do homem – se podemos assim dizer - é o objeto da Antropologia. 

Dissidentes ingleses (English dissenters) chamados de “não conformistas”, foram reformadores na Inglaterra que preferiram não continuar vinculados à Igreja Anglicana e fundaram suas próprias congregações religiosas, nos séculos XVII e XVIII. No início, tentaram uma reforma mais profunda na Igreja Anglicana, mas, depois, preferiram fazer rupturas, pois a Igreja Anglicana, “controlada pelos Reis da Inglaterra”, continuou a ser muito semelhante à Igreja Católica Romana. Uma característica comum desses grupos era a defesa da Separação entre a Igreja e o Estado nacional. Após 1660, ano nevrálgico no qual ocorreu a Restauração da Monarquia na Inglaterra, as rupturas se intensificaram. A Restauração de 1660 promoveu o episcopado e limitou, ainda mais, os direitos civis dos dissidentes, principalmente, após o chamado Ato de Uniformidade de 1662, que “tornou obrigatória a ordenação episcopal para todos os pastores”. Vale lembrar que The Institutes of Natural and Revealed Religion, escrito pelo ministro dissidente e polímata inglês do século XVIII Joseph Priestley (1773-1834), entre 1772 e 1774 é uma obra extensa de três volumes destinada à educação religiosa publicada por Joseph Johnson, um influente Livreiro e Editor londrino do século XVIII. Seu argumento central do ponto de vista antropológico é que a revelação e a lei natural devem coincidir. Revelação divina é a denominação, de modo genérico, para todo conhecimento alegadamente transmitido ao homem diretamente por um deus ou deuses muitas vezes o meio de pensamento e trabalho religiosos por onde este reconhecimento foi passado também é chamado assim.

A revelação é o ato social de revelar ou desvendar ou tornar algo claro, ou óbvio e compreensível por meio da comunicação ativa ou passiva com a Divindade. A Revelação pode originar-se diretamente de uma divindade ou por um intercessor ou agente, como um “anjo” ou “santidade”; alguém que tenha experimentado tal contato é denominado profeta. Várias religiões possuem textos que as mesmas acreditam ter sido revelados por deuses ou de modo sobrenatural. Os judeus ortodoxos, cristãos e muçulmanos acreditam que a Torá foi recebida de Javé no monte Sinai bíblico. A maior parte dos cristãos acredita que tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento foram inspirados por Deus. Os muçulmanos acreditam que o Alcorão foi revelado por Deus a Maomé palavra por palavra através do anjo Gabriel (Jibril). No hinduísmo, alguns Vedas são considerados Apauruṣeyā, ou seja, “composições não humanas”, porque teriam sido revelados diretamente, e, portanto, são chamados de Shruti, “o que é ouvido”. As 15 000 páginas “escritas a mão” pela mística Maria Valtorta (1897-1961) foram interpretadas como “ditadas diretamente por Jesus, enquanto ela atribuiu o Livro de Azarias a seu anjo da guarda”. Aleister Crowley afirmou que o Liber AL vel Legis lhe foi revelado através de um ser superior que chamava a si próprio de Aiwass.

Marcas físicas deixadas pela revelação são chamadas estigmas. Em casos raros, como o de Juan Diego Cuauhtlatoatzin, as revelações deixam marcas físicas. O conceito católico de “locução interior” fala de uma voz interior ouvida pelo receptor da revelação. Nas religiões abraâmicas, o termo se refere ao processo através do qual Deus revelaria, ao mundo dos homens, sua existência, sua vontade e sua Divina Providência. O termo estigma e seus sinônimos ocultam uma dupla perspectiva de âmbito social. Assume o estigmatizado que a sua característica distintiva já é conhecida ou é imediatamente evidente ou então que ela não é nem conhecida pelos presentes e nem imediatamente perceptível por eles? No primeiro caso, conceitualmente, está-se lidando com a condição real de desacreditado, no segundo com a condição em tese do desacreditável. Esta é uma diferença importante, socialmente, mesmo que um indivíduo estigmatizado em particular tenha, provavelmente, experimentado ambas as situações. Todavia, para Erving Goffman, podem-se mencionar três tipos característicos de estigmas diferentes. Em primeiro lugar, há as prováveis abominações do corpo – as várias deformidades físicas. Em segundo, a representação do “sentimento de culpa” individual, percebidas como “vontade fraca”, “paixões tirânicas”, ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos reconhecidos de, por exemplo, distúrbio mental, prisão, vício, alcoolismo, ideia de “homossexualismo”, homoerotismo, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento afetivo radical. Há os estigmas tribais de raça, etnia, minorias, nação e ceticismo e “estigmas de re(li)gião”, que podem ser transmitidos de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma família. 

A relação sexual converte-se então num desejo de estar no corpo do outro, um viver e um ser vivido por ele numa fusão de corpos que se prolonga como ternura por suas fraquezas, suas ingenuidades, seus defeitos e imperfeições. Não importa mesmo quem seja essa pessoa, pois na paixão nasce uma força terrível que nos leva à fusão e nos torna insubstituíveis, únicos um para o outro. O ente amado se converte naquele que não pode ser senão ele - o absolutamente especial. E isso acontece mesmo contra a nossa vontade, e apesar de acreditarmos por algum tempo que podemos viver sem ele, e que podemos encontrar essa mesma felicidade em outra pessoa qualquer. Mas não ocorre bem assim. Basta uma breve separação para termos a certeza de que este amado é portador de algo inconfundível, algo que sempre nos faltou, que se revelou através dele e que sem ele não podemos encontrar de novo, enfim, que represente simbolicamente a diversidade e a unicidade de quem amamos. Os fatos sociais por si mesmos, só aparentemente nos demonstram que nossa sexualidade de manifesta de maneira comum, quotidiana e de maneira extraordinariamente, afetiva, descontínua. A sexualidade se transforma indefinidamente no meio de ação social normal pelo qual a vida explora as fronteiras compreendidas como do impossível, os horizontes do imaginário individual (sonho) e da natureza, mas o que é revelador, acidental ou não, é que estamos diante do estado nascente progressivamente de compreensão da vida.

corpo percorre a história da ciência e da filosofia. De Platão a Bergson, passando por Descartes, Espinosa, Merleau-Ponty, Freud, Marx, Nietzsche, Weber e principalmente Foucault, quando a definição de corpo demonstra um puzzle. Quase todos reconhecem a profusão da visão dualista de Descartes, que define o corpo como uma substância extensa em oposição à substância pensante. Podemos perceber que seguindo este modo científico de compreensão da realidade, sobretudo com o advento da modernidade, o corpo foi facilmente associado a uma máquina. O corpo foi pensado como um mecanismo elaborado por determinados princípios que alimentam as engrenagens desta máquina promovendo o seu bom funcionamento. Isto quer dizer que através dos exercícios de abstinência e domínio que constituem a ascese necessária, o lugar atribuído ao conhecimento de si torna-se mais importante: a tarefa de se pôr à prova, de se examinar, de controlar-se numa série de exercícios bem definidos, coloca a questão da verdade – do que se é, do que se faz e do que é capaz de fazer – no cerne da constituição do sujeito moral. E, afinal o ponto de chegada dessa elaboração é ainda e sempre definido pela soberania do indivíduo sobre si mesmo. Foucault (2014) nos adverte sobre a questão abstrata da analítica do poder que se constitui o marco histórico e pontual de “docilidade dos corpos”. Para ele o soldado é alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia: e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas, lutando, as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal com significado e sentido de honra.  

A história social da arte tem como representação a atividade humana realizada com o propósito estético e comunicativo, enquanto expressão de ideias, emoções ou formas de interpretar “as coisas do mundo”. Em sua historicidade as artes visuais têm sido classificadas de várias formas, desde a distinção medieval entre as artes liberais e as artes mecânicas, à distinção moderna entre belas artes e artes aplicadas, ou às várias definições contemporâneas, da arte como a manifestação individual e coletiva par excellence da criatividade humana. O alargamento da lista das principais artes durante o século XX definiu-as essencialmente em arquitetura, escultura, música, dança, pintura, poesia, incluindo o teatro e a narrativa literária, o cinema e a fotografia. Quando considerada a sobreposição de termos entre as chamadas artes plásticas e as artes visuais, incluem-se também do ponto de vista tecnológico o design e as artes gráficas. As artes gráficas, também reconhecida como design, é uma ciência, que tem como objetivo, a criação de soluções utilizadas para servir de forma funcional o ser humano. A arte e o design estão presentes na história desde a identificação etnográfica da pré-história, através de desenhos e sinais que simbolizavam objetos e acontecimentos relevantes no âmbito da memória individual (sonho) e coletiva  (os ritos, os símbolos).

Todavia, enquanto a arte propõe-nos uma interpretação subjetiva de suas obras, o design comparativamente propõe algo de sentido objetivo, onde as pessoas serão capazes de entender e podem vir a comprar o produto e/ou serviço apresentado, ou aderindo à uma ideia, no caso de uma propaganda. Marca é a representação de uma “entidade”, qualquer que seja ela, objeto/símbolo que permite identificá-la de um modo imediato como, por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada. Na teoria social da comunicação, pode ser um signo, um símbolo ou um ícone. Uma simples palavra pode referir uma marca. O termo é frequentemente usado mesmo hoje em dia como referência a uma determinada empresa: um nome, uma marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa. Quando se fala em marca, não é incomum estar se referindo, na maioria das vezes, a uma representação gráfica no âmbito e competência do designer gráfico, onde a marca pode ser representada graficamente pela composição de um símbolo e/ou logotipo, tanto individualmente quanto per se combinados.

            No entanto, o conceito de marca é bem mais abrangente que o reino da aparência social em termos da sua representação gráfica. Marca não é um conceito fácil de definir. A marca em essência representa relação produção-consumo com uma série específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos compradores. A garantia de qualidade surge com as marcas, mas uma marca é um símbolo mais complexo. Um artefato é conexo à estrutura mental e cultural que definirá o reconhecimento social da obra de arte. O século XX se caracterizou por uma ênfase no questionamento das antigas bases da arte, propondo-se a criar um novo paradigma de cultura e sociedade e “derrubar” tudo o que fosse representado pela tradição. Até meados do século passado as vanguardas foram enfeixadas no rótulo de modernismo, e desde então elas se sucedem cada vez com maior rapidez, chegando a um estado quase de total pulverização dos estilos e estéticas, que convivem, dialogam, se influenciam e se enfrentam quase sempre mutuamente. Também surgiu uma tendência de solicitar a participação in fieri do público no processo de criação, realizada por meio de uma grande variedade de linguagens e incorporar ao domínio artístico uma variedade de temas, estilos, práticas e tecnologias antes desconhecidas ou excluídas. O problema metodológico na definição do que é arte é que esta definição varia com o tempo e espaço de acordo com a diversidade de culturas.

O filme muda dialeticamente de estratégia na segunda metade, quando Chen Gui-lin se vê envolvido com uma extraordinária “seita religiosa”. Essa mudança social brusca de gênero pode ser um ponto de divisão técnica do trabalho para o público. Enquanto alguns podem apreciar “a abordagem única e as reviravoltas inesperadas”, outros devem “se sentir desconcertados pela falta de coesão entre as duas partes do filme”. A transição de um “enredo de gângster” para um drama social, envolvendo uma seita religiosa é abrupta e pode aparentemente encontrar-se deslocada para alguns telespectadores. “Os Três Males” oferecem uma visão realista do submundo criminoso de Taiwan, explorando temas como “redenção”, “mortalidade” e “legado”. A atuação social do elenco é sólida, com destaques para Ben Yuen e Chen Yi-wen, os “vilões brutais” que cruzam o caminho de Chen Gui-lin. Além disso, em termos técnico-metodológico, o filme representa excelente realização, no plano teórico e histórico, com sequências de ação em áreas amplas, abertas ou fechadas, bem coreografadas e uma direção visualmente inovadora. A fotografia reflete a atmosfera sombria e perigosa do mundo criminoso, enquanto a trilha sonora contribui para a tensão e o suspense.

Taiwan é uma pequena ilha com cerca de 23 milhões de habitantes que funciona como uma democracia semipresidencialista. Localizada a 180 km da China, a ilha luta para que permaneça independente e não seja reconhecida como parte do território chinês. Para garantir sua soberania contra um dos maiores impérios do mundo, Taiwan apostou na tecnologia e desenvolveu o Escudo de Silício, uma estratégia que evita o ataque dos vizinhos chineses. O termo foi criado por Craig Addison, um jornalista que escreve para o veículo comunicativo The South China Morning Post. O profissional lançou o livro: Silicon Shield: Taiwan`s Protection Against Chinese Attack e deu uma entrevista à BBC falando sobre o tema. O primeiro esclarecimento que o jornalista fez é que Taiwan não possui um escudo de verdade, como os antimísseis que Israel utiliza para evitar ataques aéreos da Palestina. No caso, a terminologia funciona como uma estratégia da ilha, já que ela é líder mundial na fabricação de chips semicondutores. Os produtos, que são essenciais na fabricação de celulares, computadores, videogames e carros, são geralmente feitos de silício e acabam sustentando parte da economia moderna. Um ataque chinês ao país poderia, portanto, afetar extraordinariamente a produção dos chips e causar um estrago inconsequente, sem proporções, não só na economia chinesa, mas mundial. - O escudo de silício é semelhante ao conceito de “Destruição Mútua Assegurada” (MAD) que teve progênie na chamada política de Guerra Fria, porque qualquer ação militar no estreito de Taiwan seria tão prejudicialmente para a China quanto para Taiwan e os Estados Unidos da América.

O termo discurso pode ser definido sociologicamente do ponto de vista lógico da análise política. Quando pretendemos significar algo a outro é porque temos a intenção de lhe transmitir um conjunto de informações coerentes - essa coerência é uma condição essencial para que o discurso seja entendido. São as mesmas regras gramaticais utilizadas para dar uma estrutura compreensível ao discurso que simultaneamente funcionam com regras lógicas para estruturar o pensamento. Um discurso político, comparativamente, tem uma estrutura social e finalidade muito diferente do discurso econômico, mas politicamente pode operar a dimensão econômica produzindo efeitos sociais específicos em termos de persuasão. Os economistas assumiram que o estudo das ações econômicas do homem poderia ser feito abstraindo-se as outras dimensões culturais do comportamento humano: dimensões morais, éticas, religiosas, políticas, etc., e concentraram seu interesse naquilo que eles identificaram como as duas funções elementares exercidas por todo e qualquer indivíduo: o consumo e a produção. O homo economicus nada mais é do que um fragmento qualquer de ser humano, a sua parcela que produz e consome no mundo das mercadorias, cujo único critério de verdade apoiava-se na evidência. O conceito de “homo economicus” é um postulado da racionalidade global vigente. É caracterizada pelo triunfo dos economistas que encontraram nele, a semelhança dos biólogos no darwinismo, e na psicologia uma teoria do comportamento coerente.

Um estudo de ideologias da administração, por outro lado, não está preocupado com as origens do espírito capitalista, mas sim com as armas ideológicas empregadas na luta pela ou contra a industrialização. E quando ideologias são formuladas para defender um conjunto de interesses econômicos, é mais esclarecedor examinar a estratégia de argumentação do que insistir em que o argumento é autointeressado. Os argumentos em serviço próprio dos grupos dominantes podem não parecer um campo de estudos promissor, no entanto, sociologicamente Reinhard Bendix acredita que essas ideias desenvolvidas podem ser consideradas um sintoma das relações sociais de classe em mudança, ou seja, indícios para a compreensão das sociedades industriais. Portanto, Bendix (2019), propõe analisar detalhadamente, se já não é um truísmo, as evidências observáveis dos fenômenos do mundo social em seus próprios termos. Segundo o autor, é nesse nível das ações sociais que ocorre a experiência humana, e o estudo das ideologias da gestão empresarial ilustra que ele também pode constituir uma abordagem para o entendimento da estrutura social. As interpretações gerenciais dadas para a relação de autoridade nos empreendimentos econômicos, juntamente com a concepção em oposição assimétrica, mas em nível de complementariedade na relação capital “versus” trabalho acerca de sua posição enquanto classes na sociedade industrial emergente constituem uma imagem conjunta das relações de classe. Imagem em tempo e espaço e que diferem de um país para outro. Esse aspecto da estrutura social em transformação é analisado pelo exame da posição ideológica em termos de seus corolários lógicos. Enquanto um conjunto de práticas e saberes sociais estão relacionados à autoridade dos empregadores e, em sentido mais amplo, à posição de classe de empregadores e empregados na sociedade.

Três correntes filosóficas são responsáveis pela criação deste conceito: o hedonismo, o utilitarismo e o sensualismo. O hedonismo, que afirma que o homem está sujeito, tal como os animais, à lei natural dos instintos e que, portanto, se encontra implícita a procura do prazer, do bem-estar e distanciamento da dor. O utilitarismo, para quem o útil é valioso e contrapõe o prazer calculado ao irracional, classificando os prazeres nobres e pobres. O sensualismo quando afirma serem os sentidos a fonte do conhecimento. Os economistas construíram um método teórico unanimemente aceite, elaboraram-se práticas econômicas que se encontra em todas as obras fundamentais: a lei da maximização da utilidade e leis sobre a utilidade marginal, aplicadas ao consumo e à produção. A razão biopsicológica essencial a toda a atividade humana é o interesse pessoal. Este primeiro princípio é então afetivo, pois define a única razão da atividade econômica; o homem não obedece, senão, à razão consumista.  No nível de análise puramente econômico, oligopólio é uma forma evoluída de monopólio, no qual um grupo de empresas ou governos promove o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços. Corresponde a uma estrutura de mercado de concorrência imperfeita, no qual o mercado é controlado por um número reduzido de empresas.  

De tal forma que cada uma pessoa enredada tem que considerar os comportamentos e as reações das outras quando toma decisões de mercado. No oligopólio, os bens produzidos podem ser homogêneos ou apresentar alguma diferenciação sendo que, geralmente, a concorrência se efetua mais ao nível de fatores como a qualidade, o serviço pós-venda, a fidelização ou a imagem, e não tanto ao nível do preço. As causas típicas do aparecimento de mercados oligopolistas são a escala mínima de eficiência e características da procura. Nestes mercados existe concorrência na balança, mas as quantidades produzidas são menores, porque inversamente na prática, para que os preços sejam maiores que nos mercados concorrenciais, ainda que relativamente ao monopólio, as quantidades realmene sejam superiores e os preços per se sejam menores.

Tanto o monopólio quanto o oligopólio, comparativamente, contribuem para uma concorrência imperfeita. A diferença entre monopólio e oligopólio é que no monopólio existe apenas um fornecedor ou vendedor, que domina o mercado, enquanto que no oligopólio existem poucos fornecedores do mesmo produto. Quando um produto é considerado essencial para a economia de um país, muitas vezes esse país estabelece leis que impedem a criação de monopólios e oligopólios. Talvez o maior exemplo de oligopólio no Brasil seja o mercado de telecomunicações, no qual poucas empresas controlam o mercado. No caso da telefonia móvel, a fusão das empresas consistiu no primeiro oligopólio nesta área do mercado. Também são conhecidos oligopólios no caso da montagem de veículos, na produção de ônibus, por exemplo, o que pode contribuir decisivamente para o aumento do preço das passagens do transporte público. Capital financeiro pode ser entendido como o capital representado por títulos, obrigações, certificados e outros papéis negociáveis e rapidamente conversíveis em dinheiro. Em termos simplificados, a lógica financeira oligopolizada consiste em “fazer dinheiro a partir de dinheiro”, sem necessariamente passar pelas mãos visíveis de trabalhadores esfera da produção de mercadorias. O domínio crescente de caráter rentista, isto é, que não tem como finalidade a produção, mas a remuneração do detentor de um ativo - na economia mundial globalizada ocorre pelo menos desde início da década de 1980.

Nos mercados oligopolistas onde não exista cooperação entre as empresas a curva da procura do produto da empresa depende da reação das outras empresas. A concorrência neste tipo de mercado para evitar guerras de preços poderá ser feita a outros níveis como nas características dos produtos distintas do preço, qualidade, imagem, fidelização, etc. O oligopólio pode permitir que as empresas obtivessem lucros elevados a custo dos consumidores e do progresso econômico, caso a sua atuação no mercado seja baseada em cartéis, pois assim terão os mesmos lucros como um monopólio. Em um oligopólio, as alterações nas condições sociais de atuação de uma empresa irão influenciar o desempenho de outras empresas no mercado. Isto provoca reações que são mais relevantes quando o número de empresas do oligopólio é reduzido. Em contrapartida, um truste é uma coligação econômica ou financeira, um agrupamento de empresas que tem como objetivo diminuir e eliminar a concorrência, parcelarizando o mercado. Quando se verifica a formação de trustes, a concorrência é transferida para a área da qualidade e apoio ao cliente, porque não existe concorrência no que diz respeito aos preços. No oligopólio, muitas vezes ocorre à criação de um cartel, onde as poucas empresas dominantes fazem um acordo para manter o preço do produto comercializado. Tanto os cartéis como o truste exercem poder de pressão sobre o mercado. Ao contrário do truste, no cartel as empresas envolvidas continuam independentes no âmbito legal.

Bibliografia Geral Consultada.

FOURIER, Charles, Le Noveau Monde Industriel et Sociétaire. Paris: Éditions Flammarion (Col. Nouvelle Bibliothéque Sociale), 1972; HEGEL, Friedrich, Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio: 1830. Volume III. São Paulo: Editora Loyola, 1995; particularmente:  Antropologia, Fenomenologia e Psicologia, pp. 42-274; YANG, Fenggang, “Religious Diversity Among the Chinese in America”. In: MIN, Pyong Gap; KIM, Jung Ha, Religions in Asian America: Building Faith Communities. Walnut Creek: Altamira Press, 71-98; 2002; LUHMANN, Niklas, Confianza. Barcelona: Editorial Anthropos, 2005; LIN, Tsé-Min et al, “The Neighborhood Influence on Formation of National Identity in Taiwan”. In: Political Research Quarterly. Londres, vol. 59, nº 01, pp. 35-46, 2006; CARNEIRO, Cristina Maria Quintão, “Estrutura e Ação: Aproximações entre Giddens e Bourdieu”. In:  Tempo da Ciência (13) 26: 39-47, 2006; NAGIB, Lúcia, World Cinema and the Ethics of Realism. London: Editor Continuum, 2011; TRAVASSOS, Juliana Azevedo, Responsabilidade Corporativa: Institucionalização e Ideologia. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2012; SHENG, Kai, The Different Faces of Nezha in Modern Taiwanese Culture. Prague: Oriental Archive Institute, 2013; FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 42ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; BENDIX, Reinhard, Construção Nacional e Cidadania: Estudos de Nossa Ordem Social em Mudança. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019; JUNQUEIRA, Philipe Alexandre, A Política Externa Chinesa de Xi Jinping: A Contribuição da Iniciativa do Cinturão e Rota para Inserção Internacional da China na Nova Era. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Centro de Ciências Sociais. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2021; PARIS, Clarinice Aparecida, A Função Ética da Psicanálise diante do Sofrimento Psíquico Engendrado pelo Neo-liberalismo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2023; ANTONIO, Guilherme Henrique Gooda, Trajetórias Urbanas e Representações Poéticas nos Cinemas de Taiwan, Hong Kong e China. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design. Bauru:  Universidade Estadual Paulista, 2024; entre outros.

domingo, 19 de maio de 2024

Calcanhar de Aquiles – Mitologia & Capitalização nas Corporações.

                                                             O estudo da solidariedade pertence pois à Sociologia”. Émile Durkheim

O registro etnográfico mais antigo do tendão sendo chamado de “tendão de Aquiles” é de 1693, pelo cirurgião e anatomista holandês Philip Verheyen (1648-1710). Em seu texto amplamente utilizado, Corporis Humani Anatomia, descreveu a localização do tendão e afirmou que ele era comumente chamado “o cordão de Aquiles”. De Humani Corporis é resultado dos trabalhos de Vesalius como professor da Universidade de Pádua, onde realizou inúmeras dissecações de cadáveres. Nesses estudos, ele refutou grande parte das teorias do médico greco-romano Galeno acerca do corpo humano, expostas por ele nesse trabalho. Para a impressão da obra, ele não poupou gastos: contratou os melhores artistas, sendo que entre eles o desenhista Jan Stephan van Calcar (1499-1546), discípulo de Tiziano, que realizou as gravuras nas duas primeiras partes e xilógrafos que tem como primícias para preparar as gravuras a serem impressas. Para a realização desse último serviço, foi escolhido o impressor Johannes Oporinus (1507-1568), de Basileia, a ir até esta cidade para supervisionar pessoalmente os trabalhos. Graças a isso, esta obra é um magnífico exemplo do que havia de melhor na produção de livros na Renascença, com 17 desenhos de página inteira, além de diversas ilustrações acompanhadas de texto. Com significado de “área de fraqueza, ponto vulnerável”, o uso generalizado, entretanto de “calcanhar de Aquiles” é recente, historicamente datando apenas de 1840, observada a utilidade de uso específicamente clínica implícita na citação de Samuel Taylor Coleridge (1772-1834): “Ireland, that vulnerable heel of the British Achilles!”, de 1810 no Oxford English Dictionary.

Aquiles, filho de Peleu rei dos mirmidões e de Tétis (ninfa), é um dos heróis mais reconhecidos da mitologia grega. Ele é extraordinário por sua força, bravura e beleza. Um calcanhar de Aquiles representa um substantivo composto que significa “fraqueza a despeito de uma força geral, que pode levar a derrota ou queda”. Enquanto a origem mitológica se refere a “vulnerabilidade física”, referências idiomáticas a outros atributos ou qualidades que podem levar a queda são comuns. Na mitologia grega, quando Aquiles era um recém-nascido, foi predito que ele morreria jovem. Para preveni-lo de sua morte, sua mãe Tétis o levou ao rio Estige, que deveria dar o “poder da invulnerabilidade”, e mergulhou seu corpo na água. Porém, já que Tétis segurava Aquiles pelos calcanhares, eles não foram lavados pela água. Aquiles cresceu e tornou-se “homem de guerra” que sobreviveu a muitas batalhas. Embora a morte de Aquiles seja prevista pela Ilíada de Homero, ela não ocorre de fato na Ilíada, mas é descrita em poemas e dramas gregos e romanos posteriores que tratam dos eventos após a Ilíada, na guerra de troia. Nos mitos em torno da guerra, é dito que Aquiles morreu devido a “uma ferida em seu calcanhar”, tornozelo ou torso, que foi causada por uma flecha, talvez envenenada, atirada por Paris. Aquiles era simplesmente invencível em batalha, e só a intervenção divina de Apolo finalmente pôs fim ao seu longo reinado como o maior guerreiro grego de todos eles.

            Aquiles tem ainda a característica de ser “loiro e o mais belo dos heróis reunidos contra Troia, assim como o melhor entre eles”. A figura de Aquiles foi sendo moldada por diversos autores num espaço de mil anos, o que explica suas diversas contradições. A mais reconhecida é a que fala que Aquiles era invulnerável em todo o seu corpo por se banhar no rio Estige, exceto em seu calcanhar, conforme um poema de Estácio, no século I. Nestas versões de seu mito, sua morte teria sido causada por uma flecha envenenada que o teria atingido nesta parte de seu corpo, desprotegida da armadura. As obras literárias e artísticas em geral em que Aquiles aparece como herói são abundantes. Para além da Ilíada e da Odisseia - onde é demonstrada o destino de Aquiles após a sua morte - pode-se destacar, a tragédia Ifigénia em Áulide, de Eurípides (cf. Santos, 2016), “imitada” pelo dramaturgo Jean Racine (1674) e transformada em ópera pelo compositor Christoph Willibald Gluck (1774), além das artes plásticas, onde podem ser encontradas, além das diversas pinturas de vasos e esculturas do próprio período da Antiguidade Clássica, telas de Peter Paul Rubens (1577-1640), David Teniers, o Jovem (1610-1690), Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867), Eugène Delacroix (1798-1863) entre outros, que retratam as suas múltiplas façanhas sociais.       

            O papel de Aquiles como “herói do luto” forma, assim, um contraste irônico com a visão convencional, que o apresenta como um herói de kleos, “glória”, especialmente na guerra. Laos foi interpretado como “um corpo de soldados”; neste sentido, o nome teria um sentido duplo, no poema; quando o herói atua da maneira correta, seus homens trazem luto ao inimigo; da maneira errada, são “os seus homens que sentem o luto e a dor da guerra”. O poema fala, em parte, sobre a má direção da ira por parte dos líderes. O nome Achilleus passou a ser um nome comum e presente entre os gregos desde o início do século VII a.C. Foi transformado para a forma feminina Ἀχιλλεία (Achilleía), atestada pela primeira vez na Ática, no século IV a.C., e Achillia, encontrada num relevo de Halicarnasso como nome de uma gladiadora lutando contra Amazonia (“amazonas”). Os jogos gladiatórios romanos frequentemente reverenciavam a mitologia clássica, e esta parece ser uma referência à luta de Aquiles contra a rainha amazona Pentesileia, com um toque “curioso de demonstrar o herói na forma de uma mulher”. Aquiles era o filho da nereida Tétis e de Peleu, rei dos mirmidões. Tétis era uma das várias filhas de Nereu e Doris e Peleu era filho de Éaco e Endeis. Zeus e Posídon haviam sido rivais pela mão de Tétis até que Prometeu, o responsável por trazer “o fogo aos humanos”, alertou Zeus a respeito da profecia que dizia Tétis daria luz a um filho ainda maior que seu pai. 

          Por este motivo, os dois deuses desistiram de cortejá-la, e fizeram-na se casar com  Peleu. Como em boa parte da mitologia grega, existe uma versão da lenda que oferece uma versão alternativa destes eventos: na Argonáutica Hera alude à casta resistência de Tétis aos avanços de Zeus, e que Tétis teria sido tão leal aos laços matrimoniais de Hera que o rejeitou de maneira fria. De acordo com um fragmento de um Achilleis - a Aquilíada, escrita por Estácio no século I, ou seja, quase mil anos depois da Ilíada - quando Aquiles nasceu, Tétis teria tentado fazê-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, seu calcanhar. Não está claro, no entanto, se esta versão do mito era de fato reconhecida anteriormente. É certo, porém, que Homero, nos séculos IX-VIII a.C., a desconhecia, e também Ovídio, no século I a.C. Em outra versão, Tétis ungiu o filho com ambrosia e o colocou sobre o fogo, para que suas partes mortais fossem queimadas; foi interrompida por Peleu, no entanto, e acabou abandonando pai e filho, furiosa. Nenhuma das fontes históricas anteriores a Estácio, no entanto, faz qualquer referência a esta “invulnerabilidade física” do personagem; ao contrário, na própria Ilíada, como é muito referido, Homero descreve Aquiles sendo ferido: no livro 21 Asteropeu, o herói Peônio, filho de Pélago, desafia Aquiles nas margens do rio Escamandro; arremessa duas lanças ao mesmo tempo, uma das quais atinge precisamente o calcanhar de Aquiles, isto é, “tirando um jorro de sangue”.

           Outro problema sério para o povo era o Direito grego. Segundo Brandão (1980) se pelo que se sabe, até o momento, da Linear B, não havia código algum escrito de direito no período micênico, durante toda a Idade Média “os helenos se tornaram ainda mais analfabetos”. Só entre os séculos IX e VIII a.C. é que apareceram no mundo grego vários alfabetos, que paulatinamente se unificaram, mas cuja origem é uma só: o alfabeto fenício. Pois bem, o direito grego oral, consuetudinário, estava nas mãos dos nobres, dos Eupátridas, que, por “conhecimento hereditário”, pretendiam interpretá-lo e aplicá-lo. Era o direito baseado na Thémis, a deusa da justiça, isto é, na justiça de caráter divino, uma espécie de ordálio, cujo depositário é o rei, o eupátrida, que decide em nome dos deuses. Não foi apenas Hesíodo que se queixou dos reis comedores de presentes, que não raro julgavam em seu próprio proveito. Foi exatamente com isto inclusive que Sólon tentou romper, substituindo a thémis pela díke, “dique”, isto é, pela justiça dos homens, baseada em leis escritas. Porém, enquanto as aristocracias não foram derrubadas, a administração da justiça continuou a ser manipulada por magistrados e conselhos aristocráticos.

E a violência, que Sólon tanto se esforçou por evitar, foi inevitável. Suas reformas acabaram por desagradar a todos: aos Eupátridas, porque perderam seus privilégios e ao povo que preferia transformações radicais. Incapazes, portanto, de satisfazer sobretudo às aspirações populares, os legisladores foram substituídos pelos Tiranos, palavra não grega, talvez provinda da Ásia Menor, significou, em princípio, “soberano, rei”, sem nenhuma conotação pejorativa, como no título da célebre tragédia de Sófocles, Oidípus Týrannos, Édipo Rei. O tirano é, as mais das vezes, um líder proveniente da aristocracia, que se une à classe média e ao povo para defendê-los contra os nobres. Os séculos VII e VI a.C. na Grécia são dominados pelos tiranos: Pisístrato, em Atenas; Cípselo, em Corinto; Polícrates, em Samos; Fálaris, em Agrigento; Gelão, em Siracusa. A julgar por Atenas, Corinto, Siracusa e Samos, a tirania incentivou a agricultura; despendeu grandes somas em construções públicas; apoiou os concursos competitivos e incentivou a formação musical e atlética do povo grego. Mas, exatamente por sua ilegitimidade e por não reconhecer limites constitucionais a seu poder, o Týrannos acabou por tornar-se “tirano”, ou melhor, um verdadeiro déspota esclarecido!

Em Atenas, a bem da verdade, as coisas foram mais tranquilas: Pisístrato procurou manter as leis de Sólon e reinou a paz na Acrópole, pelo menos nos últimos dezenove anos de seu governo.  - “Governou, diz Aristóteles, com moderação e mais como bom cidadão do que como tirano”.  Substituído pelos filhos, Hiparco e Hípias, a tirania, no entanto, não durou muito em Atenas. Mas quando, em 510 a. C, a mesma foi derrubada, o povo ateniense já estava bastante amadurecido para tomar o governo em suas mãos. Ia começar realmente a democracia com Clístenes. Eis aí, em linhas muito gerais, o mundo em que viveram os Gregos, do século VII ao VI a.C. Se Hesíodo viveu e escreveu nos fins do século VIII a. C, também ele participou de uma parcela desse tumultuado período de transição por que passaram tantas Cidades da Hélade. Vamos ver agora, através de seus dois poemas, o antídoto religioso que ele nos apresenta para os males de seu século, bem como seus sonhos e conselhos para os séculos futuros. Poder-se-ia pensar que o poeta de Ascra tem pouco a ver com os fatos que procuramos resumir. Não é assim. Quem procurou, na Teogonia, conjugar o trabalho com a justiça, a partir do Caos para a justiça, cifrada em Zeus, e nos Trabalhos e Dias  está inteiro em seu século e nos séculos vindouros!

Também nos fragmentos de poemas do Ciclo Épico, onde podem ser encontradas as descrições da morte do herói, Cípria de autoria desconhecida, Etiópida de Arctino, a Pequena Ilíada, de Lesco de Mitilene, entre outras, não existe qualquer indicação ou referência à sua invulnerabilidade ou ao seu célebre ponto fraco no calcanhar; nas pinturas em vasos feitas mais tarde, que representam a morte de Aquiles, a flecha ou, em muitos casos, as flechas o atingem no corpo. O adivinho Calcas havia declarado, quando Aquiles tinha nove anos de idade, que Troia só poderia ser tomada com a ajuda de Aquiles. Tétis tinha o pressentimento de que Aquiles morreria na guerra. Apavorada, Tétis tratou de disfarçar o seu filho de mulher e o enviou para a corte do rei Licomedes, na ilha de Esquiro, para que ele fosse educado no gineceu, junto às filhas virgens do rei, disfarçado com o nome de Pirra (loira ou ruiva). Entretanto, os gregos enviaram Odisseu como embaixador à corte de Peleu, a fim de que ele trouxesse o indispensável Aquiles, mas como este não foi encontrado, recorreram a Calcas, que lhes revelou o embuste.

Odisseu se disfarçou, então, de mercador, e dirigiu-se ao palácio de Licomedes, conseguindo entrar no gineceu. Ele expôs, perante os olhos maravilhados das princesas, os mais ricos adornos; entre os tecidos e as joias, no entanto, estavam escondidos um escudo e uma lança. Odisseu fez soar a trombeta da guerra, quando a pretensa Pirra correu para se armar, se revelando. Aquiles então concorda em participar da guerra. Entretanto, uma das filhas de Licomedes, Deidamia, que já há muito tempo conhecia a verdadeira identidade de Aquiles, apresentou-se grávida, embora o nascimento do seu filho só aconteça após a partida do herói. Este recebeu o nome de Neoptólemo, e a alcunha de Pirro pelo nome de seu pai. Entretanto, alguns versos da Ilíada (XIX, 315-337) indicam que Aquiles já o conhecia antes de sua partida, embora ainda fosse uma criança. A própria cronologia sugere isso, pois o filho de Aquiles vai participar da guerra, dez anos depois. Odisseu conduziu então Aquiles para junto de seus pais. Tétis, assustada com o insucesso do seu estratagema, fez recomendações a seu filho: a sua vida seria tanto mais longa quanto mais obscura ele a mantivesse. Mas Aquiles recusou os conselhos de sua mãe.

Nada lhe importava mais do que o brilho da glória e, por mais que os oráculos previssem a sua morte em Troia - como consequência de ter matado um filho de Apolo - ele não descansou enquanto seu pai não lhe concedeu um exército e uma frota. Peleu dotou-o então com cinquenta navios e confiou-lhe as armas que os deuses lhe tinham oferecido no dia do seu casamento. Aquiles partiu, levando consigo o seu fiel preceptor Fénix, assim como também, o seu fiel e inseparável amigo Pátroclo. Peleu confiou Aquiles a Quíron, o centauro, no monte Pélion, para lá ser criado. O centauro encarregou-se da educação do jovem, alimentou-o com mel de abelhas, medula de ursos e de javalis e vísceras de leões. Ao mesmo tempo, iniciou-o na vida rude, em contato com a natureza; exercitou-o na caça, no adestramento dos cavalos, na medicina, na música e, sobretudo, obrigou-o a praticar a virtude. Aquiles tornou-se um adolescente muito belo, loiro, de olhos vivos, intrépido, simultaneamente capaz da maior ternura e da maior violência. Peleu deu ainda ao seu filho um segundo preceptor, Fénix, um homem de sabedoria, que instruiu o príncipe nas artes da oratória e da guerra. Com Aquiles, foi educado Pátroclo, seu amigo, filho do rei da Lócrida, Menécio.

Na mitologia grega, Pátroclo ou Pátroklos (“glória do pai”) é um dos personagens centrais da Ilíada, filho de Menécio e amigo de infância, companheiro de guerra próximo Aquiles. Na juventude, Pátroclo matou covardemente um amigo seu, Clisónimo, durante um jogo de astrágalos. É um jogo composto de cinco peças, normalmente são utilizadas pedras polidas. Os jogadores lançam as peças do jogo no ar e tentam pegar o maior número possível na parte de trás de uma das mãos enquanto caem. Quem pegar o maior número de pedras ganha. “A história do brinquedo”, afirma que o jogo tem origens pré-históricas e seria jogado, por reis e nobres, com pedras preciosas. Na antiguidade era praticado com ossos feitos de tornozelos de ovelhas ou cabras, ou modelos desses. Por ser um jogo extremamente difundido pelo mundo, tem diversos nomes locais. Na Grécia Antiga era conhecido como Astrágalo. Em inglês Knucklebones e em francês: Osselets. O seu pai teve de se exilar com ele para fugir à punição. Obtiveram refúgio na corte do rei Peleu, pai de Aquiles. O rei enviou os dois jovens para a floresta, onde foram educados em várias artes, especialmente a medicina, por Quíron, o sábio rei dos centauros. 

         De acordo com a narrativa da Ilíada, quando a “maré” da Guerra de Troia se voltou contra os gregos e os troianos ameaçavam seus navios, Pátroclo convenceu Aquiles a deixá-lo liderar os mirmidões em combate. Aquiles então disse a Pátroclo para retornar depois de bater os troianos de volta de seus navios.  Pátroclo desafiou a ordem de Aquiles e perseguiu os troianos de volta aos portões de Tróia. Pátroclo lutou com os gregos durante a Guerra de Troia. Matou Sarpedão (um filho de Zeus), Cébrion (condutor do carro de Heitor) e outros troianos considerados de menor destaque. Quando Aquiles se recusou a lutar devido à sua disputa com Agamemnon, Pátroclo, envergando a armadura de Aquiles, depois de aconselhado por Nestor e com o consentimento de Aquiles, é atacado por Apolo, ferido de morte por Euforbo, finalmente, golpeado por Heitor. Depois de resgatar o corpo, que fora protegido no campo de batalha por Menelau e Ájax, Aquiles retarda durante algum tempo os rituais fúnebres, preocupado com a vingança contra Heitor, mas é convencido quando uma aparição de Pátroclo lhe suplica a cremação, de forma a que a sua alma possa ser admitida no Hades. Iniciam-se, então, as cerimônias fúnebres nas quais se sacrificam cavalos, cães, e doze troianos cativos antes de colocar o corpo de Pátroclo na pira crematória. Pátroclo foi então cremado em uma pira funerária, que foi coberta com os cabelos de seus companheiros tristes. Como cortar o cabelo era sinal de tristeza e, ao mesmo tempo, servia como um sinal de separação entre os vivos e os mortos, isso mostra como Pátroclo tinha sido muito querido.

As cinzas de Aquiles teriam sido enterradas em uma urna de ouro junto com as de Pátroclo pelo Helesponto. Aquiles organiza, em seguida, uma competição de atletismo em honra do morto, que incluía uma corrida de carros (vencida por Diomedes), pugilismo (vencido por Epeu), uma corrida a pé (vencida por Ulisses), lançamento de disco (vencido por Polipetes), e um concurso de arco (vencido por Pentesileia, uma amazona), e lançamento de dardo (vencido por Agamemnon). Os jogos são descritos no livro 23 da Ilíada, e são uma das primeiras referências ao desporto em documentos da antiga Grécia. Aquiles é o único mortal a experimentar a ira devoradora; se sua raiva pode, por vezes, hesitar, noutros momentos ela não pode ser resfriada. A humanização de Aquiles através dos eventos da guerra é um importante tema da narrativa da obra. Assim que os gregos partem para a Guerra de Troia, eles fazem uma parada acidental na Mísia, na Ásia Menor, governada então pelo rei Télefo. Na batalha que se seguiu Aquiles provocou no próprio Télefo uma ferida que não cicatrizava jamais; Télefo consultou um oráculo, que afirmou que “aquele que feriu deverá curar”. Guiado pelo oráculo, foi levado a Argos, onde Aquiles o curou, e acabou por se tornar seu guia na viagem a Troia. De acordo com relatos sobre a peça perdida de Eurípides sobre Télefo, ele teria ido a Áulide fingindo ser um mendigo, e pedido a Aquiles que curasse sua ferida; este recusou, afirmando não ter conhecimentos de medicina. Ainda noutra versão, Télefo teria sequestrado Orestes e pedido um resgate para libertá-lo, que seria a ajuda de Aquiles para curar a ferida. Odisseu teria argumentado que a lança de Aquiles causou a ferida e, portanto, ela deveria poder curá-la. Pedaços da lança foram assim raspados sobre a ferida, e Télefo foi curado.

Regressados ao porto de Élida - oito anos mais tarde - para se reagruparem após esta expedição fracassada, os gregos foram imobilizados pela força dos ventos. Agamemnon, o chefe dos exércitos aqueus, tendo sabido através do oráculo que os ventos não soprariam a seu favor a não ser que sacrificasse a sua filha Ifigénia, imaginou que a melhor maneira de a atrair, sem suspeitas, seria propondo-lhe casamento com Aquiles. Quando o herói teve conhecimento do embuste em que fora envolvido sem saber, censurou violentamente o “rei dos reis”: e esta será a primeira querela com Agamemnon. Ifigênia decide se sacrificar para impedir que a revolta continue, para que Aquiles não seja ferido em vão e para ajudar os gregos a seguirem para Troia. Para admiração de Aquiles ela segue para o altar ignorando as súplicas da mãe que se desespera com seu destino cruel. Após o cumprimento do sacrifício de Ifigénia, os deuses permitiram aos ventos que soprassem, e assim a frota grega pôde navegar, fazendo escala na ilha de Tenedo, ao largo de Troia. Não se sabe ao certo se o rei da ilha, Tenes, teria simplesmente se oposto ao desembarque dos gregos, ou antes, do ponto de vistas das relações de gênero, tentado proteger a sua irmã das intenções de Aquiles; qualquer que seja a resposta, a verdade é que ele acabou sendo morto pelo herói. Como Tenes era, no entanto, filho de Apolo, seu destino foi traçado ali - mesmo que Aquiles lhe tenha prestado um serviço fúnebre cheio de pompa. Assim que os gregos partem para a Guerra de Troia, eles fazem uma parada acidental na Mísia, na Ásia Menor, governada pelo rei Télefo que herdou o trono de Teutras e, na época em que os gregos se reuniam para atacar a Ásia Menor, ele era aliado dos troianos e rei da Mísia. 

Na batalha que se seguiu Aquiles provocou no próprio Télefo uma ferida que não cicatrizava jamais; Télefo consultou um oráculo, que afirmou que “aquele que feriu deverá curar”. Guiado pelo oráculo, foi levado a Argos, onde Aquiles o curou, e acabou por se tornar seu guia na viagem a Troia. De acordo com relatos sobre a peça perdida de Eurípides sobre Télefo, ele teria ido a Áulide fingindo ser um mendigo, e pedido a Aquiles que curasse sua ferida; este recusou, afirmando não ter conhecimentos de medicina. Ainda noutra versão, Télefo teria sequestrado Orestes e pedido um resgate para libertá-lo, que seria a ajuda de Aquiles para curar a ferida. Odisseu teria argumentado que a lança de Aquiles causou a ferida e, portanto, ela deveria poder curá-la. Pedaços da lança foram então raspados sobre a ferida, e Télefo foi curado. Regressados ao porto de Élida - oito anos mais tarde - para se reagruparem após esta expedição fracassada, os gregos foram imobilizados pela força dos ventos. Agamemnon, o chefe dos exércitos aqueus, tendo sabido através do oráculo que os ventos não soprariam a seu favor a não ser que sacrificasse a sua filha Ifigénia, imaginou que a melhor maneira de a atrair, sem suspeitas, seria propondo-lhe casamento com Aquiles. Quando o herói teve conhecimento do embuste em que fora envolvido sem saber, censurou violentamente o “rei dos reis”: e esta será a primeira querela com Agamemnon.  Após o cumprimento do sacrifício de Ifigénia, os deuses permitiram aos ventos que soprassem, e assim a frota grega pôde realmente navegar, fazendo escala na ilha de Tenedo, ao largo de Troia.

Não se sabe ao certo se o rei da ilha, Tenes, teria se oposto ao desembarque dos gregos, ou antes tentado proteger a sua irmã das intenções de Aquiles; qualquer que seja a resposta, a verdade é que ele acabou sendo morto pelo herói. Como Tenes era, no entanto, filho de Apolo, seu destino foi traçado ali - mesmo que Aquiles lhe tenha prestado um serviço fúnebre cheio de pompa. De acordo com a Cípria, com o resto do Ciclo Épico e as tradições narradas por Plutarco e pelo acadêmico bizantino João Tzetzes, quando os navios gregos chegaram a Troia, Aquiles teria lutado contra Cicno de Colonas, um filho de Posídon, e o matado. De acordo com a Cípria quando os aqueus desejaram retornar para suas casas, (a parte do Ciclo Épico que narra os eventos da Guerra de Troia antes da ira de Aquiles), foram impedidos por Aquiles, que posteriormente atacou o gado de Eneias, saqueou as cidades vizinhas e matou Troilo. De acordo com Dares, o Frígio, em seu Relato da Destruição de Troia, o sumário em latim através do qual a história de Aquiles foi transmitida à Europa medieval, Troilo era um jovem príncipe troiano, o mais novo dos cinco filhos legítimos de Príamo (ou, por vezes, de Apolo) e de Hécuba. Apesar de sua pouca idade, foi um dos principais líderes guerreiros troianos.

Profecias ligavam o destino de Troilo ao de Troia, e por isso ele sofreu uma emboscada, numa tentativa de aprisioná-lo. Aquiles, no entanto, fascinado com a beleza tanto de Troilo como de sua irmã Polixena, e, arrebatado pelo desejo, dirigiu suas atenções sexuais ao jovem - que, ao recusar-se a ceder aos avanços de Aquiles, viu-se decapitado sobre um altar de Apolo. Versões posteriores da história sugeriram que Troilo teria sido morto acidentalmente por Aquiles, num abraço caloroso entre amantes; nesta versão do mito, a morte de Aquiles teria vindo como uma retribuição por este sacrilégio. Os escritores antigos retrataram Troilo como a epítome de uma criança morta, pranteada por seus pais. Nas palavras do primeiro Mitógrafo Vaticano, “se Troilo tivesse chegado à idade adulta, Troia teria sido invencível”. A Ilíada de Homero é a narrativa mais famosa dos feitos de Aquiles na Guerra de Troia. O épico homérico cobre apenas algumas poucas semanas do conflito, e não descreve a morte de Aquiles. Ela se inicia com o herói se retirando da batalha, após se ver desonrado por Agamemnon, comandante das forças aqueias. Ele havia capturado uma mulher chamada Criseida como escrava; seu pai, Crises, sacerdote do deus Apolo, implorou a Agamemnon que a devolvesse em vão. 

Como punição, Apolo fez uma praga recair sobre os gregos. O profeta Calcas conseguiu determinar com sucesso a origem dos problemas, porém não ousou se manifestar até que Aquiles jurasse poder protegê-lo. Agamemnon consentiu então em retornar Criseida a seu pai, porém ordenou que o prêmio obtido por Aquiles durante a batalha, a escrava Briseida, lhe fosse trazida como substituta de Criseida. Irado com a desonra (e, como ele viria a dizer posteriormente, porque amava Briseida) e incitado por Tétis, sua mãe, Aquiles recusou-se a lutar ou liderar suas tropas junto com as forças gregas. À medida que a batalha começou a tomar um rumo desfavorável aos gregos, Nestor declarou que os troianos estavam vencendo porque Agamemnon havia enfurecido a Aquiles, e instigou o líder aqueu a fazer as pazes com o guerreiro. Agamemnon concordou e enviou Odisseu e mais outros dois líderes até Aquiles, oferecendo o retorno de Briseida e outros presentes. Aquiles recusou, e ainda instou os gregos a velejarem de volta para casa, como ele planejava fazer. Eventualmente, no entanto, ansioso por obter glória, a despeito de sua ausência no campo de batalha, Aquiles orou para sua mãe, pedindo a ela que intercedesse a seu favor junto a Zeus, favorecendo os troianos - que, liderados por Heitor, acabaram efetivamente por empurrar o exército grego rumo aos seus acampamentos na praia, e tomaram de assalto seus navios. Com as tropas gregas à beira da completa destruição, Pátroclo liderou os mirmidões na batalha, passando-se por Aquiles com sua armadura e seu carro de batalha.

Pátroclo obteve sucesso ao expulsar os troianos das praias pelos gregos, e acabou sendo morto por Heitor antes que pudesse organizar o contra-ataque à cidade de Troia. Após receber de Antíloco, filho de Nestor, as notícias da morte de Pátroclo, Aquiles sofreu muito com a morte de seu amigo, e realizou diversos jogos fúnebres em sua honra. Sua mãe, Tétis, também tenta confortar um Aquiles atormentado, e convence Hefesto a fazer-lhe uma nova armadura, no lugar daquela que Pátroclo vestia, e que fora levada por Heitor. A nova armadura contava com o Escudo de Aquiles, descrito com riqueza de detalhes pelo poeta. Furioso com a morte de Pátroclo, Aquiles reconsidera sua decisão de se afastar do combate, e voltou à batalha, matando diversos homens em sua fúria - sempre à procura de Heitor. O herói chegou mesmo a lutar contra o deus-rio Escamandro, que havia se enfurecido por Aquiles ter sufocado suas águas com todos os homens que ele havia matado. O deus estava prestes a afogar Aquiles quando foi interrompido por Hera e Hefesto; e o próprio Zeus, ao perceber a dimensão da fúria de Aquiles, enviou os deuses para contê-lo, para que ele não saqueasse sozinho a própria Troia - indicando que a fúria de Aquiles, se não fosse obstruída, poderia desafiar o destino, já que Troia não deveria ser destruída ainda. Aquiles encontrou sua presa; após perseguir Heitor nas muralhas de Troia por três vezes, até que a deusa Atena - que havia assumido a forma do irmão favorito de Heitor, Deífobo - convenceu Heitor a parar de fugir e enfrentar Aquiles, cara a cara.

Quando Heitor percebeu que havia sido enganado, soube que sua morte era inevitável e aceitou seu destino; desejoso de morrer lutando, atacou Aquiles com sua única arma, sua espada. Aquiles obteve finalmente sua vingança, matando Heitor com um único golpe no pescoço. Amarrou então o corpo do derrotado ao seu carro, e o arrastou pelo campo de batalha por nove dias. Com a ajuda do deus Hermes, o pai de Heitor, Príamo, foi à tenda de Aquiles durante uma noite e implorou-lhe que permitisse realizar os ritos fúnebres que seu filho merecia. A última passagem da Ilíada é o funeral de Heitor, após o qual o destino de Troia era apenas uma questão de tempo. Após esta trégua temporária com Príamo, Aquiles derrotou em combate e matou a rainha amazona, Pentesileia, mais tarde lamentando sua morte. Inicialmente distraído por sua beleza, ele não lutou de maneira tão intensa quanto de costume; ao perceber, no entanto, que sua distração estava colocando em risco sua vida, devido às habilidades de combate da rainha guerreira, concentrou-se novamente e conseguiu matá-la. Enquanto Aquiles lamentava a morte de tão rara beleza, um notório tumultuador grego, chamado Térsites, começou a rir e caçoar, sugerindo que o herói estaria apaixonado pela falecida; perturbado com tamanha falta de sensibilidade e de respeito, Aquiles socou Térsites no rosto com fúria, matando-o imediatamente. Homero retrata Térsites como indivíduo de baixo nível social, as tradições o descreveram sendo parente de Diomedes - o que teria levado Aquiles a viajar à ilha de Lesbos, em busca de purificação.

Segundo o diário de Díctis de Creta, a história foi diferente. Pentesileia chegou durante os funerais de Heitor, trazendo um exército de amazonas e aliados, e atacou os gregos, sem a ajuda dos troianos. Aquiles feriu Pentesileia, puxou-a pelo cabelo, e derrubou-a do cavalo, o que causou a fuga do seu exército. Pentesileia ainda estava viva, e os gregos discutiram o que fazer com ela: jogá-la no rio ou dá-la para os cachorros dilacerarem, mas Aquiles queria deixá-la morrer naturalmente (pelas feridas) e enterrá-la. Diomedes acabou tendo sua ideia aprovada por unanimidade, e a amazona foi jogada no rio Escamandro para morrer afogada - um ato que Díctis considerou cruel e bárbaro. Com a morte de Pátroclo, o companheiro mais próximo de Aquiles passou a ser o filho de Nestor, Antíloco. Quando Mêmnon, rei da Etiópia o matou, Aquiles novamente foi compelido a voltar ao campo de batalha, em busca de vingança. O combate entre Aquiles e Mêmnon, motivado pela morte de Antíloco, apresentou ecos do ocorrido entre Aquiles e Heitor, pela morte de Pátroclo - com a exceção de que Mêmnon, ao contrário de Heitor, também era filho de uma deusa. Diversos estudiosos homéricos argumentaram que o episódio teria inspirado diversos detalhes na descrição da morte de Pátroclo, na Ilíada, e a reação de Aquiles a ele. O episódio fazia parte do Ciclo Épico da Aethopis (“Etiópica”), composta após a Ilíada, provavelmente no século VII a.C.

A obra está perdida atualmente, e sobrevive apenas em fragmentos esparsos citados por autores posteriores. Como havia sido previsto por Heitor, em seu último suspiro, Aquiles foi morto posteriormente por Páris, com uma flecha envenenada no calcanhar, repetimos, de acordo com a versão de Estácio. Em certas versões do mito, o próprio deus Apolo teria guiado a seta de Páris. Ambas as versões negam posteriormente a Páris qualquer tipo de valor pelo feito, devido à concepção comum de que ele era um covarde, e não o homem que seu irmão Heitor era - e, consequentemente, Aquiles teria permanecido sem ser derrotado no campo de batalha. Seus ossos foram misturados aos de Pátroclo, e jogos fúnebres foram realizados em sua homenagem. Aquiles também apareceu em outro épico perdido sobre a Guerra de Troia, de autoria de Arctino de Mileto, como tendo vivido ainda após a sua morte, na ilha de Leucas, na foz do rio Danúbio. Outra versão de sua morte narra que ele teria se apaixonado profundamente por uma das princesas de Troia, Polixena, e teria pedido sua mão a Príamo - que consentiu com a união, pressentindo que ela simbolizaria o fim da guerra e uma aliança com o maior guerreiro do mundo. Enquanto o rei organizava os preparativos para o matrimônio, no entanto, Páris - que teria de abandonar Helena se Aquiles se casasse com sua irmã, escondeu-se em arbustos próximos a Aquiles e o matou com a flecha divina.

Páris teria então sido morto por Filoctetes, com o arco e as flechas de Héracles. A armadura de Aquiles foi alvo de uma disputa entre Odisseu e Ájax Telamônio; ambos competiram por ela através de discursos sobre quem seria o mais corajoso depois de Aquiles, feitos para os prisioneiros troianos - que, depois de debater o assunto, chegaram a um consenso e deram a vitória a Odisseu. Ájax, furioso, o amaldiçoou - o que lhe trouxe a ira da deusa Atena, que o enlouqueceu temporariamente de tristeza e angústia, e o levou a assassinar ovelhas acreditando serem seus companheiros. Ao despertar de sua fúria e perceber o que havia feito, Ájax cometeu suicídio. Odisseu eventualmente acabou presenteando a armadura a Neoptólemo, filho de Aquiles. Uma relíquia que se alegava ser a lança com ponta de bronze de Aquiles foi preservada por séculos no templo de Atena, situado na acrópole de Fasélis (Phaselis), na Lícia, um porto situado no golfo Panfílio. A cidade foi visitada em 333 a.C. por Alexandre, o Grande, que costumava se ver como um “novo Aquiles” e levava a Ilíada consigo; seus biógrafos, no entanto, não mencionam a lança, que teria sem dúvida despertado seu interesse. A relíquia, no entanto, seguramente estava em exibição durante a vida de Pausânias no século II. A relação de Aquiles com Pátroclo é um dos aspectos de composição de seu mito. Sua natureza exata vem sendo alvo de debates e disputas, desde a Antiguidade até hoje.

Na Ilíada eles parecem ser retratados de maneira geral como modelos de uma relação de philia profunda e legal; por isso, analistas e estudiosos de todas as épocas já interpretaram a relação sob o ponto de vista de suas próprias culturas, o que gerou uma ampla gama de opiniões a respeito. Na Atenas do século V a.C., por exemplo, cerca de quatro séculos após Homero, a relação era comumente interpretada como pederástica. Já leitores contemporâneos se dividem entre interpretar os dois heróis tanto como “camaradas de guerra” (hetaîros), entre os quais não existe qualquer tipo de relacionamento sexual, quanto como um casal homossexual. Havia um culto heroico arcaico a Aquiles na Ilha Branca (Leuca), no mar Negro, na atual costa da Romênia e Ucrânia, onde um templo e um oráculo dedicado ao herói sobreviveu até o período romano. No épico perdido Aithiopis, uma espécie de continuação da Ilíada atribuída a Arctino de Mileto, a mãe de Aquiles, Tétis, retorna para prestar-lhe homenagens e remover suas cinzas da pira funerária, e leva-as a Leuca, na foz do Danúbio.

Os aqueus ergueram um túmulo para ele, e celebraram jogos fúnebres. A História Natural de Plínio, o Velho, menciona que o túmulo já não mais era visível (“Insula Akchillis tumulo eius viri clara”) na ilha consagrada a ele, localizada a cinquenta milhas romanas de Peuce, no delta do Danúbio. Pausânias foi informado que a ilha era coberta por florestas e repleta de animais, alguns selvagens, outros dóceis, e que na ilha também havia um templo de Aquiles, e sua estátua. Ruínas de um templo em forma de quadrado, com 30 metros em cada lado - possivelmente aquele dedicado a Aquiles - foram descobertas por um capitão Kritzikly, em 1823, porém não há atualmente qualquer tipo de trabalho arqueológico sendo feito na ilha. Segundo Pompônio Mela, Aquiles estaria enterrado na ilha chamada de Aquileia (Achillea), entre o Borístenes e o Istro. Entetanto, para o geógrafo grego Dionísio Periegeta, da Bitínia, que viveu no tempo do imperador romano Domiciano, a ilha onde Aquiles está enterrado seria chamado de Leuca (em grego: Leuke, “branca”) “porque os animais selvagens que lá vivem são brancos”, e que lá residiriam as almas de Aquiles e de outros heróis, que vagavam sobre os vales desabitados do local; “era assim que Jove recompensava os homens que haviam se distinguido por suas virtudes, porque através da virtude alcançaram a honra eterna”.

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