terça-feira, 30 de novembro de 2021

Patrulheira - Sentinela, Estratégia & Compreensão da Vida Cotidiana.

Contabiliza-se aquilo que é usado, não as maneiras de utilizá-lo”. Michel de Certeau

Uma sociedade seria composta de certas práticas exorbitadas, organizadoras de suas instituições normativas, e de outras práticas, sem-número, que ficaram como menores, no entanto presentes, embora organizadoras de um discurso e conservando as primícias ou os restos de hipóteses institucionais, científicas, diferentes para esta sociedade ou outras, detectada por Michel Foucault (2014), de práticas que produzem efeitos de poder, segundo modos ora minúsculos, ora majoritários entre espaços e linguagens. As patrulhas militares no âmbito da Operação Sentinela ativada em reação aos atentados terroristas em França de 2015 têm como missão a visibilidade dissuasora e a intervenção só em caso de ameaça em curso. Não têm poderes de polícia, como a de pedir identificação ou revistar um carro, por exemplo. – “Não sentimos essa necessidade. A nossa missão é proteger a população e evitar que aconteçam atentados”, sublinhou Jean-Pierre Bosser. Recordou alguns sucessos desse objetivo, como foi o do museu do Louvre, em fevereiro de 2017. O chefe de Estado-Maior do Exército francês alertou para a necessidade de treinar os militares na segurança interna a controlar o seu poder de fogo quando fazem os patrulhamentos. 

O general que falava numa conferência organizada pela Academia Militar, reconheceu que esse era um fator a ter em conta quando se colocam militares, formados para missões no exterior, em patrulhamentos internos, como acontece em França no âmbito da Operação Sentinela, em vigor desde 2015, no âmbito da qual cerca de 8 (oito) mil soldados das Forças Armadas estão empenhados no território nacional na prevenção dita terrorista. Na plateia, estão presentes alguns oficiais de polícia e muitos militares, ouviam atentamente o general falar da experiência francesa nesta matéria, principalmente porque está neste momento em discussão entre o Sistema de Segurança Interna (SSI) e as Forças Armadas a utilização real da composição estratégica de militares em patrulhas de prevenção conjuntas com os polícias, em caso de ameaças graves à segurança nacional, como a terrorista. Embora apenas tivesse dado um único em exemplo de utilização inadequada da arma por parte de militares, salientou que “o empenhamento de militares em território nacional deve ter uma preparação específica e tem um elemento chave que é o domínio do poder de fogo, muito diferente do que é utilizado em missões no exterior”. O general revelou que em França “houve um caso em que um soldado abriu fogo e foi a loucura. Dominar este poder de fogo é fundamental”. 

Oriente Médio é uma região do continente asiático, fazendo fronteira com a Europa e África. É uma das regiões consideradas como “berço das civilizações”, pois foi território de civilizações antigas, como a Mesopotâmia, o Egípcio e o Árabe. O Oriente Médio é delimitado pelos mares Negro, Mediterrâneo, Vermelho, Arábico, Cáspio e pelo Golfo Pérsico, além do Oceano Índico. No final do século XX e começo do século XXI, o Oriente Médio ficou marcado por intensos conflitos envolvendo disputas territoriais, principalmente entre os árabes e os israelitas (cf. Braga, 2006). A maioria das pessoas que habitam esta região é árabe, sendo este, portanto, o idioma mais falado no Oriente Médio. Porém, ainda existem outros povos com seus respectivos idiomas, como os turcos (que falam o turco), os judeus (que falam o hebraico) e os persas (que falam farsi), um idioma do subgrupo das línguas iranianas, que por sua vez pertencente ao ramo indo-iraniano da grande família indo-européia. O Oriente Médio é no debate historiográfico, uma das regiões importantes, considerada como “berço das civilizações”, pois foi território de civilizações antigas, como a Mesopotâmia, o Egípcio e o Mundo Árabe, constituído por 22 países e territórios com uma população combinada de 360 milhões de pessoas abrangendo o Norte de África e a Ásia Ocidental. Outro destaque no plano social importante desta região está no âmbito religioso, pois o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – algumas das doutrinas mais expressivas do mundo – teriam surgido no Oriente Médio. Aliás, no âmbito religioso, a maioria das pessoas que habitam o Oriente Médio, é muçulmana, que podem estar subdivididas em seitas, como os sunitas, xiitas, drusos, alauitas, etc. No contexto econômico é reconhecido por ser o maior detentor de petróleo com 65% do petróleo existente no planeta está localizado sob os solos desta famosa região.


Para tratarmos do tema “orientalismo”, comumente utilizado para definir o estudo constituído por todas as sociedades fora do contexto ocidental, da cultura global europeia, – utilizamos a noção “pós-orientalismo”. Por duas razões: a) É correlata à filosofia dita pós-moderna; b) Trata-se de um eclético e elusivo movimento social caracterizado por sua crítica à filosofia ocidental. Começando como um movimento de crítica da filosofia Continental, foi influenciada fortemente pela fenomenologia, pelo estruturalismo e pelo existencialismo. Sofreu influências, também, em certo grau associado ao positivismo da filosofia analítica de Ludwig Wittgenstein. Para a maior parte dos pensadores, a filosofia pós-moderna reproduz a volumosa literatura da teoria crítica. Outras áreas de produção incluíram a “desconstrução” e as diversas áreas que começam com o prefixo “pós”, como o “pós-estruturalismo”, o “pós-marxismo” e o “pós-feminismo” também utilizado para designar a familiaridade por artistas e criadores ocidentais de elementos, descrições ou imitações culturalmente conotadas com as culturas ditas orientais. Popularizado como um campo de estudo desde o século XVIII, mas tendo adquirido particularidades institucionais a partir do colonialismo do século XIX, o orientalismo estudava, sem distinções, um vasto grupo humano vulgarizado pela designação “mundo árabe” e mesmo a África, em alguns casos. O orientalismo ratificou a hipótese colonialista da inferioridade racial e cultural de todas as civilizações não europeias. O seu objetivo, não assumido, foi à busca da justificação do processo de dominação imperialista através do discurso de redenção dos povos ditos “primitivos, inferiores e subdesenvolvidos” que tem origem na antropologia colonialista. 

O Oriente, sociologicamente falando, é uma entidade autônoma dotada de múltiplas identidades com suas respectivas localizações territoriais. O que seria então esse Orientalismo cuja definição permite afirmar que o Oriente é uma invenção do Ocidente? Segundo Edward Said (1990) esse conceito tem diversos significados, mas que de modo geral reflete a forma específica pela qual o Ocidente europeu reproporiam ao nível ideológico e cultural a designação do que é o Oriente. Assim, o Orientalismo não necessariamente estabelece uma relação dialética e real de identificação real com o Oriente e sim, inversamente é a ideia que o Ocidente faz dele. Nesse sentido o Oriente ajudou a definir a Europa ou o Ocidente de forma transcendente com sua imagem, ideia, personalidade e experiência contrastantes. O Oriente na visão do Orientalismo então é o “lugar do exótico”. Analiticamente precisamos tornar do ponto de vista teórico, prático e afetivo o exótico em familiar.  Trata-se do lugar de análise do não civilizado, da barbárie, do oposto, do diferente, do inimigo, do Outro. Além dessas características sociais que constituem o estereotipo do Oriente criado pelo Ocidente existe um marco na história das ciências que contribuiu para que o Oriente também fosse considerado um lugar atrasado, menos evoluído, e, em seu desenvolvimento, incivilizado. 

A definição de civilização baseada na análise comparada teve origem também no Iluminismo. Através do empirismo e posteriormente da importação “de fora para dentro”, da teoria evolucionista de Charles Darwin pelas ciências humanas. Que adotaram por muitos anos essa ideia da “escala evolutiva da sociedade”. Assim, comparativamente como o ser humano evoluiu, em termos biológicos, de um ancestral primata até o Homo Sapiens, a sociedade evolui também de forma que, uma sociedade anterior a concepção atual é inferior, menos evoluída do ponto de vista de sua formação e desenvolvimento social, como ocorre no discurso antropológico evolucionista de Lewis Morgan à Friedrich Engels etc. Assim ocorreu durante o “imperialismo europeu” e assim também ocorre hoje em dia com o “imperialismo norte-americano” tentando implantar com a força das armas seu modelo de democracia no Oriente para justificar suas ações políticas. Essa justificativa baseia-se sempre em um modelo de sociedade religiosa que tenta ser imposto aos outros povos como “aparentemente superior”, ou melhor, do que o deles. Aconteceu na historia nas Cruzadas, na Expansão Marítima, no Holocausto e ocorre nas invasões e massacre dos Estados Unidos da América em sua fase “superior do imperialismo”, para lembramos de V. I. Lênin, aos países e povos secularizados através de e na cultura do Oriente Médio.

Kurylenko nasceu em Berdiansk, na República da Ucrânia na União  Soviética. Seu pai, Konstantin Kurylenko, é ucraniano, e sua mãe, Marina Alyabysheva, que ensina arte e é artista expositora, nasceu em Irkutsk Oblast, na Rússia, e é de ascendência russa e bielo-russa. Seus pais se divorciaram quando ela tinha três anos e ela foi criada por sua mãe. Kurylenko raramente teve contato com o pai, encontrando-o pela primeira vez depois da separação quando ela tinha oito anos, e depois quando ela tinha treze anos. A atrizfoi descoberta por uma modelo feminina enquanto estava de férias em Moscou, aos 13 anos de idade. Com 15 anos, ela se mudou da Ucrânia para Moscou. Aos 16 anos ela se mudou para Paris, em 1996, ela assinou um contrato com a agência de modelos Madison, em Paris, onde conheceu sua publicista, Valérie Rosen. No ano seguinte, aos 18 anos, ela apareceu nas capas das revistas Vogue e Elle. E também nas capas das revistas Madame Figaro e Marie Claire. Ela se tornou o rosto das marcas Bebe Clarins e Helena Rubinstein. Ela também modelou para Roberto Cavalli e Kenzo apareceu no catálogo da Victoria`s Secret fundada em 1977 por Roy Raymond, uma espécie de Hugh Hefner da lingerie. Sua carreira cinematográfica começou na França em 2005.

O primeiro credito ocorreu no filme L`Annulaire (2005), e também estrelou em Je t`Aime, Quartier de la Madeleine (2011), contracenando com Elijah Wood. Nesse ano foi selecionada para ser o rosto da nova fragrância de Kenzo, Kenzo Amour. Ela também modelou para Roberto Cavalli e Kenzo. Em 2007, ela estrelou em Hitman ao lado de Timothy Olyphant, mais tarde ela interpretou a Bond Girl, Camille Montes no filme Quantum of Solace (2008), depois de derrotar Gal Gadot nas audições, papel que gerou a ela projeção internacional, e um status social de sex symbol. Neste filme, sequência direta de Casino Royale, James Bond luta contra o rico empresário Dominic Greene, membro da organização Quantum que finge ser um ambientalista, mas planeja armar um golpe militar na Bolívia para assumir o controle político das reservas de água do país. Procurando vingar-se pela morte de Vesper Lynd, Bond recebe ajuda de Camille Montes, que também procura vingança. Ela foi destaque na capa de dezembro em 2008, na edição norte-americana da revista Maxim e na capa da edição de fevereiro de 2009 da edição ucraniana da Maxim. Kurylenko apareceu no filme de Terrence Malick, To the Wonder (2012) com Ben Affleck. E também em Oblivion (2013), um filme de ficção científica estrelado por Tom Cruise e dirigido por Joseph Kosinski.

A atriz Olga Kurylenko se entrega à personagem militar, subtenente Karla, nos  movimentos estratégicos de ação, violência, drama ou eróticos. Após traumas vividos no Oriente Médio e viciada em “Opioides”, é realocada na Operação Sentinela em Paris, o intuito dos superiores, é deixá-la mais perto da mãe e da irmã. Contudo, já na  chegada, sua irmã sofre a violência física: um estupro de um estúpido magnata russo.   Após a contextualização do Oriente como “invenção” do Ocidente dentro desta forma de conceber o Oriente, chamada “Orientalismo”, Said (1990) aborda o conceito em três diferentes aspectos sociais. O Orientalismo acadêmico, imaginativo e histórico. Portanto, raça é um conceito que não corresponde a nenhuma realidade natural que diz respeito somente ao mundo social. Sendo, portanto um constructo ideológico e cultural, desenvolvido com o objetivo de promover identidades estanques e manejáveis. A estratégia ideológica por trás do discurso racial (cf. Brandão, 2020) é o de reforçar papéis de dominação por meio da diferenciação e hierarquização arbitrárias. O conceito de raça representa uma forma de naturalizar concepções equivocadas sobre as relações entre grupamentos humanos. Mas também está profundamente arraigado no comportamento social real. O “orientalismo imaginativo” é uma forma de pensar o Oriente e, diferente do conceito ainda precário, no modo de analisar pautado em determinado método, e na relação real da produção acadêmica e o que é transmitido ao senso comum, ao conhecimento geral, ao imaginário individual e coletivo de uma sociedade determinada.

O Relatório Mundial sobre Drogas 2020 divulgado pelo United Nations Office on Drugs and Crime demonstra que cerca de 269 milhões de pessoas usaram drogas no mundo em 2018.  Com sede em Viena, na Áustria, está presente em todas as regiões do mundo por meio de seus programas globais, conta com 2.500 funcionários e uma rede de escritórios de campo em 80  países. O Relatório baseia seu trabalho nas três convenções internacionais de controle de drogas, nas convenções contra o crime organizado transnacional e contra a corrupção e nos  instrumentos internacionais contra o terrorismo. O objetivo institucional é de tornar o mundo mais seguro contra a droga, o crime organizado, a corrupção e o terrorismo, combatendo essas ameaças para alcançar saúde, segurança e justiça para todos e promovendo a paz e o bem-estar sustentável. Enquanto a cannabis foi a substância mais consumida no mundo em 2018, com uma estimativa de 192 milhões de pessoas que a usaram, os opioides, no entanto, continuam sendo os mais nocivos, pois na última década o número total de mortes por transtornos associados ao uso de opioides teve alta de 71%, com aumento de 92% entre as mulheres, comparado com 63% entre os homens. O uso de drogas aumentou muito mais rapidamente entre os países em desenvolvimento, durante o período 2000-2018, do que comparativamente nos países chamados de desenvolvidos. Adolescentes e jovens representam a maior parcela de consumo daqueles que usam drogas, enquanto os jovens também são os mais vulneráveis aos efeitos específicos das drogas, pois são os que mais consomem e seus cérebros ainda estão em processo de desenvolvimento.

O Relatório baseia seu trabalho nas três convenções internacionais de controle de drogas, nas convenções contra o crime organizado transnacional e contra a corrupção e nos instrumentos internacionais contra o terrorismo. O objetivo institucional é de tornar o mundo mais seguro contra a droga, o crime organizado, a corrupção e o terrorismo, combatendo essas ameaças para alcançar saúde, segurança e justiça para todos e promovendo a paz e o bem-estar sustentável. Os norte-americanos são os maiores consumidores de maconha e cocaína do mundo, apesar da legislação repressiva adotada nos Estados Unidos da América, revela um estudo realizado em 17 países. Segundo o estudo, dirigido por pesquisadores da Universidade de New South Wales, em Sidney, Austrália, 16,2% dos norte-americanos já consumiram cocaína ao menos uma vez, enquanto que em análise comparada 42,4% já fumaram maconha. O estudo é baseado em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os neozelandeses aparecem na segunda posição entre os consumidores de entorpecentes, com 4,3% para cocaína e 41,9% para maconha. A pesquisa, realizada com 54.068 pessoas, representou o perfil estatístico do principal consumidor de drogas: jovem adulto, do sexo masculino, com alta renda e solteiro ou divorciado. O consumo “não parece ter uma relação direta com as políticas nacionais de repressão às drogas”, afirmaram os pesquisadores. De fato, “os países com uma legislação mais rigorosa não registram um menor consumo do que nações mais tolerantes”. A Holanda é um quase perfeito exemplo, baseado em conquistas de cidadania, política liberal em matéria de entorpecentes, têm apenas 1, 9% de consumidores de cocaína e 19, 8% de maconha.

Enquanto a cannabis representou a substância mais consumida no mundo em 2018, com uma estimativa de 192 milhões de pessoas que a usaram, os opioides, no entanto, continuam sendo os mais nocivos, pois na última década o número total de mortes por transtornos associados ao uso de opioides teve alta de 71%, com aumento de 92% entre as mulheres, comparado com 63% entre os homens. Um opioide é qualquer composto químico psicoativo que produza efeitos farmacológicos semelhantes aos do ópio ou de substâncias nele contidas. Também inclui os opiáceos. Os opioides agem sobre receptores opioides, com efeitos similares aos da morfina. O uso de drogas aumentou mais rapidamente entre os países em desenvolvimento, durante o período 2000-2018, do que nos países desenvolvidos. Adolescentes e jovens representam a maior parcela daqueles que usam drogas, enquanto os jovens também são os mais vulneráveis aos efeitos das drogas, pois são os que mais consomem e seus cérebros ainda estão em desenvolvimento. Embora o impacto das leis que legalizaram a cannabis em alguns países ainda seja difícil de avaliar, é notável que o uso frequente da cannabis aumentasse per se nessas  áreas após a legalização do consumo. Em alguns desses países, os produtos mais potentes da cannabis também são mais comuns no mercado. A cannabis também continua sendo a principal droga que coloca as pessoas em contato com o sistema de justiça criminal, respondendo por mais da metade dos casos de infrações à lei de drogas, com base em dados de 69 países, no período de  2014 a 2018. O Relatório também aponta que os países de baixa renda ainda sofrem com a escassez de opioides farmacêuticos, usados para controle da dor e cuidados paliativos.

As apreensões dos Estados Unidos da América custam aos traficantes dezenas de milhões de dólares. Mais de 90% de todos os opioides farmacêuticos disponíveis para consumo médico encontravam-se em países de alta renda em 2018, compreendendo em torno de 12% da população mundial. Os opioides estão entre as drogas mais antigas do mundo: o uso terapêutico da papoula do ópio é anterior à história documentada. Os efeitos analgésicos dos opioides se devem a uma diminuição da percepção da dor, ou seja, a uma maior tolerância à dor. Os efeitos colaterais dessas substâncias incluem sedação, depressão respiratória, obstipação e um forte sentimento de euforia. Podem causar a supressão da tosse - sendo efetivamente empregados na prática clínica com essa finalidade, mas, ao mesmo tempo, a ação antitussígena pode ser considerada um efeito colateral indesejado. O paciente pode desenvolver dependência no tratamento, seguindo-se a síndrome de abstinência se o uso for interrompido repentinamente. A euforia produzida por elas é, todavia, um dos principais motivos para o uso social não médico dessas substâncias, com eventual abuso e dependência. A estimativa estatística é de que os países considerados dentro de baixa e média renda, que   compreendem os 88% da população mundial, consumam menos de 10% de opioides   farmacêuticos. O acesso de consumo aos opioides farmacêuticos depende de vários fatores   sociais e políticos, incluindo legislação, cultura, sistemas de saúde e práticas de prescrição.

Neste sentido vale uma digressão conceitual. Os próprios reclamos da imprensa dominante norte-americana foram atropelados pelo atentado terrorista de 11 de setembro às torres do World Trade Center (WTC) e, a partir de então, Bush filho comprometeu-se com a missão de “vingar o pai que não conseguira na outra Guerra do Golfo (1991) retirar Saddan Hussein do poder, no Iraque”. Cercado de assessores fundamentalistas, comprometido tanto com a indústria do petróleo quanto com a de armamentos, George W. Bush, que escapara do serviço militar, agora vai à guerra (2003), disposto a impor a sua vontade, sobretudo após o ataque ao povo afegão, a substituição de governo no Afeganistão e a insatisfatória resposta a Osama Bin Laden (1957-2011), um exilado responsabilizado pelo ato de 11 de setembro de 2001. Para nós, política é regulação da existência coletiva, poder decisório, luta entre interesses contraditórios, disputa por posições de mundo, confrontos mil entre forças sociais, violência em última análise. Só que a produção política (os processos políticos) se diferencia radicalmente da produção econômica porque usa eventualmente suportes materiais, tais como armas, livros, processos, papéis onde se inscrevem as ordens, os atos de gestão, as sentenças ou as leis, mas não é uma produção material. Porque consiste em decisões imperativas. Assim, é também diferente da produção simbólica porque se exercita sobre o interesse dos agentes sociais, quando não sobre o seu próprio corpo; corresponde a atos de vontade que regulam atividades coletivas; disciplina práticas sociais.

Não produz mensagens, discursos; produz obediências, obrigações, submissões, direitos, deveres, controles. Poder é uma relação social: de mando e obediência. As decisões tomadas politicamente se impõem a todos num dado território ou numa dada unidade social. Convertem-se em atividades coercitivas (esfera da segurança), administrativas (esfera da administração), jurídico-judiciárias (esfera da justiça) e legislativas (esfera da deliberação). O Estado de exceção tornou-se prática frequente entre as nações contemporâneas, atingindo desde o 3º Reich até o USA Patriot Act referido nos editorias em português como “Lei Patriótica”. O fracasso da busca por provas contundentes de armas de destruição em massa, cuja existência assegurou o argumento em defesa da guerra contra o Iraque, foi apoiada em documentos falsificados e fontes inconsistentes e sombrias, como ficou confirmado com os escândalos tanto no Parlamento inglês, onde foi solicitada a deposição do premier Tony Blair [que respondeu “em silêncio”], ou ainda, sobre a “culpa” de “acusação falsa” contra o Iraque, da Casa Branca e CIA, conforme o artigo publicado no jornal El País intitulado “Casa Branca e CIA culpam-se mutuamente sobre acusação falsa contra Iraque” (12.07.2003).

Estamos diante do mito de banhos de sangue que para a gramaticalidade do linguista Chomsky e Herman (1975), a partir da guerra do Vietnã, explica porque se deve continuar a matar em grande escala. Mas isso só foi possível com a passagem da produção de massa e da economia de mercado para as sociedades de conhecimento baseadas na informação e comunicação. Com a generalização dos conflitos aparentemente iniciados com os atentados ao Word Trade Center (WTC) e Pentágono, amplamente divulgados pela mídia norte-americana e de resto na Europa, refletimos noutra oportunidade, não propriamente sobre a questão de uma nova guerra no Afeganistão, mas sobre duas ou três noções correlatas que nestes dias escapam ao gravíssimo problema dos dispositivos discursivos editados na e pela informação globalizada. A palavra terrorista, em primeiro lugar, não pode, de certo, ter reconhecimento para o confronto de entidades terroristas de manutenção das tradições e sobre ocupações de terra, historicamente constituído. A maioria dos estudiosos erra quando considera um ato terrorista isolado, praticado por um grupo religioso fanático. E concordar com a ideia de que derrubar o WTC é um ato de guerra histórico equivalente ao que ocorreu em Saravejo em 1914 é, conforme entendemos, apressado. Difícil concordar ainda, como alguns afirmam, que em New York explodiu a primeira guerra da globalização. Nada! NY construiu o que a etnologia de Marc Augé problematizou como “ego ficcional”. Isto é, cúmulo de um fascínio que se aciona em toda relação social exclusiva com a imagem, é “um ego sem relações” (“est un moi sans relations”) e, sem suporte identitário, suscetível de absorção pelo mundo de imagens onde ele pensa poder reencontrar-se e reconhecer-se.

De outra parte, o sociólogo Slavoj Žižek denominou-o de “fantasia paranóica americana máxima”, isto é, um paraíso consumista, onde um indivíduo percebe um espetáculo encenado para convencê-lo de que ele vive em um mundo real. Exemplo: O filme “Tempo Fora dos Eixos” (“Time Out of Joint”). Na década de 1960, em segundo lugar, uma canção de Dylan, “Subterranean Homesick Blues”, quando ela diz: “Não é preciso um meteorologista para dizer de que lado sopra o vento...”. (“You don`t need a Weatherman to Know which way the wind blows”) inspirou um movimento da juventude norte-americana que se propunha a destruir a sociedade pela violência. O movimento surgiu como a facção militante dos 40 mil estudantes da Studentes Democratic Society (SDS). No Congresso nacional e histórico do SDS em Chicago (1969) essa facção tornou-se dominante e conseguiu expulsar os marxistas não-violentos. Adotaram uma política de violência imediata com o nome Weathermen e foram os autores de bombas atiradas em bancos, tribunais, universidades etc. Análises importantes, todavia provisórias, têm sido feitas a respeito, no caso dos Estados Unidos da América.

O primeiro talvez a chamar a atenção, naquele momento, tenha sido o escritor Gore Vidal, talvez melhor que os autores de “Bains de Sang Constructifs dans le Sang et la Propagande” (1975) ainda que estes tenham demonstrado até que ponto o governo dos Estados Unidos anteriormente tenham se envolvido em crimes praticados na Guerra do Vietnã. Ipso facto, Vidal divulgou no jornal El País (Madri) parte do conteúdo das cartas-correspondências que mantinha com o terrorista norte-americano Timothy, pouco antes da violência letal atribuída ao Estado. Dizia ele - contra o terror de Estado, - que melhor teria ocorrido ao terrorista explodir bombas para efeito simbólico de destruição de prédios, sem vítimas, p. ex., o próprio Pentágono. No que se refere ao confronto contra os afegãos e a utilização de imagens, como sabemos, o Corão proíbe a reprodução de figuras humanas e sagradas. Para os fundamentalistas, a interdição, realizada há 1.300 anos, vale para fotos e imagens transmitidas pela TV. Porque querem preservar, a todo custo, o que construíram: as regras e normas do islamismo professado por Maomé. Embora o país tenha sido devastado nos últimos 200 anos por uma dezena de conflitos, três guerras contra a Inglaterra até sua Independência em 1919, um golpe de Estado que derrubou o rei em 1973, e ainda, em 1979 a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), devastou o país permanecendo em guerra por consecutivos dez anos. Quando estes foram expulsos, assumiu o poder a milícia islâmica Taliban, que significa estudante, no dialeto pashto, a segunda língua da região.

O grupo foi criado em 1994 por um movimento estudantil radical. O “império” americano realizou uma guerra longa contra o Afeganistão como anunciaram pela mídia. No caso do Iraque, nestes dias e em termos de submissão das vontades, a guerra foi considerada “rápida” na contabilidade americana porque culminou com a morte de dez mil militares, aproximadamente três mil civis e dezesseis jornalistas em pouco mais de vinte dias. Daí a terceira questão e breve, que diz respeito a duas definições weberianas entrelaçadas ao espírito do capitalismo. Todavia trata-se apenas de uma intuição. Max Weber (2003) em 1904/05 afirmava o seguinte: Ninguém sabe ainda a quem caberá no futuro viver nessa prisão, ou se, no fim desse tremendo desenvolvimento, não surgirão profetas inteiramente novos, ou um vigoroso renascimento de velhos pensamentos e ideias, ou ainda se nenhuma dessas duas - a eventualidade de uma petrificação mecanizada caracterizada por esta convulsora espécie de auto-justificação (“sich-wichtig nehmen”). O fato é que estes últimos homens poderiam ser designados de acordo com Max Weber, como “especialistas sem espírito, sensualistas sem coração, nulidades que imaginam ter atingido um nível de civilização nunca antes alcançado”. E em contraposição, o conceito de carisma, que particularmente refere-se a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória.

O sempre novo, o extracotidiano, o inaudito e o arrebatamento emotivo que provocam constituem a fonte da devoção pessoal. Representam eles a dominação do profeta, do herói guerreiro e do grande demagogo. É uma relação social especificamente extracotidiana e puramente pessoal. O pressuposto indispensável para isso é “fazer-se acreditar”. Se “lhe falha o êxito, seu domínio oscila”. A impressão que temos diante da mídia norte-americana e de resto na Europa, para não falarmos no Brasil, quanto ao nome de bin Laden [bin em letra minúscula significa “filho de” é que, como justificativa para o fim da economia de guerra - ou a chamada “guerra fria”, os conflitos mundiais perderam sua matriz político-ideológica e ganharam desde a guerra contra o Golfo Pérsico (1991) mediações culturais e religiosas, de “suposta” rivalidade entre emblemas como Ocidente e Oriente, entre cristãos, judeus e islâmicos. Ele assim [bin Laden] passa a ser o que o sociólogo Max Weber intuiu: “não surgirão profetas inteiramente novos?”. Um exemplo sobre o gravíssimo problema dos dispositivos discursivos editados na e pela informação globalizada. A pergunta é que saber se forma a partir daí e deste ponto de vista abstrato, revelar a vontade de saber que lhe serve ao mesmo tempo de suporte e instrumento. Interessa-nos levar em consideração, quem fala, os lugares e os pontos de vista de que se fala, as instituições que incitam a fazê-lo, que armazenam e difundem o que se diz sobre o fato discursivo global. Mark Bowden e sua imersão jornalística no ideário europeu e norte-americano são um típico exemplo.

Os episódios de 11 de setembro em Nova Iorque fora de dúvida recolocaram em pauta o conceito de “guerra justa”, pragmaticamente pensado como autodefesa. Diante da ineficácia simbólica, da ideia de “guerra limpa”, “guerra tecnológica”, onde não haveria mais “banhos de sangue” a ser exibido, nem combate “corpo a corpo”. Em verdade este conceito foi elaborado pela cristandade ocidental no século XII, a partir da expansão da sociedade europeia ocidental através das lutas contra os hereges, das investidas das cruzadas e da criação da Inquisição. De modo que, “estamos diante de um embate ideológico travado no interior da teologia política ocidental que percorreu vários séculos”. A ideia de “guerra justa” também pode ser admitida como uma “guerra contra os infiéis”, erigida a partir do expansionismo da igreja romana, católica, no qual as Cruzadas politicamente condensaram toda a sua magnitude religiosa. Situa-se neste enquadramento ideológico a expansão marítima e colonial da cristandade europeia para a América, Ásia e África, a partir do século XVI, num quadro político onde a escravidão e o tráfico de escravos de nações africanas e indígenas não devem ser esquecidos.

Para os que nos interessa, a ideia de “guerra justa” implicou como implica uma absolvição moral da guerra e daqueles que a decidem e praticam”. Mas decidem, em primeiro lugar, porque a guerra hoje é vista pelo espelho emocional das sociedades. A televisão amplifica a personalização exacerbada dos comportamentos. E para um líder político, o virtual permite mostrar um tipo particular de proteção: a imunidade midiática. E em segundo lugar porque o novo império, é uma empresa plutocrática que exerce poder simbólico sobre a sociedade civil mundial e propõe-se a administrar e hierarquizar as diferenças numa economia geral de comando. Daí que a radicalização política ocorre de forma mais aguda na década de 1990. Os fatores que contribuíram para tal fato foram, o fim da política internacional de “equilíbrio entre blocos”, representado, no plano simbólico, pela queda do Muro de Berlim, que havia garantido, bem ou mal, que os conflitos permanecessem confinados em fronteiras imaginárias, ou seja, para que a guerra imperialista fosse percebida como “localizada”. A velocidade com que ocorreu o desmantelamento do bloco socialista deveu-se a uma conjunção de variáveis desfavoráveis à articulação de um novo “equilíbrio”.

Estas variáveis desfavoráveis representaram, de um lado, os governos republicanos nos Estados Unidos articulados em torno de Reagan e Bush, pai – meados da década de 1980 e meados da década dos anos 1990. Estes governos desancaram a voracidade expansionista e o exclusivismo do “império”, impedindo, inclusive a formação da Comunidade de Estados Independentes (CEI) na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas proposta por Mikhail Gorbachev. Com receio dos partidos comunistas do Iraque e do Irã, por exemplo, que eram organizações políticas fortes até o início do processo de distensão política na região, apoiaram (militarmente) forças políticas ligadas a grupos fundamentalistas islâmicos, até então minoritários em vários países asiáticos (dentre eles o Irã e o Iraque). De outro lado, a eleição de João Paulo II designada como “papa polonês” da Igreja Romana, deu uma guinada à direita na inserção política da cristandade ocidental e interferiu diretamente na velocidade do desmantelamento do bloco socialista na Europa oriental, e da Polônia, dificultando uma repactuação política em termos internacionais. Foi muito mais fraco o tom, para não falar em omissão, do Papado Romano na condenação moral das carnificinas entre cristãos grego-ortodoxos e os povos muçulmanos nos Bálcãs.

Mesmo no conflito palestino-israelense a omissão ronda a presença do Vaticano. Também na América Latina, os efeitos desta guinada fizeram-se presentes, através do esvaziamento político da Teologia da Libertação, com desdobramentos significativos, sendo o caso da Nicarágua o mais emblemático. Estes episódios demonstram porque o genocídio, a vitimização de civis seja pela guerra convencional, seja pela guerra de guerrilha ou pelo terrorismo, e a tortura, começaram a ganhar a condenação moral da sociedade civil internacional, que vem reclamando, no tempo presente, por um Tribunal Penal Internacional. Porque tem sido importante declarar direitos universais que devem ultrapassar as barreiras dos Estados constituídos. E, além disso, retomar o conceito de dignidade humana e dos direitos civis fundamentais que se constituem como sua garantia, como condição para a consolidação de uma vida estável e digna de ser vivida em todo o planeta. Do ponto de vista conceitual o vocábulo sentinela tem sua origem  na palavra italiana sentinella que, por sua vez, provém do verbo ouvir ou perceber.

Assim, sentinela é a pessoa que tem a função de vigiar os outros e estar atento a qualquer perigo ou ameaça, real ou imaginária. Por este motivo, é um termo que se utiliza primordialmente na esfera de influência militar. A estratégia militar exige um complexo sistema de organização. Um elemento fundamental é a segurança das tropas que formam um corpo militar. Neste contexto de segurança, a sentinela cumpre com uma missão específica: vigiar e advertir qualquer tipo de perigo que seja possível. O indivíduo que realiza esta função é normalmente uma figura ideal do soldado que durante um tempo determinado se coloca em posição estratégica para ter amplo campo de visão. Na segunda metade do século XVIII: o soldado se tornou algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas: lentamente uma coação calculada percorre cada parte per se do corpo, assenhoreia-se dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos (cf. Foucault, 2014); em resumo, foi “expulso o camponês” e lhe foi dada a “fisiognomia de soldado”. O rosto seduz de forma mais segura e ainda mais sutil do que as palavras. O rosto é objeto de um trabalho pessoal, indispensável à conversão e ao comércio entre os homens.

Manuais de retórica, obras de fisiognomonia, livros de civilidade e artes de conversação lembram incansavelmente do século XVI ao XVIII que o rosto está no centro das percepções de si, da sensibilidade ao outro, dos rituais da sociedade civil, das formas do político. Trata-se de um privilégio antigo que reveste, porém, uma nova tonalidade a partir do início daquele século. Todos esses textos dizem e repetem que o rosto fala. Ou, mais precisamente, que pelo rosto é o indivíduo que se exprime. Um laço se esboça e depois é traçado, segundo Courtine & Haroche (2016: 10-11) mais nitidamente entre sujeito, linguagem e rosto, um laço crucial para a elucidação moderna. As percepções do rosto são lentamente deslocadas, as sensibilidades à expressão se desenvolvem progressivamente. É um dos traços físicos essenciais do avanço do individualismo nas mentalidades. Um “individualismo de costumes” que Philippe Ariès atribui a um processo social geral de privatização que vai transformar profundamente a identidade individual entre estes últimos séculos e reconfigurar de maneira paradoxal as relações entre comportamentos públicos e privados: o que vai, por um lado, afirmar a proeminência do indivíduo e incitar a expressão pessoal. O indivíduo é, em diante, indissociável da expressão singular de seu rosto, com uma tradução corporal de seu eu íntimo. Mas, por outro lado, esse mesmo movimento que o incita a se exprimir leva-o ao mesmo tempo a se apagar, a mascarar o seu rosto, a encobrir sua expressão.

As sentinelas ficam situadas em pontos específicos no exterior dos quartéis e costumam proteger-se das inclemências do tempo e espaço no interior de uma guarita. Obviamente, este soldado deve permanecer corretamente uniformizado e armado. Deve-se ressaltar a importância do papel da sentinela sob a ótica militar, pois o mesmo cumpre também uma função comunicativa através de sua presença e por estar sempre pronto para defender o quartel de qualquer eventualidade. Se a sentinela não cumprisse com essa função certamente o recinto militar ficaria desprotegido e suscetível a ataque. Fora do campo militar é possível também empregar o conceito sentinela em um sentido figurado. Isso acontece com as várias passagens da Bíblia e que “aparecem como sinônimo de guarda”. Por exemplo, os querubins são descritos como guardiões da árvore da vida e o arcanjo Miguel tem a incumbência de cuidar do corpo de Moisés. A figura do profeta Ezequiel também cumpre essa função como sentinela do “seu povo”, o nome Ezequiel significa em hebraico “Deus é minha fortaleza”. Desta maneira, a ideia de sentinela na Bíblia tem o papel de guardião em um sentido simbólico de expiação.

Klara, representada pela atriz Olga Kurylenko, é uma militar disciplinada, destacada em algum lugar do Sahel, que designa os países da África ocidental, para os quais existe um complexo sistema de estudos da precipitação. Ao longo da história social da África, o Sahel assistiu à sucessão de alguns dos mais avançados reinos africanos, que beneficiaram do comércio através do deserto, reconhecidos como Reinos Sahelianos, na região meridional da África, onde as tropas francesas combatem o terrorismo e o extremismo na região. Após presenciar uma explosão, ela é enviada de volta para casa, em Paris, onde passa a patrulhar as ruas no combate ao terrorismo na capital francesa. Após uma festa com sua irmã, Tânia (Marilyn Lima), Klara recebe uma ligação telefônica dizendo que sua irmã sofrera uma violência e que estava em coma no hospital. Assim começa uma estratégia de honra da militar, que não vai até Nice apenas para “fazer justiça com as próprias mãos”. Mais do que isso. Etnograficamente segundo Foucault, o soldado, é antes de tudo, alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia: e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas – essencialmente lutando – as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, da retórica de honra.

O Sahel, do árabe ساحل, sahil, que significa “costa” ou “fronteira” é uma faixa de 500 a 700 km de largura, em média, e 5 400 km de extensão, entre o deserto do Saara, ao norte, e a savana do Sudão, ao sul; mas também entre o oceano Atlântico, a oeste, e ao mar Vermelho, a leste. O Sahel atravessa os seguintes países de oeste para leste: Gâmbia, Senegal, a parte sul da Mauritânia, o centro do Mali, norte do Burquina Fasso, a parte sul da Argélia, Níger, a parte norte da Nigéria e dos Camarões, a parte central do Chade, assim como a região do centro e sul do Sudão, o norte do Sudão do Sul e a Eritréia. Eventualmente, são incluídos também a Etiópia, o Djibuti e a Somália. Constitui uma zona de transição fundamental entre a ecozona paleoártica e a ecozona afro-tropical, ou seja, entre a aridez do Saara e a fértil da savana sudanesa sentido norte-sul. É região fitogeográfica dominada por vegetação de estepes que recebe uma precipitação entre 150 e 300 mm por ano. É protegida por um cinturão verde constituído por uma flora diversificada, que a protege dos ventos do Saara. Mas, o Sahel tem sido atingido também por períodos de seca. Entre 1968-1974, seu prolongamento levou a situação de intensa fome na região, motivando política de criação do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, agência especializada das Nações Unidas.

A guerra do Sahel, também chamada de conflito armado no Sahel, insurreição islamita no Sahel ou insurreição jihadista no Sahel é um conflito armado entre os países da região do Sahel, em particular: Mali, Níger, Mauritânia, Burquina Fasso e Chade e os grupos jihadistas salafistas ligados principalmente a Al-Qaeda. Este conflito é uma consequência indireta da Guerra Civil Argelina quando, em busca bases de retaguarda, os rebeldes islamitas argelinos decidiram se estabelecer no deserto a partir do início dos anos 2000. Um conflito armado entre o governo argelino e vários grupos de rebeldes islâmicos, que teve início em 1991. O número de mortos é estimado entre 150 e 200 mil, entre os quais há mais de 70 jornalistas, quer por forças do Estado ou por militantes islâmicos. O conflito terminou em vitória para o governo após a rendição do Exército de Salvação Islâmica e a derrota, em 2002, do Grupo Islâmico Armado. No entanto, atualmente ainda se produzem conflitos de baixa intensidade em algumas áreas. A disputa começou em dezembro de 1991, quando a Frente Islâmica de Salvação (FIS) ganhou popularidade entre o povo argelino, e a Frente de Libertação Nacional (FLN) representando o partido do governo, temendo a vitória do primeiro, cancelou as eleições após a primeira rodada, uma vez que se tornou evidente que ganharia a Frente Islâmica de Salvação e que terminaria com a democracia.

Após a proibição da FIS e a detenção de milhares de seus membros, os seus apoiadores começaram uma guerra de guerrilha contra o governo e seus partidários. Os principais grupos rebeldes que lutavam contra o governo foram o Movimento Islâmico Armado (MIA), com base nas montanhas, e o Grupo Islâmico Armado (GIA), nas aldeias. Os guerrilheiros inicialmente previram o exército e a polícia na Argélia, mas alguns grupos começaram logo a atacar civis. Em 1994, quando as negociações entre governo e líderes encarcerados da FIS atingiram o seu auge, o GIA, por um lado, declarou guerra à FIS e os seus apoiadores, enquanto o MIA, por seu turno e vários grupos menores reagrupados declararam sua lealdade à FIS, a ser renomeado Exército de Salvação Islâmica (SIA). Isso levou a um caminho ardiloso caracterizado por três guerras. Progressivamente, passariam a realizar ações de guerrilha, terrorismo e tomada de reféns na região; sobretudo, passariam de modo gradual a criar laços afetivos com as populações civis e disseminar islamismo radical que acabará por levar ao recrutamento dos autóctones, ou ao surgimento de novos movimentos muito ancorados localmente, como o Ansar Dine, o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO), ou até mesmo Katiba Macina. A França intervém como potência imperialista militarmente em apoio estratégico aos Estados da região: primeiro no Mali em 2013, com a Operação Serval, depois em todo o Sahel em 2015, com a Operação Barkhane.

Os recrutas são habituados a manter a cabeça ereta e alta; a se manter direito sem curvar as costas, a fazer avançar o ventre, a salientar o peito, e esconder o dorso; e a fim de que se habituem essa posição lhes será dada apoiando-os contra um muro, de maneira que os calcanhares, a batata da perna, os ombros e a cintura encostem-se a ele, assim como as costas das mãos, virando os braços para fora, se afastá-los do corpo, ser-lhes-á igualmente ensinado a nunca fixar os olhos na terra, mas a olhar com ousadia aqueles diante de quem eles passam, a ficar imóveis esperando o comando, sem mexer a cabeça, as mãos nem os pés, enfim, marchar com passo firme, com o joelho e a perna esticados, a ponta baixa e para fora.  Houve na história durante a Época Clássica, uma descoberta da representação do corpo como objeto de alvo e poder, ao corpo que se manipula, modelam-se, treina-se, que obedece, responde, torna-se hábil ou cujas forças se multiplicam. O grande livro do homem-máquina foi escrito simultaneamente em dois registros: no anátomo-metafísico, cujas primeiras páginas haviam sido escritas por René Descartes e que os médicos, os filósofos continuaram; o outro, técnico-político, constituído por um conjunto de regulamentos militares, escolares, hospitalares e por processos empíricos e refletidos para controlar ou corrigir as operações do corpo.

Dois registros bem distintos, pois se tratava ora de submissão e utilização, ora de funcionamento e de explicação: corpo útil, corpo inteligível. E, portanto, de um ao outro, pontos de cruzamento. “O homem-máquina” de La Mettrie é ao mesmo tempo uma redução materialista da alma e, além disso, uma teoria geral do adestramento, no centro dos quais reina a noção de “docilidade” que une corpo ao corpo analisável o corpo manipulável. Ipso facto, é dócil, afirma Foucault, “um corpo que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado”. O que há de novo?  Não é a primeira vez, certamente, não sendo a última, que o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e urgentes; nas sociedades onde o corpo está preso no interior de poderes apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Muitas coisas são novas nessas técnicas. A escala, em primeiro lugar: não se trata de cuidar do corpo, em massa, como se fosse uma unidade indissociável, mas de trabalhá-lo detalhadamente; de exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao mesmo nível da mecânica – movimentos, gestos, atitude, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo.

O objeto, em seguida do controle: não, ou não mais os elementos significativos do comportamento ou a linguagem do corpo; mas a economia, a eficácia dos movimentos, sua organização interna; a coação se faz mais sobre as forças que sobre os sinais; a única cerimônia que realmente importa é a do exercício. A modalidade, enfim: implica uma coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha formalmente ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos. Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as “disciplinas”. Muitos processos disciplinares existam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer do século XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação. Diferentes da escravidão, não se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos.

Diferentemente da domesticidade, quando nos vemos diante do imediato, que é uma forma de relação social de dominação constante, global, maciça, não analítica, ilimitada e estabelecida sob a forma da vontade singular do patrão, da questão de seu “capricho”. Diferentes da vassalidade que é uma relação de submissão altamente codificada, mas longínqua e que se realiza menos sobre as operações do corpo que sobre os produtos trabalho e as marcas rituais da obediência. Diferentes ainda do ascetismo e das “disciplinas” de tipo monástico, que têm por função realizar renúncias mais do que aumentos de utilidade e que, implicam obediência a outrem, têm como fim principal um aumento do domínio de cada um sobre seu próprio corpo. O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não exclusivamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se  uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula, o recompõe.

Sem temor a erro podemos afirmar que assim se coloca o problema abstrato das relações desses procedimentos com o discurso. Mas eles não têm a fixidez repetitiva dos ritos, dos costumes ou dos reflexos, como ocorre via de regra com cidades da dimensão de Fortaleza – saberes que não mais ou ainda se articulam em discursos. Sua mobilidade se ajusta incessantemente a uma diversidade de objetivos e “golpes”, mas sem que dependam de uma elucidação verbal. Mas são de fato autônomas a este respeito? Táticas no discurso pode ser o ponto de referência formal de táticas sem discurso. Como também essas maneiras de pensar investidas em maneiras de fazer constituem um caso estranho – e maciço – das relações que tais práticas mantêm com teorias. Em Foucault, o drama se desenrola, como sempre, entre duas forças, cuja relação a astúcia do tempo inverte. Essas táticas vão se afinando e estendendo sem precisar recorrer a uma ideologia. Mediante um lugar celular do mesmo tipo para todos, elas aperfeiçoam a visibilidade e o reticulado desse espaço para transformá-lo num instrumento capaz de disciplinar, vigiando, e de tratar não importa que grupo humano. Trata-se de detalhes tecnológicos, processos ínfimos e decisivos. Acabam vencendo a teoria: por eles se impõem a universalização da pena uniforme, a prisão, que inverte, a partir de dentro, as instituições revolucionárias e instala em toda parte o “penitenciário” no lugar da justiça penal. Michel Foucault distingue estes dois sistemas heterogêneos.

Esta notável técnica de interpretação historiográfica destaca ao mesmo tempo duas questões que não se devem, no entanto, confundir: de um lado, o papel decisivo dos procedimentos e dispositivos tecnológicos na organização de uma sociedade; de outro lado, o desenvolvimento excepcional de uma categoria particular desse dispositivo: a) como explicar o desenvolvimento privilegiado da série particular que é constituída pelos dispositivos panópticos? E, b) qual o estatuto de muitas séries que, prosseguido em seus silenciosos itinerários, não deram lugar a uma configuração discursiva nem a uma sistematização tecnológica? Poderiam ser consideradas como uma imensa reserva constituindo os esboços ou traços de desenvolvimentos diferentes. Outros dispositivos tecnológicos, e seus jogos com a ideologia, foram já esquadrinhados por estudos recentes que sublinham também, embora em perspectivas diferentes, o seu caráter dominante. Mas parecem prevalecer durante um tempo mais ou menos longo, depois cair na massa estratificada dos procedimentos metódicos, enquanto vão dando lugar a outros através da representação do papel de informar um determinado sistema. 

Bibliografia geral consultada. 

HELLER, Agnes, Sociologia della Vita Quotidiana. Roma: Editore Riuniti, 1975; KEMP, Tom, La Revolucion Industrial en la Europa del siglo XIX. Barcelona: Libros de Confrontacion, 1976; VAN GENNEP, Arnold, Os Ritos de Passagem. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1978; SAID, Edward, Orientalismo: O Oriente como Invenção do Ocidente. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1990; WEBER, Max, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 2ª edição. São Paulo: Editora Pioneira, 2003; BALLANI, Tanimária da Silva Lira, Juventude, Drogas e Internação Hospitalar: Ampliando o Conceito de Evento Sentinela. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Enfermagem. Departamento de Enfermagem. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2006; BRAGA, Ubiracy de Souza, “A Questão Israelense-Palestina: Histórias Míticas?”. In: Jornal O Povo. Fortaleza, 7 de outubro de 2006; CRIGNON, Philippe, Hobbes et la Répresentation: Une Ontologie Politique. Thèse de Doctorat. Saint-Denis: Université de Paris 8, 2007; CERTEAU, Michel de, A Invenção do Cotidiano. 1. Artes de fazer. 22ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir. Nascimento da Prisão. 42ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; SPEZZARIA, Mario, A Linha Metafísica do Belo. Estética e Antropologia em K. P. Moritz. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; BRANDÃO, Wildson Roberto Lima, O Terrorismo e a Multiplicidade de Interpretação: A Lógica Racional das Teorias Racionalistas, a Construção Discursiva das Teorias Reflexivistas e as Relações Internacionais. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2020; SILVA, Mateus Ostemberg Benites, A Sentinela da Liberdade: O Capitão América e o Combate aos Inimigos da Democracia. Dourados – MS. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Faculdade de Ciências Humanas.  Dourados: Universidade Federal da Grande Dourados, 2020; NEVES, Pedro Fernandes, A Economia Local do Surf e o Desenvolvimento de Pequenas Cidades - O Caso de Peniche. Instituto de Geografia e Ordenamento de Território. Faculdade de Arquitetura. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2021; entre outros.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Cristian Mungiu - Desconfiança Obscura & Padres de Exorcismo.

Irina non è una ragazza tranquilla”.  Tatiana Niculescu (cf. Zandel, 2013) 

              

            A teologia do sacerdócio católico está enraizada no sacerdócio de Jesus Cristo e compartilha a influência de alguns elementos do antigo sacerdócio hebraico. Um padre é aquele que preside a um sacrifício e o oferta juntamente com as orações a Deus, em nome dos fiéis. O antigo sacerdócio judeu funcionava no templo em Jerusalém, onde animais eram oferecidos em sacrifício em vários momentos durante o ano por diversas razões. Na teologia cristã, Jesus é o cordeiro fornecido pelo próprio Deus como um sacrifício pelos pecados do mundo. Antes de sua morte na cruz, Jesus celebrou a Páscoa com seus discípulos, abençoando o pão e o vinho, respectivamente, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo” e “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados. No dia seguinte, o corpo e o sangue de Cristo estavam visivelmente sacrificados na cruz. Os católicos crêem que é este mesmo corpo, sacrificado na cruz e ressuscitado no terceiro dia que se faz presente na oferta de cada sacrifício eucarístico. O catolicismo não acredita que a doutrina da presença real de Cristo na Eucaristia implica uma mudança social nas reais características materiais alimentar do pão e do vinho: análises científicas dos elementos eucarísticos indicam que as propriedades físicas do pão e do vinho não mudam.

Cristian Mungiu, nascido em Iaşi, em 27 de abril de 1968 é um realizador de cinema romeno. Iași escrita em várias línguas europeias ocidentais é uma cidade e município da Romênia e a capital do județ (distrito) de Iași, na região da Moldávia. O município tem 94 km² e em 2011 a cidade tinha 290 422 habitantes e a sua área metropolitana tinha 507 100 habitantes. É a segunda maior cidade da Romênia, a seguir a Bucareste. Entre 1564 e 1859 foi a capital do Principado da Moldávia; depois disso, entre 1859 e 1862, foi uma das duas capitais dos Principados Unidos da Valáquia e Moldávia (1859-1881); entre 1916 e 1918 foi a capital da Romênia. O Palácio de Cultura de Jassy, de estilo neogótico, foi construído entre 1907 e 1926 no local de um antigo palácio principesco, desenhado pelo arquiteto I. D. Berindei, é agora um vasto complexo museológico. Mungiu é um dos realizadores atuais reconhecidos da Romênia. Em 2007, escreveu e dirigiu o filme 4 luni, 3 săptămâni şi 2 zile, premiado com a Palma de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Cannes. Depois de estudar Literatura Inglesa na Universidade de Iaşi, foi professor e jornalista. Em seguida inscreveu-se na  Universitatea Naţională de Artă Teatrală şi Cinematografică “I.L.Caragiale” (UNITAC) em Bucareste para estudar o processo de formação e realização de cinema.

A instituição assume o compromisso legitimo de centro cultural nacional, que contribui para a formação, desenvolvimento, transmissão e difusão dos valores culturais, e que é um marco para a arte e a cultura do nosso país, gerador de fenômenos artísticos e culturais. Formação de especialistas na área de artes cênicas e cinema, bem como em áreas afins: mídia, multimídia, gestão artística e cultural e marketing, pedagogia artística, em nível de graduação e pós-graduação (Mestrado/Doutorado), como uma universidade avançada de pesquisa e criação artística e/ou formação em perfil artístico e profissional de excelência. Após concluir a graduação em 1998, Mungiu dirigiu diversos curtas-metragens. Em 2002, estreou o seu primeiro filme, Occident, que recebeu aclamação da crítica, ganhou vários prêmios em festivais de cinema e foi anunciado no Director`s Fortnight no Festival de Cannes de 2002. Em 2007 Cristian Mungiu escreveu e realizou o seu segundo filme, intitulado: 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias. O filme foi recebido com entusiasmo, recebendo aclamação da crítica e foi selecionado para a competição oficial do Festival de Cannes de 2007, onde recebeu o Palme d`Or, marcando este tipo fabuloso de prêmios quando foi entregue ao realizador romeno. As influências estéticas de realização no cinema são as de Miloš Forman e Robert Altman.


Além das Montanhas (2012) é um filme que gira em torno do drama romeno, dirigido e escrito pelo cineasta Cristian Mungiu sobre duas jovens em um convento ortodoxo oriental na Romênia, representando a jurisdição autocéfala da Igreja Ortodoxa no território da Romênia, localizada no centro-sudeste da Europa, no norte da península dos Bálcãs e na costa ocidental do mar Negro. A Romênia surge no interior dos territórios da antiga Dácia, a região habitada pelos dácios (ou getas), como eram reconhecidos pelos antigos gregos, um ramo dos trácios que vivia a norte dos Bálcãs, uma província dos principados da Moldávia e Valáquia formados em união pessoal em 1859. A nação conquistou a independência política do Império Otomano em 1877 e, no final da guerra mundial, de 1914-18, Transilvânia, Bucovina e Bessarábia uniu-se como soberano Reino da Romênia. No final da 2ª guerra mundial, de 1939-45, os territórios que correspondem à Moldávia foram “ocupados” pela União Soviética e o país tornou-se uma república socialista e membro do Pacto de Varsóvia. Após a Revolução Romena de 1989, a nação transita para a democracia liberal e a economia de mercado capitalista. O filme polemiza a relação homoerótica feminina entre a questão da fé e sexualidade.  O etnocentrismo é a visão preconceituosa e unilateralmente formada sobre outros povos, culturas, religiões e etnias. Esse conceito refere-se ao hábito de julgar inferior uma cultura da sua própria cultura, considerando absurdo tudo que dela deriva e considerando a sua aparentemente como a única correta. É uma ignorância obscura, pois significa estado de quem se encontra na escuridão, de quem vive na ignorância.

Na filosofia, sabemos, o método socrático permanece um pouco, por toda parte, nas escolas, o modelo da pedagogia liberal – senão libertária – e, nesse sentido, é capital que Jacotot tenha invertido as coisas. Ele o fez, mostrando que o ponto crucial do que denomina “embrutecimento” não é a sujeição de uma vontade a outra; que o problema, justamente, não é o de abolir toda relação de autoridade, de forma a não deixar senão uma relação de inteligência à inteligência. Pois é exatamente quando só existe relação de inteligência à inteligência que a desigualdade das inteligências e a necessidade de que uma inteligência seja guiada por uma inteligência melhor se demonstra. A emancipação dos indivíduos deve, pois, ser pensada em um “esquema inverso”, no qual a vontade seja, não deixada de lado, para que se estabeleça a “pura” relação entre inteligências, mas, pelo contrário, se reconheça como tal, se declare como tal, isso é, se declare ignorante. O que é um mestre ignorante? É o que não transmite seu saber e não “guia” o aluno “ao bom caminho”,  que diz à vontade que se encontra a sua frente para buscar seu caminho e, para exercer sua inteligência, na busca desse caminho.

Michel Foucault (1984) é claro quando indica o século XVIII como o início de uma época de repressão própria das sociedades chamadas burguesas, e da qual talvez ainda não estivéssemos completamente liberados. Mas entende que denominar o sexo seria, a partir desse momento, mais difícil e custoso. Como se, para dominá-lo no plano real, tivesse sido necessário, primeiro, reduzi-lo ao nível da linguagem, controlar sua livre circulação no discurso, bani-lo das coisas ditas e extinguir as palavras que o tornam presente de maneira sensível. Dir-se-ia mesmo que essas interdições temiam chamá-lo pelo nome. Sem mesmo ter que dizê-lo, o pudor moderno obteria que não falasse dele, exclusivamente por intermédio de proibições que se completam mutuamente: mutismos que, de tanto calar-se, impõe o silêncio: censura. Ora, considerando-se esses três últimos séculos em suas contínuas transformações, as coisas aparecem bem mais diferentes: em torno e a propósito do sexo há uma verdadeira explosão discursiva. Novas regras de decência, sem dúvida alguma, filtraram as palavras: polícia dos enunciados. Controle também das enunciações: definiu-se de maneira muito mais estrita onde e quando não era possível falar dele; em que situações, entre quais locutores, e em que relações sociais; estabeleceram-se, assim, regiões, senão de silêncio absoluto, pelo menos de tato e descrição: entre pais e filhos, por exemplo, ou educadores e alunos, patrões e serviçais. É quase certo ter havido aí toda uma economia restritiva. Ela se integra nessa política da língua e da palavra – espontânea por um lado e deliberada por outro – que acompanhou as redistribuições sociais como representante da época clássica.

Em compensação, no nível dos discursos e de seus domínios, o fenômeno é quase inverso. Sobre o sexo, os discursos – discursos específicos, diferentes tanto pela forma como pelo objeto – não cessaram de proliferar: uma fermentação discursiva que se acelerou a partir do século XVIII. Mas o essencial, afirma Foucault, é a multiplicação dos discursos sobre o sexo no próprio campo do exercício do poder: incitação institucional a falar do sexo e a falar dele cada vê mais; obstinação das instâncias do poder a ouvir e a fazê-lo falar ele próprio sob a forma de articulação explícita e do detalhe infinitamente acumulado. Mas, pode-se muito bem policiar a língua, a extensão da confissão e da confissão da carne não para de crescer. Pois a Contra-Reforma se dedica, em todos os países católicos a acelerar o ritmo da confissão anual. Porque tenta impor regras meticulosas de exame de si mesmo. Mas, sobretudo, porque atribui cada vez mais importância, na penitência – em detrimento, talvez, de alguns outros pecados – a todas as insinuações da carne: pensamentos, desejos, imaginações voluptuosas, deleites, movimentos simultâneos da alma e do corpo, tudo isso deve entrar em detalhe, no jogo da confissão e da direção espiritual. O sexo segundo a nova pastoral, não deve ser mencionado sem prudência; mas seus aspectos, suas correlações, seus efeitos, ser seguidos até as mais finas ramificações: uma sombra num devaneio, uma imagem expulsa com demasiada lentidão, uma cumplicidade mal afastada entre a mecânica do corpo e a complacência do espírito: deve ser dito, é importante.

Um discurso obediente e atento deve, portanto, seguir, segundo todos os seus desvios, a linha de junção do corpo e da alma: ele revela, sob a superfície dos pecados, a nervura ininterrupta da carne. Sob a capa de uma linguagem que se tem o cuidado de depurar de modo a não mencioná-lo diretamente, o sexo é açambarcado e como que encurralado por um discurso que pretende não lhe permitir obscuridade nem sossego. Este projeto de uma “colocação do sexo em discurso” formara-se há muito tempo, numa tradição ascética e monástica. O século XVII fez dele uma regra para todos. Dir-se-á que, de fato, só poderia se aplicar a uma elite mínima; a massa dos fiéis que só frequentavam a confissão raras vezes por ano escapava as prescrições tão complexas. Sem dúvida o importante é que esta obrigação será fixada, pelo menos como ponto ideal para todo bom cristão. Coloca-se um imperativo: não somente confessar os atos contrários à lei, mas procurar fazer de seu desejo, de todo o seu desejo, um discurso. Esta é a tese inexorável de Foucault. Se for possível, nada deve escapar a tal formulação, mesmo que as palavras empregadas devam ser cuidadosamente neutralizadas. A pastoral cristã inscreveu, como dever fundamental, a tarefa de fazer passar tudo o que se relaciona com o sexo pelo crivo interminável da palavra. A interdição de certas palavras, a decência das expressões, todas as censuras do vocabulário poderiam muito bem ser apenas dispositivos secundários com relação a essa grande sujeição: maneiras de torná-la moralmente aceitável e tecnicamente útil.

Mas, no final das contas, também a pastoral cristã procurava produzir efeitos específicos sobre o desejo, pelo simples fato de colocá-lo integral e aplicadamente em discurso: efeitos de domínio e de desinteresse, sem dúvida, mas também efeito de reconversão espiritual, de retorno a Deus, efeito físico de dores bem-aventuradas por sentir no seu corpo as ferroadas da tentação e o amor que lhe resiste. O essencial é bem isso: que o homem ocidental há três séculos tenha permanecido atado a essa tarefa que consiste em dizer tudo sobre o sexo; que, a partir da época clássica, tenha havido uma majoração constante e uma valorização cada vez maior do discurso sobre o sexo; e que se tenha esperado desse discurso, cuidadosamente analítico, efeitos múltiplos de deslocamento, de intensificação, de reorientação, de modificação sobre o próprio desejo. Não somente foi ampliado o domínio do que se podia dizer sobre o sexo e foram obrigados os homens a estendê-lo cada vez mais; sobretudo focalizou-se o discurso no sexo, através de um dispositivo completo e de efeitos variados que não se pode esgotar na simples relação com uma lei de interdição. A questão é censura sobre o sexo?  Pelo contrário, constituíram-se uma aparelhagem para produzir discursos sobre o sexo, cada vez mais discursos, susceptíveis de funcionar e de ser efeito de sua própria economia. Enfim, o sexo não se julga apenas, administra-se. Sobreleva-se ao poder público; exige procedimentos de gestão; deve ser assumido por discursos múltiplos analíticos.

É preciso, portanto, abandonar a hipótese de que as sociedades antes industriais e hoje mais do que nunca pós-industriais inauguraram um período de repressão mais intensa sobre o sexo. Não somente assistimos a uma explosão visível das sexualidades heréticas mas, sobretudo e esse é o ponto importante, a um dispositivo bem diferente da lei: mesmo que se apoie localmente em procedimentos de interdição, ele assegura, através de uma rede de mecanismos entrecruzados, a proliferação de prazeres específicos e a multiplicação de sexualidades disparatadas. Diz-se que nenhuma sociedade teia sido tão recatada, que as instâncias de poder nunca teriam tido tanto cuidado em fingir ignorar o que interditavam, como se não quisessem ter nenhum ponto em comum com isso. É o inverso que aparece no imaginário individual e coletivo, pelo menos numa visão geral: nunca tantos centros de poder, jamais tanta atenção manifesta e prolixa; nem tantos contatos e vínculos circulares, nunca tantos focos onde estimular a intensidade dos prazeres e a obstinação dos poderes para se disseminarem mais além.

Na psicologia, existe um conceito chamado de “tríade obscura”. Este trio infame é composto de traços de personalidade que definem o que costumamos chamar de “pessoa ruim”. O primeiro desses traços é o narcisismo. Pessoas narcisistas tendem a se concentrar em si mesmas, fantasiar com poder ilimitado e precisar da admiração constante dos outros. Em seguida vem a psicopatia, isto é, falta de empatia com os demais. É a característica própria de pessoas manipuladoras, não confiável e que não se importam com os sentimentos ou interesses de outras pessoas. Os três traços estão presentes nas pessoas emocionalmente controladas. Estudos mostraram com altas pontuações na chamada tríade obscura através de pessoas possuindo níveis baixos de características como simpatia, honestidade e humildade. A expressão latina argumentum ad ignorantiam: também referida como apelo à religião, demonstra que a ignorância neste aspecto, designa uma falácia lógica que tenta comprovar que algo é falso ou verdadeiro, como a fé, a partir da ignorância sobre o assunto. É um falso dilema, já que assume que todas as premissas são verdadeiras ou que todas as premissas serão falsas.

Importante salientar a embaixada soviética em Bucareste representava o centro de apoio dos grupos que eram adversários de Ceausescu. Os stalinistas, os militares e os perestroikistas, a partir do anúncio da Perestroika. Muitos eram agentes dos soviéticos que estavam infiltrados no governo romeno. Assim como em países vizinhos, em 1989 a maior parte da população romena estava insatisfeita com o regime comunista. As políticas econômicas e de desenvolvimento de Nicolae Ceaușescu, incluindo projetos de  construção grandiosos e um programa de austeridade para capacitar a Romênia a pagar toda sua dívida nacional, geralmente eram culpadas pela escassez grave e predominante do país que aumentava a pobreza; além do mais, a polícia secreta (Securitate) havia se tornado tão omnipresente a ponto de tornar a Romênia essencialmente um Estado policial. Em novembro de 1989 foi sepultada a última aliança que Ceausescu poderia fazer com líderes das repúblicas socialistas soviéticas. Na Alemanha Oriental Erich Honecker (1912-1994) caiu e na Bulgária Todor Jivkov (1911-1998).

Estes três eram reconhecidos como adversários dos projetos de Mikhail Gorbatchov, Nobel da Paz (1990). As Revoluções dos anos de 1989, Outono das Nações, aparente colapso do comunismo, Revoluções do Leste Europeu ou queda do comunismo representaram apenas uma onda contrarrevolucionária que varreu a Europa Central e a Europa Oriental no final de 1989, determinando a derrubada do “modelo” soviético dos Estados comunistas no espaço de poucos meses. Os nomes para esta série de eventos datam das Revoluções de 1848, também reconhecidas como A Primavera das Nações. Em 4 de dezembro de 1989 houve reunião entre os líderes do bloco socialista do Leste europeu e de presidentes e ministros de relações exteriores com Mikhail Gorbatchov. Nicolae Ceaușescu (1918-1989) se mostrou reticente na questão da diminuição de asperezas entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o Pacto de Varsóvia, o acordo militar assinado em 14 de maio de 1955, na capital polonesa que dá nome ao entendimento geopolítico em torno do pacto social, entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e países do Leste europeu comunista. E relatório sobre a invasão da Tchecoslováquia (1968) onde Gorbatchov mal justificou como uma ação política conjunta em torno do Pacto. Entretanto, em sua opinião, Nicolae Ceaușescu ressaltou que a Romênia como nação nunca fez parte disso.

Tatiana Niculescu Bran (2013) nasceu em Bucareste, Romênia. Ela é formada pela Faculdade de Letras da Universidade de Bucareste e do Instituto Europeu de Jornalismo em Bruxelas. Ela trabalhou como editora para a Seção Romena do BBC World Service (Londres) entre 1995 e 2004 e chefiou o Bureau de Bucareste do Serviço Mundial entre 2004 e 2008. Em 2006, ela publicou o primeiro romance de não ficção da Romênia, Spovedanie la Tanacu (A Confissão) , que foi seguido em 2007, por Cartea Judecatorilor (O Livro dos Juízes). Filme de Cristian Mungiu, Beyond the Hills, que ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes em 2012, foi intimamente inspirado pelo par de romances de não ficção de Niculescu Bran. Outros títulos de Niculescu Bran incluem In tara lui Dumnezeu (Na Terra de Deus), um romance publicado em 2012, e duas peças. Deadly Confession, diretamente inspirado pelos eventos narrados em The Confession e The Book of Judges dirigido por Andrei Serban e estreou em Nova York no La Mama em 2007. Brancusi contra EUA (Brancusi vs. os Estados Unidos) examina um caso de O Escultor romeno Brancusi movido contra os Estados Unidos em 1926. Em 2011 publica o romance político As Noites do Patriarca. Em 2014, Bran é porta-voz do recém-eleito presidente da Romênia, Klaus Werner Johannis.

Atual presidente de seu país desde 2014. É presidente do Partido Nacional Liberal desde 2014 e presidente da câmara de Sibiu, na Transilvânia, Klaus Iohannis, cujo sobrenome também é escrito Johannis seguindo a ortografia alemã, é de etnia alemã, fazendo parte da minoria denominada “saxões da Transilvânia”. Foi professor de Física no colégio alemão Brukenthal em Sibiu. Durante os seus quatro mandatos como autarca em Sibiu, desde 2000, e com o apoio do Fórum Democrático de Alemães na Roménia (DFDR), Sibiu assistiu a um crescimento do turismo, tendo sido capital européia da cultura em 2007. O edil foi reeleito com resultados próximos dos 80 %. Em 2009, quatro dos cinco partidos com assento parlamentar quiseram nomeá-lo primeiro-ministro, após a queda em bloco do Governo do liberal Emil Boc, mas o Presidente Basescu recusou a proposta. Lidera o Partido Nacional-Liberal, que governava antes de Ponta. A etnia alemã, presente desde o século XII, ficou reduzida após a Revolução de 1989, que depôs o ditador Nicolae Ceaucescu. Os próprios pais de Iohannis emigraram para a Alemanha em 1992. Nas eleições presidenciais derrotou em nome da Aliança Cristão-Liberal (ACL), o primeiro-ministro socialdemocrata Victor Ponta, que governou desde 2012, na segunda volta.

É o quinto chefe de Estado da Romênia democrática e o primeiro oriundo da minoria étnica alemã. Com 96 % votos contados, Iohannis somava 55,8 % dos votos, contra os 44,2% de Victor Ponta. O novo chefe de Estado fala romeno, alemão e inglês. Formou-se em física na Universidade de Cluj-Napoca, em 1983, pertence à igreja evangélica luterana ligada à etnia alemã na Romênia. Iohannis é casado com Carmen Iohannis (nascida Carmen Lăzurcă), professora de inglês no Colégio Nacional Gheorghe Lazar em Sibiu. É evidentemente baseada em romance da escritora romena Tatiana Niculescu Bran. Seu romance de não-ficção Spovedanie la Tanacu (Deadly Confession) foi publicado pela Humanitas em 2006. Em 2007 a versão teatral dos livros dirigidos pelo norte-americano Andrei Serban foi apresentada La Mama Theatre em Nova York. Em 2008 a representação teatral encenada em Paris, Palais de Béhague. Consagrado, foi seguido pelo Livro dos Juízes (Cartea Judecatorilor). A 2ª edição (e também e-book) de Deadly Confession editado pela Polirom Publishing House em 2012. Daí à representação social da Romênia à edição do Oscar 2013, do filme După Dealuri (Além das Montanhas) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Os romances causaram sensação inspirando comercialmente o estiloso cineasta Cristian Mungiu, que dirigiu Beyond the Hills baseado nos mesmos romances. O filme ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes em 2012.

Crença é diferente de conhecimento e de ignorância. O seu objeto não é o ser e também não é o não-ser. Não há crença nem sobre o ser nem sobre o não-ser. Ela é menos eficiente, e, portanto, mais obscura que o conhecimento, porém mais luminosa que a ignorância. Ela ocupa, então, o meio-termo entre o conhecimento e a ignorância. O seu objeto está entre o ser e o não-ser. A identificação do objeto da crença é realizada pelo método socrático chamado elêntico (cf. Paula Neto, 2016). Pergunta-se aos amantes de espetáculos, se entre as numerosas coisas belas, haverá uma que não venha a mostrar-se feia, ou entre as justas, uma que não venha a parecer injusta. A resposta fornecida por Glauco, que ocupa na argumentação o lugar dos amantes de espetáculos, é que cada uma delas ora aparece bela ora feia, ora justa ora injusta, ora santa ora ímpia (479 a - b). Essas numerosas coisas que ora são ora não-são, ora mostram-se ser ora não-ser; essas coisas que rolam entre o ser e o não-ser devem ser colocadas como objetos da crença do ponto de vista da análise teórica abstrata, seja em Filosofia, seja em Sociologia. A crença é uma faculdade intermediária relacional ao conhecimento e a ignorância. Aqueles que veem essas numerosas coisas justas, mas não o justo em si tem crença. Mas não conhecimento e, crer não é o mesmo que conhecer: está baseado naquilo que ora é ora não-é. O filósofo é aquele que ama o ser e não se deixa enganar pelos sentidos - é detentor de conhecimento - enquanto os filodóxos são aqueles que amam a opinião, ou se deixam envolver religiosamente pelos sentidos - têm uma crença.

Exorcistas raramente ou nunca trabalham sozinhos. Normalmente são auxiliadas por, no mínimo, três outras pessoas. Uma delas é geralmente um padre mais jovem e menos experiente que está ou esteve sob treinamento para realização de exorcismos. Seu papel central é continuar o exorcismo e assumir o ritual, caso o exorcista fique muito fraco para continuar ou se ele morrer. A segunda pessoa que serve de assistente para o exorcista é, na maioria dos casos, um médico cuja responsabilidade é administrar qualquer medicação ou tratamento que a vítima da possessão precise, pois sob nenhuma circunstância o exorcista pode fazer isso. A terceira pessoa é tradicionalmente um homem parente daquela pessoa compreendida como possuída – normalmente o pai, irmão ou marido. Em alguns casos pode ser um amigo de confiança da família. Mas, em qualquer caso, é imperativo que esteja em boas condições sociais de saúde e seja forte, tanto física como mentalmente. Se a pessoa possuída é uma mulher, exorcistas providenciam que outra mulher esteja presente no ritual para evitar escândalos.

Antes de realizar o método de trabalho do ritual do exorcismo, é costumeiro que o padre faça uma “boa confissão” e seja absolvido de todos os seus pecados para o caso de o espírito ou demônio que ele enfrentará tente usá-los contra ele durante o ritual. Ele então veste os trajes necessários para os padres exorcistas, representado por uma sobrepeliz e uma estola roxa, e assim inicia o ritual. Durante o exorcismo, certas orações prescritas, tais como o Pai-Nosso (Pater Noster), as Litaniae Sanctorum,  reconhecida em português como Ladainha de Todos os Santos é uma oração da Igreja Católica, e uma invocação a Santíssima Trindade, pedido de intercessão da Virgem Maria, dos Anjos e todos os mártires e santos mais importantes da Cristandade, e o Salmo 53, são recitadas sobre o “individuo possuído”, frequentemente em latim, uma vez que se acredita que as orações são mais eficientes quando recitadas nessa antiga língua. Ao longo da duração dessas recitações, o exorcista faz o sinal-da-cruz, lê as escrituras e, às vezes, coloca suas mãos sobre a vítima. Ele também exige que o espírito maligno ou demônio que possuiu a pessoa revele seu nome e natureza, sucumba ao Filho de Deus e deixe sua vítima humana em paz. Quando o espírito maligno parte, o exorcista reza a Jesus Cristo e pede que ele conceda sua divina ajuda e proteção à pessoa, que normalmente “não retém memórias claras de sua possessão demoníaca ou do exorcismo”. Se, todavia, o ritual de exorcismo não é bem-sucedido objetivamente,  em expulsar o espírito maligno de sua vítima, ele é então realizado, repetidamente, até que a entidade deixe o “local praticado”. Isso pode levar horas, dias ou até maior tempo.

O Rituale Romanum é livro litúrgico que contém todos os rituais normalmente administrados por um padre, incluindo o único ritual formal para exorcismo sancionado pela Igreja Católica Romana até finais do século XX, para abençoar água, imagens e assim por diante. Além do exorcismo de demônios, esse manual de serviço para padres também contém instruções para o exorcismo de casas e outros lugares praticados que se acredita estarem infestados por entidades malignas. Escrito em 1614, durante o papado do Papa Paulo V alertava os padres contra “realizar os ritos de exorcismo em indivíduos que não estejam realmente possuídos”. Mas com a progressão da ciência médica que podia diagnosticar com maior precisão doenças tanto físicas quanto mentais, os casos de possessão real, considerada demoníaca extremamente rara na verdade não comprovada cientificamente e espiritual (comum), tornaram-se muito mais difíceis de determinar. Muito do que se acreditava ser possessão demoníaca é diagnosticado como esquizofrenia, paranoia, distúrbio de múltipla personalidade, disfunções sexuais, histeria e neuroses resultantes de obsessões e terrores da infância. Desde sua publicação no século XVII, permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações do ritual do exorcismo foram realizadas.

Em 1611, ele homenageou Galileu Galilei como membro da Accademia dei Lincei e apoiou suas descobertas científicas. Em 1616, o papa Paulo V instruiu o cardeal Bellarmine a informar Galileu que a teoria copernicana não poderia ser ensinado como fato, mas o certificado de Bellarmine permitiu que Galileu continuasse seus estudos em busca de evidências empíricas e utilizasse o modelo geocêntrico como dispositivo teórico. Naquele mesmo ano, Paulo V garantiu a Galileu que ele estava a salvo de perseguições religiosas enquanto ele, o Papa, viver. O certificado de Bellarmine foi usado por Galileu para sua defesa no julgamento de 1633. Quando o Papa Leão XI morreu, em 1605, o cardeal Borghese se tornou papa com vários candidatos, incluindo César Barônio e Roberto Belarmino; sua neutralidade axiológica nos tempos de disseminação das facções religiosas fez dele um candidato ideal ao compromisso. No caráter, ele era muito severo e inflexível, um advogado, e não um diplomata, que em seu tempo defendia os privilégios da Igreja ao máximo. Seu primeiro ato foi para mandar para casa a seu ver os bispos que foram peregrinar em Roma, para o Concílio de Trento tinha insistido que cada residência de bispo na sua diocese. Logo após sua adesão ao papa Paulo V, o cardeal Borghese decidiu humilhar Veneza como predecessor, por preservar sua independência do papado na administração.

Roberto Francesco Rômulo Bellarmino S. J., foi um jesuíta italiano e um cardeal católico. Foi uma das mais importantes figuras da Contra-Reforma e, por suas obras, foi canonizado em 1930 e proclamado Doutor da Igreja. Também esteve envolvido no processo de Galileu Galilei. Belarmino nasceu em Montepulciano, filho dos nobres empobrecidos Vincenzo Bellarmino e Cinzia Cervini, que era irmã do Papa Marcelo II. Ainda garoto, conhecia Virgílio de cor e compôs diversos poemas em latim e em italiano. Um de seus hinos, sobre Maria Madalena, é parte do Breviário. Ele tornou-se noviço em 1560, permanecendo em Roma por três anos. Logo em seguida, seguiu para um convento jesuíta em Mondovì, no Piemonte, onde aprendeu grego. Lá ele chamou a atenção de Francisco Adorno, o superior provincial jesuíta local, que o enviou para a Universidade de Pádua. Foi em Pádua, entre 1567 e 1568, que Belarmino iniciou seu sistemático estudo de Teologia sob a supervisão de seus professores, que eram aderentes do tomismo. Em 1569, ele foi enviado para a Universidade de Leuven, nos Flandres, para terminar seus estudos.

Lá ele foi ordenado e ganhou reputação tanto como professor e pregador. Ele foi o primeiro jesuíta a ensinar ali e sua matéria era a Suma Teológica de Tomás de Aquino. Belarmino passou sete anos em Leuven e, em 1576, com a saúde debilitada viajou para a Itália onde permaneceu encarregado pelo papa Gregório XIII por indicação para ensinar teologia polêmica no novo Colégio Romano, reconhecido atualmente como Pontifício Universidade Gregoriana. Até 1589, Belarmino ocupou-se como professor de teologia. Naquele mesmo ano, depois do assassinato de Henrique III da França, o papa Sisto V enviou Enrico Caetani como legado a Paris para negociar com a Liga Católica da França e escolheu Belarmino para acompanhá-lo como teólogo. Ele estava na capital francesa durante o cerco de Henrique de Navarra. O papa seguinte, Clemente VIII, tinha grande confiança em Belarmino e fez dele reitor do Colégio Romano em 1592, examinador de bispos em 1598 e cardeal no ano seguinte. Depois, Clemente também o fez cardeal-inquisidor e foi nesta função que Belarmino serviu dentre os juízes de Giordano Bruno, concordando com a decisão de queimá-lo na estaca como herético. Em 1602, ele foi nomeado arcebispo de Cápua. Tendo escrito antes contra o pluralismo e a favor da não-residência dos bispos em suas dioceses, como bispo ele colocou em prática os decretos reformistas do Concílio de Trento. O Inquisidor-Geral era a autoridade oficial da Inquisição. O mais famoso foi o espanhol Tomás de Torquemada, religioso dominicano.

A insistência de Paulo na jurisdição eclesiástica levou a vários conflitos entre a Igreja e os governos seculares de vários Estados, notadamente Veneza, onde patrícios, como Ermolao Barbaro (1548-1622) da nobre família Barbaro, argumentou a favor da isenção do clero da jurisdição dos tribunais civis. Veneza aprovou duas leis desagradáveis para Paulo, uma proibindo a alienação de bens imóveis em favor do clero, a segunda exigindo aprovação do poder civil para a construção de novas igrejas: em essência, uma postura veneziana de que os poderes da igreja devem permanecer separados dos do Estado. Dois padres acusados pelo Estado de Veneza de crueldade, envenenamento por atacado, assassinato e licenciosidade foram presos pelo Senado e colocados em masmorras para julgamento. Tendo sido considerados culpados, eles foram presos. Paulo V insistiu que eles fossem liberados para a Igreja. Ele exigiu a libertação dos padres por não ser favorável à lei secular. Quando o argumento foi recusado, o papa ameaçou um interdito por causa das leis de propriedade e da prisão de eclesiásticos, ameaça que foi apresentada ao Senado no Natal de 1605.

A posição veneziana foi habilmente defendida por um advogado canônico, Paolo Sarpi, que estendeu a importa princípios gerais que definem esferas seculares e eclesiásticas separadas. Em abril de 1606, o papa excomungou todo o governo de Veneza e interditou na cidade o padre Sarpi aconselhou fortemente o governo veneziano a se recusar a receber a interdição do papa e a argumentar com ele enquanto se opunha à força pela força. O Senado veneziano aceitou de bom grado esse conselho e Fra Paolo apresentou o caso a Paulo V, insistindo na história de que a reivindicação do papa de se intrometer em questões civis era uma usurpação; e que nesses assuntos a República de Veneza não reconhecia outra autoridade senão a de Deus. O resto do clero católico ficou do lado da cidade, com exceção dos jesuítas, dos theatinos e dos capuchinhos. O clero dissidente foi imediatamente expulso dos territórios venezianos. As missas continuaram sendo ditas em Veneza e a festa de Corpus Christi foi comemorado com exibições de pompa pública e magnificência, em desafio ao papa. Em março de 1607, o desacordo foi mediado pela França e pela Espanha. A República Mais Serena recusou-se a retirar as leis, mas afirmou que Veneza se comportaria “com sua piedade acostumada”. Os jesuítas, que Veneza os considerava como “agentes papais subversivos”, continuaram proibidos. Não se poderia esperar mais. Paulo com habilidade retirou sua censura.

Padre refere-se à representação ideal típica atribuído ao ministro Católico Romano, Ortodoxo e Anglicano. Nas ordens ministeriais da primeira instituição incluem-se as ordens dos bispos, presbíteros e diáconos. Embora todos os elementos religiosos da Comunhão Anglicana recitem os mesmos credos, os anglicanos da Baixa Igreja tratam a palavra católica no credo, como um mero sinônimo antigo para universal, ao passo que os anglicanos da Alta Igreja a tratam como o nome da Igreja de Cristo à qual pertencem, a Igreja Católica Romana, as Igrejas Ortodoxas e outras igrejas da Sucessão Apostólica. O sacerdócio ordenado e o sacerdócio comum, também chamado de sacerdócio de “todos os batizados”, são diferentes em função e essência. O sacerdócio na Igreja Católica inclui os membros sacerdotes tanto da Igreja Latina quanto das Igrejas Católicas Orientais. O Vaticano em 2007 afirmou que havia em torno de 406 mil sacerdotes que servem a Igreja. As pessoas consagradas, que podem ser leigos ou clérigos, agrupam-se em institutos, congregações e ordens religiosas, ou em institutos seculares, existindo aqueles isoladamente, ou em comunidade aberta, junto dos outros leigos não consagrados.

A palavra igreja, ecclesia, “casa de Deus” tem diversos significados nos livros Sagradas Escrituras, onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. Foi uma série de construções que se localizavam no Monte do Templo na Cidade Velha de Jerusalém, o atual local do Domo da Rocha e da Mesquita Al-Aqsa. Esses templos sucessivos ficavam naquele local e funcionavam como um centro de culto e adoração do antigo povo israelita e, posteriormente, judaico. É também chamado de Templo Sagrado. O Tabernáculo foi o primeiro templo usado pelos hebreus até a construção de um templo fixo. Era chamado de Templo do Senhor. Sua principal característica é que o Tabernáculo era móvel, devido à necessidade do povo se deslocar pelo deserto durante o Êxodo do Egito até a conquista da Terra Prometida. O nome hebraico dado na Bíblia hebraica para as construções é  “Casa de Deus”, ou Beiti “minha casa”, Beitekhah “sua casa” etc. Na literatura rabínica o templo é Beit HaMikdash, “A Casa Santificada”. Apenas o Templo de Jerusalém é referido por este nome. O Templo de Jerusalém situava-se no cume do Monte Moriá (Monte do Templo), no leste de Jerusalém.

De acordo com a Torá (a Bíblia hebraica), o Primeiro Templo foi construído no local onde Abraão (Avraham) havia oferecido Isaque como sacrifício. O templo foi construído durante o reinado de Salomão, utilizando o material que havia sido acumulado em grande abundância por seu pai e antecessor, o Rei Davi. Após a sua construção, este permaneceu treze anos sem ser usado, por motivos desconhecidos. Foi saqueado vezes e acabou incendiado e destruído por Nabucodonosor II, que levou seus tesouros para a Babilônia. Pelos cálculos de James Ussher, a ordem para a construção do Primeiro Templo foi dada pelo Rei Davi em 1015 a.C. As fundações do templo foram lançadas em 21 de maio de 1012 a.C., no segundo dia do segundo mês (Zif), 480 anos depois da saída de Israel do Egito. A construção terminou em 1005 a.C., mas sua dedicação foi adiada até o ano seguinte, por este ser um ano de jubileu (o nono jubileu), e, segundo Ussher, três mil anos desde a criação do mundo. O Segundo Templo foi reconstruído após o retorno do cativeiro na Babilônia, sob orientação de Zorobabel.

O templo começou com um altar, feito no local onde havia o antigo templo, e suas fundações foram lançadas em 535 a.C. Sua construção foi interrompida durante o reinado de Ciro, e retomada em 521 a.C., no segundo ano de Dario I. O templo foi consagrado em 516 a.C. Diferentemente do Primeiro Templo, este templo não tinha a Arca da Aliança, o Urim e Tumim, o óleo sagrado, o fogo sagrado, as tábuas dos Dez Mandamentos, os vasos com Maná nem o cajado de Aarão. A novidade deste templo é que havia, na sua corte exterior, uma área para prosélitos que eram adoradores de Deus, mas sem se submeter às leis do Judaísmo. Nos 500 anos desde o retorno, o templo havia sofrido bastante com o desgaste natural e com os ataques de exércitos inimigos. Herodes, querendo ganhar o apoio dos judeus, propôs restaurá-lo. As obras iniciaram-se em 19 a.C., e terminaram em 27 d.C., contudo, é importante lembrar que, como não existe ano zero, a transição das datas a.C. e d.C. deve ter o acréscimo de um ano, pois termina no ano 1 a.C. e começa o ano 1 d.C. O templo foi destruído em 70 pelas legiões romanas comandadas por Tito, a mando do imperador Vespasiano, que sitiou e destruiu Jerusalém por acabar com a revolta judaica contra o império.

O Monte do Templo com toda a Cidade Velha de Jerusalém foi capturado da Jordânia por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, permitindo que os judeus visitassem novamente o local sagrado. A Jordânia ocupou Jerusalém Oriental e o Monte do Templo imediatamente após a declaração de Independência de Israel, em 14 de maio de 1948. Israel unificou oficialmente Jerusalém Oriental, incluindo o Monte do Templo, com o restante de Jerusalém, em 1980, sob a Lei de Jerusalém, embora a Resolução 478 do Conselho de Segurança das Nações Unidas declarou que a Lei de Jerusalém violava o direito internacional. O Waqf muçulmano, baseado na Jordânia, possui o controle administrativo do Monte do Templo, cujo cume do Monte Moriá corresponde à região denominada Haram esh-Sherif. No centro, no local onde ficava o antigo templo, existe uma mesquita, chamada de Kubbet es-Sahkra (“Domo da Rocha”) ou Mesquita de Omar. No centro da mesquita existe uma rocha, onde são feitos sacrifícios. Existem três teorias sobre onde ficava o Templo: onde o Domo da Rocha está localizado agora, ao norte do Domo da Rocha (Professor Asher Kaufman) e a leste do Domo da Rocha (Professor Joseph Patrich da Universidade Hebraica).

O edifício dedicado pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos chamavam Kyriaké (“a casa do senhor”), e, na língua inglesa, veio mais tarde a se chamar Kirk e church. Em Roma, essa assembleia denominada Concio, é aquela que falava Ecclesiastes e também Concionator. No Novo Testamento, uma igreja é um grupo de cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam (cf. Hebreus 12: 22-23). É frequentemente usada para descrever grupos locais de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem uns aos outros e para proclamarem o evangelho de Jesus. É neste sentido que lemos sobre a igreja em Antioquia da Síria (Atos 13:1), sobre as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (Atos 14: 21-23), sobre a igreja em Éfeso (Atos 20: 17), a igreja em Corinto (1 Coríntios 1:1;  2 Coríntios 1:1), as igrejas na região da Galácia (cf. Gálatas 1:2) e a igreja dos tessalonicenses. É neste ambiente de igrejas que encontramos homens escolhidos para supervisionar e guiar. Os sistemas comuns de denominações, de ligas internacionais de igrejas e de hierarquias que ligam e governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo bíblico de tais arranjos. No chamado Novo Testamento, os cristãos serviam juntos em congregações locais. Eles eram gratos pelos seus irmãos de vivência em outros lugares. Mas não tentavam criar laços de organização social onde os cristãos de um lugar pudessem dirigir ou governar o trabalho de discípulos de outro lugar. Este modelo claro se espraia se considerado o ensinamento específico sobre a organização social de uma igreja.

É ainda nesse último sentido, para Hobbes, que a Igreja pode ser entendida como uma pessoa, isto é, que ela “tenha o poder de querer, de pronunciar, de ordenar, de ser obedecida, de fazer leis ou de praticar qualquer espécie de ação”. Se não existir a autoridade de uma congregação legítima, qualquer ato praticado por um conjunto de pessoas é um ato individual de cada um dos presentes que contribuíram para a prática desse ato. Não um ato conjunto, como se fosse de um só corpo. Nem um ato dos ausentes ou daqueles que, estando presentes, eram contra a sua prática. Uma Igreja pode ser definida “como um conjunto de pessoas que professam a religião cristã, ligadas à pessoa de um soberano, que ordena a reunião e que determina quando não deverá haver reunião”. Ipso facto, politicamente distingue entre a condição da pessoa e o ofício. Enquanto historicamente Maquiavel discutia as virtudes e deveres dos príncipes, como para Louis XIV “o Estado sou eu”, Hobbes desafiou tal conceito dizendo que “o príncipe poderia ser legitimamente substituído”. Nos Estados semelhantes assembleias são ilegítimas, se não autorizadas pelo soberano civil. Ilegítima, em qualquer forma de Estado em que na política tiver sido proibida.

Nos domínios dos diversos príncipes e Estados, existem cristãos, mas cada um deles se sujeita ao Estado do qual é membro, não podendo, por conseguinte, sujeitar-se às ordens de qualquer outra pessoa. Assim, uma Igreja capaz de mandar, julgar, absolver, condenar ou praticar qualquer outro ato representa igualmente um Estado civil formada por homens cristãos. O Estado civil tem esse nome por serem seus súditos os homens, enquanto a Igreja é assim denominada pelo fato de seus súditos serem os cristãos. Governos espirituais e temporais podem existir para confundir os homens, enganando-os quanto a seu soberano legítimo.  Portanto, Hobbes aceitava a autoridade bíblica baseado em sua revelação direta e milagres, mas como milagres cessaram, restava somente a interpretação dos textos bíblicos como entes autorizativos. A ausência de autoridade requeria a existência da intervenção do Estado sobre a religião e acarretava na impossibilidade de usar a Bíblia como lei. É preciso haver um único governante, do contrário se origina a facção e a guerra civil, entre a Igreja e o Estado, entre os espiritualistas e os temporalistas, entre a espada da justiça e o escudo da fé. E o que é mais desastroso ainda, no próprio coração de cada cristão, entre o cristão e o homem. Chamam-se pastores os doutores da igreja, bem como os soberanos civis. Entretanto, se entre os pastores não houver alguma subordinação, de forma que haja apenas um chefe dos pastores, serão ministrados aos homens doutrinas contrárias que poderão ser falsas e algumas delas necessariamente o serão. O soberano civil é o chefe dos pastores, segundo a lei natural. Embora o poder tanto do Estado quanto da religião estivesse nas mãos dos reis, nenhum deles deixou de ser fiscalizado em seu uso, a não ser quando eram bem quistos por suas capacidades naturais ou por sua fortuna de bens.

A palavra Leviatã foi utilizada no Velho Testamento da Bíblia, no Livro de Jó, para descrever uma criatura mitológica que se assemelharia a um grande polvo ou uma grande baleia, e que na obra O Leviatã, de Thomas Hobbes, é utilizado para simbolizar o poder do Estado (autoridade), que segundo o filósofo seria a única maneira de superar o “estado da natureza” do homem, governado pelo egoísmo e pela insatisfação. Daí a sentença: “Homo homini lúpus”, criada por Plauto (254-184) em sua obra: Asinaria. No texto se diz exatamente: “Lupus est homo homini non homo”, popularizada por Hobbes no século XVII, na qual ele retrata a natureza competitiva do ser humano (cf. Macpherson, 1979). O desejo que torna o homem corruptível é imutável, e aparece quando o homem se sente livre do Leviatã. A prudência é uma presunção do futuro baseada numa experiência do passado. Porém, existe uma presunção de que as coisas do passado derivem de outras coisas que não são futuras, mas passadas também. O “bellum omnium contra omnes” representa, a disputa pelo poder no mundo, em que a análise de Hobbes sobre esse “estado-natural animalesco”, poderia ser resolvido nas fronteiras dos Estados-nação europeias, sob o comando de um governo soberano. O grande dilema na modernidade (que vagueia livre) é que a teoria abstrata não previa a intensa luta supranacional, que ultrapassa os limites imaginários da coletividade e físicos. 

Quando limitou a convivência em uma fronteira, não pode conceber a ideia de que governos de outros países que tentassem controlar outrem, só causariam o que nós podermos perceber: o caos e banhos de sangue moderno e contemporâneo. Idealizou uma criatura mística chamada Leviatã, em sua ilustração como um monstro composto por vários homens dispostos como escamas. Quer dizer que o soberano que controla a sociedade civil é formado pelo conjunto de indivíduos, demonstrando também que o ser humano deu ao Estado o direito de controlá-lo como se deseja. Assim, todos os seres humanos buscam o sucesso contínuo na obtenção dos objetos de desejo, isto é, procuram a felicidade. Entretanto, é justamente essa busca que conduz os homens à guerra no estado de natureza e é, em última instância, o medo da morte que os leva a criarem o estado civil. Isto porque sem o medo da morte a procura pela felicidade conduz a uma “guerra de todos contra todos”, já que os homens, para terem certeza de que alcançariam a felicidade, teriam que se tornarem poderosos na busca por um poder. Mas esta busca motivada por um desejo contínuo de poder e mais poder salvaguardaria a felicidade, que outra coisa não é senão uma satisfação dos desejos. Os homens ao se valerem de todos os meios necessários para serem felizes inevitavelmente entrariam em guerra uns contra os outros. Quem já observou os procedimentos e os graus que levam um Estado florescente à guerra civil e, em seguida, à ruína, ao ver outro Estado em ruínas deduzirá que foi uma consequência das mesmas guerras e dos mesmos acontecimentos. Porém, essa conjectura tem o mesmo grau de incerteza da conjectura do futuro.    

Ambas estão baseadas apenas na experiência. Os seres humanos desejam aquilo que amam, e odeiam coisas pelas quais têm aversão. Com o desejo significamos a ausência do objeto; com amor, sua presença. Com aversão a ausência e, com ódio, a presença do objeto. Primeiro filósofo moderno a articular uma teoria detalhada do contrato social, com sua obra Leviatã, escrita em 1651, Thomas Hobbes foi um filósofo inglês do século XVII, reconhecido como um dos fundadores da filosofia política e ciência política moderna. Desde Hobbes o poder de um homem, universalmente considerado, consiste nos meios de trabalho de que dispõe para alcançar, algum bem evidente tanto original (natural) como instrumental (político). O maior de todos os poderes humanos é o poder integrado de vários homens unidos com o consentimento de uma pessoa natural ou civil: é o poder do Estado ou aquele representativo de um número de pessoas, cujas ações estão sujeitas à vontade de determinadas pessoas em particular, como é o poder de uma facção ou de facções coligadas no mundo contemporâneo. Ter servos é poder, como também ter amigos, pois isso significa união de forças. Igualmente, a riqueza, unida à liberalidade, é poder, pois congrega, une amigos & servos. Mas, sem a liberalidade, a riqueza não é protetora; pelo contrário, expõe o homem à inveja e à rapina.  

Reputação de poder é na tradição política representação de poder (cf. Crignon, 2007), porque, por meio delas, obtemos a adesão e conquistamos o afeto político dos homens que precisam ser protegidos. Êxito, analogamente também é poder, pois a reputação da sabedoria ou da “boa fortuna” faz com que os outros homens temam, idolatrem ou confiem. O valor ou conceito de um homem é, como para todas as outras mercadorias, seu preço; isto é, depende de quanto seria dado pelo uso de seu poder. Assim, não é absoluto, mas apenas uma consequência da necessidade e do julgamento alheio, através do macróbio senhor dos códigos, escritor, filósofo e filólogo romano, autor das Saturnais e do Comentário ao Sonho de Cipião. Segundo uma das versões, nasceu por volta de 370 na Numídia, na África. Exerceu grande influência na Idade Média pela transmissão e elaboração de uma parte da tradição filosófica grega pagã no período pré-nissênico da escola neoplatônica do Ocidente latino. A estima pública de um homem, que é o valor que lhe é conferido pelo Estado, é o que denominamos ordinariamente dignidade. Essa valorização pelo Estado é expressa pelo cargo público para o qual é designado, tanto na magistratura como em funções públicas, ou quando esse valor é expresso por títulos e honrarias que lhe são concedidos. A fonte da honra é o Estado, e depende da vontade do soberano. A honra não sofre alterações se uma ação é justa ou injusta. A honra consiste unicamente na opinião de poder. O medo é a única paixão que impede o homem de violar leis. O medo pode levar a cometer um crime expressando o que C. B. Macpherson denominou de “individualismo possessivo” há nesta tradição na qual a propriedade é constitutiva da individualidade, da liberdade e da igualdade.

O Sonho de Cipião é um fragmento da obra A República de Marco Túlio Cícero, composta tem um objetivo didático, moralizante e escatológico. O Sonho narra um sonho que Cipião Emiliano teria tido por ocasião de uma visita a Massinissa, rei da Numídia, um aliado de sua família. Ao chegar Emiliano foi recebido festivamente pelo rei, e após um banquete passaram longas horas recordando os feitos e virtudes de Cipião Africano, avô adotivo do outro. Após a palestra, retirando-se cansado para seus aposentos, Emiliano cai logo no sono, quando tem o dito sonho. Nele aparece-lhe o Africano, profetizando para o neto uma vida cheia de dificuldades na família e na carreira política. Emiliano se atemoriza com a perspectiva de tantos sofrimentos futuros, mas o Africano incita-o à coragem e à perseverança, fazendo-o saber que o prêmio da virtude representa a “beatitude eterna”. Logo seu pai Lúcio Emílio Paulo, Macedônico, de um lugar alto e iluminado o faz contemplar a perfeita ordem do cosmos e a música das esferas, descrevendo a geografia da Terra e os diferentes costumes dos povos.

A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas telúricos. É por vezes designada tendo como representação a ideia vaga de Mundo ou Planeta Azul. Lar de milhões de espécies de seres vivos, incluindo os seres humanos, a Terra é o único corpo celeste onde é reconhecida a existência de vida. O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos, e a vida surgiu na sua superfície depois de um bilhão de anos. Desde então, a biosfera terrestre alterou de forma significativa a atmosfera e fatores abióticos do planeta, permitindo a proliferação de organismos aeróbicos, como a formação da camada de ozônio, que em conjunto com seu campo magnético, bloqueia radiação solar prejudicial, permitindo a vida no planeta. A sua superfície exterior é dividida em segmentos rígidos, chamados placas tectônicas, que migram sobre a superfície terrestre ao longo de milhões de anos. 71% da superfície da Terra é coberta por gigantescos oceanos de água salgada, com o restante consistindo na existência de continentes e ilhas, contendo lagos e corpos de água que contribuem para formação da hidrosfera. Os polos geográficos da Terra encontram-se cobertos por mantos de gelo ou por banquisas.

O interior da Terra permanece ativo e relativamente sólido, um núcleo externo líquido que gera um campo magnético, e um núcleo interno sólido, composto, sobretudo por ferro. A Terra interage com outros objetos em movimento no espaço, em particular com o Sol e a Lua. A Terra orbita o Sol uma vez por cada 366,26 rotações sobre o seu próprio eixo, o que equivale a 365,26 dias solares ou representa um (01) ano sideral. O eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4° em relação à perpendicular ao seu plano orbital, reproduzindo variações sazonais na superfície do planeta, com período igual a um ano tropical, ou, 365,24 dias solares. A Lua é o único satélite natural reconhecido da Terra. O atual modelo consensual para a formação da Lua tem como representação social a hipótese do grande impacto. É uma hipótese astronômica que postula a formação da Lua através do impacto de um planeta com aproximadamente o tamanho de Marte, conhecido como Theia, com a Terra. Ela é responsável pelas marés, estabiliza a inclinação axial da Terra e abranda gradualmente a rotação do planeta. A Lua pode ter afetado dramaticamente o desenvolvimento da vida ao moderar a relação atmosférica do clima do planeta. Evidências paleontológicas e simulações de computador demonstram que a inclinação axial do planeta é estabilizada pelas interações cíclicas de maré com a Lua.

Bajazid Doda nasceu em 1888 em Štirovica, uma aldeia habitada por albaneses na região do Alto Reka da Macedônia, durante o Império Otomano.  Ele foi para a Romênia para trabalhar no exterior, como muitos outros habitantes do Alto Reka.  Em Bucareste, Romênia, em 1906 ele conheceu o barão e estudioso húngaro Franz Nopcsa, que o contratou como seu servo. Os dois se tornaram amantes e começaram a viver juntos. Nopcsa e Doda deixaram Bucareste para a mansão da família Nopcsa em Săcel, na Transilvânia, e depois disso passaram alguns meses em Londres, onde Doda adoeceu com gripe. Em novembro de 1907 os dois viajaram para Shkodër, onde mantiveram uma casa de 1907 a 1910 e novamente a partir de outubro de 1913. Eles viajaram ao redor de Mirditë e foram seqüestrados pelo famoso bandido Mustafa Lita. Após sua libertação em Prizren, eles foram para Skopje visitar a casa de Doda em Upper Reka. De volta a Shkodër, eles foram visitar as terras das tribos Hoti e Gruda. Ambos viajaram juntos e separadamente pelas terras albanesas. Durante a guerra mundial entre 1915-1916, Nopcsa levou Doda com ele enquanto servia no exército austro-húngaro em Kosovo. Após a guerra, eles viveram em Viena, onde o albanólogo publicou vários livros que se tornaram reconhecidos não apenas como albanólogo, mas como paleontólogo e geólogo. Fizeram uma turnê pela Europa de motocicleta, em busca de fósseis. Em 25 de abril de 1933, sofrendo de depressão Nopcsa matou Doda enquanto ele dormia e cometeu suicídio.

Isto é importante socialmente na medida da análise comparada que os cientistas paleontólogos estavam  interessados em interpretar as formas dos ossos. Mas ele deu um passo à frente, tentou deduzir etnograficamente a dinâmica havia por trás da fisiologia e o comportamento propriamente dito dos dinossauros que ele estava estudando. Nopcsa foi o primeiro “a sugerir que estes arcossauros cuidavam de suas crias e exibiam comportamento social complexo”. Outra das teorias de Nopcsa que estava à frente de seu tempo foi a de que as aves evoluíram de dinossauros terrestres que desenvolveram penas para correr mais rápido. Esta teoria encontrou apoio na década de 1960 e depois ganhou ampla aceitação, embora depois achados fósseis de dinossauros emplumados arborícolas sugerissem que o desenvolvimento do vôo talvez fosse mais complexo do que previra. Além disso, a conclusão de que pelo menos alguns répteis do Mesozóico “eram de sangue quente” é compartilhada pela maior parte da comunidade científica, pois a sua característica exige consagração integral do seu tempo e de suas energias, não só ao seu estudo próprio, que poderia ser feito em gabinete, mas à educação de seus discípulos o que poderá ser realizado em seu front laboratorial.

Colocando a Terra contra esse cenário grandioso e infinito demonstra-lhe a insignificância das glórias humanas, que são pequenas, fugazes e vãs, ensinando-o a preferirem os valores mais altos e eternos e desprezar a fama e louvor humano, mas sem fazê-lo abandonar o desempenho dos seus deveres práticos. De re publica chegou aos dias de hoje incompleta, mas o fragmento do Sonho, que lhe servia de conclusão, foi transmitido em separado por vários meios desde a Antiguidade e se conservou íntegro. Sua principal via de transmissão foi um comentário de Macróbio, que situou o texto no panorama filosófico da época e foi também o principal responsável por revesti-lo de uma grande autoridade moral e metafísica. A interpretação de Macróbio foi uma referência para vários outros influentes escritores antigos, medievais e modernos, como Boécio, Cassiodoro, Isidoro de Sevilha, Dante Alighieri e Pietro Metastasio que seu livreto do mesmo nome da ópera foi colocado em música entre outros por Wolfgang Amadeus Mozart. Juan Luís Vives publicou outro comentário em 1520 que abalou a posição hegemônica da visão macrobiana, numa época em que as edições de Cícero se multiplicavam e eram largamente divulgadas pela imprensa massiva nascente.

Essas revisões sociológicas mudaram, por exemplo, o texto em uma linha de pensamento que dizia “sintomas de possessão são sinais da presença do demônio” para “sintomas de possessão podem ser sinal de demônio”. Em outra sentença original, referia às pessoas sofrendo de condições além da possessão demoníaca ou espiritual como aqueles que sofrem de melancolia ou outras enfermidades”, e foi modificada para “aqueles que sofrem de enfermidades, particularmente enfermidades mentais”. A Igreja pode considerar esse indivíduo possuído quando os sintomas citados são acompanhados de repulsa extrema por objetos sagrados. Um padre treinado na “expulsão de demônios” e “espíritos malignos” é convocado após receber permissão do bispo, quando poderá realizar o ritual centenário típico do exorcismo. Há padres que acreditam na existência de “possessão demoníaca” e enumeram sinais que indicam sua presença. De acordo com esses membros do clero, se um indivíduo demonstra habilidades paranormais, manifesta força física sobre-humana e, principalmente, fala em línguas desconhecidas, então ele pode ser um candidato real para o ritual de exorcismo. Os termos exorcismo, esconjuração ou esconjuro designa uma pessoa devidamente autorizada para expulsar espíritos malignos (ou demônios) de outra pessoa que está num estado de possessão demoníaca. Pode também designar o ato de expulsar demônios por intermédio de rezas e esconjuros (imprecações). No cristianismo, o Evangelho, relata frequentemente episódios em que Jesus Cristo expulsa o demônio de pessoas possuídas, tendo esse poder sido transmitido aos seus apóstolos, no dia da Ascensão, mas práticas semelhantes são antigas e parte do sistema de crença de muitas culturas e religiões.

Bibliografia geral consultada.

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