“Há o jeito
certo, o jeito errado e o jeito do Exército”. Simon Alexander West
Um aspecto importante e decisivo na concepção metodológica de compreensão, na modernidade, sobretudo do ponto de vista comunicativo, obteve seu refinamento preciso na interpretação de Jürgen Habermas (2012; 2015). Em primeiro lugar, o conceito de “racionalidade comunicativa” é analisado segundo o fio condutor de um entendimento linguístico. O conceito de entendimento remete a um comum acordo almejado pelos participantes e racionalmente motivado, que se mede segundo pretensões de validade criticáveis. Elas giram per se em torno da “verdade proposicional”, “correção normativa” e “veracidade subjetiva”, que caracterizam diferentes categorias de um saber que se corporifica simbolicamente em exteriorizações. Elas podem ser analisadas, por um lado, sob o aspecto da possibilidade de fundamentar exteriorizações como essas; por outro, sob o aspecto de como os atores se relacionam, por meios delas, com alguma coisa no mundo. O conceito de racionalidade comunicativa remete a diversas formas de resgate discursivo das pretensões de validade e, também a referências de mundo aceito pelas pessoas que agem comunicativamente, à medida que manifestam pretensões de validade para suas exteriorizações.
A questão da descentração da compreensão do mundo revelou-se como dimensão importante da formação da compreensão do mundo. Da perspectiva da teoria da ação, é só de maneira insatisfatória que as atividades do espírito humano podem ser restritas à confrontação cognitivo-instrumental com a natureza exterior; ações sociais orientam-se por valores culturais. Estes últimos, porém, não contam com um referencial de verdade. Assim, coloca-se a seguinte alternativa: ou negamos aos componentes não cognitivos da tradição cultural o status assumido pelas entidades do “terceiro mundo” graças à alojação delas em uma esfera de nexos de validade, ou então nivelamos esses mesmos componentes de maneira empirista, como formas enunciativas do espírito subjetivo; ou procuramos equivalentes para o referencial de verdade que está ausente. Esta segunda via é escolhida na sociologia do poder de Max Weber. Ele distingue diversas esferas culturais de valor dentre elas: ciência e técnica, direito e moral, bem como arte e crítica. E também as esferas de valor não cognitivas constituem esferas de validade.
Noções
jurídicas e morais podem ser criticadas e analisadas sob o ponto de vista da
correção normativa; obras de arte, sob o ponto de vista da autenticidade (ou
beleza). Melhor dizendo, pode-se trabalha-las como campos autônomos de
problemas. Isto é, Weber entende a tradição cultural no todo como uma
provisão de saber, a partir da qual se podem formar esferas especiais de valor
e sistemas especiais de saber, sob pretensões de validade distintas. Por isso
ele atribuiria ao terceiro mundo tanto os componentes culturais avaliativos e
expressivos quanto os cognitivo-instrumentais. Quando se escolhe essa
alternativa, é preciso esclarecer o que podem significar “validade” e “saber”
em face dos componentes não cognitivos da cultura. Estes últimos, diversamente
de teorias e enunciados, não podem ser ordenados a entidades do primeiro mundo.
Valores culturais não cumprem uma função representativa. A profusão de
conceitos de ação empregados em teorias das ciências sociais, muitas vezes de
maneira implícita, pode-se atribuir essencialmente a quatro conceitos básicos,
que podem ser distinguidos por via analítica.
Desde Aristóteles, o conceito de agir
teleológico está no centro da teoria filosófica da ação. O ator realiza um propósito ou ocasiona o
início de um estado almejado, à medida que escolhe em dada situação meios
auspiciosos, para então empregá-los de modo adequado. O conceito central é o da
decisão entre diversas alternativas, voltadas à realização de um
propósito, derivada de máximas e apoiada de uma interpretação da situação. O
modelo teleológico do agir é ampliado a modelo estratégico quando pelo
menos um ator que atua orientado a determinados fins revela-se capaz de
integrar ao cálculo de êxito a expectativa de decisões. Esse modelo de ação é
frequentemente interpretado de maneira utilitarista; aí se supõe que ao ator
escolhe e calcula os meios e fins segundo aspectos da maximização do proveito
ou das expectativas de proveito. Esse modelo de ação, em economia, sociologia e
psicologia social, está subjacente às abordagens vinculadas à decisão ou à teoria
lúdica. Por isso o conceito de agir regulado por normas não se refere ao comportamento
de um ator, em princípio solitário, que encontra outros atores no entorno, mas
a membros de um grupo social, que orientam seu agir segundo valores em comum. O
ator individual segue uma norma (ou colide com ela), tão logo as condições se
apresentem em uma dada situação na qual se possa empregá-las.
As normas expressam o comum acordo subsistente. Todos os membros de um grupo em que vale determinada norma
podem esperar uns dos outros que cada um execute ou omita as ações preceituadas
de acordo com determinadas situações. O conceito central de cumprimento da
norma significa a satisfação de expectativa de comportamento generalizada.
A expectativa de comportamento não em sentido cognitivo da expectativa de acontecimento
prognosticado, mas o sentido normativo de que o partícipe goze do direito à
expectativa de comportamento. Esse modelo normativo da ação subjaz à teoria
dos papéis. O conceito do agir dramatúrgico não se refere primeiramente
ao ator solitário, nem ao membro do grupo social, mas aos participantes da interação que constituem uns para os outros um público a cujos olhos eles
se apresentam. O ator suscita em seu público uma determinada imagem, uma
impressão de si mesmo, ao desvelar sua subjetividade em maior ou menor medida.
Todo aquele que age pode controlar o acesso público à esfera de suas próprias
intenções, pensamentos, posicionamentos, desejos, sentimentos etc., à qual somente
ele tem acesso privilegiado. Os participantes fazem uso dessa
circunstância e monitoram a interação por meio da regulação recíproca à subjetividade própria.
O conceito, ou teoria do agir comunicativo, por fim, refere-se à interação de pelo menos dois sujeitos capazes de falar e agir que estabeleçam uma relação interpessoal, seja com meios verbais ou extraverbais. Os atores buscam um entendimento sobre a situação da ação para, de maneira concordante, coordenar seus planos de ação e, com isso, suas próprias ações. O conceito central de interpretação refere-se em primeira linha à negociação de definições situacionais possíveis de consenso. Nesse modelo de ação a linguagem assume uma posição proeminente. Para a formação de teorias no campo das ciências sociais, o conceito de agir regulado por normas alcançou, na prática, uma importância paradigmática por meio das regras do método de Émile Durkheim e Talcott Parsons; o conceito de agir dramatúrgico de Erving Goffman; e o de agir comunicativo por meio de George Mead e, mais tarde de Harold Garfinkel. À primeira vista, apenas o conceito teleológico de ação parece colocar à disposição um aspecto da racionalidade da ação; o agir concebido como atividade propositada pode ser considerado sob o aspecto da racionalidade teleológica. Eis um ponto de vista sob o qual as ações podem ser “planejadas ou cumpridas” de maneira mais ou menos racional, ou julgadas de maneira mais ou menos racional por uma terceira pessoa. Nos casos elementares da atividade propositada, pode-se representar o plano de ação sob a forma de um raciocínio prático.
A mesma problemática da
racionalidade com que nos deparamos na investigação dos conceitos de ação revela-se noutro viés quando procuramos responder à questão
sobre o que significa entender as ações sociais. Para Habermas (2012) os
conceitos fundamentais do agir social e a metodologia da compreensão das ações mantêm um nexo entre si. Diferentes modelos de ação pressupõem, cada
qual, relações diversas do ator com o mundo; e essas referências de mundo são
constitutivas não apenas de aspectos da racionalidade do agir, mas também da
racionalidade própria à interpretação dessas ações por um intérprete, por
exemplo, advindo das ciências sociais, pois com uma concepção formal de mundo o
ator vê-se imerso em suposições de traços comuns que, a partir da perspectiva
do ator, apontam para além do círculo dos imediatamente envolvidos e
reivindicam validade para um intérprete proveniente de fora. Esse nexo pode ser
esclarecido a partir do caso do agir teleológico. O conceito de mundo objetivo
pressuposto com esse modelo de ação tem de valer da mesma maneira para o próprio
ator e para qualquer intérprete de suas ações. Eis por que Weber pode constituir
para o agir teleológico o tipo ideal do agir racional-finalista, e, para
a interpretação de ações racional-teleológicas, o parâmetro de uma “racionalidade
objetiva da correção”.
Para denominar o agir orientado por
um fim, Max Weber usa a expressão “subjetivamente racional-teleológica”; nesse
caso, segundo suas palavras, o agir “está exclusivamente orientado por meios considerados
(subjetivamente) adequados a fins assumidos de maneira (subjetivamente) unívoca”.
Pode-se descrever a orientação da ação segundo o esquema de raciocínios
práticos proposto por G. H. von Wright. Um intérprete por ir além dessa
orientação subjetivamente racional-teleológica da ação e comparar o
decurso factual da ação com o caso de um respectivo decurso da ação objetivamente
racional-teleológica, construído de maneira artificial. O intérprete pode construir
esse caso típico ideal sem incorrer em arbitrariedade, porque quem age
refere-se de maneira subjetivamente racional-teleológica a um mundo que, por
razões categoriais, é idêntico para o ator e para o observador, ou seja, é
acessível de uma maneira por via cognitivo-instrumental. Basta ao intérprete constatar
“de que modo o agir teria decorrido mediante o conhecimento de todas as
circunstâncias e de todas as intenções dos envolvidos e mediante uma escolha
rigorosamente racional-teleológica dos meios, orientada segundo a experiência
que parecesse válida para nós”. Queremos dizer com isso que quanto mais univocamente
uma ação corresponder ao decurso objetivamente racional-finalista, tanto menos
serão necessárias reflexões psicológicas adicionais para explica-la.
Para que uma ação possa ser
interpretada como mais racional-finalista ou menos racional-finalista, é
preciso haver padrões de julgamento que o ator e seu intérprete aceitem em
igual medida como válidos, ou seja, como parâmetros de um julgamento objetivo
ou imparcial. À medida que o intérprete propõe uma interpretação racional,
segundo Weber, ele mesmo assume posição em face da pretensão com que as ações
racional-teleológicas vêm a público; ele mesmo abandona o posicionamento de uma
terceira pessoa em favor do posicionamento de uma terceira pessoa em favor do
posicionamento de alguém envolvido, que testa uma pretensão de validade
problemática e, conforme o caso, critica-a. Interpretações racionais são feitas
sob um posicionamento performativo porque o intérprete pressupõe uma base de
avaliação compartilhada por todas as partes. No caso de ações reguladas por
normas, o ator refere-se a alguma coisa no mundo social à medida que estabelece
uma relação interpessoal. O ator que age de maneira subjetivamente “correta” de
correção normativa é o mesmo que acredita com sinceridade estar seguindo uma
norma de ação válida; e para que ele aja de maneira objetivamente correta é
preciso que essa norma seja considerada válida no círculo dos destinatários.
Ele desafia o intérprete a testar não apenas a conformidade factual de
uma ação às normas, ou a validade fática de uma norma, mas a própria correção
dessa norma.
Nas ciências sociais, segundo Habermas
(2012: 202), os procedimentos de interpretação racional contam com uma
reputação questionável, apenas crítica. A crítica ao platonismo modelar vinculado
às ciências econômicas demonstra que alguns intérpretes contestam o teor empírico e a fertilidade
elucidativa dos modelos racionais de decisão; restrições às abordagens
cognitivistas da ética filosófica e reparos à crítica da ideologia formada na
tradição hegeliano-marxista revelam que outros, por sua vez, duvidam da
possibilidade de uma fundamentação prático-moral de normas de ação e da
compensação entre interesses particulares e interesses passíveis de generalização;
e a difundida crítica à cientificidade da psicanálise revela que muitos já
consideram problemática a concepção do inconsciente e o conceito do
significado duplo e potencialmente manifesto, que se considera próprio às
exteriorizações de vivências. São restrições que se baseiam em assunções
fundamentais empiristas questionáveis. Ações comunicativas sempre exigem uma interpretação
que seja racional desde o início. No agir comunicativo o ponto de
partida da interação torna-se dependente de que os envolvidos tenham sido
capazes de acordo sobre um julgamento intersubjetivamente válido de suas referências
ao mundo.
Segundo esse modelo de ação, uma interação só pode lograr êxito à medida em que os envolvidos cheguem a um consenso uns com os outros; e esse consenso, por sua vez, depende de posicionamentos do tipo sim/não em face de preensões potencialmente baseadas em razões. A tarefa de descrever os nexos do agir comunicativo não consiste simplesmente em explanação o mais precisa possível do sentido das exteriorizações simbólicas que compõem a sequência observada? Certamente precisamos distinguir entre as realizações interpretativas de um observador que tenha a intenção de entender o sentido de uma exteriorização simbólica, de um lado, e as realizações interpretativas dos participantes da interação, de outro, os quais coordenam suas ações por meio do mecanismo de entendimento. Diversamente dos que têm envolvimento direto, o intérprete não está empenhado em chegar a uma interpretação passível de consenso, para que possa conciliar seus planos de ação com os dos outros atores. Mas talvez as realizações interpretativas de observador e participante se distingam somente em sua função e não em sua estrutura. Ações comunicativas não podem ser interpretadas de outro modo senão de um modo racional. A sociologia tem de procurar um acesso compreensivo a seu campo objetal porque encontra nele processos de entendimento pelos quais e nos quais o campo objetal já se havia constituído de antemão, antes de qualquer intervenção teorética.
O campo de objetos das ciências
sociais abrange tudo a que se a descrição “parte constituinte de sua vida”. O que
significa essa expressão pode ser aclarado intuitivamente por meios de remissões
aos objetos simbólicos que criamos ao falar e agir: a começar por exteriorizações
imediatas, como atos da fala, atividades voltadas a um fim, cooperações,
passando por sedimentos dessas exteriorizações, como textos, transmissões
orais, documentos, obras de arte, teorias, objetos da cultura material, bens,
técnicas, etc., até construtos criados por via indireta, aptos a organizar-se,
que se estabilizam por si mesmos tais como instituições, sistemas sociais e
estruturas de personalidades. Falar e agir são conceitos
fundamentais inexplicados, aos quais recorremos quando queremos aclarar, mesmo
de maneira provisória, o pertencer a um mundo da vida sociocultural, o ser-parte
de um mundo como esse. O problema do “compreender” nas ciências humanas e
sociais ganhou importância metodológica sobretudo porque o cientista não
consegue acesso à realidade simbolicamente pré-estruturada somente por meio da observação,
e porque a compreensão de sentido não se deixa controlar metodicamente da mesma
maneira que a observação em experimentos científicos. O cientista social não
tem acesso diverso ao mundo a vida do que tem o leigo em ciência sociais. De
certa maneira, ele já tem de fazer parte do mundo da via cujas partes
constituintes pretende descrever e explicar.
Os crimes de ódio, também chamados de “crimes motivados pelo preconceito”, são crimes cometidos quando o criminoso seleciona intencionalmente a sua vítima em função de esta pertencer a um certo grupo social. Os crimes de ódio moldaram e influenciaram a História. Seu retrospecto remonta à perseguição dos cristãos pelos romanos, à “solução final” do obscuro Adolf Hitler contra os judeus, mas houve uma concordância geral entre os colaboradores de que Hitler (2012) é provavelmente um psicopata neurótico que beira a esquizofrenia, que o leva à limpeza étnica na Bósnia e ao genocídio em Ruanda. Nos Estados Unidos da América, os exemplos incluem violência e intimidação contra os americanos nativos, o linchamento de negros e o incêndio de cruzes pela Ku Klux Klan, agressões a homossexuais, e a pintura de suásticas em frente a sinagogas. As razões comuns são o ódio contra a vítima em razão da raça, religião, orientação sexual, deficiência física ou mental, etnia ou nacionalidade. Outras razões podem incluir, a idade da vítima, seu sexo (gênero) ou identidade de gênero. Estes crimes passam mensagens ameaçadoras aos demais integrantes do grupo social sobre o risco que estão correndo. A literatura em geral, destaca que os crimes de ódio são formas violentas de relacionamento com as diferenças sociais e culturais e se sustentam numa densa trama de discriminação social, rejeição e desprezo, apesar de realizada por intermédio dos indivíduos ou grupos sociais.
Mas para descrevê-las, tem de ser capaz de entende-las; para entende-las, tem de ser em princípio capaz de participar de sua geração; e participação pressupõe ser-parte. A realidade pré-estruturada de maneira simbólica forma um universo que, em face do vislumbre de um observador inapto à comunicação, teria de ficar hermeticamente cerrada, incompreendida mesmo. O mundo da vida abre-se somente a um sujeito que faz uso de sua competência para a linguagem ou para a ação. O aceso se cria por meio da participação (ao menos virtual) do sujeito nas comunicações envolvidas, de modo que ele mesmo se torne um envolvido (ao menos potencial). O cientista social, diante disso, tem de fazer uso de uma competência e de um saber dos quais ele dispõe intuitivamente como leigo. O processo de compreender, de maneira inexplicada, mantém uma relação de retroalimentação como um processo de criação. A problemática do compreender, com isso, pode ser resumida à breve questão: como conciliar a objetividade do compreender com o posicionamento performativo de quem participa de um processo de entendimento? Só entendemos um ato de fala se sabemos o que o torna aceitável. O intérprete observa sob que condições as exteriorizações simbólicas são aceitas como válidas e me que momento a pretensão de validade a elas vinculada é criticada e refutada; e o faz à medida que examina em que momento os planos de ação dos participantes são coordenados por meio do estabelecimento de consensos, e em que momento as ligações entre as ações dos atores se rompem por falta de consenso. O intérprete não pode ter clareza sobre o teor de uma exteriorização, senão considerando os contextos de ação em que os participantes reagem à exteriorização a qual se discute.
A
morte de Michel Foucault sobreveio tão imprevista e brusca que dificilmente se
pode conter o pensamento real: aqui a vida e a doutrina de um filósofo
continuam a testemunhar-se, na incidentalidade e na brutal contingência de seu
falecimento repentino. Mesmo à distância, a morte do homem de 57 anos de idade
é sentida como um incidente em cuja precocidade se faz valer a violência da inexistência
e a impiedade do julgamento temporal – o poder da facticidade, que
transgride, sem sentido e sem triunfo, o significado penosamente costurado de cada
vida humana. Lembra-nos Habermas (2015) que para Foucault, “a
experiência da finitude tornou-se um aguilhão filosófico”. Ele observou o poder
do contingente, que no fim acabava por identificar com o poder em geral,
sobretudo de um ângulo de visão estoico, e não no horizonte da
experiência cristã. E nele o aspecto estoico do observador, que
mantém meticulosamente a distância e se afeta à objetividade, via-se
peculiarmente entretecido com o elemento contraposto da participação apaixonada
e autodestrutiva na atualidade do instante histórico.
Uma estonteante variedade de termos tem sido sugerida para esta transição, alguns dos quais se referem positivamente à emergência de um novo tipo de sistema social, como sabemos designada “sociedade da informação” ou a “sociedade de consumo”, mas como a maioria sugere que, mais que um estado de coisas precedente, está chegando a um encerramento, talvez no cerne da expressão: “pós-modernidade, “pós-modernismo”, “sociedade pós-industrial”, e assim por diante. Alguns dos debates se concentram principalmente sobre transformações institucionais, particularmente as que sugerem que estamos nos deslocando de um sistema baseado na manufatura de bens materiais para outro relacionado mais centralmente com a temática informação. É um debate profícuo, contraditório, instigante, que amplamente envolve questões de filosofia e epistemologia.
Se deixarmos de lado a característica
do autor responsável pela sua popularização, temos em Jean-François Lyotard, a
possibilidade de uma pluralidade de reivindicações heterogêneas de
conhecimento, na qual a ciência não tem um lugar privilegiado. Mas uma resposta-padrão
ao tipo de ideias expressas que procura demonstrar que uma epistemologia coerente
é possível, e que um conhecimento generalizável sobre a vida social e padrões
de desenvolvimento social podem ser alcançados. Ao invés disso, o sociólogo Giddens
(1991) infere que temos que olhar de novo para a natureza da própria
modernidade, a qual por certas razões bem específicas, tem sido
insuficientemente abrangida pelas ciências sociais. Em vez de estarmos entrando
num período de pós-modernidade, estamos alcançando um período em que as consequências
da modernidade estão se tornando mais radicalizadas e universalizadas do
que antes. E, a bem da verdade, descontruir o evolucionismo social significa
aceitar que a história não pode ser vista como unidade, ou sobretudo como refletindo
certos princípios unificadores de organização e transformação. Mas isto não
implica insistência de caos, mas episódios precisos de transição histórica
cujo caráter pode ser identificado por algumas generalizações.
Um fato indiscutível é que
pensadores sociais no fim do século XIX e início do século XX não poderiam ter
previsto a invenção do armamento nuclear. Mas a conexão da organização e
inovação industriais com o poder militar é um processo que remonta às origens
da própria industrialização moderna. Comparativamente é uma indicação da força
da concepção de que a recém-emergente ordem da modernidade seria essencialmente
pacífica, em contraste com o militarismo que havia caracterizado as épocas precedentes.
Não apenas a ameaça de confronto nuclear, mas a realidade do conflito militar,
formam uma parte básica do lado sombrio da modernidade no século atual. Os desastres
ocorridos nesse campo de investigação científica não são naturais. O século XX
é o século da guerra, com um número de conflitos militares sérios envolvendo perdas
substanciais de vidas, consideravelmente mais alto do que em qualquer um dos
séculos precedentes. O mundo que vivemos é um mundo carregado da competição e
da ideologia da guerra calcado na suposição de que a emergência da modernidade
levaria à formação de uma ordem social mais feliz e mais segura. O caráter de
transformação social não deriva essencialmente do capitalismo, mas do impulso
de uma complexa divisão do trabalho.
Em
seu depoimento recursivo à história da modernidade, Jürgen Habermas assegura
que talvez não o tenha compreendido bem. Mas sua tensão em termos de
reconhecimento, foi justamente aquela que escapa às categorias
correntes, entre uma reserva científica quase serena do erudito sério,
empenhado pela objetividade do conhecimento, de um lado, e por outro, e a
vitalidade vulnerável, subjetivamente irritável e moralmente sensível da vida
social. Ele imagina Foucault revolvendo arquivos com a “energia tenaz de um
detetive buscando confirmar pistas”. Quando ele o convidou em março de 1984
para uma conferência interna, a fim de discutir ao ensaio: “Respostas à
questão: O que é o Esclarecimento?”, publicado há 200 anos, Habermas não
sabia nada sobre o tema em seu tempo. Mas naturalmente, compreendeu o convite
como solicitação para uma discussão em que ocorreria um confronto com Hubert
Dreyfus, Richard Rorty e Charles Taylor, a respeito de diversas interpretações
da modernidade – partindo de um texto que inaugura de certa maneira o discurso
filosófico da modernidade. Mas admite que não foi exatamente essa a intenção
que Foucault vinculou à sua proposta; no entanto, logo em seguida foi publicado
um excerto de preleção de Michel Foucault a respeito.
O pragmatismo que em diferentes variantes
apresenta-se como uma forma de filosofia capaz de enfrentar os desafios
próprios de nosso tempo, certamente, pode ser compreendido do ponto de vista de
suas raízes, como sendo devedor, de um lado, ao pragmatismo clássico dos
pensadores norte-americanos Peirce, Dewey, James, Schiller, por outro lado, às
filosofias que emergiram da reviravolta pragmática do Wittgenstein das
“Investigações Filosóficas”. O pragmatismo norte-americano representa a
filosofia mais solidamente enraizada na cultura americana, desenvolveu-se em
torno de uma filosofia do conhecimento, mas, desde o princípio, se afastou de
concepções que tendem a privilegiar a busca de um fundamento no absoluto, ou a
de um modelo da razão, que determina a priori as possibilidades de busca e de
descoberta. Pode-se dizer que o pensamento central da metafísica, é que o
conhecimento humano não se limita ao conhecimento da experiência, mas que é
possível chegar a um conhecimento objetivo do mundo fundamentalmente através
dos conceitos. Fundamento da verdade não é, então, o mundo “material empírico”,
mas o “mundo do pensamento”, que apreende a estrutura inteligível do real de
análise. O espírito humano é compreendido como coextensivo ao mundo em que as
leis da lógica exprimem as leis que estruturam a realidade.
A forma e o movimento da natureza e da história o que, em última instância, desembocou na ideia de que o ser humano é capaz de descobrir como reparar a injustiça da história. Há cerca de duzentos anos, a ideia de que a verdade era produzida, e não descoberta começou a tomar conta do imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos) europeu. O precedente estabelecido pelos românticos conferiu a seu pleito uma plausibilidade inicial. O papel efetivo de romances, poemas, peças teatrais, quadros, estátuas e prédios no movimento social dos últimos 150 anos deu-lhe plausibilidade ainda maior, obtendo legitimidade, como bem o disse Max Weber, “as ideias adquirem força na história”. Alguns filósofos inclinaram-se ao iluminismo e continuaram a se identificar com a ciência. Eles veem a antiga disputa entre a ciência e a religião, a razão e a irracionalidade, como um processo em andamento que assumiu a forma de luta entre a razão e todas as mediações intraculturais que pensam na verdade constituída e não encontrada. Esses filósofos consideram que a ciência é representante da atividade paradigmática e insistem que a ciência natural descobre a verdade, ao invés de cria-la. Encaram a expressão “criar a verdade” como metafórica e enganosa. Pensam na política e arte como esferas da vida social em que a ideia de “verdade” fica deslocada.
Outros filósofos, percebendo que o mundo descrito pelas ciências físicas não ensina nenhuma lição moral e não oferece conforto espiritual, concluíram que a ciência não passa de uma serva da tecnologia. Esses filósofos alinham-se com o utopista político e com o artista inovador. Os primeiros contrastam a “realidade científica concreta” com o “subjetivo” ou o “metafórico”, os segundos veem a ciência como mais uma das atividades humanas, e não como o lugar em que os seres humanos deparam com uma realidade não humana “concreta”. De acordo com essa visão, os grandes cientistas inventam descrições do mundo que são úteis para o objetivo de prever e controlar o que acontece, assim como os poetas e os pensadores políticos inventam outras descrições do mundo para outros fins. Não há sentido algum, porém, em que qualquer dessas descrições seja uma representação exata de como é o mundo em si. Esses filósofos consideram inútil a própria ideia dessa representação, consignando uma verdade de categoria fenomênica, como uma descrição do espírito ainda não plenamente cônscio de sua natureza espiritual (dialética) e, elevar ao tipo de verdade oferecida pelo poeta e pelo revolucionário político.
O
idealismo alemão, porém, representou uma solução de compromisso pouco duradoura
e insatisfatória. É que Immanuel Kant e Friedrich Hegel fizeram apenas
concessões parciais em seu repúdio à ideia de que a verdade está “dada”.
Dispusera-se a ver o mundo da ciência empírica como um mundo “fabricado” – a
ver a matéria como algo construído pela mente, ou como feita de uma mente
insuficientemente cônscia de seu próprio caráter mental -, mas persistiram em
ver a mente, o espírito, as profundezas do eu como dotados de uma natureza
intrínseca – uma natureza que se poderia conhecer por uma espécie de
superciência não empírica, chamada de filosofia. Isso significava que apenas
metade da verdade – a metade científica inferior – era produzida. A verdade
superior, a verdade sobre a mente, seara da filosofia, ainda era uma questão de
descoberta, não de criação. Richard Rorty precisa sua tese de distinção entre a
afirmação de que o mundo está dado e que a verdade dada, equivale a dizer, com
bom senso, que a maioria das coisas no espaço e no tempo, é efeito de causas
que não incluem os estados mentais. Dizer que a verdade não está dada é dizer
que, onde não há frases, não há verdade.
E
que as frases são componentes das línguas humanas, e que as línguas humanas são
criações humanas. Só as descrições podem ser “verdadeiras” ou “falsas” - sem o
auxílio das atividades descritivas dos seres humanos - não pode sê-lo. Em
filosofia e lógica, a contingência enquanto representação da realidade é o modo
de ser daquilo que não é necessário nem impossível. Nela não encontramos aquele Kant familiar tal
qual no livro As Palavras e as Coisas, aquele crítico do conhecimento
que, com sua analítica da finitude, se deparou com o portal para a idade do
pensamento antropológico e das ciências humanas; mas encontramos outro
Kant, o precursor dos jovens hegelianos, o primeiro a romper com a herança
metafísica, a separar a filosofia do que é verdadeiro e do que é sempre, e a
concentrar no que até então os filósofos haviam considerado como o não
conceitual e o não ente, como o contingente e o efêmero por excelência. Ele
descobre em Immanuel Kant o contemporâneo que transforma a filosofia esotérica
em uma crítica do presente que responde à provocação do instante histórico.
Na resposta de Kant à questão “O que é o Esclarecimento?”, Foucault vê nascer
uma “ontologia do presente” que sem sair da perspectiva “cíclica” da
história vai passando por Friedrich Hegel, Friedrich Nietzsche e Max Weber,
conduz a Max Horkheimer e Theodor Adorno. Surpreendente, Michel Foucault, na
última frase de sua preleção, se insere nessa disciplinar tradição.
Em verdade Michel Foucault emparelha o
texto de 1784 com o Conflito das faculdades, o qual mira
retrospectivamente os acontecimentos da Revolução Francesa. O conflito da
faculdade de filosofia com a faculdade de direito trata, como sabido, da
questão de saber se o gênero humano se encontra em um progresso constante para o
melhor. A publicação dos escritos que tratam do conflito com a teologia e o
direito havia sido censurada, em 1794 e 1797, por causa do edito de religião em
vigor desde 1788. A terceira parte da obra, porém, sobre o conflito da
faculdade de medicina com a faculdade de filosofia, já tinha sido publicada, no
mesmo ano de 1798, no jornal médico de Hufeland, por autorização do próprio
Kant. O objetivo pelo qual esse progresso social se mede fora explicado em sua
filosofia do direito. Uma constituição republicana asseguraria o Estado
jurídico no interior e no exterior – tanto a autonomia dos cidadãos sob as leis
dadas por eles mesmo quanto também o afastamento da guerra das relações
internacionais. Ele busca apenas um ponto empírico para o encontro factual
desse postulado da razão prática pura com uma “tendência moral” notável do
gênero humano. Ele busca um “acontecimento de nossa época” que indique uma
disposição da natureza humana para o moralmente melhor; e, como se sabe, ele
encontra esse “sinal histórico”, sem dúvida, não na efeméride da própria
Revolução Francesa, no entusiasmo publicamente manifestado com que um amplo
público saudara esses eventos sem temor, considerando-os a tentativa de uma
realização dos princípios do direito natural. Um semelhante fenômeno não se
esquece mais.
Assim,
monsieur Michel Foucault descobre em Kant o primeiro filósofo
como um arqueiro, dirige a flecha ao coração de um presente condensado
na atualidade e, com isso, segundo Habermas, inaugura o discurso da
modernidade. Mas Kant deixa atrás de si o conflito clássico sobre a
exemplaridade do conflito e a dignidade dos modernos e enreda o pensamento
histórico-social, refuncionalizado como diagnóstico, no processo de autocertificação
irrequieto que mantém a modernidade em movimento os nossos dias, no horizonte
de uma nova consciência histórica. Portanto, para a filosofia reivindicada pela
atualidade, trata-se da relação da modernidade consigo mesma, “rapport
sagital à sa prope actualité”. Friedrich Hölderlin e Hegel, Marx e os
jovens hegelianos, Baudelaire e Nietzsche, Bataille e os surrealistas, Georg Lukács,
Merleau-Ponty, os mentores de um “marxismo ocidental” em geral, não por último Michel
Foucault – todos eles trabalham no aguçamento de uma “consciência moderna” do
tempo que manteve uma entrada na filosofia a questão: “O que é o
Esclarecimento”. O filósofo torna-se um contemporâneo; ele sai do anonimato de
um empreendimento impessoal e se dá a conhecer como uma pessoa de carne e osso,
à qual tem que estar ligada toda investigação clínica sobre o próprio presente
confrontador. Mesmo retrospectivamente, o período do Esclarecimento
continua a aparecer sob a descrição que ele deu a si mesmo; ele assinala a
entrada em uma modernidade que se vê condenada a extrair sua autoconsciência e
sua norma.
Sob o olhar cínico do genealogista,
esse iceberg não entraria em movimento de maneira bem diferente do que gostaria
de admitir o pensamento atualizador da modernidade – simplesmente como um
vaivém sem sentido de processos anônimos de subjugação, em que o poder, aparece
sob máscaras sempre novas? Foucault, em As Palavras e as Coisas, não
teria descoberto em Kant, de maneira exemplar, a dinâmica peculiar daquela
vontade de verdade apara a qual toda frustação é apenas um novo aguilhão para a
produção multiplicada e de novo malograda de saber? A forma de saber da
modernidade se caracteriza pela aporia de que o sujeito cognoscente,
autorreferencial, se ergue dos destroços da metafísica para, com a consciência
de suas forças finitas, consagrar-se a um projeto que demandaria uma força humana
infinita. Um sujeito estruturalmente sobrecarregado se embaraça na forma
de saber antropocêntrica, e esse terreno é ocupado pelas ciências
humanas, em que Foucault vê em obra um poder disciplinar pérfido. Em todo caso,
elas erigem, com suas pretensões exigentes, jamais realizadas, a fachada
arriscada de saber universalmente válido, atrás do qual se oculta a
facticidade da vontade de autoapoderamento sapiente. Só na esteira dessa vontade
de saber se formam a subjetividade e a autoconsciência de que parte
Kant.
Amy
Marsh apresentou seu caso no Congresso norte-americano, pedindo uma reforma no
sistema de justiça militar para denúncias de abuso sexual. Naquele dia
de dezembro de 2018, Marsh comemorou o fim de mais um ano e, com ele, seu
primeiro aniversário na Base Aérea de Travis, no norte da Califórnia, nos
Estados Unidos da América. Ela tinha ido morar ali em 2017, quando o marido, um
oficial de origem porto-riquenha, foi enviado para a base, que logo se tornou
seu novo lar. - Até aquele dia, foi uma experiência muito interessante porque
essas bases são como pequenas cidades e lá você tem a oportunidade de fazer
muitas coisas pela comunidade e se conectar com outras mulheres, esposas de
militares, que também se separaram de suas famílias porque se casaram com um
militar. O que Amy não imaginava era que a vida dela estava prestes a mudar. O
que estava para acontecer quase destruiria seu casamento, encerraria a carreira
militar do marido e deixaria em ambos as sequelas, que, três anos depois, ainda
não foram totalmente superadas. Algumas memórias daquela noite estão exatamente
borradas.
Ela
se lembra de ter bebido muito, sabe que houve uma festa, e que seu marido a
deixou sozinha com o oficial que ele considerava o mentor dele, um militar de
mais alta patente. – “Aquele homem abusou da confiança que meu marido tinha
nele e, naquela festa, me violentou. Não houve consentimento e eu estava bêbada
demais para reagir”. Amy conta que, depois daquela noite, o trauma foi tão
grande que ela decidiu esconder o que havia acontecido. Quando o peso da
situação social começou a afetar seu casamento, ela decidiu contar ao marido,
dois meses depois. - Foi muito difícil para nós dois. Conversando com o capelão
da base, entendemos que não deveríamos ficar calados. E, finalmente, resolvemos
denunciar. A investigação militar durou cerca de dois anos. Lutamos de todas as
formas, diz Amy Marsh, que podíamos. Mas nada aconteceu.
A
história de Amy Marsh é apenas uma das milhares de denúncias recebidas todos os
anos pelas Forças Armadas dos Estados Unidos: casos de homens e mulheres que afirmam
ter sofrido abusos e agressões sexuais em bases militares do país. Sua voz é
uma das que chegaram ao Congresso Norte-americano para exigir que sejam tomadas
medidas diante do que muitos veem como um “sistema falido” dentro do comando
militar, para que seja feita justiça social em casos como esse. O chocante caso
de centenas de crianças abusadas secretamente em abrigos de Londres. – “É um
problema antigo para o qual uma solução mais eficaz ainda não foi encontrada”,
diz Don Christensen, que foi procurador-geral da Força Aérea, mas deixou o
cargo para defender estas vítimas de abuso sexual. – “Há anos, nas Forças
Armadas, os militares se preocupam mais em proteger os comandantes do que fazer
justiça e condenar os possíveis agressores. Por isso, deixei meu posto e me
aliei às vítimas”, diz ele, que é presidente da ONG Proteja Nossos
Defensores. O Pentágono investiu milhões de dólares na luta pela questão
social e política contra o abuso sexual em suas bases militares, mas não teve
resultados significativos.
Relatos de abuso sexual no Exército dos Estados Unidos têm aumentado ano a ano desde 2006. De acordo com uma pesquisa anônima realizada para os membros do Pentágono, cerca de 20 mil militares, ou seus familiares, afirmam ter sido vítimas de violência sexual a cada ano. No entanto, a média estatística “de quem se atreve a relatar os abusos é muito pequena”. Em 2020, só 7.816 denúncias de agressões sexuais foram registradas nas instalações militares do país, das quais 6.290 envolveram oficiais da ativa. Andrew Morral, que há décadas estuda o assunto para a Rand Corporation, uma instituição que assessora o Pentágono, esse é um fenômeno amplamente difundido em quase todas as instalações militares do país. – “Há locais, porém, onde o risco é alto - e maior do que seria de se esperar em função das características das pessoas que vivem ali. Verificamos, por exemplo, que 34% dos casos de violência sexual contra mulheres ocorreram em apenas cinco bases do Exército”. Porém, de acordo com o especialista, as militares, as mulheres de militares e outras mulheres que atuam nas Forças Armadas não são as únicas vítimas dessa situação. – “Em quase todos os casos, o risco de ser agredido sexualmente está relacionado com a idade e a posição social da vítima. Além das mulheres, os membros mais jovens do serviço militar, os solteiros e as minorias sexuais correm alto risco”. Um dos últimos estudos realizados por Morral sugere que quase metade das agressões sexuais em bases militares são cometidas contra pessoas que não se autodenominam heterossexuais. – “Este grupo parece correr um risco particularmente elevado, já que representa apenas cerca de 12% da população militar. É contra ele que ocorrem 50% das agressões sexuais” e sugere que, em grande parte, os abusos podem ser como “fatos relacionados a crimes de ódio” (...). “É o caso, por exemplo, das agressões sexuais contra homens, em que 50% dos casos parecem ter como objetivo humilhar ou causar algum dano moral”.
A Filha do General (The General`s Daughter, 1999) é um filme norte-americano, articulado em torno dos gêneros mistério, policial e suspense, dirigido por Simon West, com roteiro de William Goldman e Christopher Bertolini, baseado em livro homônimo de Nelson DeMille (1992). A literatura do mistério, também referida como novelas policiais e de ficção policial, é um tipo específico de história de suspense. As histórias de mistério começam com um crime como o conflito central e apresentam pistas e suspeitos durante toda a história para permitir uma resolução final através de uma dedução lógica. Simplificadamente tem como escopo um respeitado general que está sendo cotado para concorrer à presidência dos Estados Unidos da América, quando sua filha, uma capitã do exército, é encontrada morta em uma base militar. Um investigador do exército (advogado) é chamado para analisar o caso, e conta com a ajuda de uma advogada. O prestigiado general que pretende se aposentar e entrar para a política recebe um duro golpe: sua filha, também oficial, “é brutalmente estuprada e morta dentro do quartel, com requintes de crueldade” na base militar, onde trabalha profissionalmente como psicóloga. Um investigador particular, com especialidade em casos militares, porque é ex-mariner é chamado para investigar o caso e evitar consequências políticas ainda mais desastrosas.
O quadro apresenta três aspectos sociais de extrema gravidade: o General quer ser candidato a vice-presidente, a investigação terá a participação da ex-esposa e o culpado entre os múltiplos suspeitos tem que ser, segundo a interpretação corporativa, alguém de dentro da base militar. John Travolta interpreta Paul Brenner, investigador das Forças Armadas encarregado de descobrir quem são os culpados. Ele recebe, contrariado, a ajuda de outra investigadora, Sara (Madeleine Stowe). Além de partilharem a profissão, eles já “dividiram também a cama, num namoro tumultuado terminado alguns anos”. Lidar com a ex-namorada na investigação não é um problema de Paul Brenner. Sua investigação vai esboroando “num tremendo esforço dos militares para atrapalhar seus passos”. O casal de detetives descobre o comportamento da mulher oficial militar ao perceber que “a coisa mais difícil na base é encontrar alguém que não tenha transado com ela”. A resposta pode estar num obscuro incidente envolvendo-a em seus tempos na Academia Militar. James Cromwell, Timothy Hutton, Clarence Williams III e James Woods estão entre os suspeitos, nesse nebuloso caso de intriga policial até o surpreendente e explosivo final.
Grande
parte da filmagem ocorreu em vários locais e na região de Savannah, na Geórgia,
um dos 50 estados, localizado na Região Sudeste do país, a leste do rio
Mississippi, desde que a Virgínia Ocidental se separou da Virgínia em 1863,
embora Michigan, Flórida e Wisconsin sejam maiores se a área ocupada por água é
incluída, sendo o 24º maior estado do país em geral, fundado em 1771. Uma cena
de amor entre John Travolta e Madeleine Stowe foi cortada do filme. Duas
mudanças de nível social importantes foram realizadas após as provas: o
personagem de Travolta adotou uma postura moral no final, e ficou mais claro no
início quem ele era representando “um investigador militar trabalhando
disfarçado”. Com um orçamento de US$95 milhões, o filme arrecadou um valor
acumulado de US$102,705,852 nas bilheterias domésticas e US$47,000,000, no
exterior para um total de US$149,705,852. Savannah é uma cidade localizada no
estado norte-americano da Geórgia, no Condado de Chatham. O Condado de Chatham
é um dos 100 condados do estado americano da Carolina do Norte. A sede do
condado é Pittsboro, e sua maior cidade é Pittsboro. O condado possui área
de 1. 836 km², dos quais 68 km² estão cobertos por água, uma população de 49.
329 habitantes, e densidade populacional de 28 hab./km², segundo dados do
censo nacional de 2000.
O Exército dos Estados Unidos da América é o principal ramo das Forças Armadas dos Estados Unidos responsável pelas operações militares terrestres. É o maior e mais antigo ramo estabelecido disciplinarmente nas Forças Armadas, e é um dos oito serviços uniformizados dos Estados Unidos da América. O exército moderno tem suas raízes no Exército Continental, que foi formado em 14 de junho de 1775, antes do estabelecimento dos Estados Unidos, para atender às demandas da Guerra Revolucionária Americana. O Congresso da Confederação criou oficialmente o Exército dos Estados Unidos em 3 de junho de 1784, após o fim da guerra, para substituir o Exército Continental dissolvido. O Exército se considera descendente do Exército Continental e, assim, a sua criação data das origens desta força pública. A principal missão do Exército dos Estados Unidos é “proporcionar forças e capacidades necessárias … em apoio à Segurança Nacional e Estratégias de Defesa”. O exército é chefiado pelo Secretário do Exército, e o mais alto posto militar no departamento é o Chefe do Estado Maior do Exército. No ano fiscal de 2011, o Exército Regular relatou uma força de 546. 057 soldados, a Guarda Nacional do Exército relatou 358. 078 e o Exército Reserva relatou 201. 166, colocando os componentes de forças combinadas em 1. 105. 301 soldados.
Historicamente o Exército Continental foi criado formalmente em 14 de junho de 1775 por decreto do Congresso Continental como uma iniciativa de unificar as forças das Treze Colônias para lutarem juntas contra o Reino da Grã-Bretanha. O comando geral foi dado a George Washington. A maioria dos oficiais foram treinados pelo exército britânico ou carregavam experiência lutando com as milícias coloniais. A guerra por Independência contou com ajuda preciosa vinda da França, na forma de recursos, tropas, treino e táticas. Vários imigrantes da Europa vieram para lutar ao lado dos rebeldes americanos, como Friedrich Wilhelm von Steuben (1730-1794), que “ensinou ao exército da nova nação algumas táticas de guerra prussianas”. É creditado por ensinar ao Exército as essências do exercício e disciplina, ajudando-o e conduzindo-o à vitória. Escreveu o Manual de Exercício da Guerra Revolucionária que se tornou na norma dos Estados Unidos de exercícios manuais até a Guerra de 1812, e serviu como chefe do estado maior de George Washington nos últimos anos da guerra.
Von Steuben se viu forçado a fugir da Marca de Baden-Durlach, região que hoje faz parte da Alemanha, onde foi alvo político de perseguição litigiosa por causa de sua homossexualidade, ainda naquela época “classificado como infração por sodomia”. Na França ele conheceu Benjamin Franklin, um enviado político dos Estados Unidos que, com sua personalidade e charme, grandemente encantava a sociedade parisiense. Quando ingressou na força militar do então general George Washington (1732-1799) em Vale Forge, em solo os Estados Unidos, em fevereiro de 1778, Von Steuben chegou da Europa acompanhado por seus dois moços na condição de trabalho declarada como assistentes. Apesar dos recorrentes rumores sobre suas atividades como homossexual ativo, jamais foi conduzida qualquer investigação oficial sobre este aspecto da vida de Von Steuben; o que certamente o teria impedido de receber reforma do exército remunerada, a qual foi aprovada oficialmente instituída pelo Congresso no final da guerra, beneficiando-o até sua morte em sua residência final na localidade de Roma, no estado de Nova Iorque. No conflito entre 1776 e 1779 o exército continental tentou travar combates tradicionais contra os ingleses e sofreram pesadas baixas, como a humilhante derrota na Batalha de Camden, um confronto que terminou com uma expressiva vitória dos Britânicos no sul dos Estados Unidos. Em 16 de agosto de 1780, forças britânicas sob comando do Tenente-general Lorde Cornwallis (1738-1805) destruíram as tropas norte-americanas sob a direção do Major-general Horátio Gates (1727-1806) a cerca de seis milhas (10 km) de Camden, Carolina do Sul, garantindo a dominação inglesa das Carolinas seguido da queda de Charleston. Mas em algumas lutas decisivas, como Saratoga, foram bem sucedidos.
A
guerra no Sul, entre 1780 e 1781, desenrolou-se em uma luta irregular e táticas
de guerrilha, atacando uma força inimiga mais bem preparada de forma rápida,
pequena e eficiente, para desgastar as tropas britânicas. Washington conduziu
seus soldados a várias vitórias nas batalhas de Trenton e Princeton (1777), mas
foi forçado a recuar frente a retrocessos que levaram os britânicos a ocupar as
cidades de Nova Iorque e Filadélfia em 1776 e 1777, respectivamente. Com essas
novas táticas e melhor preparo, contando com ajuda providencial da França, os norte-americanos
conseguiram derrotar os ingleses no decisivo cerco de Yorktown. Em 1781 o
conflito bélico começou a pender para o lado norte-americano e, finalmente,
dois anos mais tarde, os ingleses aceitaram a derrota e reconheceram a Independência
dos Estados Unidos. Depois da guerra, os veteranos do exército continental
foram dispensados e muitos receberam terras. Essa política é vista como parte
da desconfiança dos republicanos americanos com exércitos regulares. As
milícias estaduais, sob comando dos conselhos de governo de cada estado,
passaram a ser o exército oficial do país, com a exceção do 1º Regimento de
infantaria e uma bateria de artilharia protegendo o arsenal de West Point.
Contudo, tensões e conflitos contínuos com os nativos americanos, tornaram
necessário a criação de um Exército Regular permanente. Eles receberam o nome
oficial de United States Army em 1796.
Em
1798, durante a Quase-guerra contra a França, o Congresso estabeleceu o “Exército
Provisório” de 10. 000 homens, que consistia em doze regimentos de infantaria e
seis tropas de dragões. Em março de 1799, o Congresso criou o “Exército
Eventual” de 30. 000 homens, que incluía três regimentos de cavalaria. Ambos
estes “exércitos” existiam majoritariamente no papel, mas equipamentos para 3
000 homens e cavalos foram adquiridos e armazenados. A guerra anglo-americana
de 1812, a segunda e última guerra americana contra a Inglaterra, não foi tão
bem sucedida quanto a Guerra Revolucionária ou a guerra Indígena do Noroeste,
embora o resultado também tenha sido favorável. Após a conquista do lago Erie
em 1813, os americanos foram capazes de controlar todos os portos da parte
oeste do Canadá. Logo depois veio outras vitórias em York e contra Tecumseh,
que causou o colapso da Confederação Indígena. Após mais algumas
campanhas bem sucedidas no norte da fronteira canadense, os britânicos
capturaram e queimaram Washington, a capital do país. O exército regular,
mostrou-se profissional e capaz o suficiente para derrotar as forças políticas inglesas
em Plattsburgh e Baltimore, o que acabaria por forçar os ingleses a aceitar o status
quo ante bellum. Duas semanas após a assinatura de um tratado (não
ratificado), Andrew Jackson derrotou os britânicos na batalha de Nova Orleães
tornando-se herói nacional. O tratado firmado entre os países, encerrando as
hostilidades, firmou o status quo e não deixou um vencedor claro.
Desde o final do século XVIII se constitui na cultura ocidental uma nova consciência do tempo. Enquanto no Ocidente cristão a “nova era” assinalara a idade do mundo futuro, só irrompendo com o dia do Juízo Final, os “tempos modernos” [Neuzeit] é o nome, de agora em diante, para o próprio período presente. O presente se estende cada vez mais como uma passagem para o novo; ele vive segundo Habermas, na consciência da aceleração dos acontecimentos históricos e na expectativa da alteridade do futuro. O novo começo de época, que marca a ruptura do mundo moderno com o mundo da Idade Média cristã e ada Antiguidade, repete-se como que a cada momento presente que faz nascer de si o novo. O presente pereniza a ruptura com o passado como renovação contínua. O horizonte aberto ao futuro de expectativas referidas ao presente dirige também o acesso ao passado. A história é concebida desde o fim do século XVIII como um processo mundialmente abrangente e gerador de problemas. Nele o tempo é considerado um recurso escasso para dominar os problemas que o passado nos lega, orientando-se ao futuro. Os passados exemplares, pelos quais o presente poderia se orientar irrefletidamente, se empalideceram. A modernidade não pode mais tomar de empréstimo seus critérios orientadores dos modelos oriundos de outras épocas.
A modernidade se vê exclusivamente posta sobre si mesma – ela tem de extrair de si mesma sua normatividade. O presente autêntico é de agora em diante o lugar onde se entrelaçam a continuidade da tradição e a inovação. A desvalorização do passado exemplar e a correção para obter os princípios com teor normativo das próprias experiências, das experiências e das formas de vida modernas, explicam a nova estrutura do “espírito do tempo”. Ipso facto, torna-se o medium em que se movem de agora em diante o pensamento político e a confrontação política. O espírito do tempo recebe impulsos de dois movimentos de pensamentos contrários, mas remetidos um ao outro e interpenetrados: o espírito do tempo se inflama na colisão entre o pensamento histórico e o utópico. À primeira vista, essas duas maneiras de pensar se excluem. O pensamento histórico, saturado de experiências, parece ser convocado para criticar os projetos utópicos; o pensamento utópico efusivo parece ter a função de abrir alternativas de ação e espaço de manobra para possibilidades que saltam as continuidades históricas. Pode-se dizer que a “utopia” torna-se, desde o começo do século XIX, um conceito de luta política, que todos empregam contra todos. De início, leva-se a campo a reprovação contra o pensamento abstrato do Esclarecimento e sua herança liberal, depois, naturalmente, contra os socialistas e os comunistas, mas também contra os ultraconservadores – contra uns porque clama um futuro abstrato, contra os outros porque clama um passado abstrato.
A guerra anglo-americana de 1812, a segunda e última guerra americana contra a Inglaterra, não foi tão bem sucedida quanto a Guerra Revolucionária ou a guerra Indígena do Noroeste, embora o resultado também tenha sido favorável. Após a conquista do lago Erie em 1813, os americanos foram capazes de controlar todos os portos da parte oeste do Canadá. Logo depois veio outras vitórias em York e contra Tecumseh, um famoso líder indígena dos Shawnee que viveu no estado de Michigan, cujo nome poderia ser mais exatamente Tecumtha ou Tekamthi, que liderou um pequeno grupo de nativos contra os Estados Unidos na Guerra Anglo-Americana de 1812 e que com este empreendimento causou o colapso da Confederação Indígena. A tribo Shawnee representa um grupo étnico de língua Algonquiana indígena da América do Norte. Nos tempos coloniais, eles eram uma nação semi-migratória nativa americana, habitando principalmente áreas do Vale de Ohio, estendendo-se do que se tornou Ohio e Kentucky para o leste até Virginia Ocidental, Virginia, Pensilvânia e Western Maryland; ao sul para Alabama e Carolina do Sul; e para o oeste para Indiana e Illinois. Empurrado para o oeste pela pressão europeu-americana, os Shawnees migraram para o Missouri e o Kansas. Na década de 1830 foram mudaram do meio-oeste para o Território Indígena a oeste do rio Mississipi.
Outros Shawnees não se mudaram para Oklahoma até depois da Guerra Civil. Três tribos Shawnee reconhecidas pelo governo federal, compostas por descendentes de diferentes grupos históricos e de parentesco, estão todas sediadas em Oklahoma: a Tribo de índios Absentee-Shawnee de Oklahoma, a Tribo Shawnee Oriental de Oklahoma e a Tribo Shawnee. Após mais algumas campanhas bem sucedidas no norte da fronteira canadense, os britânicos capturaram e queimaram Washington, a capital do país. O exército regular, contudo, demonstrou-se profissional e capaz o suficiente para derrotar as forças inglesas em Plattsburgh e Baltimore, o que acabaria por forçar os ingleses a aceitar o pensamento político: status quo ante bellum. O termo é uma expressão em Latim que significa literalmente, “o estado em que as coisas estavam antes da guerra”. Após a assinatura de um tratado, mas que não fora ratificado per se como legítimo, Andrew Jackson com sua tropa derrotou os britânicos na batalha de Nova Orleães tornando-se herói nacional. O tratado firmado entre os países, encerrando as hostilidades, firmou o status quo e não deixou o vencedor claro.
Durante a 1ª guerra mundial (1914-1918), cerca de 22 mil mulheres atuaram nos serviços de enfermagem do Exército e da Marinha como enfermeiras e integrantes da equipe de apoio, com outras 11 mil se alistando na Marinha como estenógrafas, escriturárias, operadores de rádio, mensageiras, motoristas de caminhão, artilheiras, mecânicas e criptógrafas. Durante a 2ª guerra mundial, 350 mil mulheres serviram no Corpo do Exército Feminino e no Serviço de Emergência Voluntário das Mulheres da Marinha (Waves). O número de mulheres na Força Aérea e na Marinha é quase cinco vezes maior hoje do que na década de 1970, enquanto o número de recrutas do Exército triplicou no mesmo período. - “As forças militares incorporam absolutamente o princípio de pagamento igual para trabalho igual”, escreveu Amy Ebitz, coronel do Corpo de Fuzileiros Navais, em um artigo para o Instituto Brookings, centro de pesquisa de políticas com sede em Washington. - “Independentemente do seu sexo, seu pagamento será igual ao de outros com o mesmo tempo de serviço e qualificações”. A almirante Michelle J. Howard, vice-chefe de Operações Navais, cumprimenta os marinheiros baseados no Havaí. Michelle foi a primeira mulher a se tornar almirante quatro estrelas (Marinha dos Estados Unidos da América/Especialista em comunicação de massa de 2ª classe Diana Quinlan).
O presidente Harry Truman assinou a Lei de Integração dos Serviços Armados das Mulheres em 12 de junho de 1948. A lei permitiu que as mulheres se tornassem membros plenos das Forças Armadas, não apenas em tempos de guerra. No entanto, a seção 502 da lei limitou seu serviço, excluindo-as de aeronaves e embarcações da Marinha que pudessem entrar em combate. Foi só em 2015 que as mulheres foram capazes de servir em todos os aspectos, inclusive em funções de combate. A sargento-mor Tres Bien Adams disse que foi inspirada por outro soldado, a sargento-mor Tabitha Gavia, que recentemente serviu como sargento-mor do Comando de Recrutamento do Exército dos EUA. - “Se você pode sonhar com algo, se quer realizar [esse sonho], corra atrás”, disse Tres Bien. - “Você ficaria surpreso com o que pode alcançar e realizar”.
O
exército lutou suas principais campanhas contra os índios neste período na
Flórida. Esta guerra foi longa (1818-1858) e terminou com a derrota dos Seminoles
ou Seminolas são um dos grupos indígenas da América do Norte, que
vivia em terras do Canadá e dos Estados Unidos, originariamente na Flórida e
atualmente estabelecidos em Oklahoma. Foram dizimados do século XV ao
século XVII, na época da colonização dos Estados Unidos. Os Seminoles
faziam parte das chamadas cinco tribos civilizadas. As guerras
contra os povos indígenas duraram mais de um século e foram marcadas por
sucessos e alguns fracassos. No final os índios foram confinados a
assentamentos e reservas. O próximo grande conflito travado pelo exército dos
Estados Unidos foi a Guerra Mexicano-Americana (1846-1848). A vitória norte-americana
trouxe consequências marcantes para ambas as nações. Um dos principais
resultados foi a anexação territorial dos estados da Califórnia, Nevada, Utah,
Colorado, Arizona, Wyoming e Novo México para a União. Tropas da União e da
Confederação se encontraram combatendo na batalha de Franklin, em 1864, na
guerra civil que assolava a nação na metade do Século XIX. Entre 1861 e 1865, a
nação invariavelmente se dividiu.
O
Norte e o Sul se digladiaram em um dos mais sangrentos conflitos domésticos do
século XIX. A Guerra Civil ceifou a vida de mais de 600 mil cidadãos, em sua
maioria civis. Os Confederados reuniram seu exército, formado por ex-militares
da União, e os nortenhos recrutaram novo exército. Ambos os lados contaram com
forças voluntárias, mas, devido à falta de pessoal, tiveram de iniciar
conscrições. Deserções e motins eram comuns em ambos os exércitos. As Forças
Armadas dos Estados Unidos são as forças militares dos Estados Unidos da
América. É composto por seis forças: Exército, Corpo de Fuzileiros Navais,
Marinha, Força Aérea, Força Espacial e Guarda Costeira. Do ponto de vista
político o presidente dos Estados Unidos é o comandante-chefe das Forças
Armadas e forma a política militar com o Departamento de Defesa e o
Departamento de Segurança Interna, ambos departamentos que compõem os executivos
federais, atuando como os principais órgãos de execução da política
militar. Todas as seis forças armadas estão entre as oito forças uniformizadas
dos Estados Unidos.
Historicamente
a chamada Era da Iluminação foi precedida e estreitamente associada à
Revolução Científica. Filósofos anteriores cujo trabalho influenciaram o
Iluminismo incluíram Francis Bacon, René Descartes, John Locke e Baruch
Spinoza. As principais figuras do Iluminismo incluíram Cesare Beccaria,
Voltaire, Denis Diderot, Jean-Jacques Rousseau, David Hume, Adam Smith e
Immanuel Kant. Alguns governantes europeus, incluindo Catarina II da Rússia,
José II da Áustria e Frederico II da Prússia, tentaram aplicar o pensamento
iluminista sobre a tolerância religiosa e a política, o que se tornou reconhecido
como “absolutismo esclarecido”. Benjamin Franklin visitou a Europa
repetidamente e contribuiu ativamente para os debates científicos e políticos e
trouxe as novas ideias de volta à Filadélfia. Thomas Jefferson seguiu de perto
as ideias europeias e depois incorporou alguns dos ideais do Iluminismo na
Declaração da Independência dos Estados Unidos. Um de seus pares, James
Madison, incorporou esses ideais na Constituição dos Estados Unidos durante em
1787.
O
Iluminismo teve um papel importante no plano urbano de Savannah, por ser
considerada uma cidade que nasceu baseada em princípios iluministas, colocados
em prática por James Oglethorpe (1696-1785). Seu modelo urbano enfatiza a busca
da igualdade social através do pensamento e métodos trabalho racionais
para resolver os problemas físicos e sociais da sociedade. Esse aspecto é reconhecido
particularmente por estar relacionado a promoção da igualdade social através do
design urbano tangível da cidade, um problema muitas vezes abordado
superficialmente no âmbito das discussões sobre urbanismo. James Oglethorpe
buscava trilhar o caminho para uma cidade modelo: com parcelamento
igualitário de terras, abordagens contemporâneas na agricultura, locação de
terras, proibição da escravidão, ocupação permanente, administração de um Estado
laico, etc. Nasceu em Londres, filho de sir Teophilus Oglethorpe
(1650-1702). Em 1714 abandonou os seus estudos no Corpus Christi College
de Oxford, iniciados naquele mesmo ano, para unir-se à Expedição de Eugênio de
Sabóia contra o Império Otomano, na que chegou a ser “ajudante de campo” do
próprio príncipe graças à recomendação de John Churchill, Primeiro Duque de
Marlborough. Entre 1716 e 1717 tomou parte no assédio e captura de
Belgrado, onde serviu com distinção.
Depois
de seu retorno à Inglaterra, foi eleito parlamentar por Haslemere, posição
desde aquela campanha pela melhoria das condições sociais em que viviam “as
pessoas encerradas nos cárceres ingleses por dívidas”. Foi quando sugeriu
também que os devedores recentemente saídos da prisão fossem enviados como colonos
à Geórgia, “onde seriam doadas terras para serem produzidas no futuro”. A
empresa conseguiu o apoio governamental em 1732, ano em que chegaram os
primeiros ex-presidiários com o próprio Oglethorpe a frente e, Charleston, na
Carolina do Sul, onde se dirigiram ao local que seria Savannah, a primeira
colônia britânica na Geórgia. Ali, Oglethorpe negociou pessoalmente a cessão de
terras com os índios Creek e supervisionou a construção de vários fortes
defensivos. Em 9 de junho foi concedido a ele o governo as terras situadas
entre os rios Savannah e Altamaha, e uma das suas primeiras medidas como
governador “foi a proibição da escravatura na nova colônia”. O motivo principal
dessa decisão devia-se ao temor de que os escravos africanos fugissem à vizinha
colônia espanhola da Flórida para aliarem-se corporativamente com os colonizadores
espanhóis para desestabilizar os assentamentos britânicos na Geórgia. A fuga de
escravos desde Carolina do Sul à Florida vinha se dando de forma ininterrupta
desde a década de 1690, devido a chamada “Real Cédula” de Carlos II que
garantia a liberdade para todos os ex-escravos britânicos em liberdade que
conseguissem chegar a território espanhol fugindo dos seus donos.
Desde
o início durante a Guerra Revolucionária Americana (1775-1783), as Forças
Armadas dos Estados Unidos desempenharam um papel decisivo na história dos
Estados Unidos. Ele ajudou a forjar um senso de unidade e identidade nacional
por meio de suas vitórias na Primeira na Segunda Guerra da Barbária. Ele
desempenhou um papel crítico na Guerra Civil Americana, evitando que a
Confederação se separasse da república. A Lei de Segurança Nacional de
1947, adotada após a Segunda Guerra Mundial, criou a moderna estrutura militar
dos Estados Unidos. A Lei instituiu o Estabelecimento Militar Nacional,
chefiado pelo secretário de defesa; e criou a Força Aérea dos Estados Unidos
e Conselho de Segurança Nacional. Foi alterado em 1949, renomeando o Estabelecimento
Militar Nacional de Departamento de Defesa, e fundiu o Departamento de
Gabinete do Exército, Departamento da Marinha e Departamento da Força Aérea, no
Departamento de Defesa. As Forças Armadas dos Estados Unidos são uma das
maiores forças militares em termos de pessoal. Retira seu pessoal de um “grande
grupo de voluntários pagos pelo Estado”. Embora o recrutamento tenha sido usado
no passado, ele não é usado desde 1973. O Sistema de Serviço Seletivo retém o
poder de recrutar homens e exige que todos os cidadãos e residentes do sexo
masculino nos Estados Unidos com idades entre 18 e 25 anos se registrem no
serviço. As Forças Armadas dos Estados Unidos são consideradas os militares
mais poderosos do mundo contemporâneo.
Bibliografia
geral consultada.
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