“A falta de alternativas clarifica maravilhosamente a mente”. Henry Kissinger
Henry Alfred Kissinger nascido Heinz Alfred Kissinger, em Fürth, em 27 de maio de 1923, e falecido em Kent, em 29 de novembro de 2023 foi um político, diplomata e especialista em geopolítica norte-americano que serviu como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América nos governos dos presidentes Richard Nixon (1913-1994), de 1969 até 1974, quando se tornou o primeiro e único Presidente a renunciar do cargo e Gerald Rudolph Ford Jr. (1913-2006). Líder do Partido Republicano na Câmara dos Representantes, de 1965 a 1973, ele mais tarde foi o 40º vice-presidente dos Estados Unidos de 1973 a 1974. Kissinger foi refugiado de uma família judia da Alemanha nazista em 1938, se destacou academicamente, recebendo um diploma de bacharelado, summa cum laude, da Universidade Harvard em 1950, estudando sob William Yandell Elliott (1896-1979). Ele recebeu um Master of Arts e um PhD de Harvard em 1951 e 1954, respectivamente. Por suas ações diplomáticas negociando “um cessar-fogo em Vietnã, Kissinger recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1973 sob circunstâncias controversas”. Um praticante de Realpolitik, desempenhou um papel proeminente na política externa dos Estados Unidos entre 1969 e 1977, sendo pioneiro na política de détente com a União Soviética, orquestrando uma Abertura de relações com a República Popular da China, engajando no que ficou reconhecido como “shuttle Diplomacy” (“Diplomacia de transporte”) no Oriente Médio após a Guerra do Yom Kippur, para os judeus, Guerra do Ramadan para os árabes ou mesmo, Guerra de Outubro. Mas aquele confronto ficou na história como “a guerra que mudou tudo”. Quer dizer, o conflito armado envolvendo israelenses e árabes ocorrido em 1973.
Representava
a disputa pelas terras próximo ao Canal de Suez, entre Israel e Egito. Oriente
Médio é uma região localizada no continente asiático, fazendo fronteira com a
Europa e África. É uma das regiões consideradas como “berço das civilizações”,
pois foi território de civilizações antigas, como a Mesopotâmia, o Egípcio e o
Árabe. O Oriente Médio é delimitado pelos mares Negro, Mediterrâneo, Vermelho,
Arábico, Cáspio e pelo Golfo Pérsico, além do Oceano Índico. No final do século
XX e começo do século XXI, o Oriente Médio ficou marcado por intensos conflitos
envolvendo disputas territoriais, principalmente entre os árabes e os
israelitas. A maioria das pessoas que habitam esta região é árabe, sendo este,
portanto, o idioma mais falado no Oriente Médio. Porém, ainda existem outros
povos com seus respectivos idiomas, como os turcos (que falam o turco), os
judeus (que falam o hebraico) e os persas (que falam farsi), um idioma do
subgrupo das línguas iranianas, que por sua vez pertencente ao ramo indo-iraniano
da grande família indo-europeia. O Oriente Médio tem como representação no
debate historiográfico, uma das regiões importantes, considerada como “berço
das civilizações”, pois foi território de civilizações antigas, a Mesopotâmia,
o Egípcio e o Mundo Árabe, constituído por 22 países e territórios com
uma população de 360 milhões de pessoas abrangendo simultaneamente o Norte de África e a Ásia
Ocidental. Outro destaque no plano social, importante desta região está no
âmbito do sistema religioso, pois o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, ou seja, na esfera religiosa, as doutrinas
mais expressivas do mundo teriam surgido no Oriente Médio.
Aliás, no âmbito religioso, a maioria das pessoas que habitam o Oriente Médio, é muçulmana, que podem estar subdivididas em seitas, como os sunitas, xiitas, drusos, alauitas, etc. No contexto econômico, social e político, o Oriente Médio é reconhecido por ser o maior detentor de petróleo, o “ouro negro”. Aproximadamente 65% de todo petróleo existente no planeta está localizado sob os solos desta famosa região. No sentido pontual é um termo disciplinar que designa um determinado campo do conhecimento. Como campos específicos de saber, as disciplinas se referem aos mais diversos âmbitos de produção social de conhecimento técnico e científico. Tem como representação a produção social através de instâncias ou níveis de análises sobre a realidade social, a constituição de uma linguagem aparentemente comum entre os seus praticantes, a definição e constante redefinição de seus objetos de pensamento, uma singularidade que as diferencia de outros saberes, uma complexidade interna que termina por gerar novas modalidades no interior da disciplina. Enfim, a rede de conexão humana de conhecimentos que constitui determinado campo de saber, com a formação progressiva da chamada “comunidade científica” compartilhada pelos diversos praticantes do campo disciplinar. Há formalmente um método e processo de trabalho, com a fundação e manutenção de revistas científicas especializadas, a ocorrência constante de congressos frequentados pelos usuários praticantes do campo disciplinar, a criação de instituições que representam os profissionais do campo de saber vinculando seu nome, seu cargo, processo de trabalho e pesquisa nas instituições e assim por diante.
Yom Kippur é uma expressão em hebraico que se traduz como “Dia do Perdão”. É o dia mais sagrado do calendário judaico, ocorrendo no décimo dia do mês de Tishrei. Nesse dia, os judeus praticam o jejum, a oração e a reflexão, buscando a expiação de seus pecados e a reconciliação com Deus. Yom Kippur é “um dia de introspecção e perdão, marcado por um período de 25 horas de abstinência completa de comida, bebida, trabalho e outros prazeres terrenos”. A Guerra do Yom Kippur teve suas raízes históricas e políticas em tensões profundamente enraizadas na região do Oriente Médio, resultantes do conflito árabe-israelense, que teve início com a criação do Estado de Israel, em 1948. Várias questões desempenharam papéis significativos nas causas do conflito. Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel havia conquistado territórios que anteriormente estavam sob controle árabe, incluindo a Península do Sinai, que pertencia ao Egito, e as Colinas de Golan, que eram pertencentes da Síria. Essa ocupação sociologicamente criou tensões contínuas relevantes entre Israel, Egito e Síria, países desejavam recuperar essas áreas. Falta de resolução dos conflitos anteriores preconizou que a Guerra dos Seis Dias resultou em uma vitória de Israel, mas não houve resolução para o conflito.
As
Nações Unidas emitiram a Resolução 242, que pediu a retirada de Israel dos
territórios ocupados, mas ela não foi completamente implementada. Isso levou a
uma sensação de injustiça entre os países árabes e alimentou o desejo de
recuperar as terras perdidas. A questão dos refugiados palestinos era uma fonte
constante de tensão. Os países árabes alegavam que Israel era responsável por
criar o problema político dos refugiados palestinos, enquanto Israel via isso
como uma “responsabilidade compartilhada” e não estava disposto a permitir o
retorno dos refugiados para dentro de suas fronteiras. Tanto o Egito quanto a
Síria estavam enfrentando pressões políticas e econômicas internas e externas
para recuperar territórios perdidos. A União Soviética, que tinha interesses
estratégicos no Oriente Médio, estava fornecendo apoio militar e político substancial
a esses países, encorajando condições e possibilidades pela solução militar. Estrategicamente
a escolha da guerra em Yom Kippur no dia mais sagrado do calendário judaico,
foi simbólica. Os líderes árabes acreditavam que pegar Israel de surpresa nesse
dia poderia trazer sucesso militar e ter um impacto psicológico sobre os
israelenses. A Guerra do Yom Kippur teve suas tensões no
Oriente Médio, resultantes do conflito árabe-israelense, que teve início com a
criação do Estado de Israel, em 1948.
Várias
questões desempenharam papéis significativos evidenciado nas causas do conflito
bélico, por exemplo: territórios ocupados: após a Guerra dos Seis Dias,
em 1967, Israel havia conquistado territórios que anteriormente estavam sob
controle árabe, incluindo a Península do Sinai, que pertencia ao Egito, e as
Colinas de Golan, que eram da Síria. Essa ocupação criou tensões contínuas
entre Israel, Egito e Síria, pois esses países desejavam recuperar essas áreas.
Falta de resolução dos conflitos anteriores: a Guerra dos Seis Dias
resultou em uma vitória esmagadora de Israel, mas não houve resolução para o
conflito geopolítico. As Nações Unidas emitiram a Resolução 242, que pediu a
retirada de Israel dos territórios ocupados, mas ela não foi completamente
implementada. Isso levou a uma sensação de injustiça entre os países árabes e
alimentou o desejo de recuperar as terras perdidas. A questão dos refugiados
palestinos era uma fonte constante de tensão. Os países árabes alegavam que
Israel era responsável por criar o problema dos refugiados palestinos, enquanto
Israel via isso como uma responsabilidade compartilhada e não estava disposto a
permitir o retorno dos refugiados para dentro de suas fronteiras. Tanto o Egito
quanto a Síria estavam enfrentando pressões políticas e econômicas internas e
externas para recuperar territórios perdidos.
No
contexto da chamada Guerra Fria a União Soviética, que tinha interesses
estratégicos no Oriente Médio, estava fornecendo apoio militar e político
substancial a esses países, encorajando sua busca por uma solução militar. A
Guerra do Yom Kippur representou uma tentativa concertada por parte do
Egito e da Síria de recuperar territórios perdidos para Israel durante a Guerra
dos Seis Dias em 1967. Os principais objetivos dos dois países árabes eram
os seguintes. Recuperação dos territórios ocupados. Tanto o Egito quanto a
Síria almejavam recuperar os territórios que haviam perdido para Israel em
1967. O Egito buscava a Península do Sinai, enquanto a Síria estava determinada
a retomar as Colinas de Golan. Esses territórios eram de importância estratégica
e simbólica para ambos os países. Pressionar Israel a negociar: os líderes
árabes esperavam que uma vitória militar inicial na Guerra do Yom Kippur
pressionasse Israel a negociar e finalmente chegar a um acordo que levasse à
retirada dos territórios ocupados. A Guerra do Yom Kippur começou no dia
6 de outubro de 1973, quando as forças egípcias e sírias lançaram ataques
surpresa contra Israel. O conflito foi marcado por combates intensos e pesadas
baixas de ambos os lados. O elemento surpresa, a determinação árabe e o apoio
da União Soviética aos países árabes tornaram o início da guerra favorável aos
atacantes.
No
entanto, apesar de ser pego como elemento de surpresa, Israel conseguiu se
reorganizar rapidamente e lançar contra-ataques. As forças israelenses foram
capazes de recuperar terreno e até mesmo cruzar o Canal de Suez, no Egito, e
avançar pelas Colinas de Golan, na Síria. A resposta israelense foi rápida em
termos de estratégia militar. O embate durou cerca de três semanas, e, durante
esse tempo, houve uma escalada de combates em várias frentes. A União Soviética
ameaçou intervir diretamente no conflito, o que elevou ainda mais a tensão
global. Os Estados Unidos da América, liderados pelo secretário de Estado Henry
Kissinger, desempenharam um papel crucial na mediação de um cessar-fogo. Finalmente,
um cessar-fogo foi acordado. A Resolução 338 das Nações Unidas, que pedia um
cessar-fogo imediato e negociações de paz, foi aceita por ambas as partes. A
guerra terminou oficialmente em 25 de outubro de 1973. A Guerra do Yom Kippur
teve várias consequências importantes para a região do Oriente Médio e no
cenário global. Algumas das principais delas incluíram. Mudança nas percepções
de força: a guerra alterou a percepção do poderio militar de Israel. Enquanto a
Guerra dos Seis Dias havia estabelecido Israel como uma força militar
dominante, a Guerra do Yom Kippur demonstrou que Israel não era invulnerável e
podia sofrer derrotas.
A guerra causou devastação em termos de vidas perdidas e danos materiais. Houve um alto número de vítimas em ambos os lados, bem como um custo econômico significativo. Retomada das negociações de paz: a guerra pressionou Israel a considerar a necessidade de negociações de paz com seus vizinhos árabes. Isso levou a uma série de conferências de paz, culminando nos Acordos de Camp David em 1978, que resultaram na devolução da Península do Sinai ao Egito em troca do reconhecimento oficial de Israel. Reforço da política externa dos Estados Unidos desempenharam um papel crucial na mediação do conflito e fortaleceram sua influência na região como resultado. Henry Kissinger, então secretário de Estado dos EUA, desempenhou um papel de destaque na negociação do cessar-fogo e subsequente negociação de paz. A Guerra do Yom Kippur teve implicações significativas na Guerra Fria, uma vez que os Estados Unidos e a União Soviética apoiavam lados opostos no conflito. A ameaça de intervenção direta soviética na guerra preocupou os Estados Unidos e influenciou suas ações na região. O presidente egípcio Anwar Sadat emergiu da guerra como um líder carismático e corajoso no mundo árabe. Seu papel na guerra e sua subsequente busca da paz com Israel foram marcantes e lhe renderam respeito e admiração em círculos internacionais. Embora tenha havido avanços nas negociações de paz após a Guerra do Yom Kippur, o conflito árabe-israelense não foi completamente resolvido. Questões como os refugiados palestinos, a soberania sobre Jerusalém e as fronteiras continuaram a tensão e conflito.
Autores notaram a extrema confusão que reina na demasiado rica terminologia do imaginário: signos, imagens, símbolos, alegorias, emblemas, arquétipos, esquemas (schémas), esquemas (schèmes), ilustrações, representações, diagramas e sinepsias são termos empregados pelos analistas do imaginário social. O esquema é uma generalização dinâmica e afetiva da imagem, constitui a factividade e a não-substantividade geral do parcours imaginário. O esquema aparenta-se ao que Jean Piaget, na esteira de Herbert Silberer, chama “símbolo funcional” e ao que Gaston Bachelard na filosofia chama de “símbolo motor”. Faz a junção ente dos gestos inconscientes da sensório-motricidade, entre as dominantes reflexas e as representações. São esses esquemas que na antropologia do imaginário formam o “esqueleto dinâmico”, o esboço funcional da imaginação. A diferença entre os gestos reflexológicos que Gilbert Durand descreve analogamente e os esquemas é que estes últimos já não são apenas abstratos engramas teóricos, mas trajetos encarnados em representações concretas bem mais precisas. Os gestos diferenciados em esquemas vão determinar, em contato com o ambiente natural e social, os grandes arquétipos que Jung os definiu. Os arquétipos constituem as substantificações dos esquemas. Carl Jung vai buscar esta noção em Jakob Burckhardt e faz dela sinônimo de origem primordial, de enagrama, de margem original, de protótipo social.
O pensador evidencia claramente o caráter de trajeto antropológico dos arquétipos quando escreve que a imagem primordial deve incontestavelmente estar em relação com certos processos perceptíveis da natureza que se reproduzem sem cessar e são sempre ativos, mas por outro lado é igualmente indubitável que ela diz respeito também a certas condições inferiores da vida do espírito e da dinâmica da vida em geral. Bem longe de ter a primazia sobre a imagem, a ideia seria tão-somente o comprometimento pragmático do arquétipo imaginário num contexto histórico e epistemológico dado. Neste sentido, o mito representa um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema tende a compor uma narrativa. O mito é já um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em ideias culturais. O mito explicita um esquema ou um grupo de esquemas. Do modo que o arquétipo promovia a ideia, o símbolo o nome, concordamos com Gilbert Durand que o mito promove a doutrina religiosa, o sistema filosófico ou, como bem anteviu Émile Bréhier, a “narrativa histórica e lendária”. Foi este princípio, que o psicólogo Carl Jung sentiu abrangido por seus conceitos de “Arquétipo” e “Inconsciente coletivo”, justamente o que uniu o médico psiquiatra Jung ao físico Wolfgang Pauli, dando início às pesquisas interdisciplinares em física e psicologia. Ocorre que a sincronicidade se manifesta às vezes atemporalmente e/ou em eventos energéticos acausais, e em ambos os casos são violados princípios associados ao paradigma científico vigente.
As leis naturais são verdades estatísticas, absolutamente válidas ante magnitudes macrofísicas, mas não microfísicas. Isto implica um princípio de explicação diferente do causal. Cabe a indagação se em termos muito gerais existem não somente uma possibilidade senão uma realidade de acontecimentos acausais. A acausalidade é esperável quando parece impensável a causalidade. Ante a casualidade só resulta viável a avaliação numérica ou o método estatístico. As agrupações ou séries de casualidades hão de ser consideradas casuais enquanto não se ultrapasse os limites de “observação da probabilidade”. A probabilidade representa sempre um número decimal entre 0 e 1, ou uma porcentagem entre 0% e 100%. Se ultrapassado, implica-se um princípio acausal ou “conexão transversal de sentido” na compreensão do evento. Depois de servir o exército na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), fez o seu doutoramento pela Universidade Harvard em 1954, tornando-se imediatamente instrutor na mesma instituição; depois de alguns anos, obteve o título de professor. Kissinger foi conselheiro de relações exteriores de todos os presidentes dos EUA, de Eisenhower a Gerald Ford, sendo Secretário de Estado dos Estados Unidos, isto é, o cargo equivalente ao de Ministro das Relações Exteriores, no Brasil, e de Ministro dos Negócios Estrangeiros, em Portugal, conselheiro político e confidente de Richard Nixon.
Em 1973, ganhou, com Le Duc Tho, o Prêmio Nobel da Paz, pelo seu papel na obtenção do acordo de cessar-fogo na Guerra do Vietnam. Le Duc Tho recusou o prêmio. Henry Kissinger esteve envolvido em uma intensa atividade diplomática com a República Popular da China, o Vietnã, a União Soviética e a África. É considerado uma figura polêmica e controversa, tendo alguns de seus críticos acusando-o de ter cometido crimes de guerra durante sua longa estadia no governo, como dar luz verde à invasão indonésia de Timor (1975) e aos golpes de Estado no Chile, no Camboja e no Uruguai (1973), sendo que, por diversas vezes, Kissinger usava uma política tortuosa, em que parecia jogar com um “pau de dois bicos”. Entre tais analistas críticos, incluem-se o jornalista Christopher Hitchens autor do livro The Trial of Henry Kissinger e o analista social Daniel Ellsberg no livro Secrets. Apesar de essas alegações dos bastidores da política não terem sido comprovadas perante uma Corte de justiça, considera-se um ato perigoso, para Henry Kissinger, entrar em alguns países da Europa e da América do Sul.
Henry Kissinger foi um dos mentores, ou mesmo o mentor, da chamada Operação Condor, para a América do Sul, além de ter dado apoio ao regime da ditadura militar argentina, tendo o mesmo dito, certa vez ao ministro das relações exteriores argentino que: - “Se há coisas que precisam ser feitas, vocês devem fazê-las rapidamente”, referindo-se à eliminação e à repressão a quem era contra a ditadura, incluindo-se aí, obviamente, métodos como torturas e mortes. O começo do confronto ocorreu em 6 de outubro de 1973, dia em que os judeus celebram o Yom Kippur, o Dia do Perdão e a negociação dos Acordos de Paz de Paris, que encerrou o envolvimento norte-americano na Guerra do Vietnã. Kissinger também se viu associado a políticas controversas como o envolvimento dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Chile em 1973, deu sinal verde para a Junta Militar Argentina em sua Guerra Suja e garantiu apoio norte-americano ao Paquistão durante a Guerra de Independência de Bangladesh apesar do genocídio perpetrado pelos paquistaneses. Depois de deixar o governo, ele formou a Kissinger Associates, uma firma de consultaria geopolítica. Continuou uma figuração controversa e polarizadora na política norte-americana, venerado por alguns como um Secretário de Estado altamente eficaz e condenado por outros por supostamente tolerar ou apoiar crimes de guerra cometidos por nações aliadas durante seu mandato. Uma pesquisa realizada em 2015 por estudiosos de relações internacionais, conduzida pelo College of William & Mary, classificou Kissinger como o secretário de Estado dos Estados Unidos mais eficaz nos cinquenta anos anteriores até 2015. Com a morte do centenário George Pratt Shultz em fevereiro de 2021, foi, até sua morte, o ex-membro do gabinete dos Estados Unidos mais velho vivo e o último membro sobrevivente do Gabinete de Richard Nixon (1913-1994).
Vale lembrar que o conceito de figuração se distingue de muitos outros conceitos teóricos da sociologia por incluir expressamente os seres humanos em sua formação. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira, singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra, portanto por meio do ingresso do singular no mundo simbólico específico de uma figuração já existente na formação de seres humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos socialmente aprendidos. Sem sua proposição, sem, por exemplo, o aprendizado de uma determinada língua especificamente social, os seres humanos não seriam capazes de se orientar no seu mundo nem de se comunicar uns com os outros. Ipso facto, um ser humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da língua e do conhecimento de determinado grupo humano permanece fora de todas as figurações humanas e, portanto, não é propriamente um ser humano. Quer dizer, o crescimento de um jovem em figurações humanas, como processo e experiência, assim como o aprendizado de um determinado esquema de autoregulação na relação com os seres humanos, é conditio sine qua non do desenvolvimento rumo à humanidade. Socialização e individualização de um ser humano, são, portanto, nomes diferentes para um mesmo processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros e é, ao mesmo tempo diferente de todos os outros. O convívio dos seres humanos em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na desintegração, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É isso que o conceito de figuração, exprime cabalmente. Seres humanos singulares convivem uns com os outros em figurações determinadas.
Os
seres humanos singulares se transformam. As figurações que eles formam uns com
os outros também se transformam. Mas as transformações dos seres humanos singulares,
e as transformações das figurações que eles formam uns com os outros, apesar de
inseparáveis e entrelaçadas entre si, são transformações em planos diferentes e
de tipo diferente. Entretanto, um ser humano singular pode ter relativa
autonomia em relação a determinadas figurações, mas em relação às figurações em
geral, quando muito, apenas em casos extremos, por exemplo, o da loucura. Neste aspecto, Foucault, recorda-nos que seria
preciso também renunciar a toda uma tradição que deixa imaginar que só pode haver
saber onde as relações de poder estão suspensas e que o saber só pode se
desenvolver fora de suas injunções, suas exigências e seus interesses. Seria
talvez preciso renunciar a crer que o poder enlouquece e que em compensação a
renúncia ao poder é uma das condições para que se possa se tornar sábio. Temos
que admitir que o poder produz saber e não simplesmente favorecendo-o porque
serve aplicando-o porque é útil; que poder e saber estão diretamente
implicados; que não há relação de poder sem constituição de um campo de saber,
nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder.
Do
ponto de vista teórico e metodológico no âmbito histórico e sociológico duas
questões essenciais nos fazem inferir sobre a importância de Norbert Elias
(1994; 2006) no mundo contemporâneo. Em primeiro lugar a relação da pluralidade
de pessoas com a pessoa singular a que chamamos “indivíduo”, bem como da pessoa
singular com a pluralidade, não é nada clara em nossos dias. Mas é frequente
não nos darmos conta disso, e menos ainda do porquê. Quer dizer, dispomos dos
conhecidos conceitos de “indivíduos” e “sociedade”, o primeiro dos quais se
refere ao ser humano singular como se fora uma entidade existindo em completo
isolamento, enquanto o segundo costuma oscilar entre duas ideias opostas, mas
igualmente enganosas. A sociedade é entendida, do ponto de vista histórico,
teórico e conceitual quer como mera acumulação, coletânea somatória e
desestruturada de muitas pessoas individuais, que como objeto que existe para
além dos indivíduos e não é passível de alguma maior explicação. Neste último
caso, hic et nunc, as palavras de que dispomos na nomenclatura científica, os
conceitos que influenciam decisivamente o pensamento e os atos das pessoas que
crescem na esfera delas, fazem com que o ser humano singular, rotulado
costumeiramente de indivíduo, e a pluralidade das pessoas, concebida como
sociedade, pareçam ser duas entidades ontologicamente diferentes. Mas não o são! Libertar o pensamento da
compulsão de compreender os dois termos formativos para a interpretação
sociológica dessa maneira é um dos objetivos de Norbert Elias, particularmente
debatido no ensaio: A Sociedade dos Indivíduos.
Para
o autor, como de resto na crítica analítica sobre os conceitos e categorias
sociais, só é possível alcançá-lo quando se ultrapassa a mera crítica negativa
à utilização de ambos como opostos e se estabelece um novo modelo da maneira
como, para o bem ou para o mal, os seres humanos individuais ligam-se uns aos
outros numa pluralidade, isto é, numa sociedade. E este aspecto histórico e
social se tornou claro quando o sociólogo trabalhava em seu estudo intitulado O
Processo Civilizador. É que o
processo civilizador se estendia por inúmeras gerações; podia ser rastreado ao
longo do movimento observável, numa determinada direção, do limiar de vergonha
e constrangimento. Isso significava que as pessoas de uma geração posterior
ingressavam no processo civilizador numa fase posterior. Ao crescerem como
indivíduos, tinham de se adaptar a um padrão de vergonha e constrangimento, em
todo o processo social de formação da consciência, posterior ao das pessoas das
gerações precedentes. O repertório completo em termos de padrões sociais de
autorregulação que o indivíduo tem que desenvolver dentro de si, ao crescer e
se transformar num indivíduo único, é específico de cada geração e num sentido
mais amplo, específico de cada sociedade. Para tanto, qualquer que fosse a
direção, a evidência da mudança social deixava claro a que ponto individualmente cada
pessoa era influenciada, sobretudo em seu processo de desenvolvimento, pela posição que ingressava no
fluxo do processo social.
Nesta
obra citada, a saber, A Sociedade dos Indivíduos, as três partes que a
integram foram redigidas em épocas diferentes. A primeira mostra a etapa mais
inicial das reflexões sobre o problema da pessoa singular dentro da pluralidade
de pessoas, conforme anunciado pelo título do livro. A segunda parte é um
exemplo do trabalho posterior sobre essa mesma questão; a terceira é a etapa
mais recente e final desse trabalho contínuo. Reflete, portanto, mudanças na
maneira como a sociedade é compreendida, e até na maneira como as diferentes
pessoas que formam essas sociedades entendem a si mesmas: em suma, a autoimagem
e a composição social – aquilo que Norbert Elias chama habitus dos
indivíduos. Mas, por outro lado, o modo global da abordagem social do problema
também se alterou consideravelmente. O problema tornou-se mais concreto. Os
conceitos utilizados conformam-se mais estreitamente à situação observável
especificamente de cada pessoa dentro da sociedade. Paradoxalmente, isso é
acompanhado por uma elevação do nível de discussão que leva a uma síntese num
plano mais elevado. Isso se expressa no conceito fundamental da balança nós-eu,
o qual indica que a relação da identidade-eu com a identidade-nós, melhor
dizendo, do indivíduo não se estabelece de uma vez por todas, como ocorre
aparentemente na vida cotidiana, mas está sujeita a transformações muito
específicas. Em tribos pequenas e, portanto, relativamente simples, essa
relação social é vista de forma diferente se em analogia observada, nos Estados
industrializados contemporâneos, e diferente, na paz, da que se observa nas
guerras contemporâneas.
Este conceito faz com que se abram à
discussão e à investigação algumas questões da relação social entre indivíduo e
sociedade que permaneceriam inacessíveis se continuássemos a conceber a pessoa,
e, portanto, a nós mesmos, como um eu destituído de um nós. A questão a saber é, que tipo social de
formação é esse, esta “sociedade” que compomos em conjunto, que não foi
pretendida ou planejada por nenhum de nós, nem tampouco por todo nós juntos? A
resposta adequada é: ela só existe porque existe um grande número de pessoas,
só continua a funcionar porque muitas pessoas, isoladamente, querem e fazem
certas coisas, e, no entanto, sua estrutura e suas grandes transformações
históricas independem, claramente, das intenções de qualquer pessoa em
particular. Quer dizer, parte das pessoas aborda as formações sócio-históricas
como se tivessem sido concebidas, planejadamente e criadas, tal como agora se
apresentam ao observador retrospectivo, por diversos indivíduos ou organismos.
Alguns indivíduos dentro desse campo geral, talvez tenham certo nível de
consciência de que esse tipo social de resposta realmente não é satisfatório. É
por mais que distorçam suas ideias de modo a fazê-las corresponderem aos fatos,
o modelo conceitual a que estão presos continua a ser da criação racional e
deliberada por indivíduos. Quando têm à sua frente instituições sociais
específicas, como os parlamentos, a polícia, os bancos, os impostos, seja lá o
que for para explicá-las, as pessoas que criaram
essas instituições.
Ao
lidarem com um gênero literário, buscam o escritor que constituiu o que os
outros seguiram como modelo. Ao depararem com formações em que esse tipo de
explicação é difícil – a linguagem ou o Estado, por exemplo -, ao menos
procedem como se essas formações sociais pudessem ser explicadas da mesma forma
que as outras, aquelas que seriam deliberadamente produzidas por pessoas
isoladas para fins específicos. Podem perguntar, por exemplo, que a finalidade
da linguagem é a comunicação entre as pessoas, ou que a finalidade do estado é
a manutenção da ordem – como se, no curso da história da humanidade, a
linguagem ou a organização de associações específicas de pessoas sob a forma de
Estados tivesse sido deliberadamente criada para esse fim específico de indivíduos
isolados, como resultado de um pensamento racional. E, com bastante frequência, ao serem
confrontados pari passu com fenômenos sociais que obviamente não podem ser
explicados por esse modelo, convencional, como é o caso na história social da
evolução dos estilos artísticos ou do processo civilizador, seu pensamento
estanca. Param de formular perguntas. Entretanto, no campo oposto de produção
de saber se despreza essa maneira de abordar as formações históricas e sociais.
Para seus integrantes, o indivíduo não desempenha papel algum. Seus modelos conceitos são primordialmente
extraídos das ciências naturais; em particular a presença ausente da biologia ou Ciências Biológicas.
Mas
nesse caso, como tantas vezes acontece, os modos científicos de pensamento
misturam-se, fácil e imperceptivelmente, com os modos religiosos e metafísicos,
formando uma perfeita unidade. A
sociedade é concebida, segundo a interpretação de Elias (1994), como uma
entidade orgânica supraindividual que avança inelutavelmente para a morte, historicamente
atravessando etapas de juventude, maturidade e velhice. As ideias de Spengler
constituem bom exemplo dessa maneira de pensar, mas no mundo contemporâneo se encontram
noções análogas, independentemente dele, nos mais diversos matizes e cores. E,
ainda quando não se veem levados, por força das experiências de nossa época, ao
equívoco de conceber uma teoria geral da ascensão e declínio das sociedades
como algo inevitável, ainda quando anteveem um futuro melhor para nossa
sociedade, até os adversários dessa perspectiva spengleriana compartilham – por
estarem dentro desse mesmo campo – limitando uma abordagem que tenta explicar
as formações e processos sócio-históricos pela influência de forças
supraindividuais anônimas.
Vez por outra, muito particularmente em Friedrich Hegel, isso dá margem a uma espécie de panteísmo histórico: um Espírito do Mundo, ou até o próprio Deus, ao que aprece, encarna-se num mundo histórico em movimento, diferente do mundo estático de Spinoza, e serve de explicação para sua ordem, periodicidade e intencionalidade. Ou então esse tipo de pensador ao menos imagina formações sociais específicas, habitadas por um espírito supraindividual comum, como o “espírito” da Grécia antiga ou da França. Enquanto, para os adeptos da convicção oposta, as ações individuais se encontram no centro do interesse e qualquer fenômeno que não seja explicável como algo planejado e criado por indivíduos mais ou menos se perde de vista, aqui, neste segundo campo, são os próprios aspectos que o primeiro julga inabordáveis – os estilos e as formas culturais, ou as formas e instituições econômicas – que recebem maior atenção. E, no primeiro com a formação de um campo de análise, continua obscuro o estabelecimento de uma ligação factível entre os atos e objetivos individuais e essas formações sociais, no segundo não se sabe com maior clareza como vincular as relações sociais entre as forças produtoras dessas formações as metas de indivíduos e atos dos indivíduos, quer possam sejam vistas como anonimamente mecânicas, quer como forças supraindividuais baseadas em modelos panteístas.
Americanismo representa um conjunto de valores patrióticos dos Estados Unidos que visam criar uma
identidade estadunidense coletiva e pode ser definido como “uma articulação do
legítimo lugar da nação no mundo, um conjunto de tradições, uma linguagem
política, e um estilo cultural imbuído de significado político”. De acordo com
a American Légion, uma organização de veteranos dos Estados Unidos, o americanismo
é uma ideologia ou crença na devoção, lealdade ou fidelidade aos Estados Unidos
da América, ou à sua bandeira, tradições, costumes, cultura, símbolos,
instituições ou forma do governo. Nas palavras de Theodore Roosevelt, “o
americanismo é uma questão de espírito, convicção e propósito, não de credo ou
local de nascimento”. Americanismo tem
dois significados diferentes. Pode referir-se às características que definem os
Estados Unidos e pode também significar lealdade aos Estados Unidos e uma
defesa dos ideais políticos estadunidenses. Esses ideais incluem, mas não estão
limitados a autogoverno, igualdade de condições no tribunal, liberdade de
expressão e crença no progresso. Esta
coleção de ideais que forma a ideologia moderna do americanismo tem um apelo
duradouro para pessoas de todo o mundo. Em um ensaio dedicado ao americanismo,
Agnes Repplier enfatizou que, “de todos os países do mundo, nós e apenas nós
temos a necessidade de criar artificialmente o patriotismo que é o direito de
nascimento de outras nações”.
Desde
as alterações demográficas raciais e étnicas da população norte-americana
causadas pela Lei Hart-Celler (1965), o americanismo enquanto “efeitos de
poder” tem se enraizado menos em experiências culturais compartilhadas e mais
em ideais políticos compartilhados. O conceito de americanismo existe desde que
os primeiros colonos europeus se mudaram para a América do Norte, aspirados por
uma visão de um “farol de esperança” para o mundo. John Adams (1735-1826) escreveu que os
novos assentamentos na América foram “a abertura de uma grande cena e projeto
em Providence para a iluminação dos ignorantes, e a emancipação da parte servil
da humanidade em toda a terra”. Essa compreensão do americanismo era um
pensamento comum em todo o Novo Mundo após a Guerra de Independência dos
Estados Unidos com expectativas de que a nação recém-independente se tornaria
mais do que o que Thomas Paine chamou de “um asilo para a humanidade”. Durante
o período pré-guerra de 1830, 1840 e 1850, o americanismo adquiriu um
significado restritivo devido ao “pânico moral nativista” depois que o aumento
da imigração irlandesa e alemã levou ao crescimento do catolicismo americano.
Entretanto,
os anos desde o fim da Guerra de Secessão até o fim da 2ª guerra mundial
trouxeram um novo significado ao termo “americanismo” para milhões de
imigrantes da Europa e da Ásia. Aqueles foram tempos de grande crescimento
econômico e de industrialização, e assim surgiu a cena americana que consiste
na “democracia industrial” e no pensamento populista de que o povo é o governo
na América. Desde então, o sucesso da nação americana trouxe um tremendo poder
à noção de americanismo. De acordo com Wendy Lynn Wall em Inventing the
American Way, o americanismo difundiu uma campanha nacionalista para
contrastar com o comunismo e o fascismo, durante a Guerra Fria. Os benefícios
do americanismo foram promovidos por meio dos ideais em torno de liberdade e democracia.
Algumas organizações abraçaram o americanismo, mas levaram seus ideais bem mais
longe, ou seja, a organização racista Ku Klux Klan acredita que o americanismo inclui
aspectos em torno de raça de pureza do norte-americano branco e do protestantismo norte-americano.
A
história social da escravidão (ou escravatura) nos Estados Unidos da América
inicia-se no século XVII, quando práticas escravistas similares aos utilizados
pelos espanhóis e portugueses em colônias na América Latina, e termina em 1863,
com a Proclamação de Emancipação de Abraham Lincoln, realizada durante a Guerra
Civil Americana. Na origem da guerra tem-se, grosso modo, a escravidão e a
origem de dois modelos econômicos opostos, mas não-antagônicos. O norte em
expansão econômica graças à industrialização, à proteção ao mercado interno e à
mão-de-obra livre e assalariada, e o Sul numa economia baseada na plantação e
no escravismo. Durante a maioria do século XVII e parte do século XVIII,
escravos do sexo masculino eram em maior número que escravas do sexo feminino,
fazendo com que os dois grupos tivessem experiências distintas nas colônias.
Vivendo e trabalhando em uma ampla variedade de circunstâncias e regiões,
homens e mulheres afro-americanos tiveram experiências singulares no processo
de escravidão. A grande hostilidade norte-americana em relação ao ex-escravo e
sua condição de trabalhador livre já pode ser percebida nas leis das colônias e
estados do norte e do sul dos Estados Unidos desde o século XVIII.
Nenhum
estado do Sul, e apenas alguns do Norte, permitia o voto de homens livres no
século XIX. A maioria dos estados do Norte e do Sul proibia liberto(a)s de se
casarem com branco(a)s e dissolvia qualquer tipo de organização negra que
porventura surgisse. Além disso, todos os estados adotaram a regra de um quarto
de sangue se um dos avós fosse negro ou mulato, a pessoa seria mulata, e todos
os mulatos eram tratados da mesma forma que os negros. Homens livres não
podiam testemunhar em processos judiciais envolvendo brancos. Eram punidos por
atacar brancos, e em diversos tipos de crimes eram tratados como escravos e
podiam ser chicoteados. Como os escravos a pena capital pelo estupro de
mulher branca e não o contrário. A partir de 1700 e 1740, um número estimado de
43.000 escravos foi levado para a Virgínia e, à exceção de 4.000, que foram
sequestrados diretamente da África. Pesquisas sugerem que o número de mulheres
e homens transportados neste período foi semelhante, incluindo um elevado
número de filhos. Como a maioria dos escravos provinham da África Ocidental,
suas culturas eram centrais historicamente desde meados ao fim do século XVIII
da escravidão na Virgínia.
Valores
africanos foram predominantes e as culturas das mulheres da África Ocidental
tinham fortes representações. Algumas representações culturais predominantes
formavam os poderosos laços entre mãe e filho e as mulheres na comunidade
feminina. Entre o grupo étnico Ibo da atual Nigéria, em particular, que
incluía entre um terço e metade dos escravos no início do século XVIII, a
autoridade feminina (a omu) “administrava sobre uma ampla variedade de
questões importantes para as mulheres, em particular, e para a comunidade como
um todo”. O descobrimento da primitiva gens do direito materno, como etapa
anterior à gens de direito paterno dos povos ditos civilizados, tem, para a
história primitiva, comparativamente, a mesma importância que a teoria da
evolução de Charles Darwin para a biologia e a teoria da mais-valia, enunciada
por Karl Marx, para a concepção de economia política. O grupo étnico lbo
representava pessoas trazidas para a Chesapeake, que pode se referir a várias
localidades nos Estados Unidos, porém, em geral, os africanos vieram traficados
de uma variada gama de culturas.
Todos
vieram de comunidades onde as mulheres eram fortes, e foram introduzidas
sociedade patriarcal, violentamente racista e exploradora; homens brancos
normalmente caracterizavam todas as mulheres negras como uma erotização sexual,
visando justificar seu abuso sexual e miscigenação. O caráter capitalista da plantation
escravista do Sul, análogo aos estados do Norte, era em certa medida uma
contradição, mas em última instância, de oposição assimétrica no sentido formal
marxista interno ao sistema econômico. Em sua complementaridade uma economia
escravista tende a inibir o desenvolvimento econômico de uma sociedade
capitalista, tal como apontado, neste caso por Max Weber. Além disso, o retorno
dos lucros de volta à produção, no caso de Marx, presente no norte
industrializado, não ocorria da mesma forma nos estados do sul, que tinha uma
acentuada tendência a um consumo intenso, daí o binômio: produção-consumo.
Norte e Sul diferem-se na medida em que o primeiro possui um progresso
econômico qualitativo com o retorno dos lucros à produção, e o Sul, ao dirigir
seus lucros em escravos e terras, possui um progresso econômico quantitativo,
levando em conta a questão no âmbito da economia sobre a produtividade da
mão-de-obra escrava.
Enfim, em meados da década de 1950, estava em voga a crítica conservadora que via na academia a “ausência de Deus”, e, na imprensa, a “falta de cabeça”, ideias que se uniam à defesa da família e do papel das mulheres como donas de casa, por mais politizado que fosse o seu papel social. Tece início uma cruzada moral contra a homossexualidade e a favor de uma imagem recém-concebida da família tradicional. Enquanto isso, o Macarthismo persistia: mesquinho, vulgar e desequilibrado. A ascensão de McCarthy, a loucura das suas teorias da conspiração e a quantidade de seus seguidores impressionavam muitos observadores, que ali viam sintomas de uma doença que atingia o coração da política americana. O cenário deixava George Kennan com uma dúvida: “Me parecia que um sistema político e uma opinião pública que eram tão facilmente desorientados por esse tipo de postura em uma época, não seriam menos vulneráveis a ideias parecidas em outro momento”. O que tornou tantos tão vulneráveis a uma visão de mundo tão absurda assim? A tecnologia que tornou possível dividir os cidadãos por “sexo, estado civil, educação, residência, faixa etária, local de nascimento, emprego, renda e uma dúzia de outras classificações” tornaria possível classificar consumidores.
Mas em 1951, quando Mauchly e Eckert anunciaram o computador tudo isso ainda estava no futuro, e a imprensa não se animou. Em uma matéria de um parágrafo no final da página 25, o New York Times apenas registrou o “gênio matemático de dois metros e meio de altura”, como se não fosse nada além de um golpe, como Elektro, o robô gigante que estreou no momento em que os americanos estavam cada vez mais incomodados com a automação, no mesmo ano em que os leitores tiveram contato com A Nova Classe Média (White Collar), livro do sociólogo Charles Wright Mills que vaticinava o destino dos trabalhadores, cercados por telefones e ditafones , interfones e mimeógrafos, em escritórios com iluminação fluorescente e ar-condicionado em arranha-céus de aço e vidro ou em escritórios suburbanos. Mills dizia que o trabalho de escritório dependente das máquinas havia criado uma classe de trabalhadores alienados, e que o novo escritório, mesmo com todos os seus acessórios, não era melhor do que as antigas fábricas de tijolo e vapor. “Vendo os grandes ambientes dos escritórios, com fileiras de mesa idênticas”, escreveu Mills, “lembramos a descrição que Herman Melville fez de uma fábrica do século XIX: ´Em fileiras de balcões vazios se alinhavam garotas inexpressivas, com pastas vazais em suas mãos vazias, todas dobrando papéis em branco`. Ele descrevia uma fábrica de papel da Nova Inglaterra em 1855; Mills um escritório um século depois.
Nixon conseguiu a nomeação à vice-presidência pelo Partido Republicano, mas, semanas depois, teve que ir à televisão para garanti-la. Após a convenção, a imprensa revelou que Nixon tinha 18 mil dólares, em um caixa dois, como vimos noutro lugar. Os conselheiros de Eisenhower pediram que ele dispensasse Nixon, e pediram a Nixon que deixasse a candidatura. Nixon enfrentando o possível fim de sua carreira política, decidiu apresentar seus argumentos ao público. Ele trabalhou nisso, escrevendo o discurso de sua vida. Em 23 de setembro de 1952, sentado em uma mesa de pinho, com sua esposa observando em uma poltrona de chita, que parecia ser seu próprio refúgio, mas que, na verdade, era um palco construído em um estúdio da NBC em Los Angeles, ele fez uma interpretação notável, emanando dor e vitimização. A cena alcançou a maior audiência de televisão já registrada. Nixon disse que pretendia fazer algo sem precedentes na política americana. Ele forneceria um relatório financeiro completo, uma contabilidade de “tudo o que ganhei, tudo o que gastei e tudo o que devo”. Quase chegando à casa mínima dos centavos, ele listou sua renda modesta, seus empréstimos, e sua riqueza. Ele não tinha ações nem títulos, mas tinha um Oldsmobile de dois anos, hipotecas, dívidas com bancos, e até mesmo uma dívida com seus pais, que ele pagava todos os meses com juros. Sim ele aceitou presentes para um fundo de campanha. Entretanto, Nixon havia conseguido outra coisa, mais importante e duradoura. Desde os tempos de Harding e Hoover, o Partido Republicano era o partido dos empresários, membros de country clubs e acionistas de empresas. O Partido Democrata era o partido do homem simples, desde o self-made man de Andrew Jackson, passando pelo fazendeiro de William Jennings Bryan, até o “homem esquecido” de Roosevelt. Nixon com esse discurso, reverteu esse balanço. Isso foi o que deixou os liberais tão irritados: eles não eram mais o partido do povo. O discurso populista havia se voltado para a direita.
Bibliografia
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