quinta-feira, 5 de abril de 2018

Vilfredo Pareto - Equilíbrio, Um Princípio Lógico e Matemático.

                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

                    Podem guardar a vossa verdade estéril para vós mesmos”. Vilfredo Pareto

                         
            Vilfredo Federico Damaso Pareto nasceu em Paris, no ano de 1823. Seu pai era o marquês Raffaele Pareto, oriundo de Gênova, na Ligúria, ao Norte da Itália,  encontrava-se exilado na França desde meados dos anos 1830, por sua participação no movimento nacionalista liderado por Giuseppe Mazzini, fora expulso da sua terra natal. Foi em Paris que o marquês casou-se com uma moça de origem local chamada Marie Métenier, “una giovane francese d`origini modeste”. Os grupos elitistas dominantes do Norte da Itália, e em particular os de regiões como o Piemonte e a Ligúria, tinham estreitos e antigos vínculos políticos com a França. O controle francês sobre a Itália, entre 1796 e 1815, havia substituído o austríaco, mas com vantagens para aqueles grupos regionais, que passaram a gozar de liberdade e autonomia maiores, mas in statu nascendi historicamente configurou-se como uma ameaça ao Antigo Regime absolutista do continente e os desdobramentos do Congresso de Viena. A dominação austríaca foi restaurada, acarretando perda de espaço, tempo, lugar e de autonomia, com prerrogativas que desencadearam expressiva onda de descontentamentos. Com o esgotamento e a queda do regime napoleônico, o golpe de misericórdia ocorreu com a derrota na Batalha de Waterloo, em 1815, na Bélgica. Vencido por prussianos e ingleses, Napoleão foi obrigado a abdicar novamente e a se exilar na Ilha de Santa Helena, na costa africana, onde morreu em 1821.  
            A essência do mazzinismo e do Partido da Ação, liderado por Giuseppe Mazzino, era provocar uma insurreição popular que levasse rapidamente à queda do regime dos reis e dos padres, implantado na Itália uma república soberana. Nunca se preocupou muito com a organização dos complôs que planejava ou estimulava através dos seus escritos. Parecia acreditar no espontaneismo popular, desde que ativado por um pequeno e seleto grupo de homens decididos. De certo modo, ainda que bem mais cauteloso, ele representou a versão italiana do blanquismo que se alçava contra os governos da França, fossem eles quais fossem. Talvez fosse isso, a aposta dele na improvisação e na intuição revolucionária, que o levou a polemizar em diversas ocasiões com Marx e Engels, no seu exílio em Londres, como bons alemães, acreditavam na organização e na demorada preparação antes de lançar-se nas tarefas da insurreição. Viu-se ele como um profeta crente nas virtudes do voluntarismo e no efeito místico da pátria. Todavia o desentendimento maior entre Mazzini e Marx deu-se por ocasião da fundação da I Internacional Socialista (1864-1871), pois o alemão resolveu refazer o Estatuto Primeiro dando-lhe um cunho classista, o que desgostou a posição ambígua de giuseppe Mazzini a favor da integração da classe média no movimento em curso socialista

                 
  
            Tal foi um dos principais estopins dos movimentos sociais nacionalistas, como o mazzinista, contando com a forte participação de setores aristocráticos. Mazzini criou, em 1832, a Jovem Itália, raiz de um movimento mais amplo, a Jovem Europa, cujo objetivo era combater aqueles que concebiam como governos reacionários, absolutistas. Vanguarda na luta por uma associação mundial de povos livres, a Itália deveria, como um primeiro passo decisivo, na sua acepção, unificar-se sob a forma de uma república democrática. Mazzini mesclava elementos religiosos em sua proposta, adotando o mote de “Deus e o povo”, definindo sua ação como “uma cruzada moral e espiritual”. Depois de algumas investidas militares facilmente neutralizadas, o movimento mazzinista foi derrotado, levando vários de seus seguidores à prisão ou ao exílio, como ocorreu com o próprio Mazzini em 1837. Formado em agronomia, Raffaele tinha pretensões intelectuais e artísticas, pintando quadros e esculpindo. Em Paris, publicou alguns trabalhos ligados à sua profissão: “Irrigation et Assainissement des Terres” -, e foi também secretário da Société des Arts. Com o avanço do processo de unificação italiano ocorrido na década de 1850 liderado pelo conde Camillo Paolo Filippo Giulio Benso di Cavour (1810-1861), com o aval de Napoleão III -, é que Raffaele Pareto pôde retornar ao seu país.
Seu primeiro emprego, entretanto, foi de professor de francês da Reale Scuola di Marina di Genova, fundada em 4 de setembro de1735 por Charles de Bourbon sob o nome de Academia de los Guardia Estendantes de las Galeras, foi o instituto de treinamento para oficiais da Armata di Mare do Reino de Napoles e, portanto, dos Dois Sicílias. De 1861 a 1878 treinou os cadetes oficiais da Marinha Real Italiana. É a mais antiga academa naval da Itália, bem como a progenitora, junto com sua contraparte em Gênova, da academia naval de Livorno.  Ele permaneceu ali entre maio e novembro de 1859, quando se transferiu para o Istituto Leardi, um instituto técnico em Casale Monferrato, onde passou a ensinar agricultura e contabilidade. Raffaele não gozava de boa situação econômica, chegando mesmo, em alguns momentos, a mostrar-se apreensivo quanto à sua capacidade de custear os estudos de Vilfredo até o final. Por suas origens sociais, entretanto, ele se inseria em uma rede de relações que lhe garantiu o acesso a recursos como o apoio familiar, necessários para contornar seus problemas. Ele era o mais novo de uma fratria de três, tendo um de seus irmãos mais velhos, Damaso, casado com a última descendente de uma linhagem de prestígio, Spinola, formando o ramo Pareto-Spinola. Outro irmão, Domenico, teve para ele papel fundamental - como para o próprio Vilfredo, ajudando-o financeiramente. Domenico destacou-se na diplomacia italiana e, em torno de 1864, foi eleito membro do Conselho Municipal de Gênova, um dos órgãos importantes na estrutura do poder.
Mais do que ajuda econômica, apoio familiar, o que o nome aristocrático e os vínculos pessoais de Raffaele lhe propiciaram foram contatos, indicações, cartas de recomendação, meios relacionais e afetivos para melhorar sua condição de vida e posição social. Assim, escrevendo ao irmão Domenico em 1862, ele dizia estar cogitando pleitear uma Cátedra de Hidráulica Aplicada em Milão, para o que pediria a um primo, Lorenzo Pareto (1800-1865), que o recomendasse ao ministro da Instrução Pública, Carlo Matteucci, com quem mantinha estreitas ligações. Foi no Ministério da Agricultura, porém, que Raffaele terminou por conseguir um posto, em 1863, como responsável pelos assuntos relativos a saneamento e irrigação. Com isso, a família mudou-se para Turim, então sede do governo. Novas mudanças vieram com a transferência da capital para Florença e, depois, para Roma. Raffaele foi aceito como membro das academias e sociedades científicas e artísticas existentes nas cidades por que passou ocupando cargos públicos: “Accademia Reale dell’Agricoltura” de Turim, a “Accademia Fiorentina delle Arti del Disegno” e a “Reale Accademia dei Lincei”, Roma. Ele dirigiu, ainda, a publicação da Enciclopedia delle Arti e Industrie e de um trabalho extenso sobre arquitetura e arte italianas, intitulado: “Italia Monumentale”, além de colaborador no “Giornale dell’Ingegnero, Architetto e Agronomo”, de Milão (1853). Seu pai, Raffaele morreu em 1882, quando era chefe da Diretoria dos Trabalhos Públicos. Sobre a questão dos proprietários de terra, em 1896, Vilfredo Pareto demonstrou estatisticamente que cerca de 80% das terras na Itália pertenciam a apenas 20% da população.
 

            Vilfredo Pareto iniciou seus estudos, na Itália, no Istituto Leardi, antigo Istituto Tecnico d`Italia “Istituto Istruzione Superiore Leardi”, o mesmo em que seu pai ensinava, matriculando-se na seção de física e matemática. Com a mudança da família para Turim, um dos principais centros da Itália unificada, culturalmente cosmopolita e politicamente dominante, ele transferiu-se para o Regio Istituto Tecnico daquela cidade, onde completou sua formação secundária. Único filho homem, Pareto aproximou-se da via aberta pelo pai, encaminhando-se para a engenharia, na qual se formou, em 1869, pela Universidade de Turim. Seus dois primeiros anos de estudos superiores foram dedicados à obtenção da licenciatura em ciências físicas e matemáticas, aprofundando-se em mecânica racional, cujo ensino era muito exigente naquela universidade. Posteriormente, então, ele pôde cursar por mais dois anos a Escola de Aplicação para Engenheiros. Além da base matemática e física, é importante ressaltar que, em sua passagem por Turim, Pareto entrou em contato com o darwinismo que, de acordo com Busino (1965), tinha naquela universidade um dos seus mais ativos polos irradiadores na Itália. E o autor soube aproveitar com sabedoria aquela corrente de pensamento.
            Em 1862, a família mudou-se novamente para Turim e, logo em seguida, para Florença, então capital da Itália. Entre 1864 e 1867, Vilfredo Pareto cursou ciências matemáticas no Instituto Politécnico de Turim. Na mesma escola, ingressou no curso de engenharia em 1867 e obteve sua titulação em 1870 com a dissertação intitulada “Princípios Fundamentais da Teoria da Elasticidade dos Corpos Sólidos e as Análises Relativas à Integração de Equações Diferenciais que Determinam o Equilíbrio”. A essa obra é atribuída grande importância na formação de sua visão de mundo, uma vez que ela trata do conceito que veio a permear toda a concepção econômica e social de Pareto: a noção de equilíbrio. Entre 1870 e 1892, Pareto desenvolveu ativa vida profissional como técnico e homem de negócios em importantes empresas italianas. Após diplomar-se, foi empregado pela Companhia Ferroviária de Florença como engenheiro-consultor, cargo que ocupou até 1873, após o que ingressou numa das principais indústrias siderúrgicas da Itália, a Companhia Siderúrgica, situada em San Giovanni, no vale do rio Arno, que era controlada pelo Banco Nacional de Florença. Nessa empresa ocupou várias posições técnicas e de direção: até 1875 foi encarregado técnico e de 1875 a 1882 foi diretor técnico. Em 1882, a Companhia Siderúrgica foi transformada em Siderúrgica Italiana (Ferriere Italiane) e Pareto assumiu a posição de diretor geral da empresa. Durante sua vida profissional, ele não esteve ausente da vida pública. 
           Em 1877, assumiu uma cadeira no Conselho Municipal de San Giovanni e, após essa experiência, se candidatou por duas vezes a representante do povo na Câmara de Deputados (1880 e 1882), mas não obteve sucesso eleitoral em nenhuma delas. Em 1882, foi agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem da Coroa Italiana. Também nesse período (1874-1892), Pareto manteve uma vida intelectual bastante ativa. Em 1874, tornou-se membro da Seção de Ciências Naturais da Accademia dei Giorgofili de Florença e, depois, ingressou na Sociedade Adam Smith de Ferrara. Desde o início de sua vida pública nutriu fortes sentimentos liberais, que foram expressos em uma série de artigos de jornais, de grande circulação e especializados, e em conferências públicas. Nessas oportunidades, exercitava seu espírito crítico e tornou-se um articulista audaz e polêmico, sempre preocupado com as grandes questões nacionais. Partidário ardoroso de princípios democráticos, Pareto defendeu publicamente ideais progressistas, como o sufrágio universal, a liberdade de imprensa e a educação primária universal e gratuita. Crítico da política comercial antiliberal protecionista, pregava o livre-comércio e o fim das tarifas aduaneiras e dos subsídios à indústria. Pacifista e humanista convicto, foi um crítico contumaz do sistema político italiano, marcado em seu tempo pelo patrimonialismo e o clientelismoFoi um dos principais intelectuais naquela conjuntura política a condenar de forma enfática o ideário armamentista que começava a permear algumas nações na política européia. Foi também nesse período que Pareto desenvolveu o interesse pela Economia e firmou amizade com Maffeo Pantaleoni (1857-1924), proeminente economista da Escola Italiana. 
           Mas, ao contrário da maior parte dos economistas, Vilfredo ingressou na academia e desenvolveu suas principais obras particularmente sobre Economia quando já havia atingido a própria capacidade de autonomia e maturidade intelectual. Antes de desenvolver suas obras científicas, ele foi matemático, técnico, homem de negócios, político e articulista. Apenas em 1893, aos 45 anos, assumiu a cadeira de Economia Política da Universidade de Lausanne, até então ocupada por León Walras. Em 1899, Pareto deixou sua cátedra em Lausanne e mudou-se para Céligne, no Cantão de Genebra, onde passou a dedicar-se quase exclusivamente à produção científica. Nesse período, distanciou-se gradativamente de sua visão reformista da Economia e passou a se dedicar à teoria pura e à Economia Matemática. Aos poucos, seu interesse foi migrando da concepção de Economia para o domínio da Sociologia, área do conhecimento na qual também deixou importantes contribuições. A tese com a qual Pareto colou grau em engenharia (cf. Pareto, 1869), observam alguns comentadores, manifesta-se o interesse do autor pela questão do equilíbrio que posteriormente constituiria uma de suas principais preocupações teórico-metodológica, tanto na economia quanto na sociologia e que, nessa perspectiva, teriam se constituído a partir da transposição dos problemas e dos métodos de reflexão das ciências naturais, em particular, a física. É preciso acentuar, no caso da sociologia, que essa transposição se deu apenas parcialmente. 
           A noção de equilíbrio social (cf. Freund, 1974), central em Pareto, era marcada, em larga medida, por uma perspectiva biológica, orgânica. Mais do que física, por conseguinte, ela pode ser vista como fisiológica, pois obteve sua titulação em 1870 com a dissertação intitulada “Princípios Fundamentais da Teoria da Elasticidade dos Corpos Sólidos e as Análises Relativas à Integração de Equações Diferenciais que Determinam o Equilíbrio”. A essa obra é atribuída grande importância na formação de sua visão de mundo, uma vez que ela trata do conceito que veio a permear toda a concepção econômica e social de Pareto: a noção de equilíbrio. Entre 1870 e 1892, Pareto desenvolveu ativa vida profissional como técnico e homem de negócios em importantes empresas italianas. Após diplomar-se, foi empregado pela Companhia Ferroviária de Florença como engenheiro-consultor, cargo que ocupou até 1873, após o que ingressou numa das principais indústrias siderúrgicas da Itália, a Companhia Siderúrgica, situada em San Giovanni, no vale do rio Arno, que era controlada pelo Banco Nacional de Florença. Nessa empresa ocupou várias posições técnicas e de direção: até 1875 foi encarregado técnico e de 1875 a 1882 foi diretor técnico. Em 1882, a Companhia Siderúrgica foi transformada em Siderúrgica Italiana — Ferriere Italiane — e Vilfredo Pareto assumiu a posição de diretor geral da empresa.Formado, enfim, Pareto era portador de um diploma socialmente valorizado, conferido por uma instituição de prestígio. Perito em física e matemática era também fluente em outras línguas, como o francês e inglês, o que lhe rendeu significativos dividendos em sua carreira acadêmica. Esta só se abriria posteriormente.           
  Opera di Gianni Servettaz (1964).
Apesar dos seus vínculos sentia-se desprestigiado e bloqueado em sua ascensão na empresa, o que culminou em sua saída em 1873, quando, enfrentando dificuldades, ela passou a ser administrada pelo Estado. Naquele mesmo ano ele se transferiu para a Società dell’Industria del Ferro di San Giovanni Valdarno, transformada em 1880 na Società delle Ferriere Italiane. Tratava-se de uma indústria do ramo siderúrgico com sede em Florença, onde Pareto teve uma carreira bem-sucedida, vindo a tornar-se diretor-geral. Quem patrocinou seu novo emprego foi Ubaldino Peruzzi, que, juntamente com sua esposa, Emilia, afirmaram-se seus protetores. Pareto mantinha com eles uma intensa correspondência e um de seus trabalhos, publicado na década de 1860, era dedicado ao casal. Peruzzi representava um nome antigo da aristocracia de Florença, vinculado às casas bancárias e com negócios em outros países europeus. Ubaldino, que mantinha laços com a família de Pareto, foi deputado e também senador. Ele foi, ainda, ministro dos Trabalhos Públicos e do Interior de governos da direita e, na década de 1870, era justamente o prefeito de Florença. Ubaldino e Emilia Peruzzi tinham um dos mais concorridos salões de Florença, no qual introduziram socialmente Pareto. Frequentando-o Pareto foi se impondo com uma imagem disciplinar de homem culto, erudito, profundo conhecedor dos clássicos, em cujo estudo investia seu tempo livre. De seu gosto pelos clássicos resultou a tradução de uma antologia de poetas gregos, o que, segundo alguns biógrafos como Giacalone-Monaco e Maffeo Pantaleoni, tendo como escopo ressaltar sua versatilidade e a sua genialidade, reiteram que teria feito apenas como exercício.
Mas é preciso entender que o gosto pelos clássicos, constituía-se como de resto em todos os tempos, em primícias de reconhecimento, de distinção, marca de autonomia e, claro, de independência intelectual e de raciocínio. E seu efeito social era tão mais eficaz quanto mais natural se mostrava, afigurando-se como aptidão inata, de forma espontânea e desinteressada. Apesar de ser reconhecido como um conservador por ter criado a teoria da circulação das elites e ser constantemente associado ao fascismo italiano, Pareto teve em sua vida alguma postura liberal, desvelando críticas a diversos intelectuais sobre a negligência da sociedade e a preponderância do Estado em seus estudos. Em verdade, considera que suas convicções não eram racionais, eram aparências lógicas, melhor dizendo, representam justificativas racionais para algo irracional (cf. Souza, 1985) que não era logicamente explicável. Pois, para ele, era tendência do homem transformar a ação não-lógica em ação lógica. Esse sentido subjetivista das ações humanas nos remete ao caráter psicologista que tenta empregar na análise comparada nas sociologia quando admite que a “psicologia é evidentemente, o fundamento da Economia Política e, de modo geral, de todas as Ciências Sociais”. A ação não-lógica ganha importância nas relações ao comportar uma psicologia política do indivíduo que tenta persuadir ou exaltar sentimentos em outros indivíduos. A psicologia é importante na sua obra porque toma o indivíduo e não a classe social como análise fundamental. Em suma, Pareto define o fazer ciência como lógico-experimental quando propõe estudar as uniformidades que os fenômenos apresentam analiticamente em relação uns aos outros. Sendo assim, as ações humanas comportam uniformidades e representam o objeto de estudo experimental da ciência.  
Queremos dizer com isso que a compreensão do sistema analítico de Pareto exige uma interpretação rigorosa dos conceitos de ação lógica e a ação não-lógica. Precisamos, portanto, ter como ponto de partida o estudo destas noções. Portanto, para compreender o que representa uma ação lógica, o mais simples é observar o comportamento de um engenheiro ou de um especulador, já que a sociologia de Pareto tem origem nas reflexões e decepções de um engenheiro e economista. O engenheiro, quando não se equivoca, conduz-se de modo lógico. O economista, quando não tem ilusões sobre o seu próprio saber, pode compreender algumas das condutas humanas. A sociologia, porém, lida com homens que geralmente não se conduzem nem como engenheiros, nem como especuladores atentos. O engenheiro que constrói uma ponte conhece o objetivo que pretende alcançar. O comportamento do especulador, protótipo do agente econômico, tem as mesmas características. Sendo sua previsão correta, os acontecimentos reproduzirão objetivamente a sucessão de meios e fins como imaginara. A sociologia não pode identificar-se metodologicamente com um ator e tampouco considerar que este ator social possa ser portador do sentido de sua ação. Nesse ínterim, a sociologia não confunde ou não quer confundir a prática dos rituais com seu sentido. Apesar dos enormes avanços obtidos pela Revolução Marginalista, a Teoria da Utilidade trazia consigo inquietações de natureza metafísica. A maior parte dos economistas insatisfeitos com a teoria, entre os quais Pareto, não questionava seus resultados e proposições, como a condição de equilíbrio do consumidor e a curva de demanda. 
As críticas e inquietações estavam associadas a duas decorrências dos postulados fundamentais da teoria: (i) a própria existência de uma medida de bem-estar e (ii) a possibilidade de comparações interpessoais de bem-estar. Conforme atesta Jacob Viner (1925), os periódicos de Economia da época traziam, em oposição aos principais tratados de Economia, severas críticas à Teoria da Utilidade, a maioria delas relativas aos pontos assinalados acima. Vilfredo Pareto impunha restrições ao próprio termo empregado pela Escola Marginalista para designar a expressão do bem-estar dos agentes econômicos. Para ele, o termo utilidade trazia consigo o peso de seu significado na linguagem coloquial: algo teria utilidade se fosse útil ao indivíduo. Ressalta em mais de uma passagem do Manual de Economia Política que certos bens, como a morfina, trazem bem-estar aos seus consumidores, mas, de forma alguma, lhes são úteis. Como alternativa, ele empregava o termo “ophelimite” — derivado do grego ophelimos - para designar a propriedade que bens ou ações têm de gerar bem-estar e satisfação ao seu usuário ou ator. Contudo, sua principal inquietação em relação ao conceito de utilidade dizia respeito diretamente à mensurabilidade do nível de bem-estar dos agentes econômicos. A esse respeito, assinalou: “Temos admitido que esta coisa chamada prazer, valor de uso, utilidade econômica, ... seja uma quantidade; contudo, uma demonstração disto ainda não foi apresentada. Assumindo que essa demonstração seja efetuada, como essa quantidade seria mensurada?”. As palavras estão ressaltadas no original, de uma função quantificada em alguma escala métrica de unidades de utilidades, prazeres ou valores de uso exigiu dos contemporâneos de Pareto um esforço mental que ele provaria desnecessário.
Vilfredo Pareto foi um sociólogo e economista italiano que durante seus estudos e pesquisas, percebeu que, em geral, 80% da renda de uma nação estava nas mãos de apenas 20% da população. Extrapolando este conceito definiu uma regra, que ficou conhecida como a lei de Pareto 80/20, e que poderia resumidamente apresentar-se da seguinte forma: i) 80% dos crimes são cometidos por 20% dos criminosos; ii) 80% dos acidentes  de trânsito são causados por 20% dos motoristas; iii) 20% dos seus produtos representam 80% das vendas; iv) 20% dos empregados são responsáveis por 80% dos resultados; v) 80% da população tem origem em 20% das fábricas; vi) 20% dos alunos tem as notas 80% mais altas. Em consequência, pode-se aceitar simplesmente que a coincidência entre a relação objetiva e a relação subjetiva dos meios e dos fins implica que a conduta seja condicionada pelo raciocínio. O ator social pensou no que queria fazer, no objetivo que pretendia alcançar, e esses raciocínios aos quais ele obedeceu constituem o móvel do seu comportamento. Ademais, todas as condutas não-lógica comportam, num certo grau, uma motivação pelo sentimento, que pode ser definido da forma mais geral como todo estado de espírito diferente do raciocínio lógico. Daí a questão: como estudar logicamente as ações não-lógicas? Pareto estaria pronto a dizer que a maioria dos livros de sociologia são análises não-lógicas de condutas não-lógicas, ou estudos de condutas não-lógicas com a intenção consciente de fazê-las passar por lógicas. O objetivo de Pareto é estudar condutas não-lógicas como realmente são. Segundo Aron (1993: 385) a expressão “estudo lógico da conduta não-lógica” não é dele, mas pressupõe uma concepção que Pareto denomina “lógico-experimental”.  
A ciência lógico-experimental, que mostra a semelhança dos diversos modos de ver um futuro que se ignora, é professora do ceticismo. Indubitavelmente, é contrário à utilidade social confessar que não se conhece o futuro. Por outro lado, o estudo lógico-experimental das condutas não-lógicas pode ser contrário também à utilidade de determinado grupo, ou mesmo à utilidade do conjunto da sociedade. Pareto escreve: “se acreditasse que meu Traité pudesse ter muitos leitores, não o escreveria”. De fato, na medida em que revela a realidade fundamental, o Traité prejudica o equilíbrio social, que exige um conjunto de sentimentos que este estudo demonstra que são não-lógicas, senão mesmo ilógicos. Assim, o estudo lógico-experimental das condutas não-lógicas tem por objetivo exclusivo a verdade, e não se deve criticá-lo por não ser útil. Associar a utilidade social de uma teoria à sua verdade experimental é um desses princípios a priori que rejeitamos. Estas duas coisas estão ou não sempre unidas? É uma questão a que só se pode responder pela observação dos fatos. E em seguida encontraremos a prova de que, certos casos, podem ser inteiramente independentes. Ora, as discussões científicas devem referir-se sempre á realidade, e não no sentido que damos á palavra.
A ciência não tem lugar para nada que ultrapasse a experiência. As definições essenciais devem se eliminadas da ciência lógico-experimental, que se utiliza de conceitos claramente definidos com relação a fenômenos observáveis. As discussões científicas devem referir-se à realidade e não ao sentido que damos às palavras. Nunca encontraremos a “realidade inteira”, ipso facto toda a sua complexidade. A ciência é essencialmente inacabada, e os homens que acreditam que um dia ela chegará a ensinar o equivalente ao que ensinava a religião são vítimas inocentes de uma ilusão. Os sociólogos realistas como Émile Durkheim, pensam que a sociologia poderá postular os fundamentos da moral, substituindo os dogmas religiosos, são prisioneiros de uma modalidade de pensamento não-lógica sem que disso tenham consciência. Atribuem-lhe  características que ela não terá nunca, porque será sempre parcial, nunca normativa. A ciência será sempre um conjunto de proposições, de fato ou de causalidade, do qual nunca poderemos deduzir a afirmativa de que devemos conduzir-nos de certa maneira. Podemos demonstrar o quanto quisermos que esta ou aquela sequência regular é observada na realidade; dessas correlações regulares não se podem deduzir uma moral, qualquer que ela seja. Ela só pode relacionar os fatos uns com outros; pois ela sempre se detém em um fato (cf. Bousquet, 1968; Pareto, 1976). Em seu recorte heurístico Vilfredo Pareto é preciso, e, portanto, reduz em muito as “ambições” da sociologia.   
Enfim, o método analítico de Pareto consiste em estudar um grande número de expressões, teorias, condutas curiosas, modalidades de cultos religiosos, práticas de magia ou feitiçaria, e de constatar que, se estes atos e condutas diferem e comportam, na aparência, uma espécie de crescimento “anárquico”, eles revelam, através de estudo mais atento, certa consistência. A ciência não determina logicamente seus objetivos. Não há em Vilfredo Pareto uma pretensa solução técnico-metodológica para o problema teórico interpretativo da ação. Ela não pode ir além da indicação dos meios eficazes para atingir objetivos. Assim, nunca é demais repetir: a determinação dos objetivos não pertence ao seu domínio. Em última análise, não há solução científica para o problema da conduta individual, e não há solução científica para o problema da organização social. Pareto responde antecipadamente a todos os contemporâneos que proclamam que a ciência exige esta ou aquela organização afirmando que a ciência autêntica, e não a pseudociência, não nos pode ensinar qual é a solução para o real problema social.
A conduta dos homens ou ação paretoniana é motivada pelo seu estado psíquico, ou por seus sentimentos, muito mais do que pelas razões metafísicas que invocam. A partir desta análise fundamental, a sociologia de Pareto pode seguir dois caminhos. O primeiro é o que poderíamos chamar de via indutiva, que consiste em procurar como, na história das doutrinas, as ações não-lógicas foram conhecidas ou mal conhecidas, dissimuladas e desfiguradas, pois nascido como ser pensante, o homem prefere acreditar que sua conduta é lógica, determinada pelas teorias, e não confessar a si mesmo que agiu movido apenas por sentimentos. A segunda via é dedutiva e sobre a qual afirma, sobre os resíduos, que deveria ser seguida com vantagem pela exposição. O método de análise consiste em identificar senão o estado psíquico, pelo menos uma realidade próxima desse estado; em estabelecer uma classificação dos resíduos que são manifestações dos sentimentos e as causas principais das ações não-lógicas. Trata-se de procurar o que podemos saber sobre o estado psíquico ou abstratamente os sentimentos desconhecidos de modo direto. A questão, a saber, é: como podemos chegar das expressões às suas causas, das teorias ou dos atos aos sentimentos e aos estados de espírito que os condicionam? Aí reside um princípio de diferença ou de determinação interna legado pela filosofia de Immanuel Kant.
Além de introduzir esse novo enfoque metodológico (cf. Bianchi, 2016), que acabou constituindo um novo estilo de ensino e de estudo da Microeconomia, Pareto trouxe inúmeras contribuições à teoria walrasiana. Entre outras, introduziu a função de produção com coeficientes variáveis no estudo do equilíbrio geral, que permitiu a análise da substituição técnica entre diversos fatores produtivos (trabalho, capital, terra etc.) e suas conseqüências para o equilíbrio do produtor. Não obstante, a mais importante contribuição nessa área foi a conjugação do estudo do equilíbrio geral com as propriedades de bem-estar coletivo da economia. Para compreender esse ponto, faz-se necessário retornar, uma vez mais, à discussão sobre o conceito econômico de utilidade. A segunda questão controversa da Teoria da Utilidade tradicional era a possibilidade de comparações interpessoais de bem-estar. Uma vez que a função pressupunha a mensuração da quantidade de utilidade em alguma escala numérica, em princípio seria também admissível a comparação do bem-estar de dois ou mais indivíduos, assim como a agregação de utilidades individuais. De fato, vários economistas que compartilhavam a visão tradicional desde John Stuart Mill, muito antes, a Marshall e Pigou, é fato que acreditavam possível e buscavam métodos de comparação dos níveis de satisfação individual e agregação destes em bem-estar coletivo
Pareto é extraordinariamente sucinto quando esborra os elementos fundamentais do seu pensamento, revelando duas interpretações essenciais: 1) Os resíduos não são os sentimentos ou o estado psíquico heurístico; são elementos intermediários entre o sentimento que não conhecemos diretamente e outras expressões ou atos; 2) Estes resíduos se relacionam com os instintos do homem, mas não abrangem a todos, pois o método seguido não permite descobrir que instintos dão lugar a raciocínios. Na classificação dos tipos de ação não-lógica, a existência de uma relação objetiva dos meios aos fins ocorre, mas não através de uma relação objetiva. Se partirmos das expressões, teorias e justificações da teoria para chegarmos aos resíduos que constituem manifestações dos instintos, só poderão descobrir aqueles que levam a raciocínios. Fora os resíduos há, indícios, portanto, de apetites, postos e disposições ou inclinações. Também não se pode associar sempre a verdade de uma teoria à sua utilidade: pode ocorrer que uma teoria verdadeira não seja socialmente útil, e talvez seja assim que Pareto com uma boa dose de ironia, situa sua própria concepção de teoria, pelo possível dano que seu conhecimento generalizado poderia trazer ao equilíbrio social.  Se a maioria das pessoas passasse a perceber a sociedade, como sendo organizada para o domínio e proveito de uma minoria elitista, sobre a imensa maioria, tal crença poderia levar à instabilidade crônica do organismo social. 
 

A noção de interesse, enfim, resulta da análise econômica contida no Traité, pois o interesse provém da tomada de consciência de um objetivo que o indivíduo se propõe alcançar. Por interesse, entendemos as tendências que fazem com que os indivíduos e as coletividades sejam levados pelo instinto e pela razão a se apropriar dos meios materiais úteis e agradáveis à vida, assim como a procurar consideração e honrarias. Os resíduos não são realidades concretas, mas conceitos analíticos criados pelo observador para explicar o processo de apropriação dos fenômenos sociais. Pareto afirma que o estudo dos sentimentos “em si mesmos” pertence à esfera da psicologia, e não da sociologia propriamente dita. Os resíduos correspondem, sem dúvida, a algo que existe na natureza, ou na conduta humana, mas esta coisa é definida por um conceito analítico forjado para compreender o funcionamento da sociedade. Pareto estabelece uma aproximação interessante entre as raízes verbais, estudadas pelo filólogo, e os resíduos estudados pelo sociólogo. De acordo com esta analogia, os resíduos são as raízes comuns de grande número de condutas ou expressões. Tem, portanto, enquanto tais, o mesmo caráter das raízes verbais descobertas pelo linguista, que não são dados concretos, e, não são apenas ficções, porque ajudam a compreender a realidade estudada. A teoria dos resíduos leva a classificação que se apresenta como uma espécie de análise teórica da natureza humana para uso sociológico.  A noção de interesse resulta da análise econômica.
No pensamento de Pareto o interesse provém da tomada de consciência de um objetivo que o indivíduo se propõe alcançar. Maximizar a quantidade de dinheiro é um interesse que suscita quase sempre condutas lógicas. Contudo, ao lado do interesse econômico pode haver um interesse político (cf. Hirschman, 1979). Um homem que tem por objetivo arrebatar o poder se comportará de modo interessado, e sua conduta será diferente das condutas não-lógicas determinadas pelos resíduos. Ao chegarmos à síntese sociológica, precisaremos levar em conta não só os resíduos, mas também as condutas (ações) condicionadas pelos instintos, apetites, gostos e disposições, e nem sempre motivadas pelos interesses. Para completar a análise, resta elucidar a relação entre o resíduo e o estado psíquico, ou sentimento. Pareto estabelece uma dupla distinção: os resíduos se situam mais perto dos atos ou das expressões do que os sentimentos, porque são identificados a partir de uma análise destes atos ou expressões. Finalmente, os resíduos não são realidades concretas, mas conceitos analíticos criados pelo observador para explicar um curioso princípio. Os resíduos representam conceitos analíticos utilizados pelo sociólogo e não pelo psicólogo. Os resíduos correspondem a algo que existe na conduta humana, mas esta esfera de ação social é definida por um conceito analítico forjado para compreender o funcionamento da sociedade. Pareto estabelece uma aproximação conceitual interessante entre as raízes verbais, estudadas pelo filólogo, e os resíduos, estudados pelo sociólogo. De acordo com esta comparação, os resíduos são as raízes comuns de grande número de condutas ou expressões. Tem o mesmo caráter lógico das raízes verbais descobertas pelo linguista, mas que não são dados concretos, e não são apenas ficções, porque ajudam a compreender a realidade.
Bibliografia geral consultada.
 PARETO, Vilfredo, Mythes et Idéologies. Textes réunis. Genève: Editeur Librairie Droz, 1966; Idem, “Faits et Théories”. In: Euvres Completes. Tome XXI. Genève: Éditions Droz, 1976; Idem, “Tratado de Sociologia Geral”. in José Albertino Rodrigues (Organizador), Vilfredo Pareto: Sociologia. São Paulo: Editora Ática (Coleção Grandes Cientistas Sociais, vol. 43), 1984; Idem, Manual de Economia Política. São Paulo: Editora Nova Abril Cultural, 1996; SOUZA, Nelson Melo, Dialética do Irracionalismo: Pareto e seu Confronto com Marx. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1985; HIRSCHMAN, Albert, As Paixões e os Interesses - Argumentos Políticos a Favor do Capitalismo Antes de seu Triunfo. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979; ZARONE, Giuseppe, Classe Politica e Ragione Scientifica: Mosca, Croce, Gramsci. Nápoles: Edizioni Scientifiche Italiane, 1990; ARON, Raymond, “Vilfredo Pareto”. In: As Etapas do Pensamento Sociológico. 4ª edição. Tradução Sérgio Bath. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993; pp. 378-457; BONETTI, Paolo, Il Pensiero Político di Pareto. Bari: Itália: Le Edizioni Laterza, 1994; GRYNSZPAN, Mário, Ciência Política e Trajetórias Sociais: Uma Sociologia Histórica da Teoria das Elites. Tese de Doutorado. Departamento de Antropologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1994; Idem, “A Teoria das Elites e sua Genealogia Consagrada”. In: BIB - Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais. Rio de Janeiro, n° 41, pp. 35-83, 1996; FIOROT, Dino, “L’Utilità Sociale e le sue Implicazione Politologiche dal Punto di Vista Logico-empirico in Pareto”. In: MALANDRINO, Corrado; MARCHIONATTI, Roberto (Org.), Economia, Sociologia e Politica nell’Opera di Vilfredo Pareto. Firenzi: Leo Samuele Olschki Editore, 2000; OLIVEIRA, Luciana Aparecida Aliaga de, Pareto e Gramsci: Itinerários de Ciência Política. Tese de Doutorado em Ciência Política. Departamento de Ciência Política. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2013; SCOLA, Luis Antônio, Otimização Multiobjetivo Evolutiva da Operação de Sistemas de Reservatórios Multiusos. Tese de Doutorado. Escola de Engenharia. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2014; BIANCHI, Álvaro, “Pareto, Mosca and the Methodology of a New Political Science”. In: Revista Brasileira de Ciência Política, n° 19, pp. 167-197, 2016; EVANGELISTA, José, “A Matemática da Desigualdade”. Disponível em: https://www.opovo.com.br/2017/01/29; MORNATI, Fiorenzo, Una Biografia Intellettuale di Vilfredo Pareto. I-II. Roma: Edizioni di Storia e Letteratura, 2018; entre outros.


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