“Face à realidade, o que julgamos saber claramente, ofusca o que deveríamos saber”. Gaston Bachelard
A
experiência e o reconhecimento socialmente reproduzidos e acumulados pelas
gerações precedentes são reapropriados pelos sujeitos através das relações
sociais que lhes fornecem as mediações complexas das ações humanas. A
identidade de gênero pode ser compreendida dentro deste dinamismo como uma das
particularidades da identidade do sujeito. No limite, a imaginação é reduzida
pelos autores contemporâneos àquela concepção de sensação de uma imagem
remanescente ou repetida e consecutiva do imaginário individual (o sonho) e o imaginário coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos). Desvalorizado para explicar
“conexões imaginativas”, capaz de estimular a criatividade no âmbito da teoria
social, sem perder a conexão de sentido com o imaginário individual e coletivo,
que pode cometer o erro de reduzir a imaginação a um puzzle de
significados de um ponto de vista distorcido da realidade. Para adquirir esta
forma de visão é necessário analisar onde vivemos, de uma maneira externa
procurando diminuir a sua influência na análise uma vez que consigo é carregado
de valores culturais obtidos na vida (cf. Santos, 2012). É olhar de uma maneira diferente daquela que estamos habituados ao modo de interpretar na vida cotidiana.
Tetrabiblos, também chamado de Apotelesmatiká ou Quadripartitum, é um texto que aborda a filosofia e a prática da astrologia, escrito no século II por Cláudio Ptolomeu. O tratado matemático Almagesto funcionou como um texto fidedigno sobre astronomia por mais de mil anos e, o Tetrabiblos, seu volume complementar, foi igualmente influente na astrologia, tendo estudado os efeitos os ciclos astronômicos da Terra. No entanto, enquanto o Almagesto como trabalho fidedigno astronômico foi substituído pela aceitação do modelo heliocêntrico do Sistema Solar, o Tetrabiblos continua sendo um importante ensaio teórico para a astrologia. Apesar de delinear as técnicas de prática astrológica, a defesa filosófica de Ptolomeu acerca do assunto como estudo natural e benéfico ajudou a garantir a tolerância ideológica em relação à astrologia na Europa Ocidental durante a Idade Medieval. Isso, portanto, permitiu que os ensinamentos ptolomaicos sobre astrologia fossem incluídos nas universidades durante o Renascimento, o que trouxe impacto associado à medicina e à literatura. A importância histórica do Tetrabiblos é atestada por muitas das análises antigas, medievais e renascentistas que publicaram sobre o assunto. O livro foi copiado, comentado, parafraseado, condensado e traduzido para diversas línguas. A mais recente edição crítica da Grécia, postulada por Wolfgang Hübner (1931-2017), foi publicada pelo sociólogo e jurista alemão Gunther Teubner em 1998.
Deste
ponto de vista, não estamos longe de admitir que o lugar de análise em que o
raciocínio sociológico constrói suas pressuposições é diferente do espaço
lógico do raciocínio experimental. O espírito, dizia Friedrich Hegel (1770-1831), não pode
conhecer-se diretamente. É preciso que negue previamente, de certo modo, que
saia de si e se torne “estranho a si mesmo”, exteriorizando-se e produzindo
sucessivamente todas as formas do real – quadros do pensamento, natureza,
história; e depois que reverta à origem, alcançando assim o conhecimento
verdadeiro, a filosofia do espírito absoluto. Afastando-se de si,
exteriorizando-se, para voltar depois a si mesma, a Ideia triunfa do que a
limitava, afirmando-se na negação das suas negações sucessivas. Hegel
definiu o princípio da realidade como uma Ideia lógica, fazendo do ser das
coisas um ser puramente lógico e chegando assim a um panlogismo
consequente que apresenta ainda, um elemento dinâmico-irracional, existente no domínio do que é próprio ao método dialético. O idealismo apresenta-se, para sermos
breves, em duas formas principais: como idealismo subjetivo ou psicológico e
como idealismo objetivo e lógico. Estas subjetividades movimentam-se no âmbito de uma visão fundamental.
Essa diferença da essência e o exemplo, entre a imediatez e a mediação, quem faz não somos nós apenas, mas a encontramos na própria certeza sensível; e deve ser tomada na forma em que nela se encontra, e não como nós acabamos de determina-la. Na certeza sensível, um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou como a essência: o objeto na sua humanidade. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, mas por meio do Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto faz que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido - enquanto o saber não é, se o objeto não souber que pode ser, assim da singularidade de apreensão do objeto. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, na démarche da consciência, mas por meio de Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto que seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido - enquanto o saber não é, se o objeto não é. O objeto, portanto, deve ser examinado, para vermos se é de fato, na certeza sensível mesma, aquela essência que ela lhe atribui; e se esse seu conceito - de ser uma essência - corresponde ao modo imediato como se encontra na certeza sensível.
Quer dizer, não temos de refletir sobre o objeto, nem indagar o que possa ser em verdade; mas apenas através da ideia de formação em “considerá-lo como a certeza sensível o tem nela”. O tempo, como a unidade negativa do ser-fora-de-si, é igualmente um, sem mais nem menos, abstrato, ideal. O tempo é como o espaço uma pura forma de sensibilidade ou do intuir, é o sensível, mas, assim como a este espaço, também ao tempo não diz respeito a diferença de objetividade e de uma consciência subjetiva contra ela. Quando se aplicam estas determinações de espaço e tempo, então seria aquele a objetividade abstrata, do tempo, porém a subjetividade abstrata. O tempo é o mesmo princípio que o Eu=Eu da autoconsciência pura; mas é o mesmo princípio ou o simples conceito ainda em sua total exterioridade e abstração – como o mero vir-a-ser intuído, o puro ser-em-si como simplesmente um vir-fora-de-si. O tempo é contínuo como o espaço, pois ele é a negatividade abstrata e nela ainda não há nenhuma diferença real.
No tempo, diz-se, tudo surge e tudo passa e perece, se se abstrai de tudo, do recheio do tempo e do recheio do espaço, fica de resto o tempo vazio comparativamente como o espaço vazio – isto é, são então postas e representadas estas abstrações de exterioridade, como se elas fossem existentes por si. Mas não é o que no tempo surja e pereça tudo, porém o próprio tempo é este vir-a-ser, surgir e perecer, o abstrair essente. O real de análise é bem diverso do tempo, mas também essencialmente idêntico a ele. O real é limitado, e o outro para esta negação está fora dele, a determinidade é assim nele exterior a si, e daí a contradição de seu ser; a abstração opera nessa exterioridade de sua contradição e a inquietação da mesma é o próprio tempo. O finito é transitório e temporário, porque ele não é, como ocorre na representação do conceito nele mesmo, a negatividade total, mas em si, como sua essência universal, entretanto, diferentemente da mesma essência, é unilateral, e se relaciona à mesma essência como à sua potência. Mas tais conceitos na sua identidade conseguem livremente existente para si, Eu=Eu, é “em si” e “para si” a absoluta negatividade e liberdade. Por isso o tempo não é potência dele, nem ele está no tempo nem é algo temporal. Mas ele é muito mais a potência do tempo, como sendo este apenas esta negatividade como exterioridade. Só o natural, é, enquanto é finito, sujeito ao tempo; na constituição da ideia, o espírito que é eterno.
A
intuição trabalhada, tal como a entendera Gaston Bachelard, significa
assumir com essa ideia a existência de dois polos necessariamente presentes no
universo cultural humano. O polo da objetividade e polo da subjetividade,
todavia, entrelaçados e mediados nos duros e doces caminhos da constituição da
mediação científica assim como dos demais caminhos existentes, esta ideia cara
à concepção de ciência nestes tempos. O pensamento de Bachelard se faz
contemporâneo na atualidade potente de sua reflexão. Felizmente fora da
dinâmica consensual entre pesquisadores, pois é conhecido por sua filosofia não
cartesiana, não bergsoniana, não aristotélica e não kantiana, visto que sua
obra excede a epistemologia e a estética e comunicação com diferentes áreas de
saber. Representou o novo espírito científico que, ao refletir sobre episteme,
o conhecimento, problematiza o erro em sua positividade e a importância real da
retificação. Seu novo racionalismo aberto e dinâmico, histórico e factual,
inova a concepção de imaginação social, porque explora os devaneios e
desconfia das metáforas progressivas. A formação das expectativas não leva em
consideração os fatores comparativos previstos na sociedade como muito
incertos. Embora, em determinadas situações, fatos muito incertos possam se
tornar decisivos, tornando-se um guia razoável para as decisões correntes e os eventos
a que se atribui um grau elevado de confiança. Foi um “filósofo da solidão
feliz” que a procura de instantes poéticos nos desestabiliza nas incertezas do
mundo contemporâneo objetivo.
A intuição como forma de
representação do conhecimento consiste na capacidade de conhecer algo sem de
fato ainda entender seu funcionamento. Está fundamentada na noção inicial que
temos sobre algo, noção esta que nasce da experiência sensorial e/ou de uma
análise superficial das características que compõe determinado elemento.
Tomando como base esta noção inicial, conseguimos entender de forma pouco
esclarecida do que se trata determinado elemento e já nos dispomos a emitir
juízos acerca do mesmo. Todas estas concepções do homem, que se expressam de
diversas formas, nasceram a partir da análise que seus sentidos o
proporcionaram fazer. Mas há algo a mais nisto. Não bastariam ele olhar para a
pedra e sentir seu peso para concluir estas coisas. Teria o homem que
pensar por associação, por comparação. Entre habilidades ou competências importa destacar a relação contígua entre o ser capaz de pensar e
o ser capaz de aprender. Teria o homem que se basear em outras experiências.
Têm-se
nas reflexões anteriores, um exemplo desta forma básica de entender o mundo que
nos cerca. O pensamento por associação. O conhecimento que se constrói através
de memórias de experiências passadas e logo comparações com experiências
presentes. O raciocínio intuitivo da forma como foi apresentado, revela-nos uma
superficialidade na forma de compreender o mundo. Retomando ao exemplo do
homem: o mesmo não saberia explicar o porquê de nenhuma de suas conclusões,
visto que ele se baseou somente em suas antigas experiências. Os fatos usados
para formar a conclusão, não são compreendidos pelo homem, ele apenas sabe que
são tal como são e aceita isso como natural. Além dessas substâncias e de
outras, que estão em menor quantidade, o ar, por exemplo, também apresenta
gotículas de água, poeira, e sobretudo partículas de vírus, bactérias e outro
micro-organismos. Não entende ele, no plano abstrato da teoria “como” e nem o
“por que” daqueles fatos sociais do dia a dia se apresentarem daquela maneira.
Tudo que ele sabe, foi captado pelos sentidos, guardado em sua memória.
Utilizado em seu dia-a-dia para entender o mundo que lhe é anterior e
está ao seu redor.
De origem humilde, o filósofo Gaston Bachelard (1884-1962), em sua poética do espaço trabalhou enquanto estudava. Pretendia formar-se engenheiro até que a 1ª grande guerra (1914-18) eclodiu e impossibilitou-lhe, felizmente, a conclusão deste projeto. Em 1903, após o término do curso secundário, ingressou na administração dos Correios trabalhando sessenta horas semanais. Nos momentos de lazer estudava, vindo a licenciar-se em 1912, aos 28 anos em Ciências Matemáticas. No ano seguinte, a administração dos correios lhe concede uma bolsa de estudos, a fim de que se preparasse para o concurso de engenheiro de telégrafo no Liceu Saint-Louis. Com a eclosão a 1ª grande guerra (1914-1918), sua carreira foi interrompida, sendo obrigado a desistir de seu intento. Em 8 de julho de 1914 casou-se, e em 1920 sua esposa faleceu, deixando com ele a pequena Suzane. De 1917 a 1930 foi professor no magistério secundário em Bar-Sur-Aube, dedicando-se ao ensino das ciências – Física e Química – e posteriormente de Filosofia, na qual se licenciou em 1920 e tornou-se logo Mestre em 1922. Doutorou-se em Letras com menção honrosa na Sorbonne, com a apresentação da tese: “Ensaio sobre o conhecimento aproximado”, em 1927, publicada um ano depois. Nesse ensaio, encontram-se as bases de uma nova epistemologia.
O nome Sorbonne alude ao teólogo do século XIII Roberto de Sorbon, fundador do Colégio de Sorbonne em 1257, que à época era dedicado ao ensino de teologia. Na língua corrente, o nome Sorbonne passou a identificar toda a Universidade de Paris. O colégio foi fundado em 1253 por Robert de Sorbon (1201-1274). Luís IX da França confirmou a fundação em 1257. Foi uma das primeiras faculdades significativas da Universidade medieval de Paris. A biblioteca foi uma das primeiras a organizar os itens em ordem alfabética de acordo com o título. A universidade antecede a faculdade em cerca de um século, e faculdades menores já haviam sido fundadas durante o final do século XII. Durante o século XVI, a Sorbonne envolveu-se com a luta intelectual entre católicos e protestantes. Curiosamente a Universidade serviu como um importante reduto das atitudes conservadoras católicas e, como tal, conduziu uma luta contra a política do rei Francisco I de “tolerância relativa” aos protestantes franceses, exceto por um breve período em 1533, quando a Universidade foi posta sob controle protestante.
A Universidade Sorbonne em conjunto com a Igreja Católica, condenou 500 obras impressas como heréticas entre 1544 e 1556. O Collège de Sorbonne foi suprimido durante a Revolução Francesa, reaberto por Napoleão em 1808 e finalmente fechado em 1882. Este foi apenas um dos muitos colégios da Universidade de Paris que existiram até a Revolução Francesa. Hastings Rashdall, em As Universidades da Europa na Idade Média (1895), que ainda é uma referência padrão extraordinária sobre o assunto, lista cerca de 70 faculdades da universidade apenas da Idade Média; alguns deles tiveram vida curta e desapareceram antes do final do período medieval, mas outros foram fundados no início do período moderno, como ocorre com o Collège des Quatre-Nations, é um antigo colégio da Universidade de Paris localizado no Quai de Conti e atualmente abriga a sede do Institut de France. Com o tempo, passou a ser a principal instituição francesa representante de estudos teológicos e “Sorbonne” foi frequentemente usada como sinônimo da Faculdade de Teologia de Paris, apesar de ser apenas uma das muitas faculdades da universidade.
No panorama filosófico do século XX, a obra de Bachelard é uma reflexão referencial sobre a ciência e os saberes objetivos em que se revela outra direção fundamental do seu pensamento – a poética. A psicanálise vem em auxílio de uma ideia implícita na obra de Bachelard: “o homem é um ser que se percebe na sua relação de habitação e familiaridade inquietante com as coisas do mundo”. Essa é a condição do ser que vive num mundo constituído por saberes e verdades que ele próprio inventa. A poesia e a ciência é uma forma de compreender a relação do homem com o seu saber. O nascimento de tal categoria decorre do desdobramento de questões relativas ao tempo incluídas em obras anteriores como: “L´intuition de l`instant” (1932), e “La Dialectique de la Durée”, (1936), nas quais Bachelard desenvolve as teses da instantaneidade e da descontinuidade temporais. Neste sentido da durée bergsoniana, Bachelard contrapõe à noção de “descontinuidade temporal”. O tempo e a instantaneidade correspondem, para ele a questão problemática presente no livro: “L´intuition de l`instant”, a saber, que o tempo é uma realidade fechada sobre o instante e interrompida entre dois nadas.
O
tempo poderá renascer, mas é necessário primeiramente que ele morra. Ele não
poderá transportar o seu ser de um instante para outro instante para daí fazer
uma duração. Os registros mais antigos sugerem que a astrologia surgiu no
terceiro milênio a.C. Ela teve um importante papel na formação das culturas, e
sua influência é encontrada na astronomia antiga, nos Vedas, e em várias
disciplinas através da história. De fato, historicamente até a Idade Moderna, astrologia e
astronomia eram indistinguíveis. A astronomia começou a divergir gradualmente
da astrologia desde o tempo de formação de Cláudio Ptolomeu, e essa separação
culminou no século XVIII com a remoção oficial da astrologia do meio
universitário. Os astrólogos afirmam que o movimento e as posições dos corpos
celestes podem influenciar diretamente ou representar eventos na Terra e em
escala humana. Alguns astrólogos definem a Astrologia como uma linguagem
simbólica, uma forma de arte, ou uma forma de vidência, enquanto outros definem
como ciência social e humana.
Quer dizer, nenhum estudo científico realizado até hoje mostrou a eficiência da astrologia para descrever personalidades ou fazer previsões e, por isto, ela é considerada pela comunidade científica uma pseudociência ou superstição, não compatível com o método científico. No paradigma da física moderna, não existe nenhuma forma de interação que poderia ser responsável pela transmissão da suposta influência entre uma pessoa e a posição de planetas e estrelas no céu no momento do nascimento. Além disso, todos os testes feitos até agora, mantendo métodos rigorosos para incluir um grupo de controle e mascaramento adequado entre experimentadores e sujeitos, não resultaram em qualquer efeito além do puro acaso. Por outro lado, alguns testes psicológicos mostram que é possível elaborar descrições de personalidade e previsões suficientemente genéricas para satisfazer a maioria dos membros de um grande público ao mesmo tempo. Este é o efeito reconhecido como o Efeito Forer, melhor dizendo, que em 1948 o psicólogo Bertram R. Forer deu a cada um de seus alunos um “teste de personalidade”.
Depois,
ele disse que cada aluno receberia uma análise única e individual baseada nos
resultados dos testes, e que eles deveriam avaliar a precisão da análise em uma
escala de 0 (muito ruim) a 5 (muito boa). Na verdade, todos os alunos receberam
o mesmo texto: “Você tem uma necessidade de ser querido e admirado por outros,
e mesmo assim você faz críticas a si mesmo. Você possui certas fraquezas de
personalidade, mas, no geral, consegue compensá-las. Você tem uma capacidade
não utilizada que ainda não a tomou em seu favor. Disciplinado e com
autocontrole, você tende a se preocupar e ser inseguro por dentro. Às vezes tem
dúvidas se tomou a decisão certa ou se fez a coisa certa. Você prefere certas
mudanças e variedade, e fica insatisfeito com restrições e limitações. Você tem
orgulho por ser um pensador independente, e não aceita as opiniões dos outros
sem uma comprovação satisfatória. Mas você descobriu que é melhor não ser tão
franco ao falar de si para os outros. Você é extrovertido e sociável, mas há momentos
em que você é introvertido e reservado. Algumas de suas aspirações tendem a
fugir da realidade. Em média as avaliações receberam nota 4,26, mas depois de
receber essas notas Forer revelou que cada aluno tinha recebido o mesmo texto,
com frases de diversos horóscopos. Como pode ser observado no texto, algumas
frases se aplicam igualmente a qualquer pessoa.
A
eternidade não será, nem foi, mas ela é hegeliana. A duração é também diferente
da eternidade nisto, que ela é apenas um relativo suprassumir do tempo; mas a
eternidade é duração infinita, isto é, não relativa, porém em si refletida. O
que não está no tempo é o sem-processo; o péssimo e o mais perfeito não estão
no tempo, mas duram. O péssimo, o da pior qualidade, porque ele é uma
universalidade abstrata, assim espaço, assim tempo mesmo, o Sol, os elementos
concretos, rochas, montanhas, a natureza inorgânica em geral, também obras dos
homens, pirâmides; sua duração não é vantagem. O duradouro é mais altamente
cotado do que o breve transitório; mas toda florescência, toda bela vitalidade
tem morte cedo. Mas também o mais perfeito dura, não só o universal sem-vida,
inorgânico, mas também o outro universal, o concreto em si, o gênero, a lei, a
ideia, o espírito. Pois devemos decidir se algo tem como representação o
processo total ou apenas um momento de apropriação do processo. O
universal como lei é processo em sim mesmo e somente como processo; mas não é
parte do processo, nem está no processo, mas contêm seus dois lados e é ele
próprio sem-processo. Pelo fenômeno a lei entra no tempo enquanto os momentos
do conceito têm a aparência da independência; mas as diferenças portam-se como reconciliadas e retomadas à paz.
A
noção de desenvolvimento passa a ser central depois dessa concepção e, para o
bem ou para o mal até os dias de hoje. Mesmo a ideia de progresso, que
implicava que o depois pudesse ser explicado em função do antes, encalhou, de
certo modo nos recifes do século XX, ao sair das esperanças ou das ilusões
que acompanharam a travessia do mar aberto pelo fabuloso séc. XIX. Esse
questionamento refere-se a várias ocorrências distintas entre si que não
atestam um progresso moral da humanidade, e sim, uma dúvida sobre a história
como portadora de sentido, dúvida renovada, essencialmente no que
se refere ao seu método, objeto e fundamentalmente nas grandes dificuldades não
só em fazer do tempo um princípio de inteligibilidade, como ainda em inserir aí
um princípio de identidade. A história, essencialmente, isto é, compreensão da
série de acontecimentos reconhecidos como acontecimentos por muitos.
Acontecimentos que podemos pensar que importarão sempre aos olhos dos “historiadores
de amanhã”. E por mais consciente tal problematização, de nada pode nesse caso
vincular a algumas circunstâncias. Algumas imagens, como se fosse menos verdadeiro, dizem que os homens fazem a história, mas não sabem, talvez sob condições sociais determinadas.
Desde Friedrich Hegel sabemos que a diferença dos sexos passou a fundamentar a diferença de gêneros
masculino e feminino que, de fato, historicamente a antecedera. O sexo
autonomizou-se e ganhou o estatuto de fato social originário. Revolucionários,
burgueses, filósofos, moralistas, socialistas, sufragistas e feministas, todos
estavam de acordo em especificar as qualidades morais, intelectuais e sociais
dos humanos, partindo-se da diferença de gênero entre homens e mulheres. A
ideia, ou o espírito está “acima do tempo”, tal é o próprio conceito do tempo;
é eterno, em e para si, não é rompível no tempo porque ele não perde o lado
reconhecendo um lado do processo. No indivíduo, como tal, é de outro modo,
neste sentido que está de um lado o gênero; a vida mais bela é a que une perfeitamente
o universal e sua individualidade em uma figura: Gestalt. Mas também então o
indivíduo está separado do universal, e assim é um lado do processo, a
alterabilidade; após este momento mortal ele cai no tempo. É neste sentido que
a interpretação hegeliana compreende que “o [que é] medíocre dura e, afinal,
governa o mundo; mas também pensamentos tem esta mediocridade, com eles a
doutrina o mundo existente, apaga a vitalidade espiritual, transforma-o em
hábito, e assim dura. A duração consiste em que ela permanece na
falsidade, não consegue seu direito, não dá a sua honra ao conceito, não
se representa como processo a verdade”.
A
busca das mulheres por igualdade e independência moral, especialmente forte na
Inglaterra, representou o desafio mais efetivo à oposição social dos homens.
Esse desafio incluía uma crítica efetiva da sexualidade masculina, centrada no
duplo padrão de comportamento moral que se esperava de homens e
mulheres. Com a saída das mulheres do espaço privado para o público, como
decorrente das duas guerras mundiais, da industrialização e do movimento
feminista que ora tentava se firmar, o resultado foi uma verdadeira avalanche
de pesquisas, discussões e redefinições de papéis sociais cujo gênero foi
tomado como ponto de partida para a discussão, e herdeiro dos genders
studies. Na medida em que o movimento feminista propunha uma rediscussão
acerca dos novos papéis sociais estabelecidos pela norma sexual e moral
burguesa, tanto para homens quanto para mulheres, e na medida em que esta
discussão passou a ser tomada sob o ponto de vista feminino, passou-se a ficar
mais delimitada e fortalecida a representação da mulher enquanto ser social.
Inaugurava-se, portanto os estudos sobre gênero, onde os estudos sobre homens
representou um impulso diretamente decorrido do avanço dado pelas mulheres na
conquista de cidadania e de direitos civis, na ordem pública e privada, na ordem
moral e sexual, e que passaram a propor, nova forma de ver o homem,
distinto daquele ordenamento em que os vitorianos duramente apregoavam.
Um bom exemplo desse tempo social está na
origem etimológica da família letrada Brontë que pode ser delineada até ao clã irlandês
Ó Pronntaigh, que se traduz literalmente para filho de Pronntach, de
tradição de escribas e homens da literatura em Fermanagh, o que é relacionado
com a palavra bronnadh. O pai das irmãs, Patrick Brontë, nascido Brunty,
decidiu mudar o seu sobrenome. Não se sabe ao certo o motivo para fazê-lo
existindo várias teorias a respeito. Ele pode tê-lo feito para esconder as suas
origens humildes. Como homem de letras, ele estaria familiarizado com o grego
clássico e é possível que se tenha baseado na palavra grega βροντή
(“trovão”) para escolher o seu nome. Um ponto de vista, apresentado pelo
biógrafo Clement King Shorter (1857-1926), em 1896, é que ele adaptou o seu
nome para se associar com o Almirante Horátio Nelson, também Duque de Brontë. É
difícil separar a carreira de Shorter como autor e crítico de seu passatempo
como colecionador de manuscritos, livros e outros materiais relacionados com
seus escritores preferidos. Era um ávido colecionador, em especial sobre os
trabalhos das irmãs Brontë. Essa coleção e investigação levou aos seus mais
reconhecidos trabalhos, incluindo dois livros sobre Charlotte e família. Prova
dramática desta influência é a imitação do Duque de Wellington na forma como se
vestia.
Os Brontës foram uma família literária do século XIX associada à aldeia de Thorton, localizada no West Riding of Yorkshire, Inglaterra. As irmãs, Charlotte (1816-1855), Emily (1818-1848) e Anne (1820-1849) são escritoras e poetisas bem conhecidas do público no processo de massificação da literatura. À semelhança sobre o preconceito de muitas escritoras de seu tempo, inicialmente elas publicaram os seus poemas e romances sob os pseudônimos masculinos: Currer, Ellis e Acton Bell. Seus livros tiveram bastante sucesso assim que foram publicados. Jane Eyre, de Charlotte foi o primeiro romance a ser publicado, seguido de Wuthering Heights, de Emily e The Tenant of Wildfell Hall, de Anne. As três irmãs e o irmão Branwell eram próximos e na infância desenvolveram suas imaginações férteis através das histórias que ouviam da empregada e da criação de reconhecidos “mundos imaginários” que desenvolveram através do domínio literário na escrita. O que em certo sentido remete-nos ao termo utopia que vem do grego e tem como significado οὐ (“não”) e τόπος (“lugar”), ou seja, “não lugar”. A palavra foi criada por Sir Thomas More, em 1516, no livro Utopia. A obra descreve uma sociedade fictícia numa ilha do Oceano Atlântico. A Utopia representava um lugar com um sistema político, social e jurídico perfeitos. Todo o conceito de Utopia tornou-se um termo usado tanto na literatura, como na política internacional para descrever um ideal de vida perfeito, mas pouco realista, impossível de ser atingido. Pois Charlotte ocupava o seu “tempo livre” com realismo em seu “imaginário” de Angria, que tinha criado de forma familial, através de correspondência fática com seu irmão.
Bibliografia
Geral Consultada.
LLOYD, Geoffrey Ernest Richard, Le Temps Dans la Pensée Grecque. Paris: Editeur Organisation des Nations Unies, 1972; BOUCHÉ-LECLERCQ, Auguste, L’astrologie grecque. Paris: Scientia Verlag Aalen, 1979; TESTER, Jim, História de la Astrología Occidental. México: Siglo Veintiuno Editores, 1990; AUJAC, Germaine, Claude Ptolémée: Astronome, Astrologue, Géographe: Connaissance et Représentation du Monde Habité. Paris: Comité des Travaux Historiques et Scientifiques, 1993; TAYLOR, Charles, As Fontes do Self: A Construção da Identidade Contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 1997; BACHELARD, Gaston, A Água e os Sonhos. Ensaio sobre a Imaginação da Matéria. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1998; TEISSIER, Elizabeth, A Situação Epistemológica da Astrologia Através da Ambivalência da Fascinação/Rejeição na Sociedade Pós-moderna. Tese de Doutorado. Paris I: Panthéon-Sorbonne, 2001; SOARES, Sandra Maria de Mesquita, Sob o Sinal da Magia. A Velha Senhora sai da Sombras (Significação Social da Relação entre Ciência e Tradições Místico-esotéricas). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2002; CAROLINO, Luís Miguel, Ciência, Astrologia e Sociedade: A Teoria da Influência Celeste em Portugal (1593-1755). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003; COSTA, Maria Elisabeth de Andrade, O Sistema Astrológico como Modelo Narrativo. Tese de Doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005; YARES, Frances Amelia, A Arte da Memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2007; HEGEl, Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007; ORTIZ, Ana Cristina Vidal de Castro, Narrativas do Céu. A Presença da Astrologia nos Meios de Comunicação. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Comunicação na Contemporaneidade. São Paulo: Faculdade Cásper Líbero, 2015; KUSS, Ana Suy Sesarino, Amor, Feminino e Solidão: Um Estudo Psicanalítico sobre Invenções da Existência. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicanálise. Instituto de Psicologia. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2021; MELO, Bruno Dantas Quirino de, Dos Pilares da Criação: As Dimensões Narrativas e Simbólicas na Obra Incal. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Faculdade de Comunicação Social. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2023; entre outros.
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