“A hora certa de consertar o telhado é quando faz sol”. John F. Kennedy
A história social da escravidão (ou escravatura) nos Estados Unidos da América inicia-se no século XVII, quando práticas escravistas similares aos utilizados pelos espanhóis e portugueses em colônias na América Latina, e termina em 1863, com a Proclamação de Emancipação de Abraham Lincoln, realizada durante a Guerra Civil Americana. Na origem da guerra tem-se, grosso modo, a escravidão e dois modelos econômicos opostos. O norte em expansão econômica graças à industrialização, à proteção ao mercado interno e à mão-de-obra livre e assalariada, e o Sul numa economia baseada na plantação e no escravismo. As diferenças culturais e políticas entre os estados do Norte e do Sul, ao contrário da dicotomização de estudiosos, não são tão acentuadas, como é analisado por Lewis Cecil Gray (1881-1952) no ensaio: “History of Agriculture in the Southern United States to 1860. Contributions to American Economic History” (1933). Durante a maioria do século XVII e parte do século XVIII, escravos do sexo masculino eram em maior número que escravas do sexo feminino, fazendo com que os dois grupos tivessem experiências distintas nas colônias. Vivendo e trabalhando em uma ampla variedade de circunstâncias e regiões, homens e mulheres afro-americanos tiveram variadas experiências de escravidão. Com o aumento de africanas sequestradas, bem como os escravos nascidos nas colônias, estupros cresceram entre 1730 e 1750.
- “A singularidade da situação das mulheres afro-americanas é que ela se situa no cruzamento de duas das mais bem desenvolvidos ideologias na América, sobre as mulheres e sobre o Negro”. Possuindo identidades femininas e identidades negras, mulheres africanas escravizadas enfrentaram na esfera política o racismo e sexismo. Desde 1700 e 1740, um número estimado de 43.000 escravos foi levado para a Virgínia e, à exceção de 4.000 escravos, que foram sequestrados diretamente da África. No período histórico da Revolução Americana (1775-1783), o status de escravo havia sido institucionalizado “como uma casta racial”, na parte mais baixa da hierarquia social, formada quase que exclusivamente por negros de ascendência africana, amparada por provisões legais dentro Constituição do país. Em 1789, o número de pessoas de cor livres que eram cidadãos e podiam votar era quase nulo. Porém, pouco tempo depois da guerra de independência, as primeiras Leis Abolicionistas foram passadas nos Estados do norte e o movimento para abolir a escravidão cresceu na primeira metade do século XIX. Os Estados nortistas dependiam de mão de obra livre e a maioria tinha abolido a escravidão por volta de 1805, embora nem todos os escravos tenham sido libertados de fato, imediatamente. A expansão da indústria do algodão no extremo Sul após a invenção da máquina de tecer, fez com que a demanda por trabalho escravo no Sul dos Estados Unidos aumentasse. Os escravagistas tentaram expandi-la para os Estados novos formados nos territórios do Oeste para que pudessem manter sua influência política pela nação. Os políticos sulistas queriam anexar Cuba como um território escravagista.
Pesquisas recentes sugerem que o número de mulheres e homens transportados neste período foi semelhante, incluindo um elevado número de filhos. Como a maioria dos escravos provinham da África Ocidental, suas culturas eram centrais de meados ao fim do século XVIII da escravidão na Virgínia. Valores africanos foram predominantes e as culturas das mulheres da África Ocidental tinham fortes representações. Algumas representações culturais predominantes formavam os poderosos laços entre mãe e filho e entre as mulheres na comunidade feminina. Entre o grupo étnico Ibo da atualmente Nigéria, em particular, que incluía entre um terço e metade dos escravos no início do século XVIII, a autoridade feminina (a omu) “administrava sobre uma ampla variedade de questões importantes para as mulheres, em particular, e para a comunidade como um todo”. O grupo étnico lbo representava pessoas trazidas para a Chesapeake, que pode se referir a várias localidades nos Estados Unidos, porém, em geral, os africanos vieram traficados de uma variada gama de culturas. Todos vieram de comunidades onde as mulheres eram fortes, e foram introduzidas sociedade patriarcal, violentamente racista e exploradora; homens brancos caracterizavam mulheres negras como uma erotização sexual, visando justificar seu abuso sexual e miscigenação. O caráter capitalista da “plantation” escravista do Sul, analogamente aos estados do Norte, era uma contradição, mas devemos lembrar, “em última instância”, de oposição assimétrica no sentido marxista interno ao sistema econômico.
Contudo, em sua complementaridade uma economia escravista tende a inibir o desenvolvimento econômico de uma sociedade capitalista, tal como é demonstrado, neste caso, pelo sociólogo Max Weber em seu livro: The Theory of Social and Economic Organization (1997). Além disso, o retorno dos lucros de volta à produção, no caso de Marx, presente no Norte industrializado, não ocorria da mesma forma nos estados do Sul, que tinha uma acentuada tendência a um consumo intenso, daí o binômio: produção-consumo. Assim, Norte e Sul diferem-se na medida em que o primeiro possui um progresso econômico qualitativo com o retorno dos lucros à produção, e o Sul, por sua vez, ao dirigir seus lucros em escravos e terras, possui um progresso econômico quantitativo, levando em consideração a só aparente baixa produtividade da mão-de-obra escrava. Esse fato per se histórico e ideológico (cf. Bailyn, 2003) se deve à “mentalidade escravista” do proprietário sulista, que investia na compra de escravos como “fator de produção”, pois “dava prestígio e segurança econômica e social numa sociedade dominada pelos plantadores”. Os consequentes saltos qualitativos na produção nortista levaram os proprietários sulistas a uma aguda disputa com os proprietários do norte. Se for aceita a condição capitalista para os estados do Sul (segundo Karl Marx), assim como para os estados do Norte (para Max Weber), tem-se então uma sociedade capitalista que impediu o desenvolvimento do próprio capitalismo, fato que historicamente tende a revoltas, guerras e revoluções, ainda mais considerando que o Sul apresentava na economia problemas de produção de produtos para o consumo interno.
Relatos do escravo Frederick Douglass demonstram que algumas plantações não forçavam seus escravos a trabalharem no período festivo do Natal. O motivo não era altruísta, essa folga era concedida para liberar tensão psicológica entre os trabalhadores, como ocorre comparativamente no período de “carnaval” para que eles continuassem sendo explorados mais um ano. Não era uma prática comum a todos os donos de escravos, mas pelos relatos, não era algo tão raro também. Apesar do tráfico de escravos ser proibido em 1815, o contrabando continuou até o ano de 1860, enquanto que no Norte crescia a campanha pela abolição. O Compromisso do Missouri de 1820, autoriza a escravidão apenas abaixo do paralelo 36º. O apoio que ainda poderia existir no Norte a favor da escravidão esvaiu-se com o extraordinário livro A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Elizabeth Stowe, uma ardente abolicionista que o publicou em 1852. No final de 1860, o Estado da Carolina do Sul já havia se declarado fora da União, fato este que culminou na formação dos Estados Confederados da América. Poucos meses após a eleição de Abraham Lincoln (1809-1865), um republicano contrário à escravidão, a confederação, de cunho separatista, já aglomerava 11 Estados: Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Flórida, Alabama, Mississippi, Louisiana, Arkansas, Texas e Tennessee. Assim, a guerra civil se deflagra e deixa um saldo de centenas de milhares de mortos e uma legião de negros marginalizados. Nenhum programa governamental é previsto para sua integração profissional e econômica. O Sul permanece militarmente, mas isso até 1877, favorecendo novas religiões como uma que se chama: Os cavaleiros da Camélia Branca, essa perseguia os negros violentamente e defendia a segregação racial.
Os Cavaleiros da Camélia Branca, nome aparentemente devido à camélia, um tipo de flor que foram fundados pelo Coronel do Exército dos Estados Confederados, Alcibíades De Blanc, em 22 de maio de 1867, em Franklin, Louisiana. O autor Christopher Long declarou: “Seus membros se comprometeram a apoiar a supremacia da raça branca, a se opor à miscigenação das raças, a resistir à invasão social e política dos chamados carpetbaggers e a restaurar o controle branco do governo”. O historiador Nicholas Lemann os chama de a principal organização terrorista da Louisiana. Suas táticas que incluíam “perseguição, açoites e, às vezes, assassinatos”, também “produziram um reinado de terror entre a população negra do estado durante o verão e o outono de 1868”. O número estimado de mortos em sua campanha de terror pode ter chegado a 1.800, com um número ainda maior de feridos. O duplo assassinato do juiz pró-republicano Valentine Chase (1869-1937) e do xerife Henry Horatio Pope (1838-1868) da Paróquia de St. Mary pode ter sido cometido por eles. Os capítulos existiam na parte Sul do Deep South. George C. Rable observou que, “embora os republicanos vissem evidências de uma conspiração maciça nesses ultrajes, na Louisiana e em outros lugares, os terroristas brancos não estavam organizados além do nível local” (cf. Rable, 2015). Do ponto de vista da divisão do trabalho social um objetivo adicional do grupo era impedir que a mão de obra agrícola dos libertos deixasse as plantações.
Ao contrário da Ku Klux Klan, que tinha grande parte de seus membros entre os sulistas de classe baixa, principalmente veteranos confederados, a White Camelia era formada principalmente por sulistas de classe alta, incluindo médicos, proprietários de terras, Editores de jornais e oficiais. Em geral, eles também eram veteranos confederados, a parte superior da sociedade antebellum. Ela começou a declinar, apesar de uma convenção em 1869. As pessoas mais agressivas se juntaram à White League ou a organizações paramilitares semelhantes que se organizaram em meados da década de 1870 os Cavaleiros da Camélia Branca originais haviam praticamente deixado de existir. Entre seus membros estava o juiz da Louisiana Taylor Beattie (1837-1920), que liderou o Massacre de Thibodaux em 1887. O Massacre de Thibodaux foi um episódio de violência da supremacia branca que ocorreu em Thibodaux, Louisiana, em 23 de novembro de 1887. Ele ocorreu após uma greve de três semanas durante a crítica temporada de colheita, na qual cerca de 10.000 trabalhadores protestaram contra as condições de vida e trabalho insalubre existentes nas plantações de cana-de-açúcar em quatro paróquias: Lafourche, Terrebonne, St. Mary e Assumption. A greve foi a maior greve da história da indústria e também foi a primeira greve a ser conduzida e coordenada pela organização trabalhista formal, os Knights of Labor. A pedido dos mandatários racistas plantadores, o estado enviou a milícia para proteger os reacionários fura-greves de ataques de emboscada por grevistas, e o trabalho foi retomado em tais plantações. Trabalhadores negros e suas famílias foram despejados das plantações nas paróquias de Lafourche e Terrebonne e recuaram para Thibodaux.
As tensões explodiram em violência em 21 de novembro de 1887, quando um “homem branco desconhecido” entrou em um bar de propriedade de negros e matou um trabalhador negro e feriu outro. A violência continuou em 23 de novembro de 1887, quando cinco guardas da cidade foram emboscados e dois feridos e as forças paramilitares brancas locais responderam atacando trabalhadores negros e suas famílias. Embora o número total de vítimas seja desconhecido, o consenso é que pelo menos 35 negros foram mortos durante os três dias seguintes (alguns historiadores estimam que 50 negros foram mortos) e o total de mortos, feridos e desaparecidos foi estimado em centenas, o que a torna uma das disputas trabalhistas mais violentas da história dos Estados Unidos da América. As vítimas incluíam idosos, mulheres e crianças. Todas as pessoas que foram mortas eram afro-americanas. Quer dizer, o massacre sangrento e a aprovação de legislação estadual discriminatória pelos democratas brancos, incluindo a privação de direitos humanos, e portanto, aquestão dos direitos civis da maioria dos negros, acabaram com a organização dos trabalhadores do açúcar por décadas, até a década de 1940. De acordo com o historiador John C. Rodrigues, “os trabalhadores do açúcar derrotados retornaram às plantações nos termos de seus empregadores”.
A
colheita e o processamento da cana-de-açúcar compreendiam uma série complexa de
etapas que precisavam ser coordenadas de perto por uma grande força de trabalho
que era forçada a trabalhar até o ponto de exaustão física. As plantações de
açúcar eram chamadas de “fábricas no campo” e seus trabalhadores morriam em
alta taxa durante a era da escravidão. As condições melhoraram pouco após a
Reconstrução. Uma questão importante surgiu no início da década de 1880, quando
os proprietários das plantações começaram a cortar salários e a forçar os
trabalhadores da cana a aceitarem vale-transporte como pagamento devido ao
declínio do mercado internacional de açúcar. Esses “tíquetes de papelão” eram
resgatáveis apenas nas lojas da empresa, que operavam com altas margens de
lucro. À medida que a plantação mantinha os livros, os trabalhadores
frequentemente analfabetos ficavam cada vez mais presos a dívidas e incapazes
de se libertar. Exigidos por lei a pagar a dívida, os trabalhadores ficaram
essencialmente presos à plantação em um estado semelhante à escravidão. A
maioria dos trabalhadores da cana de açúcar era negra, mas também havia um determinado número de trabalhadores brancos. Os Cavaleiros
do Trabalho usaram a emissão de vales-transportes para organizar os
trabalhadores, e milhares se juntaram ao grupo.
Em outubro de 1877, Duncan F. Kenner (1813-1887), um milionário plantador, fundou a Associação de Produtores de Açúcar da Louisiana (LSPA), composta por 200 dos maiores plantadores do Estado, e atuou como presidente. A poderosa LSPA pressionou o governo federal por tarifas de açúcar, financiamento para apoiar diques para proteger suas terras e pesquisas para aumentar a produtividade das colheitas. Na década seguinte, esses membros também trabalharam para obter controle sobre seu trabalho. Eles adotaram uma escala de pagamento uniforme e retiveram 80 por cento dos salários até o final da temporada de colheita, a fim de manter os trabalhadores nas plantações até o final da temporada. Eles acabaram com o sistema de “empregos”. Os maiores plantadores, que mantinham lojas, exigiam que os trabalhadores “aceitassem pagamento em vales, resgatáveis apenas em suas lojas”. Os trabalhadores resistiram, organizando algumas ações anuais contestando alguma parte do programa da LSPA. O governo estadual apoiou os poderosos plantadores, enviando milícias estaduais quando os plantadores usaram mão de obra de condenados arrendados de prisões para colher e processar a cana. Em 1887, os Knights of Labor organizaram uma grande greve de açúcar de três semanas “guerra de movimento” e “guerra de posição” contra as plantações de cana nas paróquias de Lafourche, Terrebonne, St. Mary e Assumption.
A maioria das plantações estava ociosa. A greve foi organizada pela organização nacional Knights of Labor, que havia estabelecido a Assembleia Local 8404 em Schriever no ano anterior. Em outubro, os representantes dos trabalhadores apresentaram reivindicações à LSPA que incluíam um aumento dos salários para 1,25 dólares por dia, pagamentos quinzenais e pagamento em moeda em vez dos “bilhetes de cartão”, ou vales, resgatáveis apenas nas lojas da empresa. Como a LSPA ignorou as demandas, os Knights of Labor convocaram a greve para 1º de novembro, programada para coincidir com o crítico “período de rolamento” da safra, quando ela tinha que ser colhida e processada. A paralisação do trabalho ameaçou toda a colheita de cana-de-açúcar do ano. A greve de 1887 foi a maior ação trabalhista do setor, envolvendo cerca de 10.000 trabalhadores, um décimo dos quais eram brancos. Foi a primeira vez que uma organização trabalhista formal liderou uma greve nesta região. Os plantadores apelaram ao governador da Louisiana, Samuel Douglas McEnery, que também era plantador. McEnery, declarando: “Deus Todo-Poderoso traçou ele mesmo a linha de cor”, convocou dez companhias de infantaria e uma companhia de artilharia da milícia estadual, enviando esta última para Thibodaux, a sede da paróquia e “coração da greve”. Eles deveriam proteger os fura-greves e reprimir os grevistas; eles despejaram os trabalhadores das moradias das plantações. A milícia reprimiu os grevistas na Paróquia de St. Mary, resultando em “até vinte pessoas” mortas ou feridas em 5 de novembro na vila negra de Pattersonville. A milícia protegeu cerca de 800 trabalhadores contratados trazidos para Terrebonne Parish e ajudou a capturar e prender 50 grevistas, a maioria por atividades sindicais.
A greve fracassou ali, e os trabalhadores retornaram às plantações. Muitos dos trabalhadores negros em Lafourche Parish recuaram após o despejo para a seção residencial negra lotada de Thibodaux, e a milícia estadual se retirou. Eles deixaram para as autoridades locais administrarem a partir daí. Em 1939, a Time informou que o antissemita George E. Deatherage, da Virgínia Ocidental, estava se descrevendo como o “comandante nacional dos Cavaleiros da Camélia Branca”. Na década de 1990, um grupo da Ku Klux Klan, com sede no leste do Texas, adotou o nome. Segundo o livro Soldiers of God, a Camélia Branca da nova era tem uma forte influência em Vidor, Texas. Desde o retorno do nome White Camelia, os chamados grupos da Klan “White Camelia” (às vezes grafados como “Kamelia”) também surgiram na Louisiana e na Flórida. Na linguagem teórica, as palavras e expressões, ipso facto, funcionam como conceitos teóricos. Mas em sua periodização histórica, teórica e ideológica as palavras e expressões funcionam sempre de forma distinta, porque se referem a concepção de uma determinada teoria da história. A dificuldade própria da terminologia teórica consiste, pois, em que, por detrás do significado usual da palavra, é preciso sempre discernir o seu significado conceptual, que é sempre diferente do significado usual corrente nas fontes, nas atas, nos documentos oficiais, no âmbito da formação discursiva. Na sua significação mais geral deve nos permitir a compreensão que tem por efeito o conhecimento de um objeto: a narrativa da história. É assim que, sem temor a erro, podemos afirmar, que a história abstrata ou em geral não existem, no sentido exato do termo, de objetos concretos e singulares que enformam a experiência da vida cotidiana da humanidade.
A tradição metodológica funcionalista marxista concebe o Estado como um “aparelho repressivo”, uma “máquina de repressão”, ou, “comitê executivo da classe dominante” que permite às classes dominantes assegurar a sua dominação sobre a classe operária, extorquindo desta última a mais-valia. O Estado é, antes de tudo, o “Aparelho de Estado”, termo que compreende não somente o “aparelho especializado”, mas também o exército que intervém como força repressiva de apoio em última instância, o Chefe de Estado, o Governo e a Administração, definindo o Estado como força de execução e de intervenção repressiva a serviço das frações da classe dominante. A rejeição hegeliana parte da própria negação de “estruturas hegelianas” em Marx, onde a totalidade expressiva de Hegel cede lugar, na análise crítica da filosofia de Louis Althusser, ao todo-estruturado. É um todo sobredeterminado (“uberdeterminierung”) com níveis de análise e instâncias (instare) relativamente autônomas. Na configuração das ações há, diferente da lógica dialética, “todos parciais”, sem prioridade de um “centro”. Em nível econômico opera-se a rejeição da “unicausalidade econômica” da história e das lutas atribuindo-se a instâncias, então determinadas do discurso político e ideológico, o “peso” de instâncias decisivas, dominantes em ser determinantes.
Enfim, a guerra civil se deflagra e deixa um saldo de centenas de milhares de mortos e uma legião de negros marginalizados. Nenhum programa governamental é previsto para sua integração profissional e econômica. O Sul permanece militarmente, mas isso acontece até 1877, favorecendo o surgimento de outras novas religiões como uma que se chama ao nível ideológico os Cavaleiros da Camélia Branca, essa perseguia os negros violentamente e defendia a segregação racial. Todas essas diferenças elencadas, não só nos aspectos produtivos, mas também em diferenças de mentalidades, tal como observadas por Alexis Tocqueville (1805-1859), estão diretamente ligadas à questão da escravidão. O orgulho pela plantation sulista, a posse de escravos, os problemas produtivos — tudo remete à escravidão, fator que pretendeu-se colocar como força matriz da Guerra Civil. A “Era dos Linchamentos” politicamenente teve seu epicentro no Sul dos Estados Unidos da América. Se iniciou depois do fim da Guerra Civil americana e da declaração formal de fim da escravidão, em 1863. Para os pesquisadores, não se trata de coincidência. - “Depois da Guerra Civil, cerca de 4 milhões de escravos negros se tornaram livres e passaram a competir com os brancos (por empregos) nas economias dos estados do Sul”, explica Charles de Tolnay (1899-1981). - “Os negros foram ameaçados até que ficaram completamente privados de direitos de participação política, por volta do ano 1900, e o Sul ficou governado pelo sistema de castas raciais, no qual havia uma clara linha de separação entre a raça branca superior e a raça negra subordinada”.
Apesar de ser importante na história dos Estados Unidos, a “era dos linchamentos” é pouco reconhecida. Para mudar isso, em 26 de abril, foi inaugurado o Monumento Nacional pela Paz e Justiça em Montgomery, no Estado americano do Alabama. - “Diga o nome de um afro-americano linchado entre 1877 e 1950? A maior parte das pessoas não conhece nenhum. Milhares de pessoas morreram, mas não se pode nomear uma sequer? Por quê? Porque não temos falado sobre isso”, comentou Bryan Stevenson, advogado, ativista, e professor de direito na New York University School of Law fundador da Equal Justice Initiative (EJI), uma organização não-governamental que atua politicamente na defesa de direitos humanos nos Estados Unidos, sobre o motivo por trás da criação do Monumento. Basta dizer que ele espera apresentar para o público o contexto do terror racial nos Estados Unidos, com o uso de recursos artísticos. Foram criados mais de 800 memoriais de aço de cerca de 2 metros de altura, um para cada condado dos Estados Unidos onde afro-americanos foram linchados. Neles, estará grafado sempre o nome das vítimas. Cada um desses monumentos tem uma réplica, que a EJI espera entregar para as regiões correspondentes. A ideia é que as esculturas sejam expostas nos recordando violentas histórias racistas de linchamento.
No cinema o “pesadelo de Northup”,
interpretado pelo ator Chiwetel Ejiofor, teve início em 1841, antes da guerra civil
que oficializaria o fim da escravidão nos EUA. Ele vivia em Saratoga, no estado
de Nova York, com a mulher e os três filhos, e trabalhava como carpinteiro e
músico, animando festas na região. Dois homens convidaram Northup para se
apresentar em um circo em Washington. Constituíam-se em chefe de mercenários,
bandidos, guerrilheiros como ocorrera historicamente na Itália medieval e
renascentista. Neste caso, analogamente eram criminosos a serviço de
fazendeiros do sul escravocrata que patrocinavam o sequestro de negros livres
ao norte e, com aval de autoridades, falsificavam documentos de posse. Northup
foi vendido a diferentes senhores até cruzar com o mais cruel deles, Edwin Epps
(Michael Fassbender). Na fazenda de Epps, onde passou a maior parte de seu
tempo de cativeiro, ele testemunhou horrores como os vividos pela jovem escrava
Patsey (Lupita Nyong`o), alvo do furor sexual de seu dono e dos mais sádicos
castigos. Filmes “Django Livre”, de Tarantino, e
“Lincoln”, de Spielberg, reacenderam o tema no cinema, mas nenhum deles
atinge a força histórica, humanista e política representada em “12 Anos de Escravidão”.
Indicado ao Oscar de direção, McQueen
pode se tornar o primeiro cineasta negro a conquistar o prêmio. 12 Years a
Slave estreou no Festival de Telluride em 30 de agosto de 2013 e tem sido
amplamente elogiado pela crítica. Depois de estar em desenvolvimento há algum
tempo, o filme foi anunciado oficialmente em agosto de 2011 com McQueen
dirigindo e Chiwetel Ejiofor estrelando como Solomon Northup, um negro livre
que foi sequestrado e vendido como escravo na Deep South. McQueen comparou a
conduta de Ejiofor “de classe e dignidade” à de Sidney Poitier e Harry
Belafonte. Em outubro de 2011, Michael Fassbender que atuou em filmes
anteriores Hunger e Shame de McQueen se juntaram ao elenco. Chiwetel Umeadi
Ejiofor, nascido em Londres, em 10 de julho de 1977 é um ator britânico, filho
de pais nigerianos, cujos antepassados eram igbos. um dos maiores grupos
étnicos africanos. Habitam o leste, sul e sudeste da Nigéria, além de Camarões
e da Guiné Equatorial e falam a língua igbo é uma língua falada na
Nigéria por cerca de 20-25 milhões de pessoas, os igbos, especialmente
na região Sudeste, anteriormente reconhecida como Biafra e em partes da
região Sul-sudeste da Nigéria. É escrita em alfabeto latino. O igbo é uma
língua tonal, como o ioruba ou o chinês.
Foram um dos povos mais atingidos pelos traficantes no comércio transatlântico de escravos. Também existem populações significativas nos Estados Unidos e em Trinidad e Tobago. Em 2006 recebeu duas indicações ao prêmio Golden Globe por Melhor performance. Em 2013, interpretou Solomon Northup em 12 Anos de Escravidão, pelo qual recebeu indicações ao Óscar, Globo de Ouro e Screen Actors Guild, juntamente com o BAFTA Award de Melhor Ator. No início de 2012, o resto dos papéis foi lançado, e as filmagens estavam programadas para começar no final de junho de 2012. Para captar a linguagem e dialetos da época e regiões o professor de dialeto Michael Buster foi trazido para ajudar o elenco na alteração de seu discurso, cuja presença alterou o modo como os personagens se portam e falam no decorrer do filme. Para recriar o sotaque dos escravos, não documentado, ele fez uma aposta ousada: misturou o sotaque dos idosos da Louisiana com o modo de falar da colega queniana, cujo inglês é ainda carregado com os modos de falar africanos. A linguagem tem uma qualidade literária relacionada com a escrita do dia e da influência da Bíblia do Rei Jaime. O estudioso de cultura e história afro-americano Henry Louis Gates Jr. foi consultor no filme.
A deportação representa o processo de remoção de um estrangeiro do território de um Estado para o território de outro Estado. A definição em concreto muda dependendo do lugar e contexto, mutando também ao longo do tempo. Este artigo considera a deportação como o afastamento de uma pessoa em estatuto ilegal do território de um Estado, como definido pelo Conselho da Europa, distinguindo-se assim da expulsão ou afastamento de um estrangeiro ou apátrida em situação regular. Apesar da perseguição de certos grupos étnicos, o movimento de pessoas entre estados até à época moderna era relativamente livre. É apenas em finais do século XIX que os Estados Unidos da América começam a designar imigrantes “desejados” e “indesejados”, levando ao nascimento da imigração ilegal e à subsequente deportação de imigrantes quando encontrados em situação irregular. No século XX, o controle da imigração começou a tornar-se uma prática comum noutras partes do globo. Em 1901, a Austrália aprovou a Lei de Restrição à Imigração, ao abrigo da qual os imigrantes podiam ser convidados a fazer um teste de ditado. Para passarem no teste, tinham de escrever 50 palavras numa língua europeia à escolha do funcionário da imigração, resultando que na prática fosse simples chumbar um candidato “indesejado”, levando à sua deportação. Em 1905, o poderoso Reino Unido colonialista aprova a sua própria lei de controle de imigrantes e possível deportação e mais se seguiram.
O controle de imigrantes foi completamente globalizado depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com o surgimento do passaporte, promovido pela Liga das Nações. Desde aí, só o governo dos Estados Unidos já deportou mais de 55 milhões de imigrantes, a maioria dos quais provenientes da América Latina, e a União Europeia deporta centenas de milhares todos os anos. Entretanto, uma das primeiras referências aos passaportes foi realizada por volta de 450 a.C. Neemias, um oficial, servidor do rei Artaxerxes I da Pérsia antiga, pediu permissão para ir a Judá. O rei concordou e lhe deu uma carta destinada “aos governantes da província do outro lado do rio” requisitando para ele segurança, enquanto estivesse em terras estrangeiras. A origem do termo passaporte, contudo, é controversa. Segundo algumas fontes ele surgiu na França durante o reinado de Luís XIV, onde o soberano fornecia a seus favorecidos cartas requerendo a passagem dos portadores pelos portos, tais missivas eram intituladas “Passe Port” que literalmente significa passar por um porto no idioma francês, no qual, a palavra para passaporte é “passeport”; outros afirmam ser o termo oriundo da Idade Média quando documentos emitidos por autoridades locais pediam autorização para seus protegidos poderem passar pelos portões (porte) dos muros das cidades. Tais documentos continham uma lista de cidades que seu portador poderia adentrar. Independente da origem do termo passaporte, este, manteve o formato rudimentar de carta por um longo período e na ausência de fotografias, para a identificação, alguns continham descrições físicas do portador. Os primeiros passaportes a apresentarem foto surgiram apenas no início do século XX.
Depois das duas guerras mundiais, primeiramente a Liga das Nações em sua conferência
internacional sobre passaportes, formalidades alfandegárias e vistos, em 1920,
e posteriormente a Organização das Nações Unidas (ONU) juntamente com a OACI, ou
Organização de Aviação Civil Internacional, uma agência especializada da ONU. A
sua função é definir os padrões mínimos de segurança para a aviação civil
internacional. A OACI foi criada em
1944, com a assinatura da Convenção de Chicago, nos Estados Unidos. A sua sede
fica em Montreal, no Canadá. organismo internacional regulador da aviação
civil, emitiram um guia para padronizar o formato e características inerentes
aos passaportes. Estes guias foram, em grande parte, os responsáveis pelo
formato atual dos passaportes. Recentemente está havendo um movimento para
introduzir, nos passaportes, informações biométricas, com a intenção de
melhorar a segurança de identificação. Esses novos elementos sociais e
políticos ainda são questionados quanto à possibilidade de serem implantados
atualmente, pois a tecnologia existente ainda não satisfaz os requerimentos
relacionados a seu uso comum. Os Estados Unidos, por exemplo, por duas vezes
adiaram a introdução da biometria, nos documentos de viagem, devido a
resultados técnico-metodológicos insatisfatórios em testes realizados. Começaram a emitir, em 2007, passaportes com os chips
biométricos. Seus principais objetivos são o desenvolvimento dos princípios e
técnicas de navegação aérea internacional e a organização e o progresso dos
transportes aéreos, de modo a favorecer a segurança, a eficiência, a economia e
o approach dos serviços aéreos.
Desenvolve
também um trabalho importante no campo da assistência técnica, procurando
organizar e dar maior eficiência aos serviços de infraestrutura aeronáutica nos
países em desenvolvimento. Essa assistência é prestada por meio de equipes de
especialistas, enviados aos diversos países para organizar e orientar a
operação dos serviços técnicos indispensáveis à aviação civil, e de bolsas de
estudo para cursos de especialização. Americanismo é um conjunto de valores
patrióticos dos Estados Unidos que visam criar uma identidade “estadunidense
coletiva” e pode ser definido como “uma articulação do legítimo lugar da nação
no mundo, um conjunto de tradições, uma linguagem política, e um estilo
cultural imbuído de significado político”. De acordo com a American Légion, uma
organização de veteranos dos Estados Unidos da América, o americanismo é uma
ideologia ou crença na devoção, lealdade ou fidelidade aos Estados Unidos da
América, ou à sua própria bandeira, tradições, costumes, cultura, símbolos,
instituições ou forma do governo. Nas palavras de Theodore Roosevelt (1858-1919),
“o americanismo é uma questão de espírito, convicção e propósito, não de credo
ou local de nascimento”. Americanismo tem dois significados diferentes. Pode
referir-se às características que definem os Estados Unidos e pode também
significar lealdade aos Estados Unidos e uma defesa dos ideais políticos
estadunidenses. Esses ideais incluem, mas não estão limitados a autogoverno,
igualdade de condições no tribunal, liberdade de expressão e crença no
progresso. Esta coleção de ideais, para lembramos de Walter Benjamin, que por certo forma a ideologia moderna do americanismo
tem um apelo historicamente duradouro para pessoas de quase todo o mundo
contemporâneo.
Em
um ensaio sociológico dedicado ao americanismo, a escritora Agnes Repplier (1858-1950) enfatizou
que, “de todos os países do mundo, nós e apenas nós temos a necessidade de
criar artificialmente o patriotismo que é o direito de nascimento de outras
nações”. Desde as alterações demográficas raciais e étnicas da população
americana causadas pela Lei Hart-Celler de 1965, o americanismo tem se
enraizado menos em experiências culturais compartilhadas e mais em ideais
políticos compartilhados. O conceito de americanismo existe desde que os
primeiros colonos europeus se mudaram para a América do Norte, aspirados por
uma visão de um “farol de esperança” para o mundo. John Adams (1735-1826) foi o
segundo presidente dos Estados Unidos (1797–1801) e, anteriormente, primeiro
vice-presidente dos Estados Unidos. “Pai” da Nação estadunidense, Adams foi
estadista, diplomata e um advogado importante no período da independência
americana da Grã-Bretanha. De boa educação, Adams era um teórico político do
Iluminismo que divulgou o republicanismo, tal como o conceito de um governo
central, e escreveu várias obras sobre as suas ideias, tanto em trabalhos
publicados como em cartas para a sua esposa e conselheira Abigail Adams
(1744-1818), e, também, a outros Pais da Nação.
Ele
escreveu que os novos assentamentos na América foram “a abertura de uma grande
cena e projeto em Providence para a iluminação dos ignorantes, e a emancipação
da parte servil da humanidade em toda a terra”. Essa compreensão do
americanismo era um pensamento comum em todo o chamado Novo Mundo após a Guerra
de Independência dos Estados Unidos com expectativas de que a nação
recém-independente se tornaria mais do que o que Thomas Paine (1737-1809) chamou
de “um asilo para a humanidade”. Durante o período pré-guerra, ao longo das
décadas de 1830, 1840 e 1850, o americanismo adquiriu um significado político
restritivo devido ao pânico moral nativista depois que o aumento da imigração
irlandesa e alemã levou ao crescimento do catolicismo americano. Os anos desde
o fim da Guerra de Secessão até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
trouxeram um novo significado ao termo “americanismo” para milhões de
imigrantes vindos da Europa e da Ásia. Aqueles foram tempos de grande
crescimento econômico e de industrialização, e assim surgiu a cena americana
que consiste na “democracia industrial” e no pensamento de que o povo é o
governo na América. Desde então, o sucesso da nação americana trouxe um
tremendo poder à noção de americanismo. De acordo com Wendy L. Wall em
Inventing the “American Way”, o americanismo foi apresentado por uma campanha
de propaganda nacional para contrastar com o comunismo e o fascismo, durante a extensa
Guerra Fria, um conflito político e ideológico entre os EUA e a URSS que durou de 1947 a 1991.
O
termo “Guerra Fria” foi usado pela primeira vez na França na década de 1930. Os
benefícios do americanismo foram promovidos por meio dos ideais de liberdade e
democracia. Algumas organizações abraçaram o americanismo, mas levaram seus
ideais mais longe, ou seja, a Ku Klux Klan acredita que o americanismo
inclui aspectos de raça, em torno da pureza do americano branco e do
protestantismo americano. É o nome de três movimentos distintos, passados e
atuais, que defendem correntes reacionárias e extremistas, tais como a
supremacia branca, o nacionalismo branco, a anti-imigração e, especialmente em
iterações posteriores, o nordicismo, o anticatolicismo e o antissemitismo,
historicamente expressos através do terrorismo voltado a grupos ou
indivíduos aos quais eles se opõem. Iteração é o processo chamado na
programação de repetição de uma ou mais ações. É importante salientar que cada
iteração se refere a apenas uma instância da ação, ou seja, cada repetição
possui uma ou mais iterações. Todos os três movimentos têm clamado pela “purificação”
da sociedade estadunidense e todos são considerados na esfera política organizações
de extrema-direita. Adams começou a destacar-se nos primeiros tempos da Revolução Americana, que
historicamente teve um papel socialmente importante em convencer em termos de princípios liberais radicais o Congresso a
declarar a Independência. Ajudou Thomas Jefferson (1743-1826) a elaborar a Declaração
da Independência em 1776, e foi um dos seus principais artífices e por
assim dizer, defensores junto do Congresso.
A
Revolução Americana representou uma revolução político-ideológica que ocorreu
na América Britânica entre 1765 e 1791 Teve suas raízes na assinatura do Tratado
de Paris, que, em 1763, finalizou a Guerra dos Sete Anos. Ao final
do conflito, o território do Canadá foi incorporado pela Grã-Bretanha. Neste
contexto, as treze colônias representadas por Massachusetts, Rhode Island,
Connecticut, Nova Hampshire, Nova Jersey, Nova Iorque, Pensilvânia, Delaware,
Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia começaram a
ter seguidos e crescentes conflitos com a metrópole britânica, pois, devido aos
enormes gastos com a guerra, a metrópole aumentou a exploração sobre essas
áreas. Constituiu-se em batalhas desfechadas contra o domínio britânico.
Movimento de ampla base popular teve como principal motor a burguesia colonial
e levou à proclamação, no dia 4 de julho de 1776, da independência das Treze
Colônias — os Estados Unidos da América, primeiro país dotado de uma Constituição
política escrita codificada e ainda plenamente com sua eficácia em uso. As
ações militares entre ingleses e os colonos americanos começam em março de
1775. No decorrer do conflito (Lexington, Concord e batalha de Bunker Hill), os
representantes das colônias reuniram-se no segundo Congresso de Filadélfia
(1775) e Thomas Jefferson, democrata de ideias aparentemente avançadas, redigiu a Declaração
da Independência dos Estados Unidos, promulgada em 4 de julho de 1776, dando um
passo irreversível. Procede-se também à constituição de um exército, cujo
comando é confiado ao fazendeiro George Washington.
A
Casa Branca foi construída depois da criação do Distrito de Columbia por um
Acto do Congresso em dezembro de 1790. O presidente George Washington, de 1789
a 1797, ajudou a escolher o local, junto com o planejador urbano Pierre Charles
L`Enfant (1754-1825). O arquiteto foi escolhido numa competição que recebeu
nove propostas. A honra foi concedida a James Hoban (1758-1831), um irlandês, e
a construção começou com a colocação da pedra angular em 13 de outubro
de 1792. A construção foi completada em 1° de novembro de 1800. Foram gastos
232 371,83 dólares ao longo de um período de oito anos de construção. O que na
atualidade, com os efeitos da inflação, equivaleria a cerca de 2,4 milhões. A
nova capital da jovem república ficou situada em terras cedidas por dois
estados - Virginia e Maryland - tendo ambos transferido à posse dos terrenos
para o governo federal em resposta a um compromisso com o Presidente George
Washington. Os comissários do Distrito de Columbia foram encarregados, pelo
Congresso, de construir a nova cidade sob a direção do Presidente. O arquiteto
da Casa Branca foi escolhido num concurso que recebeu nove propostas, incluindo
uma submetida de forma anônima por Thomas Jefferson. O presidente Washington
viajou para o local da nova cidade federal, no dia 16 de julho de 1792, para
fazer o seu juramento. A sua análise ficou registada como breve, tendo selecionado
rapidamente a proposta de James Hoban, um irlandês que residia em Charleston,
Carolina do Sul. A brevidade da escolha de Washington pode ter-se devido historicamente ao
fato social de a maior parte dos planos serem deselegantes e simplistas. Na realidade sabemos Washington
não ficou totalmente satisfeito com a proposta inicial de Hoban.
Achou-a
demasiado pequena, desprovida de ornamentos e pouco digna para o presidente da
nação. Seguindo as recomendações de Washington o edifício foi ampliado em cerca
de trinta por cento, tendo sido acrescentada uma galeria de recepção, a Sala Este. Esta foi provavelmente inspirada na grande sala de recepção de Mount
Vernon. O edifício foi claramente influenciado pelos primeiro e segundo andares
de Leinster House, um palácio ducal de Dublin, República da Irlanda, o qual é,
atualmente, o lugar das duas câmaras do Oireachtas, o Parlamento
irlandês. Vários outros palácios rurais irlandeses da era Georgiana foram
sugeridos como fontes de inspiração para todo o andar térreo, detalhes
exteriores, como o peristilo da fachada Sul, e interiores, como os antigos
nichos da atual Sala Azul. Estas influências, apesar de não estarem
documentadas, são citadas no guia oficial da Casa Branca e nas publicações da Associação
Histórica da Casa Branca. O primeiro guia oficial, publicado em 1962,
sugeria uma ligação entre o Pórtico Sul, desenhado por Hoban, e o Château de
Rastignac, um palácio rural neoclássico, localizado em La Bachellerie, na
região francesa de Dordogne, desenhado por Mathurin Salat (1755–1822). O
palácio francês foi construído entre 1812 e 1817, baseado num desenho anterior.
A ligação foi criticada, uma vez que Hoban nunca visitou a França. Os
defensores da ligação argumentam que Thomas Jefferson, enquanto visitava a Ecole
Spéciale d`Architecture, em 1789, terá visto os desenhos de Salat e, no seu
regresso aos Estados Unidos da América, terá partilhado a influência com Washington, Hoban, Monroe,
e Benjamin Henry Latrobe. Tanto Hoban como Latrobe fizeram elevações para o
Pórtico Sul, sendo o pórtico, construído em 1829, quer dizer, quase idêntico à aquarela da
elevação de Hoban.
Os
britânicos, lutando a 5 500 km de casa, enfrentaram problemas de carência de
provisões, comando desunido, comunicação lenta, população hostil e falta de
experiência em combater táticas de guerrilha. A Aliança Francesa (1778)
mudou a natureza da guerra, apesar de ter dado uma ajuda apenas modesta; a
Inglaterra, a partir de então, passou a se concentrar nas disputas por
territórios na Europa e nas Índias Ocidentais e Orientais. Por outro lado, os colonos
tinham força de vontade, mas interesses divergentes e falta de organização. Das
colônias do Sul, só a Virgínia agia com decisão. Os britânicos do Canadá
permaneceram fiéis ao Reino da Grã-Bretanha. Os voluntários do exército,
alistados por um ano, volta e meia abandonavam a luta para cuidar de seus
afazeres. Os oficiais, geralmente estrangeiros, não estavam envolvidos no
conflito. O curso da guerra pode ser dividido em duas fases a partir de 1778. A
primeira fase, ao norte, assistiu à captura de Nova York pelos ingleses (1776),
além da campanha no vale do rio Hudson para isolar a Nova Inglaterra, que
culminou na derrota em Saratoga (1777), e a captura de Filadélfia (1777),
depois da vitória na batalha de Brandywine. A segunda fase desviou as atenções
britânicas para o Sul, onde grande número de legalistas podia ser recrutado.
Filadélfia
foi abandonada (1778) e Washington acampou em West Point e ameaçar os
quartéis-generais britânicos em Nova York. Após a captura de Charleston (1780)
por Clinton, Cornwallis perseguiu em vão o exército do sul, sob a liderança do
general Greene, antes de seu próprio exército, exaurido, render-se em Yorktown,
Virgínia (outubro de 1781), terminando efetivamente com as hostilidades. A paz
e a Independência do novo país com as treze colônias da costa atlântica foram reconhecidas
pelo Tratado de Paris de 1783. Apesar das frequentes vitórias, os
britânicos não destruíram os exércitos de Washington ou de Green e não
conseguiram quebrar a resistência norte-americana. Em 1812 e 1815, ocorreu uma
nova guerra entre os Estados Unidos e o Reino Unido. Essa guerra consolidou a Independência
norte-americana. A Guerra dos sete anos, terminada com vitória da Inglaterra
sobre a França (cf. Tratado de Paris, 1763), deixou a nação vencedora na posse
de ricos territórios no continente americano, já colonizados, sendo reconhecido
o seu direito de expandir o seu domínio em direção ao interior do continente.
Esta condição e possibilidade agradou aos colonos, que prontamente se prepararam para
explorar e aproveitar novas terras, mas, para sua grande surpresa, o governo de
Londres, por recear desencadear guerras com as nações índias, determinou que
nenhuma nova exploração ou colonização de territórios pudesse ser feita sem a
assinatura de tratados com os índios historicamente primus inter pares. Foi esta a primeira fonte de conflito
entre os colonos e a Coroa britânica.
Os colonos também acusavam os britânicos de manter exércitos permanentes em território americano e manter um judiciário forjado com julgamentos simulados, o uso de mercenários para ocupar o território americano. Mas, pouco depois, surgiram novos atritos. Procurando restaurar o equilíbrio financeiro, a metrópole apertava as malhas do pacto colonial com vários atos. Em 1750 fora proibida a fundição de ferro nas colônias; em 1754 proibiram-se a fabricação de tecido e o contrabando. Apesar de vencer a Guerra dos Sete Anos, a Grã-Bretanha impôs novas medidas restritivas às treze colônias. Em 1765 foi aprovado um decreto regulamentando a obrigação de abrigar e sustentar tropas britânicas em solo americano, melhor dizendo, uma prática liberal que pesava muito sobre as finanças coloniais. Foram ainda criadas a Lei do Selo que acrescentou um imposto de selo sobre jornais, documentos legais e oficiais etc., e os Atos de Townshend, que procuravam limitar e mesmo impedir que os americanos continuassem suas relações comerciais com outras regiões que não a Inglaterra. Em 1773, o Parlamento britânico concedeu o monopólio do comércio do chá à propalada Companhia das Índias Orientais, da qual muitas personalidades britânicas possuíam ações no mercado in statu nascendi globalizado. Os comerciantes rebeldes norte-americanos que se sentiram prejudicados disfarçaram-se de “índios peles-vermelhas”, assaltaram os navios da Companhia que estavam no porto de Boston e lançaram o carregamento de chá no mar, isto é, Festa do Chá de Boston. A Grã-Bretanha reagiu de imediato com um conjunto de leis que os americanos chamaram de “Leis Intoleráveis” (1774): fechamento do porto de Boston; indenização à companhia prejudicada e o julgamento dos envolvidos, na metrópole.
As
reações dos colonos foram, de início, exaltadas, mas pacíficas: exigiram o
direito de eleger representantes para o Parlamento de Londres para poderem
discutir e votar as leis que lhes diziam respeito, passando depois a atos de
boicote às mercadorias britânicas. Esta guerra econômica desencadearia
motins e forçou o governo a alguns recuos, que, contudo, não satisfizeram os
colonos. O conflito agravou-se com a presença de tropas enviadas para conter os
protestos. Como resposta, em 1774 os representantes das colônias americanas,
exceto Geórgia, enviaram seus delegados a Filadélfia, num primeiro Congresso
Continental que, a partir daí, embora com divergências no seu seio, foi a voz
política dos colonos. Em 1774, houve o 1º Congresso Continental de
Filadélfia, onde se resolveu acabar com o comércio com a Grã-Bretanha
enquanto não se restabelecessem os direitos anteriores a 1763. O mesmo
Congresso também redigiu e divulgou uma Declaração de Direitos. Houve logo
depois, um 2º Congresso em que foi reunido em Filadélfia onde se decidiu a
criação de um exército que seria comandado por George Washington, fazendeiro e
chefe da milícia da Virgínia. Nesse Congresso, apesar de se manterem leais ao
rei, os colonos pediram a suspensão das “Leis Intoleráveis” e firmaram uma
Declaração dos Direitos dos Colonos, no qual pediram a supressão das limitações
ao comércio e à indústria, bem como dos impostos abusivos. O rei reagiu,
pedindo aos colonos que se submetessem; estes, porém, não se curvaram diante da
coroa britânica. O extremar das posições levou à criação de milícias, à
constituição de depósitos de munições e a um aumento contínuo de tensão que
iria irromper em guerra.
Pela
primeira vez na história da expansão europeia, uma colônia tornava-se
independente dos países por meio de um ato político revolucionário. E fazia-o não só
proclamando ao mundo, no documento histórico aprovado no dia 4 de Julho, o
direito à independência e à livre escolha de cada povo e de cada pessoa: “o
direito à vida, à liberdade e à procura da felicidade” são definidos como
inalienáveis e de origem divina, mas ainda construindo uma federação de Estados
nacionais dotados de uma grande autonomia e aprovando uma Constituição política,
a primeira da história mundial, onde se consignavam os direitos individuais dos
cidadãos, se definiam os limites dos poderes dos diversos estados e do governo
federal, e se estabelecia um sistema de equilíbrio entre os poderes
legislativo, judiciário e executivo de modo a impedir a supremacia de qualquer
deles, além de outras disposições inovadoras. O sucesso norte-americano foi
descrito como tendo influenciado a Revolução Francesa (1789) e as subsequentes
revoluções na Europa e América do Sul.
Ao
final do começo do conflito, o território do Canadá foi incorporado pela
Grã-Bretanha. Neste contexto, as treze colônias representadas por
Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, New Hampshire, Nova Jersey, Nova
York, Pensilvânia, Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do
Sul e Geórgia começaram a ter seguidos e crescentes conflitos com a metrópole,
pois devido aos enormes gastos com a guerra, a Metrópole inicia uma maior
exploração sobre essas áreas. As colônias finalmente desencadeariam o desejo e
a declaração de independência, em 4 de julho de 1776, e a Guerra de
independência dos Estados Unidos. A guerra teria fim em 1783, quando a
independência dos Estados Unidos foi reconhecida pelo Reino Unido no Tratado de
Paris de 1783. Apesar da estrutura social ter permanecido inalterada, o Norte
continuou capitalista e no Sul a escravidão foi mantida, a Guerra da
Independência dos Estados Unidos é chamada de revolução por ter
instituído, na Constituição de 1787, vigente, uma República federal, a
soberania da nação, e divisão tripartida dos poderes. Além disso, influenciou
as revoluções liberais que aconteceriam na Europa, como a Revolução Francesa. E
como diplomata na Europa, ajudou a negociar o provável Tratado de Paz com a
Grã-Bretanha, e foi responsável por obter importantes empréstimos
governamentais dos banqueiros de Amsterdam. Teórico político e historiador,
Adams redigiu grande parte da Constituição de Massachusetts em 1780, a qual,
juntamente com o seu Thoughts on Government (1776) influenciou decisivamente
o pensamento político americano.
Um
dos seus grandes papéis foi como analista de caracteres: em 1775, nomeou George
Washington para comandante-em-chefe; 25 anos mais tarde, designou John Marshall
para Chefe de Justiça dos Estados Unidos.
A natureza revolucionária de Adams assegurara duas presenças como
vice-presidente de George Washington, e a sua própria eleição em 1796 como
segundo presidente do país. Durante seu único mandato, foi confrontado com
ataques dos democratas-republicanos de Jefferson, tal como da facção dominante
do seu Partido Federalista liderado pelo seu declarado adversário Alexander
Hamilton. Adams assinou o controverso Alien and Sedition Acts (1798) e
organizou o exército e a marinha em particular para fazer face a uma “guerra
não declarada”, designada por “Quase-guerra” com a França (1798–1800). A
principal conquista da sua presidência foi a resolução pacífica do conflito
face à oposição de Hamilton. Em 1800, Adams foi derrotado nas eleições
presidenciais por Thomas Jefferson (1743-1826) e retirou-se para Massachusetts.
Mais tarde reataria a sua amizade com Jefferson. Adams e a sua esposa tiveram
vários filhos que seguiram as áreas da política, diplomacia e história, e que
ficariam designados por família política de Adams. Do ponto de vista genético Adams
foi o pai de John Quincy Adams, o sexto Presidente dos Estados Unidos. As suas
conquistas foram reconhecidas, apesar dos seus contributos
não tivessem sido celebrados como os dos outros Pais da Nação. Adams foi o
primeiro presidente a residir na mansão que ficaria conhecida como Casa Branca.
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