sexta-feira, 25 de março de 2016

Um Homem Entre Gigantes – Futebol Americano & Distúrbios Cerebrais.

                                                           Não é se você é derrubado, é se você se levanta”. Vince Lombardi

Numa das mais avançadas expressões da Modernidade que é o cinema, surge o lumpen-proletariat olhando espantado para os outros, as coisas, o mundo. Carlitos é um herói trágico. Solitário e triste, vaga perdido no meio da cidade, um deserto povoado pela multidão. Farrapo coberto de farrapos. Fragmento de um todo no qual não se encontra; desencontra-se. Caminha perdido e só, no meio da estrada sem-fim. Parece ele e outros muitos e, portanto, outros, todos os que formam e conformam a multidão gerada pela sociedade moderna. Um momento excepcional da épica da Modernidade. Carlitos revela a poética da vida e do mundo a partir da visão paródica do lumpen que “olha a vida e o mundo a partir dos farrapos da extrema carência, de baixo-para-cima, de ponta-cabeça”. A arte no século XX consumou um processo iniciado no século XIX, promovendo o ingresso social da produção artística na “era de sua reprodutibilidade técnica”, para concordarmos com o Walter Benjamin de 1935. O vício e a compra desenfreada são exemplos de um processo ininterrupto como compulsão. Um consumo não movido por uma necessidade real, objetiva, mas por um desejo de posse, que cria o “amor da posse”, cujo objetivo de possuir algo com significado é essencialmente simbólico transcende a esfera da necessidade humana em termos de valor de uso e sua necessidade do dia a dia. Uma ideologia individualista, nessa sociedade afluente, ao mesmo tempo afagava e enfraquecia o eu, exaltando-lhe o poder e, simultaneamente, tornando-o cada vez mais disponível para aceitar um comando externo. Embora fossem manipuladas por colossais investimentos repetitivos como tendo corolário a propaganda, as pessoas têm a impressão de que são livres porque podem escolher entre muitas mercadorias e numerosos serviços. 

Por isso, tendem a se adaptar naquilo que Herbert Marcuse (1898-1979) caracterizou insidiosamente como “conduta e pensamento unidimensional”. Há nos consumidores, uma expectativa de felicidade. Eles se dirigem ao mercado, que os induz a uma escalada de consumo, sugerindo que para ser felizes precisarão comprar cada vez mais. O aumento dos frustrados e a intensidade da frustração torna imprescindível o crescimento de uma rede discreta, mas implacável, de meios repressivos para controle social da população. O filme Concussion, no Brasil intitulado: “Um Homem entre Gigantes” tem como representação social um filme estadunidense biográfico de 2015, escrito e dirigido por Peter Landesman, baseado no romance Game Brain (2009) de Jeanne Marie Laskas, nascida em 22 de setembro de 1958, é uma escritora, jornalista e professora americana. Laskas é autora de oito livros, incluindo: A América Oculta: De Mineiros de Carvão a Cowboys, uma Exploração Extraordinária das Pessoas Invisíveis que Fazem Este País Funcionar, não ficção (2012), Concussão, livro de não ficção (2015). O filme é estrelado por Will Smith como Dr. Bennet Omalu, um patologista nigeriano que lutou contra a National Football League, (NFL) a liga esportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos. Consiste de 32 times, divididos igualmente entre duas conferências: a National Football Conference e a American Football Conference. É uma das quatro grandes ligas esportivas profissionais estadunidenses e é o principal expoente do futebol americano no mundo. É o médico que buscava refutar suas pesquisas sobre danos cerebrais sofridos pelos jogadores profissionais de futebol americano (Encefalopatia traumática crônica). 

O filme também é estrelado por Alec Baldwin, Gugu Mbatha-Raw, e Albert Brooks. Columbia Pictures lançou o filme nos Estados Unidos em 25 de dezembro de 2015. Will Smith nascido na Filadélfia, é filho do ator e humorista Willard Carroll Smith Sr., e da cantora e compositora Caroline Bright. Ele cresceu em West Philadelphia, num bairro chamado Wynnefielde, e foi criado na religião batista. Ele tem três irmãos, uma irmã chamada Pamela, que é quatro anos mais velha, e os gêmeos Harry e Ellen, que são três anos mais jovens. Will Smith estudou em Nossa Senhora de Lourdes, uma escola privada católica na Filadélfia. Seus pais se separaram quando ele tinha 13 anos, mas não chegou a divórcio até por volta de 2000. Will Smith estudou na Overbrook High School, da Filadélfia. Embora amplamente divulgado, não é verdade que Smith recusou uma bolsa para estudar em Massachusetts Institute of Technology (MIT); ele nunca foi para a faculdade porque queria ser rapper. Smith foi inscrito por sua mãe em um “programa de verão de engenharia” no MIT para estudantes do Ensino Médio, mas não compareceu. Smith chegou a afirmar: “Minha mãe, que trabalhava para o Conselho Escolar da Filadélfia, tinha um amigo que era o oficial de admissões no MIT. Eu tinha notas muito altas e eles precisavam de crianças negras, mas eu não tinha intenção de ir para a faculdade”. Smith começou a fazer rap aos 12 anos e reconhecimento pela primeira vez com a dupla de hip-hop com o DJ Jazzy Jeff, com quem lançou 5 álbuns de estúdio que continham canções que alcançaram o top vinte da Billboard Hot 100, de 1985 a 1994: “Parents Just Don`t Understand”, “A Nightmare on My Street”, “Summertime”, “Ring My Bell” e “Boom! Shake the Room”. Como solista, ele lançou os álbuns Big Willie Style (1997), Willennium (1999), Born to Reign (2002) e Lost and Found (2005), com os sucessos Getting` Jiggy wit It e Wild Wild West, que lideraram o gráfico estadunidense. São quatro Grammy Awards por sua carreira musical.

                            


Quando sua avó encontrou um caderno com suas letras, que ele descreveu como contendo “todos os [seus] pequenos palavrões”, ela escreveu uma nota para ele em uma página do livro: “Caro Willard, pessoas verdadeiramente inteligentes não precisam usar palavras como essas para se expressar. Por favor, mostre ao mundo que você é tão inteligente quanto pensamos que você é”. Smith disse que isso influenciou sua decisão de não usar palavrões em sua música. Willard Carroll Smith II nascido na Filadélfia, 25 de setembro de 1968 é um ator, rapper e produtor de cinema estadunidense. Reconhecido por seu trabalho nas indústrias cinematográfica e musical, seus prêmios incluem um Oscar, um Globo de Ouro, um BAFTA e quatro Grammy Awards. Os filmes em que ele apareceu arrecadaram mais de US$10 bilhões em todo o mundo, tornando-o uma das estrelas mais lucrativas de Hollywood. Entretanto, Smith começou sua carreira de ator estrelando como uma versão fictícia de si mesmo no seriado The Fresh Prince of Bel-Air (1990–1996), da NBC, pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro em 1993 e 1994. Ele alcançou fama como protagonista nas franquias de filmes Bad Boys (1995–2024) e Men in Black (1997–2012), onde interpretou Mike Lowrey e o Agente J. Após estrelar os suspenses Independence Day (1996) e Enemy of the State (1998), recebeu indicações ao Oscar de Melhor Ator por suas interpretações de Muhammad Ali, em Ali (2001) e Chris Gardner em The Persuit of Happyness (2006). Ele também estrelou filmes de sucesso comercial como I, Robot (2004), Shark Tale (2004), Hitch (2005), I Am Legend (2007), Hancock (2008), Seven Pounds (2008), Suicide Squad (2016) e Aladdin (2019).Por sua interpretação de Richard Williams no drama esportivo biográfico King Richard (2021), Smith ganhou o Oscar de Melhor Ator. Na cerimônia pouco antes de vencer, Smith deu um tapa e gritou com o apresentador Chris Rock depois que Rock fez piada improvisada referindo-se à esposa de Smith, Jada Pinkett Smith. O evento recebeu cobertura da mídia e críticas, com Smith finalmente renunciando à Academia, além de ser proibido de comparecer a todos os seus eventos por dez anos.

Theodor Wiesengrund Adorno provocou em muitas pessoas reações de forte antipatia. Bertold Brecht, por exemplo, achava-o pernóstico. Hannah Arendt, que o considerava presunçoso, acusou-o de ter adotado nos Estados Unidos da América, definitivamente o nome Adorno porque os norte-americanos tinham dificuldade para pronunciar Wiesengrund. José Guilherme Merquior descreve Adorno como “careca, Gorducho e baixo” e diverte-se contando que durante um curso que ministrava em Frankfurt, entusiasmado com as passagens que lhe pareciam dialéticas, Adorno se punha na ponta  dos pés e repetia, excitado, para os alunos: - “Minhas senhoras e meus senhores, isso é muito dialético” (“Meine damen und herren, das ist sehr dialektisch”). Talvez a própria proposta filosófica de Adorno tivesse, aos olhos da maioria das pessoas, algo de irritante e provocador. Desde a leitura de História e Consciência de Classe, de Georg Lukács, e do encontro com Walter Benjamin, na primeira metade dos anos 1920, Adorno se tornou marxista, a seu modo, pois fustigou Lukács em Notas de literatura I (cf. Adorno, 2003: 15-45), dizendo que seu erro básico se impõe em expressar diretamente a teoria.

  Todavia, quando em seu livro História e Consciência de Classe foi publicado, estava sendo organizado o Instituto de Pesquisa social (cf. Jay, 2008), que passaria a funcionar nos anos seguintes em articulação com a Universidade de Frankfurt/Main, mas preservando sua autonomia graças ao apoio financeiro que lhe dava o comerciante e veterano socialista Herman Weil, que havia regressado muito rico da Argentina. Felix Weil, filho do patrocinador, redigiu o memorando que definia o projeto do social Instituto, e no texto do memorando já se notava o eco das concepções defendidas por Lukács em 1922: assumia-se o compromisso de empreender pesquisas voltadas para a “compreensão da vida social em sua totalidade”. Adotava-se uma perspectiva disposta a avaliar as questões presentes em cada campo da atividade na inter-relação dinâmica de umas com as outras, reconhecendo a inserção delas no processo histórico. A sede da organização foi inaugurada no campus da Universidade de Frankfurt/Main em 22 de junho de 1924. Na prática, apesar de seu elevado nível qualitativo, a produção teórica do Instituto de Frankfurt doravante nos anos de 1920 não se caracterizou por uma notável criatividade. Sobre a história social, a origem e significado do Instituto existe uma vasta bibliografia.

Depois de 1936, o Instituto de Frankfurt deu aulas na divisão de extensão e patrocinou palestras de estudiosos europeus convidados, como Harold Laski, Morris Ginsberg e Celestin Bouglé, abertas à comunidade universitária. O mais importante, é claro, é que a visão europeia do Instituto transparecia sem seu trabalho. Como se poderia esperar, a teoria crítica foi aplicada ao problema mais proeminente da época: a ascensão do fascismo na Europa. Como assinalou Henry Pachter, muitos emigrados sem formação nem interesse político anteriores foram obrigados pelos acontecimentos a estudar o novo totalitarismo. Psicólogos como Ernest Kris examinaram a propaganda nazista, filósofos como Ernest Cassirer e a cientista política Hannah Arendt investigaram a formação do mito do Estado e as origens do totalitarismo, e romancistas como Thomas Mann (1875-1955) escreveram alegorias da desintegração alemã. Nesse aspecto, o Instituto estava singularmente equipado para fazer uma contribuição importante. Começara a estudar os problemas da autoridade antes da emigração forçada. A teoria crítica fora desenvolvida, em particular, em resposta ao fracasso da teoria marxista tradicional (cf. Jay, 2008: 166-167) para explicar a relutância do proletariado em cumprir seu papel histórico. 

Uma das razões primordiais do interesse de Max Horkheimer na psicanálise rinha sido a ajuda que ela poderia fornecer para dar conta do "cimento" psicológico da sociedade. Por conseguinte, quando assumiu o projeto do Instituto em 1930, em seguida anunciou um estudo empírico sobre a mentalidade dos trabalhadores na República de Weimar. Nas Anotações que redigiu na segunda metade dos anos 1940 e publicou posteriormente em 1951 como o título, Minima Moralia, Adorno também abordou o tema das novas formas conceituais da da imersão da ideologia que apareciam nas condições da chamada “indústria cultural”. A convicção de Adorno é sempre a de que a falsidade da ideologia passa a ser perversamente mais importante à medida que ela, a ideologia, alimenta a pretensão de corresponder à realidade. E essa pretensão se fortalece ao máximo quando o sujeito é induzido a crer que alcançou uma visão global satisfatória, um conhecimento confiável no todo, do conjunto articulado das coisas compreendidas. A cultura conferiu poderes avassaladores à capacidade que a ideologia dominante possui de induzir o pensamento, atenção e mesmo do olhar, a percepção, para os pontos por ela iluminados. A indústria cultural possibilitou a criação e o funcionamento de sociedades “totalmente administradas”, que não precisam se empenhar em prescrições e imposições: a massa dos consumidores tende a aceita-las, considerando-as normais, legitimadas pelo fato de existirem. 

Para a ideologia dominante, no processode massificação das ideias “tudo é opinião”, mas algumas opiniões são falsas e outras são corretas. O poder de persuadir os indivíduos das opiniões corretas está ligado à capacidade da ideologia dominante de se apoiar em todo um vasto sistema educativo, em toda uma organização de formação cultural corrompida que é proporcionado ao amplo público consumidor. Mas eficazmente do que o conjunto das escolas, analisadas posteriormente por Pierre Bourdieu, a indústria cultural serve à multidão de produtos culturais simplificados, vulgarizados, amontoados acriticamente. Os professores se convencem de que estão ajudando seus alunos a avançar pouco a pouco na assimilação da cultura. Os alunos, massificados, lisonjeados com a semi-cultura, satisfazem-se com o que lhes está sendo dado, e são induzidos a preservar o que lhes parece ser o seu saber, e, portanto, o seu patrimônio cultural, reagindo contra quaisquer objeções dos eternos questionadores, sempre insatisfeitos, ou contra as investidas insensatas de uma crítica radical. A cultura nem sempre foi contraditória, por isso não devemos idealizá-la. No século XX, com a esmagadora predominância de critérios imediatistas e utilitários, esses valores críticos da cultura sofrem um brutal esvaziamento e as pessoas vão deixando de ter a capacidade de reconhecê-los, se por acaso com eles se defrontarem.

A divergência entre Theodor Adorno e Walter Benjamin não resultava de um deles ser mais desconfiado que o outro. Ambos se recusaram a seguir a uma “militância tumultuada”, com elevados índices de frustração e autocríticas, concessões dolorosas feitas ao longo de mais de cinquenta. Na origem das divergências, estava a convicção de Benjamin de que, para intervir na ação, para participar ativamente na luta de classes, era preciso atuar de maneira coletiva, filiar-se ao instrumento da revolução e do partido. Uma das grandes forças dos escritos de Adorno é a sua capacidade de ligar as maiores questões metafísicas aos menores detalhes da existência humana. Como ele argumenta na introdução a Mínima Moralia, isso, em parte, é uma herança de Friedrich Hegel. Do ponto de vista estético, Adorno valoriza Hegel e Ludwig van Beethoven, comparativamente, pela tensão que suas obras mantêm entre o individual e o global, entre a parte e o todo, mas ele suspeita que, em ambos os casos, o pequeno torna-se um mero momento no todo maior. O trabalho teórico de Adorno busca manter essa tensão dialética, como sugere a forma de Mínima Moralia (1949). O livro é ordenado em três sequências de fragmentos, cobrindo tópicos essenciais da vida em família à história mundial, da experiência da criança no zoológico às críticas de Adorno a Hegel. Os fragmentos se mantêm juntos na forma do livro, mas não se somam entre parte e todo, em uma teoria abrangente.   

Ao conectar os detalhes aparentemente mais inocentes da vida cotidiana a absolutos morais, Adorno parece colocar em ação uma inversão paranoica das tendências totalitárias que ele discerne na sociedade contemporânea. Mas é apenas uma reformulação quando ele prefacia sua queixa quanto ao cinema, o fato social de que “não restou nada de inócuo”. No mundo da vida cotidiana a liquidação do particular pelo universal é experimentada como sofrimento e mal-estar da civilização. Nesse cenário vão se propagar, erroneamente, cada vez mais ideias que aspiram por um vulgar impulso por transcendência. O desespero pelo que existe propaga as ideias, que em outros tempos foram contidas. Qualquer um, inclusive as pessoas que se ocupam com negócios desse mundo, considerará um desvario a ideia de que esse mundo finito de tormento infinito seja abarcado por um plano universal divino. Theodor Adorno refere-se a essa experiência da “via negativa” da “metafísica em queda” como a busca da “imediatez subjetiva intacta” ou “subjetivismo do ato puro”, experiência que nos daria o “interior dos objetos”, a redenção do materialismo por meio da metafísica que, finalmente, revelaria a aparente verdade do mundo. Que ele tenha, por outro lado, querido intensivamente ter contradito tal veredito, testemunham os 370 fragmentos que compõem o livro inacabado, nos quais Adorno trabalhou durante parcela significativa de sua vida intelectual, de 1938 até o final de sua vida, em 1969. Seu principal objetivo diria respeito à própria natureza e alcance da filosofia da música enquanto disciplina do ponto de vista do conhecimento científico.

O livro deveria fornecer a filosofia da música, ou seja, determinar decididamente a relação da música com a lógica conceitual, no que Beethoven e Hegel são tomados como “paradigmas” em seus domínios respectivos. O problema social da forma de disjunção do interesse universal e particular seria, ao mesmo tempo, o problema da filosofia moral. Nisso, podemos seguir as ponderações de Adorno. As realidades sociais caracterizam-se pelo fato de que interesses particulares, ao nível ideológico, se colocam como interesses gerais. Os indivíduos devem representar seus interesses particulares, como se o interesse universal e o particular coincidissem. Enquanto esse estado de coisas se mantiver, encontramo-nos numa aporética situação de contradição. Por isso, a questão sobre a vida reta ou boa, refletiu Adorno, só poderia ser respondida por meio da “negação determinada” e isto, para ele, significava a práxis: nós poderíamos ainda assim tentar existir decentemente, mesmo quando o estado geral social, na condição do todo, impede-nos de fazê-lo, uma socialização heterônoma às formas socialmente sancionadas do ângulo da moral repressiva, isto é, tendo em vista as condições e possibilidades de se agir como representante da vida reta, a única que seria possível no todo falso.

A ética ou a filosofia moral, ou a expressão alemã principal para “ética” é Ethik (feminino) e para “filosofia moral” é Moralphilosophie, se tornam uma luz que permite discernir do ponto de vista abstrato entre aquilo que é certo ou não do ponto de vista ético. É um dos valores que não se encontra inserido no contexto de uma religião específica, mas no contexto da lei natural que rege aquilo que é conveniente para o ser humano de acordo com sua dignidade e natureza. A moral tem sua base na liberdade do ser humano através da qual uma pessoa pode realizar boas ações, mas que também tem a liberdade de praticar atitudes injustas. A reflexão moral ajuda o ser humano a tomar consciência de sua própria responsabilidade no trabalho de crescer como pessoa, tendo sempre claro o princípio da verdade e do bem. A filosofia como reflexão moral é muito importante, uma vez que a retidão no trabalho ajuda o ser humano a melhorar como pessoa e a alcançar uma vida boa. A filosofia moral mostra a responsabilidade humana em trazer esperança à sociedade que vive, uma vez que através de ações individuais exerce influência no bem comum. Esta filosofia moral toma como fundamental os princípios da conduta humana. Estas normas éticas dignificam a pessoa através de valores como mostra a superação pessoal, o amor próprio, o respeito, o princípio do dever e a busca pela felicidade. Um princípio moral essencial é lembrar que o fim nem sempre justifica os meios.                             

Na trama cinematográfica em 2002, o center aposentado dos Pittsburgh Steelers, Mike Webster, é encontrado morto na carroceria de sua pick-up. Bennet Omalu, um patologista forense do Instituto Médico Legal do Condado de Allegheny (Pensilvânia), faz a autópsia do corpo, e descobre que a vítima possuía dano cerebral grave. Ele conclui que a morte de Webster foi resultado dos efeitos de repetidos traumas na cabeça — um distúrbio, isto é, Encefalopatia traumática crônica (ETC), também reconhecida como “demência pugilística” ou Síndrome Boxer, é neurodegenerativa progressiva, causada por repetidos golpes na cabeça. Esta é caracterizada clinicamente por declínio cognitivo, alterações de comportamento, problemas de memória e sinais parkinsonianos como tremores, falta de coordenação e problemas com a fala. Pacientes diagnosticados estão propensos a irritabilidade. Em 1928, o médico norte-americano Harrison Martland (1883-1954) descreveu pela primeira vez sintomas como perda de memória, mudanças de personalidade e alterações motoras semelhantes à doença de Parkinson em ex-boxeadores. Ele, então, “batizou” a doença de “demência pugilística”.

Estatisticamente 92% de todos os casos registrados desde então foram observados em atletas. Pensa-se que esta enfermidade afeta mais de 15% de lutadores profissionais de esportes de combate, tais como pugilismo, muay thai, kickboxing, Artes Marciais Mistas, reconhecidas pela sigla em inglês MMA (Mixed Martial Arts), e futebol americano são uma modalidade de esporte de combate que inclui tanto golpes de combate em pé quanto técnicas de luta no chão. Elas combinam diferentes disciplinas de combate e seus aspectos técnicos sob uma única regra de competição. Até 2002, a doença era conhecida apenas por demência pugilística, pois havia sido detectada somente em lutadores. Neste ano, nos Estados Unidos, foi descrito o primeiro caso da doença em um jogador da NFL, a liga de Futebol Americano do país. Então, a partir desse caso, a doença passou a se chamar cientificamente Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). Foi o Dr. Bennet Omalu, um médico de ascendência nigeriano-americano responsável pela descoberta durante autópsias: os jogadores de futebol americano tinham uma grande probabilidade de sofrer desta enfermidade e inclusive de uma forma muito mais aguda que em outros desportos de combate como o pugilismo, ao contrário do que se supunha.

Alguns jogadores ficavam com o cérebro tão afetado que eventualmente cometiam suicídio, o que aconteceu com vários jogadores famosos. O filme Concussion (2015) demonstra a história desta descoberta e da posterior dificuldade em que a NFL a aceitar existência dessa condição. Na realidade histórica e socialmente falando, para se ter uma ideia, in statu nascendi, um exame neuropatológico descobriu que a causa mortis de Bellini, capitão da Seleção Brasileira de Futebol campeã do mundo em 1958, foi a ETC. Hilderaldo Luís Bellini, ou simplesmente Bellini (1930-2014), foi um futebolista brasileiro, capitão da Seleção Brasileira de Futebol na conquista do primeiro título mundial, em 1958. Consagrou-se como capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1958. Sua foto levantando a Taça Jules Rimet com as duas mãos sobre a cabeça é uma das marcas do futebol brasileiro, e passou a ser repetida por todo capitão ao levantar a taça. Mauro foi seu reserva em 1958. Bellini era um zagueiro vigoroso, raçudo, que se impunha dentro da área. Compensava a limitada técnica com seriedade e lealdade aos adversários, o que lhe deu o posto de capitão da seleção em 1958. Esta doença pode se manifestar ao fim de 12 a 16 anos das sequelas e tem caráter progressivo, no entanto, não existe uma regra, já que alguns ex-atletas têm menos propensão a desenvolver este mal.

A doença ficou reconhecida com Muhammad Ali (1942-2016), que desenvolveu sintomas parkinsonianos. Com o auxílio do antigo médico dos Steelers Julian Bailes, o colega neurologista Steven T. DeKosky e o legista Cyril Wecht, Omalu publica um artigo com seus achados, que é inicialmente descartado pela NFL. Ao longo dos próximos anos, Omalu descobre que outros três ex-jogadores da NFL falecidos, Terry Long (1959-2005), Justin Strzelczyk (1968-2004) e Andre Waters (1962-2006), tinham sintomas muito semelhantes aos de Webster. Ele finalmente convence o recém-nomeado comissário da NFL Roger Goodell para apresentar as suas conclusões perante uma comissão sobre a segurança do jogador. A NFL não leva Omalu a sério; eles nem sequer lhe permitem estar no espaço para a apresentação, forçando Bailes a fazê-lo. Omalu é submetido a uma pressão considerável a recuar a partir de seus esforços. Cyril Wecht é submetido a uma perseguição politicamente motivada por acusações de corrupção, e sua esposa, Prema, perde seu bebê depois de ser perseguida. Eles são forçados a “deixar a sua casa dos sonhos em Pittsburgh e passar para Lodi (Califórnia), onde Omalu aceita um emprego com o escritório do legista do Condado de San Joaquin (Califórnia)”.

No entanto, ele é justificado quando o ex-presidente da NFLPA Dave Duerson comete suicídio devido a crescentes problemas cognitivos; em sua nota de suicídio, Duerson admite que Omalu estava certo. Omalu é permitido para tratar em uma conferência da NFLPA sobre concussões e ETC. Em meio à crescente discussão do Congresso, a NFL é forçada a levar o assunto a sério. Oferecem a Omalu um emprego como médico examinador-chefe do District of Columbia, porém ele nega para que possa continuar executando autópsias. No final do século XIX, e isto até meados da década de 1960, Pittsburgh foi o maior polo siderúrgico e o maior produtor de aço do mundo. De fato, o cognome de Pittsburgh é “Cidade do Aço”. Por causa das siderúrgicas instaladas na região - altamente poluidoras - Pittsburgh também foi cognominada por alguns como “Cidade Enfumaçada”. Porém, a maior parte das siderúrgicas - que passaram a enfrentar a concorrência cada vez maior de siderúrgicas estrangeiras - fecharam ou saíram da cidade. Em seu lugar, vieram indústrias de alta tecnologia, biotecnologia e robóticas, levando Pittsburgh pela Wall Street Journal como Roboburgh. Pittsburgh é uma das maiores produtoras de equipamentos robóticos do mundo, fora do Japão.

Pittsburgh nomundo ocidental contemprâneo  é centro importante de fundações e organizações de caridade e filantrópicas, como a Heinz Foundation, que tem uma longa história de apoio a atividades culturais e artísticas, que fizeram de Pittsburgh um polo artístico e cultural no país. Além disso, Pittsburgh é um importante polo de educação superior dos Estados Unidos, especialmente na área da medicina. Anteriormente à exploração e colonização europeia, a região onde atualmente localiza-se a cidade de Pittsburgh era habitada pelos iroqueses e pelos hurões, duas tribos nativo americanas. Os nativos americanos utilizavam-se do Rio Ohio, do Rio Monongahela e do Rio Allegheny para caçar e pescar, bem como meio de transporte. Os iroqueses e os hurões eram inimigas entre si, e a região foi palco de várias batalhas entre estas duas tribos nativo americanos. Eventualmente, os iroquois - de natureza mais agressiva do que os iroqueses - expulsariam os hurões a fugir da região. Até o início do século XVIII a região permaneceria inexplorada pelos europeus, embora parcialmente na esfera de influência da Nova França e parcialmente na esfera de influência das Treze Colônias britânicas. Em meados da década de 1740, soldados franceses, que haviam partido de Quebec, tornaram-se as primeiras pessoas a explorar a região. Estes soldados reivindicaram estas terras em nome da Coroa francesa. Os franceses faziam trocas comerciais com os iroquois - buscando basicamente por peles.

Os britânicos nas 13 colônias acreditavam que a região do Rio Ohio, onde os franceses realizavam suas trocas comerciais com os iroqueses, era território britânico. As relações entre os colonos franceses e britânicos na América do Norte deteriorou-se rapidamente, desencadeando em 1754 a Guerra Franco-Indígena. Ainda em 1754, os franceses construíram um forte, o Fort Duquesne, na confluência do Allegheny e do Monongahela. Os britânicos comandados por George Washington, futuro líder da Guerra da Independência dos Estados Unidos da América e Presidente dos Estados Unidos, por sua vez, construíram o Fort Necessity, imediatamente ao Sul do Fort Duquesne. Eventualmente, uma força francesa de 750 soldados derrotou as tropas de Washington - três vezes menor em número - na Batalha de Necessity, forçando Washington a render-se. Eventualmente, porém, os britânicos tomariam o controle da região, passando a fazer parte da colônia de Pensilvânia. Eles destruíram os remanescentes dos fortes anteriores e construíram um novo, o Fort Pitt, imediatamente a leste do antigo Fort Duquesne. Em torno deste forte, uma vila rural passou a crescer. Eventualmente, esta vila passou a ser chamada de Pittsborough - sendo que posteriormente este nome mudaria para Pittsburgh. Após o fim da guerra pela Independência, a região onde a vila de Pittsburgh estava localizada passou a ser disputada entre os Estados de Virgínia e Pensilvânia. Foi somente em 1781 que a vila passou a fazer parte do estado de Pensilvânia. Em 1794, a criação de um imposto para produtos alcoólicos desencadeia a Rebelião do Whiskey, também reconhecida como Insurreição Whiskey, foi um “tax protest”, começando em 1791 e a insurreição em 1794. George Washington, então presidente do país, foi obrigado a mandar tropas à região para controlar a rebelião. Pittsburgh tornou-se imediatamente após a guerra o ponto de partida às pessoas interessadas em viajar e desbravar o extraordinário Oeste americano. Em 1788, Pittsburgh tornou-se a sede de condado do Allegheny, um dos 67 condados do estado americano da Pensilvânia.

Bibliografia Geral Consultada.

ADORNO, Theodor, Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985; GADAMER, Hans-Georg, A Atualidade do Belo: A Arte como Jogo, Símbolo e Festa. Rio de Janeiro: Editor Tempo Brasileiro, 1985; DEJOURS, Christophe, O Corpo entre a Biologia e a Psicanálise. São Paulo: Editora Artes Médicas, 1988; LÉVI-STRAUSS, Claude, “O Descobrimento da Representação nas Artes da Ásia e da América”. In: Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Editor Tempo Brasileiro, 1985; Idem, Mito e Significado. Lisboa: Edições 70, 1989; ARON, Raymond, As Etapas do Pensamento Sociológico. 4ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1993; RUBIO, Kátia, “A Psicologia do Esporte: Histórico e Áreas de Atuação e Pesquisa”. In: Psicol. cienc. prof. Vol.19 n°3. Brasília, 1999; DECLOS, Marie-Laurence (dir.), Le Rire des Grecs. Grenoble: Éditions Jérôme Million, 2000; ADORNO, Theodor, “Introdução à Personalidade Autoritária”. In: Critical Theory and Society - A Reader. Tradução de Francisco Rudiger, 1989; Idem, Dialéctica Negativa. Madrid: Ediciones Taurus, 1992; idem, “O Ensaio como Forma”. In: Notas de literatura I. São Paulo: Editora 34, pp. 15-45; 2003; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950. Rio de janeiro: Contraponto Editora, 2008; CICERO, Sulla Natura degli Dei. Milano: Oscar Mondadori Editore, 2004; RAWLS, John, Uma Teoria da Justiça. 3ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2008; CRUZ, Norval Batista, Corpo, Ancestralidade, Oralidade e Educação no Ile Aiê Omo Tifê: O Corpo de Xangô. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira. Faculdade de Educação. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2013; OMALU, Bennet, “Concussion Expert: Over 90% of NFL Players Have Brain Disease”. In: Time, 22 dez. 2015; BARRABI, Thomas, NFL Concussion Lawsuit Settlement: What Frontline CTE Data Means for The Appeal Process, 18 set. 2015; AMORIM, Roberto Ricardo Santos, Batucadeiros: Educação Musical por Meio da Percussão Corporal. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Brasília: Universidade de Brasília, 2016; CHAGAS, Paulo Henrique Barbosa Souza, O Berimbau de Naná Vasconcelos na Música Contemporânea. Dissertação de Mestrado. Departamento de Música. Universidade de Évora, 2016; entre outros.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Banana – América Latina, República das Bananas & Coração da Bananeira.

 A fruta mais descarada da espécie vegetal, exibicionista, safada, preferência nacional”. Sônia Carneiro Leão                         

         República das bananas é um termo pejorativo para um país dito subdesenvolvido, politicamente instável, submisso a um país rico e frequentemente com um governante corrompido e opressor, revolucionário ou não, ou por uma junta militar. Sua economia é, em grande parte, dependente da exportação de monoculturas, tais como bananas, café, laranjas ou cana-de-açúcar, ou até mesmo a extração de minerais. Normalmente, tem classes sociais estratificadas, incluindo uma grande e empobrecida classe trabalhadora e uma plutocracia que compreende as elites de negócios, política e militares, embora o nível de desigualdade social das Américas Central e do Sul seja, atualmente, menor do que em alguns países desenvolvidos. Esta oligarquia controla as produções do setor primário e, assim, explora a economia do país. O termo foi criado por O. Henry, um humorista e cronista estadunidense. William Sydney Porter (1862-1910), mais reconhecido pelo pseudônimo O. Henry, foi um escritor americano conhecido principalmente por seus contos, embora também tenha escrito poesia e não ficção. Suas obras incluem " O Presente dos Magos ", " A Duplicidade de Hargraves " e " O Resgate do Chefe Vermelho ", além do romance " Repolhos e Reis" . Os contos de Porter são conhecidos por suas observações naturalistas , narrativa espirituosa e finais surpreendentes .Originalmente, o termo referia-se a Honduras e foi apresentado no livro de contos curtos Cabbages and Kings, de 1904, ambientados na América Central. “República”, nessa conjuntura política, no sentido marxista, era também um eufemismo de “ditadura”. Alguns trechos do livro nos quais o termo é usado são: “Na constituição desta pequena e marítima república bananeira havia uma secção esquecida”;  tínhamos com quase todos os países estrangeiros exceto Bélgica e essa República bananeira, Anchuria. 

         O termo fortaleceu-se devido à forte presença das empresas estadunidenses United Fruit Company e Standard Fruit, que dominavam a produção de frutas como bananas e abacaxis nos países da América Central e Caribe, especialmente Honduras.  A exportação de frutas era a grande fonte de riqueza destes países. Assim, as companhias tinham grande poder sobre a economia local destes países e, quando estes países não respondiam aos interesses das companhias, as empresas utilizavam-se da força para garanti-los. Exemplo disso foi quando, em 1910, um barco partiu de Nova Orleans rumo a Honduras com o objetivo de instalar um novo presidente pela força, pois o governo daquele país não cortara os impostos cobrados da companhia. O novo presidente empossado permitiu que a empresa ficasse livre de pagar impostos durante 25 anos. As duas ditaduras sul-americanas fictícias criadas por Hergé (1930) para cenário de algumas aventuras de Tintim, San Theodoros e Nuevo Rico, são exemplos perfeitos da arquetípica República das Bananas. O conceito foi explorado no filme Bananas, de 1971, que se passa na fictícia San Marcos. Em 2016, após um período de instabilidades e disputas políticas no Brasil, o cartunista Carlos Latuff satirizou o período com um formato de brasão da república em cujo ramo de café foi substituído por bananas. O cultivo de bananas pelo Homem teve início no Sudeste da Ásia. 

Existem ainda muitas espécies de banana selvagem na Nova Guiné, na Malásia, Indonésia e Filipinas. Indícios arqueológicos e paleoambientais recentemente revelados em Kuk Swamp, na província das Terras Altas Ocidentais da Nova Guiné, sugerem que esta atividade remonta pelo menos a até 5 000 a.C., ou mesmo a até 8 000 a. C. Tais dados tornam, esse local, “o berço do cultivo de bananas”. É provável, contudo, que outras espécies de banana selvagem tenham sido objeto de cultivo posteriormente, noutros locais do Sudeste asiático. A banana é mencionada em documentos escritos, pela primeira vez na história, em textos budistas de cerca de 600 a. C. Sabe-se que Alexandre, o Grande comeu bananas nos vales da Índia em 327 a.C. Só se encontram, porém, plantações organizadas de banana a partir do século III na China. Em 650, os conquistadores Islâmicos levaram-na à Palestina. Foram, provavelmente, os mercadores árabes que a divulgaram por grande parte de África, provavelmente até à Gâmbia. A palavra banana teve origem na África Ocidental e, adotada pelos portugueses e espanhóis, veio a ser usada, por exemplo, na língua inglesa. Nos séculos XV e XVI, colonizadores portugueses começaram a plantação sistemática de bananais nas ilhas atlânticas, no Brasil e na costa ocidental africana. Mas elas permaneceram desconhecidas, por muito tempo, da maior parte da população europeia. Júlio Verne (1828-1905), na obra “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias” (1872), descreve-a detalhadamente, pois sabe que grande parte dos seus leitores a desconhece.

                                


            É próprio da concepção de teoria per se admitir a crítica externa, conforme as regras aceita pela continuidade que cuida, suscita e critica as teorias. O campo de existência das teorias é recente e frágil. Constituiu-se pela primeira vez há vinte séculos em Atenas, onde a instauração da filosofia abriu uma esfera livre de debate de ideias sem sanção, exclusão, nem liquidação dos participantes. Depois, a ciência europeia criou o seu próprio campo, onde toda teoria deve obedecer às regras empíricas, regras lógicas limitadoras e aceitar a verificabilidade que poderiam desmenti-las. Um sistema de ideias permanece teoria enquanto aceita a regra do jogo competitivo e crítico, enquanto manifesta maleabilidade interna: capacidade de adaptação e modificação na articulação entre seus subsistemas, assim como a possibilidade de abandonar um subsistema e de substituí-los por outro. Uma teoria é capaz de modificar as suas variáveis que se definem nos termos do seu sistema de pensamento. Em consequência, as características fechadas dela são contrabalanceadas pela busca de concordância entre a coerência e dos dados que evidencia: é isso que constitui a racionalidade. Depende da interpretação daqueles que habitam o mundo onde se aplica. A teoria sobrevive das trocas simbólicas, linguísticas e científicas com o mundo real da imaginação humana. Enquanto teoria metaboliza o real para sobreviver. O tipo aberto é ligado às regras pluralísticas estruturais que alimenta.

As esferas filosófica e científica são de existência democrática em geral para as teorias da sociedade. Dizer concepção de abertura teórica necessita de condições externas favoráveis significa dizer que todas as formas de sistema de ideias tendem a fechar-se por si mesmo. O dogmatismo e a ortodoxia não são tendências naturais, contrabalançadas somente por condições sociais exteriores. Racionalidade e racionalização têm um mesmo tronco comum, a busca de coerência. Mas, enquanto a racionalidade está aberta ao que resiste à lógica e mantém o diálogo com o real, a racionalização integra à força o real na lógica do sistema e crê, então, possuí-lo. Essa tendência racionalizadora equivale aqui à profunda tendência idealista de todo sistema de ideias a absorver a realidade que nomeia, designa, descreve, explica. Sob certo ponto de vista noológico, os sistemas de ideias não se alimentam somente de energias e paixões humanas, evidenciadas pela tradição do empirismo lógico. Ipso facto no âmbito da formação da complexidade centrifugam e esvaziam o real que evidenciam. Desvelando as “leis” que governam o mundo, as teorias da ciência aspiram à soberania dessas leis. A inveterada tendência a tomar o mapa pelo território, a palavra pela coisa, a ideia pela realidade, depende do espírito humano, de sua aptidão crítica e autocrítica, favorecida pelas situações pluralistas e abertas. O “remédio” só pode estar na abertura do sistema, o qual depende da abertura do espírito humano.

A partir do ideário do Renascimento, o mundo é requestionado (cf. Hale, 2003); depois que Cristóvão Colombo (1451-1506) do chão aumentou a Terra e Copérnico e Galileu diminuíram-na no céu. Deus é requestionado, assim como o homem; a interdependência dessas reflexões determina uma problematização generalizada, de fato alongada. A perda dos antigos fundamentos de inteligibilidade e de crença suscita a procura incessante de novos fundamentos e a formação ininterrupta de novos sistemas filosóficos, os quais levantam mais questões do que fornecem respostas, o que relança em constante permanência a busca. E, assim, a noosfera filosófica europeia desenvolve-se com uma intensidade prodigiosa apresentando duas faces opostas e atreladas: de um lado, uma atividade critica, que já não se exerce apenas, nem principalmente, sobre a religião, mas sobre os próprios sistemas racionais (racionalizadores), sobre as ideias dominantes, os princípios, os fundamentos; por outro lado, a elaboração ininterrupta de sistemas, até o maior de todos, Friedrich  Hegel; a partir dele a história da filosofia será um corpo a corpo sem tréguas entre o pensamento antissistemático. A cultura serve como laboratório noológico, onde se pode poder observar a formação, o florescimento dos sistemas, seus conflitos, suas simbioses, suas trocas, suas corrupções, suas escleroses, as suas mutações, os seus rejuvenescimentos, mas também as suas agonias.

Na história social e da técnica do Renascimento não existia o que se poderia chamar de “economia italiana”. Havia muitas economias, algumas diversas de âmbito regional e outras de âmbito internacional, localizadas todas elas na unidade geográfica e espacial da península. Duas cidades à beira de rios e duas às margens dos mares, Milão e Florença, Genova e Veneza, formavam o quadrilátero da prosperidade da Itália durante a Renascença. Nenhuma delas possuía população superior a 100 mil habitantes. Mas, em contrapartida, tinham energia e disposição suficiente para capitanear a liderança econômica da península, como tino para estenderem seus interesses tanto para o coração da Europa em direção às cidades alemãs, francesas a flamengas como para Constantinopla e o restante do Levante. Dedicavam-se como atividade econômica ao comércio de luxo: seda, brocados, âmbar, especiarias, ouro e prata, como às atividades que atendiam o consumo cotidiano, como têxteis, tendo em vista que em Florença, além da Casa dos Médici (cf. Abreu e Lima, 2012), foi um poderoso centro lanífero. Veneza também acolheu uma formidável indústria naval para dar sustento ao seu império de comunicação marítimo que se estendia pelas ilhas gregas e alcançava vários portos do mar Negro. A comunicação marítima gerou uma burguesia pródiga, sequiosa de ostentar posição de mando e desejosa de preservar-se através da cultura e do patrocínio das artes.

A competição entre as diversas cidades fez a glória dos artistas de seu tempo histórico e social, muitos deles foram cobiçados por várias cortes que os prodigalizavam com recursos monetários, promoção e prestígio. Não por acaso, em geografia urbana, hinterlândia corresponde a uma área geográfica que pode se tratar de um município ou um conjunto de municípios servida por um porto e a este conectada por uma rede de transportes, através da qual recebe e envia mercadorias ou passageiros do porto ou para o porto. Trata-se, portanto, da área de influência pragmático de uma cidade portuária que, por concentrar significativa atividade econômica, pode engendrar uma rede urbana, constituída por centros menores. O conceito passou a ser utilizado também no caso de cidades não portuárias que são “cabeças-de-rede”. O termo pode ser aplicado à área que circunda um centro de comércio, ou de setor de serviços e da qual provêm os seus clientes. O conceito foi aplicado à área de ex-colônias na África, apesar de não serem parte da colônia, eram por ela influenciadas. A mãe de Isotta, Bianca Borromeo, viúva e iletrada, pois seu marido havia morrido entre os anos 1425 e 1433, providenciou para que ela e as suas irmãs Ginevra e Laura tivessem uma boa educação, tendo aprendido latim e grego numa idade precoce, primeiro sob a orientação de Matteo Bosso e mais tarde de Martino Rizzoni (1404-1488), um dos mais brilhantes alunos de Guarino da Verona (1370-1460), sendo um dos mais respeitados poetas, humanistas e pensadores italianos.  O comércio global de bananas tem uma história pontual que começou com a fundação da United Fruit Company (Chiquita), no final do século XIX.

     

            Durante a maior parte do século XX, as bananas e o café dominaram por completo a economia de exportação da América Central. Na década de 1930, constituíam mais de 75 por cento das exportações da região, nos anos 1960 ainda as preenchiam em 67 por cento. O termo “República das Bananas” tornou-se vulgar, então, para designar a generalidade dos países da América Central, ainda que, sob o aspecto estritamente econômico, sem conotação necessariamente depreciativa, apenas Costa Rica, Honduras, e Panamá assim possam ser designados, já que a sua economia é, de longe, dominada pelo comércio da banana. Muitos países da União Europeia importam, tradicionalmente, muitas das bananas que consomem, das suas antigas colônias das Caraíbas, garantindo-lhes preços acima dos praticados no comércio globalizado. Desde 2005, tais Acordos estão em vias de serem revogados, devido à pressão de grupos económicos poderosos, a maioria dos quais com sede nos Estados Unidos. Tal alteração no comércio iria beneficiar os países produtores da América Central, onde várias empresas norte-americanas têm interesses estabelecidos.

Uma compilação dos nomes das espécies, subespécies, híbridos, variedades, assim como de nomes vulgares utilizados em várias línguas e etnias, é mantida na Universidade de Melbourne, Australia, demonstrando que os nomes vulgares são apenas locais e não correspondem a espécies, nem a cultivares reconhecidos. São por vezes reconhecidos quatro tipos principais de variedades de banana: a banana-prata, a banana-maçã, pequena e arredondada, a banana-caturra, também reconhecida como banana-d`água ou Cavendish, banana-figo[a] e a banana-da-terra. Entre as bananas de mesa, contam-se as variedades maçã, ouro, prata e nanica: anã, baé, caturra, ou Dwarf Cavendish. Esta última deve o seu nome ao porte da bananeira sendo, na verdade, uma banana de grande dimensão. Outras variedades incluem a banana das Canárias, a banana da Madeira, a Gros Michel, a Latacan, a Nanican e a Grande Anã. A variedade Cambuta, como é designada em Cabo Verde, uma nação localizada em um arquipélago vulcânico perto da costa Noroeste da África é resistente em climas mais frios, sendo a mais utilizada em zonas subtropicais e temperadas/quentes. A variedade Valery, introduzida pelos portugueses em São Tomé, em 1965 e depois em Angola, foi responsável por um surto na produção de bananas nesse país até 1974. A banana, enquanto verde, é constituída essencialmente por água e amido, e, por isso, seu sabor é adstringente. Contudo, por essa mesma razão, pode ser utilizada como fonte de hidratos de carbono em vários pratos. Pode ser produzida farinha a partir de bananas verdes. À medida que vão amadurecendo, o amido transforma-se em açúcares mais simples, como a glicose e a sacarose, que lhe dão o sabor doce. Além de consumida fresca, é utilizada para diversos fins. Em sobremesas de colher, citam-se o banana split, ou mesmo as bananadas, feitas com banana-anã ou com banana-prata. 

Banana é também ingrediente indispensável na conhecida salada de frutas (ainda que oxide facilmente), podendo, também, ser utilizada na confecção de sangria. A fruta também é o principal ingrediente do chamado banana bread, reconhecido também como “pão de banana”. Mas a banana-pão é muito utilizada para outros fins culinários, como na confecção de “banana chips”, uma espécie de aperitivo feito com rodelas de banana desidratada ou frita, ou como acompanhamento de diversos pratos tradicionais. As bananas anã e prata são frequentemente servidas cruas, misturadas com arroz e feijão ou com outros acompanhamentos. Em alguns locais regionais do Brasil, como em Antonina e cercanias, serve-se banana-da-terra crua acompanhando o prato típico da região, o barreado, bem como na forma de “bala de banana”. No Rio de Janeiro e em Pernambuco, o cozido é composto por carnes, tubérculos e legumes, além de banana-da-terra e banana-nanica. No Sul de Minas Gerais, é famoso o “virado de banana-nanica”, que conta também com farinha de milho e queijo mineiro. No litoral Norte de São Paulo, o prato principal da culinária caiçara chama-se “azul-marinho” e é constituído por “postas de peixe cozidas com banana-nanica verde sem casca, acompanhadas de pirão feito com o caldo do peixe, banana cozida amassada e farinha de mandioca”. Estas comunidades tradicionalmente produzem, o aperitivo ou bebida, aguardente de banana. Banana serve para a fabricação de outras bebidas, como a cerveja de banana. Esta bebida alcoólica é importante para a renda de países como a República Democrática do Congo. A banana-da-terra e a banana-figo são utilizadas fritas, tal como a banana-anã, que deve, contudo, ser preparada “à milanesa”, isto é, passada por ovo batido e, depois, por farinha de trigo e farinha de rosca antes de ser frita, caso contrário, desmancha-se durante a fritura.

 A banana-anã é ainda utilizada para assar. A banana-maçã é indicada para problemas intestinais, ao aumentar facilmente o volume da massa fecal, ainda que possa causar aparente obstipação. A produção de sumo a partir de banana é dificultada pelo fato de se produzir apenas polpa quando o fruto é esmagado. Assim, não é possível obter “verdadeiro” sumo de banana, ainda que a polpa possa ser misturada ao sumo de outros frutos. Existem sumos fermentados a partir da polpa. Esta pode ainda ser utilizada na confecção de diversas compotas especialmente com banana-figo e banana-anã. Existem relatos de que seria usada, esmagada com mel, como remédio contra a icterícia em determinadas regiões asiáticas onde o rizoma da bananeira é utilizado para o mesmo fim. Apesar de parecer não utilizável, a casca da banana contém vários nutrientes, açúcares naturais como a glicose e sacarose e minerais. Com isso, pode ser aproveitada no consumo alimentício, proporcionando baixo custo sem deixar para trás o bom paladar. É ainda muito utilizada na alimentação de animais. É proverbial seu uso na alimentação dos macacos. Salienta-se que a banana não deve ser utilizada como única fonte de alimentação de macacos, pois contém pouco cálcio e muito fósforo, causando desequilíbrio alimentar comum, que prejudica a formação e a manutenção da estrutura óssea dos animais. A bananeira tem sido uma fonte de fibra para tecidos de alta qualidade. No Japão, o cultivo de banana histórica e culturalmente para vestuário e uso doméstico remonta pelo menos ao século XIII. 

No sistema japonês, folhas e brotos são cortados a partir da planta periodicamente para garantir a suavidade. Brotos colhidos são cozidos em primeiro em soda cáustica para preparar fibras para fazer fios têxteis. Esses brotos de banana produzem fibras de diferentes graus de maciez, produzindo fios e tecidos com diferentes qualidades para usos específicos. Por exemplo, as fibras ultraperiféricas da brotos são mais rudes, sendo adequados para toalhas de mesa, enquanto as fibras mais suaves da parte interna são desejáveis para quimonos e hakamas. Este tradicional processo japonês de fazer roupas requer muitos passos, todos feitos à mão. No sistema nepalês, ao contrário, o tronco é colhido e pequenos pedaços são submetidos a um processo de amaciamento, extração de fibras mecânicas, branqueamento e secagem. A seguir, enviam-se as fibras para o Vale de Katmandu, para uso em tapetes de seda com textura semelhante. Esses tapetes de fibra de bananeira são tecidos a mão pelos tradicionais métodos nepaleses e suas vendas são certificadas. Apesar de o consumo das bananas ser prático e simples, o seu transporte é delicado e requer cuidados especiais, pois amadurece quando retirada de seu cacho e amassa com facilidade por ter uma casca não muito resistente. Além disso, como é uma fruta muito aromática, transfere o seu odor para objetos que com ela entrem em contato. A maior parte da produção para o mercado interno é constituída por bananas verdes para cozinhar ou bananas-pão - as variedades utilizadas como fruta são facilmente danificadas durante o seu transporte, mesmo quando transportadas apenas no seu país de origem.

As variedades comerciais de sobremesa mais consumidas nas regiões temperadas são as espécies Musa acuminata ou o gênero híbrido Musa X paradisíaca que são importadas em larga escala dos trópicos. São muito populares também devido ao fato de constituírem uma fruta não sazonal, que pode ser consumida fresca durante todo o ano. No comércio global, a variedade de cultivo de maior importância econômica é, de longe, a chamada banana banana-cavendish, banana-caturra, em cultura lusófona, que superou em popularidade, na década de 1950, a variedade Gros Michel, depois de esta ter sido dizimada pelo mal-do-panamá, um fungo que atacava raízes das bananeiras e mata bananeiras, podendo inviabilizar áreas de cultivo por muitos anos. Seus sintomas incluem o amarelecimento e murcha das folhas, que terminam se quebrando e formando uma aparência de “guarda-chuva”. A disseminação ocorre principalmente por meio de mudas contaminadas, água e solo infectado. Tal como acontece com outros tipos de fruta, é comum que o mercado internacional seja monopolizado por pouco mais de uma variedade. Isso não se deve, contudo, ao sabor, mas às facilidades de transporte e de duração em armazenamento: de facto, as variedades mais comercializadas raramente são mais saborosas que outras menos cultivadas por razões económicas. As infrutescências (cachos) são colhidas quando estão desenvolvidas, se se destinarem ao mercado interno. Para exportação, são colhidas ainda verdes e com cerca de 3/4 que poderiam atingir, em armazéns  para esse efeito no país onde serão consumidas.

               

O momento da colheita exige grandes cuidados de modo a não machucar as bananas que perdem atratividade e qualidade se apresentarem manchas provocadas pelos choques. Os cachos são, então, despencados, ou seja, separados nas pencas que os constituem, rejeitando-se as pencas das extremidades com cerca de 25 % da produção, por serem mais sujeitas aos choques durante o seu transporte, bem como pela sua forma e tamanho pouco adequado para a comercialização e para um eficaz acondicionamento. Esses excedentes podem ser utilizados pela indústria transformadora de alimentos, na produção de “purés”, polpas para a confecção de sumos sendo fermentados ou não ou na alimentação de animais. Em muitos casos, os excedentes são, simplesmente, deitados fora. As pencas são postas, então, em repouso para que exsudem a seiva em excesso, sendo depois lavadas e mergulhadas numa solução fungicida que evitará o apodrecimento a partir dos cortes. As pencas podem ainda ser cortadas em grupos (clusters) menores, de modo a aumentar a quantidade de fruta embalada por unidade de volume, no sentido fordista, geral em caixas de cartão que podem ser envolvidas por sacos de polietileno e que são embarcadas, salvo raras exceções, nos chamados “barcos fruteiros”. Para retardar o amadurecimento, in statu nascendi é necessário renovar o ar no local de transporte, para retirar o etileno, hormona produzida pelas bananas e que acelera a sua maturação.

Para induzir o amadurecimento das bananas, o ambiente do armazém pode ser preenchido com etileno. Contudo, se o fruto for comercializado verde, permitindo a maturação mais lenta, o sabor tornar-se-á mais agradável, e a polpa, mais firme, ainda que a casca possa ficar manchada de amarelo escura ou castanho. O sabor e a textura são, assim, afetados pela temperatura em que amadurecem. No transporte, elas são expostas a uma temperatura de cerca de 12 °C e a uma humidade relativa próxima da saturação. Em temperaturas mais baixas, contudo, a maturação é definitivamente inibida e as frutas tornam-se cinzentas. O plantio da banana é realizado por mudas e a colheita dos primeiros cachos ocorre entre 12 a 18 meses, dependendo do clima, variedade, fertilidade do solo, estado de sanidade da planta e tratos culturais. As bananas constituem o alimento básico de milhões de pessoas em vários países economicamente em via de desenvolvimento. Em determinados países tropicais a banana verde (não madura) é largamente utilizada da mesma forma que as batatas em outros países, podendo ser fritas, cozidas, assadas, guisadas etc. De fato, as bananas assim utilizadas são semelhantes à batata, não apenas no sabor e na textura, como a nível de composição nutricional e calórica. Em 2005, a Índia liderou a produção mundial de bananas, representando cerca de 23% da produtividade mundial - sendo que a maioria se destina ao consumo interno.

País em desenvolvimento ou país emergente são termos geralmente usados para descrever um país que possui um padrão de vida entre baixo e médio, uma base industrial em desenvolvimento e um Índice de Desenvolvimento Humano variando entre médio e elevado. A classificação de países é difícil, visto que não existe uma única definição internacionalmente reconhecida de país desenvolvido e os níveis de desenvolvimento, econômico e social, podem variar muito dentro do grupo dos países em desenvolvimento, sendo comparativamente que alguns desses países possuem alto padrão de vida médio. Algumas organizações internacionais, como o Banco Mundial, utilizam classificações estritamente numéricas considerando todos os países com renda baixa e média como “em desenvolvimento”. Os países com economias mais avançadas do que outras nações em desenvolvimento, mas que ainda não demonstraram sinais plenos de desenvolvimento, são agrupados sob a designação de países recentemente industrializados. A econometria é a área que utiliza métodos estatísticos e matemáticos para analisar dados e testar hipóteses e prever tendências. Ela combina a teoria econômica e análise quantitativa para dar um embasamento científico e mensurável às poderosas relações, transformando ideias qualitativas em relações quantitativas e ajudando na tomada de decisões.

Os quatro países que mais exportam, contudo, são o Equador, a Costa Rica, as Filipinas, e a Colômbia, que somam cerca de dois terços das exportações mundiais, exportando cada um mais de um milhão de toneladas. De acordo com as estatísticas da FAO, só o Equador é responsável por mais de 30 por cento das exportações globais. A maioria dos produtores, por todo o mundo praticam, contudo, uma agricultura de baixa escala e de subsistência - consumo próprio e venda e mercados locais. Já que as bananas são uma fruta não sazonal, estão disponíveis durante todo o ano, pelo que podem ser utilizadas durante as estações mais susceptíveis de escassez alimentar - alturas em que o produto de uma colheita já foi consumido enquanto que o produto da seguinte ainda não está disponível. É por esta razão que o cultivo de banana tem uma importância fulcral em qualquer sistema sustentado de luta contra a fome. Nos últimos anos, a competição a nível de preços por parte dos supermercados tem diminuído ainda mais as já baixas margens de lucro da maioria dos produtores de banana. As principais empresas do ramo, como Chiquita, Fresh Del Monte Produce, Dole Food Company e Fyffes têm as suas próprias plantações no Equador, na Colômbia, na Costa Rica e Honduras. Tais plantações exigem grande e intensivo investimento de capital e aplicação tecnológica de know How, tornando os proprietários das lucrativas plantações extremamente influentes no mercado em nível econômico e político nos seus países, em detrimento dos pequenos produtores. Isso justifica o fato de estarem disponíveis como artigo de “comércio justo” em alguns países.

O plantio da banana é realizado por mudas e a colheita dos primeiros cachos ocorre entre 12 a 18 meses, dependendo do clima, variedade, fertilidade do solo, estado de sanidade da planta e tratos culturais. As bananas constituem o alimento básico de milhões de pessoas em vários países “em via de desenvolvimento”. Em determinados países tropicais a banana verde (não madura) é largamente utilizada da mesma forma que as batatas em outros países, podendo ser fritas, cozidas, assadas, guisadas etc. De facto, as bananas assim utilizadas são semelhantes à batata, não apenas no sabor e na textura, como a nível de composição nutricional e calórica. Em 2005, a Índia liderou a produção mundial de bananas, representando cerca de 23% da produtividade mundial - sendo que a maioria se destina ao consumo interno. Os quatro países que mais exportam, contudo, são respectivamente o Equador, a Costa Rica, as Filipinas, e a Colômbia, que somam cerca de dois terços das exportações mundiais, exportando cada um mais de 1 milhão de toneladas. De acordo com as estatísticas da Food and Agriculture Organization (FAO),  ou, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, só o Equador produz de 30 % das exportações. A maioria dos produtores praticam uma agricultura de baixa escala e de subsistência - consumo próprio e venda e mercados locais. Tendo em vista que as bananas são uma fruta não sazonal, estão disponíveis durante todo o ano, pelo que podem ser utilizadas durante as estações mais susceptíveis de escassez alimentar, dialeticamente em que o produto da colheita já foi consumido, enquanto que o produto da seguinte ainda não está disponível. É por esta razão que o cultivo de banana tem uma importância fulcral em qualquer sistema sustentado de luta contra a fome.

Nos últimos anos, a competição a nível de preços por parte dos supermercados tem diminuído ainda mais as já baixas margens de lucro da maioria dos produtores de banana. As principais empresas do ramo, como Chiquita, Fresh Del Monte Produce, Dole Food Company e Fyffes têm as suas próprias plantações no Equador, na Colômbia, na Costa Rica e Honduras. Tais plantações exigem grande e intensivo investimento de capital e de know How, tornando os proprietários das grandes e lucrativas plantações extremamente influentes em nível económico e político nos seus países, em detrimento dos pequenos produtores. Isso justifica o fato de estarem disponíveis como artigo de “comércio justo” em alguns países. O comércio global de bananas tem uma longa história que começou com a fundação da United Fruit Company (Chiquita), no final do século XIX. Durante a maior parte do século XX, as bananas e o café dominaram por completo a economia de exportação da América Central. Na década de 1930, constituíam mais de 75 % das exportações da região, nos anos 1960 ainda as preenchiam em 67 %. O termo "República das Bananas" tornou-se vulgar, então, para designar a generalidade dos países da América Central, ainda que, sob o aspecto estritamente económico (sem conotação necessariamente depreciativa) apenas Costa Rica, Honduras, e Panamá possam ser designados, já que a sua economia é, de longe, dominada pelo comércio da banana.

Muitos países da União Europeia (UE) importam, tradicionalmente, muitas das bananas que consomem, das suas antigas colónias das Caraíbas, garantindo-lhes preços acima dos praticados no comércio global. Desde 2005, tais Acordos estão em vias de serem revogados, devido à pressão de grupos económicos poderosos, a maioria dos quais com sede nos Estados Unidos. Tal alteração no comércio iria beneficiar os países produtores da América Central, onde várias empresas norte-americanas têm interesses estabelecidos. A banana é o segundo fruto mais produzido atrás da laranja e consumido no Brasil, tanto como sobremesa como acompanhamento nas refeições, ainda que ocupe apenas 0,87 % do total das despesas de alimentação dos brasileiros em geral; surge daí a expressão ideológica “a preço de banana” para referir que algo é pouco dispendioso. Em termos gerais, ainda que as condições naturais permitam uma produção de alta qualidade, é corrente afirmar que existe baixa eficiência na produção e no manejo pós-colheita. Em 2018, o Brasil produziu 6,7 milhões de toneladas de banana em 461.751 hectares, sendo o 4º maior produtor do mundo, se considerarmos apenas as bananas comuns; somando-se a produção de plantain (banana-da-terra), o país é o 7º maior produtor mundial de bananas, no geral. O estado que mais produz é São Paulo com 1 milhão de toneladas, seguido por Bahia com 828 mil toneladas, Minas Gerais com 825 mil toneladas, Santa Catarina com 723 mil toneladas e Pernambuco com 491 mil toneladas, entre outros. Todos os estados do Brasil têm produção de banana. Ao contrário de outros países, que plantam banana para exportar, 98% da colheita brasileira de banana abastece o mercado interno.

Bibliografia Geral Consultada.

CHAMPION, Jean, Botanique et Génétique des Bananiers. Tomo 1. Nota e Documento Sobre Les Bananiers et Leur Culture. Paris: International Federation of Accountants; Société Européenne de Transaction Commerciale, 171-202, 1967; BLEINROTH, Ernesto Walter, Banana: Cultura, Matéria-prima, Processamento e Aspectos Econômicos. 2ª ed. rev. e ampl. Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos, 1995; BORGES, Ana Lucia; SILVA, Sebastião de Oliveira, “Extração de Macronutrientes por Cultivares da Banana”. In: Revista Brasileira Fruticultura. Cruz das Almas, 17 (1): 57- 66, 1995; DADZIE, Benjamin, e ORCHARD, John, Evaluación Rutinaria Postcosecha de Híbridos de Bananos y Plátanos: Criterios y Métodos. Roma: International Network for the Improvement of Banana and Plantain 2, 1997; MANICA, Ivo, Fruticultura Tropical 4. Banana. São Paulo: Editora ‎ Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1997; FERRÃO, José; “Bananeira”, in Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira da Cultura. Edição Século XXI, Volume IV, Editorial Verbo, Braga, março de 1998; CASTRO, Eduardo Viveiros De, A Inconstância da Alma Selvagem e Outros Ensaios de Antropologia. 5ª edição. São Paulo: Editor Cosac Naify, 2002; ARMELLA, Virginia Aspe, “Lo Maravilloso - To Thaumaston - Un Elemento Olvidado en la Poética”. In: Signos Filosóficos, (8) 51-70; 2002; HALE, John, La Civilisation de L`Europe à la Ranaissance. Sarthe-France: Éditions Perrin, 2003; BORGES, Ana Lucia e SOUZA, Luciano da Silva, O Cultivo da Bananeira. Cruz das Almas-BA. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2004; Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, Banana Musa spp.: Normas de Classificação. São Paulo: CEAGESP. Documentos, 29, 2006; FEHLAUER, Tércio Jacques, RODRIGUES-OTUBO, Benedita Maria, SANDRINI, Márcio, DESTRO, Deonísio, “Caracterização da Produção de Genótipos de Banana Introduzidos na Região de Bonito – MS”. In: Revista Brasileira Fruticultura. Jaboticabal (SP), Vol. 32, n° 3, pp. 938-943, 2010; BORGES, Rogério de Sá, SILVA, E. Sebastião de Oliveira, OLIVEIRA, Fernando Teixeira de, ROBERTO, Sérgio Ruffo, “Avaliação de Genótipos de Bananeira no Norte do Estado do Paraná”. In: Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal – São Paulo, Volume 33, n° 1, pp. 291-296, 2011; BROCHADO, Rodrigo Lopes, Desempenho Agronômico de Cultivares de Bananeira em Dois Ciclos de Produção no Norte Fluminense. Dissertação de Mestrado. Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. Campos dos Goytacazes: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 2016; entre outros.

Grande Bem-Te-Vi – Consciência Teórica & Adaptação ao Ambiente.

 Não é a espécie mais forte, nem a mais inteligente, mas a que melhor se adapta às mudanças”. Charles Darwin                              

                                         

Na atividade teórica, lembrava Hegel: α) O primeiro requisito é que recuemos das coisas naturais, deixando-as como são, e nos orientemos segundo elas. Assim começamos pelos conhecimentos sensíveis da natureza. Se, ao invés, repousasse a física somente em observações e as observações não fossem nada mais que o testemunho dos sentidos, então constaria o agir do físico apenas de ver, ouvir, cheirar, etc., e os animais, deste modo, seriam também físicos. Mas é um espírito, um ser pensante, que vê, ouve, etc. Se disséssemos então que no puro teórico deixamos livres as coisas, isto só se referiria em parte aos sentidos exteriores, pois estes mesmos são parte teóricos, parte práticos; só o representar, a inteligência tem este livre relacionar-se com as coisas. É verdade que também podemos considerá-las também segundo aquele ser-meio [os sentidos], mas então o conhecimento é apenas meio, não fim-em-si-mesmo. Β) A segunda relação das coisas conosco é que elas recebem a determinação da universalidade para nós ou que nós a transformamos em algo universal. Quando mais do pensamento há na representação tanto mais desaparece da naturalidade, singularidade e imediatez das coisas; pelo pensamento que se intromete, empobrece a riqueza da natureza infinitamente multiforme, morrem suas primaveras, seus jogos de cores empalidecem. O que rumoreja da vida da natureza emudece no silêncio do pensamento; sua quente abundância, que se transfigura em mil atraentes maravilhas, murcha em ressequidas formas e generalidade amorfas, semelhantes a um sombrio nevoeiro do Norte. ϒ) Estas duas determinações são não somente opostas às duas práticas, mas encontramos a atitude teórica dentro de si mesma contraditória, enquanto ela parece imediatamente o contrário daquilo que tenciona.  

Isto é, queremos conhecer a natureza que efetivamente não é algo que não é; em vez, pois, de deixá-la e de tomá-la onde ela em verdade está, em vez de percebê-la, fazemos algo totalmente outro diverso disto. Para pensarmos as coisas, fazemos delas algo universal; mas as coisas são singulares e o leão-em-geral não existe. Fazemos delas um subjetivo, produto nosso, a nós pertencente, e decerto a nós apropriado; pois as coisas da natureza não pensam, nem são representações ou pensamentos. Conforme a segunda determinação, que se nossa apresentou acontece justamente essa inversão; pareceria que aquilo que começamos imediatamente se nos torna impossível. A atitude teórica principia com a inibição do desejo e do apetite, é desinteressada, deixa as coisas agirem e existirem; com esta posição temos duma vez fixados os dois, objeto e sujeito, e a separação de ambos, um aquém e um além. Nossa intenção é, porém, mais, apreender a natureza, compreendê-la, fazê-la o nosso, fazer que ela para nós não seja um estranho, um além. Assim, aqui entra a dificuldade:  como atravessamos nós, sujeitos, até os objetos? Se nos atrevemos a saltar este abismo, e nos deixamos para isto, na certa, desencaminhar, assim [é que] pensamos esta natureza; [isto é], fazemos que ela, que é outra coisa do que nós, seja outra coisado que o que ela própria é. Ambas as relações teóricas são também imediatamente entre si opostas; fazemos as coisas [serem] gerais ou peculiares a nós, e contudo elas, como coisas naturais, deve ser para si livres. Eis do que se trata em relação à natureza do conhecimento – este, o interesse da filosofia.

A filosofia da natureza encontra-se, entretanto, em condições tão desfavoráveis, que ela deve demonstrar seu ser-aí; para justificá-la necessitamos de reconduzi-la ao notório. A resolução da oposição de subjetivo e objetivo merece mencionar-se uma figura apropriada, que também é conhecida, em parte, da ciência, em parte da religião; nesta última, porém é assunto do passado e em brevíssimo tempo resolvida a dificuldade toda. A união das duas determinações, a saber, o que se chama o estado original da inocência, onde o espírito é idêntico com a natureza e o olho do espírito está imediatamente no centro da natureza, ao passo que o ponto de vista da separação da consciência é a queda-no-pecado, desde a eterna divina unidade. Esta unidade é representada como uma intuição originária, uma razão que se situa ao mesmo tempo numa imaginação [Phantasie], isto é, somando figuras sensíveis e aí mesmo racionalizando as figuras sensíveis. Essa razão intuinte é a razão divina; pois Deus, podemos dizê-lo, é aquele no qual razão e natureza estão em unidade, [e] a inteligência ao mesmo tempo também tem de ser a figura. As excentricidades da filosofia da natureza têm particularmente seu fundamento numa representação tal que, segundo ela, se hoje os indivíduos não mais se encontram nesse estado paradisíaco, contudo, ainda existem nascidos-no-domingo aos quais Deus comunica no sono verdadeiro o conhecimento e ciência; ou que o homem, mesmo sem ser filho-de-domingo, ao menos mediante  a fé nisto [que segue], pode transportar-se para momentos tais, que neles o íntimo da natureza lhe seja por si imediatamente revelado, somente sob a condição de que se deixe invadir, ter invasões [mentais], isto é, solte sua fantasia para anunciar profeticamente o verdadeiro. Este realizar-se, do qual não se pode apontar fonte nenhuma, tem sido em geral considerado como o acabamento da potência científica; e acrescenta-se a isto que tal estado de ciência perfeita antecedera à história atual do mundo e que para nós – após a queda dessa unidade -, no mito, na tradição ou noutros vestígios, estariam destroços e longínquas brumas de crepúsculos daquele espiritual estado-de-luz aos quais se agarraria a ulterior formação religiosa do gênero humano e dos quais brotaria todo o conhecimento científico. 

                                


Se não custasse mais penosamente à consciência o conhecer a verdade, e apenas precisasse sentar no tripé e enunciar oráculos, bem se pouparia a labuta de pensar.  Enfim, a dificuldade, isto é, a hipótese unilateral da consciência teórica, segundo Hegel, de que as coisas naturais são, diante de nós, resistentes e impenetráveis, é diretamente refutada pelo comportamento prático em que jaz a fé idealística absoluta de que as coisas singulares são nada em si.  As passeriformes são uma grande ordem da classe aves, que compreendem a mais numerosa das ordens, incluindo quase 6 mil espécies, mais da metade do total das espécies de aves existentes, possuindo uma extraordinária diversificação morfológica, ecológica, biológica e comportamental. Membros desta ordem são reconhecidos como “pássaros”, lembrando que, embora em linguagem coloquial, este termo pode referir a qualquer ave, especialmente de pequeno porte. Geralmente, têm pequenas à médias dimensões, canoras, com alimentação baseada em sementes, frutos, pequenos invertebrados, como anelídeos e crustáceos, e alguns vertebrados, como peixes, roedores e até mesmo filhotes de outras aves. Etnograficamente a forma do bico caracteristicamente varia bastante, dependendo do tipo de alimentação do animal. Os quatro dedos estão todos implantados ao mesmo nível, encontrando-se curiosamente o primeiro permanentemente invertido. A plumagem é suficientemente densa e a penugem fina. O canto dos pássaros é geralmente melodioso. As suas características dependem da estrutura do aparelho fonador (siringe), bem como da quantidade e posição dos músculos desse, que variam entre um e sete. 

Estudos sugeriram que o canto dos pássaros pode evoluir de jeitos diferentes em resposta a uma pressão evolutiva. Porém, eles também apontam que a complexidade no canto em certas linhagens é uma característica que foi selecionada por fêmeas em busca de parceiros, com a complexidade do canto sendo selecionada de modo semelhante à cauda do pavão.  Além da atração de parceiros, o canto em indivíduos machos também tem como função reprodutiva, por assim dizer, em defender o território contra outros machos, e em ambos as variações individuais afetam o sucesso reprodutivo do indivíduo. Aves que cantam possuem um órgão vocal bipartido chamado siringe que se localiza na junção da traqueia com os brônquios, onde o som é gerado pela oscilação de membranas nos dois lados da siringe. Cada lado possui músculos próprios, que proporcionam flexibilidade e controle independente da frequência e amplitude do som, dando um grau de especialização acústica único. Os cantos de aves adultas estão associados à coordenação da respiração e de músculos da siringe, sendo controlados pelo sistema somatossensorial do animal. O mecanismo de emissão do som se baseia em três estados motores das membranas das siringes, dependendo da mudança da demanda vocal e respiratória do animal, e estão relacionados com inspiração, fonação e mudez. Na inspiração, a membrana se encontra afastada da corrente de ar, reduzindo a resistência ao fluxo de ar e repondo o ar exalado na vocalização. Durante a fonação, as membranas devem estar “entreabertas”, permitindo passagem de ar de dentro da ave para fora de um modo que essa corrente gera uma vibração e, consequentemente, emissão sonora.

As membranas podem vedar completamente cada lado da siringe, emudecendo-o. Isso, em conjunto com as características peculiares de cada lado da siringe, torna possível que a ave emita sons distintos ao mesmo tempo, ou combinar sons diferentes para emitir um canto mais complexo. Entre as aves que cantam, existem espécies que cantam de maneira estereotipada, ou seja, não apresentam variações populacionais e/ou individuais. O canto dessas aves é determinado geneticamente e desenvolvido sem necessidade de aprendizagem a partir de um modelo. Outras aves possuem canto mais complexo, e apresentam variações individuais e populacionais. É comum encontrarmos dialetos diferentes de populações diferentes. O processo de aprendizagem de canto em aves é mediado por memorização e coordenação vocal-auditiva, dependendo da movimentação complexa e precisa das membranas da siringe. A modalidade de canto inato é encontrada principalmente em Passeriformes da subordem Suboscines, enquanto a modalidade de canto aprendido é encontrada principalmente em Passeriformes da subordem Oscines. Os pássaros, ou aves canoras, compreendem quantitativamente a mais numerosa das ordens, incluindo mais da metade de todas as espécies de aves existentes em nosso tempo. Encontram-se entre os membros dessa ordem aves de dimensões pequenas e médias.

A forma do bico varia bastante, dependendo do respectivo tipo de alimentação. As pernas são demonstrativas da origem arborícola das aves canoras. Os quatro dedos estão todos implantados ao mesmo nível, encontrando-se o primeiro permanentemente invertido. O tarso é coberto por escamas pequenas, em forma de lâminas. A plumagem é suficientemente densa e a penugem fina. O canto dos pássaros é geralmente melodioso. As suas características dependem da estrutura do aparelho fonador (a siringe), bem como da quantidade e posição dos músculos deste, que variam entre um e sete. As aves canoras são, na sua maioria, monógamas, vivendo com um único parceiro ao longo de toda época do acasalamento; no entanto, também se conhecem espécies polígamas, com um macho dominante que acasala com várias fêmeas. Os ninhos dos pássaros são, provavelmente, os que envolvem uma construção mais elaborada entre todas as espécies de aves. São, na sua maioria, em forma de taça, sendo muitos deles, exemplos perfeitos de engenharia. Os filhotes são nidícolas, isto é, nascendo cegos, desprovidos de penas, e raramente cobertos de penugem. São completamente dependentes dos progenitores durante um bom tempo de duração desde o nascimento até o desenvolvimento em sua formação. Pedem alimento aos pais, esticando o pescoço e abrindo o bico, desde as primeiras horas logo após o nascimento. Para uma melhor orientação dos progenitores durante o processo vital de alimentação, os bicos dos filhotes apresentam comissuras coloridas, manchas na língua, ou mesmo pontos florescentes na garganta. A classificação dos Passeriformes é bastante complexa, baseando-se no número e posição dos músculos fonadores e na concreção dos músculos flectores dos dedos.                 

Em Ecologia, um “biótopo” ou “ecótipo”, é representa uma região que apresenta regularidade nas condições ambientais e nas populações animais e vegetais. Corresponde à menor parcela analiticamente de um habitat que é possível mensurar geograficamente. Mais amplamente, também pode ser considerado como um lugar que oferece as condições socioambientais adequadas para a subsistência de uma comunidade de organismos vivos. Este conceito costuma ser confundido com o de “nicho ecológico”, mas enquanto o biótopo consiste na relação criada entre o ser vivo e a totalidade dos fatores ambientais que o afetam, nicho ecológico diz respeito à maneira como os organismos respondem aos recursos existentes, à competição com outros seres e aos fatores ambientais presentes em sua zona de vida para sobreviver. Biocenose, biota ou comunidade biológica é o grupo de seres vivos de diferentes espécies que coexistem e desenvolvem sua reprodução no mesmo biótopo. O termo biocenose foi criado extraordinariamente pelo zoólogo alemão Karl August Möbius (1825-1908), em 1877, para ressaltar “a relação de vida em comum dos seres que habitam determinada região”. 

A biocenose de uma típica floresta, por exemplo, compõe-se de populações de arbustos, árvores, pássaros, formigas, microrganismos etc., que convivem e se inter-relacionam. Combinam características físicas e químicas no ambiente do ar ou da água para os organismos vivos e o ambiente. Define características físicas básicas para a existência de animais e plantas, e determina a gama de organismos que podem existir em um determinado ecossistema. Edafotop é o ambiente pedológico (ou do solo) de um biótopo. A edafologia é a ciência que trata da influência dos solos em seres vivos, particularmente plantas, incluindo o uso do solo pelo ser humano com a finalidade de proporcionar o desenvolvimento das plantas. Epifitismo é uma relação de inquilinismo entre duas plantas ou algas, na qual uma planta (epífita) vive sobre a outra (forófito), utilizando-se apenas de apoio e sem dela retirar nutrientes e sem estabelecer contato com o solo. O epifitismo é comum nas florestas tropicais e abundante em comunidades de algas. Nas florestas, sua evolução teve como característica marcante a conquista de melhores espaços, em termos de insolação, acompanhada por condições de maior estresse para aquisição de água e nutrientes.  Em ambientes aquáticos, deve-se apenas a existência de substrato sólido e fixo disponível para colonização. Distinguem-se das hemiepífitas por terem um ciclo de vida que não inclui em qualquer das suas etapas o enraizamento no solo. O termo epífito é de Charles-François Mirbel (1775-1854) e vem da junção de epíphyto, significando, portanto, “sobre planta” (1815). Tornou-se reconhecido com as obras de Andreas Franz Wilhelm Schimper (1856-1901) sobre epífitas das “Índias ocidentais” e das Américas. 

O termo forófito, por sua vez, é utilizado em oposição a hospedeiro pois este denota relação parasítica. Provém da junção das palavras foro (sustentar) e fito (planta), podendo ser substituído por árvore-suporte. A ecologia das epífitas aquáticas difere das registradas em ambientes terrestres. Em ambientes aquáticos, especialmente os marinhos as epífitas são espécies de algas e bactérias, e mais raramente macrófitas. Alguns pesquisadores também incluem nesta categoria organismos como fungos, esponjas, briozoários, ascidias, protozoários, crustáceos, moluscos assim como qualquer organismo séssil que crescem nas superfícies de plantas, tipicamente ervas marinhas e árvores de mangue, ou em algas. Elevadas abundâncias de epífitas podem afetar negativamente as plantas-suporte causando danos físicos ou levando a morte, particularmente das ervas marinhas. Isto deve-se ao fato de que, em elevadas densidades, as epífitas podem chegar a bloquear a luz solar impedindo a fotossíntese do hospedeiro. Epífitas em ambientes marinhos conhecidamente crescem em velocidades altas e se reproduzem com facilidade. Epífitas são plantas que, sem contato com o solo, necessitam do suporte fornecido por árvores para seu desenvolvimento. Nos ambientes florestais podem ser divididas em epífitas avasculares, formadas principalmente por hepáticas e musgos, e vasculares, que incluem principalmente pteridófitas e angiospermas e, mais raramente, gimnospermas. Suas raízes se fixam externamente nos troncos ou galhos e nunca emitem estruturas haustoriais, nem ocorre contato com o xilema ou floema dos forófitos. Plantas com estas habilidades são denominadas hemiparasitas, quando invadem o xilema, ou parasitas quando invadem o floema. As epífitas podem estar expostas a elevados índices de insolação, extremos de temperatura e umidade além de variações na quantidade de água disponível. Para sobreviver necessitam de adaptações, tanto nos aspectos morfológicos quanto fisiológicos. 

Em geral, as epífitas vicejam sobre o tronco das árvores e dispõe de raízes superficiais que se espalham pela casca e que absorvem a matéria orgânica em decomposição disponível. Muitas vezes, as raízes são acompanhadas por um fungo microscópico que faz uma associação mutualística conhecida como micorriza, que se encarrega de transformar a matéria orgânica morta em sais minerais, facilitando a sua absorção pela planta. Por vezes, o epífito não absorve matéria prima da superfície da árvore ou arbusto, e suas raízes podem ser atrofiadas ou ausentes, de modo que o epífito utiliza seu hospedeiro apenas como suporte para alcançar seu ambiente ideal nos estratos da floresta. As epífitas jamais buscam alimento nos organismos hospedeiros. Suas raízes superficiais não absorvem a seiva da planta hospedeira, não há qualquer relação de parasitismo. Melhor dizendo, a presença de epífitas não prejudica a árvore ou arbusto onde elas vegetam. A incidência de espécies epífitas diminui à medida que se aumenta a distância para a Linha do Equador, ou afasta-se das florestas úmidas para áreas mais secas. Alguns exemplos de epífitas são as polipodiáceas (fetos ou samambaias); cactáceas (flor-de-maio); as bromeliáceas (bromélias ou gravatás); as orquidáceas (orquídeas). Espécies epífitas são particularmente entre as Bryophyta, Pteridophyta, Orchidaceae, Gesneriaceae, Begoniaceae, Bromeliaceae e Araceae. Há também certas algas verdes que vivem sobre árvores hic et nunc em terra firme. No caso das bromélias, existem as epífitas e as não epífitas: todas têm seu cálice em forma de rosa no ponto onde as folhas se juntam, numa chamada “disposição rosácea”; este mecanismo faz com que recebam água da chuva, poeira e pequenos insetos mortos, que, decompostos pela água e misturados à poeira, serão aproveitados em sua nutrição. As orquídeas têm aproximadamente cerca de 800 gêneros, quase 35 mil espécies já catalogadas e aproximadamente 5 mil em processo de catalogação desde 2004. Estão presentes em todos os continentes, menos nas áreas polares que são zonas térmicas da Terra. Têm as raízes revestidas com uma espécie de velame: um tecido formado por células mortas que atuam como uma esponja, absorvendo a umidade e nutrientes.

O bem-te-vi (português brasileiro) ou bem-te-vi-de-coroa (português europeu) de nome científico: Pitangus sulphuratus, tem como representação social uma espécie de ave passeriforme da família dos tiranídeos. São uma família de aves passeriformes, cuja distribuição estende-se do Alasca à Terra do Fogo, sendo mais concentrada na região neotropical. É considerada a maior família de aves da Terra, com cerca de 400 espécies. No Brasil ocorrem cerca de 300 espécies de tiranídeos incluindo o bem-te-vi. Em todos os países das Américas, exceto nos Estados Unidos da América e Canadá, é considerada a “família mais diversificada dentre as aves”. Seus membros variam muito em termos de plumagem, morfologia e forma de reprodução. Alguns tiranídeos assemelham-se a Muscicapídeos do Velho Mundo. São membros da Subordem Tyranni (Suboscines), que não têm as sofisticadas capacidades vocais dos Oscines. É um pássaro adaptado ao ambiente urbano, sendo encontrado em praças, parques e áreas de vegetação alteradas pelo homem. Com cerca de 23 centímetros, o bem-te-vi tem uma coloração parda no dorso; amarela viva na barriga; uma listra branca no alto da cabeça e o bico é preto e achatado. Sua vocalização é bastante popular e dela deriva vários nomes comuns. Os únicos representantes do gênero Pitangus eram o bem-te-vi e a espécie Pitangus lictor, porém atualmente só uma espécie se enquadra neste gênero, o próprio bem-te-vi. A espécie Pitangus lictor agora é sinônima da atual Philohydor lictor, o bem-te-vizinho.

A região neotropical é a região biogeográfica que compreende a América Central, incluindo a parte Sul do México e da península da Baja California, o Sul da Florida, todas as ilhas do Caribe e a América do Sul. Apesar do seu nome, esta região biogeográfica inclui, não só regiões de clima tropical, mas também de climas temperado e de altitude. É uma região de grande biodiversidade, com ecossistemas tão diversos como a floresta amazônica, a floresta temperada valdiviana do Chile, a floresta subpolar de Magalhães da Patagônia, o cerrado, a mata atlântica, o pantanal, os pampas e a caatinga. As Américas Central e do Sul faziam parte do supercontinente Gondwana, juntamente com as regiões que são a África, a Austrália, a Índia e a Antártida. Por essa razão, a região neotropical mantém ainda marsupiais e espécies da flora antártica. Quando este “novo” continente se juntou à América do Norte, há cerca de três milhões de anos, houve alguma troca de material genético com aquele continente, incluindo os antepassados dos atuais tatus e gambás, migrando para norte, e os antepassados dos atuais camelídeos sul-americanos, como a llama e a alpaca, migrando para sul e extinguindo-se na sua pátria de origem. Trinta e uma famílias de aves são endêmicas dos neotrópicos, duas vezes mais do que em qualquer outra região biogeográfica e incluem a ema (família Rheidae), a azulona e os inhambús (família Tinamidae), os mutuns (família Cracidae) e os tucanos. As famílias de aves originárias da região incluem os colibris (família Trochilidae) e os pássaros da subfamília Troglodytinae

As regiões tropicais úmidas ou áridas do mundo apresentam peculiaridades distintas das regiões temperadas no que concerne ao clima, ao solo, à vegetação e à ação antropomórfica. No que concerne ao clima deve ser dado destaque à chuva devido à grande variação de precipitação pluvial que ocorre dentro do período chuvoso bem como à existência de períodos de secas prolongadas, como experimento no Nordeste brasileiro entre os anos de 1979 e 1983. Uma classificação do Nordeste baseada na quantidade e distribuição da chuva foi feita por Hargreaves (1974). As variações de solo e temperatura não são tão contrastantes quanto à precipitação pluvial, contudo a interação social de tais fatores e da altitude chegam a causar mudanças de grande significação na vegetação, dando origem a formações vegetais distintas dentre a mais extensa, a caatinga, com suas características próprias e com grandes implicações nas formas de utilização pelo homem. São insetívoros, embora alguns poucos se alimentem de frutos ou de pequenos vertebrados, como por exemplo pequenas rãs. Os menores membros da família são os relacionadas com o maria-caçula e o Myiornis atricapillus. Com um comprimento total de 6,5-6,8 cm e um peso de 4-5 gramas, são os menores passeriformes da Terra. O maior é o gaúcho-grande com 29 cm e 88 gramas.

Algumas espécies, como a que é representada pelo tesoura-do-brejo, o Tyrannus forficatus e o “tesourinha” têm um comprimento total maior. A riqueza de espécies de Tyrannidae, quando comparada ao habitat é variável. Nas florestas da planície tropical e florestas nubladas têm a mais alta diversidade caracterizada de espécies numa única região de interesse, enquanto que muitos habitats, incluindo rios, palmeirais, florestas de areia branca, borda das florestas tropicais caducifólias, florestas temperadas do Sul, região de pequenos arbustos das florestas semiúmidas ou úmidas de montanha e pradarias temperadas do Norte têm a menor diversidade de espécies. A variação entre o maior e o menor é extrema; noventa espécies podem ser encontradas nas florestas da planície tropical, enquanto que o número comparado de espécies que podem ser encontradas nos habitats listados é de um único algarismo. Isto pode dever-se em parte, ao poucos nichos encontrados em determinadas áreas e, poucos lugares para as espécies ocuparem. A contagem difere apenas por três espécies; as florestas da planície tropical têm 49 espécies endêmicas e as florestas nubladas têm 46 espécies endêmicas. Pode-se supor que ambas têm níveis semelhantes de especialização. Regionalmente, a Mata Atlântica tem a mais elevada riqueza de espécies com a Tumbes-Chocó-Magdalena vindo logo a seguir.

As espécies Camptostoma imberbe e Pachyramphus aglaiae são protegidas pelo Ato de Migração de Aves de 1918. A situação para um número de outras espécies da América do Sul e América Central é muito mais problemática. Em 2007, a BirdLife International (e, consequentemente a União Internacional para Conservação da Natureza considerou duas espécies: a cara-dourada e a maria-catarinense criticamente ameaçadas. Ambas são endêmicas do Brasil. Além disso, sete espécies foram consideradas em perigo e dezoito vulneráveis. Em suas línguas oficiais, respectivamente International Union for Conservation of Nature e Union internationale pour la Conservation de la Nature, também reconhecida pelas siglas UICN e IUCN, é uma organização civil dedicada à conservação da natureza. Fundada em 1948, a UICN reúne mais de 1 250 organizações, incluindo 84 governos nacionais, 112 agências de governo e um grande número de organizações não-governamentais (ONG) nacionais e internacionais, e cerca de dez mil membros individuais, que são cientistas e especialistas divididos em seis comissões. A esses números somam-se os mais de mil funcionários do secretariado da UICN, alocados em mais de sessenta países. Sua sede está localizada em Gland, na Suíça. A missão da UICN é influenciar, encorajar e assistir sociedades para a conservação da natureza, e assegurar que todo uso dos recursos naturais seja equitativo e ecologicamente sustentável.

A colaboração com governos nacionais e regionais, comunidades e outros organismos, para que sistemas de áreas protegidas sejam criados e geridos corretamente, é uma das especialidades da UICN e constitui um de seus objetivos principais e das organizações que a compõem. Ela apoia pesquisas científicas, administra projetos de campo e congrega governos, Organizações Não-Governamentais, agências das Nações Unidas, companhias e comunidades para que sejam desenvolvidas e implementadas leis e políticas ambientais que estejam de acordo com sua missão. As origens da UICN remontam à 2ª Guerra Mundial, tendo sido criada por proposição de alguns governos, e sob a égide da Unesco e de seu primeiro presidente, Julian Huxley (1887-1975), neto do naturalista Thomas Huxley (1825-1895) e irmão de Aldous Huxley (1894-1963). À época as Nações Unidas estavam no processo político de serem criadas, e os governos dos Estados Unidos da América, França e Reino Unido discutiam a necessidade de criar uma instituição de amplitude internacional dedicada a promover a proteção da natureza. No entanto, havia desacordo entre esses governos quanto à natureza da nova instituição, que poderia ou não pertencer ao quadro das Nações Unidas. Desejando dar à organização uma base científica, e para que esse e outros temas fossem discutidos, Huxley organizou um congresso que ocorreria em Fontainebleau, em 5 de outubro de 1948. Participaram 18 governos, 7 organizações internacionais e 107 organizações nacionais de conservação da natureza, que concordaram em formar a instituição e mantê-la de natureza privada, assinando, portanto, uma “ata constitutiva” criando a International Union for the Protection of Nature. O trabalho da UICN concentra-se em uma série de iniciativas, mas dentre elas se destacam “a criação de parques naturais para a preservação ambiental”.

Bibliografia Geral Consultada.

GUATTARI, Félix, As Três Ecologias. Campinas (SP): Editora Papirus, 1990; MARCUSE, Herbert, “La Ecología y la Crítica de la Sociedad Moderna”. In: Ecología Política - Cuadernos de Debate Internacional. Barcelona, n° 5, pp. 73-79, 1993; HEGEL, Friedrich, Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio (1830). Volume III. A Filosofia da Natureza. São Paulo: Edições Loyola, 1997; SATO, Michèle, Educação para o Ambiente Amazônico. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 1997; CLAVAL, Paul, La Geographie du XXeme Siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 2004; LÖWY, Michael, Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez Editores, 2005; SICK, Helmut, Ornitologia Brasileira. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001; FRISCH, Christian Dalgas; FRISCH, Johan Dalgas, Aves Brasileiras e Plantas Que As Atraem. 3ª edição. São Paulo: Editora ‏Dalgas Ecoltec, 2005; LÖWY, Michael, Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez Editores, 2005; CARVALHO, Liliane Souza Dantas, Repertório Vocal e Variações no Canto de Basileuterus spp. (Passeriformes, Parulidae) em Fragmentos de Mata (Uberlândia, MG). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais. Instituto de Biologia. Departamento de Ciências Biológicas. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2010; SILVA, Pedro Henrique Vieira Braga Pereira, Descrição do Repertório Acústico e Estudo sobre a Variação Individual no Canto de Macho de Uma População de Embernagra longicauda (Aves, Passeriformes). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Instituto de Ciências Biológicas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2016; ZORZAL, Ravel Rocon, Diversidade de Espécies de Aves na Região Metropolitana da Grande Vitória, Espírito Santo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ecossistemas. Vila Velha: Universidade de Vila Velha, 2016; entre outros.