“À besta foi dada uma boca para falar palavras arrogantes e blasfemas”. Apocalipse 13:5-6
A história social tem
paralelos com a biografia do próprio autor. O estilo da obra é realista
e a história se passa na Inglaterra. É estrelado por Léa
Seydoux e George MacKay, com Guslagie Malanda, Dasha Nekrasova, Martin
Scali, Elina Löwensohn, Marta Hoskins, Julia Faure, Kester Lovelace, Félicien
Pinot e Laurent Lacotte em papéis coadjuvantes. A Besta teve sua estreia
mundial em 3 de setembro de 2023, no 80º Festival Internacional de Cinema de
Veneza, como parte da competição oficial. O filme foi lançado nos cinemas da
França em 7 de fevereiro de 2024 pela Ad Vitam e no Canadá em 19 de abril pela
Maison 4:3. No Brasil, historicamente há duas edições da obra: com tradução de
Fernando Sabino, pela Editora Rocco, em 1985; com tradução de José Geraldo
Couto, pela editora Cosac & Naify, em 2007. Em 1960, Fernando Sabino
publicou o livro O Homem Nu, pela Editora do Autor, fundada por ele,
Rubem Braga e Walter Acosta. Publicou, em 1962, A mulher do vizinho, que
recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia, do Pen Club do Brasil. Em 1964, muda-se
para Londres, onde exerce a função do adido cultural junto à embaixada
brasileira. Torna-se correspondente do extraordinário Jornal do Brasil.
Colabora na BBC e com as revistas Manchete e Claudia. A biografia
é um gênero em que o autor narra a história de vida de uma pessoa ou de várias
pessoas.
O
Jornal do Brazil (a grafia é utilizada até 1893) foi fundado em 9 de
abril de 1891 pelo jornalista e político Rodolfo Epifânio de Sousa Dantas, com
intenção de defender a monarquia recentemente deposta, embora tivesse que agir
de maneira discreta ante o regime republicano para não sofrer com a censura,
tal como outros jornais da época. De nível elevado, contava com a colaboração
de José Veríssimo, Joaquim Nabuco, Aristides Spínola, Ulisses Viana, o Barão do
Rio Branco que escrevia as célebres colunas Efemérides e Cartas de França, e
outros como Oliveira Lima, então apenas um jovem historiador. As afinidades da
maioria desses elementos com o regime deposto foram sintetizadas por Nabuco
como “a melhor República possível”. O periódico inovou por sua estrutura
empresarial, parque gráfico sediado na Rua Gonçalves Dias, 56, pela
distribuição em carroças e a participação de correspondentes estrangeiros, como
Eça de Queiroz. Teve sua redação empastelada pela primeira vez em 16 de
dezembro de 1891, dias após a morte do Imperador D. Pedro II, noticiada com
pesar “em uma edição especial tarjada de negro em sinal de luto”. Após o
ocorrido, Rodolfo Dantas, Joaquim Nabuco e Sancho de Barros Pimentel deixaram o
jornal, que passou a ser dirigido por Henrique de Villeneuve, que passou a dar
uma orientação mais conservadora ao jornal. Em 1893, a propriedade do jornal
passa a ser de uma sociedade anônima, e em maio do mesmo ano, Rui Barbosa
adquire-o por 70:000$000 (setenta contos de réis) juntamente com Joaquim Lúcio
de Albuquerque Melo. Barbosa assumiu a função de redator-chefe do jornal, que
deixou oficialmente de defender a volta da monarquia e passou a apoiar a República,
porém, indo contra os interesses do presidente Floriano Peixoto.
O Jornal do Brasil
passou a publicar notícias internacionais, em parceria com a agência de
notícias Reuter-Havas. Na Revolução Federalista, que ocorreu entre 1893
e 1895, Barbosa publicou no jornal em 31 de agosto o habeas corpus que
expediu a favor do almirante Eduardo Wandenkolk, que havia sido preso por
assinar o Manifesto dos 13 generais. Por conta disso, o jornal foi novamente
empastelado três dias após a publicação. Em 6 de setembro de 1893, dia que
eclodiu a Segunda Revolta da Armada, o Jornal do Brasil foi o único
periódico da então Capital Federal a publicar o manifesto do Contra-Almirante
Custódio de Melo, bem como um artigo onde Rui Barbosa atacava os partidários de
Floriano, que mandou caça-lo “vivo ou morto”. Barbosa parte para o exílio pouco
depois, e o jornal fica em circulação até o presidente decretar estado de sítio
e suspender a liberdade de imprensa no Brasil, causando o fechamento do Jornal
do Brasil por 1 ano e 45 dias. Por iniciativa dos irmãos Cândido Mendes de
Almeida Filho e Fernando Mendes de Almeida, que formaram a Mendes & Cia., o
jornal voltou a circular em 15 de novembro de 1894, data da posse do presidente
Prudente de Moraes, que marcava o fim da “República da Espada” e o início do
período civil que veio a ser reconhecido como “política do
café-com-leite”. A opção pela data assinalava o apoio à República que
completava 5 anos, e jornal passou a se intitular como o “legítimo e natural
representante do povo”, voltando sua linha jornalística editorial para as
notícias policiais, reivindicações populares e problemas urbanos. Os novos
proprietários passaram a desconsiderar os três primeiros anos de funcionamento
do jornal, tomando a data de relançamento do jornal como a de fundação, bem
como a contar as edições a partir da mesma, embora em seu ersatz os anos
se mantivessem a partir da contagem original.
A Besta (La Bête) tem como representação um filme de drama romântico e ficção científica de 2023, dirigido e escrito por Bertrand Bonello a partir de uma etnografia que ele co-escreveu com Guillaume Bréaud e Benjamin Charbit. Uma coprodução entre a França e o Canadá, o filme é vagamente baseado na novela de Henry James de 1903, The Beast in the Jungle, uma novela curta do escritor inglês como parte da coletânea The Better Sort. Considerada como uma das melhores obras do escritor, trata de temas como solidão, destino, amor e morte. É considerada como de difícil tradução para o idioma português, devido às sutilezas do texto original e da trama extraordinária. Em um futuro próximo onde as emoções se tornaram uma ameaça, Gabrielle (Léa Seydoux) finalmente consegue “purificar” seu Ácido Desoxirribonucleico (DNA), que tem como representação biológica a molécula fundamental que armazena a informação genética dos seres vivos, formando uma dupla hélice espiralada composta por nucleotídeos, em uma máquina que a conecta a vidas passadas, eliminando quaisquer sentimentos fortes. O ano é 2044 e a espécie humana foi substituída por inteligências artificiais (IA) que assumiram a maior parte das tarefas e empregos. Durante o processo de purificação, Gabrielle encontra Louis (George MacKay) e sente uma conexão poderosa, como se o conhecesse desde sempre. Um melodrama que se desenrola em três períodos distintos, 1910, 2014 e 2044.
Em certos casos a diversidade biográfica inclui aspectos da obra dos biografados, numa abordagem muitas vezes de um ponto de vista crítico e não apenas alienante e meramente historiográfico. Em francês, o termo biographie é documentado em 1721; em inglês, a palavra biography foi documentada em 1791 e na forma biografia em 1683; em espanhol, biografia, e, em português, na segunda metade do século XIX. A literatura norte-americana assinala sua contribuição para o gênero através da Autobiography (1766), de Benjamin Franklin. Na Itália, as autobiografias de Carlo Goldoni, Mémoires (1787), escritas originalmente em francês, e a de Carlo Gozzi, Memorie Inutili (1797) são dignas de menção. A obra-prima do gênero autobiográfico Les Conféssions (1781-1788), de Jean-Jacques Rousseau, se insurge contra a raison classicista e antecipa a mentalidade romântica do século XIX. No Brasil, no plano autobiográfico, sua progênie é de Joaquim Nabuco com Minha Formação. No século passado, Graciliano Ramos com Infância (1945), Oswald de Andrade, Sob as Ordens de Mamãe (1954), Helena Morley, Minha Vida de Menina (1952), Afonso Arinos de Melo Franco, A Alma do Tempo, Formação e Mocidade (1961) e o antropólogo Darcy Ribeiro, Confissões (2012), entre outros. Considerado um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América, foi um dos líderes da extraordinária Revolução Americana, de 1776, reconhecido por suas citações e experiências com a eletricidade. Foi ainda o primeiro embaixador dos Estados Unidos na França. Deísta, e uma figura representativa do iluminismo, correspondeu-se com membros da sociedade lunar e foi eleito membro da Royal Society. Benjamin Franklin nasceu em Milk Street, Boston.
O seu pai, Josiah Franklin (1657-1745), era comerciante de velas de cera, e casou duas vezes. Benjamin foi o 17º filho de 20 crianças nascidas dos dois casamentos. Deixou os estudos aos dez anos de idade e aos doze começou a trabalhar como aprendiz do seu irmão, James, um impressor que publicava um jornal chamado The New-England Courant. Tornou-se colaborador da publicação e foi seu editor nominal, escrevendo as cartas, sob o pseudônimo de Mrs. Silence Dogood, uma viúva de meia idade. Depois de uma discussão com o irmão, Benjamin fugiu, causa que o transformou em um fugitivo da lei, indo primeiro a Nova Iorque e depois a Filadélfia, onde chegou em outubro de 1723. Em breve encontrou trabalho como impressor, mas após alguns meses, foi convencido pelo governador Keith a ir para Londres, onde, desiludido das promessas de Keith, voltou a trabalhar como compositor tipográfico, até que um mercador chamado Thomas Denham o fizesse regressar a Filadélfia, dando-lhe uma posição na sua empresa. Em 1732 começou a publicar o famoso Almanaque do Pobre Ricardo (Poor Richard's Almanac), no qual se baseia boa parte da sua popularidade nos EUA. Provérbios deste almanaque, tais como “um tostão poupado é um tostão ganhado”, tornaram-se reconhecidos em boa parte do mundo globalizado. Franklin e outros maçons juntaram os seus recursos em 1731 e iniciaram a primeira biblioteca pública de Filadélfia. Fundaram para esse fim uma empresa, que encomendou os seus primeiros livros em 1732, na sua maioria livros de teologia e educacionais, mas em 1741 a biblioteca também incluía obras de história, de geografia, de poesia e de ciência. Os sucessos dessa empreitada encorajaram a abertura de bibliotecas em outras cidades americanas e Franklin percebeu que tal iniciativa fazia parte da luta das colônias na defesa dos seus interesses.
O corpo percorre a
história social da ciência e da filosofia. De Platão a Bergson, passando por
René Descartes, Baruch Espinosa, Maurice Merleau-Ponty, Sigmund Freud, Karl
Marx, Friedrich Nietzsche, Max Weber e Michel Foucault, a definição de corpo
demonstra um puzzle. Quase todos reconhecem a profusão da visão dualista de
Descartes, que define o corpo como uma substância extensa em oposição à
substância pensante. Podemos perceber que seguindo este modo de compreensão,
sobretudo com o advento da modernidade, o corpo foi facilmente associado a uma
máquina. O corpo foi pensado como um mecanismo elaborado por determinados
princípios que alimentam as engrenagens desta máquina promovendo o seu bom
funcionamento. Isto quer dizer que através dos exercícios de abstinência e
domínio que constituem a ascese necessária, o lugar atribuído ao conhecimento
de si torna-se mais importante: a tarefa de se pôr à prova, de se examinar, de
controlar-se numa série de exercícios bem definidos, coloca a questão da
verdade – da verdade do que se é, do que se faz e do que é capaz de fazer na
constituição do sujeito moral. O ponto de chegada dessa elaboração é na e pela
soberania do indivíduo sobre si mesmo. O momento histórico das
disciplinas é o que nasce uma arte do corpo humano, que visa não
unicamente o aumento técnico de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua
sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna
tanto uma prática política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma
manipulação calculada em torno de seus elementos, assim como de seus gestos, e
sobretudo de vigilância de seus comportamentos.
A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dóceis. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra: ela associa intermitentemente a relação do poder do corpo; faz dele uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte, por outro lado a energia, a potencialidade que poderia resultar disso, e dela a relação intermitente de sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força bruta e o produto social do trabalho, a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo definitivamente entre uma aptidão aumentada e uma dominação acentuada. Entendida como consumo cultural, a prática do culto ao corpo situa-se como preocupação geral de mobilidade social, que perpassa a estratificação de classes sociais e faixas etárias, apoiada num discurso clínico difuso que se refere tanto a questão estética, quanto a preocupação alimentar com a saúde. Nas sociedades contemporâneas há uma crescente apropriação do corpo, com a dieta alimentar e o consumo excessivo de cosméticos, impulsionados pelo processo de massificação da propaganda/consumo na esfera econômica da globalização, desde o desenvolvimento econômico na passagem do século XIC ao século XX, onde o corpo ganha mais espaço, principalmente nos meios midiáticos. As fábricas de imagens estéticas do vencedor no cinema, televisão, publicidade, revistas etc., têm contribuído para isso.
Ipso facto, nos leva a pensar que a imagem da eterna “fonte de juventude”, associada ao corpo perfeito idealmente, ao sucesso na educação, no trabalho e na vida amorosa atravessa as etnias e classes sociais de maneiras diferentes em diversos estilos de vida. “Live and Let Die” uma expressão inglesa que significa “viva e deixe morrer”. É o título original de uma música escrita por Linda Louise Eastman e Paul McCartney, que foi eternizada por eles e pelos Guns N` Roses. A letra da música fala sobre a mudança social de perspectiva diante da vida em comunidades e das suas adversidades. A supremacia do trabalho não admite discussões. Caso se trabalhe, e só caso se trabalhe, tem-se direito ao salário, ao respeito social e à segurança de uma assistência médica, assim como de uma aposentadoria. O trabalho é uma categoria libertadora, gratificante, honrosa e santificadora. Quem conhece um ofício e tem vontade de trabalhar não ficará nunca sozinho, nem escravo, nem triste, nem ficará à mercê de tentações ou dos usuários, ganhará o paraíso na terra e um lugar no paraíso celeste. O trabalho é a realização de uma criação por meios da obra do homem, é dever social, expiação, legítimo orgulho, autorrealização, fonte apreciável de ganho. O trabalho nos faz humanos, cidadãos, sociáveis, produtores e consumidores que de modo geral nos legitima a desejar e a obter alguma admiração na vida. Quando falamos de trabalho entendemos toda a atividade remunerada, seja ela manual, física, intelectual, autônoma ou dependente. Uma atividade que, quanto mais onívora e veloz, mais é apreciada, se exercida pelo homem, ela exige a precedência absoluta sobre qualquer outra atividade: o amor, a família, a distração, o lazer, as práticas religiosas, a formação e a saúde. Um bom trabalhador irá se vangloriar de não ter 1 minuto de trégua ou 1 só dia de férias, de ficar no escritório horas, de levar trabalho para casa, e ser localizável e disponível 24 horas, durante todos os santos dia de Santos cristãos na duração do ano. Na sociedade pós-industrial, uma instituição, um grupo ou indivíduo é criativo quanto mais consegue projetar na política, na economia, na ciência e na arte. É preciso, portanto, esclarecer como ocorre essa projeção.
A descoberta é limitada por alguns
vínculos: o mundo material a ser descoberto é circunscrito pela sua
própria natureza; todo e cada problema natural admite uma única solução
excelente e um só procedimento eficiente para alcança-la. Pode haver assimetria
entre os homens e o tempo deles. Nem todos tiveram a sorte de Stendhal
(1783-1842) ou de Proust (1871-1922): espelhos fiéis da época que os produziu,
sincronizados emocional e racionalmente com os fatos acerca do
que escreviam. Outros, como Bacon (1561-1626) ou Beethoven (1770-1827), foram
precursores de ideias e de técnicas; às vezes uma infelicidade para si, mas uma
fortuna para os seus póstumos. Outros ainda, mesmo com sucesso e muitas vezes
até com gênio, prolongaram um estilo de vida, ou paradigmas intelectuais que já
haviam atingido a plenitude antes mesmo de seus nascimentos. Assimetrias desse
gênero podem se verificar sobretudo nas fases históricas de alternância entre
civilizações, quando não progride uma única ciência ou uma única forma de arte.
Mas desloca-se a própria interseção entre as artes ou as ciências, fazendo com
que o homem realize um salto dialético de qualidade. A palavra tutela tem
origem no Latim, do verbo tuere que significa proteger, vigiar, defender alguém
(cf. Ahmed, 2018). Este instituto remonta à Roma historicamente ao período
estabelecido na Antiguidade, que na história social nomeava disciplinarmente um
tutor ao menor impúbere, quando órfão.
O Globo Terrestre é composto de terra e mar. Trata-se de grandes massas de terras que são separadas pelos oceanos. A origem etimológica do nome (cf. Ginzburg, 1979) continente é derivada das palavras latinas continens e entis, que estando no particípio presente de continere, significa “conter, abranger”, verbo oriundo de “cum, con e tenere”, tendo como representação sociológica o significado de ter. Esta é a fonte do eruditismo em cinco línguas reais europeias ambientadas no processo civilizatório: em língua portuguesa, espanhola e italiana, continente (século XV); em língua inglesa continent (século XIV); o vocábulo inglês continent é uma palavra que foi tomada de empréstimo do vocábulo francês continent (século XII). Os substantivos das quatro línguas europeias têm o mesmo significado: em português, espanhol e italiano, continente (século XVI); em francês, continent (1532); em inglês, continent (1590); e em alemão Kontinent entre os séculos XVI e XVII. O vocábulo português e espanhol continente foi documentado na história entre os séculos XII e XIV, significado “gesto, atitude, parte”, cujo sentido é conjunto da produção daquilo que é a vivência. Existem seis principais continentes no globo terrestre: América, Europa, África, Ásia, Oceania e a Antártida. Alguns territórios de nações se encontram em unidade, ou separadamente por água com formato de ilhas. Há dois tipos de regiões existentes na extensão de um país, a de arquipélago e continental. Os países continentais em área de terra espaçosa têm uma área de água na fronteira ao mar largo e fronteiras terrestres com inúmeros países.
O país arquipélago tem inúmeras ilhas, águas territoriais mais amplas, e muitas vezes sem fronteiras terrestres com países vizinhos. Uma identidade compartilhada se desenvolveu definida por uma cultura nacional, diversidade étnica, pluralismo religioso dentro de uma população de maioria muçulmana, e uma história de colonialismo, rebelião e golpes de Estado. O conceito que os geógrafos usam para definir “massa continental” pode variar segundo os critérios que adotam, podendo ser físicos, culturais, políticos ou histórico-sociais. A definição fisicamente de maior disseminação considera a divisão abstrata do globo terrestre em sete continentes, a saber: África, América do Norte, América do Sul, Antártida, Ásia, Europa e Oceania. Esse modelo é cultural como padrão em países como China, Índia, Paquistão e em boa parte dos países de língua inglesa com larga população, o que o faz ser reconhecido o padrão utilizado por mais de 45% da população mundial. Ou seja, menos da metade (45,7%) da população mundial agora vive em algum tipo de democracia, um declínio significativo em relação a 2020, quando o número era de 49,4%. Ainda menos (6,4%) residem em uma “democracia plena” – categoria social que inclui apenas 21 dentre 167 países e territórios analisados, depois que Chile e Espanha foram rebaixados para “democracias imperfeitas”. Mas, seguindo-se critérios tanto culturais como sociais e políticos, costumam-se considerar como continentes a Europa, a Ásia, a África, a América, a Antártida e a Oceania. O chamado Velho Mundo é constituído pelos mesmos três continentes que constituem a Eufrásia: Europa, Ásia e África. Essa classificação técnico-metodológica é baseada numa afirmação concreta de especialistas renomados de que as três massas terrestres se unem histórica e geograficamente: Ásia e Europa (Eurásia), cujos acidentes geográficos que ligam os continentes são o Cáucaso, o mar Cáspio e a cordilheira dos Urais, no momento em que a África e a Ásia são comunicadas per se pelo istmo do Suez que separa o mar Mediterrâneo do mar Vermelho, ligando os continentes africano e Asiático, no qual foi construído o canal do Suez (cf. Rodrigues, 1982).
Uma via navegável artificial a nível do mar localizada no Egito, entre o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho (golfo de Suez). Inaugurado em 17 de novembro de 1869, após 10 anos de construção, permite que navios viajem entre a Europa e a Ásia Meridional sem navegar em torno de África, como na Era dos Descobrimentos nos anos 1497-1500, reduzindo a distância entre o continente europeu e a Índia em 7 mil km. Na esfera da vida social a luta política é uma das questões que sempre marcaram a dialética entre capital e trabalho. Mas a esfera social onde a ideologia manifesta mais explicitamente seu poder de enviesamento é, com certeza, o campo da atividade intelectual. O sujeito da ação política é alguém que quer conhecer o quadro em que age; que quer poder avaliar o que pode e o que não pode fazer. Mas, ao mesmo tempo, é um sujeito que depende, em altíssimo grau, de motivações particulares, sua e dos outros para agir. A política é levada, assim, a lidar com duas referências contrapostas, legitimando-se através da universalidade dos princípios e viabilizando-se por meio das motivações particulares. Mas vale lembrar que os caminhos trilhados na política (ou na universidade quando amparada nos conselhos de ética) evitam a opção por uma dessas linhas extremadas: o doutrinarismo, o oportunismo crasso, o cinismo ostensivo ou a completa e absurda indiferença. São frequentes as combinações de elementos de tais direções, porém combinados em graus e dimensões diversas.
E é nessa combinação hábil que se enraíza a ideologia política. Sua atividade interpretativa também pode ser criativa, de modo que ao interpretar um caso, determinado ator social aplicaria e criaria um direito novo legislando. Após dez anos, John Marcher reencontra casualmente May Bartram. Ele não se lembra muito bem do encontro anterior, mas May, sim. Ela revela que ele lhe havia contado então seu grande segredo: que esperava que lhe acontecesse, inesperadamente, um grande e único acontecimento, que mudaria sua vida para sempre; algo que ele nem imaginava o que poderia ser, nem se seria bom nem mau, o que o fazia sentir-se como se estivesse na selva e houvesse uma fera à espreita, pronta para saltar sobre ele a qualquer momento; e que tal coisa parecia não fazer nenhum sentido, porque ele se considerava um homem comum e insignificante, a quem nada de importante poderia acontecer. John surpreende-se ao saber que havia exposto isso a May. Ao discutirem o assunto, ela declara que passou a ter tanta certeza quanto ele de que tal evento realmente sucederia. Oferece-se então para esperar com ele ao ataque da fera. Os dois tornam-se amigos e passam a ver-se regularmente. Com o passar do tempo, John chega a considerar casar-se com a amiga, mas desiste porque “um cavalheiro não levava uma senhora à caça ao tigre”. O interesse de John Marcher por May Bartram, demonstra o escritor, era motivado pelo egoísmo: ele queria apenas o reconhecimento de uma confidente. Ele também é cego em relação aos sentimentos da amiga, sempre frio, calculista, concedendo apenas migalhas de atenção, covarde e aferrado às próprias ideias, mas acreditando-se generoso e predestinado. Ao final, já idosos, May torna-se gravemente doente. Num encontro, revela a John que aquilo que ele tanto esperava “já havia acontecido”, que o tal evento havia sido na verdade um grande desastre, e que esperava que ele nunca ficasse sabendo o que era. Pouco tempo depois, morre.
No enterro, John Marcher vê outro homem enterrando um ente querido, e então entende o grande acontecimento da sua vida. Henry James, Jr., nasceu em Nova Iorque, em 15 de abril de 1843 e faleceu em Londres, em 28 de fevereiro de 1916. Foi um escritor nascido nos Estados Unidos da América e naturalizado britânico. Uma das principais figuras do realismo na literatura do século XIX. Autor de alguns dos romances, contos e críticas literárias mais importantes da literatura de língua inglesa. Filho do teólogo Henry James Sênior e irmão do médico, filósofo e psicólogo William James. Seu pai era um homem culto, filósofo, e fazia questão que os filhos recebessem uma ótima educação. Por isso viajou com a família para a Europa, em 1855, quando Henry tinha 12 anos, e durante três anos percorreram Inglaterra, Suíça e França, visitando museus, bibliotecas e teatros. Regressaram aos Estados Unidos em 1858, para viajar de novo a Genebra e Bonn no ano seguinte. Em 1860, já estavam de volta a Newport, onde Henry e William - o irmão mais velho que se tornaria psicólogo e filósofo - estudaram com o pintor William Morris Hunt (1824-1879).
Henry começou a
carreira de Direito em Harvard em 1862. Mais interessado na leitura de Honoré
de Balzac (1799-1850), Nathaniel Hawthorne (1804-1864) e George Sand
(1804-1876), curiosamente o pseudônimo de Amandine Aurore Lucile Dupin,
baronesa de Dudevant, uma romancista e memorialista francesa, considerada a
maior escritora francesa, e nas relações com intelectuais como Charles Eliot
Norton (1827-1908) e William Dean Howels (1837-1920), abandonou o direito para
se dedicar à literatura. Seus primeiros textos e críticas apareceram em alguns
jornais. No começo de 1869, foi à Inglaterra, Suíça, Itália e França, países
que lhe forneceriam uma grande quantidade de material literário e político para
suas obras. Regressou a Cambridge em 1875. Viveu um ano em Paris, onde conheceu
o círculo de Flaubert (Daudet, Maupassant, Zola) e, em 1876, fixou-se em
Londres, onde escreveu a maior parte de sua extensa obra. A carreira literária
de Henry James per se teve três etapas. A primeira foi na década de
1870, com “Roderick Hudson” (1876), “The American” (1877) e “Daisy Miller”
(1879) e culminou com a publicação de “Retrato de uma Senhora”, em 1881, cujo
tema é o confronto inevitável entre o Novo Mundo com os valores do velho Ancién
Régime. Na segunda etapa, James experimentou diversos temas e formas literárias.
De 1885 até 1890, escreveu três novelas de conteúdo político e social, “The
Bostonians” (1886), “The Princess Casamassima” (1886) e “The Tragic Muse”
(1889), histórias sociais sobre reformadores e revolucionários que revelam a
influência da corrente naturalista.
Nos anos 1890-1895,
chamados “os anos dramáticos”, James escreveu sete obras de teatro, das quais
duas foram bem encenadas, mas com pouco êxito. James voltou à narrativa com “A
Morte do Leão” (1894), “The Coxon Fund” (1894), “The Next Time” (1895), “What
Maisie Knew” (1897) e “A Volta do Parafuso” (1898). As obras The Beast in
the Jungle (1903), The Great Good Place (1900) e The Jolly Corner
(1909), fazem parte da última etapa do trabalho de James, considerada por
muitos críticos literários como a mais importante, quando o autor explora o
complexo funcionamento da consciência humana. Sua prosa torna-se densa,
com a sintaxe cada vez mais intrincada. Essas características definem as três
grandes obras dessa etapa final, “As Asas da Pomba” (1902), “Os Embaixadores”
(1903) e “A Taça de Ouro” (1904). Além dos romances, relatos curtos e obras de
teatro, o autor deixou inúmeros ensaios sobre viagens, críticas literárias,
cartas, e três obras autobiográficas. Os últimos anos da sua vida transcorreram
em absoluto isolamento na sua casa, que só deixou em 1904 para regressar
brevemente aos Estados Unidos depois de 20 anos de ausência. Em 1915, com a 1ª
Grande Guerra, James adotou a cidadania britânica. Morreu aos 72 anos, pouco
depois de receber a Ordem do Mérito britânica (OM), instituição honorária
britânica fundada por Eduardo VII, em 1902, para recompensar aqueles que
prestaram serviços especialmente eminentes nas forças armadas ou se
destacaram na “ciência, arte, literatura ou na promoção da cultura”.
Deste ponto de vista, não estamos longe de admitir que o lugar de análise em que o raciocínio sociológico constrói suas pressuposições é diferente do espaço lógico do raciocínio experimental. O espírito, dizia o filósofo Friedrich Hegel (1770-1831), não pode conhecer-se diretamente. É preciso que negue previamente, de certo modo, que saia de si e se torne “estranho a si mesmo”, exteriorizando-se e produzindo sucessivamente todas as formas do real – quadros do pensamento, natureza, história; e depois que reverta à origem, alcançando assim o conhecimento verdadeiro, a filosofia do espírito absoluto. Afastando-se de si, exteriorizando-se, para voltar depois a si mesma, a Ideia triunfa do que a limitava, afirmando-se na negação das suas negações sucessivas. Hegel definiu o princípio da realidade como uma Ideia lógica, fazendo do ser das coisas um ser puramente lógico e chegando assim a um panlogismo consequente que apresenta ainda, um elemento dinâmico-irracional, existente no domínio do que é próprio ao método dialético. O idealismo apresenta-se, para sermos breves, em duas formas principais: como idealismo subjetivo ou psicológico e como idealismo objetivo e lógico. Estas subjetividades movimentam-se no âmbito de uma visão fundamental
Essa diferença da
essência e o exemplo, entre a imediatez e a mediação, quem faz não somos nós
apenas, mas a encontramos na própria certeza sensível; e deve ser tomada na
forma em que nela se encontra, e não como nós acabamos de determina-la. Na
certeza sensível, um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou
como a essência: o objeto na sua humanidade. O outro momento, porém, é posto
como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, mas por
meio do Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber
que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto faz
que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido - enquanto o
saber não é, se o objeto não souber que pode ser, assim da singularidade de
apreensão do objeto. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o
mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, na démarche da consciência, mas
por meio de Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que
pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto que
seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido - enquanto o saber
não é, se o objeto não é. O objeto, portanto, deve ser examinado, para vermos
se é de fato, na certeza sensível mesma, aquela essência que ela lhe atribui; e
se esse seu conceito - de ser uma essência - corresponde ao modo imediato como
se encontra na certeza sensível.
Quer dizer, não temos de refletir sobre o objeto, nem indagar o que possa ser em verdade; mas apenas através da ideia de formação em “considerá-lo como a certeza sensível o tem nela”. O tempo, como a unidade negativa do ser-fora-de-si, é igualmente um, sem mais nem menos, abstrato, ideal. O tempo é como o espaço uma pura forma de sensibilidade ou do intuir, é o sensível, mas, assim como a este espaço, também ao tempo não diz respeito a diferença de objetividade e de uma consciência subjetiva contra ela. Quando se aplicam estas determinações de espaço e tempo, então seria aquele a objetividade abstrata, do tempo, porém a subjetividade abstrata. O tempo é o mesmo princípio que o Eu=Eu da autoconsciência pura; mas é o mesmo princípio ou o simples conceito ainda em sua total exterioridade e abstração – como o mero vir-a-ser intuído, o puro ser-em-si como simplesmente um vir-fora-de-si. O tempo é contínuo como o espaço, pois ele é a negatividade abstrata e nela ainda não há nenhuma diferença real. No tempo, diz-se, tudo surge e tudo passa e perece, se se abstrai de tudo, do recheio do tempo e do recheio do espaço, fica de resto o tempo vazio comparativamente como o espaço vazio – isto é, são então postas e representadas estas abstrações de exterioridade, como se elas fossem existentes por si. Mas não é o que no tempo surja e pereça tudo, porém o próprio tempo é este vir-a-ser, surgir e perecer, o abstrair essente. É bem diverso do tempo, mas também essencialmente idêntico a ele.
O real é limitado, e o outro para esta negação está fora dele, a determinidade é assim nele exterior a si, e daí a contradição de seu ser; a abstração opera nessa exterioridade de sua contradição e a inquietação da mesma é o próprio tempo. O finito é transitório e temporário, porque ele não é, como ocorre na representação do conceito nele mesmo, a negatividade total, mas em si, como sua essência universal, entretanto, diferentemente da mesma essência, é unilateral, e se relaciona à mesma essência como à sua potência. Mas tais conceitos na sua identidade conseguem livremente existente para si, Eu=Eu, é “em si” e “para si” a absoluta negatividade e liberdade. Por isso o tempo não é potência dele, nem ele está no tempo nem é algo temporal. Mas ele é muito mais a potência do tempo, como sendo este apenas esta negatividade como exterioridade. Só o natural, é, enquanto é finito, sujeito ao tempo; na constituição da ideia, o espírito que é eterno. A eternidade não será, nem foi, mas ela é hegeliana. A duração é também diferente da eternidade nisto, que ela é apenas um relativo suprassumir do tempo; mas a eternidade é duração infinita, isto é, não relativa, porém em si refletida. O que não está no tempo é o sem-processo; o péssimo e o mais perfeito não estão no tempo, mas duram. O péssimo, o da pior qualidade, porque ele é uma universalidade abstrata, assim espaço, assim tempo mesmo, o Sol, os elementos concretos, rochas, montanhas, a natureza inorgânica em geral, também obras dos homens, pirâmides; sua duração não é vantagem. O duradouro é mais altamente cotado do que o breve transitório; mas toda florescência, toda bela vitalidade tem morte cedo. Mas também o mais perfeito dura, não só o universal sem-vida, inorgânico, mas também o outro universal, o concreto em si, o gênero, a lei, a ideia, o espírito. Pois devemos decidir se algo tem como representação o processo total ou apenas um momento de apropriação do processo. O universal como lei é processo em sim mesmo e como processo; mas não é parte do processo, nem está no processo, mas contêm seus dois lados e é ele próprio sem-processo. Pelo fenômeno a lei entra no tempo enquanto os momentos do conceito têm a aparência da independência; mas as diferenças portam-se como reconciliadas e retomadas à paz.
A noção de desenvolvimento
passa a ser central depois dessa concepção e, para o bem ou para o mal contemporaneamente.
Mesmo a ideia de progresso, que implicava que o depois pudesse ser
explicado em função do antes, encalhou, de certo modo nos recifes do século XX,
ao sair das esperanças ou das ilusões que acompanharam a travessia do mar
aberto pelo fabuloso séc. XIX. Esse questionamento refere-se a várias
ocorrências distintas entre si que não atestam um progresso moral da
humanidade, e sim, uma dúvida sobre a história como portadora de sentido,
dúvida renovada, essencialmente no que se refere ao seu método, objeto e
fundamentalmente nas grandes dificuldades não só em fazer do tempo um princípio
de inteligibilidade, como ainda em inserir aí um princípio de identidade. A
história, essencialmente, isto é, compreensão da série de acontecimentos
reconhecidos como acontecimentos por muitos. Acontecimentos que podemos pensar
que importarão sempre aos olhos dos “historiadores de amanhã”. E por mais
consciente tal problematização, de nada pode nesse caso vincular a algumas
circunstâncias. Algumas imagens, como se fosse menos verdadeiro, dizem que os
homens fazem a história, mas não sabem, talvez sob condições sociais
determinadas.
Desde Friedrich Hegel
sabemos que a diferença dos sexos passou a fundamentar a diferença de gêneros
masculino e feminino que, de fato, historicamente a antecedera. O sexo
autonomizou-se e ganhou o estatuto de fato social originário. Revolucionários,
burgueses, filósofos, moralistas, socialistas, sufragistas e feministas, todos
estavam de acordo em especificar as qualidades morais, intelectuais e sociais
dos humanos, partindo-se da diferença de gênero entre homens e mulheres. A
ideia, ou o espírito está “acima do tempo”, tal é o próprio conceito do tempo;
é eterno, em e para si, não é rompível no tempo porque ele não perde o
lado reconhecendo um lado do processo. No indivíduo, como tal, é de outro modo,
neste sentido que está de um lado o gênero; a vida mais bela é a que une
perfeitamente o universal e sua individualidade em uma figura: Gestalt.
Mas também então o indivíduo está separado do universal, e assim é um lado do
processo, a alterabilidade; após este momento mortal ele cai no tempo. É neste
sentido que a interpretação hegeliana compreende que “o [que é] medíocre dura
e, afinal, governa o mundo; mas também pensamentos tem esta mediocridade, com
eles a doutrina o mundo existente, apaga a vitalidade espiritual, transforma-o
em hábito, e assim dura. A duração consiste em que ela permanece na falsidade,
não consegue seu direito, não dá a sua honra ao conceito, não se representa
como processo a verdade”.
A busca das mulheres por igualdade e independência moral, especialmente forte na Inglaterra, representou o desafio mais efetivo à oposição social dos homens. Esse desafio incluía uma crítica efetiva da sexualidade masculina, centrada no duplo padrão de comportamento moral que se esperava de homens e mulheres. Com a saída das mulheres do espaço privado para o público, como decorrente das duas guerras mundiais, da industrialização e do movimento feminista que ora tentava se firmar, o resultado foi uma verdadeira avalanche de pesquisas, discussões e redefinições de papéis sociais cujo gênero foi tomado como ponto de partida para a discussão, e herdeiro dos genders studies. Na medida em que o movimento feminista propunha uma rediscussão acerca dos novos papéis sociais estabelecidos pela norma sexual e moral burguesa, tanto para homens quanto para mulheres, e na medida em que esta discussão passou a ser tomada sob o ponto de vista feminino, passou-se a ficar mais delimitada e fortalecida a representação da mulher enquanto ser social. Inaugurava-se, portanto os estudos sobre gênero, onde os estudos sobre homens representou um impulso diretamente decorrido do avanço dado pelas mulheres na conquista de cidadania e de direitos civis, na ordem pública e privada, na ordem moral e sexual, e que passaram a propor, nova forma de ver o homem, distinto daquele ordenamento em que os vitorianos duramente apregoavam. Um bom exemplo desse tempo histórico e social está na origem etimológica da extraordinária família letrada Brontë que pode ser delineada até ao clã irlandês Ó Pronntaigh, que se traduz literalmente para filho de Pronntach, de tradição de escribas e homens da literatura em Fermanagh, o que é relacionado evidentemente com a palavra bronnadh. O pai das irmãs, Patrick Brontë, nascido Brunty, decidiu mudar o seu sobrenome. Não se sabe ao certo o motivo social para fazê-lo existindo várias teorias sociais a respeito. Ele pode tê-lo feito para esconder as suas origens humildes. Como homem de letras, ele estaria familiarizado com o grego clássico e é possível que se tenha baseado na palavra grega βροντή (“trovão”) para escolher o seu nome.
Um ponto de vista, apresentado pelo biógrafo Clement King Shorter (1857-1926), em 1896, é que ele adaptou o seu nome para se associar com o Almirante Horátio Nelson, também Duque de Brontë. É difícil separar a carreira de Shorter como autor e crítico de seu passatempo como colecionador de manuscritos, livros e outros materiais relacionados com seus escritores preferidos. Era um ávido colecionador, em especial sobre os trabalhos das irmãs Brontë. Essa coleção e investigação levou aos seus mais reconhecidos trabalhos, incluindo dois livros sobre Charlotte e família. Prova dramática desta influência é a imitação do Duque de Wellington na forma como se vestia. Os Brontës formaram uma família literária do século XIX associada à aldeia de Thorton, localizada no West Riding of Yorkshire, Inglaterra. As irmãs, Charlotte (1816-1855), Emily (1818-1848) e Anne (1820-1849) são escritoras e poetisas bem conhecidas e sucedidas do público no processo de massificação da literatura. À semelhança sobre o preconceito social de muitas escritoras de seu tempo, inicialmente elas publicaram os seus poemas e romances sob os pseudônimos masculinos: Currer, Ellis e Acton Bell. Seus livros tiveram bastante sucesso assim que foram publicados. Jane Eyre, de Charlotte foi o primeiro romance a ser publicado, seguido de Wuthering Heights, de Emily e The Tenant of Wildfell Hall, de Anne. As três irmãs e o fabuloso irmão Branwell eram próximos e na infância desenvolveram suas imaginações férteis através das histórias que ouviam da empregada e da criação de reconhecidos “mundos imaginários” que desenvolveram através do domínio literário na escrita. O que em certo sentido remete-nos ao termo utopia que vem do grego e tem como significado οὐ (“não”) e τόπος (“lugar”), ou seja, “não lugar”. A palavra foi criada por Sir Thomas More, em 1516, no livro Utopia. A obra descreve uma sociedade fictícia numa ilha do Oceano Atlântico. A Utopia representava um lugar com um sistema político, social e jurídico perfeitos. Todo o conceito de Utopia tornou-se um termo usado tanto na literatura, como na política internacional para descrever um ideal de vida perfeito, mas pouco realista, impossível de ser atingido. Pois Charlotte ocupava o seu “tempo livre” com realismo em seu “imaginário” de Angria, que tinha criado de forma familial, através de correspondência fática com seu irmão.
Bibliografia Geral Consultada.
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