terça-feira, 31 de maio de 2022

Grupo de Tenistas - Wimbledon, Cinema & Reconhecimento Social.

                     Perder no es mi enemigo. El miedo a perder es mi enemigo”. Rafael Nadal (2012)

          Rafael Nadal Parera é um tenista profissional espanhol. É considerado um dos maiores tenistas de todos os tempos, junto à Roger Federer, Rod Laver, Novak Djokovic e Pete Sampras. Foi o primeiro tenista masculino a conquistar 21 Grand Slams e é o atual titular do recorde. Conquistou 102 títulos nível ATP, 91 dos quais foram em simples e 11 em duplas. É o atual 4° colocado do ranking mundial. Primeiro tenista masculino a vencer vinte e um (21) títulos individuais de Grand Slam - treze (13) foram no Aberto da França, dois nos torneios de Wimbledon de 2008 e 2010, quatro no Open dos Estados Unidos da América (EUA)  de 2010, 2013, 2017 e 2019, e dois no Open da Austrália de 2009 e 2022. Ganhou também duas medalhas de ouro olímpicas, a primeira em simples nas Olimpíadas de 2008 em Pequim, a segunda nas duplas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016. Conquistou ainda 38 títulos de torneios ATP World Tour Masters 1000, sendo que 35 desses foram em simples e 3 em duplas. Um dos quatro tenistas a conquistar no mínimo duas vezes cada um dos Grand Slams. Foi o sétimo tenista da história social do torneios a conquistar todos os quatro Grand Slams, e o mais novo na fabulosa Era Open, a realizar tal feito desportivo. Também é o segundo jogador masculino a completar o Golden Slam, ou seja, vencer os quatro Grand Slam e também os Jogos Olímpicos, depois apenas de Andre Agassi. 

        Mas é o único tenista masculino a ter realizado o fato notável de vencer pelo ao menos um dos torneios do Grand Slam em simples durante dez temporadas seguidas (Década Slam), e também o único a vencer, no mesmo ano de 2010, três Grand Slam nas três superfícies atuais. No Grand Slam do Open da França, de 102 partidas que disputou, venceu 100, tendo uma porcentagem de 98% em vitórias no torneio, um recorde até os dias de hoje. Na Era Aberta, é o segundo tenista a conseguir ao menos dois títulos em cada Grand Slam, ao lado de Novak Djokovic, um tenista profissional sérvio. Na final de 2022, consagrou-se campeão frente a Daniil Medvedev, um importante tenista russo, após uma final de mais de cinco horas de duração da partida. Tenis é um esporte de origem inglesa, disputado em quadras geralmente abertas e de superfícies sintéticas, cimento, saibro ou relva. Participam no jogo dois oponentes ou duas duplas de oponentes, podendo ser mistas ou não (homens e mulheres). A quadra é dividida em duas meia-quadras por uma rede, e o objetivo do jogo é rebater uma pequena bola para além da rede (para a meia-quadra adversária) com ajuda de uma raquete. Para marcar um ponto é preciso que a bola toque no solo, mas dentro da quadra adversária incluindo as linhas que demarcam o campo do oponente, fazendo com que o adversário não consiga devolver a bola antes do segundo toque, ou que a devolva para fora dos limites da outra meia-quadra. 

         O desporto assim possui aspectos comuns em oposição de ataque, como rebater bem a bola, dificultando a devolução do adversário, e defesa, o golpe que deve ser executado com muita regularidade e eficiência, golpe que deve ser executado com muita regularidade e eficiência com o bom posicionamento em quadra, antecipação do lance adversário etc. O tênis possui um intricado sistema de pontuação, que subdivide o jogo em games/jogos e sets/partidas. Grosso modo, um game representa um conjunto de pontos (15-30-40-game) e um set é um conjunto de games (1-2-3-4-5-set). Cada game tem um jogador responsável por recolocar a bola em jogo: “fazer o serviço ou sacar”. No tênis de competição, é comum que o jogador que serve fature o game, já que tem a vantagem do ataque e dita o ritmo do jogo. Desta forma, uma das estratégias de jogo é tentar inverter esta vantagem durante a troca de bola, ou durante a defesa fazer com que o adversário, através de erros, perca os games em que está sacando. Ganha o jogo/encontro aquele que atingir número de sets pré-definido, geralmente considerados 2 sets, sendo de 3 sets para os grandes torneios ou temporadas de jogos de tênis masculinos. A palavra função sociologicamente é empregada de duas maneiras distintas. Ora designa um sistema de movimentos vitais, fazendo-se abstração das suas consequências, ora exprime a relação de correspondência entre esses movimentos e algumas necessidades sociais.

Um exemplo limite encontra-se no personagem dramático de Peter Colt, um tenista inglês que vive a ilusão do 11° melhor do ranking, não tem mais possibilidade de classificação suficiente para participar do torneio de Wimbledon. Mas ele é convidado pelos organizadores para a disputa, que será seu último torneio profissional, antes de se aposentar. Na trama durante uma confusão com a distribuição de quartos, em Wimbledon, Peter por engano entra no quarto de Lizzie Bradbury, uma nova estrela do tênis feminino. A visibilidade é uma armadilha, na expressão consagrada de Michel Foucault. E assim surge uma paixão que o levará à disputa pelo título. Trata-se de uma comédia romântica ambientada no universo do tênis profissional. A primeira reação que esta imediata descrição pode provocar no espectador é a de que Wimbledon tem tudo para ser um emocionante filme. Escrito por Adam Brooks, Jennifer Flackett e Mark Levin, Wimbledon traz Paul Bettany como Peter Colt, um tenista britânico cuja melhor colocação no ranking internacional ocorreu quando ele ficou em 11º lugar durante boa parte do ano. Percebendo que já está ficando velho no quadro histórico de pensamento para o jogo profissional de tênis, ele decide se aposentar, mas encetando logo após sua participação no torneio de Wimbledon. Porém, depois de conhecer e se envolver com a polêmica jogadora norte-americana Lizzie Bradbury, Colt ganha nova determinação e passa a se sair bem melhor do que o esperado em seus jogos. A tenista, assessorada por seu técnico-pai-empresário, parece experimentar a perda de concentração nas partidas.

Assumindo os papéis que em outras circunstâncias certamente seriam oferecidos a Hugh Grant e Renée Zellweger, Paul Bettany, Kirsten Dunst, estabelecem uma relação dialética entre seus personagens. Enquanto a atriz consegue interpretar o temperamento  disciplinar, forte e a relativa frieza de Lizzie sem que se torne uma figura antipática, o cineasta Richard Loncraine, investe na insegurança de Peter, que mal consegue acreditar que uma jovem em ascensão como a namorada possa realmente se interessar por um competidor velho, na escala full-time do tenista (cf. Cortela, 2018) com uma carreira medíocre como a dele. E, apesar de falhar ao não incluir mais sequências em que vemos Lizzie jogando, o que em tese seria relevante para que compreendêssemos por que ela é considerada tão brilhante e disponível para as estratégias disciplinares do pai-empresário, o cineasta Richard Loncraine faz um ace em cena cirúrgica ao ilustrar o nervosismo de Paul durante as partidas, quando este esforça-se para manter a concentração. Por outro lado, os personagens secundários jamais se revelam tão interessantes como aqueles ambientados: o irmão de Peter, por exemplo, ocupa um tempo precioso da projeção exatamente para que mereça tal distinção, já que é engraçado, mas sem ser excêntrico o bastante, talvez um ator social mais audacioso. 

Neste ínterim, os pais do protagonista se salvam graças às atuações competentes de Bernard Hill e Eleanor Brom. Jon Favreau transforma o agente de Peter em uma figura caricata e relativamente irritante, destoando da forma centrada com que os demais integrantes do elenco assumem seus papéis. Na realidade, entre os coadjuvantes é Sam Neill, que evita transformar o pai de Lizzie em um mero vilão atípico das cenas desportivas e consegue revelar ao espectador um lado mais justo e humano do técnico-pai-empresário da tenista. O roteiro de Wimbledon demonstra que há um motivo para que a história seja ambientada durante um Grand Slam, além de uma simples tentativa de fazer algo aparentemente diferente: os personagens no filme vivem para o jogo. Através de Peter, conseguimos compreender por que um profissional que se encontra na 99ª ou na 157ª posição do ranking insiste em se manter ativo. É claro que estes atletas poderiam se aposentar sem que o mundo sequer se desse conta. Mas é a esperança de conseguir um destaque em um renomado torneio que os mantém trabalhando. Aliás, outro momento inspirado do longa-metragem é aquele em que os locutores da partida debatem o que pode levar um jogador brilhante a perder para outro tecnicamente inferior: da superstição ao acaso, tudo pode pesar durante uma partida.

            É nesta acepção pragmática do ponto de vista sociológico que entendemos a palavra. Perguntar-se qual é a função da divisão social do trabalho é, portanto, procurar a que necessidade ela corresponde; quando tivermos resolvido essa questão, poderemos ver se essa necessidade é da mesma natureza que aquelas a que correspondem outras regras de conduta cujo caráter moral não é discutido. Deste ponto de vista abstrato, se escolhemos esse termo, é porque qualquer outro seria inexato ou equívoco. Não podemos empregar o de objetivo ou de objeto e falar da divisão do trabalho, porque seria supor que a divisão do trabalho existe tendo em vista os resultados que vamos determinar. Ou de efeitos tampouco poderia satisfazer-nos, porque não desperta nenhuma ideia de correspondência. O que nos importa é saber se ela existe e em que consiste, metodologicamente, pois nada parece à primeira vista tão fácil de determinar como o papel da divisão do trabalho. Em primeiro lugar, de todos os elementos da civilização, a ciência é o único que, em certas condições, apresenta um caráter moral.

De fato, as sociedades tendem cada vez mais a considerar um dever para o indivíduo desenvolver sua inteligência, assimilando as verdades científicas que são estabelecidas. Há, desde já, certo número de conhecimentos a se lançar no grande turbilhão pós-industrial; ninguém é obrigado a ser artista; mas todo o mundo, agora, é obrigado a não ser ignorante. Essa obrigação é, inclusive, sentida com tamanha força que, em certas sociedades, não é apenas sancionada pela opinião pública, mas pela lei. Aliás, não é impossível entrever de onde vem, segundo Durkheim (2015), esse privilégio especial da ciência. Para o fundador da sociologia, a ciência nada mais é que a consciência levada a seu mais alto ponto de clareza. E para que as sociedades possam viver nas condições de existência que lhes são dadas, é necessário que o campo da consciência, tanto individual como social, se estenda e se esclareça. Os meios em que elas vivem se tornam cada vez mais complexos e, per se cada vez mais móveis, para durar é preciso que elas mudem com frequência. Quanto mais obscura uma consciência, mais é refratária à mudança, porque não vê depressa o bastante que é necessário mudar, nem em que sentido; ao contrário, uma consciência esclarecida sabe preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança. Eis porque a inteligência guiada pela ciência adquira uma importância maior no curso da vida social e coletiva.

            Mas a ciência que todo o mundo é assim chamado a possuir não merece ser designada por esse nome. Não é a ciência, é no máximo sua parte comum e mais geral como veremos adiante. De fato, ela se reduz a um pequeno número de conhecimentos indispensáveis, que só são exigidos de todos por estarem ao alcance de todos. A ciência propriamente dita supera infinitamente esse nível vulgar. Ela não compreende apenas, nos que a cultivam, essas faculdades médias que todos os homens em tese possuem, mas disposições especiais. Por conseguinte, não sendo de acesso senão a uma elite, não é obrigatória; é uma coisa útil e bela, mas não é necessária a ponto de a sociedade reclamá-la imperativamente. É vantajoso estar munido dela; nada há de imoral em não a adquirir. É um campo de ação aberto à iniciativa de todos, mas que ninguém é obrigado a entrar. Não se é mais obrigado a um ser sábio do que um artista. A ciência está como a arte e a indústria fora da moral. Se tantas controvérsias se produziram acerca do caráter moral da civilização é porque, com demasiada frequência, os moralistas não têm critério objetivo para distinguir os fatos morais dos fatos que não o são. Por conseguinte, já que nada há na civilização que apresente esse critério de moralidade, ela é moralmente indiferente.  

            Se a divisão do trabalho não tivesse outro papel além de tornar a civilização possível, ela participaria da mesma neutralidade da moral. Por não se ter geralmente atribuído à divisão do trabalho outra função que as teorias propostas para ela são a tal ponto inconsistentes. De fato, supondo-se, segundo a sociologia normativa de Durkheim, que exista uma zona neutra em moral, é impossível que a divisão do trabalho dela faça parte. Se ela não é boa, é ruim; se não é moral, é uma decadência moral. Portanto, se ela não serve para outra coisa, cai-se em insolúveis antinomias, porque as vantagens econômicas que ela apresenta são compensadas por inconvenientes morais, e como é impossível subtrair uma da outra essas duas quantidades heterogêneas e incomparáveis, não se poderia dizer qual das duas leva a melhor sobre a outra, nem, por conseguinte, tomar um partido. Invocar-se-á o primado da moral para condenar radicalmente a divisão do trabalho. Mas não apenas a última ratio é sempre um golpe de Estado científico, como a evidente necessidade da especialização torna tal posição impossível de ser sustentada. 

            Em todos os exemplos examinados entre os povos cultos, a mulher leva uma existência totalmente diferente da do homem. Dir-se-ia que as duas grandes funções da vida psíquica como que se dissociaram, que um dos sexos monopolizou as funções afetivas e o outro as funções intelectuais. Vendo-se, em certas classes, as mulheres se dedicarem à arte e à literatura como os homens poder-se-ia crer, é verdade, que as ocupações dos dois sexos tendem a se tornar homogêneas. Mas, mesmo nessa esfera de ação, a mulher traz sua natureza própria, e seu papel permanece muito especial, bem diferente do papel do homem. Além disso, enquanto a arte e as letras começam a se tornar coisas femininas, o outro sexo parece deixa-las de lado para se dedicar especialmente à ciência. Portanto, poderia muito bem acontecer que essa aparente volta à homogeneidade primitiva nada mais fosse que o começo em sua progênie de uma nova diferenciação.

Por sinal, essas diferenças funcionais no âmbito da divisão social são tornadas materialmente sensíveis pelas diferenças morfológicas que determinaram. Não só a estatura, o peso, as formas gerais são muito dessemelhantes entre o homem e a mulher, mas dentre inúmeros exemplos, o mais notável efeito da divisão do trabalho não é aumentar o rendimento das funções divididas, mas torna-las solidárias. Seu papel, em todos os casos, não é simplesmente embelezar ou melhorar sociedades existentes, mas tornar possíveis sociedades que, sem elas, não existiriam. Façam a divisão do trabalho sexual regredir além de um certo ponto, diz Durkheim, e a sociedade conjugal desaparece, deixando subsistir apenas relações sexuais eminentemente efêmeras; mesmo se os sexos não fossem em nada separados, toda uma forma da vida social sequer teria nascido. É possível que a utilidade econômica da divisão do trabalho tenha algo a ver com esse resultado, mas, em todo caso, ele supera infinitamente a esfera dos interesses puramente econômicos, pois consiste no estabelecimento de uma ordem social e moral sui generis.

                No mundo globalizado do tênis chama-se de saibro ou “terra batida”, um dentre os três principais tipos de superfícies que se utilizam nas quadras, ou mais lento de todos. Este tipo de areia é uma pedra preparada, com mistura de piso e argila preparada para uso de outras substâncias, como o chamado “hard-tru”, uma espécie saibro ou que contém mais particular, utilizado em alguns torneios estadenses, ou o saibro de origem de última data e azul que foi utilizado pela primeira vez no Masters 1000. Vale sobressalto que esse saibro azul foi tingido, e tinha a função de sobressalto a marca da Mutua Madrileña, o banco comercial que é o principal patrocinador do evento. O saibro tradicional tem por característica proporcionar jogos mais lentos e disputados do que em uma quadra de grama ou asfalto e também é uma rocha sedimentar. O torneio de Roland Garros se joga nesse saibro e é o único dos 4 Grand Slams a ser disputado na superfície dos eventos mais importantes do tênis: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open.

            Do ponto de vista técnico metodológico da divisão do trabalho internacional o  ATP Tour é um circuito mundial integrado de tênis masculino de primeira linha organizado pela Association of Tennis Professionals. O segundo nível é o ATP Challenger Tour e o terceiro nível é o ITF Men`s World Tennis Tour. A organização feminina equivalente é o WTA Tour. O ATP Tour compreende ATP Masters 1000, ATP 500 e ATP 250 e a ATP Cup. A ATP também supervisiona o ATP Challenger Tour, um nível abaixo do ATP Tour, e o ATP Champions Tour para seniores. Os torneios Grand Slam, o torneio olímpico de tênis, a Copa Davis e o ITF World Tennis Tour de nível básico não se enquadram na alçada da ATP, mas são supervisionados pela Federação Internacional de Tênis (ITF) e pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para as Olimpíadas. Nesses eventos, no entanto, são atribuídos pontos no ranking ATP, com exceção das Olimpíadas. Jogadores e equipes de duplas com mais pontos no ranking coletados durante o ano civil, jogam no final da temporada ATP Finals, que, de 2000 a 2008, foi realizado em conjunto com a ITF. Os motivos sociais que fazem com que estes sejam os campeonatos mais importantes do circuito mundial incluem: sua duração, posto que são normalmente são os mais longos; sua pontuação para os rankings mundiais, pois são os que valem mais pontos nos rankings ATP e WTA. E o valor das premiações pagas pela competição, que são as mais significativas dentre todos os torneios anuais.

Um dos fatos mais interessantes a respeito dos Grand Slams é que as competições têm diferenças fundamentais entre si, como vimos, a começar pelo tipo de quadra, que varia de acordo com o campeonato. Na prática, isso acaba exigindo diferentes facetas dos atletas, tornando as partidas ainda mais interessantes. As quadras de saibro desaceleram a bola e produzem uma bola alta, quando comparadas a outras superfícies planas. Tenistas que jogam no fundo da quadra levam vantagem, fazendo-se difícil para tenistas de outros estilos dominarem o piso. Pete Sampras, ganhador de 14 Grand Slams, nunca teve oportunidade de ganhar o torneio, chegando ao máximo em semifinal. Muitos tenistas de Slams ganharam o torneio, a saber: John McEnroe, Frank Sedgman, John Newcombe, Venus Williams, Stefan Edberg, Jimmy Connors, Louise Brough, Martina Hingis e Virginia Wade. De outro parte, inúmeros tenistas são bem adaptados ao formato do piso, como ocorrem com as escolas espanholas e sul-americanas, em que temos por exemplo: Rafael Nadal, Björn Borg, Ivan Lendl, Gustavo Kuerten, Mats Wilander, Justine Henin e Chris Evert, que fizeram sucesso no torneio. Na chamada Era aberta, os únicos tenistas que ganharam Roland Garros e Wimbledon até o presente foram: Rod Laver, Jan Kodeš, Björn Borg, Andre Agassi, Rafael Nadal, Roger Federer e Novak Djokovic. No tênis começou em 1968, quando os torneios do Grand Slam, como o Torneio de Wimbledon, abandonaram as regras de amadorismo e permitiram a participação de profissionais.

A Association of Tennis Professionals foi criada em 1972 para defender os interesses em torno dos jogadores masculinos de tênis. Em 1990, a Associação começou a organizar os principais torneios mundiais da modalidade, atualmente reconhecidos como Torneios da ATP. As jogadoras femininas de tênis constituíram a Associação de Tênis Feminino (WTA) no ano seguinte com o mesmo objetivo desportivo. Torneios Satélite de quatro semanas e “Torneios Futuro” de uma semana constituem-se em eventos da Federação Internacional de Tênis (ITF). Apesar de eles representarem um nível inicial de torneios profissionais, seus resultados contam para a Classificação para o acesso de Entrada da ATP. Mas os torneios satélites foram extintos depois da temporada 2006. Jogadores e times de duplas que obtêm mais pontos disputam o Tennis Masters Cup no final da temporada, que se chama ATP World Tour Finals. O circuito ATP inclui o World Team Cup (Copa Mundial de Times), que é disputada no mês de maio em Düsseldorf. 

            O Torneio de Roland Garros de tênis é realizado em Paris. Tem seu nome em homenagem a Roland Garros (1888-1918), francês pioneiro da aviação. Iniciou sua carreira de piloto em 1909, pilotando um Demoiselle, “avião que só voava bem se o piloto fosse pequeno e leve”. Em 1911 Garros tornou-se qualificado para pilotar monoplanos Bleriot e disputou na Europa uma série de corridas aéreas neste tipo de aeronave. Em 9 de Março de 1912, juntamente com Eduardo Pacheco Chaves, cada qual pilotando seu próprio avião, realizou a primeira viagem aérea São Paulo-Santos-São Paulo. Na ocasião o governo do estado oferecia um prêmio de 30 mil réis ao primeiro piloto que conseguisse esta façanha. Antes da partida a aeronave de Roland Garros apresentou defeito. Mesmo sendo seu competidor, Eduardo Pacheco Chaves ajudou-o a repará-la. Retornaram juntos no avião. Em 1913 passou a voar em um Morane-Saulnier, mais aperfeiçoado que o Bleriot. Ficou famoso pela primeira travessia aérea sem escalas do Mediterrâneo em 7h53m, apesar de um motor ter avariado sobre a Córsega. Partiu da cidade de Fréjus (FR). Restavam-lhe cinco litros de combustível quando pousou em Bizerte, na Tunísia.

Com o Australian Open, o Torneio de Wimbledon e o US Open, o torneio de Roland Garros compõe os quatro torneios do Grand Slam de tênis. É disputado em quadra de saibro, em melhor de 5 sets para os homens e 3 sets para as mulheres. Mas para o tenista britânico Andy Murray, ter formatos iguais no masculino e feminino em Majors comprovaria razão para premiações igualitárias no circuito. Em 1968, o torneio foi o primeiro do Grand Slam a ser aberto, permitindo a participação tanto de amadores como de profissionais. O campeonato foi disputado no Stade Français em 1925 e 1927, no Racing club de France em 1926 e no estádio de Roland Garros desde 1928. Antes de 1925, o torneio masculino era reservado aos membros de clubes franceses de tênis, assim como o das damas antes de 1920. Esta superfície, lenta, e a ausência de tie-break no último set podem levar a partidas com duração de várias horas e com escores elevados, como ocorreu entre os franceses Fabrice Santoro e Arnaud Clément, disputada dia 25 de maio de 2004, que durou 6 horas e 22 minutos, com um resultado de 16/14 no 5º set.

Na modalidade simples, o recorde de títulos é de Rafael Nadal, que venceu o torneio treze vezes, em 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017, 2018, 2019 e 2020. É o maior vencedor da competição desde o início do evento, estando à frente de Max Decugis (8 títulos) e Björn Borg (6 títulos). É também recordista de títulos consecutivos, com 5 vitórias entre 2010 e 2014 e a maior série invicta, com 39 vitórias entre 2010 e 2015. A transmissão ocorreu pela Rede Manchete nos anos 1990, pela TV Record nos anos 2000 e posteriormente veio a ser transmitida pelo SporTV, um canal por assinatura brasileiro. Foi lançado nacionalmente em 10 de novembro de 1991 sob o nome de Top Sport, alterado para o atual em 1994. Tem dois canais similares, o SporTV 2 e SporTV 3. É o líder de audiência nos canais esportivos do Brasil, ficando à frente do Fox Sports, da ESPN Brasil e do BandSports. Transmite mais de dois mil eventos por ano de todas as importantes modalidades. 

Sociologicamente todo estado forte de consciência, segundo Durkheim (2015), é um fator essencial de nossa vitalidade geral. Por conseguinte, tudo o que tende a enfraquece-lo nos diminui e nos deprime; resulta daí uma impressão de confusão e de mal-estar análoga à que sentimos quando uma função importante é suspensa ou retardada. É, inevitável, pois, que reajamos energicamente contra a causa que nos ameaça com tal diminuição, que nos esforcemos por afastá-la, a fim de mantermos a integridade de nossa consciência. No primeiro plano de causas que produzem esse resultado, devemos colocar a representação de um estado contrário. Uma representação não é, com efeito uma simples imagem da realidade, uma sombra inerte projetada em nós pelas coisas, mas uma força que ergue a seu redor todo um turbilhão, repetimos, de fenômenos orgânicos e psíquicos. Não somente a corrente nervosa que acompanha a ideação se irradia nos centros corticais em torno do ponto que se originou a passa de um plexo a outro, mas ressoa nos centros motores, onde determina movimentos, nos centros sensoriais, onde desperta imagens, excita por vezes começos de ilusões e pode até afetar as funções vegetativas; esse ressoar é tanto mais considerável quanto mais intensa for a própria representação, quanto mais desenvolvido for o seu elemento emocional. Assim, a representação de um sentimento contrário ao nosso age em nós no mesmo sentido e da mesma maneira que o sentimento que ela substitui; é como ele mesmo tivesse entrado de fato em nossa consciência.

Ela tem, portanto, as mesmas afinidades eletivas, embora menos vivas; ela tende a despertar as mesmas ideias, os mesmos movimentos, as mesmas emoções. Ela opõe, pois, uma resistência, ao jogo de nosso sentimento pessoal, e, por conseguinte, o debilita, atraindo numa direção contrária toda uma parte de nossa energia. É como se uma força estranha se houvesse introduzido em nós, de modo a desconcertar o livre funcionamento de nossa vida psíquica. Eis porque uma convicção oposta à nossas não pode se manifestar em nossa presença sem nos perturbar: é que, ao mesmo tempo, ela penetra em nós e, encontrando-se em antagonismo com tudo o que em nós encontra, determina verdadeiras desordens. Sem dúvida, enquanto o conflito só se manifesta entre ideias abstratas, nada há de muito doloroso, pois nada há de muito profundo. A região dessas ideias é, ao mesmo tempo, a mais elevada e a mais superficial da consciência, e as mudanças que nela sobrevêm, não tendo repercussões extensas, afetam-nos apenas debilmente. No entanto, quando se trata de uma crença que nos é cara, não permitimos a não podemos permitir que seja impunemente ofendida. Toda ofensa rígida contra ela suscita uma reação emocional, mais ou menos violenta, que se volta contra o ofensor. Nos arrebatamos, nos indignamos contra ele, ficamos com raiva e os sentimentos provocados não poderiam se traduzir por atos; fugimos dele, mantemo-lo à distância, banimo-lo de nossa companhia.

Fora de dúvida, não pretendemos que toda convicção forte seja necessariamente intolerante; a observação corrente basta para demonstrar o contrário. Mas isso porque as causas externas neutralizam, então, aquelas cujos efeitos acabamos de analisar un passant. Por exemplo, pode haver entre os adversários uma simpatia geral que contenha seu antagonismo e o atenue. Mas é preciso que essa simpatia seja mais forte do que esse antagonismo, de outro modo não sobrevive a ele. Ou, então, as duas partes em presença renunciam à luta, quando fica claro que esta é incapaz de levar ao que quer que seja, e se contentam com manter suas respectivas situações, toleram-se mutuamente, não podendo entredestruir-se. A tolerância recíproca que por vezes encerra as guerras religiosas costuma ser dessa natureza. Em todos esses casos, se o conflito dos sentimentos não engendra suas consequências naturais, não é porque não as contenha, é porque é impedido de produzi-las. Aliás, elas são úteis ao mesmo tempo que necessárias. No estado de paz, se assim podemos falar, esse sentimento não se encontra suficientemente armado para a luta e poderia, portanto, sucumbir, se reservas passionais não entrassem em ação no momento necessário, a cólera nada mais é do que uma mobilização dessas reservas. Pode até acontecer que, se o socorro assim evocado supera as necessidades, a discussão tenha por efeito fortalecer-nos ainda mais em nossas convicções, longe de nos abalar.   

Se trocarmos a expressão convicção, por outra expressão cara às instituições educacionais e partidos políticos, segundo Mészáros (2004), enquanto “poder da ideologia”, não é ilusão nem superstição religiosa de indivíduos mal-orientados, mas uma forma específica de consciência social, materialmente ancorada e sustentada. Como tal, não pode ser superada nas sociedades de classe. Sua persistência se deve ao fato de ela ser constituída objetivamente (e constantemente reconstituída) como consciência prática inevitável das sociedades de classe, relacionada com a articulação de conjuntos de valores e estratégias rivais que tentam controlar o metabolismo social em todos os seus principais aspectos. Os interesses sociais que se desenvolvem ao longo da história e se entrelaçam conflituosamente manifestam-se, no plano de consciência social, na grande diversidade de discursos ideológicos relativamente autônomos (mas, é claro, de modo algum independentes), que se exercem forte influência sobre os processos materiais mais tangíveis do metabolismo social. Uma vez que as sociedades em questão são elas próprias internamente divididas, as ideologias mais importantes  devem definir suas respetivas posições tanto como “totalizadoras” em suas explicações e, de outro, como alternativas estratégicas umas às outras. As ideologias conflitantes de qualquer período histórico constituem a consciência prática necessária em termos da qual as principais classes da sociedade se inter-relacionam e até se confrontam, de modo mais, ou menos, aberto, articulando sua visão da ordem social correta e apropriada como um todo abrangente. 

O primeiro Grand Slam disputado no ano é o Australian Open, que ocorre no mês de janeiro. Como seu próprio nome sugere, ele é realizado na Austrália, na cidade de Melbourne. Uma das principais características do campeonato é que ele se realiza em quadra dura com uma superfície baseada em acrílico, que deixa o jogo mais rápido. Sua premiação é uma das mais significativas entre todos os Grand Slams, premiando com um total de 4,2 milhões de dólares australiano os vencedores que, além do dinheiro, também recebem 2 mil pontos nos rankings da ATP (masculino) e WTA (feminino). Em seguida, entre os meses de maio e junho, ocorre o Roland Garros, provavelmente o Grand Slam mais reconhecido pelo povo brasileiro. Afinal, foi neste campeonato que o maior tenista da história do Brasil, Gustavo Kuerten, obteve reconhecimento mundial - consagrando-se vencedor em três oportunidades (1997, 2000 e 2001). Seu grande diferencial é a quadra de saibro, que, apesar de ser a mais comum do mundo, não é utilizada em nenhum outro Grand Slam. Ela é reconhecida por provocar quiques mais altos, trocas mais longas e permitir que os atletas deslizem no chão para golpear a bola. Disputado em Paris, o campeonato também conta com uma grande premiação em dinheiro para os campeões, com valor total de 2,2 milhões de euros - além, é claro, dos 2 mil pontos nos rankings.

Ainda que todos os Grand Slams sejam competições de altíssimo nível e prestígio, nenhum deles é tão considerado e respeitado quanto Wimbledon — o torneio mais clássico do esporte. Isso acontece porque ele também é o mais antigo, sendo disputado desde 1877. Outro diferencial também está no tipo de quadra; entre todos os Grand Slams, é o único que é disputado na grama. Ao contrário do saibro de Roland Garros, as quadras de grama do Wimbledon provocam pouco atrito com a bola, ajudando a acelerar a partida. Por ser disputado em Londres, a premiação é em libras esterlinas, totalizando 1,7 milhão. Assim como os outros dois torneios citados anteriormente, o vencedor também ganha 2 mil pontos nos rankings. Por fim, o último torneio do Grand Slam é o US Open, realizado em Nova Iorque entre os meses de agosto e setembro. Assim como acontece no Australian Open, as partidas são disputadas em quadras duras, proporcionando um jogo mais rápido que em outros tipos de quadra. O US Open é um dos torneios de tênis mais antigos do mundo, sendo disputado desde 1881. Sua premiação também é extremamente atrativa, com 3,85 milhões de dólares em prêmios pagos aos vencedores. Seguindo o padrão dos outros Grand Slams, os campeões também ganham 2 mil pontos nos rankings.

A edição de 2022 de Wimbledon não valerá pontos para o ranking mundial de tênis. A decisão foi oficializada pela ATP (Associação de Tenistas Profissionais) e WTA (Associação do Tênis Feminino) pelo fato do Grand Slam britânico não aceitar tenistas russos e bielorrussos aparentemente por conta da guerra na Ucrânia. O início da competição está marcado para o dia 26 de junho. - “A decisão de Wimbledon de proibir jogadores russos e bielorrussos de competir no Reino Unido mina o princípio da não discriminação a integridade do sistema de classificação ATP. Sem uma mudança nas circunstâncias, é com grande pesar e relutância que não vemos outra opção a não ser remover os pontos de Wimbledon para 2022”, disse a ATP em comunicado oficial.

Com a decisão de proibir a participação de atletas de origem russa ou bielorrussa na edição de 2022, Wimbledon não poderá contar com o russo Daniil Medvedev, atual número 2 do mundo, e Aryna Sabalenka, sétima colocada no ranking mundial feminino. Alguns dos melhores tenistas do mundo, como Rafael Nadal e Novak Djokovic, já haviam se posicionado contra a decisão da organização de Wimbledon e declarado apoio aos atletas russos e bielorrussos. Os quatro torneios classificados como Grand Slam no tênis valem dois mil pontos para o ranking da ATP e também da WTA, que são as entidades responsáveis pela organização e classificação do ranqueamento dos tenistas no mundo. Contudo, Wimbledon possuí uma organização independente, que é realizada pela All England Lawn Tennis Club (AELTC). Foi a responsável por organizar o torneio britânico que politicamente decidiu banir os atletas russos e bielorrussos. Não é uma medida definitiva, pois no comunicado oficial a decisão de tirar a pontuação de Wimbledon pode ser revista caso o Grand Slam interprete a questão dos atletas barrados.

Bibliografia geral consultada.

GIDDENS, Anthony, As Consequências da Modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991; KAY, Tess, “Sporting Excellence: A Family Affair?”. In: European Physical Education Review, vol. 6, nº 2, pp. 151-169, 2000; LE GOFF, Jacques, História e Memória. 5ª edição. Campinas: Universidade de Campinas, 2003, pp. 419-476; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. 4ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010; COSTA E FONSECA, Ana Carolina da, Uma Leitura Nietzscheana da Questão da Responsabilidade Moral. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010; MELLO, Selma Ferraz Motta, Comunicação e Organização na Sociedade em Rede. Novas Tensões, Mediações e Paradigmas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. Escola de Comunicação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010; NADAL, Rafael, Rafael Nadal com John Carlin. Tradução de Marcello Lino. Rio de Janeiro: Editor Sextante, 2012; CORTELA, Caio Corrêa, Desenvolvimento Profissional de Treinadores de Tênis: Um Olhar sobre as Situações e Contextos de Aprendizagem. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2018; MIRANDA, João Marcelo de Queiroz, Efeito de Nove Semanas de Treinamento de Força Periodizado Linear e Ondulatório no Rendimento Esportivo de Tenistas Adolescentes. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu, 2018; JIMÉNEZ, Adolfo Emmanuel Nandayapa, Construção de Catálogo de Meios para Registrar e Analisar as Cargas de Treinamento em Tenistas de Elite Através do Modelo de Planejamento, Registro e Análise de Carga de Treinamento (Practe). Dissertação de Mestrado. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2020; Artigo: “Tênis: ATP e WTA oficializam que Wimbledon 2022 não valerá pontos para o ranking mundial”. Disponível em: https://www.espn.com.br/tenis/artigo/20/05/2022; entre outros.

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