“Não podes ensinar o caranguejo a caminhar para a frente”. Aristófanes
A palavra “caranguejo” provém do termo castelhano “cangrejo”, que por sua vez vem do diminutivo latino cancriculus (“pequeno cancro”), tendo quase a mesma origem da palavra “câncer” (do grego καρκίνος). Na literatura brachyura é uma infraordem de crustáceos que representa os “caranguejos verdadeiros”, ou braquiúros, sendo composta por caranguejos e siris. Essa infraordem pertence à subordem dos pleocyemata que agrupa caranguejos, lagostas e alguns camarões. São chamados de “caranguejos verdadeiros” pois existem diversas espécies de crustáceos que possuem forma semelhante à sua e são reconhecidas como “caranguejos”, mas que fazem parte de outro táxon, como por exemplo os crustáceos da infraordem Anomura, ou seja, caranguejos ermitões, piolho-caranguejo entre outros. A infraordem possui mais de 7 mil espécies vivas incluídas em 98 famílias, e mais de 3 mil espécies que existem somente em registro fóssil, compondo o maior grupo dentro da grande ordem dos decapoda: crustáceos que possuem até 10 patas ambulatoriais. Podem ser encontrados em todos os oceano e a diversas profundidades, em ambientes de água doce e terrestres. Isto é, “no mar alto da paixão”, segundo Djavan, o oceano Pacífico, Oceano Atlântico, Oceano Índico, Oceano Ártico, Oceano Antártico. Os oceanos são grandes massas de água salgada que cobrem mais de 97% da superfície do planeta. Eles são essenciais para o equilíbrio entre a vida na Terra e na água. Sua grande diversidade em número de espécies e sucesso evolutivo são atribuídos à forma corporal diferenciada: por sua carapaça achatada e por um abdômen reduzido em comparação com outros crustáceos e localizado abaixo do cefalotórax (amplo), que sendo genérico possui o abdômen distendido após o cefalotórax.
Possuem cinco patas, na nomemclatura em zoologia, chamadas de pereópodes na região do cefalotórax, a primeira delas modificada em quela (garra) e as outras quatro especializadas em locomoção (reptação), terminadas em pontas duras. Na família dos portunídeos (Portunidae) o último par de pereópodes é modificado para natação, terminadas em forma de remo. Brachyura contém mais de 3 mil fósseis, sendo que os mais antigos datam do período Jurássico, representantes de Dromiacea, e confirmam hipóteses de filogenia molecular e relógios moleculares para o táxon. Outras hipóteses que sugerem que já no Carbonífero havia separação entre Anomura e Brachyura que em conjunto compõe o táxon Meiura. Durante o Cretáceo, período no qual há uma explosão de diversificação de caranguejos, os ancestrais dos caranguejos possuíam uma considerável versatilidade de formas. Recentemente uma nova espécie fóssil muito bem preservada de Brachyura do médio Cretáceo foi encontrada na Colômbia e nos Estados Unidos da América. Chamada de Callichimaera perplexa, apresenta olhos compostos grandes e desprotegidos, um pequeno corpo fusiforme, o cefalotórax - carapaça - varia de 4 à 10 mm e apêndices em forma de remo. Algumas de suas características biológicas/genética, comparativamente, como seus olhos proeminentes, sugerem uma manutenção, provavelmente por heterocronia, de características do estágio de larva megalopa nos indivíduos adultos. Como os fósseis de Callichimera perplexa possuem, de forma muito bem preservada, estruturas que raramente se conservam em fósseis de caranguejos, como as primeiras e segundas antenas, os olhos compostos, as peças bucais pediformes e os pleópodes com dimorfismo sexual, e por pertencerem a uma nova e única linhagem, com características únicas, fonte de informação a respeito da história evolutiva e social da diversidade Brachyura.
Sergipe emancipou-se politicamente da Bahia em 8 de julho de 1820. A então capitania de Sergipe del-Rey viria a ser elevada à categoria de província quatro anos depois, e, finalmente, a estado após a proclamação da República brasileira em 1889. A atividade agrícola é um fator da economia sergipana. Em destaque nesse ramo, encontra-se o cultivo da cana-de-açúcar. A laranja e o coco também são produzidos pelo estado. O extrativismo mineral é outra atividade do setor primário. Petróleo, gás natural, calcário e potássio são os principais. O nome do estado vem da antiga língua tupi e significa “no rio dos siris”, referindo-se ao Rio Sergipe, por meio da junção das palavras siri (siri), îy (rio) e -pe (em) que na linguagem dos colonizadores portugueses, espanhóis tornou-se Sergipe. Há diversas hipóteses para a ocorrência da posposição “pe” no nome de topônimos no Brasil. Não há uma explicação conclusiva a respeito. Entretanto, o filólogo, linguista e lexicógrafo Eduardo de Almeida Navarro defende sociologicamente que esses topônimos foram criados pelos próprios nativos, e estão entre os mais antigos do Brasil, podendo ser inclusive de origem pré-histórica, isto é, anteriormente ao “descobrimento” do Brasil pelos europeus. Todavia, não sabemos o porquê de os indígenas colocarem o morfema -pe ao final dos nomes. Trata-se de fenômeno gramatical que não conhecemos, pois essa função da posposição -pe não foi descrita por nenhum gramático do tupi. Os primeiros indícios da ocupação humana do território que hoje corresponde ao estado de Sergipe são de 9000 a.C.
A geografia é a ciência que estuda a relação entre a Terra e seus habitantes. Os geógrafos querem saber onde e como vivem os homens, as plantas e os animais; onde se localizam os rios, os lagos, as montanhas e as cidades. A palavra geografia vem do grego geographía (γεογραπηία), que significa “descrição da Terra”. A geografia depende do compartilhamento de outras áreas do conhecimento técnico-científico. Utiliza os dados da química, da geologia, da matemática, da história social, da física, da astronomia, da antropologia e da biologia e principalmente da ecologia, pois tanto a Ecologia como a Geografia são estudos e pesquisas com objetos abstratos interrelacionados, porque estão interessados com as análises biológicas, com as análises de fatores geológicos e dos ciclos biogeoquímicos dos ecossistemas, da relação entre os seres vivos e a utilidade de uso do ambiente como sobrevivência. Os geógrafos utilizam inúmeras técnicas, como viagens, leituras e estudo de estatísticas. Os mapas são seu instrumento etnográfico e meio de expressão mais importante. Além de estudar mapas atualizam como pesquisas especializadas, aumentando o campo de reconhecimento geográfico. O homem precisou e se utilizou do conhecimento geográfico. Os povos pré-históricos tinham de encontrar cavernas para habitar e reservas regulares de água para a manutenção da existência na vida cotidiana. Tinham também de morar perto de um lugar onde pudessem caçar. Caverna tem como repersentação socialmente toda cavidade natural rochosa com dimensões que permitam acesso aos seres humanos.
Os termos relativos a caverna geralmente utilizam a raiz espeleo -, derivada do latim spelaeum, do grego σπήλαιον, “caverna”, da mesma raiz da palavra espelunca. As cavernas são também estudadas pela espeleologia, uma ciência multidisciplinar que envolve análises simultâneas e comparativamente através da geologia, hidrologia, biologia, paleontologia e arqueologia. Sabiam localizar “os rastros dos animais e as trilhas dos inimigos”. Usavam carvão ou argila colorida para desenhar mapas primitivos de sua região nas paredes das cavernas ou nas peles secas dos animais. O homem aprendeu a lavrar a terra e a domesticar os animais. As leis de evolução geográfica da sociedade são menos fáceis de se perceber no desenvolvimento da família e da sociedade que no desenvolvimento do Estado; e o são porque aquelas estão mais enraizadas ao solo e mudam menos facilmente do que este. É mesmo um dos fatos mais consideráveis da história a força com a qual a sociedade permanece fixada ao solo, mesmo quando o Estado romano morre, o povo romano lhe sobrevive sob a forma de grupos sociais de todo tipo e é pelo intermédio desses grupos que se transmitiram à posteridade uma multiplicidade de propriedades que o povo havia adquirido no Estado e pelo Estado. Quer seja o homem considerado isoladamente ou em grupo, isto é através da família, tribo ou Estado, se encontrará algum pedaço de terra que pertence ou à sua pessoa ou ao grupo de que ele faz pare.
No que
diz respeito ao Estado a geografia política após longo tempo se habituou a
levar em consideração a dimensão do território ao lado da cifra da população.
Mesmo os grupos, como a tribo, a família, a comuna, que não são unidades
políticas autônomas, somente são possíveis sobre um solo, e seu desenvolvimento
não pode ser compreendido senão com respeito a esse solo; assim como o
progresso do Estado é inteligível se não estiver relacionado com o progresso do
domínio político. Estamos na presença de organismos que entram em intercâmbio
mais ou menos durável com a terra, no curso que se troca entre eles e a terra
gêneros de ações e reações. E quem venha a supor que num povo em vias de
crescimento, a importância do solo não seja tão evidente, que observe no
momento da decadência e da dissolução. Não se pode entender nada real a
respeito do que então ocorre se não for considerado o solo. Um povo regride
quando perde território. Ele pode contar com menos cidadãos e conservar ainda
muito solidamente o território onde se encontram as fontes de sua vida. Mas se
seu território se reduz, é, de uma maneira geral, o começo do fim. Quer dizer,
sob variações diversas, a relação social da sociedade com o solo
permanece sempre condicionada por uma dupla necessidade, a saber, da habitação
e a da alimentação.
Os representantes da mais alta civilização que já existiu dispõem, para suas habitações, de menor lugar que os habitantes, miseráveis de um Kraal hotentote. As habitações ente as quais há mais diferença são, de um lado, aqueles dos pastores nômades, com a extrema mobilidade necessária às migrações contínuas da vida pastoril, e, de outro, os apartamentos amontoados nos enormes edifícios de nossas grandes cidades. E, todavia, os próprios nômades estão ligados ao solo, ainda que os laços que os ligam e ele sejam mais fracos, que aqueles da sociedade de vida sedentária. Eles têm a necessidade de mais espaço para se mover, mas voltam a ocupar os mesmos locais. Portanto, não existe apoio para se opor os nômades a todos os outros povos sedentários, tomados em bloco, pela única razão de que após uma estada de alguns meses no local, o nômade levanta sua tenda e a transmita, no dorso de seu camelo, para algum outro negar, de pastagem. Essa diferença nada tem de essencial, não em, mesmo, a importância daquela resultante de sua grande mobilidade, de sua necessidade de espaço, consequência da vida pastoril. De resto, não é entre os pastores que a ligação com o solo está em seu mínimo, com efeito eles retornam sempre às mesmas pastagens. Ela é muito mais fraca entre os agricultores da África tropical e das Américas que, a cada dois anos aproximadamente, deixam seus campos de milho de mandioca para a eles nunca mais retornar. E ela é menos ainda entre aqueles que, por medo dos povos que ameaçam sua existência, não ousam se ligar muito fortemente à terra. Entretanto, uma classificação superficial não inclui tais sociedades, entre os nômades. Se se classificar os povos segundo a força com que aderem ao solo, é preciso colocar decididamente no nível mais baixo os pequenos caçadores da África central e da Ásia do Sudoeste, assim como aqueles grupos antropologicamente que se encontram errante em toda espécie de sociedade, sem que um solo determinado lhes seja destinado em particular, os boêmios da Europa, os Fetths do Japão.
Os
australianos, os habitantes da Terra do Fogo, os esquimós que para suas
caçadas, para suas coletas de raízes, procuram sempre certas localidades, o que
delimitam seus territórios de caça, estão a um nível mais elevado. Mais acima,
se encontram os agricultores nômades dos países tropicais, depois, os povos
pastores que, nas diferentes regiões da Ásia, há séculos se mantém sobre o
mesmo solo. E é, então que vêm os agricultores sedentários, estabelecidos em
algumas aldeias fixas, e os povos civilizados, igualmente sedentários, dos
quais a cidade é como que o símbolo. Uma multiplicidade de fenômenos sociais
que têm sua causa na necessidade, primitiva e premente, da alimentação. E para
se explicar esse fato, não é necessário, se recorrer à teoria da “urgência” de
que fala Lacombo, segundo a qual as instituições mais primitivas o mais
fundamentais seriam aqueles que respondem às necessidades mais urgentes. Quanto
mais se utiliza o solo apenas de uma maneira passageira, a fixação a ele se dá
apenas de uma maneira também passageira. Quanto mais as necessidades da
habitação e da alimentação ligam-se estreitamente a sociedade à terra, tanto
mais, é precisamente a necessidade de nela se manter. É dessa maneira que o
Estado tira suas melhores forças. A tarefa do Estado, no que concerne ao solo,
permanece sempre a mesma em princípio: o Estado protege o território contra
ataques externos que tendem a diminuí-lo. No mais alto grau de evolução
política, essencialmente, a defesa das fronteiras não é a única a servir esse
objetivo; o comércio, o desenvolvimento de todos os recursos que contém o solo, tudo aquilo que pode aumentar o poder do Estado a isso concorre
igualmente. A defesa do território (pays) é o fim último que se persegue
por todos esses meios.
Essa mesma necessidade de defesa e também o resultado do mais notável desenvolvimento que apresente a história das relações do Estado com o solo, isto é, ao crescimento, porque ele tende finalmente a fortalecer o Estado e a fazer recuar os Estados vizinhos. Uma sociedade grande ou pequena, antes de tudo, busca manter integralmente o solo sobre o qual vive e do qual vive. Logo venha a se assegurar dessa tarefa imediata ela se transforma em Estado. A Passarela do Caranguejo, é uma calçada e corredor gastronômico, localizada na Orla da Atalaia, em Aracaju, no estado de Sergipe, Brasil. É considerada um ponto turístico, e polo gastronômico. O caranguejo é uma das comidas típicas de Sergipe. O prato é tão apreciado, que deu nome à “Passarela do Caranguejo”. A área conta com bares e restaurantes que oferecem cardápios bem variados aos clientes. É considerada o principal ponto de encontro no Réveillon, quando os bares e restaurantes realizam programações especiais para a virada do ano. Os Arcos da Orla de Atalaia são um dos cartões postais mais famosos da cidade de Aracaju e do Estado de Sergipe. Símbolo maior do local, ficam na calçada da praia de mesmo nome e são um ponto turístico importante do município. O cenário é perfeito para fotografias, pois, logo à frente, há uma instalação tanto merceológica quanto turística de um letreiro com a extraordinária frase humana: “Eu amo Aracaju”. As letras são da altura de um homem adulto e permitem que, com criatividade, sejam realizados ótimos cliques afetivamente. O termo gastronomia, de origem etimológica em grego, é utilizado para designar um conjunto de conhecimentos e práticas sociais vinculados com a cozinha.
Melhor dizendo, com a “arte de preparar determinadas iguarias”. Também está relacionada com o estudo das relações que existem entre a comida e a cultura de uma determinada região, ou ainda de uma pessoa em particular. Essa característica de ser muito especifica de uma região é própria da gastronomia. Às vezes os mesmos pratos são preparados de formas totalmente diferentes em países diferentes. Outras vezes as diferenças existem dentro do mesmo país no caso comparativo do Brasil. A gastronomia do Nordeste, por exemplo, é bem diferente da gastronomia do Sul do país. Desse modo, vemos que a gastronomia se relaciona também com o espaço físico onde ela é desenvolvida. O prazer proporcionado pela comida é um dos fatores culturais mais importantes da vida depois da alimentação de sobrevivência. A gastronomia nasceu desse prazer e constituiu-se como a arte de cozinhar e associar os alimentos para deles retirar o máximo benefício. Cultura muito antiga, a gastronomia esteve na origem de grandes transformações sociais e políticas. A alimentação passou por etapas históricas e sociais ao longo do desenvolvimento humano, evoluindo no âmbito do processo civilizador do nômade caçador, ao homem sedentário, quando este descobriu a importância da agricultura e da domesticação dos animais. A fixação à terra através das lutas e conquistas com abundância de comida, o que provocou um aumento demográfico que levou ao esgotamento dos recursos e à consequente migração a exploração.
É
interpretada como a capital com menor desigualdade social do Nordeste
brasileiro, como a cidade com os hábitos de vida mais saudáveis do país,
exemplo nacional na consideração de ciclovias nos projetos de deslocamento
urbano e é considerada a segunda capital do país com menor índice de fumantes.
Está entre as capitais com os custos de vida mais reduzidos do país, tendo
focado mais recentemente suas ações turísticas na criação de alojamentos
coletivos, tais como os mundialmente reconhecidos hostels. As terras onde se
encontra Aracaju originaram-se de sesmarias doadas a Pero Gonçalves por volta
do ano de 1602. As terras de Aracaju originaram-se das sesmarias, doadas a Pero
Gonçalves por volta de 1602. Compreendiam 160 km de costa, que iam da barra do
Rio Real à barra do Rio São Francisco, onde em toda as margens do estuário não
existia uma vila sequer. Apenas eram encontrados arraiais de pescadores. No ano
de 1699, tem-se notícia de um povoado surgido às margens do Rio Sergipe,
próximo à região onde este deságua no mar, com o nome de Santo Antônio de
Aracaju. Em 1757, Santo Antônio de Aracaju vivia sem maiores crescimentos e já
era incluída como sítio da freguesia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do
Tomar do Cotinguiba. No dia 2 de março de 1855, a Assembleia Legislativa da
Província abriu sessão em uma das poucas casas existentes na Praia de Atalaia.
Nesta sessão, tendo previamente analisado a situação em que se encontrava a
província, Inácio Joaquim Barbosa (1821-1855), presidente da Província de
Sergipe Del Rey, decidiu transferir a capital de Sergipe, sediada que era São
Cristóvão, para a cidade portuária que seria erguida ali. A decisão foi
recebida com grande surpresa pelos presentes.
São
Cristóvão foi a primeira capital de Sergipe. Foi fundada por Cristóvão de
Barros a 1° de janeiro de 1590, no contexto da Dinastia Filipina em Portugal,
durante a União Ibérica. Durante o domínio das chamadas “capitanias
hereditárias”, foi a primeira capital da nomeada Capitania de Sergipe.
Essa titularidade estendeu-se até a transferência da capital para Aracaju em 17
de março de 1855. A intenção dos espanhóis com sua fundação era a de construir
a primeira via terrestre que ligasse o Nordeste Oriental e seus núcleos mores às
reconhecidas como urbes de Filipeia e vila de Olinda e a urbe de São Salvador
da Baía de Todos os Santos. Surgida para fechar a brecha e vácuo geopolítico
que havia entre Olinda e São Vicente, o surgimento da urbe de São Cristóvão
ameaçou seriamente os normandos e bretões na continuidade da experiência
oeste-ibérica no sudoeste atlântico. Isso pode ser comprovado pelos choques
entre ibéricos e franceses nos vácuos geopolíticos entre São Vicente e Salvador
e posteriormente na zona ao norte de Olinda, localizados entre o extremo Leste
e a costa Norte da mainland, particularmente ilustrado nos conflitos
pela Filipeia e França Equinocial. Tratou de ser a ocupação espanhola no vácuo aparentemente
deixado pelos portugueses os quais nunca ou pouco se interessaram na
interiorização no período antes de Filipe II neste lado da América Meridional.
Pesquisas históricas e arqueológicas indicam que a cidade é a terceira
localização. Antes erguida próximo ao litoral, nas proximidades da foz do rio
Vaza-Barris até firmar-se no local em que atualmente se encontra à margem do rio
Paramopama, afluente do rio Vaza-Barris. Os dois sítios urbanos anteriores
foram invadidos e incendiados por corsários. Em 1634 foi invadida
pelos neerlandeses, ficando praticamente destruída.
As tropas luso-espanholas, sob o comando do conde de Bagnoli, tentando evitar o abastecimento dos inimigos, incendiaram as lavouras, dispersaram o gado e conclamaram a população a desertar. Os neerlandeses, que encontraram a cidade semideserta, completaram a obra da destruição. Em 1645, os neerlandeses foram expulsos da capitania de Sergipe, deixando a cidade em ruínas. No final do século XVII, Sergipe foi anexado à Bahia e São Cristóvão passa a sede de Ouvidoria. Em 1710 foi invadida pelos habitantes de Vila Nova, região norte de Sergipe, revoltados com a cobrança de impostos por Portugal. Nos meados do século XVIII, a cidade foi totalmente reconstruída. Em 1763 sofreu a invasão dos negros dos mocambos e índios perseguidos. No dia 8 de julho de 1820, através de decreto de Dom João VI, Sergipe foi emancipado da Bahia sendo elevada à categoria de Província do Império do Brasil. São Cristóvão torna-se, então, a capital. No final da primeira metade do século XIX, os senhores de engenho lideram um movimento com o objetivo de transferir a capital para outra região, onde houvesse um porto capaz de receber embarcações de maior porte para facilitar o escoamento da produção açucareira, principal fonte da economia. Em 17 de março de 1855, o presidente da Província, Inácio Joaquim Barbosa (1821-1855), transferiu a capital para Aracaju. A partir desse momento, a cidade passa por um processo de despovoamento e crise, que só é resolvido no início do século XX com o advento das fábricas de tecido e estabelecimento da via férrea. Outra perda para São Cristóvão foi de status consagrado da área litorânea urbana para Aracaju.
Com
a Proclamação da República, em 1889, Sergipe passou a ser um Estado da
Federação. Em 1892, foi promulgada a primeira Constituição estadual. Em 1924 e
1926, inspirados no tenentismo, alguns oficiais militares de média patente,
liderados por Augusto Maynard Gomes (1886-1957), tentaram depor o então
governador Maurício Graccho Cardoso, que governou de 1922 a 1926. Com a chamada
Revolução de 1930, o estado passou a ser governado por interventores e
governadores ligados a Getúlio Vargas. Nessa época, em 1938, Lampião e seu
bando foram mortos em Poço Redondo, no sertão do estado, marcando a decadência
do Cangaço. A costa sergipana foi palco de três naufrágios entre 15 e 16 de
agosto de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando os navios Baependi,
Araraquara e Aníbal Benévolo foram torpedeados pelo submarino alemão U-507,
comandado por Harro Schacht, causando quase 600 mortes. Os ataques foram em
resposta ao rompimento das relações entre o Brasil e os países do Eixo. As comunidades alemãs e italianas foram
perseguidas, sendo notório o caso Nicola Mandarino (1883-1968), que
foi acusado de espião pela população e teve sua casa incendiada em Aracaju.
Protestos seguiram-se no estado e no país, e em 22 de agosto do mesmo
ano, o Presidente Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha e Itália.
Em
1954, o prefeito Lourival Baptista efetuou a permuta da área que corresponde à
Coroa do Meio, Atalaia e Aruana por um gerador elétrico para a sede do
município. Para alguns pesquisadores o objetivo da troca era essencialmente
eleitoral, visto que Lourival Baptista conseguiu uma cadeira de Deputado
Estadual no ano seguinte com o apoio maciço dos moradores da velha São
Cristóvão. Com esta decisão Aracaju passou a ter costa oceânica, uma vez que se
encontrava somente às margens do estuário do rio Sergipe. Em 1980, é erguido às
margens do rio Poxim da Universidade Federal de Sergipe, que já promovia desde
1972 o Festival de Artes de São Cristóvão (FASC). Nessa década ocorre um
processo de conurbação com Aracaju a partir do crescimento do Jardim Rosa Elze
e inauguração do Conjunto Eduardo Gomes. A partir de então, surgem outros
conjuntos residenciais e loteamentos na região a exemplo do Luiz Alves, Rosa
Maria e Jardim Universitário. Essa área geográfica é a mais populosa e
urbanizada da cidade estando a apenas 10 km do Centro de Aracaju, sendo,
portanto, uma área de migração pendular. A relação da maioria desses
moradores com a sede do município é meramente cartorial. O movimento
pendular refere-se ao deslocamento de pessoas entre municípios distintos, para
fins de trabalho e/ou estudo e moradia. Para analistas sociais, esse conceito é
mais abrangente e deve considerar os meios de transporte, uma vez que esse
possibilitou ampliar a variedade de pessoas e para a realização de
deslocamentos. O estudo do movimento pendular é um aspecto no
processo de urbanização para a compreensão do processo social e político de expansão
urbana, metropolização, saturação dos centros urbanos,
periferização e desconcentração produtiva.
Os
movimentos pendulares podem ser classificados a partir de três processos
distintos, que resultam de diferentes tipos de deslocamentos pendulares, são
eles: a saturação urbana, a concentração urbana e a desconcentração produtiva. O
movimento pendular por saturação urbana está relacionado com a crescente
descentralização dos centros urbanos e a grande oferta imobiliária em regiões
não-centrais. O principal motivo desse fenômeno é a procura por regiões com
menores índices de violência, de poluição, de congestionamentos, dentre outros
fatores. Essa tipologia é constituída, predominante, por grupos que possuem
alta renda e que buscam melhores condições ambientais, segurança e transporte,
ou seja, mais “qualidade de vida”. O movimento pendular caracterizado pela
concentração urbana é definido pela diferenciação espacial, que separa as áreas
residenciais das áreas não-residenciais em que se desenvolvem atividades
produtivas. A concentração urbana é dividida em duas etapas: Concentração
produtiva. Com o grande advento do processo de urbanização e industrialização
ocorre a intensificação da concentração produtiva que tem como característica a
tendência à aglomeração. Essa tipologia é predominante nas classes de baixa
renda, na qual, intensificam o processo de periferização e “fortalece” os
centros urbanos. Especulação imobiliária. A especulação imobiliária é um dos
fatores primordiais para a concentração urbana que contribui à consolidação
imobiliária e segregação espacial. Desconcentração produtiva. O “tipo ideal” de
deslocamento pendular, vinculado às últimas etapas do processo de
desconcentração espacial das atividades produtivas. Nela as empresas reavaliam
a localização e nelas buscam as menos centrais das redes urbanas, objetivando
incentivos fiscais, vantagens logísticas, restrições pela legislação ambiental,
etc.
Em 1963, foi descoberto petróleo em Carmópolis e, nas décadas seguintes, esse produto passou a compor uma parcela importante da economia estadual. Na segunda metade do século XX, fixou-se também em Sergipe a fábrica de cimentos. Os anos 1990 no estado foram marcados pelo impulsionamento da economia, decorrentes da abertura da Usina Hidrelétrica de Xingó, mudanças na legislação tributária estadual para atrair investidores, a inauguração do Porto de Sergipe e a chegada multinacional da indústria cloroquímica. Como Aracaju surgiu com o objetivo de sediar a capital da província de Sergipe del-Rei, que até este momento se localizava na cidade de São Cristóvão, segundo alguns historiadores, o Centro de Aracaju foi idealizado com “planejamento urbano” desde o início, pois as primeiras ruas estão organizadas de forma a lembrar um tabuleiro de xadrez. O responsável pelo desenho da cidade de Aracaju foi o engenheiro Sebastião José Basílio Pirro (1817-1880). A construção da cidade apresentou algumas dificuldades de engenharia, pois a região ecologicamente continha pântanos, lagos e mangues. Apesar de se saber o dia exato de fundação da cidade, não se sabe com certeza qual foi o ponto inicial de desenvolvimento urbano. É provável que tenha sido ocupada a partir da Praça General Valadão, onde se situava o porto. Existe o bairro chamado América, e das ruas dele em grande parte são nomes dos outros países da América.
De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária e Imediata de Aracaju. Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião de Aracaju, que por sua vez estava incluída na mesorregião do Leste Sergipano. O solo da cidade era principalmente composto por areia e em zonas estuarinas como atualmente nos Bairros Salgado Filho, Grageru, São José, Porto Dantas e Coroa do Meio era originalmente uma área de manguezal, constantemente inundada por sua natureza ecológica. Grande parte da área de manguezal está coberta por concreto em diversos pontos da cidade. A vegetação original e o mangue, que ficavam às margens do Rio Sergipe, foram quase completamente soterrados. Na zona norte da cidade estão as áreas mais elevadas, com destaque para o morro do Urubu, que tem altitude máxima aproximada de 100m. Próximo a ele existem diversas colinas que dão uma acidentalidade ao relevo regional, a exemplo dos bairros Cidade Nova e 18 do Forte. Os prédios ainda considerados baixos facilitam a circulação de ar, ajudando a aliviar as temperaturas que afligem a cidade na maior parte do ano. Ao contrário do que acontece nas capitais litorâneas, o adensamento urbano da capital está à margem estuarina do rio Sergipe e aos seus afluentes. Estão os hotéis e casas de veraneio que se situam nos bairros Atalaia, Coroa do Meio e zona de Expansão, mesclando-se com uma crescente urbanização residencial nessas áreas nas últimas duas décadas.
As
unidades que compõem o quadro morfológico são os tabuleiros sedimentares e
planície fluviomarinha e planície marinha. Relevo dessecado do tipo geográfico
colina. Aprofundamento de drenagem muito fraca e extensão de suas formas. Os
tabuleiros sedimentares são um conjunto de baixas elevações, com forma de mesa,
separadas por vales de fundo chato, onde se desenvolvem amplas várzeas. O
relevo plano faz com que seja bastante apropriada a prática do ciclismo, sendo
este o meio de transporte incentivado pela Prefeitura. A escolha da bicicleta
ajuda a diminuir os congestionamentos e libera o transporte público. Apesar
disso, o ciclismo ainda é meio de transporte para as classes mais baixas.
Existem algumas grandes ciclovias na cidade. As mais antigas são da avenida
Augusto Franco, avenida Beira Mar, e mais recentemente, avenida São Paulo seguindo
em direção aos bairros mais periféricos, e da praia de Atalaia. A cidade tem a
Leste o Rio Sergipe, onde fica localizada a praia 13 de julho de mesmo nome do
bairro. Atualmente o espaço físico dispõe de uma orla com diversificadas
atividades relacionadas com o lazer e consumo urbano. Em seu curso à margem da
capital sergipana, o rio é considerado salobre. Nas imediações da foz o
rio separa a capital da Ilha de Santa Luzia e deságua na praia da Coroa do
Meio, onde também é “despejada a maior parte do esgoto doméstico”. O tratamento
de esgoto do bairro Coroa do Meio, em Aracaju, Sergipe, é feito pela Companhia
de Saneamento de Sergipe. A Deso já realizou obras de implantação de rede de
esgoto no bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos moradores
e o meio ambiente. O abastecimento de água é feito a partir do rio Poxim, que cruza
a cidade pelos bairros Jabutiana, São Conrado e deságua no rio Sergipe, no
bairro 13 de Julho, e do Rio São Francisco da rede de adutoras. Na divisa com a
cidade de Nossa Senhora do Socorro existe o Rio do Sal, de onde a prefeitura e
particulares retiram água para regar os canteiros públicos e outras tarefas
onde não há necessidade de se utilizar água potável.
No surgimento do teatro, na Grécia a arte era representada, essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia. Aristóteles, em sua Arte Poética, para diferenciar comédia de tragédia diz que enquanto esta última trata essencialmente de homens “superiores” (“heróis”), a comédia fala sobre os homens “inferiores”, pessoas comuns da polis. Isso pode ser comprovado através da divisão do trabalho social dos júris que analisavam os espetáculos durante os antigos festivais de Teatro. Ser escolhido como jurado de tragédia era determinada comprovação de nobreza e de representatividade social. A comissão formada pelo júri da comédia era de cinco membros sorteadas da plateia. A importância da comédia, inicialmente de sentido político, era proporcional à possibilidade democrática do uso de sátira a todo tipo lúdico de ideia. É difícil analisar, sociologicamente, o que faz uma pessoa rir ou o que é engraçado ou não. Uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma diversão intensamente pessoal, ou seja, que é próprio e particular culturalmente de cada pessoa. Ocorre por volta de meados do séc. VI quando Pisístrato transferiu o antigo e rústico festival dionisíaco dos frutos, para o coração da cidade de Atenas. Com as Dionísia Urbanas, que tinham no fim de março, o povo recebeu um magnífico festival popular em que podia cimentar seus interesses e exibir as glórias de seu Estado aos negociantes que visitavam a cidade. Elas eram consideradas tão sagradas, que violações menores eram punidas como sacrilégio. O Festival começava suntuosamente com uma procissão que escoltava uma antiga imagem de Dioniso, estudado por Friedrich Nietzsche, o “deus pai” do teatro, ao longo da estrada que conduzia à cidade de Eleutéria e regressava depois a Atenas à luz de tochas.
A imagem era colocada no métier da orquestra do teatro, com seus mitos e rituais de passagem, assentos reservados aos sacerdotes do deus, com extraordinária pompa. Uma das principais características da comédia é a constatação pública sobre o erro, o engano. O cômico está baseado no fato cultural ou político de um ou mais personagens serem enganados ao longo da peça. À medida em que o personagem vai sendo enganado e o equívoco aumentando, o público ri cada vez mais em seu processo de interação social. Em seu surgimento, ninguém, se não fosse constituído da cidadania estava a salvo de ser alvo das críticas populares da comédia: governantes, nobres e nem ao menos os deuses, como pode ser visto no ensaio: As Rãs, de Aristófanes (447 a. C. -385 a. C.). A comédia representa a utilidade social de humor nas artes. Também pode estar presente em um espetáculo, na história da arte, ou em determinado gênero, na modernidade, na sátira de um filme, que recorre intensivamente ao humor. Comédia é o que é engraçado per se, que nos faz rir graciosamente. Entetanto, uma das principais características da comédia é o engano. Frequentemente, o cômico está baseado no fato de um ou mais personagens serem enganados através de trocadilhos e gestos habituais na representação da peça. À medida que o personagem vai sendo enganado e o equívoco vai aumentando, o público envolvido vai gozando cada vez. A estética moderna de Alexander Baumgarten (1714-1762), que introduziu pela primeira vez o termo estética, se construiu como uma tentativa de indagar sobre a especificidade desse “outro saber” e, além disso, de fundamentar sua autonomia e o reconhecimento intelectualmente. Configurando a relação entre eles, como aquela entre duas formas autônomas no interior do mesmo processo gnosiológico, ela deixava, na sombra o problema fundamental como deveria ser interrogado. A verdadeira percepção da natureza de qualquer fundamento.
A natureza do conhecimento refere-se a dois aspectos básicos: quando se trata dos fundamentos indispensáveis ao saber, em referência a tais sentidos, quando Immanuel Kant formulou seu procedimento gnosiológico, resguardando por um lado, o espírito do idealismo, por outro, o subjetivismo. A importância de entender tais fundamentos, a essência das coisas materiais ou espirituais, que existem fora independente de nossa consciência, em que o sujeito de algum modo tem necessidade do entendimento. Só podemos conhecer o fenômeno a coisa para nós, a manifestação exterior da coisa em si, tal como ela apresenta a nossa percepção, do modo que chega até ao sujeito, o conhecimento não determina a essencialidade de um fato, não sintoniza a complexidade da referência, a dificuldade epistemológica do saber. O que significa que a matéria do conhecimento vem tão somente do objeto, dada pela experiência, a forma do conhecimento procede também do sujeito não anterior a experiência pelo menos em parte, a defesa da valorização do campo empírico aplicado a lógica do entendimento, na perspectiva indutiva. Apresentando as formas do conhecimento e suas relações abstratas com a subjetividade e objetividade, o conhecimento torna se por meio da posterioridade, ao que se refere ao campo empírico, sendo que o propósito a priori, as lógicas da convencionalidade servem apenas as deduções construtivas, a finalidade aplicada ao fundamento da formalidade.
As determinações das consciências são exatamente duas: a posterior e a priori, significando, portanto, que não existe realidade objetiva. Para Kant existe tão somente o nosso espírito, antes e, independente de qualquer experiência, mas o saber relativamente possível verifica-se apenas na aplicação do método empírico, não por caminhos da metafísica. Assim, existem duas formas principais de representação socialmente do saber epistemológico: da sensibilidade e do entendimento. As formas das sensibilidades, mais do que nunca, correspondem com o espaço (lugar) e tempo (história), que dão ordem nas sensações caóticas numa justaposição no espaço, na sucessão do objeto no tempo, tal perspectiva meramente histórica e sucessiva ao campo das mentalidades. As formas do entendimento denominadas de conceitos puros ou categorias sintetizam formando o entendimento do mundo exterior nas suas sensibilidades, idealizado pela lógica do sujeito enquanto consciência formulada a priori. O princípio do apriorismo kantiano é o da sensibilidade que os objetos são dados. A sensibilidade nos oferece intuições empíricas, mas é em última análise o entendimento humano que se reflete de forma objetiva a respeito dos objetos em operação desse conceito aparecem às formulações teoréticas. Esse padrão é nosso velho conhecido na fenomenologia, visto que a filosofia durante séculos de elaboração abstrata na história da civilização utilizou para reconhecer. Isto fica claro da seguinte maneira; se o saber é igual ao conceito e a essência corresponde o objeto, logo o conceito precisa corresponder ao objeto e vice-versa, basta para nós, portanto, verificar em nosso exame – diz Hegel – se o objeto corresponde ao conceito. Por isso, é necessário manter os dois momentos do exame; o conceito, quer dizer, ser para outro e o objeto consequentemente ser em si mesmo.
Com isso verificamos que não é necessário um “padrão de medida”, um instrumento que capte o raio, mas, é necessário investigar a partir do que é dado, embora, aquilo que é dado fique no limite da própria consciência do que é verdadeiro é consciência do “seu saber da verdade”, pois o que estabelece a comparação é a própria consciência. No que inferimos desta relação entre limitações do discernimento, da consciência de si e da razão, Hegel se empenhou em apreender e expressar o verdadeiro não como substância, mas também, na mesma medida, como sujeito. Para Marx, o autor da “Fenomenologia do Espírito”, não se deu plenamente conta do quanto era concreta a atividade desse sujeito. “O único trabalho que Hegel conhece e reconhece” – escreve Marx – “é o trabalho espiritual abstrato”. Não enxerga o trabalho em toda a sua contraditória materialidade e por isso o idealiza e o vê de maneira unilateralmente positiva, minimizando a força da sua negatividade: a essência humana equivale para Hegel à consciência de si, em vez de reconhecer na consciência de si a consciência de si do homem, quer dizer, “de um homem real, que vive num mundo real, objetivo, e é condicionado por ele”. Por isso, Hegel, na leitura Marx, caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento, que se encontra em si mesmo, se aprofunda em si mesmo e se movimenta por si mesmo, enquanto o método dialético que consiste em elevar-se filosoficamente do abstrato ao plano concreto é para o pensamento precisamente a maneira de se apropriar do concreto, de reproduzi-lo como concreto espiritual (cf. Marx, 2011: 248).
Lembramos que Hegel não é um idealista platônico para quem as Ideias constituem um campo ontológico superior à realidade material: elas formam um campo pré-ontológico das sombras. Esta é a tese defendida com sabedoria no ensaio de Slavoj Žižek: “Less Than Nothing” (2013). Para ele, o espírito tem a natureza como seu pressuposto e é simultaneamente a verdade da natureza e, como tal, o “absolutamente primeiro”; a natureza, portanto, “desvanece” em sua verdade, é “suprassumida” (aufgehoben) na identidade-de-si do espírito: Essa identidade, afirma Hegel na Lógica: “é a negatividade absoluta, porque o conceito tem na natureza sua objetividade externa consumada, porém essa sua extrusão é suprassumida, e o conceito tornou-se nela idêntico a si mesmo. Por isso só é essa identidade enquanto é retomar da natureza”. A estrutura triádica precisa dessa passagem, ao modo hegeliano mais que em sua dialética, todavia exemplar do ponto de vista da irrefutabilidade do conhecimento de apropriação do real: tese, o conceito tem na natureza sua objetividade externa consumada; antítese (“Porém”), essa sua extrusão é suprassumida e, por meio dessa suprassunção, o conceito atinge a identidade-de-si; síntese (“por isso”), ele só é essa identidade enquanto é retomar da natureza.
É
nessa maneira que devemos entender a identidade como negatividade
absoluta: a identidade-de-si do espírito surge por sua “relação negativa”
(suprassunção) com esses pressupostos naturais, e essa negatividade é
“absoluta” não no sentido que nega a natureza “absolutamente”, de que a
natureza desaparece “absolutamente” (totalmente) nele, mas no sentido de que a
negatividade da suprassunção (Aufhebung) é autorrelativa; em outras
palavras, o resultado desse trabalho da negatividade é a identidade-de-si
positiva do espírito. As palavras principais dessa passagem são: consumada e
só. O conceito “tem na natureza sua objetividade externa consumada”: não há
“outra” realidade objetiva, tudo o que “realmente existe” enquanto realidade é
a natureza, o espírito não é outra coisa que se acrescenta às coisas naturais.
É por isso que “só é essa [sua] identidade enquanto é retomar da natureza”: não
há um espírito preexistente à natureza que, de alguma maneira, “exterioriza-se”
na natureza e depois se reapropria dessa realidade natural “alienada” – a
natureza completamente “processual” do espírito (o espírito é seu próprio
devir, é resultado de sua própria atividade) significa que o espírito é somente
(ou seja, nada mais que) seu “retorno-a-si-mesmo” a partir da natureza. Em
outras palavras, o “retorno a” é plenamente performativo, o movimento do
retorno cria aquilo para que ele retorne.
Portanto, ao assumir o conceito hegeliano de dialética,
Marx foi levado a modificá-lo, mas a perspectiva de Marx implicava não só uma
reavaliação do papel do trabalho material na autocriação e na autotransformação
do ser humano, como também exigia uma reavaliação dos trabalhadores como força
material de trabalho capaz de dar prosseguimento à autotransformação histórica
da humanidade. Porque pode fazer história na prática e revolucionar a estrutura
dessa sociedade, em sua transitoriedade assimilando assim as conquistas mais
profundas da filosofia. Utilizando o conhecimento para “superar/conservar” a
situação particular de classe que lhes é imposta. Em sua concepção dialética da
história, a filosofia materialista e dialética, assegura Marx, “não pode se
realizar sem a superação do proletariado; e o proletariado não pode se superar
sem a realização da filosofia”. O modo
de pensar dialético atento à infinitude do real e a irredutibilidade do real ao
saber distingue os planos de análise e de realidade de quem opera. Implica uma
interpretação constante da consciência no sentido dela se abrir para o
reconhecimento do novo, inédito, no âmbito relacional das “mediações complexas”
e das contradições que irrompem no campo visual do sujeito e lhe revelam a
existência de problemas que não estava enxergando. Hegel é o primeiro a ter
visibilidade na Filosofia relevando a tópica da consciência e da
autoconsciência vis-à-vis à consciência comum.
A
exigência do reconhecimento das contradições pode entrar em choque e, de fato
com frequência entra, com exigências de outro tipo que são exigências ligadas
às tarefas revolucionárias urgentes que a política representa, assim, aos
homens e mulheres que compreendem ou sabem que a vida vive mudando e a sua
consciência participa deste movimento. Em determinadas circunstâncias, o
reconhecimento da complexidade e da contraditoriedade que legitima do quadro de
ação pode paralisar, ou ao menos “entorpecer”, talvez como na religião, ou, “no
mito religioso da leitura” a intervenção eficaz da visão em tais
circunstâncias. Os dirigentes políticos das forças pragmaticamente
comprometidas com a mudança radical tendem a mobilizá-las através de fórmulas
nem sempre dialéticas, com exceção de V. I. Lenin - cujo efeito político
específico lhes parece ser mais direto, imediato, objetivo e eficaz para a
transformação social. Daí é que parte essa investida exemplar de Hegel, o
grande tema hegeliano do caminho para a verdade como arte da verdade – para se
chegar à escolha certa, é preciso começar com a escolha errada – reafirma a si
mesmo. A questão não é que deveríamos ignorar Hegel, afirma Slavoj Žižek, mas sim que só podemos nos permitir ignorá-lo depois de
um longo e árduo estudo de Hegel. A hora é exatamente a de repetir
Hegel.
Na
modernidade a comédia encontra grande espaço nos teatros como lugar praticado,
devido a sua importância social e política enquanto forma de representação e de
manifestação coletiva crítica em qualquer esfera: política, social, econômica.
Encontra apoio merceológico no processo comunicacional de consumo de massa e é
extremamente apreciada por grande parte do público consumidor da chamada
indústria cultural ou de entretenimento. Assim, atualmente, não há grande
distinção entre a importância artística da tragédia, ideologicamente
reconhecida simplesmente como drama ou da comédia. Em defesa do gênero, o
crítico de artes e cinema Rubens Ewald Filho lembra o ditado: - “Morrer é
fácil, difícil é fazer comédia”. De fato, entre os artistas, reconhece-se que
para fazer rir é necessário um ritmo, reconhecido como timing, especial que não
é dominado tecnicamente por todos os humoristas. Uma característica reconhecida
da comédia é que ela é uma representação social da diversão intensamente
coletiva, mas pessoal. Para rir de um fato social ou político é necessário
reconhecer: revendo, como na leitura, tornando a conhecer, como no trabalho
incessante do aprendizado da escrita, tomando os fatos culturais subjetivamente
como parte de determinado valor humano - os homens comuns - a tal ponto que ele
deixa de ser mitológico, ameaçador e passa a ser banal, corriqueiro,
usual e pode-se rir intensivamente dele. As pessoas com frequência não acham as
mesmas coisas engraçadas, mas quando fazem isso pode ajudar a criar laços
poderosos de afeto.
Bibliografia
Geral Consultada.
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