terça-feira, 30 de abril de 2019

Chico Mendes - Instituto, Ecologia & Memória Fustigada.

                                                                                                  Ubiracy de Souza Braga

“Que diferença faz quem é o Chico Mendes?”. Ricardo de Aquino Salles

                         
Ricardo de Aquino Salles nascido em São Paulo, em 8 de junho de 1975, é advogado, administrador e político brasileiro. Foi ministro do Meio Ambiente do Brasil de 2019 a 2021, no governo de Jair Messias Bolsonaro. Foi secretário particular do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de 2013 a 2014, e Secretário do Meio Ambiente de São Paulo de 2016 a 2017, nomeado por Alckmin. Fundou, em 2006, o Movimento Endireita Brasil (MEB), organização alinhada à chamada “nova direita” e parceira do Instituto Millenium. Em 9 de dezembro de 2018 foi anunciado como ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, alegando ter como prioridades a agenda ambiental urbana, o combate ao lixo do mar e agilidade de processos de licenciamentos. Em sua gestão ministerial deste importante setor mundial, foram tomadas medidas apontadas por ambientalistas “como prejudiciais à proteção ambiental no território nacional, tais como a revogação de Resoluções que protegiam restingas e manguezais, suspensão de multas ambientais e interferências em órgãos de fiscalização ambiental”. Foi exonerado do cargo público, a pedido de parlamentares, em 23 de junho de 2021, após acusações de suposto envolvimento em esquema de exportação ilegal de madeira do Brasil para o exterior. Foi candidato a deputado federal por São Paulo em 2006 pelo Partido da Frente Liberal (PFL), em sua estreia na vida pública. 

Obteve 9 466 votos, não conseguindo se eleger. Em 2010, foi candidato a deputado pelo Democratas (DEM), obtendo 26 552 votos, não conseguindo se eleger. Entre 2012 e 2016, participou de campanhas eleitorais como apoiador de diversas candidaturas. Em 2018, tentou novamente uma vaga como deputado federal por São Paulo pelo Partido Novo. Obteve 36 603 votos, não tendo sido eleito. Em 9 de dezembro de 2018, Ricardo Salles é indicado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, ao cargo de Ministro do Meio Ambiente, a partir de 2019. Naquele ano, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentou acabar com duas Resoluções governamentais que protegiam manguezais e restingas. Após análise, o supremo Tribunal Federal declarou a medida inconstitucional e restabeleceu as normas até então em vigor.  Em maio de 2020 foi expulso do Partido Novo após decisão da comissão partidária. Chico Mendes (1944-1988) foi um seringueiro, sindicalista, ativista político e ambientalista brasileiro. Lutou a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência depende absolutamente da preservação da floresta e das seringueiras nativas. Seu ativismo lhe trouxe reconhecimento internacional, ao mesmo tempo em que provocou a ira dos latifundiários que o assassinaram. Aprendeu a ler aos 19 anos, já que na maioria dos seringais não havia escolas, e tampouco os proprietários de terras tinham intenção de implantá-las em suas propriedades. Segundo Chico Mendes foi o militante comunista Euclides Távora, que participara no levante comunista de 1935, em Fortaleza, e na Revolução de 1952 na Bolívia, que o ensinou a ler. Após retornar ao Brasil, Euclides Távora fixou residência em Xapuri, onde se tornou o alfabetizador de Chico Mendes. 

        Xapuri representa município brasileiro localizado no interior do estado do Acre. Situa-se na microrregião de Brasileia, mesorregião do Vale do Acre. Cidade Histórica, Xapuri é considerada o berço da Revolução Acreana e o símbolo do Movimento Ambientalista Mundial. Ipso facto é reconhecida também por seu filho mais ilustre, o seringueiro e líder sindical Chico Mendes, que viveu toda a sua vida e luta ambientalista no campo. Há controvérsias quanto à data da fundação do município. Alguns historiadores citam o dia 22 de agosto de 1904, outros 23 de abril de 1903, 23 de outubro de 1904 e 22 de março de 1904. O governo do Acre e a prefeitura local utilizam o dia 22 de março de 1904 como o ano de fundação para as atividades festivas da cidade. Os primeiros habitantes da região foram os índios das tribos dos xapurys; mais numerosa e que originou o nome da cidade, catianas e moneteris. A excursão de Manuel Urbano da Encarnação à foz do rio Xapuri, em 1861, é compreendido como o início da colonização da região. As terras, onde atualmente se localiza a cidade, eram de propriedade do cearense Manuel Raimundo, seringalista que chegou à região durante o Ciclo da Borracha. Os seringais da região do atual município de Xapuri eram os mais produtivos do planeta, segundo dados estatísticos, fazendo com que a região se tornasse a principal referência em termos sociais, culturais e econômicos do Acre e, comparativamente em outras regiões do país e também do mundo ocidental globalizado. No sistema presidencialista brasileiro, o político não governa com o próprio partido. Afinal, uma única legenda não costuma obter a maioria das cadeiras no Congresso. Isso se dá pela grande quantidade de partidos inúteis existentes. 



                       
       O que leva ao fisiologismo, relação social e de poder político em que ações e decisões são tomadas com base em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios a interesses privados, em detrimento do bem comum. Está estreitamente associado à corrupção política, uma vez que os candidatos de partidos fisiologistas apoiam qualquer forma de governo, para obter concessões e benefícios individuais ou de grupos econômicos em negociações. São relações construídas por meio de alianças com os parceiros que um candidato traz da campanha e também com os novos apoiadores. Em troca desse apoio, o presidente eleito oferece espaço para que os parceiros passem a governar junto a ele. Essa lógica, em que vários partidos compõem o governo, com múltiplas alianças, é o que caracteriza singularmente o chamado “presidencialismo de coalizão”, expressão cunhada pelo cientista político Sérgio Abranches no âmbito dos debates constituintes em 1988, para denominar um regime presidencialista, como o implantado no Brasil, que reune em um mesmo modelo o regime proporcional de lista aberta para ocupar os cargos do legislativo, o multipartidarismo e a escolha dos mandatários do poder (cf. Abranches, 1988: 5-34).  
           Depois de desestruturar o Fórum Nacional de Educação e as conferências, limitar o acesso ao FIES, entregando aos bancos o futuro de um enorme contingente de estudantes que mais precisam do Estado, e de aprovar a Emenda Constitucional nº 95, impondo severa restrição de investimentos em educação, o governo de Michel Temer agora castiga e precariza as Universidades públicas e seu papel fundamental social e no desenvolvimento do país. A lista de maldades de Temer contra a educação é muito mais ampla e a última iniciativa foi o veto à prioridade das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) na LDO para o ano de 2018: não há restrição para que Temer use os recursos públicos para se manter no governo, como o enorme rombo gerado no orçamento comprova. Por outro lado, o governo deixa claro que não irá trabalhar para o cumprimento das metas do PNE, que foi aprovado pela Câmara após intenso debate ao longo de quatro anos, em decorrência de qualificadas discussões em uma Conferência Nacional de Educação. A démarche política do governo ilegítimo de Michel Temer (PSDB) na área de educação decorreu em acelerado nível de cortes e vetos governamentais. Sob o pretexto de busca do equilíbrio fiscal, promove um amplo e profundo ataque aos direitos civis, privatiza a educação básica e superior e restringe o direito à educação pública de qualidade. Ambientalistas temem extinção do Instituto Chico Mendes e criticam medidas.

            A verdade é que fora de dúvida nunca antes as instituições de defesa do Estado foram tão estruturadas e fortalecias e, sobretudo, puderam atuar livremente sem o Executivo romper os limites éticos e constitucionais da autonomia relativa entre os poderes como ocorreu durante os governos de Lula e Dilma (PT). Não por acaso o Portal da Transparência, outra ação do governo Lula, recebeu diversos prêmios internacionais e foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das cinco melhores práticas de prevenção à corrupção no mundo. Também não foi sem razão que o Brasil foi o primeiro país a ser convidado pelo ex-presidente Barack Obama, em 2010, para liderar, junto aos Estados Unidos da América (EUA), a iniciativa Open Government Partnership que atualmente conta com mais de 60 países. A retomada desses esforços é fundamental para evitar ainda mais retrocessos. A luta contra a corrupção deve continuar avançar em tempo contínuo. É a grande força motriz da defesa do patrimônio nacional e fortalecimento do Estado, com objetivo final de reduzir as desigualdades sociais e promover o pleno bem-estar social no Brasil.           
Após mais de uma década de expansão, interiorização e democratização das oportunidades à educação superior, sob os governos democráticos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT) com a ampliação das matrículas e o reforço às atividades de ensino, pesquisa e extensão, com clara expansão de iniciativas de fomento e oferta de bolsas, o que se observa agora é retrocesso e desmonte, cortes e mais cortes. Em relação às instituições federais, a situação é comprometedora, de abandono quase que absoluto. Estão sem condições de honrar compromissos básicos como água e luz, e manter contratos com trabalhadores, que passam a ser demitidos em massa. A medida rompeu com o espírito republicano e democrático impresso pelos governos Lula e Dilma em seus governos de nomear sempre os escolhidos pela categoria no intuito de conferir maior autonomia ao Ministério Público em suas atribuições de investigar o poder público, inclusive no caso de integrantes do próprio governo. O governo tampão de Michel Temer promoveu verdadeiro ataque às instituições de fomento à pesquisa, como as líderes Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação vinculada ao Ministério da Educação (MEC), que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu em todos os estados brasileiros, minando os recursos para Bolsas de Estudos de poucos milhares de pesquisadores e, severamente, ainda outras atividades acadêmicas em funcionamento.
A chamada Operação Lava Jato (cf. Souza, 2017), deflagrada em março de 2014, vai culminar na grande “jogada política” já realizada no Brasil, envolvendo empresas privadas, estatais e políticos. Essa operação contou com o apoio do governo Dilma Rousseff para seu esclarecimento. Como o tempo longo de julgamento a operação “Lava-Jato” terá seus métodos questionados, principalmente pela parcialidade e o antilulisno do juiz Sergio Moro (PSDB). Apesar de a operação atingir parlamentares de mais de uma (01) dezena de partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Solidariedade (SD), Democratas (DEM), Partido Republicano (PR), Partido Popular Socialista (PPS), Partido Social Democrático (PSD), Partido Trabalhista Cristã (PTC) e Partido Comunista do Brasil (PcdoB)), o alvo de suas investigações irá se concentrar, não por acaso, no Partido dos Trabalhadores (PT). Por quê? O ativismo político de Sergio Moro, dos procuradores e juízes vai influenciar no rumo da política nacional. Ela vai acirrar o antipetismo iniciado em 2006, de parte da mídia, de parte do sistema judiciário e de partidos políticos de direita. Conjuntamente, essas forças sociais e políticas se organizaram para confiscar a democracia em nome da luta contra a corrupção. As operações foram realizadas de olho “no impacto das pesquisas de opinião, onde o ódio coletivo era destilado em uma caçada implacável ao Lula e ao Partido dos Trabalhadores” (cf. Foucher, 2018).
A casa onde residiu Chico Mendes.
Não surpreende - mutatis mutandis - a decisão de levar adiante a proposta de fundir o Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura. Com ela, o governo eleito do militar fascista Jair Bolsonaro (PSL) antecipa o início do desmonte da governança ambiental. Submete o órgão regulador ao setor regulado. Ignora que o patrimônio ambiental único ao Brasil é um ativo, e não um passivo, que também demanda uma estrutura única de regulação. Também deixa claro que pretende cumprir cada uma das ameaças que fez durante a campanha ao meio ambiente e aos direitos civis. Enfraquecer o IBAMA e o Instituto Chico Mendes. Não demarcar mais 1 cm sequer de terras indígenas. Acabar com os ativismos e facilitar o acesso a armas de fogo para o fortalecimento das milícias em torno de seu governo e por proprietários rurais. O movimento fascista integra uma agenda maior de aliados de Jair Bolsonaro, expressa também com endosso pela pauta prioritária da bancada ruralista. Em caráter de urgência, pretendem aprovar o enfraquecimento do licenciamento ambiental e o fim das demarcações de terras indígenas. No Senado, ocorreu a mobilização do projeto de lei relatado pelo senador bolsonarista Magno Malta que “amplia as definições da lei de terrorismo para enquadrar organizações e movimentos da sociedade civil”.
O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal foi criado pelo decreto lei nº 289, de 28 de fevereiro de 1967. Era uma autarquia federal do governo brasileiro vinculada ao Ministério da Agricultura encarregado dos assuntos pertinentes e relativos a florestas e afins. Foi extinto por meio da Lei nº 7.732, de 14 de fevereiro de 1989 e transferiram-se seu patrimônio, os recursos orçamentários, extra orçamentários e financeiros, a competência, as atribuições, o pessoal, inclusive inativos e pensionistas, os cargos, funções e empregos para a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, criada em 1973 e extinta em 1989 e, posteriormente, para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), de acordo com a Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). É o órgão executivo responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e desenvolve diversas atividades para a preservação e conservação do patrimônio natural, exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo, etc.). Concede licenças ambientais para empreendimentos de sua competência.
Foi formado pela fusão de quatro entidades brasileiras que atuavam na área ambiental: Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Superintendência da Borracha (SUDHEVEA), Superintendência da Pesca (SUDEPE) e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). Em 1990, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República – SEMAM, ligada à Presidência da República, que tinha no IBAMA seu órgão gerenciador da questão ambiental. Entre 3 e 14 de junho de 1992, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, reconhecida como Rio-92, da qual participaram 170 países. A questão ambiental no Brasil tornou-se mais discutida, envolvendo a sociedade brasileira, que já vinha se organizando nas últimas décadas, no sentido de pressionar as autoridades brasileiras pela proteção ao meio ambiente de forma mais concisa. Desta forma foi reformulada a sua estrutura burocrática e em 16 de outubro de 1992, foi criado o MMA (Ministério do Meio Ambiente), com o objetivo de estruturar a política do meio ambiente no Brasil, ao qual o IBAMA agora está vinculado; não há subordinação entre o MMA - órgão da Administração Direta - e o IBAMA, autarquia federal que compõe a Administração Indireta. Em 2007, foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia responsável pela gestão das unidades de conservação nacionais, retirando do IBAMA esta competência legal.
bolsonarismo” enquanto ideologia política representa um regime político de truculência e terrorismo ideológico. De saque aos recursos dos meios ambientais, de apoio às forças agrarista/escravistas do setor produtivo e ativo para impulsionar a competitividade do agronegócio brasileiro.  Não se trata de estruturar uma governança ambiental forte, mas de tornar o Brasil um pária no cenário internacional, principalmente sob o jugo do imperialismo norte-americano ao qual o prócer alimenta uma profunda cordialidade. De acordo com Foucher (2018), a direita e a extrema direita no Brasil, uma das mais corrompidas do mundo contemporâneo, tornaram-se aparentemente porta-vozes da ética, sem nunca terem praticado um gesto em favor dela na política brasileira. Parte destes setores ultraconservadores, representados pelas classes médias urbanas, sempre abusaram dos poderes públicos e aparelharam a esfera pública. Quase sempre acostumados a sonegar o pagamento de impostos públicos e de renda, com falsificações de notas fiscais, realizaram investimentos especulativos, depositando seus ganhos nos chamados “paraísos fiscais”.
Estas práticas claras de corrupção estão presentes em momentos conjunturais de crise política nas altas cúpulas do poder. Outros protagonistas da falsa moralidade pública são os ricos e milionários pastores evangélicos.  Tentam provar que os bispos da Igreja Universal do Reino de Deus e igrejas pentecostais semelhantes, Assembleia de Deus entre outras, realizam “lavagem de dinheiro” e “lavagem cerebral” de seus adeptos. Eles usam as doações de fiéis para financiar, de modo fraudulento, a compra de empresas e agigantar um conglomerado de comunicação social que tem como principal finalidade ampliar a influência religiosa e política desse ramo evangélico no Brasil. Ressalte-se que parte do judiciário, muitas vezes se omitiu ou abafou escândalos de corrupção oriundos da “elite do atraso” detentora do poder econômico, e bem representada no parlamento brasileiro. 
          Alvo de críticas do presidente fascista Jair Bolsonaro (PSL), o ICMBio -  Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade está enfrentando ataques, ameaça de mortes e invasões em Rondônia e no sul do Amazonas. Em incidente programado, uma equipe formada por sete servidores do ICMBio, quatro PMs e dois policiais civis teve o caminho bloqueado após uma ponte de 20 metros ter sido destruída dentro da Floresta Nacional (Flona) do Jacundá, perto de Candeias do Jamari (RO). O caminho também ficou bloqueado por meio da destruição de pontes menores e de árvores derrubadas. A equipe, que fiscalizava roubo de madeira, precisou usar um caminho alternativo, atrasando o retorno em pouco mais de um dia. Para sair, contou com a proteção de uma escolta da Polícia Militar. A Flona Jacundá, de 220 mil hectares, tem um contrato florestal sustentável sob o regime de concessão com a empresa Madeflona, que sofreu prejuízos por causa da destruição de parte de sua infraestrutura.
         Quando o governo populista autoritário de Jair Bolsonaro (PSL) completou 100 dias já coleciona um vasto número de trapalhadas e erros graves que estão causando prejuízos econômicos e políticos para o país. O líder do Partido dos Trabalhadores  no Senado, Humberto Costa (PE), define que “nem os mais pessimistas poderiam imaginar que o Brasil estaria vivendo um momento como este”. Sem projeto social, econômico e político para o país, o governo apoia-se “em um viés fortemente autoritário, investe contra a soberania e constrange o Brasil”, analisa as políticas públicas o senador. - “É um governo que vai se inviabilizando na prática”. Como exemplos, destacam-se a proposta de reforma da Previdência Social; desmonte do programa social “Mais Médicos”; aumento do  desemprego que atingiu 13 milhões de brasileiros; extinção do Ministério do Trabalho; caos na Educação; liberação indiscriminada de agrotóxicos; graves prejuízos ao agronegócio decorrentes dos delírios na política externa e entrega da Base de Alcântara. Um terreno do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) concedido ao ICMBio foi invadido e loteado em Humaitá (AM), geograficamente ligada nas proximidades de Rondônia a 205 km da capital Porto Velho, que possui via estrada asfaltada.
        Em outubro de 2018 os escritórios do IBAMA e do ICMBio na cidade foram incendiadas por garimpeiros ilegais em retaliação a operação de fiscalização. Passados um ano, as unidades não foram reinstaladas. A floresta nacional do Bom Futuro é uma unidade de conservação de uso sustentável brasileira, situada nos municípios de Ariquemes e Porto Velho, no estado de Rondônia. Foi criada pelo Decreto 96.188, de 21 de junho de 1988, com o intuito de promover o manejo dos estoques de madeira da região. É administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Em outro “front”, o ICMbio enfrenta uma invasão de 250 pessoas na Flona do Bom Futuro, no município de Porto Velho. Eles entraram na unidade por volta do dia 19 de outubro, a poucos dias da realização do 2° turno das eleições presidenciais de 2018. Segundo servidores do ICMBio, os invasores admitem que serão regularizados pelo governo recém eleito de Jair Bolsonaro. Em 2020, veio do próprio Governo Federal a maior ameaça dos últimos anos sobre a preservação dos mangues. Naquele ano, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentou acabar com duas Resoluções governamentais que protegiam manguezais e restingas. Após análise, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a medida inconstitucional e restabeleceu as normas até então em vigor. Em maio de 2020 Ricardo Salles foi expulso do Partido Novo após decisão da comissão partidária.

            O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo. São 55 mil espécies de plantas, o que corresponde a aproximadamente 22% das 250 mil existentes no planeta. Embora possua vegetação espalhada por diversos habitats, a maior parte da flora se encontra na Mata Atlântica e hic et nunc na Floresta Amazônica. A diversidade é tão radiante que em apenas um hectare se encontram mais espécies que em todo o continente europeu. Sua diversidade ecológica está nas espécies nativas, mas também recebeu vegetação de outras regiões tropicais, trazidas historicamente pelos portugueses no período colonialista. Várias dessas espécies se restringem às áreas agrícolas, como o arroz, cana-de-açúcar, banana e frutas cítricas. A flora é amplamente utilizada pela população como fonte medicinal, embora pouco ainda se reconheça cientificamente sobre os seus resultados. Por falta de pesquisa, é provável que muitas espécies de plantas brasileiras tenham uso terapêutico ainda desconhecido. Na fauna, tem a maior diversidade do mundo na classificação de mamíferos, com 524 espécies reconhecidas, bem como de peixes de água doce, com mais de três mil espécies. Possui também mais de 1.600 espécies de aves e cerca de 15 milhões de espécies de insetos.
            O Ministro do Meio Ambiente dá mais um passo atrás no desmonte da gestão ambiental ao anunciar 5 oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo para a presidência e todas as diretorias do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A missão institucional do ICMBio é “proteger o patrimônio natural e promover o desenvolvimento socioambiental” em todo o território nacional, no país que detém a maior diversidade biológica e cultural do planeta. A atuação do ICMBio é transdisciplinar e contempla ações de promoção do ecoturismo e concessão de serviços de apoio a visitação, uso sustentável dos recursos naturais, manejo de espécies, pesquisa e monitoramento da biodiversidade, garantia dos meios de vidas das populações e comunidades tradicionais, educação ambiental, dentre outras atividades especializadas. Claro está fica que o trabalho do Instituto não se restringe apenas as ações de fiscalização ambiental, para as quais as polícias militares estaduais têm prestado apoio ao longo desses anos. Para que a ações sociais do ICMBio sejam cumpridas, é necessário que seus dirigentes tenham formação teórica, capacidade técnica e experiência profissional na diversidade temática ambiental e regionais que permeiam suas atribuições.
          Enfim, em formato de conversa entre o engenheiro florestal Tasso Azevedo, do “Observatório do Clima”, e a atriz Camila Pitanga, o filme: “Fatos Florestais” resulta de uma parceria entre o OC, a Produtora Imaginária e o cineasta Fernando Meirelles, da O2 Filmes. Em 13 minutos, ele expõe dados estatísticos sobre uso da terra e conservação no Brasil a partir do cruzamento de duas grandes bases públicas de informações: o projeto MapBiomas, que mapeou todas as alterações da cobertura vegetal no Brasil nos últimos 35 anos, e o Atlas da Agropecuária Brasileira, criado pela Esalq-USP e pelo Imaflora, que mapeou a situação fundiária do país inteiro. Além disso, recorre aos dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), da Embrapa e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O espectador compreenderá que o Brasil está longe de ser o país do mundo com maior área de florestas - esse título é da Rússia, com maior proporção de seu território com áreas florestais ou com maior proporção de áreas protegidas ambientalmente.

Em verdade o país está na média mundial e tem menos área protegida que a Alemanha e vários países sul-americanos. Além disso, quando se exclui, em tese, a Amazônia que abriga apenas 10% da produção agrícola do país, a fração do território nacional protegida não alcança 5%. Outro mito desfeito é o de que falta terra para produzir no Brasil. O país tem a terceira maior área de produção do mundo, 245 milhões de hectares, perdendo apenas para China e Estados Unidos da América (EUA), e estatisticamente mais área agrícola comparada por habitante que ambos. A afirmação de que o agricultor brasileiro é um grande conservador de florestas tampouco se sustenta: os dados demonstram que o desmatamento em áreas agrícolas nos últimos 35 anos foi de 20%, contra 0,5% em áreas protegidas. - “Em tempos difíceis de distorções de dados sobre a questão agrária, sentimos urgência em reagir e contribuir com dados científicos. É preciso preservar e utilizar com inteligência os imensos potenciais do Brasil”, disse Gisela Moreau, diretora do filme, “Fatos Florestais”, da Produtora Imaginária.
           De acordo com Foucher (2018), a direita e a extrema direita no Brasil, uma das mais corrompidas do mundo, tornaram-se porta-vozes da ética, sem nunca terem praticado um gesto em favor dela na política brasileira. Os representantes dos setores conservadores, as classes médias tradicionalistas, sempre abusaram dos poderes públicos e aparelharam a burocracia pública. Sempre acostumados a sonegar impostos, a fazer maracutaias com falsificações de documentos fiscais, realizaram investimentos especulativos, depositando seus ganhos em paraísos fiscais. Essas práticas de corrupção sempre estiveram presentes nas altas cúpulas das esferas do poder. Outros protagonistas da falsa moralidade são os pastores evangélicos.  Tentam provar que os bispos da Igreja Universal do Reino de Deus e igrejas pentecostais semelhantes, Assembleia de Deus entre outras, realizam “lavagem de dinheiro” de seus adeptos. Eles usam as doações de fiéis para financiar, de modo fraudulento, a compra de empresas e agigantar um conglomerado de comunicação social que tem como principal finalidade ampliar a influência religiosa e política desse ramo evangélico no Brasil. Ressalte-se que grande parte do judiciário, por vezes se omitiu ou abafou escândalos de corrupção oriundos da elite detentora do poder econômico, e bem representada no Congresso nacional.   
Bibliografia geral consultada.

ALLEGRETTI, Mary Helena, A Construção Social de Políticas Ambientais: Chico Mendes e o Movimento dos Seringueiros. Tese de Doutorado. Centro de Desenvolvimento Sustentável. Brasília: Universidade de Brasília, 2002; MENEZES, Daniel Santos, Ambientalismo, Conhecimento Tradicional e Reservas Extrativistas na Amazônia Legal: A Visão dos Técnicos do Instituto Chico Mendes. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Administração. Núcleo de Ciências Sociais. Porto Velho: Fundação Universidade Federal de Rondônia, 2008; YADO, Thais Harumi Manfré, O Discurso Hipermidiático sobre/de Chico Mendes: Voz da Floresta e Cicatriz da Terra. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, 2012; OLIVEIRA, Kamilla Andrade de, Dinâmica das Mudanças na Paisagem na Reserva Extrativista Chico Mendes no Estado do Acre, entre 1989 a 2010. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Brasília: Universidade de Brasília, 2013; GRENZER, Matthias, Chico Mendes como Vereador Xapuriense (1977-1982). Dissertação de Mestrado em História. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2013; CASTRO, Stélia Braga, Casa de Chico Mendes e o Entorno: Formas de Consagração e Preservação do Patrimônio Cultural. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2014; PEREIRA, Elenita Malta, A Ética do Convívio Ecossustentável: Uma Biografia de José Lutzenberger. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Porto Alegre:  Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2016; PEREZ, Pietra Cepero Rua, A Produção da Floresta Em Pé: Resex Chico Mendes (AC), do Projeto à Realização. Dissertação de Mestrado. Departamento de Geografia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018; Artigo: “Ministério Público (MP) Investiga Ministro do Meio Ambiente por Enriquecimento Ilícito”.  In: https://www.gazetadopovo.com.br/17/08/2019; PANTOJA, Aila Rodrigues, A Amazônia de Chico Mendes – Análise Comparativa da Trilogia Narrativa: O Embate contra Chico Mendes (ensaio), Amazônia em Chamas (filme) e Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (minissérie). Programa de Pós-Graduação em Letras. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Letras. Manaus: Universidade Federal do Amazonas, 2019; entre outros.

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