quarta-feira, 7 de abril de 2021

Alma de Cowboy – Gentrificação, Vingança & Domínio Afrodescendente.

 Os negros sabiam que não era para um cavalo ser dominado. Cavalos devem ficar livres”. Alma de Cowboy

                

          

          Alma de Cowboy (Concrete Cowboy, 2020) tem como representação o filme da Netflix que entrou no extraordinário catálogo de abril e já consta como uma das produções cinematográficas mais assistidas. Estrelado por Idris Elba e Caleb McLaughlin, o drama acompanha o jovem Cole, um rebelde adolescente que é levado para morar com o pai no Norte da Filadélfia após se envolver em brigas cotidianas na escola. Lá, ele descobre a vibrante “subcultura de cowboys” urbanos da cidade, que existe há mais de 100 anos, proporcionando um refúgio seguro para o bairro, apesar da pobreza, violência e invasão da gentrificação ao redor. É um conceito sociológico, antevisto por Marx (cf. Hobsbawm, 1975) durante seu logo exílio no século XIX em Londres, que acarreta a substituição física, econômica, social e cultural de um bairro ou uma área urbana proletária para burguesa após a compra de propriedades, e sua consequente “revalorização” no mercado global através do influxo de residentes e empresas mais abastados. É um tema comum e controverso na esfera política e planejamento urbano como consequência da globalização. A gentrificação aumenta o valor econômico de um bairro, mas o deslocamento resultante pode se tornar um problema social. A gentrificação vê uma mudança na composição racial ou étnica de um bairro e na renda familiar média, à medida que a habitação e os negócios se transformaram e os recursos não eram acessíveis são ampliados e melhorados.

            A cidade encontra-se no contexto das sociedades ocidentais em que a autonomia e a liberdade estão associadas ao período de transição para a idade adulta. A contracultura pode influenciar o modo como os jovens representam e antecipam o que é ser adulto, na vida individual e coletiva, claramente quando a literatura sugere que as representações do papel de adulto adquirem na modernidade uma configuração própria. A pós-modernidade é um conceito da sociologia histórica que designa a condição sociocultural e estética dominante no capitalismo após a queda real do Muro de Berlim (1989), a “revolução retificada” segundo Jürgen Habermas, da União Soviética e a crise das ideologias nas sociedades ocidentais no final do século XX, com a dissolução da referência à razão como uma garantia de condição e possibilidade de compreensão do mundo através de esquemas totalizantes. O uso do termo se tornou corrente embora haja controvérsias quanto ao seu significado e a sua pertinência. Algumas escolas de pensamento situam sua origem no esgotamento do projeto moderno, que dominou a estética e a cultura até final do século XX. N`A Condição Pós-Moderna, Jean-François Lyotard caracteriza a pós-modernidade como uma decorrência da morte das “grandes narrativas” totalizantes, fundadas na crença no progresso e nos ideais iluministas de igualdade, liberdade e fraternidade. Outros analistas sociais na história, porém, afirmam que a pós-modernidade seria apenas uma extensão da modernidade, período em que, segundo Benjamin, ocorre a perda da aura artístico em razão do que ele nomeou “a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, em múltiplas formas: cinema, fotografia, vídeo, etc.   

Para o crítico marxista norte-americano Frederic Jameson, a pós-modernidade representa a “lógica cultural do capitalismo tardio”, correspondente à chamada terceira fase do capitalismo, conforme o esquema proposto analogamente por Ernest Mandel. Outros autores preferem evitar o termo. Entretanto, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo pós-modernidade no sentido de forma póstuma da modernidade, prefere usar a expressão “modernidade líquida” - uma realidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão do Manifesto do Partido Comunista, de Marx & Engels (1848) “tudo o que é sólido se desmancha no ar”. O filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo “hipermodernidade”, por considerar não ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos chaplinianos - como o prefixo “pós” dá a entender. Segundo Lipovetsky, os tempos atuais são modernos, com uma exacerbação de certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ética hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço. O filósofo alemão Jürgen Habermas relaciona o conceito de pós-modernidade a tendências políticas e culturais entre neoconservadores, determinadas a combater os ideais iluministas. A idealização americanista do Flower Power, condicionada historicamente, contraria as transformações dos sistemas de ensino e de formação que no processo civilizatório induzem também a períodos mais longos de coabitação entre pais e filhos adultos no âmbito familiar, facilitados por mudanças culturais, que permitem aos jovens pela via geracional optar pela “coabitação entre gerações”.  

                                


A popularidade de Zygmunt Bauman (2004) entrou em franca ascendência quando o autor passou a analisar a pós-modernidade sob o “prisma da liquidez”. Como uma época em que nada é feito realmente para durar. Isto é, em que a fixidez das relações sociais obtém um valor descartável no processo de social de comunicação, em que toda comunicação é um processo de trabalho, mas nem todo processo de trabalho é um processo de comunicação, elaborando o conceito de modernidade líquida que se afasta da pós-modernidade, na medida em que a modernidade representa um continuum. Ela teria se transformado numa versão consumista, individualista e despolitizada. O conceito de sociedade é comumente utilizado para expressar o processo de estratificação social de cidadãos de um país, governados por instituições nacionais que aspiram ao bem-estar dessa coletividade. Todavia, a sociedade não é um mero conjunto de indivíduos vivendo juntos em um determinado lugar, é também a existência de uma organização social, de instituições e leis que regem a vida dos indivíduos e suas relações mútuas. Há alguns pensadores cujo debate insiste em reforçar a oposição entre indivíduo e sociedade, reduzindo, com frequência, ao conflito entre o genético e o social ou cultural. Émile Durkheim, com o fato social, Karl Marx, dialeticamente com a questão tópica da luta de classes, e Max Weber com seu objeto de pensamento, a ação social, constituindo uma expressão “livre de julgamento de valor,” conceituaram com rigor metodológico a propriedade e a sociedade a partir da atividade política, social ou econômica do indivíduo.

Um cowboy é um vaqueiro que cuida do gado em fazendas na América do Norte, tradicionalmente a cavalo, e frequentemente realiza uma infinidade de outras tarefas relacionadas à fazenda. O cowboy americano histórico do final do século XIX surgiu das tradições vaqueiras do Norte do México e se tornou uma figura de especial importância e lenda. Um subtipo, sociologicamente chamado wrangler, cuida especificamente dos cavalos usados ​​para trabalhar com o gado. Além do trabalho na fazenda, alguns cowboys trabalham ou participam de rodeios. As cowgirls, definidas como tal no final do século XIX, tiveram um papel histórico menos documentado, mas no mundo moderno trabalham em tarefas idênticas e obtiveram considerável respeito por suas realizações. Os tratadores de gado em muitas outras partes do mundo, particularmente na América do Sul e na Austrália, realizam trabalhos semelhantes aos do cowboy. O cowboy tem raízes históricas profundas que remontam à questão da vocação na Espanha e aos primeiros colonizadores europeus das Américas. Ao longo dos séculos, as diferenças de terreno e clima, bem como a influência das tradições de manejo de gado de diversas culturas, criaram vários estilos distintos de equipamentos, vestimentas e técnicas de manejo de animais. À medida que o cowboy, sempre prático, se adaptava ao mundo moderno, seus equipamentos e técnicas também se adaptavam, embora muitas tradições clássicas sejam preservadas.

A palavra inglesa cowboy tem origem em diversos termos mais antigos que se referiam tanto à idade quanto ao gado ou ao trabalho de cuidar do gado. A palavra inglesa cowboy deriva de vaquero, uma palavra espanhola para um indivíduo que cuidava do gado montado a cavalo. Vaquero deriva de vaca, que significa “vaca”, que veio da palavra latina vacca. “Cowboy” foi usado pela primeira vez impresso por Jonathan Swift em 1725 e foi usado nas Ilhas Britânicas de 1820 a 1850 para descrever “meninos que cuidavam das vacas da família ou da comunidade”. Originalmente, porém, a palavra inglesa “cowherd” era usada para descrever um pastor de gado, semelhante a “shepherd”, um pastor de ovelhas e frequentemente se referia a um menino pré-adolescente ou no início da adolescência, que geralmente trabalhava a pé. Esta palavra é muito antiga na língua inglesa, originando-se antes do ano 1000. Em 1849, “cowboy” já havia desenvolvido seu sentido moderno como um tratador de gado adulto do Oeste americano. Variações da palavra surgiram posteriormente. “Cowhand” apareceu em 1852 e “cowpoke” em 1881, originalmente restrito aos indivíduos que cutucavam o gado com longas varas para carregá-lo em vagões de trem para transporte. Nomes para cowboy em inglês americano incluem buckaroo, cowpoke, cowhand e cowpuncher. Outra palavra inglesa para cowboy, buckaroo, é uma anglicização de vaquero. Hoje, “cowboy” é um termo comum em todo o Oeste e particularmente nas Grandes Planícies e Montanhas Rochosas, “buckaroo” é usado na Grande Bacia e Califórnia, e “cowpuncher” no Texas e estados vizinhos.

A equitação exigia habilidades e investimento em cavalos e equipamentos raramente disponíveis ou confiados a uma criança, embora em algumas culturas os meninos montassem um burro para ir e voltar do pasto. Na Antiguidade, o pastoreio de ovelhas, gado e cabras era frequentemente tarefa de menores, e ainda é uma tarefa para jovens em diversas culturas de países em desenvolvimento. Devido ao tempo e à capacidade física necessários para desenvolver as habilidades necessárias, tanto os cowboys históricos quanto os modernos frequentemente começavam na adolescência. Historicamente, os cowboys recebiam salários assim que desenvolviam habilidade suficiente para serem contratados (muitas vezes com apenas 12 ou 13 anos). Se não fossem incapacitados por lesões, os cowboys podiam lidar com gado ou cavalos por toda a vida. Nos Estados Unidos, algumas mulheres também assumiram as tarefas de criação de gado e aprenderam as habilidades necessárias, embora a “cowgirl” não tenha sido amplamente reconhecida ou valorizada até o final do século XIX. Nos ranchos do oeste americano hoje, o cowboy que trabalha geralmente é um adulto. A responsabilidade de conduzir gado ou outros animais não é mais considerada adequada para crianças ou pré-adolescentes. Meninos e meninas que crescem em um ambiente de rancho geralmente aprendem a montar a cavalo e a executar habilidades básicas de rancho assim que são fisicamente capazes, sob a supervisão de adulto. Esses jovens, no final da adolescência, muitas vezes recebem responsabilidades para o trabalho de “cowboy” no rancho.

O termo “cowboy” foi usado durante a Revolução Americana para descrever os combatentes americanos que se opunham ao movimento pela Independência. Claudius Smith, um “fora da lei” identificado com a causa legalista, era chamado de “Cowboy de Ramapos” devido à sua propensão para “roubar bois, gado e cavalos dos colonos e entregá-los aos britânicos”. No mesmo período, vários grupos guerrilheiros operavam no Condado de Westchester, que marcava a linha divisória entre as forças britânicas e americanas. Esses grupos eram compostos por trabalhadores rurais locais que emboscavam comboios e realizavam ataques contra ambos os lados. Havia dois grupos distintos: os “skinners” lutavam pelo lado pró-independência, enquanto os “cowboys” apoiavam os britânicos. Na região de Tombstone, Arizona, durante a década de 1880, o termo “cowboy” ou “cow-boy” era usado pejorativamente para descrever homens envolvidos em diversos crimes. Um grupo pouco organizado foi apelidado de “Os Cowboys” e lucrava com o contrabando de gado, álcool e tabaco através da fronteira entre os EUA e o México. O San Francisco Examiner escreveu em um editorial: “Os cowboys [são] a classe mais imprudente de foras da lei naquela região selvagem... infinitamente piores do que o ladrão comum”. Tornou-se um insulto na região chamar alguém de “cowboy”, pois sugeria que ele “era um ladrão de cavalos, assaltante ou fora da lei”.

Os criadores de gado eram chamados de pastores ou rancheiros. Sinônimos para cowboy eram “peão de rancho”, “peão de pasto” ou “peão de trilha”, embora as funções e o pagamento não eram idênticos. As atividades dos Cowboys foram interrompidas pelo tiroteio no OK Corral e pela subsequente Cavalgada de Vingança de Earp. Não queremos perder de vista que a Caçada de Vingança Earp representou uma busca mortal realizada por um grupo de busca federal liderado pelo Delegado Federal Wyatt Earp (1848-1929) por uma confederação de foras da lei, os chamados “Cowboys”, que eles acreditavam ter emboscado seus irmãos Virgil e Morgan Earp, tragicamente mutilando o primeiro e matando o segundo. Em termos de vingança, os dois irmãos Earp foram atacados em retaliação pelas mortes de três Cowboys no tiroteio no OK Corral em 26 de outubro de 1881. De 20 de março a 15 de abril de 1882, o grupo de busca federal vasculhou o Sudeste do Condado de Cochise, Território do Arizona, em busca dos homens que acreditavam ser os responsáveis ​​pelos ataques a Virgil e Morgan. Vários suspeitos foram identificados e acusados, mas foram liberados pelo tribunal, em alguns casos devido a tecnicalidades legais e em outros devido à força dos álibis fornecidos pelo bando de Cowboys. Wyatt, então, prosseguiu com a perseguição dos suspeitos com um mandado federal.

Em 20 de março, dois dias após o assassinato de Morgan, Wyatt Earp e seus irmãos Warren e James, juntamente com Doc Holliday e dois outros auxiliares, escoltavam Virgil e sua esposa Allie até um trem com destino à Califórnia, em Tucson. Eles souberam que os suspeitos Ike Clanton e Frank Stilwell já os aguardavam no local. Após Virgil, Allie e James embarcarem no trem, Wyatt avistou dois homens perto da composição que ele acreditava serem Clanton e Stilwell. Ele e outros homens perseguiram e mataram Stilwell, mas perderam o outro de vista. Após o corpo de Stilwell ser encontrado na manhã seguinte, o Juiz de Paz de Tucson expediu mandados de prisão contra os cinco policiais suspeitos do assassinato extrajudicial. Quando os homens retornaram a Tombstone, o xerife do Condado de Cochise, Johnny Behan, havia recebido um telegrama notificando-o sobre os mandados de Tucson e tentou deter os cinco membros do grupo de busca federal de Earp mencionados nos mandados, mas eles o ignoraram. Ainda com mandados de prisão contra Curly Bill Brocius e outros, eles deixaram Tombstone para perseguir outros Cowboys envolvidos nos ataques. Behan formou um grupo de busca do xerife do Condado de Cochise, composto pelos delegados Phineas Clanton, Johnny Ringo e cerca de vinte outros cowboys e fazendeiros do Arizona. Com base nos mandados locais, eles seguiram o grupo de Earp e partiram para prendê-los. O numeroso grupo do xerife chegou perto, mas nunca confrontou o grupo de Earp, muito menor, que recebeu ajuda de empresários e fazendeiros locais e, em certo momento, publicou uma carta em um jornal de Tombstone zombando de Behan e seus homens. O grupo federal acabou matando quatro homens, começando com Stilwell e terminando com Brocius.

Por volta de 15 de abril, os Earps e alguns de seus associados saíram do Território do Arizona, rumo ao Território do Novo México. Após uma longa disputa, animosidade crescente e ameaças constantes, o xerife de Tombstone, Virgil Earp, o xerife assistente Morgan Earp e os xerifes adjuntos temporários Wyatt Earp e Doc Holliday confrontaram os foras da lei Billy Claiborne, Ike e Billy Clanton, e Tom e Frank McLaury no tiroteio no OK Corral, em 26 de outubro de 1881. O tiroteio, que durou 30 segundos, é geralmente considerado o mais famoso da história do Velho Oeste americano. Os policiais mataram três dos foras da lei durante o confronto. Ike Clanton apresentou queixa por assassinato e, após uma audiência preliminar de um mês, o juiz de paz Wells Spicer considerou que os policiais agiram dentro de seus deveres. Mas a decisão de Spicer não encerrou o caso para Clanton e os outros foras da lei. Por volta das 23h30 do dia 28 de dezembro de 1881, pouco mais de dois meses após o tiroteio no OK Corral, três homens emboscaram Virgil Earp enquanto ele caminhava do Schieffelin Hall de volta para o Hotel Cosmopolitan, para onde os Earps haviam se mudado em busca de apoio e proteção mútuos. Ele foi atingido nas costas e na parte superior do braço esquerdo por cerca de 20 projéteis de chumbo, fraturando seu úmero. O Dr. George Goodfellow, que o tratou, teve que remover 140 mm (5,5 polegadas) de osso. Wyatt telegrafou para o Delegado Federal Crawley Dake. Ele solicitou nomeação como Delegado Federal Adjunto para o Leste do Condado de Pima e autorização para formar um grupo de busca. Comentando o pedido de Earp a Dake, o jornal Weekly Arizona Miner escreveu em 30 de dezembro de 1881 sobre as repetidas ameaças recebidas pelos Earps e outros. Durante algum tempo, os Earps, Doc Holliday, Tom Fitch e outros que apoiaram e defenderam os Earps em seu julgamento receberam, quase diariamente, ameaças através de cartas anônimas, avisando-os para deixarem a cidade ou sofrerem a morte, supostamente escritas por amigos dos irmãos Clanton e McLowry, três dos quais os Earps e Holliday mataram, e pouca atenção foi dada a elas, juridicamente, pois eram consideradas “bravatas vãs”, mas o assassinato de Virgil Earp na noite passada mostra que os homens estavam falando sério.

Dake respondeu afirmativamente por telégrafo, e o Delegado Federal Wyatt Earp nomeou Warren Earp, Doc Holliday, Sherman McMaster, Jack “Turkey Creek” Johnson, Charlie “Hairlip Charlie” Smith, Daniel “Tip” Tipton e John “Texas Jack” Vermillion como seus auxiliares para proteger a família e perseguir os suspeitos, pagando-lhes 5 dólares por dia. McMaster e Johnson eram conhecidos como homens durões que sabiam usar suas armas. McMaster havia servido nos Texas Rangers em 1878-1879, quando sua unidade capturou e manteve Curly Bill Brocius prisioneiro por cinco meses. Em Tombstone, McMaster também foi acusado de roubar mulas do Exército dos EUA e assaltar uma diligência com o fora da lei Charles “Pony” Diehl. Fluente em espanhol, McMaster usou seu conhecimento dos Cowboys para ajudar os Earps em sua busca. Ele também gostava de bons cavalos. Jack “Turkey Creek” Johnson, cujo nome verdadeiro, segundo Wyatt Earp, era John William Blount, era natural do Missouri e foi criado na área de mineração de chumbo perto de Neosho. Blount foi forçado a fugir do Missouri em 1877, depois que ele e seu irmão se envolveram em uma violenta briga de rua. Em maio de 1881, seu irmão Bud matou um homem em uma briga em Tip Top, Território do Arizona, e foi enviado para a Prisão Territorial de Yuma. John Blount adotou o pseudônimo de Jack Johnson e foi para Tombstone em busca da ajuda de Wyatt Earp para conseguir o perdão de seu irmão. Wyatt ajudou escrevendo uma petição ao governador Fremont, a quem conhecia, e Bud Blount acabou sendo libertado. Como forma de pagar sua dívida, Johnson se juntou ao grupo de busca. Charlie Smith tinha uma longa ligação com a família Earp e era fluente em espanhol depois de passar vários anos no Texas trabalhando em bares. Enquanto estava em Fort Worth, ele se associou ao barman James Earp e participou de pelo menos dois tiroteios lá, sendo gravemente ferido em 1878.

             

Chegando a Tombstone em 1879 com Robert J. Winders, Smith imediatamente se associou aos Earps. Winders e os Earps eram sócios na mina Mountain Maid. Daniel “Tip” Tipton chegou a Tombstone em março de 1881. Ele tinha uma reputação duvidosa, adquirida durante os primeiros dias do boom da mineração em Virginia City, Território de Nevada. Tipton, um ex-marinheiro da União na Guerra Civil, tinha tatuagens nas mãos e antebraços e dedicou-se à mineração e ao jogo após a guerra. Em 1879, ele estava no distrito de Gunnison, no Colorado, antes de viajar para Tombstone a pedido de seu amigo Lou Rickabaugh, também amigo dos Earps. Smith e Tipton eram jogadores que complementavam sua renda com empreendimentos de mineração. John “Texas Jack” Vermillion, um virginiano, juntou-se à cavalgada de vingança após a morte de Frank Stilwell e nunca foi indiciado pelo assassinato de Stilwell, mas estava com os Earps quando Florentino “Indian Charlie” Cruz foi morto. Embora mais próximo do amigo e também sulista Doc Holliday do que dos Earps, Vermillion permaneceu ao lado de Wyatt Earp durante o tiroteio em Iron Springs com Curly Bill Brocius. Veterano da Guerra Civil Americana, tendo lutado pelo lado confederado e cavalgado com a cavalaria da Virgínia de J.E.B. Stuart, Vermillion era um exímio cavaleiro e pistoleiro. O delegado federal Dake visitou Tombstone no final de janeiro de 1881 com o governador interino John J. Gosper. Dake havia solicitado sem sucesso, assistência financeira ao procurador-geral dos Estados Unidos, Wayne MacVeagh, para ajudar a rastrear e prender os Cowboys. O superior de Dake disse-lhe que ele deveria reduzir sua dívida oficial abaixo da fiança penal de US$ 20.000 antes que uma dotação adicional pudesse ser feita.

Em setembro de 1881, o governador Gosper disse ao secretário do Interior Kirkwood que o Arizona continha “um pequeno exército de foras da lei bem armados e totalmente capazes de lidar com os poderes civis comuns de nossos condados”. Não acreditando que a burocracia federal forneceria fundos, Dake pegou emprestado US$ 3.000 do Wells Fargo & Co., prometendo que o Departamento de Justiça o reembolsaria. Ele depositou dinheiro, relatado de várias maneiras como US$ 300 ou US$ 3.000, em uma conta no Hudson & Company Bank, menos US$ 15, para uso “para prender todas as partes que cometem crimes contra os Estados Unidos”. No dia seguinte, John Thacker, do Wells Fargo, foi com Wyatt ao banco para autorizar o uso dos fundos. Dake foi posteriormente acusado, embora não condenado, de gastar US$ 300 em jogos de azar e prostitutas enquanto estava em Tombstone e de se apropriar indevidamente da maior parte do restante do dinheiro. Em janeiro de 1882, Wyatt Earp solicitou e obteve mandados do juiz William H. Stilwell para a prisão dos homens considerados responsáveis ​​pela emboscada a Virgil. O juiz Stilwell estava entre os vários cidadãos do Condado de Cochise descontentes com a falha do xerife Behan em impedir a atividade criminosa contínua dos Cowboys. Em 17 de janeiro de 1882, Johnny Ringo e Doc Holliday trocaram ameaças, resultando em sua prisão pelo chefe de polícia de Tombstone, James Flynn.

 Ambos foram multados e o juiz Stilwell observou que ainda havia acusações pendentes contra Ringo por um roubo em Galeyville. Ringo foi preso novamente e encarcerado em 20 de janeiro.  Em 23 de janeiro, Wyatt cavalgou com seu grupo de busca, composto por seus irmãos Morgan e Warren, Doc Holliday, “Texas Jack” Vermillion e outros quatro, até Charleston, Arizona, onde Ike Clanton, seu irmão Phin e Pony Diehl costumavam ficar. Ringo, ainda na prisão, soube que os Earps tinham mandados de prisão e estavam a caminho de Charleston. Ele providenciou a fiança e o xerife Behan o libertou antes que o pagamento chegasse. James Earp imediatamente apresentou uma declaração juramentada dizendo que Ringo era “um prisioneiro fugitivo” e o acusou de interferir na execução dos mandados por Wyatt. Ringo cavalgou imediatamente para Charleston para avisar seus amigos cowboys. A caminho de Charleston, o grupo de Earp foi reforçado por mais 30 cavaleiros de Tombstone. Eles encontraram Ben Maynard, um conhecido associado dos Cowboys, nos arredores de Charleston e o prenderam. Com Maynard à frente, o grupo tomou a pequena cidade e foi de porta em porta procurando pelos Clantons e Diehl. Ringo foi preso novamente em Charleston, mas não antes de avisar os Clantons e Diehl, que deixaram a cidade. No dia seguinte, o grupo vasculhou a região, parando em um acampamento perto de Tombstone como “Pick-em-up”. Para complicar as coisas, um delegado de Tombstone foi até Pick-em-up e entregou um mandado de prisão a McMaster, acusado de roubar dois cavalos da mina Contention.

            

O grupo de Earp voltou para Tombstone, onde Sherman McMaster pagou a fiança. Ele e Charlie Smith se hospedaram no Hotel Cosmopolitan, perto da casa dos Earps. Em 30 de janeiro, Ike e Phin Clanton se entregaram ao agente da Wells Fargo, Charley Bartholomew, e foram presos em Tombstone. Eles descobriram que o mandado não era por roubo à mão armada, como pensavam, mas por “agressão com intenção de cometer assassinato, sendo o crime específico a emboscada e o tiroteio de Virgil Earp algumas semanas antes”. Em 2 de fevereiro, os Clantons foram julgados perante o Juiz Stilwell. O chapéu de Ike foi encontrado no local do crime e McMaster testemunhou que ouvira Ike falar sobre o tiroteio em Charleston naquela mesma noite. Ele disse que, quando Ike soube que Virgil havia sobrevivido ao tiroteio, Ike disse que “teria que voltar e refazer o serviço”.  No entanto, o policial de Charleston, George McKelvey, o dono do saloon, JB Ayers, e outras cinco pessoas testemunharam que Ike Clanton estivera em Charleston e não poderia ter participado do tiroteio. As acusações foram rejeitadas por falta de provas. Wyatt disse mais tarde que o Juiz Stilwell lhe disse: “Wyatt, você nunca vai limpar essa turma desse jeito; da próxima vez é melhor deixar seus prisioneiros no mato, onde álibis não contam”.  Ike Clanton reapresentou acusações de assassinato contra os Earps e Doc Holliday em Contention, Arizona, isto é, pelo assassinato de seu irmão e dos irmãos McLaury. Como não conseguiu apresentar novas provas, as acusações foram arquivadas. Em 13 de fevereiro, Wyatt hipotecou sua casa ao advogado James G. Howard por US$ 365,00, mas nunca conseguiu pagar o empréstimo e, em 1884, Howard executou a hipoteca da casa. Em 17 de fevereiro, o grupo de Earp deixou Tombstone fortemente armado e com um mandado de prisão para “Pony” Diehl, suspeito de um assalto a uma diligência em janeiro de 1882. Sem sucesso, eles retornaram à cidade alguns dias depois, ao ouvirem rumores de que os Cowboys estavam planejando mais vingança.

Apesar da reintegração política e administrativa, uma considerável parte das bases militares dos Estados Unidos permaneceu na região, gerando debates contínuos sobre segurança, desenvolvimento regional e convivência com as instalações militares. Atualmente, Okinawa é reconhecida tanto por sua importância estratégica como por sua rica diversidade cultural. Elementos como a música tradicional com sanshin, a dança eisa, o idioma okinawano (parte das línguas ryukyuenses) e a culinária local são amplamente celebrados no Japão. Iniciativas para a preservação da língua e das artes tradicionais vêm sendo apoiadas por instituições locais e pelo governo nacional, com o objetivo de transmitir esse patrimônio às novas gerações. Ao mesmo tempo, questões como a concentração de bases militares estrangeiras continuam sendo temas sensíveis. Em tempos recentes, circularam nas redes sociais vídeos supostamente ligados a movimentos de independência de Okinawa; no entanto, investigações identificaram que muitos desses conteúdos foram divulgados por contas de fora do Japão, com imagens não relacionadas à realidade local. De acordo com pesquisas realizadas por veículos locais, como o Okinawa Times, apenas uma pequena parcela da população, estatisticamente cerca de 2% apoia a independência da província. Okinawa segue um papel singular dentro da nação japonesa: uma região de herança histórica multifacetada, que busca equilibrar sua identidade cultural própria com os desafios e responsabilidades contemporâneos. Vários cantores populares japoneses e grupos musicais famosos são oriundos das Ryūkyū. Isto inclui dentre outros, o cantor Gackt, a cantora Namie Amuro, a cantora Mika Nakashima, a banda Stereopony, a cantora Olivia Lufkin, os grupos Da Pump e Orange Range.

Nenhum estado confederado perdeu mais soldados do que a Carolina do Norte; soldados provenientes do estado responderam no total por cerca de 25% das baixas confederadas. Segundo diz a lenda, foi na guerra civil que a Carolina do Norte ganhou seu atual cognome, The Tar Heel State (“O estado do calcanhar de piche”). O piche fora uma das principais fontes de renda da Carolina do Norte durante o período colonial. Durante uma dada batalha ocorrida no estado vizinho da Virgínia, tropas confederadas recuaram, deixando tropas da Carolina do Norte sozinhas contra as forças da União. Após a batalha, que resultou em vitória confederada, os soldados da Carolina do Norte teriam afirmado que fariam uso de piche nos calcanhares de tropas aliadas para evitar que estes “desgrudassem” (ou fugissem) da batalha. Outro cognome do Estado é Old North State (Velho estado do Norte). A Guerra Civil Americana, também reconhecida como Guerra de Secessão ou Guerra Civil dos Estados Unidos, foi uma guerra civil travada nos Estados Unidos, de 1861 a 1865, entre a União e os Confederados. Sua causa principal foi a longa controvérsia sobre a escravização dos negros. O conflito eclodiu em abril de 1861, quando as forças separatistas atacaram o Fort Sumter, na Carolina do Sul, pouco depois de Abraham Lincoln ter tomado posse como Presidente dos Estados Unidos. Os legalistas da União no Norte, que também incluíam alguns estados geograficamente ocidentais e do Sul, proclamaram apoio à Constituição, enfrentaram os secessionistas dos Estados Confederados do Sul, que defendiam os direitos dos estados em manter a escravidão. Em fevereiro de 1861, dos trinta e quatro estados do país, sete escravistas do Sul foram declarados por seus governos como segregados, criando-se os Estados Confederados da América, que organizaram uma rebelião contra o governo constitucional.

Os Confederados cresceram para abranger, pelo menos, a maioria dos territórios de onze estados, e reivindicaram ainda Kentucky e Missouri por declarações de secessionistas que fugiam da autoridade da União, mas sem território ou população, tiveram total representação no Congresso Confederado durante a Guerra Civil. Os dois restantes, Delaware e Maryland, foram convidados a ingressar aos Confederados, mas nada de substancial se desenvolveu devido à intervenção das tropas da União. Os Estados Confederados nunca foram reconhecidos diplomaticamente pelo governo dos Estados Unidos ou por qualquer país estrangeiro. Os estados que permaneceram leais aos Estados Unidos eram conhecidos como União. Isto é, União e os Confederados rapidamente recrutaram exércitos de voluntários, recorrendo também à conscrição para preencher as crescentes baixas. Combates intensos durante os quatro anos de guerra deixaram entre 620 000 e 750 000 pessoas mortas, que ainda é o maior número de baixas militares dos Estados Unidos entre todas as outras guerras combinadas que o país travou.  Seu fim ocorreu em 9 de abril de 1865, quando o general confederado Robert E. Lee se rendeu ao general da União, Ulysses S. Grant, na Batalha de Appomattox Court House (1865). Generais confederados dos estados do Sul seguiram o exemplo, com a última rendição em terra a ocorrer em 23 de junho. Grande parte da infraestrutura do Sul foi destruída, principalmente os sistemas de transporte.

A Confederação entrou em colapso, a escravidão foi abolida e mais de quatro milhões de escravos negros foram libertados. Durante a Era da Reconstrução que se seguiu à guerra, a unidade nacional foi lentamente restaurada, o governo nacional expandiu seu poder e os direitos civis e políticos foram concedidos aos escravos negros libertados por meio de emendas à Constituição. A guerra civil é um dos eventos mais estudados e escritos sobre a história daquele país. Suas preferências musicais, mutatis mutandis, são Bat for Lashes, principalmente France Gall, MewithoutYou, The Shangri-Las, The Shirelles, Roy Orbison, The XX e Ben E. King`s com a música “Stand by Me”. Winstead também disse que é uma grande fã de filmes de terror: The Shining, Alien e Rosemary`s Baby são os filmes favoritos dela. Winstead tem interesse em cantar, mas não pensa em seguir como uma carreira. “Eu não era realmente, e nem vou ser uma cantora, mas é apenas algo que eu sempre amei”. Em Grindhouse, Quentin Tarantino tinha Winstead para cantar cappella como as The Shirelles, cantando o hit “Baby It`s You”. O clipe pode ser encontrado no segundo disco de Death Proof em DVD. Em 2009, Winstead e o produtor musical tailandês Ly Long co-escreveram uma canção chamada “Warmth of Him”. Os rumores de ser um pré-lançamento único, Winstead, desde então, confirmou que ela estava “apenas explorando o seu interesse e não planeja lançar nenhum álbum musical”. Em 18 de janeiro de 2012, Winstead “twittou” sobre a realização de vocais com o grupo Deltron. Em 17 de março de 2012, Winstead estreou nova música que ela cantou no South by Southwest durante o evento Red Bull 3Style com Dan the Automator.

O processo de gentrificação é tipicamente o resultado do aumento da atração para uma área por pessoas com renda mais alta que se espalham por cidades, vilas ou bairros vizinhos. Outras etapas desenvolvimentistas são maiores investimentos em uma comunidade e na infraestrutura econômica relacionada por empresas de desenvolvimento imobiliário, governo local ou ativistas comunitários e desenvolvimento econômico resultante, maior atração de negócios e menores taxas de criminalidade. Além desses benefícios potenciais, a gentrificação pode levar à migração e deslocamento da população. Em casos extremos, a gentrificação pode ser provocada por uma bomba de prosperidade. No entanto, alguns veem o medo do deslocamento, que domina o debate sobre a gentrificação, como um obstáculo à discussão sobre abordagens progressistas genuínas para distribuir os benefícios das estratégias de redesenvolvimento urbano.  Associados aos políticos, ao grande capital e aos promotores culturais, os planejadores urbanos, agora planejadores-empreendedores, tornaram-se peças-chave dessa dinâmica.

                  

Esse modelo de mão única, que passa invariavelmente pela gentrificação de áreas urbanas “degradadas” para torná-las novamente atraentes ao “grande capital”, na falta de melhor expressão, através de megaequipamentos culturais, tem dupla origem, norte-americana (Nova-York) e europeia, principalmente a Paris do Beaubourg, atingindo seu ápice de popularidade e marketing em Barcelona, e difundindo-se pela Europa nas experiências de Bilbao, Lisboa e Berlim. Este fenômeno é encontrado principalmente em países desenvolvidos ou “em desenvolvimento” onde renda média e a população são crescentes e os bairros nobres começam a “invadir” seus vizinhos ditos “menos nobres”, empurrando para mais distante as periferias. Existem diversos exemplos em países como Inglaterra, Estados Unidos da América, Canadá, Espanha e outros. São criticados por estudiosos do urbanismo e de planejamento urbano devido ao seu caráter excludente e privatizador. Richard Sennett da Universidade Harvard, considera demagógico o caráter das críticas, argumentando que problemas urbanos não se resolvem com benevolência para com as camadas mais pobres da população e, na sua opinião, só se resolvem com alternativas que reativem e recuperem a economia do degradado. Concrete Cowboy é um filme norte-americano de faroeste de 2020 dirigido por Ricky Staub, é reconhecido pelo seu trabalho em Alma de Cowboy (2020), The Cage (2017) e roteiro de Staub e Dan Walser, baseado no romance Ghetto Cowboy de Greg Neri. É estrelado por Idris Elba, Caleb McLaughlin, Jharrel Jerome, Lorraine Toussaint, Byron Bowers e Method Man. Concrete Cowboy teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 13 de setembro de 2020, e foi lançado na Netflix em 2 de abril de 2021.

Velho Oeste, Oeste Selvagem ou Faroeste, em inglês: Old West, Wild West ou Far West, também reconhecido como American Frontier, abrange a geografia, a história, o folclore e a cultura associadas à onda futura de expansão americana na América do Norte continental que começou com os assentamentos coloniais europeus no início Século XVII e terminou com a admissão dos últimos territórios ocidentais contíguos como estados em 1912. Esta era de migração e colonização massiva foi particularmente encorajada pelo presidente Thomas Jefferson (1743-1826) após a compra da Louisiana, dando origem à atitude expansionista reconhecida como “destino manifesto” e à “Tese da Fronteira” dos historiadores. As lendas, os eventos e o folclore da fronteira americana incorporaram-se tanto na cultura dos Estados Unidos da América que o Velho Oeste, e especificamente o gênero ocidental de mídia, tornou-se uma das características definidoras da identidade nacional americana. Os historiadores debateram longamente sobre quando a chamada Era da fronteira começou, quando terminou e quais foram os seus principais subperíodos. Por exemplo, o subperíodo do Velho Oeste é às vezes usado por historiadores em relação ao período desde o fim da Guerra Civil Americana em 1865 até quando o Superintendente do Censo, William Rush Merriam, declarou que o US Census Bureau pararia de registrar o assentamento na fronteira ocidental como parte de suas categorias de censo após o Censo dos EUA de 1890. Seus sucessores continuaram a prática até o Censo de 1920.

Outros, incluindo a Biblioteca do Congresso e a Universidade de Oxford, citam frequentemente pontos divergentes que remontam ao início do século XX; normalmente nas primeiras duas décadas, antes da entrada americana na Primeira Guerra Mundial. Um período conhecido como “A Guerra Civil Ocidental de Incorporação” durou de 1850 a 1919. Este período incluiu eventos históricos sinônimos do arquétipo do Velho Oeste, como conflitos violentos decorrentes da invasão de assentamentos em terras fronteiriças, remoção e assimilação de nativos, consolidação de propriedade para grandes corporações e governo, vigilantismo e tentativa de aplicação de leis sobre bandidos. Em 1890, William Rush Merriam declarou: “Até 1880 inclusive o país tinha uma fronteira de colonização, mas atualmente a área instável foi tão dividida por corpos isolados de colonização que dificilmente se pode dizer ser uma linha de fronteira na discussão da sua extensão, do seu movimento para oeste, etc., não pode, portanto, mais ter lugar nos relatórios do censo. Apesar disso, o censo dos EUA posterior a 1900 continuou a mostrar a linha da fronteira oeste, e os seus sucessores continuaram a prática. No entanto, no censo dos EUA de 1910, a fronteira havia diminuído em áreas divididas sem uma linha única de assentamento para o Oeste. Um influxo de proprietários agrícolas nas primeiras duas décadas do século XX, ocupando mais áreas do que as concessões de propriedades rurais em todo o século XIX, é citado como tendo reduzido significativamente as terras abertas.

Uma fronteira é uma zona de contato no limite de uma linha de assentamento. O teórico Frederick Jackson Turner (1861-1932) foi mais fundo, argumentando que a fronteira foi palco de um processo definidor da civilização americana: “A fronteira”, afirmou ele, “promoveu a formação de uma nacionalidade composta para o povo americano”. Ele teorizou que era um processo de desenvolvimento: “Este renascimento perene, esta fluidez da vida americana, esta expansão para o Oeste... fornecem as forças que dominam o caráter americano”. As ideias de Turner desde 1893 inspiraram gerações (e críticos) a explorar múltiplas fronteiras individuais, mas a fronteira popular concentra-se na conquista e colonização de terras nativas americanas a Oeste do rio Mississippi, no que é o Centro-Oeste, Texas, as Grandes Planícies, as Montanhas Rochosas, o Sudoeste e a Costa Oeste. Enorme atenção popular concentrou-se no Oeste dos Estados Unidos especialmente no Sudoeste, na segunda metade do século XIX e no início do século XX, da década de 1850 à década de 1910. Esses meios de comunicação exageravam o romance, a anarquia e a violência caótica do período para obter um efeito dramático maior. Isso inspirou o gênero de filme western, junto com programas de televisão, romances, histórias em quadrinhos, videogames, brinquedos infantis e fantasias.

Conforme definido por Hine e Faragher, “a história da fronteira conta a história da criação e defesa de comunidades, do uso da terra, do desenvolvimento de culturas e hotéis e da formação de estados”. Eles explicam: “É uma história de conquista, mas também de sobrevivência, persistência e fusão de povos e culturas que deram origem e continuaram a vida na América”. O próprio Turner enfatizou repetidamente como a disponibilidade de “terras livres” para iniciar novas fazendas atraiu americanos pioneiros: “A existência de uma área de terras livres, sua recessão contínua e o avanço da colonização americana para o Oeste explicam o desenvolvimento americano”. Através de tratados com nações estrangeiras e obviamente para a manutenção das tribos nativas, compromisso político, conquista militar, o estabelecimento da lei e da ordem, a construção de fazendas, ranchos e cidades, a marcação de trilhas e escavação de minas, e a extração de grandes migrações de estrangeiros, os Estados Unidos expandiram-se de coast to coast, cumprindo a ideologia do Destino Manifesto. Em sua “Tese da Fronteira” (1893), Turner teorizou que a fronteira era um processo que transformou os europeus em um novo povo, os americanos, cujos valores se concentravam na igualdade, democracia e otimismo, bem como no individualismo, autossuficiência e até violência.

      

Com a compra da Louisiana em 1803, que dobrou o tamanho dos Estados Unidos, Thomas Jefferson preparou o terreno para a expansão continental dos Estados Unidos. Muitos começaram a ver isso como o início de uma nova missão providencial: se os Estados Unidos obtivessem sucesso como uma "cidade brilhante sobre uma colina", as pessoas de outros países buscariam estabelecer suas próprias repúblicas democráticas. Nem todos os americanos ou seus líderes políticos acreditavam que os Estados Unidos eram uma nação divinamente favorecida, ou pensavam que ela deveria se expandir. Por exemplo, muitos whigs se opuseram à expansão territorial com base na alegação democrata de que os Estados Unidos estavam destinados a servir como um exemplo virtuoso para o resto do mundo, e também tinham uma obrigação divina de disseminar seu sistema político superordenado e um modo de vida por toda parte. Continente norte-americano. Muitos no partido Whig “estavam com medo de se espalhar muito”, e “aderiram à concentração da autoridade nacional em uma área limitada”.

Em julho de 1848, Alexander Stephens denunciou a interpretação expansionista do presidente Polk sobre o futuro da América como “mentirosa”. Em meados do século XIX, o expansionismo, especialmente o Sul em direção a Cuba, também enfrentou oposição dos americanos que tentavam abolir a escravidão. À medida que mais territórios foram adicionados aos Estados Unidos nas décadas seguintes, "ampliar a área de liberdade" na mente dos sulistas também significou ampliar a instituição da escravidão. É por isso que a escravidão se tornou uma das questões centrais na expansão continental dos Estados Unidos antes da Guerra Civil. Antes e durante a Guerra Civil, ambos os lados afirmaram que o destino dos Estados Unidos da América era por direito deles. Lincoln se opunha ao nativismo antiimigrante e ao imperialismo do destino manifesto como injusto e irracional. Ele se opôs à Guerra do México e acreditava que cada uma dessas formas desordenadas de patriotismo ameaçava os inseparáveis laços morais e fraternos de liberdade e união que ele buscava perpetuar através de um amor patriótico de país guiado pela sabedoria e autoconsciência crítica. O “Eulogy to Henry Clay”, de Lincoln, 6 de junho de 1852, fornece a expressão mais convincente de seu patriotismo reflexivo.

Bibliografia Geral Consultada.

FAULKNER, Harold Underwood, História Económica de los Estados Unidos. Buenos Aires: Editora Nueva, 1954; STAMPP, Kenneth Milton, La Esclavitud en los Estados Unidos (la ´Instituición Peculair`). Trad. Esp. Barcelona: Ediciones Oikos Tau, 1966; HOBSBAWM, Eric, Storia del Marxismo: I – Il Marxismo al Tempi di Marx. Roma: Giulio Einaudi Editor, 1975; GENOVESE, Eugene, A Economia Política da Escravidão. Rio de Janeiro: Editora Pallas, 1976; Idem, A Terra Prometida: O Mundo que os Escravos Criaram. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1988; BERLIN, Ira, “Time, Space, and the Evolution of Afro-American Society on British Mainland North América”. In: The American Historical Review, Vol. 85, nº 1, pp. 44-78, February, 1980; SMEDLEY, Audrey, “Race and the Construction of Human Identity”. In: American Anthropologist, Vol. 100, n° 3, 1998, pp. 690-702; BAILYN, Bernard, As Origens Ideológicas da Revolução Americana. Bauru: Editora da Universidade Sagrado Coração, 2003; MINTZ, Sidney; PRICE, Richard, O   Nascimento da   Cultura   Afro-Americana:   Uma Perspectiva Antropológica. Rio de Janeiro: Editora Pallas; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 2003; AL-HAGLA, Khalid, “Towards a Sustainable Neighborhood: The Role of Open Spaces”. In: International Journal of Architectural Research, 2(2), 2008, pp. 162-177; BASTOS, Rachel Benta Messias, Raça e História: A Metamorfose do Negro no Contraponto Mito da Democracia Racial. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2013; NORTHUP, Solomon, Doze Anos de Escravidão: A História Real de Solomon Northup. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2014; BAPTIST, Edward, The Half Has Never Been Told: Slavery and the Rise of American Capitalism. New York: Basic Books Editor, 2014; PARRON, Tamis Peixoto, A Política da Escravidão na Era da Liberdade: Estados Unidos, Brasil e Cuba, 1787-1846. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015; SOUSA, César Henrique Guazzelli e, Ecos do Oeste: O Conceito de Fronteira na Escrita da História dos Estados Unidos. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Faculdade de História. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2021; entre outros.

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