sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Eric Clapton - Música, Slowhand & Guitarra na Alma Artística.


                                                                                                      Ubiracy de Souza Braga

Não sou uma celebridade. E não gosto de passar os dias falando de minha carreira”. Eric Clapton

           

A definição de arte é uma “construção” culturalmente sem significado preciso ou constante, variando com o tempo e espaço e de acordo com as várias formas de representação social e culturas humanas. A palavra guitarra tem sua origem mais imediata no termo “qitara” da língua árabe falada na Andaluzia antes da Reconquista, derivado por sua vez do latim “cithara”. A palavra latina descende diretamente do vocábulo grego κιϑάρα. As populares e versáteis guitarras se originaram a partir de um instrumento musical de origem espanhola. A “vihuela”, como era denominada, se originou por meio de dois instrumentos mais antigos ainda: o “ud”, com cinco cordas e muito popular no Oriente Médio, e a “cozba”, um aparelho musical romano. As guitarras elétricas surgiram em 1930, como uma modificação do próprio violão. Os primeiros modelos geravam um som muito suave e baixo, algo bem diferente do que conhecemos hoje em dia. Para ampliar a potência sonora do instrumento, no mesmo foram colocados captadores, que são espécies ou componentes de minúsculos microfones. Esta inovação gerou um pequeno problema, pois estes dispositivos faziam os bojos das guitarras vibrarem, provocando a famosa alteração sonora reconhecida como “feedback”.

Para solucionar tal problema, o famoso músico norte-americano Les Paul criou o chamado “corpo maciço da guitarra”, que deixou o instrumento na forma como conhecemos atualmente. A empresa Rickenbacker começou a fabricar as primeiras guitarras em 1931. O primeiro modelo de guitarra elétrica a ser comercializado foi a Electro Spanish. Contudo, o principal responsável pela produção em massa e popularização do instrumento foi Leo Fender, criador da tradicional fabricante de guitarras que leva seu sobrenome. A Fender também desenvolveu uma das mais lendárias guitarras: a Stratocaster. As guitarras de madeira maciça apareceram para valer só nos anos 1940. Nessa década, vários norte-americanos trabalharam paralelamente no aperfeiçoamento do instrumento. Um técnico especializado em consertar rádios de nome Leo Fender foi o primeiro a produzir em escala comercial guitarras de corpo sólido, que ele batizou de Broadcaster – nome que seria mudado para Telecaster. Para concorrer com Fender, a fábrica da Gibson, que já produzia violões elétricos com captadores, convidou o músico Les Paul para redesenhar um protótipo desenvolvido por ele.  

A guitarra se popularizou após a 2ª guerra mundial (1939-1945), durante as décadas de 1950 e 1960, coincidindo com o movimento da contracultura, período em que ganhou enorme espaço e lugares praticados no crescente mercado globalizado da música contemporânea, onde se estima que existam em torno de 50 milhões de guitarristas em todo o globo terrestre. Eric Patrick Clapton é um guitarrista, cantor e compositor britânico nascido na Inglaterra. Apelidado de “Slowhand” é reconhecido internacionalmente como exímio guitarrista e por vezes considerado um dos melhores de todos os tempos. Embora o seu estilo musical tenha variado em sua carreira, Clapton sempre teve as suas raízes ligadas ao blues. Em 2004 foi condecorado com o título de “Comandante da Ordem do Império Britânico”. Em 2011 foi eleito o 2° melhor guitarrista de todos os tempos pela revista Rolling Stone dedicada à música, política e cultura popular. Em princípio, foi uma revista dedicada à contracultura hippie. Contudo, a revista foi se distanciando dos jornais underground, como Berkeley Barb, adotando padrões tradicionais e evitando as políticas públicas radicais do jornalismo de interpretação reconhecida como underground. Na primeira edição, Wenner escreveu que a Rolling Stone “é só sobre música, mas sobre as coisas, e atitudes que a música envolve” é o comunicativo facto motto como emblema social da revista.


Eric Clapton nasceu em Ripley, na Inglaterra. Foi criado pelos avós, Rose e Jack Clapp. Em 1944, o sul da Inglaterra foi inundado pelas tropas norte-americana e canadense. Assim, a exemplo de muitas cidades inglesas, Ripley foi povoada. Patrícia, sua irmã mais velha, na verdade sua mãe, aos 15 anos conheceu o verdadeiro pai de Clapton, Eduardo Fryer, um aviador Canadense com quem teve um breve caso. Em 1945, Clapton nasceu “em segredo” na casa onde foi criado pelos avós como filho, acreditando que eles eram seus pais, sem saber que a irmã mais velha era a sua mãe verdadeira até os nove anos de idade. Foi batizado como Eric, mas era tratado por “Ric”. Essa revelação marcou a infância de Clapton. A família melindrava em torno dos fatos sobre a sua origem, em uma comunidade rural onde se conheciam e “as escolhas definidas dentro da família sobre como lidar com as minhas circunstâncias, e eu não era colocado a par de nenhuma delas”. Essa descoberta tornou-o fechado em si mesmo, além de não ter permissão para falar sobre o assunto: - “Eu observava o código de segredo que existia na casa”. Eric teve dificuldades nos estudos tornando-se um garoto calado, solitário e distante da família. Na escola, o assunto que mais o interessava era a arte, e era comum ser repreendido em aula por ter os livros repletos de desenhos.
Iniciou os primeiros estudos na Escola Primária da Igreja Anglicana de Ripley. O anglo-catolicismo tem crenças e pratica rituais religiosos semelhantes às da Igreja Católica Romana. Os elementos semelhantes incluem na celebração de sete sacramentos, a devoção à Virgem Maria e aos santos: “dulia”, porém não “hiperdulia”, a descrição do seu clero ordenado como padres e madres, a criação de ordens religiosas, o uso de vestes eucarísticas, como a casula e a dalmática, em lugar de apenas estola e alva, e a etnografia das suas celebrações eucarísticas como Missa. Além disso, enfatizam a crença na real presença de Cristo na Eucaristia tida pelos anglicanos em geral como mistério que se crê sem ser possível explicar; alguns anglo-católicos até mesmo defendem correntes como a da “transubstanciação”. Enxergam a crença e aderência aos 39 artigos de religião como fato histórico, e não como realidade contemporânea. Preferem o Quadrilátero de Lambert como declaração suficiente de fé. Usam, assim como os demais anglicanos, pela tradição ou hábito, o Livro de Oração Comum em sua liturgia.

A sua principal divergência em relação aos católicos romanos reside no estatuto, poder e influência do Bispo de Roma, pois a estrutura da Comunhão Anglicana assemelha-se mais à da Igreja Ortodoxa, com uma autoridade dispersa em que o Arcebispo de Cantuária é tido como “símbolo de unidade” e “primeiro entre iguais”. Durante a catequese ouviu pela primeira vez os cânticos ingleses, entre eles “Jesus Bids Us Shine”, o seu favorito. Desde então, a música o distraía da realidade. Uma paixão que, no decorrer dos anos, passou a ser essencial em sua vida. O seu primeiro instrumento, a flauta doce, lhe proporcionou um prêmio ao tocar “Greensleeves”. Trabalhando como carteiro, aos treze anos de idade, ganhou seu primeiro violão da avó, Rose. Apesar da dificuldade inicial com o instrumento, influenciado por canções antigas de blues e com um pequeno gravador, Eric Clapton se esforçava para aprender até o ponto em que estivesse tocando igual aos artistas originais. Isso o ajudou a desenvolver sua técnica e, em pouco tempo conseguiu dominar o instrumento. Ao completar o ensino básico, em 1962, fez um ano introdutório na Kingston School of Art, mas não concluiu.
            Em janeiro de 1963 ingressou na banda The Roosters. Seus ensaios ocorriam no andar de cima de um bar, e a guitarra, o teclado e o vocal eram ligados no mesmo amplificador, pois não tinham muitos recursos técnicos da eletrônica. Chegaram a fazer algumas apresentações, e Eric Clapton permaneceu na banda até agosto do mesmo ano. Trabalhando como carteiro, aos treze anos de idade, ganhou seu primeiro violão da avó, Rose. Apesar da dificuldade inicial com o instrumento, influenciado por canções antigas de blues e com um pequeno gravador, se esforçava para aprender até o ponto em que estivesse tocando igual aos artistas originais. Isso o ajudou a desenvolver sua técnica como músico e, em pouco tempo conseguiu dominar o instrumento. Ao completar o ensino básico (1962), fez um ano introdutório na Kingston School of Art, mas não concluiu o curso. Em janeiro de 1963, indicado pela namorada do guitarrista Tom McGuinness, e sua colega no curso de artes, ingressou na banda The Roosters. Ainda em 1963, passou a integrar a Yardbirds, que fazia sucesso na Grã-Bretanha. The Yardbirds é uma das mais importantes bandas de blues-rock da Inglaterra nos anos 60. Além da qualidade do seu trabalho, ficou famosa por ter tido três dos melhores guitarristas de todos os tempos, sucessivamente, Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page.
O grupo musical surgiu em Londres em 1963, mas só se tornou reconhecido quando Clapton entrou para a banda. Nesta época, segundo o próprio Eric Clapton na guitarra solo, eram cinco os integrantes que compunham o grupo: Keith Relf nos vocais Chris Dreja na guitarra base, Paul Samwell-smith no Baixo e Jim McCarty na Bateria. O empresário da banda e grande entusiasta do blues chamava-se Giorgio Gomelsky. Giorgio tinha aberto um lugar chamado CrawDaddy Club, no velho Station Hotel, em Richmond. A banda que tocava no local nas noites de domingo era a recém-formada Rolling Stones. Lá Eric conheceu Mick, Keith e Brian em seu período de formação, quando tocavam R&B. Entrou na banda Yardbirds depois de ser alertado por seu então amigo Keith Richards, do Rolling Stones de que o guitarrista Topham estava prestes a desistir da banda. Os Yardbirds foram alternando seu estilo musical para o ritmo Pop, o que desagradava a Eric. Sendo assim, fiel às suas raízes no blues, recusou-se a seguir a direção escolhida pelo grupo, e acabou saindo em março de 1965. Após a saída de Clapton a banda ainda teria mais dois grandes guitarristas como integrantes, sendo o primeiro Jeff Beck, e depois Jimmy Page. Depois de um tempo em empregos temporários, Clapton entrou para a banda John Mayall & the Bluesbreakers, estabelecendo seu nome como músico de blues e inspirando os jovens que pichavam Londres com a inscrição “Clapton is God” por todas as partes do subúrbio londrino. 
  Eric Clapton com B. B. King.
Ele largou os Bluesbreakers em 1966 e então formou o Cream nome designado pelo próprio Eric, um dos primeiros “Power trios” do rock, com seus amigos Jack Bruce e Ginger Baker, este, a pedidos de Eric à Jack Bruce. Eram seus amigos de festas, que aconteciam em suas casas, nas quais era comum culturalmente “que todos bebessem e fumassem quantidades maciças de droga, enquanto escutavam sons de blues”. No decorrer da vida, ele enfrentou momentos difíceis, como a luta para livrar-se das drogas e a superação da perda do filho, relembra Edgard Scandurra, em alusão à morte do pequeno Conor, de apenas quatro anos. Filho de Eric Clapton com a modelo italiana Lori Del Santo, o menino morreu em 20 de março de 1991, após cair da janela do 53º andar de um prédio em Nova Iorque. Um instantâneo da dor de Clapton pôde ser visto com a canção “Tears In Heaven”, e posteriormente nas canções “My Father's Eyes” (Pilgrim,  1998) e “Circus Left Town” (Pilgrim, 1998). Foi para Conor que Clapton compôs, um ano depois, a balada “Tears in Heaven”, do álbum MTV Unplugged. Clapton e esses amigos se tornaram tão próximos que resolveram entre si formar um grupo e tocar juntos, já que detinham os gostos semelhantes entre si no que faziam. Foi nessa época que Eric Clapton começou a desenvolver-se, que  para Hegel é vir a ser aquilo que é, para completar-se musicalmente como cantor, embora Jack Bruce, dos melhores vocalistas, fizesse evidentemente a maioria dos vocais.
No final de 1966 o status artístico de Clapton como melhor guitarrista da Grã-Bretanha foi aparentemente abalado com a chegada de Jimi Hendrix que compareceu a uma das primeiras apresentações do Cream, no London Polytechnic em 1° de outubro de 1966, e tocou uma jam com a banda durante “Killing Floor”. O líder de Cream ficou chocado ao ver as extrovertidas e irreverentes brincadeiras que Jimi fazia durante a apresentação. Nunca havia visto algo parecido. Eric imediatamente percebeu que havia ganhado um imbatível adversário, cujo carisma era igualado somente por sua incrível técnica na guitarra. Os primeiros shows de Hendrix no Reino Unido foram assistidos pela maioria dos astros da música britânica, incluindo Clapton, Pete Townshend e os Beatles. A chegada do americano teria um impacto profundo e imediato na próxima etapa da carreira de Clapton. O público só pensava no recém-chegado norte-americano Hendrix.  As lendárias brigas internas entre músicos do Cream, especialmente entre Bruce e Baker, aumentaram a tensão entre os três integrantes, levando ao fim do trio. Outro fator significante foi uma crítica antissocial da revista Rolling Stone de um dos shows do Cream, o que afetou Clapton profundamente.
Ipso facto, “Goodbye”, álbum de despedida da banda, apresentava faixas ao vivo gravadas no Royal Albert Hall, assim como a versão de estúdio de “Badge”, composta por Eric Clapton e George Harrison.  A amizade dos dois resultou no excelente desempenho de Clapton em “While My Guitar Gently Weeps”, lançada no White Album dos Beatles. Ao acompanhar de perto o sofrimento da esposa de Harrison, Pattie Boyd, que vivia abandonada em razão do interesse do marido pela cultura hindu, Eric Clapton acabou se apaixonando. E o sofrimento por amar a mulher de seu melhor amigo o inspiraria a compor uma das suas canções mais conhecidas canções: “Layla”. Uma segunda participação no super grupo Blind Faith (1969), com Baker, Steve Winwood e Rick Grech, resultou em um álbum e uma turnê norte-americana. Contudo, Clapton estava cansado de sua fama e do burburinho que cercava o Cream e o Blind Faith. Mas  afetou-se pela música do The Band - com o qual de fato ele já havia pedido para se juntar com o fim do Cream. Então decidiu ficar um pouco em paz e passou a viajar em turnê como convidado de Delaney and Bonnie and Friends tornando-se amigo de Delaney Bramlett, que o encorajou a voltar a compor e a cantar.
Usando a banda de apoio de Bramletts e um elenco estelar de músicos de estúdio, Clapton lançou seu primeiro disco solo em 1970, que trazia uma de suas melhores composições: “Let It Rain”. Ele formou uma nova banda com a intenção de contrastar com o natural culto de estrelismo entre artistas que crescera a sua volta e demonstrar Clapton como um integrante quase no mesmo patamar dos demais. Isto se tornou ainda mais evidente com a escolha do nome – Derek and the Dominos – que veio de uma piada nos bastidores do primeiro show da banda. Trabalhando no Criterion Studios em Miami com o produtor Tom Dowd, a banda gravou um brilhante álbum duplo, considerado posteriormente como a obra-prima de Clapton: “Layla and Other Assorted Love Songs”. A maioria do material, incluindo a faixa título do disco foi inspirada pelo famoso conto árabe “Majnun e Layla” e demonstrava o “grande amor não declarado de Clapton por Patti Harrison”. A música Layla foi gravada em sessões, compondo a de abertura na guitarra gravada, e para a segunda seção, o baterista Jim Gordon compôs e tocou o elegante trecho ao piano.
John Lennon e Eric Clapton, Toronto em 1969.
Essa é uma história de amor sobre dois jovens. Ela se chama Layla e ele é um jovem chamado Qays, mas que ficaria conhecido por toda a eternidade como “Majnun, o louco”. Uma noite, Majnun cavalgava errante com seu camelo e de repente avistou um grupo de mulheres belíssimas. Entre elas estava Layla, a mulher por quem Majnun dedicaria o resto da sua existência, e bastou um olhar entre os dois para causar um efeito devastador em Majnun, que se apaixonou desesperadamente. Ele acompanhou as mulheres para o banquete ao qual elas se dirigiam e matou seu camelo em contribuição ao festejo. Layla também se apaixonou por Majnun desde o princípio e ele decide pedir a mão dela em casamento. Majnun não sabia, mas o pai de Layla já a havia prometido ao homem de nome Ebn-e Salaam e cujo casamento só não se havia realizado ainda pelo fato de Ebn-e Salaam achar que Layla era muito nova ainda, pedindo ao pai dela para aguardar mais alguns anos. Ao saber disso Majnun desespera-se para viver uma vida miserável. Escreve poemas exaltando seu amor por Layla.                   
O pai de Majnun, vendo seu filho em tal estado, resolve fazer levá-lo em uma peregrinação para fazer com que ele se esqueça de Layla. Majnun não consegue tirar Layla de sua cabeça e sua loucura por ela apenas aumenta a cada dia que passa. Perdido, o pai de Majnun tenta convencer o pai de Layla a deixar que os dois jovens se casem, mas o pai de dela é ainda mais irredutível, pois os poemas de Majnun são famosos agora e o pai de Layla considera isso uma afronta à reputação de sua filha. – “Nem mesmo um vento passa sem sussurrar o nome de minha filha Layla. É preferível matá-la a dar a mão dela a ele”. Ebn-e Salaam casa-se com Layla (cf. Miquel e Kemp, 1984) e ao saber disso, Majnun solitário e reprimido volta a viver solitariamente em meio aos bichos, com o coração devastado e completamente insano. Majnun recusa-se a voltar para o convívio em sua casa e conviver com o resto da humanidade. Seu pai morre de tanto desgosto, Majnun é filho único e seu pai amava-o demais para vê-lo em tal situação determinada. A música rememora a tragédia que marcou o grupo durante sua breve carreira. Durante as sessões, Eric Clapton ficou devastado com a notícia da morte prematura do notável Jimi Hendrix; a banda gravou uma versão tocante de “Little Wing”, portanto, como um tributo a ele, adicionando-a ao álbum.
Um ano depois, Duane Allman, guitarrista da banda “The Allman Brothers” morreu em um acidente de motocicleta. Contribuindo mais para o sofrimento de Clapton, o álbum Layla receberia somente algumas poucas críticas neutras quando de seu lançamento. Enfim, “Layla e Majnun” tem como representação sociológica uma clássica história de amor em árabe, reconhecido e amado em toda a Ásia Central. A história original remonta ao século VII. No século XII, Nezami, o poeta de destaque na literatura persa, recria o drama no conto para a trágica história de amor que é muitas vezes comparado precisamente a Romeu e Julieta. No Azerbaijão, a história foi adaptada pelo compositor Uzeyir Hajibeyov como uma ópera e encenada pela primeira vez em 1908. Tem sido executadas e gravadas para um público entusiasta, e a ideia de como o amor protagonizou em Majnun e se infiltrou contaminando a música asiática e a literatura como profunda e permanentemente como o destino trágico de Romeu e Julieta tem permeado a memória da literatura ocidental. Apesar do sucesso internacional, a vid de Clapton encontrava-se em estado deplorável. Além da paixão por Pattie Boyd-Harrison, ele parou de apresentar e tornou-se viciado em heroína, o que resultou em um longo hiato em sua carreira.
A única interrupção notável desse hiato foi sua participação no extraordinário “Concerto para Bangladesh”, organizado pelo amigo George Harrison e, depois, pelo “Rainbow Concert”, organizado por Pete Townshend do The Who para ajudar Clapton a largar as drogas. Clapton retribuiu com a gentileza ao interpretar o “Pregador” na versão cinematográfica de Tommy em 1975. Sua aparição no filme tocando “Eyesight To The Blind” é notável pelo fato de ele estar claramente usando uma barba falsa em algumas sequências - o resultado de ele impensadamente raspar sua barba entre as gravações. Clapton lançou 461 Ocean Boulevard em 1974, álbum mais enfatizado nas canções ao invés de sua técnica na guitarra. Sua versão de “I Shot The Sheriff” foi um grande sucesso, sendo importante ao apresentar o reggae e a música de Bob Marley para um público mais extenso. Ele também promoveu o trabalho do cantor-compositor-guitarrista J.J. Cale. Relativamente “limpo” novamente, Clapton começou a organizar uma nova e forte banda, que incluía Radle, o guitarrista George Terry, o baterista Jamie Oldaker e as backing vocals Yvonne Elliman e Marcy Levy. Eles viajaram em turnê pelo mundo, posteriormente lançando o soberbo E.C. Was Here (1975).
Assim como MTV Unplugged, vencedor do Grammy em 1993, seu álbum “From The Cradle” traziam várias versões de antigos sucessos do blues, dando destaque a seu estilo econômico no violão. Em 1997, ele gravou um álbum de música eletrônica sob o pseudônimo de TDF, “Retail Therapy”, terminando o século XX com aclamadas parcerias com Carlos Santana e B. B. King. Em 1999, Clapton, então com 54 anos, conheceu a artista gráfica Melia McEnery, 25, em Los Angeles enquanto trabalhava em um álbum com B. B. King. Eles se casaram em 2002 e tiveram três filhas, Julia Rose (2001), Ella May (2003) e Sophie, nascida em 2005. Enfim, tão conhecido quanto Clapton é o seu costume de usar uma variedade de guitarras. No começo de sua carreira, ele usava uma Gibson Les Paul do final dos anos 1970, sendo parcialmente responsável pela reintrodução do estilo original da Les Paul pela Gibson. Mais tarde, Clapton começou a usar “Stratocasters” da marca Fender. A mais famosa de suas guitarras foi “Blackie”, montada com pedaços de várias “Strats” e que ele usou até os anos 1990, Depois, por medo de danificá-la, guardou em casa, e não a levou mais aos palcos. Por fim, Clapton se desfez da lendária “Blackie” por U$959,500 no leilão da Christie's de Nova York, em benefício do centro de reabilitação Crossroads. com a guitarra é notável e muito singular na histórica do rock.  
Em 1988, Eric Clapton foi honrado pela fábrica de guitarras Fender com a introdução de uma “Stratocaster” idealizada sob medida para ele, juntamente com Yngwie Malmsteen. Aquelas foram as primeiras guitarras modeladas para artistas na história social da música da famosa série “Signature” da Stratocaster, que desde então incluiu modelos para Jeff Beck, Buddy Guy e Stevie Ray Vaughan, entre outros. Em 1999, Clapton levou a leilão parte de sua coleção de guitarras para levantar fundos para o “Crossroads”, centro de reabilitação para viciados que ele fundou na Antígua em 1997. O montante total conseguido no leilão pela Christie’s foi de U$7,438,624. Em 3 de novembro de 2004, Clapton é condecorado com o título de “Comandante da Ordem do Império Britânico” (CBE). Em outubro de 2007, seu livro autobiográfico (“Clapton: the autobiography”), foi publicado. Ele foi editado em 12 idiomas. Além disso, ele revelou em recente entrevista à revista “Classic Rock Magazine” que sofre de neuropatia periférica, doença que afeta o sistema nervoso, os movimentos de pés e mãos e provoca dificuldade para tocar guitarra. Sobre tocar seu instrumento, o guitarrista, considerado um dos maiores de todos os tempos, comentou: - “Quer dizer, é um trabalho difícil às vezes, o lado físico disso ficar velho é duro. É difícil tocar guitarra e tive de entrar em acordo com o fato de que não vou melhorar”. Ele detalhou como recebeu a neuropatia periférica, doença que afeta extremidades, como mãos, pés e braços. – “Tive muita dor ao longo do último ano.
           Começou com uma pequena na parte inferior das costas, e depois evoluiu para o que chamam de neuropatia periférica, que é quando você sente como se estivesse levando choques descendo para a perna”. – “E tive de descobrir como lidar com isso e outras coisas que vêm com o envelhecimento”. O rock britânico (“british rock”) nasceu da influência do rock and roll e do rhythm and blues vindo dos Estados Unidos na música britânica. No Reino Unido, o movimento “trad jazz” levou muitos artistas do blues a visitar o país. O sucesso “Rock Island Line”, de Lonnie Donegan, em 1955, representou a principal influência e ajudou a desenvolver uma nova tendência de grupos musicais de skiffle na Grã-Bretanha, incluindo o “Quarry Men”, de John Lennon. Foi em solo britânico que se desenvolveu uma grande cena rock and roll, sem os preconceitos raciais que mantiveram o rhythm and blues separados nos Estados Unidos da América. Cliff Richard emplacou o primeiro sucesso britânico de rock`n roll com “Move It”, que inaugurou o rock britânico. No início da década de 1960, o seu grupo The Shadows foi um dos vários grupos a obter sucessos instrumentais. O rock 'n' roll caminhava em direção ao “pop” e a baladas, grupos de rock britânicos, fortemente influenciados por pioneiros do blues-rock como Alexis Körner, tocavam cada vez mais em clubes e bailes locais e se distanciavam do rock and roll dos artistas brancos norte-americanos.
Nesta particularidade a banda de rock britânica The Rolling Stones formada em Londres em 1962 e considerada um dos maiores e mais bem sucedidos grupos musicais de todos os tempos. Ipso facto é considerada a banda mais importante da chamada “invasão britânica” ocorrida nos anos 1960. A banda e seus membros ocuparam posição de destaque nas mudanças culturais e comportamentais frequentemente relacionados com a contracultura, rebeldia e juventude. Os Rolling Stones já venderam mais de 240 milhões de álbuns. Até o ano de 2007, quatro das cinco turnês musicais de maior lucro e bilheteria em todos os tempos, eram dos Stones. A turnê mais lucrativa da banda é “A Bigger Bang Tour”, que durou de 2005 até 2007 e arrecadou o valor real em torno de US$ 558, 255, 524. Durante esta turnê, a banda fez um show nas areias de Copacabana dia 18 de fevereiro de 2006 no Rio. Mais de 2 milhões de pessoas compareceram ao show, listado no Livro dos Recordes  como “o show gratuito de maior público realizado por uma única banda em todos os tempos na história social da música.
Bibliografia geral consultada.
MIQUEL, André; KEMP, Percy, Majnûn et Laylâ - L`Amour Fou. Paris: La Bibliothèque Árabe: Editeur Sinbad, 1984; COLEMAN, Ray, Clapton! New York: Warner Brooks, 1985; CHAPPLE, Steve e GAROFALO, Reebee, Rock e Indústria. História e Política da Indústria Musical. Tradutor Manuel Ruas. Lisboa: Editor Caminho, 1989; HURTADO, Jorge Gumucio, Cocaine, The Legend: About Coca and Cocaine. La Paz: International Coca Research Institute, 1995; SODRÉ, Muniz, La Città e il Tempi. Roma: Edizioni Settimo Sigillo, 1998; MATTELART, Armand, Histoire de l´Utopie Planetaire – De la Cite Prophétique à la Société Globale. Paris: Éditions La Découverte, 1999; PERRAULT, David, Eric Clapton: La Vie en Blues. Paris: Editeur Castor Astral, 2003; NEGUS, Keith, Géneros Musicales y la Cultura de las Multinacionales. Barcelona: Ediciones Paidós, 2005; GRANDE, Sérgio Vinicius de Lima, O Impacto do Rock no Comportamento do Jovem. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências e Letras. Araraquara: Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, 2006; CLAPTON, Eric: A Autobiografia. São Paulo: Editora Planeta Brasil, 2007; SCHWALB, Diego Zanoto; GARCIA, Jeferson; BECK, José Orestes; QUINSANI, Rafael Hansen, “África Meridional Inglesa: Das Estruturas Coloniais ao Desenvolvimento Econômico, Político e Social no Século XX”. Disponível em: Revista Historiador. Ano 3 (3): 41-63, dezembro de 2010; KHALIL, Lucas Martins Gama, A Ressignificação do Brega de Canções Anglófilas: Exterioridade e Efeitos de Sentido. Dissertação de Mestrado. Program de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos. Instituto de Letras. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2013; WELCH, Chris, Los Tesoros de Eric Clapton. Buenos Aires: Editorial Libros Cupula, 2014; LILTI, Antoine, Figures Publiques: L`invention de la célébrité (1750-1850). Paris: Librairie Arthème Fayard, 2014; MIRANDA NETO, Affonso Celso de, Eram Deuses os Guitarristas: Heróis e Mitos no Imaginário da  Cultura de Massa. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. Escola de comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; COELHO, Renato Aurelio Pereira, O Peso das Guitarras e Uma Outra Imagem do Rock. Tese de Doutorado. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Departamento de Psicologia. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2017; MIGUEL, Rafa de, “Eric Clapton: El Dios que Atravesó y Salió de Inferno de las Drogas”. In:  https://elpais.com/elpais/2018/11/05/; entre outros.

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