quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Henry Kissinger – Americanismo & Estratégias de Relações Exteriores.

                                          A falta de alternativas clarifica maravilhosamente a mente”. Henry Kissinger

           Henry Alfred Kissinger nascido Heinz Alfred Kissinger, em Fürth, em 27 de maio de 1923, e falecido em Kent, em 29 de novembro de 2023 foi um político, diplomata e especialista em geopolítica norte-americano que serviu como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América nos governos dos presidentes Richard Nixon (1913-1994), de 1969 até 1974, quando se tornou o primeiro e único Presidente a renunciar do cargo e Gerald Rudolph Ford Jr. (1913-2006). Líder do Partido Republicano na Câmara dos Representantes, de 1965 a 1973, ele mais tarde foi o 40º vice-presidente dos Estados Unidos de 1973 a 1974. Kissinger foi refugiado de uma família judia da Alemanha nazista em 1938, se destacou academicamente, recebendo um diploma de bacharelado, summa cum laude, da Universidade Harvard em 1950, estudando sob William Yandell Elliott (1896-1979). Ele recebeu um Master of Arts e um PhD de Harvard em 1951 e 1954, respectivamente. Por suas ações diplomáticas negociando “um cessar-fogo em Vietnã, Kissinger recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1973 sob circunstâncias controversas”. Um praticante de Realpolitik, desempenhou um papel proeminente na política externa dos Estados Unidos entre 1969 e 1977, sendo pioneiro na política de détente com a União Soviética, orquestrando uma Abertura de relações com a República Popular da China, engajando no que ficou reconhecido como “shuttle Diplomacy” (“Diplomacia de transporte”) no Oriente Médio após a Guerra do Yom Kippur, para os judeus, Guerra do Ramadan para os árabes ou mesmo, Guerra de Outubro. Mas aquele confronto ficou na história como “a guerra que mudou tudo”. Quer dizer, o conflito armado envolvendo israelenses e árabes ocorrido em 1973.

Representava a disputa pelas terras próximo ao Canal de Suez, entre Israel e Egito. Oriente Médio é uma região localizada no continente asiático, fazendo fronteira com a Europa e África. É uma das regiões consideradas como “berço das civilizações”, pois foi território de civilizações antigas, como a Mesopotâmia, o Egípcio e o Árabe. O Oriente Médio é delimitado pelos mares Negro, Mediterrâneo, Vermelho, Arábico, Cáspio e pelo Golfo Pérsico, além do Oceano Índico. No final do século XX e começo do século XXI, o Oriente Médio ficou marcado por intensos conflitos envolvendo disputas territoriais, principalmente entre os árabes e os israelitas. A maioria das pessoas que habitam esta região é árabe, sendo este, portanto, o idioma mais falado no Oriente Médio. Porém, ainda existem outros povos com seus respectivos idiomas, como os turcos (que falam o turco), os judeus (que falam o hebraico) e os persas (que falam farsi), um idioma do subgrupo das línguas iranianas, que por sua vez pertencente ao ramo indo-iraniano da grande família indo-europeia. O Oriente Médio tem como representação no debate historiográfico, uma das regiões importantes, considerada como “berço das civilizações”, pois foi território de civilizações antigas, a Mesopotâmia, o Egípcio e o Mundo Árabe, constituído por 22 países e territórios com uma população de 360 milhões de pessoas abrangendo simultaneamente o Norte de África e a Ásia Ocidental. Outro destaque no plano social, importante desta região está no âmbito do sistema religioso, pois o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, ou seja, na esfera religiosa, as doutrinas mais expressivas do mundo teriam surgido no Oriente Médio.

Aliás, no âmbito religioso, a maioria das pessoas que habitam o Oriente Médio, é muçulmana, que podem estar subdivididas em seitas, como os sunitas, xiitas, drusos, alauitas, etc. No contexto econômico, social e político, o Oriente Médio é reconhecido por ser o maior detentor de petróleo, o “ouro negro”. Aproximadamente 65% de todo petróleo existente no planeta está localizado sob os solos desta famosa região. No sentido pontual é um termo disciplinar que designa um determinado campo do conhecimento.  Como campos específicos de saber, as disciplinas se referem aos mais diversos âmbitos de produção social de conhecimento técnico e científico. Tem como representação a produção social através de instâncias ou níveis de análises sobre a realidade social, a constituição de uma linguagem aparentemente comum entre os seus praticantes, a definição e constante redefinição de seus objetos de pensamento, uma singularidade que as diferencia de outros saberes, uma complexidade interna que termina por gerar novas modalidades no interior da disciplina. Enfim, a rede de conexão humana de conhecimentos que constitui determinado campo de saber, com a formação progressiva da chamada “comunidade científica” compartilhada pelos diversos praticantes do campo disciplinar. Há formalmente um método e processo de trabalho, com a fundação e manutenção de revistas científicas especializadas, a ocorrência constante de congressos frequentados pelos usuários praticantes do campo disciplinar, a criação de instituições que representam os profissionais do campo de saber vinculando seu nome, seu cargo, processo de trabalho e pesquisa nas instituições e assim por diante. 

 Yom Kippur é uma expressão em hebraico que se traduz como “Dia do Perdão”. É o dia mais sagrado do calendário judaico, ocorrendo no décimo dia do mês de Tishrei. Nesse dia, os judeus praticam o jejum, a oração e a reflexão, buscando a expiação de seus pecados e a reconciliação com Deus. Yom Kippur é “um dia de introspecção e perdão, marcado por um período de 25 horas de abstinência completa de comida, bebida, trabalho e outros prazeres terrenos”. A Guerra do Yom Kippur teve suas raízes históricas e políticas em tensões profundamente enraizadas na região do Oriente Médio, resultantes do conflito árabe-israelense, que teve início com a criação do Estado de Israel, em 1948. Várias questões desempenharam papéis significativos nas causas do conflito. Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel havia conquistado territórios que anteriormente estavam sob controle árabe, incluindo a Península do Sinai, que pertencia ao Egito, e as Colinas de Golan, que eram pertencentes da Síria. Essa ocupação sociologicamente criou tensões contínuas relevantes entre Israel, Egito e Síria, países desejavam recuperar essas áreas. Falta de resolução dos conflitos anteriores preconizou que a Guerra dos Seis Dias resultou em uma vitória de Israel, mas não houve resolução para o conflito.

As Nações Unidas emitiram a Resolução 242, que pediu a retirada de Israel dos territórios ocupados, mas ela não foi completamente implementada. Isso levou a uma sensação de injustiça entre os países árabes e alimentou o desejo de recuperar as terras perdidas. A questão dos refugiados palestinos era uma fonte constante de tensão. Os países árabes alegavam que Israel era responsável por criar o problema político dos refugiados palestinos, enquanto Israel via isso como uma “responsabilidade compartilhada” e não estava disposto a permitir o retorno dos refugiados para dentro de suas fronteiras. Tanto o Egito quanto a Síria estavam enfrentando pressões políticas e econômicas internas e externas para recuperar territórios perdidos. A União Soviética, que tinha interesses estratégicos no Oriente Médio, estava fornecendo apoio militar e político substancial a esses países, encorajando condições e possibilidades pela solução militar. Estrategicamente a escolha da guerra em Yom Kippur no dia mais sagrado do calendário judaico, foi simbólica. Os líderes árabes acreditavam que pegar Israel de surpresa nesse dia poderia trazer sucesso militar e ter um impacto psicológico sobre os israelenses. A Guerra do Yom Kippur teve suas tensões no Oriente Médio, resultantes do conflito árabe-israelense, que teve início com a criação do Estado de Israel, em 1948.

Várias questões desempenharam papéis significativos evidenciado nas causas do conflito bélico, por exemplo: territórios ocupados: após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel havia conquistado territórios que anteriormente estavam sob controle árabe, incluindo a Península do Sinai, que pertencia ao Egito, e as Colinas de Golan, que eram da Síria. Essa ocupação criou tensões contínuas entre Israel, Egito e Síria, pois esses países desejavam recuperar essas áreas. Falta de resolução dos conflitos anteriores: a Guerra dos Seis Dias resultou em uma vitória esmagadora de Israel, mas não houve resolução para o conflito geopolítico. As Nações Unidas emitiram a Resolução 242, que pediu a retirada de Israel dos territórios ocupados, mas ela não foi completamente implementada. Isso levou a uma sensação de injustiça entre os países árabes e alimentou o desejo de recuperar as terras perdidas. A questão dos refugiados palestinos era uma fonte constante de tensão. Os países árabes alegavam que Israel era responsável por criar o problema dos refugiados palestinos, enquanto Israel via isso como uma responsabilidade compartilhada e não estava disposto a permitir o retorno dos refugiados para dentro de suas fronteiras. Tanto o Egito quanto a Síria estavam enfrentando pressões políticas e econômicas internas e externas para recuperar territórios perdidos.

No contexto da chamada Guerra Fria a União Soviética, que tinha interesses estratégicos no Oriente Médio, estava fornecendo apoio militar e político substancial a esses países, encorajando sua busca por uma solução militar. A Guerra do Yom Kippur representou uma tentativa concertada por parte do Egito e da Síria de recuperar territórios perdidos para Israel durante a Guerra dos Seis Dias em 1967. Os principais objetivos dos dois países árabes eram os seguintes. Recuperação dos territórios ocupados. Tanto o Egito quanto a Síria almejavam recuperar os territórios que haviam perdido para Israel em 1967. O Egito buscava a Península do Sinai, enquanto a Síria estava determinada a retomar as Colinas de Golan. Esses territórios eram de importância estratégica e simbólica para ambos os países. Pressionar Israel a negociar: os líderes árabes esperavam que uma vitória militar inicial na Guerra do Yom Kippur pressionasse Israel a negociar e finalmente chegar a um acordo que levasse à retirada dos territórios ocupados. A Guerra do Yom Kippur começou no dia 6 de outubro de 1973, quando as forças egípcias e sírias lançaram ataques surpresa contra Israel. O conflito foi marcado por combates intensos e pesadas baixas de ambos os lados. O elemento surpresa, a determinação árabe e o apoio da União Soviética aos países árabes tornaram o início da guerra favorável aos atacantes.

No entanto, apesar de ser pego como elemento de surpresa, Israel conseguiu se reorganizar rapidamente e lançar contra-ataques. As forças israelenses foram capazes de recuperar terreno e até mesmo cruzar o Canal de Suez, no Egito, e avançar pelas Colinas de Golan, na Síria. A resposta israelense foi rápida em termos de estratégia militar. O embate durou cerca de três semanas, e, durante esse tempo, houve uma escalada de combates em várias frentes. A União Soviética ameaçou intervir diretamente no conflito, o que elevou ainda mais a tensão global. Os Estados Unidos da América, liderados pelo secretário de Estado Henry Kissinger, desempenharam um papel crucial na mediação de um cessar-fogo. Finalmente, um cessar-fogo foi acordado. A Resolução 338 das Nações Unidas, que pedia um cessar-fogo imediato e negociações de paz, foi aceita por ambas as partes. A guerra terminou oficialmente em 25 de outubro de 1973. A Guerra do Yom Kippur teve várias consequências importantes para a região do Oriente Médio e no cenário global. Algumas das principais delas incluíram. Mudança nas percepções de força: a guerra alterou a percepção do poderio militar de Israel. Enquanto a Guerra dos Seis Dias havia estabelecido Israel como uma força militar dominante, a Guerra do Yom Kippur demonstrou que Israel não era invulnerável e podia sofrer derrotas.

A guerra causou devastação em termos de vidas perdidas e danos materiais. Houve um alto número de vítimas em ambos os lados, bem como um custo econômico significativo. Retomada das negociações de paz: a guerra pressionou Israel a considerar a necessidade de negociações de paz com seus vizinhos árabes. Isso levou a uma série de conferências de paz, culminando nos Acordos de Camp David em 1978, que resultaram na devolução da Península do Sinai ao Egito em troca do reconhecimento oficial de Israel. Reforço da política externa dos Estados Unidos desempenharam um papel crucial na mediação do conflito e fortaleceram sua influência na região como resultado. Henry Kissinger, então secretário de Estado dos EUA, desempenhou um papel de destaque na negociação do cessar-fogo e subsequente negociação de paz. A Guerra do Yom Kippur teve implicações significativas na Guerra Fria, uma vez que os Estados Unidos e a União Soviética apoiavam lados opostos no conflito. A ameaça de intervenção direta soviética na guerra preocupou os Estados Unidos e influenciou suas ações na região. O presidente egípcio Anwar Sadat emergiu da guerra como um líder carismático e corajoso no mundo árabe. Seu papel na guerra e sua subsequente busca da paz com Israel foram marcantes e lhe renderam respeito e admiração em círculos internacionais.  Embora tenha havido avanços nas negociações de paz após a Guerra do Yom Kippur, o conflito árabe-israelense não foi completamente resolvido. Questões como os refugiados palestinos, a soberania sobre Jerusalém e as fronteiras continuaram a tensão e conflito. 

Autores notaram a extrema confusão que reina na demasiado rica terminologia do imaginário: signos, imagens, símbolos, alegorias, emblemas, arquétipos, esquemas (schémas), esquemas (schèmes), ilustrações, representações, diagramas e sinepsias são termos empregados pelos analistas do imaginário social. O esquema é uma generalização dinâmica e afetiva da imagem, constitui a factividade e a não-substantividade geral do parcours imaginário. O esquema aparenta-se ao que Jean Piaget, na esteira de Herbert Silberer, chama “símbolo funcional” e ao que Gaston Bachelard na filosofia chama de “símbolo motor”. Faz a junção ente dos gestos inconscientes da sensório-motricidade, entre as dominantes reflexas e as representações. São esses esquemas que na antropologia do imaginário formam o “esqueleto dinâmico”, o esboço funcional da imaginação. A diferença entre os gestos reflexológicos que Gilbert Durand descreve analogamente e os esquemas é que estes últimos já não são apenas abstratos engramas teóricos, mas trajetos encarnados em representações concretas bem mais precisas. Os gestos diferenciados em esquemas vão determinar, em contato com o ambiente natural e social, os grandes arquétipos que Jung os definiu. Os arquétipos constituem as substantificações dos esquemas. Carl Jung vai buscar esta noção em Jakob Burckhardt e faz dela sinônimo de origem primordial, de enagrama, de margem original, de protótipo social.

O pensador evidencia claramente o caráter de trajeto antropológico dos arquétipos quando escreve que a imagem primordial deve incontestavelmente estar em relação com certos processos perceptíveis da natureza que se reproduzem sem cessar e são sempre ativos, mas por outro lado é igualmente indubitável que ela diz respeito também a certas condições inferiores da vida do espírito e da dinâmica da vida em geral. Bem longe de ter a primazia sobre a imagem, a ideia seria tão-somente o comprometimento pragmático do arquétipo imaginário num contexto histórico e epistemológico dado. Neste sentido, o mito representa um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema tende a compor uma narrativa. O mito é já um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em ideias culturais. O mito explicita um esquema ou um grupo de esquemas. Do modo que o arquétipo promovia a ideia, o símbolo o nome, concordamos com Gilbert Durand que o mito promove a doutrina religiosa, o sistema filosófico ou, como bem anteviu Émile Bréhier, a “narrativa histórica e lendária”.  Foi este princípio, que o psicólogo Carl Jung sentiu abrangido por seus conceitos de “Arquétipo” e “Inconsciente coletivo”, justamente o que uniu o médico psiquiatra Jung ao físico Wolfgang Pauli, dando início às pesquisas interdisciplinares em física e psicologia. Ocorre que a sincronicidade se manifesta às vezes atemporalmente e/ou em eventos energéticos acausais, e em ambos os casos são violados princípios associados ao paradigma científico vigente.

As leis naturais são verdades estatísticas, absolutamente válidas ante magnitudes macrofísicas, mas não microfísicas. Isto implica um princípio de explicação diferente do causal. Cabe a indagação se em termos muito gerais existem não somente uma possibilidade senão uma realidade de acontecimentos acausais. A acausalidade é esperável quando parece impensável a causalidade. Ante a casualidade só resulta viável a avaliação numérica ou o método estatístico. As agrupações ou séries de casualidades hão de ser consideradas casuais enquanto não se ultrapasse os limites de “observação da probabilidade”. A probabilidade representa sempre um número decimal entre 0 e 1, ou uma porcentagem entre 0% e 100%. Se ultrapassado, implica-se um princípio acausal ou “conexão transversal de sentido” na compreensão do evento. Depois de servir o exército na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), fez o seu doutoramento pela Universidade Harvard em 1954, tornando-se imediatamente instrutor na mesma instituição; depois de alguns anos, obteve o título de professor. Kissinger foi conselheiro de relações exteriores de todos os presidentes dos EUA, de Eisenhower a Gerald Ford, sendo Secretário de Estado dos Estados Unidos, isto é, o cargo equivalente ao de Ministro das Relações Exteriores, no Brasil, e de Ministro dos Negócios Estrangeiros, em Portugal, conselheiro político e confidente de Richard Nixon. 

            Em 1973, ganhou, com Le Duc Tho, o Prêmio Nobel da Paz, pelo seu papel na obtenção do acordo de cessar-fogo na Guerra do Vietnam. Le Duc Tho recusou o prêmio. Henry Kissinger esteve envolvido em uma intensa atividade diplomática com a República Popular da China, o Vietnã, a União Soviética e a África. É considerado uma figura polêmica e controversa, tendo alguns de seus críticos acusando-o de ter cometido crimes de guerra durante sua longa estadia no governo, como dar luz verde à invasão indonésia de Timor (1975) e aos golpes de Estado no Chile, no Camboja e no Uruguai (1973), sendo que, por diversas vezes, Kissinger usava uma política tortuosa, em que parecia jogar com um “pau de dois bicos”. Entre tais analistas críticos, incluem-se o jornalista Christopher Hitchens autor do livro The Trial of Henry Kissinger e o analista social Daniel Ellsberg no livro Secrets. Apesar de essas alegações dos bastidores da política não terem sido comprovadas perante uma Corte de justiça, considera-se um ato perigoso, para Henry Kissinger, entrar em alguns países da Europa e da América do Sul. 

          Henry Kissinger foi um dos mentores, ou mesmo o mentor, da chamada Operação Condor, para a América do Sul, além de ter dado apoio ao regime da ditadura militar argentina, tendo o mesmo dito, certa vez ao ministro das relações exteriores argentino que: - “Se há coisas que precisam ser feitas, vocês devem fazê-las rapidamente”, referindo-se à eliminação e à repressão a quem era contra a ditadura, incluindo-se aí, obviamente, métodos como torturas e mortes. O começo do confronto ocorreu em 6 de outubro de 1973, dia em que os judeus celebram o Yom Kippur, o Dia do Perdão e a negociação dos Acordos de Paz de Paris, que encerrou o envolvimento norte-americano na Guerra do Vietnã. Kissinger também se viu associado a políticas controversas como o envolvimento dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Chile em 1973, deu sinal verde para a Junta Militar Argentina em sua Guerra Suja e garantiu apoio norte-americano ao Paquistão durante a Guerra de Independência de Bangladesh apesar do genocídio perpetrado pelos paquistaneses. Depois de deixar o governo, ele formou a Kissinger Associates, uma firma de consultaria geopolítica. Continuou uma figuração controversa e polarizadora na política norte-americana, venerado por alguns como um Secretário de Estado altamente eficaz e condenado por outros por supostamente tolerar ou apoiar crimes de guerra cometidos por nações aliadas durante seu mandato. Uma pesquisa realizada em 2015 por estudiosos de relações internacionais, conduzida pelo College of William & Mary, classificou Kissinger como o secretário de Estado dos Estados Unidos mais eficaz nos cinquenta anos anteriores até 2015. Com a morte do centenário George Pratt Shultz em fevereiro de 2021, foi, até sua morte, o ex-membro do gabinete dos Estados Unidos mais velho vivo e o último membro sobrevivente do Gabinete de Richard Nixon (1913-1994).

Vale lembrar que o conceito de figuração se distingue de muitos outros conceitos teóricos da sociologia por incluir expressamente os seres humanos em sua formação. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira, singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra, portanto por meio do ingresso do singular no mundo simbólico específico de uma figuração já existente na formação de seres humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos socialmente aprendidos. Sem sua proposição, sem, por exemplo, o aprendizado de uma determinada língua especificamente social, os seres humanos não seriam capazes de se orientar no seu mundo nem de se comunicar uns com os outros. Ipso facto, um ser humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da língua e do conhecimento de determinado grupo humano permanece fora de todas as figurações humanas e, portanto, não é propriamente um ser humano. Quer dizer, o crescimento de um jovem em figurações humanas, como processo e experiência, assim como o aprendizado de um determinado esquema de autoregulação na relação com os seres humanos, é conditio sine qua non do desenvolvimento rumo à humanidade. Socialização e individualização de um ser humano, são, portanto, nomes diferentes para um mesmo processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros e é, ao mesmo tempo diferente de todos os outros. O convívio dos seres humanos em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na desintegração, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É isso que o conceito de figuração, exprime cabalmente. Seres humanos singulares convivem uns com os outros em figurações determinadas. 

Os seres humanos singulares se transformam. As figurações que eles formam uns com os outros também se transformam. Mas as transformações dos seres humanos singulares, e as transformações das figurações que eles formam uns com os outros, apesar de inseparáveis e entrelaçadas entre si, são transformações em planos diferentes e de tipo diferente. Entretanto, um ser humano singular pode ter relativa autonomia em relação a determinadas figurações, mas em relação às figurações em geral, quando muito, apenas em casos extremos, por exemplo, o da loucura.  Neste aspecto, Foucault, recorda-nos que seria preciso também renunciar a toda uma tradição que deixa imaginar que só pode haver saber onde as relações de poder estão suspensas e que o saber só pode se desenvolver fora de suas injunções, suas exigências e seus interesses. Seria talvez preciso renunciar a crer que o poder enlouquece e que em compensação a renúncia ao poder é uma das condições para que se possa se tornar sábio. Temos que admitir que o poder produz saber e não simplesmente favorecendo-o porque serve aplicando-o porque é útil; que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem constituição de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder.       

Do ponto de vista teórico e metodológico no âmbito histórico e sociológico duas questões essenciais nos fazem inferir sobre a importância de Norbert Elias (1994; 2006) no mundo contemporâneo. Em primeiro lugar a relação da pluralidade de pessoas com a pessoa singular a que chamamos “indivíduo”, bem como da pessoa singular com a pluralidade, não é nada clara em nossos dias. Mas é frequente não nos darmos conta disso, e menos ainda do porquê. Quer dizer, dispomos dos conhecidos conceitos de “indivíduos” e “sociedade”, o primeiro dos quais se refere ao ser humano singular como se fora uma entidade existindo em completo isolamento, enquanto o segundo costuma oscilar entre duas ideias opostas, mas igualmente enganosas. A sociedade é entendida, do ponto de vista histórico, teórico e conceitual quer como mera acumulação, coletânea somatória e desestruturada de muitas pessoas individuais, que como objeto que existe para além dos indivíduos e não é passível de alguma maior explicação. Neste último caso, hic et nunc, as palavras de que dispomos na nomenclatura científica, os conceitos que influenciam decisivamente o pensamento e os atos das pessoas que crescem na esfera delas, fazem com que o ser humano singular, rotulado costumeiramente de indivíduo, e a pluralidade das pessoas, concebida como sociedade, pareçam ser duas entidades ontologicamente diferentes.  Mas não o são! Libertar o pensamento da compulsão de compreender os dois termos formativos para a interpretação sociológica dessa maneira é um dos objetivos de Norbert Elias, particularmente debatido no ensaio: A Sociedade dos Indivíduos.

Para o autor, como de resto na crítica analítica sobre os conceitos e categorias sociais, só é possível alcançá-lo quando se ultrapassa a mera crítica negativa à utilização de ambos como opostos e se estabelece um novo modelo da maneira como, para o bem ou para o mal, os seres humanos individuais ligam-se uns aos outros numa pluralidade, isto é, numa sociedade. E este aspecto histórico e social se tornou claro quando o sociólogo trabalhava em seu estudo intitulado O Processo Civilizador.  É que o processo civilizador se estendia por inúmeras gerações; podia ser rastreado ao longo do movimento observável, numa determinada direção, do limiar de vergonha e constrangimento. Isso significava que as pessoas de uma geração posterior ingressavam no processo civilizador numa fase posterior. Ao crescerem como indivíduos, tinham de se adaptar a um padrão de vergonha e constrangimento, em todo o processo social de formação da consciência, posterior ao das pessoas das gerações precedentes. O repertório completo em termos de padrões sociais de autorregulação que o indivíduo tem que desenvolver dentro de si, ao crescer e se transformar num indivíduo único, é específico de cada geração e num sentido mais amplo, específico de cada sociedade. Para tanto, qualquer que fosse a direção, a evidência da mudança social deixava claro a que ponto individualmente cada pessoa era influenciada, sobretudo em seu processo de desenvolvimento, pela posição que ingressava no fluxo do processo social.

Nesta obra citada, a saber, A Sociedade dos Indivíduos, as três partes que a integram foram redigidas em épocas diferentes. A primeira mostra a etapa mais inicial das reflexões sobre o problema da pessoa singular dentro da pluralidade de pessoas, conforme anunciado pelo título do livro. A segunda parte é um exemplo do trabalho posterior sobre essa mesma questão; a terceira é a etapa mais recente e final desse trabalho contínuo. Reflete, portanto, mudanças na maneira como a sociedade é compreendida, e até na maneira como as diferentes pessoas que formam essas sociedades entendem a si mesmas: em suma, a autoimagem e a composição social – aquilo que Norbert Elias chama habitus dos indivíduos. Mas, por outro lado, o modo global da abordagem social do problema também se alterou consideravelmente. O problema tornou-se mais concreto. Os conceitos utilizados conformam-se mais estreitamente à situação observável especificamente de cada pessoa dentro da sociedade. Paradoxalmente, isso é acompanhado por uma elevação do nível de discussão que leva a uma síntese num plano mais elevado. Isso se expressa no conceito fundamental da balança nós-eu, o qual indica que a relação da identidade-eu com a identidade-nós, melhor dizendo, do indivíduo não se estabelece de uma vez por todas, como ocorre aparentemente na vida cotidiana, mas está sujeita a transformações muito específicas. Em tribos pequenas e, portanto, relativamente simples, essa relação social é vista de forma diferente se em analogia observada, nos Estados industrializados contemporâneos, e diferente, na paz, da que se observa nas guerras contemporâneas. 

          Este conceito faz com que se abram à discussão e à investigação algumas questões da relação social entre indivíduo e sociedade que permaneceriam inacessíveis se continuássemos a conceber a pessoa, e, portanto, a nós mesmos, como um eu destituído de um nós.  A questão a saber é, que tipo social de formação é esse, esta “sociedade” que compomos em conjunto, que não foi pretendida ou planejada por nenhum de nós, nem tampouco por todo nós juntos? A resposta adequada é: ela só existe porque existe um grande número de pessoas, só continua a funcionar porque muitas pessoas, isoladamente, querem e fazem certas coisas, e, no entanto, sua estrutura e suas grandes transformações históricas independem, claramente, das intenções de qualquer pessoa em particular. Quer dizer, parte das pessoas aborda as formações sócio-históricas como se tivessem sido concebidas, planejadamente e criadas, tal como agora se apresentam ao observador retrospectivo, por diversos indivíduos ou organismos. Alguns indivíduos dentro desse campo geral, talvez tenham certo nível de consciência de que esse tipo social de resposta realmente não é satisfatório. É por mais que distorçam suas ideias de modo a fazê-las corresponderem aos fatos, o modelo conceitual a que estão presos continua a ser da criação racional e deliberada por indivíduos. Quando têm à sua frente instituições sociais específicas, como os parlamentos, a polícia, os bancos, os impostos, seja lá o que for para explicá-las, as pessoas que criaram essas instituições.

Ao lidarem com um gênero literário, buscam o escritor que constituiu o que os outros seguiram como modelo. Ao depararem com formações em que esse tipo de explicação é difícil – a linguagem ou o Estado, por exemplo -, ao menos procedem como se essas formações sociais pudessem ser explicadas da mesma forma que as outras, aquelas que seriam deliberadamente produzidas por pessoas isoladas para fins específicos. Podem perguntar, por exemplo, que a finalidade da linguagem é a comunicação entre as pessoas, ou que a finalidade do estado é a manutenção da ordem – como se, no curso da história da humanidade, a linguagem ou a organização de associações específicas de pessoas sob a forma de Estados tivesse sido deliberadamente criada para esse fim específico de indivíduos isolados, como resultado de um pensamento racional.  E, com bastante frequência, ao serem confrontados pari passu com fenômenos sociais que obviamente não podem ser explicados por esse modelo, convencional, como é o caso na história social da evolução dos estilos artísticos ou do processo civilizador, seu pensamento estanca. Param de formular perguntas. Entretanto, no campo oposto de produção de saber se despreza essa maneira de abordar as formações históricas e sociais. Para seus integrantes, o indivíduo não desempenha papel algum.  Seus modelos conceitos são primordialmente extraídos das ciências naturais; em particular a presença ausente da biologia ou Ciências Biológicas.

Mas nesse caso, como tantas vezes acontece, os modos científicos de pensamento misturam-se, fácil e imperceptivelmente, com os modos religiosos e metafísicos, formando uma perfeita unidade.  A sociedade é concebida, segundo a interpretação de Elias (1994), como uma entidade orgânica supraindividual que avança inelutavelmente para a morte, historicamente atravessando etapas de juventude, maturidade e velhice. As ideias de Spengler constituem bom exemplo dessa maneira de pensar, mas no mundo contemporâneo se encontram noções análogas, independentemente dele, nos mais diversos matizes e cores. E, ainda quando não se veem levados, por força das experiências de nossa época, ao equívoco de conceber uma teoria geral da ascensão e declínio das sociedades como algo inevitável, ainda quando anteveem um futuro melhor para nossa sociedade, até os adversários dessa perspectiva spengleriana compartilham – por estarem dentro desse mesmo campo – limitando uma abordagem que tenta explicar as formações e processos sócio-históricos pela influência de forças supraindividuais anônimas.

Vez por outra, muito particularmente em Friedrich Hegel, isso dá margem   a uma espécie de panteísmo histórico: um Espírito do Mundo, ou até o próprio Deus, ao que aprece, encarna-se num mundo histórico em movimento, diferente do mundo estático de Spinoza, e serve de explicação para sua ordem, periodicidade e intencionalidade. Ou então esse tipo de pensador ao menos imagina formações sociais específicas, habitadas por um espírito supraindividual comum, como o “espírito” da Grécia antiga ou da França. Enquanto, para os adeptos da convicção oposta, as ações individuais se encontram no centro do interesse e qualquer fenômeno que não seja explicável como algo planejado e criado por indivíduos mais ou menos se perde de vista, aqui, neste segundo campo, são os próprios aspectos que o primeiro julga inabordáveis – os estilos e as formas culturais, ou as formas e instituições econômicas – que recebem maior atenção. E, no primeiro com a formação de um campo de análise, continua obscuro o estabelecimento de uma ligação factível entre os atos e objetivos individuais e essas formações sociais, no segundo não se sabe com maior clareza como vincular as relações sociais entre as forças produtoras dessas formações as metas de indivíduos e atos dos indivíduos, quer possam sejam vistas como anonimamente mecânicas, quer como forças supraindividuais baseadas em modelos panteístas.

Americanismo representa um conjunto de valores patrióticos dos Estados Unidos que visam criar uma identidade estadunidense coletiva e pode ser definido como “uma articulação do legítimo lugar da nação no mundo, um conjunto de tradições, uma linguagem política, e um estilo cultural imbuído de significado político”. De acordo com a American Légion, uma organização de veteranos dos Estados Unidos, o americanismo é uma ideologia ou crença na devoção, lealdade ou fidelidade aos Estados Unidos da América, ou à sua bandeira, tradições, costumes, cultura, símbolos, instituições ou forma do governo. Nas palavras de Theodore Roosevelt, “o americanismo é uma questão de espírito, convicção e propósito, não de credo ou local de nascimento”.  Americanismo tem dois significados diferentes. Pode referir-se às características que definem os Estados Unidos e pode também significar lealdade aos Estados Unidos e uma defesa dos ideais políticos estadunidenses. Esses ideais incluem, mas não estão limitados a autogoverno, igualdade de condições no tribunal, liberdade de expressão e crença no progresso.  Esta coleção de ideais que forma a ideologia moderna do americanismo tem um apelo duradouro para pessoas de todo o mundo. Em um ensaio dedicado ao americanismo, Agnes Repplier enfatizou que, “de todos os países do mundo, nós e apenas nós temos a necessidade de criar artificialmente o patriotismo que é o direito de nascimento de outras nações”.   

Desde as alterações demográficas raciais e étnicas da população norte-americana causadas pela Lei Hart-Celler (1965), o americanismo enquanto “efeitos de poder” tem se enraizado menos em experiências culturais compartilhadas e mais em ideais políticos compartilhados. O conceito de americanismo existe desde que os primeiros colonos europeus se mudaram para a América do Norte, aspirados por uma visão de um “farol de esperança” para o mundo. John Adams (1735-1826) escreveu que os novos assentamentos na América foram “a abertura de uma grande cena e projeto em Providence para a iluminação dos ignorantes, e a emancipação da parte servil da humanidade em toda a terra”. Essa compreensão do americanismo era um pensamento comum em todo o Novo Mundo após a Guerra de Independência dos Estados Unidos com expectativas de que a nação recém-independente se tornaria mais do que o que Thomas Paine chamou de “um asilo para a humanidade”. Durante o período pré-guerra de 1830, 1840 e 1850, o americanismo adquiriu um significado restritivo devido ao “pânico moral nativista” depois que o aumento da imigração irlandesa e alemã levou ao crescimento do catolicismo americano.

Entretanto, os anos desde o fim da Guerra de Secessão até o fim da 2ª guerra mundial trouxeram um novo significado ao termo “americanismo” para milhões de imigrantes da Europa e da Ásia. Aqueles foram tempos de grande crescimento econômico e de industrialização, e assim surgiu a cena americana que consiste na “democracia industrial” e no pensamento populista de que o povo é o governo na América. Desde então, o sucesso da nação americana trouxe um tremendo poder à noção de americanismo. De acordo com Wendy Lynn Wall em Inventing the American Way, o americanismo difundiu uma campanha nacionalista para contrastar com o comunismo e o fascismo, durante a Guerra Fria. Os benefícios do americanismo foram promovidos por meio dos ideais em torno de liberdade e democracia. Algumas organizações abraçaram o americanismo, mas levaram seus ideais bem mais longe, ou seja, a organização racista Ku Klux Klan acredita que o americanismo inclui aspectos em torno de raça de pureza do norte-americano branco e do protestantismo norte-americano.

A história social da escravidão (ou escravatura) nos Estados Unidos da América inicia-se no século XVII, quando práticas escravistas similares aos utilizados pelos espanhóis e portugueses em colônias na América Latina, e termina em 1863, com a Proclamação de Emancipação de Abraham Lincoln, realizada durante a Guerra Civil Americana. Na origem da guerra tem-se, grosso modo, a escravidão e a origem de dois modelos econômicos opostos, mas não-antagônicos. O norte em expansão econômica graças à industrialização, à proteção ao mercado interno e à mão-de-obra livre e assalariada, e o Sul numa economia baseada na plantação e no escravismo. Durante a maioria do século XVII e parte do século XVIII, escravos do sexo masculino eram em maior número que escravas do sexo feminino, fazendo com que os dois grupos tivessem experiências distintas nas colônias. Vivendo e trabalhando em uma ampla variedade de circunstâncias e regiões, homens e mulheres afro-americanos tiveram experiências singulares no processo de escravidão. A grande hostilidade norte-americana em relação ao ex-escravo e sua condição de trabalhador livre já pode ser percebida nas leis das colônias e estados do norte e do sul dos Estados Unidos desde o século XVIII.

Nenhum estado do Sul, e apenas alguns do Norte, permitia o voto de homens livres no século XIX. A maioria dos estados do Norte e do Sul proibia liberto(a)s de se casarem com branco(a)s e dissolvia qualquer tipo de organização negra que porventura surgisse. Além disso, todos os estados adotaram a regra de um quarto de sangue se um dos avós fosse negro ou mulato, a pessoa seria mulata, e todos os mulatos eram tratados da mesma forma que os negros. Homens livres não podiam testemunhar em processos judiciais envolvendo brancos. Eram punidos por atacar brancos, e em diversos tipos de crimes eram tratados como escravos e podiam ser chicoteados. Como os escravos a pena capital pelo estupro de mulher branca e não o contrário. A partir de 1700 e 1740, um número estimado de 43.000 escravos foi levado para a Virgínia e, à exceção de 4.000, que foram sequestrados diretamente da África. Pesquisas sugerem que o número de mulheres e homens transportados neste período foi semelhante, incluindo um elevado número de filhos. Como a maioria dos escravos provinham da África Ocidental, suas culturas eram centrais historicamente desde meados ao fim do século XVIII da escravidão na Virgínia.

Valores africanos foram predominantes e as culturas das mulheres da África Ocidental tinham fortes representações. Algumas representações culturais predominantes formavam os poderosos laços entre mãe e filho e as mulheres na comunidade feminina. Entre o grupo étnico Ibo da atual Nigéria, em particular, que incluía entre um terço e metade dos escravos no início do século XVIII, a autoridade feminina (a omu) “administrava sobre uma ampla variedade de questões importantes para as mulheres, em particular, e para a comunidade como um todo”. O descobrimento da primitiva gens do direito materno, como etapa anterior à gens de direito paterno dos povos ditos civilizados, tem, para a história primitiva, comparativamente, a mesma importância que a teoria da evolução de Charles Darwin para a biologia e a teoria da mais-valia, enunciada por Karl Marx, para a concepção de economia política. O grupo étnico lbo representava pessoas trazidas para a Chesapeake, que pode se referir a várias localidades nos Estados Unidos, porém, em geral, os africanos vieram traficados de uma variada gama de culturas.

Todos vieram de comunidades onde as mulheres eram fortes, e foram introduzidas sociedade patriarcal, violentamente racista e exploradora; homens brancos normalmente caracterizavam todas as mulheres negras como uma erotização sexual, visando justificar seu abuso sexual e miscigenação. O caráter capitalista da plantation escravista do Sul, análogo aos estados do Norte, era em certa medida uma contradição, mas em última instância, de oposição assimétrica no sentido formal marxista interno ao sistema econômico. Em sua complementaridade uma economia escravista tende a inibir o desenvolvimento econômico de uma sociedade capitalista, tal como apontado, neste caso por Max Weber. Além disso, o retorno dos lucros de volta à produção, no caso de Marx, presente no norte industrializado, não ocorria da mesma forma nos estados do sul, que tinha uma acentuada tendência a um consumo intenso, daí o binômio: produção-consumo. Norte e Sul diferem-se na medida em que o primeiro possui um progresso econômico qualitativo com o retorno dos lucros à produção, e o Sul, ao dirigir seus lucros em escravos e terras, possui um progresso econômico quantitativo, levando em conta a questão no âmbito da economia sobre a produtividade da mão-de-obra escrava.

 Enfim, em meados da década de 1950, estava em voga a crítica conservadora que via na academia a “ausência de Deus”, e, na imprensa, a “falta de cabeça”, ideias que se uniam à defesa da família e do papel das mulheres como donas de casa, por mais politizado que fosse o seu papel social. Tece início uma cruzada moral contra a homossexualidade e a favor de uma imagem recém-concebida da família tradicional. Enquanto isso, o Macarthismo persistia: mesquinho, vulgar e desequilibrado. A ascensão de McCarthy, a loucura das suas teorias da conspiração e a quantidade de seus seguidores impressionavam muitos observadores, que ali viam sintomas de uma doença que atingia o coração da política americana. O cenário deixava George Kennan com uma dúvida: “Me parecia que um sistema político e uma opinião pública que eram tão facilmente desorientados por esse tipo de postura em uma época, não seriam menos vulneráveis a ideias parecidas em outro momento”. O que tornou tantos tão vulneráveis a uma visão de mundo tão absurda assim? A tecnologia que tornou possível dividir os cidadãos por “sexo, estado civil, educação, residência, faixa etária, local de nascimento, emprego, renda e uma dúzia de outras classificações” tornaria possível classificar consumidores.

Mas em 1951, quando Mauchly e Eckert anunciaram o computador tudo isso ainda estava no futuro, e a imprensa não se animou. Em uma matéria de um parágrafo no final da página 25, o New York Times apenas registrou o “gênio matemático de dois metros e meio de altura”, como se não fosse nada além de um golpe, como Elektro, o robô gigante que estreou no momento em que os americanos estavam cada vez mais incomodados com a automação, no mesmo ano em que os leitores tiveram contato com A Nova Classe Média (White Collar), livro do sociólogo Charles Wright Mills que vaticinava o destino dos trabalhadores, cercados por telefones e ditafones , interfones e mimeógrafos, em escritórios com iluminação fluorescente e ar-condicionado em arranha-céus de aço e vidro ou em escritórios suburbanos. Mills dizia que o trabalho de escritório dependente das máquinas havia criado uma classe de trabalhadores alienados, e que o novo escritório, mesmo com todos os seus acessórios, não era melhor do que as antigas fábricas de tijolo e vapor. “Vendo os grandes ambientes dos escritórios, com fileiras de mesa idênticas”, escreveu Mills, “lembramos a descrição que Herman Melville fez de uma fábrica do século XIX: ´Em fileiras de balcões vazios se alinhavam garotas inexpressivas, com pastas vazais em suas mãos vazias, todas dobrando papéis em branco`. Ele descrevia uma fábrica de papel da Nova Inglaterra em 1855; Mills um escritório um século depois. 

Nixon conseguiu a nomeação à vice-presidência pelo Partido Republicano, mas, semanas depois, teve que ir à televisão para garanti-la. Após a convenção, a imprensa revelou que Nixon tinha 18 mil dólares, em um caixa dois, como vimos noutro lugar. Os conselheiros de Eisenhower pediram que ele dispensasse Nixon, e pediram a Nixon que deixasse a candidatura. Nixon enfrentando o possível fim de sua carreira política, decidiu apresentar seus argumentos ao público. Ele trabalhou nisso, escrevendo o discurso de sua vida. Em 23 de setembro de 1952, sentado em uma mesa de pinho, com sua esposa observando em uma poltrona de chita, que parecia ser seu próprio refúgio, mas que, na verdade, era um palco construído em um estúdio da NBC em Los Angeles, ele fez uma interpretação notável, emanando dor e vitimização. A cena alcançou a maior audiência de televisão já registrada. Nixon disse que pretendia fazer algo sem precedentes na política americana. Ele forneceria um relatório financeiro completo, uma contabilidade de “tudo o que ganhei, tudo o que gastei e tudo o que devo”. Quase chegando à casa mínima dos centavos, ele listou sua renda modesta, seus empréstimos, e sua riqueza. Ele não tinha ações nem títulos, mas tinha um Oldsmobile de dois anos, hipotecas, dívidas com bancos, e até mesmo uma dívida com seus pais, que ele pagava todos os meses com juros. Sim ele aceitou presentes para um fundo de campanha. Entretanto, Nixon havia conseguido outra coisa, mais importante e duradoura. Desde os tempos de Harding e Hoover, o Partido Republicano era o partido dos empresários, membros de country clubs e acionistas de empresas. O Partido Democrata era o partido do homem simples, desde o self-made man de Andrew Jackson, passando pelo fazendeiro de William Jennings Bryan, até o “homem esquecido” de Roosevelt. Nixon com esse discurso, reverteu esse balanço. Isso foi o que deixou os liberais tão irritados: eles não eram mais o partido do povo. O discurso populista havia se voltado para a direita.                         

Bibliografia geral consultada.

AVRITZER, Leonardo, A Moralidade da Democracia. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004; BIALER, Uri, Cross on the Star of David: the Christian world in Israel’s foreign policy, 1948- 1967. Bloomington: Indiana University Press, 2005; YERKES, Andrew, Americanismo do Século XX: Identidade e Ideologia na Ficção de Esquerda da Era da Depressão. New York: Routledge, 2005; ISAACSON, Walter, Kissinger: A Biograph. New York: Editor Simon & Schuster, 2005; ELIAS, Norbert, A Sociedade dos Indivíduos. 1ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1994; Idem, Escritos & Ensaios; 1: Estado, Processo, Opinião Pública. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006; ELTEREN, Mel van, Americanism and Americanization: A Critical History of Domestic and Global Influence. Carolina do Norte: Editor McFarland, 2006; GELERNTER, David, Americanismo: A Quarta Religião do Grande Oeste. Nova York: Editor Doubleday, 2007: DORSEY, Leroy G., Somos Todos Americanos, Puros e Simples: Theodore Roosevelt e o Mito do Americanismo. Tuscaloosa, AL: University of Alabama Press, 2007; SAND, Shlomo, A Invenção da Terra de Israel – da Terra Santa à Terra Pátria. São Paulo: Editora Benvirá, 2014; LOWANDE, Walter Francisco Figueiredo, Uma História Transnacional da Modernidade: Produção de Sujeitos e Objetos da Modernidade por Meio dos Conceitos de Civilização e Cultura e do Patrimônio Etnográfico e Artístico. Tese de Doutorado em História. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2018; CATERINA, Gianfranco, Um Grande Oceano: Brasil e União Soviética atravessando a Guerra Fria (1947-1985). Tese de Doutorado em História, Política e Bens Culturais. Escola de Ciências Sociais. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2019; LEPORE, Jill, Estas Verdades: A História da Formação dos Estados Unidos. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Intrinseca, 2020;  KISSINGER, Henry, O Mundo Restaurado. Rio de Janeiro: José Olympio Editor, 1973; Idem, Diplomacia. São Paulo: Editora Saraiva Universitária, 2012; Idem, Liderança: Seis Estudos sobre Estratégia. São Paulo: Objetiva Editora, 2023; Artigo: Guerra de Yom Kippur: confronto teve consequências profundas na política israelense. In: https://g1.globo.com/noticias/2023/10/07/SPEKTOR, Matias. Kissinger e o Brasil. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2009;  EIRAS, André Luis Silva, Dinâmica Intelectual da Política Externa Brasileira: Uma Análise do Conceito de Autonomia. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Ciência Política. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2023; entre outros. 

domingo, 24 de dezembro de 2023

Astrologia – Tetrabiblos, Solidão Feliz & Subjetividades Humanas.

                Face à realidade, o que julgamos saber claramente, ofusca o que deveríamos saber”. Gaston Bachelard

     

          A experiência e o reconhecimento socialmente reproduzidos e acumulados pelas gerações precedentes são reapropriados pelos sujeitos através das relações sociais que lhes fornecem as mediações complexas das ações humanas. A identidade de gênero pode ser compreendida dentro deste dinamismo como uma das particularidades da identidade do sujeito. No limite, a imaginação é reduzida pelos autores contemporâneos àquela concepção de sensação de uma imagem remanescente ou repetida e consecutiva do imaginário individual (o sonho) e o imaginário coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos). Desvalorizado para explicar “conexões imaginativas”, capaz de estimular a criatividade no âmbito da teoria social, sem perder a conexão de sentido com o imaginário individual e coletivo, que pode cometer o erro de reduzir a imaginação a um puzzle de significados de um ponto de vista distorcido da realidade. Para adquirir esta forma de visão é necessário analisar onde vivemos, de uma maneira externa procurando diminuir a sua influência na análise uma vez que consigo é carregado de valores culturais obtidos na vida (cf. Santos, 2012). É olhar de uma maneira diferente daquela que estamos habituados ao modo de interpretar na vida cotidiana.

            Tetrabiblos, também chamado de Apotelesmatiká ou Quadripartitum, é um texto que aborda a filosofia e a prática da astrologia, escrito no século II por Cláudio Ptolomeu. O tratado matemático Almagesto funcionou como um texto fidedigno sobre astronomia por mais de mil anos e, o Tetrabiblos, seu volume complementar, foi igualmente influente na astrologia, tendo estudado os efeitos os ciclos astronômicos da Terra. No entanto, enquanto o Almagesto como trabalho fidedigno astronômico foi substituído pela aceitação do modelo heliocêntrico do Sistema Solar, o Tetrabiblos continua sendo um importante ensaio teórico para a astrologia.  Apesar de delinear as técnicas de prática astrológica, a defesa filosófica de Ptolomeu acerca do assunto como estudo natural e benéfico ajudou a garantir a tolerância ideológica em relação à astrologia na Europa Ocidental durante a Idade Medieval. Isso, portanto, permitiu que os ensinamentos ptolomaicos sobre astrologia fossem incluídos nas universidades durante o Renascimento, o que trouxe impacto associado à medicina e à literatura. A importância histórica do Tetrabiblos é atestada por muitas das análises antigas, medievais e renascentistas que publicaram sobre o assunto. O livro foi copiado, comentado, parafraseado, condensado e traduzido para diversas línguas. A mais recente edição crítica da Grécia, postulada por Wolfgang Hübner (1931-2017), foi publicada pelo sociólogo e jurista alemão Gunther Teubner em 1998.

Deste ponto de vista, não estamos longe de admitir que o lugar de análise em que o raciocínio sociológico constrói suas pressuposições é diferente do espaço lógico do raciocínio experimental. O espírito, dizia Friedrich Hegel (1770-1831), não pode conhecer-se diretamente. É preciso que negue previamente, de certo modo, que saia de si e se torne “estranho a si mesmo”, exteriorizando-se e produzindo sucessivamente todas as formas do real – quadros do pensamento, natureza, história; e depois que reverta à origem, alcançando assim o conhecimento verdadeiro, a filosofia do espírito absoluto. Afastando-se de si, exteriorizando-se, para voltar depois a si mesma, a Ideia triunfa do que a limitava, afirmando-se na negação das suas negações sucessivas. Hegel definiu o princípio da realidade como uma Ideia lógica, fazendo do ser das coisas um ser puramente lógico e chegando assim a um panlogismo consequente que apresenta ainda, um elemento dinâmico-irracional, existente no domínio do que é próprio ao método dialético. O idealismo apresenta-se, para sermos breves, em duas formas principais: como idealismo subjetivo ou psicológico e como idealismo objetivo e lógico. Estas subjetividades movimentam-se no âmbito de uma visão fundamental.

Essa diferença da essência e o exemplo, entre a imediatez e a mediação, quem faz não somos nós apenas, mas a encontramos na própria certeza sensível; e deve ser tomada na forma em que nela se encontra, e não como nós acabamos de determina-la. Na certeza sensível, um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou como a essência: o objeto na sua humanidade. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, mas por meio do Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto faz que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido - enquanto o saber não é, se o objeto não souber que pode ser, assim da singularidade de apreensão do objeto. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, na démarche da consciência, mas por meio de Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido - enquanto o saber não é, se o objeto não é. O objeto, portanto, deve ser examinado, para vermos se é de fato, na certeza sensível mesma, aquela essência que ela lhe atribui; e se esse seu conceito - de ser uma essência - corresponde ao modo imediato como se encontra na certeza sensível.

Quer dizer, não temos de refletir sobre o objeto, nem indagar o que possa ser em verdade; mas apenas através da ideia de formação em “considerá-lo como a certeza sensível o tem nela”. O tempo, como a unidade negativa do ser-fora-de-si, é igualmente um, sem mais nem menos, abstrato, ideal. O tempo é como o espaço uma pura forma de sensibilidade ou do intuir, é o sensível, mas, assim como a este espaço, também ao tempo não diz respeito a diferença de objetividade e de uma consciência subjetiva contra ela. Quando se aplicam estas determinações de espaço e tempo, então seria aquele a objetividade abstrata, do tempo, porém a subjetividade abstrata. O tempo é o mesmo princípio que o Eu=Eu da autoconsciência pura; mas é o mesmo princípio ou o simples conceito ainda em sua total exterioridade e abstração – como o mero vir-a-ser intuído, o puro ser-em-si como simplesmente um vir-fora-de-si. O tempo é contínuo como o espaço, pois ele é a negatividade abstrata e nela ainda não há nenhuma diferença real.

No tempo, diz-se, tudo surge e tudo passa e perece, se se abstrai de tudo, do recheio do tempo e do recheio do espaço, fica de resto o tempo vazio comparativamente como o espaço vazio – isto é, são então postas e representadas estas abstrações de exterioridade, como se elas fossem existentes por si. Mas não é o que no tempo surja e pereça tudo, porém o próprio tempo é este vir-a-ser, surgir e perecer, o abstrair essente. O real de análise é bem diverso do tempo, mas também essencialmente idêntico a ele. O real é limitado, e o outro para esta negação está fora dele, a determinidade é assim nele exterior a si, e daí a contradição de seu ser; a abstração opera nessa exterioridade de sua contradição e a inquietação da mesma é o próprio tempo. O finito é transitório e temporário, porque ele não é, como ocorre na representação do conceito nele mesmo, a negatividade total, mas em si, como sua essência universal, entretanto, diferentemente da mesma essência, é unilateral, e se relaciona à mesma essência como à sua potência. Mas tais conceitos na sua identidade conseguem livremente existente para si, Eu=Eu, é “em si” e “para si” a absoluta negatividade e liberdade. Por isso o tempo não é potência dele, nem ele está no tempo nem é algo temporal. Mas ele é muito mais a potência do tempo, como sendo este apenas esta negatividade como exterioridade. Só o natural, é, enquanto é finito, sujeito ao tempo; na constituição da ideia, o espírito que é eterno.  

A intuição trabalhada, tal como a entendera Gaston Bachelard, significa assumir com essa ideia a existência de dois polos necessariamente presentes no universo cultural humano. O polo da objetividade e polo da subjetividade, todavia, entrelaçados e mediados nos duros e doces caminhos da constituição da mediação científica assim como dos demais caminhos existentes, esta ideia cara à concepção de ciência nestes tempos. O pensamento de Bachelard se faz contemporâneo na atualidade potente de sua reflexão. Felizmente fora da dinâmica consensual entre pesquisadores, pois é conhecido por sua filosofia não cartesiana, não bergsoniana, não aristotélica e não kantiana, visto que sua obra excede a epistemologia e a estética e comunicação com diferentes áreas de saber. Representou o novo espírito científico que, ao refletir sobre episteme, o conhecimento, problematiza o erro em sua positividade e a importância real da retificação. Seu novo racionalismo aberto e dinâmico, histórico e factual, inova a concepção de imaginação social, porque explora os devaneios e desconfia das metáforas progressivas. A formação das expectativas não leva em consideração os fatores comparativos previstos na sociedade como muito incertos. Embora, em determinadas situações, fatos muito incertos possam se tornar decisivos, tornando-se um guia razoável para as decisões correntes e os eventos a que se atribui um grau elevado de confiança. Foi um “filósofo da solidão feliz” que a procura de instantes poéticos nos desestabiliza nas incertezas do mundo contemporâneo objetivo.

        A intuição como forma de representação do conhecimento consiste na capacidade de conhecer algo sem de fato ainda entender seu funcionamento. Está fundamentada na noção inicial que temos sobre algo, noção esta que nasce da experiência sensorial e/ou de uma análise superficial das características que compõe determinado elemento. Tomando como base esta noção inicial, conseguimos entender de forma pouco esclarecida do que se trata determinado elemento e já nos dispomos a emitir juízos acerca do mesmo. Todas estas concepções do homem, que se expressam de diversas formas, nasceram a partir da análise que seus sentidos o proporcionaram fazer. Mas há algo a mais nisto. Não bastariam ele olhar para a pedra e sentir seu peso para concluir estas coisas. Teria o homem que pensar por associação, por comparação. Entre habilidades ou competências importa destacar a relação contígua entre o ser capaz de pensar e o ser capaz de aprender. Teria o homem que se basear em outras experiências.

Têm-se nas reflexões anteriores, um exemplo desta forma básica de entender o mundo que nos cerca. O pensamento por associação. O conhecimento que se constrói através de memórias de experiências passadas e logo comparações com experiências presentes. O raciocínio intuitivo da forma como foi apresentado, revela-nos uma superficialidade na forma de compreender o mundo. Retomando ao exemplo do homem: o mesmo não saberia explicar o porquê de nenhuma de suas conclusões, visto que ele se baseou somente em suas antigas experiências. Os fatos usados para formar a conclusão, não são compreendidos pelo homem, ele apenas sabe que são tal como são e aceita isso como natural. Além dessas substâncias e de outras, que estão em menor quantidade, o ar, por exemplo, também apresenta gotículas de água, poeira, e sobretudo partículas de vírus, bactérias e outro micro-organismos. Não entende ele, no plano abstrato da teoria “como” e nem o “por que” daqueles fatos sociais do dia a dia se apresentarem daquela maneira. Tudo que ele sabe, foi captado pelos sentidos, guardado em sua memória. Utilizado em seu dia-a-dia para entender o mundo que lhe é anterior e está ao seu redor.  

           De origem humilde, o filósofo Gaston Bachelard (1884-1962), em sua poética do  espaço trabalhou enquanto estudava. Pretendia formar-se engenheiro até que a 1ª grande guerra (1914-18) eclodiu e impossibilitou-lhe, felizmente, a conclusão deste projeto. Em 1903, após o término do curso secundário, ingressou na administração dos Correios trabalhando sessenta horas semanais. Nos momentos de lazer estudava, vindo a licenciar-se em 1912, aos 28 anos em Ciências Matemáticas. No ano seguinte, a administração dos correios lhe concede uma bolsa de estudos, a fim de que se preparasse para o concurso de engenheiro de telégrafo no Liceu Saint-Louis. Com a eclosão a 1ª grande guerra (1914-1918), sua carreira foi interrompida, sendo obrigado a desistir de seu intento. Em 8 de julho de 1914 casou-se, e em 1920 sua esposa faleceu, deixando com ele a pequena Suzane. De 1917 a 1930 foi professor no magistério secundário em Bar-Sur-Aube, dedicando-se ao ensino das ciências – Física e Química – e posteriormente de Filosofia, na qual se licenciou em 1920 e tornou-se logo Mestre em 1922. Doutorou-se em Letras com menção honrosa na Sorbonne, com a apresentação da tese: “Ensaio sobre o conhecimento aproximado”, em 1927, publicada um ano depois. Nesse ensaio, encontram-se as bases de uma nova epistemologia.

            O nome Sorbonne alude ao teólogo do século XIII Roberto de Sorbon, fundador do Colégio de Sorbonne em 1257, que à época era dedicado ao ensino de teologia. Na língua corrente, o nome Sorbonne passou a identificar toda a Universidade de Paris. O colégio foi fundado em 1253 por Robert de Sorbon (1201-1274). Luís IX da França confirmou a fundação em 1257. Foi uma das primeiras faculdades significativas da Universidade medieval de Paris. A biblioteca foi uma das primeiras a organizar os itens em ordem alfabética de acordo com o título. A universidade antecede a faculdade em cerca de um século, e faculdades menores já haviam sido fundadas durante o final do século XII. Durante o século XVI, a Sorbonne envolveu-se com a luta intelectual entre católicos e protestantes. Curiosamente a Universidade serviu como um importante reduto das atitudes conservadoras católicas e, como tal, conduziu uma luta contra a política do rei Francisco I de “tolerância relativa” aos protestantes franceses, exceto por um breve período em 1533, quando a Universidade foi posta sob controle protestante.  

      A Universidade Sorbonne em conjunto com a Igreja Católica, condenou 500 obras impressas como heréticas entre 1544 e 1556. O Collège de Sorbonne foi suprimido durante a Revolução Francesa, reaberto por Napoleão em 1808 e finalmente fechado em 1882. Este foi apenas um dos muitos colégios da Universidade de Paris que existiram até a Revolução Francesa. Hastings Rashdall, em As Universidades da Europa na Idade Média (1895), que ainda é uma referência padrão extraordinária sobre o assunto, lista cerca de 70 faculdades da universidade apenas da Idade Média; alguns deles tiveram vida curta e desapareceram antes do final do período medieval, mas outros foram fundados no início do período moderno, como ocorre com o Collège des Quatre-Nations, é um antigo colégio da Universidade de Paris localizado no Quai de Conti e atualmente abriga a sede do Institut de France. Com o tempo, passou a ser a principal instituição francesa representante de estudos teológicos e “Sorbonne” foi frequentemente usada como sinônimo da Faculdade de Teologia de Paris, apesar de ser apenas uma das muitas faculdades da universidade.

            No panorama filosófico do século XX, a obra de Bachelard é uma reflexão referencial sobre a ciência e os saberes objetivos em que se revela outra direção fundamental do seu pensamento – a poética. A psicanálise vem em auxílio de uma ideia implícita na obra de Bachelard: “o homem é um ser que se percebe na sua relação de habitação e familiaridade inquietante com as coisas do mundo”. Essa é a condição do ser que vive num mundo constituído por saberes e verdades que ele próprio inventa. A poesia e a ciência é uma forma de compreender a relação do homem com o seu saber. O nascimento de tal categoria decorre do desdobramento de questões relativas ao tempo incluídas em obras anteriores como: “L´intuition de l`instant” (1932), e “La Dialectique de la Durée”, (1936), nas quais Bachelard desenvolve as teses da instantaneidade e da descontinuidade temporais. Neste sentido da durée bergsoniana, Bachelard contrapõe à noção de “descontinuidade temporal”. O tempo e a instantaneidade correspondem, para ele a questão problemática presente no livro: “L´intuition de l`instant”, a saber, que o tempo é uma realidade fechada sobre o instante e interrompida entre dois nadas.

O tempo poderá renascer, mas é necessário primeiramente que ele morra. Ele não poderá transportar o seu ser de um instante para outro instante para daí fazer uma duração. Os registros mais antigos sugerem que a astrologia surgiu no terceiro milênio a.C. Ela teve um importante papel na formação das culturas, e sua influência é encontrada na astronomia antiga, nos Vedas, e em várias disciplinas através da história. De fato, historicamente até a Idade Moderna, astrologia e astronomia eram indistinguíveis. A astronomia começou a divergir gradualmente da astrologia desde o tempo de formação de Cláudio Ptolomeu, e essa separação culminou no século XVIII com a remoção oficial da astrologia do meio universitário. Os astrólogos afirmam que o movimento e as posições dos corpos celestes podem influenciar diretamente ou representar eventos na Terra e em escala humana. Alguns astrólogos definem a Astrologia como uma linguagem simbólica, uma forma de arte, ou uma forma de vidência, enquanto outros definem como ciência social e humana.

            Quer dizer, nenhum estudo científico realizado até hoje mostrou a eficiência da astrologia para descrever personalidades ou fazer previsões e, por isto, ela é considerada pela comunidade científica uma pseudociência ou superstição, não compatível com o método científico. No paradigma da física moderna, não existe nenhuma forma de interação que poderia ser responsável pela transmissão da suposta influência entre uma pessoa e a posição de planetas e estrelas no céu no momento do nascimento. Além disso, todos os testes feitos até agora, mantendo métodos rigorosos para incluir um grupo de controle e mascaramento adequado entre experimentadores e sujeitos, não resultaram em qualquer efeito além do puro acaso. Por outro lado, alguns testes psicológicos mostram que é possível elaborar descrições de personalidade e previsões suficientemente genéricas para satisfazer a maioria dos membros de um grande público ao mesmo tempo. Este é o efeito reconhecido como o Efeito Forer, melhor dizendo, que em 1948 o psicólogo Bertram R. Forer deu a cada um de seus alunos um “teste de personalidade”.  

Depois, ele disse que cada aluno receberia uma análise única e individual baseada nos resultados dos testes, e que eles deveriam avaliar a precisão da análise em uma escala de 0 (muito ruim) a 5 (muito boa). Na verdade, todos os alunos receberam o mesmo texto: “Você tem uma necessidade de ser querido e admirado por outros, e mesmo assim você faz críticas a si mesmo. Você possui certas fraquezas de personalidade, mas, no geral, consegue compensá-las. Você tem uma capacidade não utilizada que ainda não a tomou em seu favor. Disciplinado e com autocontrole, você tende a se preocupar e ser inseguro por dentro. Às vezes tem dúvidas se tomou a decisão certa ou se fez a coisa certa. Você prefere certas mudanças e variedade, e fica insatisfeito com restrições e limitações. Você tem orgulho por ser um pensador independente, e não aceita as opiniões dos outros sem uma comprovação satisfatória. Mas você descobriu que é melhor não ser tão franco ao falar de si para os outros. Você é extrovertido e sociável, mas há momentos em que você é introvertido e reservado. Algumas de suas aspirações tendem a fugir da realidade. Em média as avaliações receberam nota 4,26, mas depois de receber essas notas Forer revelou que cada aluno tinha recebido o mesmo texto, com frases de diversos horóscopos. Como pode ser observado no texto, algumas frases se aplicam igualmente a qualquer pessoa.

A eternidade não será, nem foi, mas ela é hegeliana. A duração é também diferente da eternidade nisto, que ela é apenas um relativo suprassumir do tempo; mas a eternidade é duração infinita, isto é, não relativa, porém em si refletida. O que não está no tempo é o sem-processo; o péssimo e o mais perfeito não estão no tempo, mas duram. O péssimo, o da pior qualidade, porque ele é uma universalidade abstrata, assim espaço, assim tempo mesmo, o Sol, os elementos concretos, rochas, montanhas, a natureza inorgânica em geral, também obras dos homens, pirâmides; sua duração não é vantagem. O duradouro é mais altamente cotado do que o breve transitório; mas toda florescência, toda bela vitalidade tem morte cedo. Mas também o mais perfeito dura, não só o universal sem-vida, inorgânico, mas também o outro universal, o concreto em si, o gênero, a lei, a ideia, o espírito. Pois devemos decidir se algo tem como representação o processo total ou apenas um momento de apropriação do processo. O universal como lei é processo em sim mesmo e somente como processo; mas não é parte do processo, nem está no processo, mas contêm seus dois lados e é ele próprio sem-processo. Pelo fenômeno a lei entra no tempo enquanto os momentos do conceito têm a aparência da independência; mas as diferenças portam-se como reconciliadas e retomadas à paz.

A noção de desenvolvimento passa a ser central depois dessa concepção e, para o bem ou para o mal até os dias de hoje. Mesmo a ideia de progresso, que implicava que o depois pudesse ser explicado em função do antes, encalhou, de certo modo nos recifes do século XX, ao sair das esperanças ou das ilusões que acompanharam a travessia do mar aberto pelo fabuloso séc. XIX. Esse questionamento refere-se a várias ocorrências distintas entre si que não atestam um progresso moral da humanidade, e sim, uma dúvida sobre a história como portadora de sentido, dúvida renovada, essencialmente no que se refere ao seu método, objeto e fundamentalmente nas grandes dificuldades não só em fazer do tempo um princípio de inteligibilidade, como ainda em inserir aí um princípio de identidade. A história, essencialmente, isto é, compreensão da série de acontecimentos reconhecidos como acontecimentos por muitos. Acontecimentos que podemos pensar que importarão sempre aos olhos dos “historiadores de amanhã”. E por mais consciente tal problematização, de nada pode nesse caso vincular a algumas circunstâncias. Algumas imagens, como se fosse menos verdadeiro, dizem que os homens fazem a história, mas não sabem, talvez sob condições sociais determinadas.

Desde Friedrich Hegel sabemos que a diferença dos sexos passou a fundamentar a diferença de gêneros masculino e feminino que, de fato, historicamente a antecedera. O sexo autonomizou-se e ganhou o estatuto de fato social originário. Revolucionários, burgueses, filósofos, moralistas, socialistas, sufragistas e feministas, todos estavam de acordo em especificar as qualidades morais, intelectuais e sociais dos humanos, partindo-se da diferença de gênero entre homens e mulheres. A ideia, ou o espírito está “acima do tempo”, tal é o próprio conceito do tempo; é eterno, em e para si, não é rompível no tempo porque ele não perde o lado reconhecendo um lado do processo. No indivíduo, como tal, é de outro modo, neste sentido que está de um lado o gênero; a vida mais bela é a que une perfeitamente o universal e sua individualidade em uma figura: Gestalt. Mas também então o indivíduo está separado do universal, e assim é um lado do processo, a alterabilidade; após este momento mortal ele cai no tempo. É neste sentido que a interpretação hegeliana compreende que “o [que é] medíocre dura e, afinal, governa o mundo; mas também pensamentos tem esta mediocridade, com eles a doutrina o mundo existente, apaga a vitalidade espiritual, transforma-o em hábito, e assim dura. A duração consiste em que ela permanece na falsidade, não consegue seu direito, não dá a sua honra ao conceito, não se representa como processo a verdade”.

A busca das mulheres por igualdade e independência moral, especialmente forte na Inglaterra, representou o desafio mais efetivo à oposição social dos homens. Esse desafio incluía uma crítica efetiva da sexualidade masculina, centrada no duplo padrão de comportamento moral que se esperava de homens e mulheres. Com a saída das mulheres do espaço privado para o público, como decorrente das duas guerras mundiais, da industrialização e do movimento feminista que ora tentava se firmar, o resultado foi uma verdadeira avalanche de pesquisas, discussões e redefinições de papéis sociais cujo gênero foi tomado como ponto de partida para a discussão, e herdeiro dos genders studies. Na medida em que o movimento feminista propunha uma rediscussão acerca dos novos papéis sociais estabelecidos pela norma sexual e moral burguesa, tanto para homens quanto para mulheres, e na medida em que esta discussão passou a ser tomada sob o ponto de vista feminino, passou-se a ficar mais delimitada e fortalecida a representação da mulher enquanto ser social. Inaugurava-se, portanto os estudos sobre gênero, onde os estudos sobre homens representou um impulso diretamente decorrido do avanço dado pelas mulheres na conquista de cidadania e de direitos civis, na ordem pública e privada, na ordem moral e sexual, e que passaram a propor, nova forma de ver o homem, distinto daquele ordenamento em que os vitorianos duramente apregoavam.

 Um bom exemplo desse tempo social está na origem etimológica da família letrada Brontë que pode ser delineada até ao clã irlandês Ó Pronntaigh, que se traduz literalmente para filho de Pronntach, de tradição de escribas e homens da literatura em Fermanagh, o que é relacionado com a palavra bronnadh. O pai das irmãs, Patrick Brontë, nascido Brunty, decidiu mudar o seu sobrenome. Não se sabe ao certo o motivo para fazê-lo existindo várias teorias a respeito. Ele pode tê-lo feito para esconder as suas origens humildes. Como homem de letras, ele estaria familiarizado com o grego clássico e é possível que se tenha baseado na palavra grega βροντή (“trovão”) para escolher o seu nome. Um ponto de vista, apresentado pelo biógrafo Clement King Shorter (1857-1926), em 1896, é que ele adaptou o seu nome para se associar com o Almirante Horátio Nelson, também Duque de Brontë. É difícil separar a carreira de Shorter como autor e crítico de seu passatempo como colecionador de manuscritos, livros e outros materiais relacionados com seus escritores preferidos. Era um ávido colecionador, em especial sobre os trabalhos das irmãs Brontë. Essa coleção e investigação levou aos seus mais reconhecidos trabalhos, incluindo dois livros sobre Charlotte e família. Prova dramática desta influência é a imitação do Duque de Wellington na forma como se vestia.

Os Brontës foram uma família literária do século XIX associada à aldeia de Thorton, localizada no West Riding of Yorkshire, Inglaterra. As irmãs, Charlotte (1816-1855), Emily (1818-1848) e Anne (1820-1849) são escritoras e poetisas bem conhecidas do público no processo de massificação da literatura. À semelhança sobre o preconceito de muitas escritoras de seu tempo, inicialmente elas publicaram os seus poemas e romances sob os pseudônimos masculinos: Currer, Ellis e Acton Bell. Seus livros tiveram bastante sucesso assim que foram publicados. Jane Eyre, de Charlotte foi o primeiro romance a ser publicado, seguido de Wuthering Heights, de Emily e The Tenant of Wildfell Hall, de Anne. As três irmãs e o irmão Branwell eram próximos e na infância desenvolveram suas imaginações férteis através das histórias que ouviam da empregada e da criação de reconhecidos “mundos imaginários” que desenvolveram através do domínio literário na escrita. O que em certo sentido remete-nos ao termo utopia que vem do grego e tem como significado οὐ (“não”) e τόπος (“lugar”), ou seja, “não lugar”. A palavra foi criada por Sir Thomas More, em 1516, no livro Utopia. A obra descreve uma sociedade fictícia numa ilha do Oceano Atlântico. A Utopia representava um lugar com um sistema político, social e jurídico perfeitos. Todo o conceito de Utopia tornou-se um termo usado tanto na literatura, como na política internacional para descrever um ideal de vida perfeito, mas pouco realista, impossível de ser atingido. Pois Charlotte ocupava o seu “tempo livre” com realismo em seu imaginário” de Angria, que tinha criado de forma familial, através de correspondência fática com seu irmão.

Bibliografia Geral Consultada.

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