“Não é se você é derrubado, é se você se levanta”. Vince Lombardi
Numa das mais avançadas expressões da Modernidade que é o cinema, surge o lumpen-proletariat olhando espantado para os outros, as coisas, o mundo. Carlitos é um herói trágico. Solitário e triste, vaga perdido no meio da cidade, um deserto povoado pela multidão. Farrapo coberto de farrapos. Fragmento de um todo no qual não se encontra; desencontra-se. Caminha perdido e só, no meio da estrada sem-fim. Parece ele e outros muitos e, portanto, outros, todos os que formam e conformam a multidão gerada pela sociedade moderna. Um momento excepcional da épica da Modernidade. Carlitos revela a poética da vida e do mundo a partir da visão paródica do lumpen que “olha a vida e o mundo a partir dos farrapos da extrema carência, de baixo-para-cima, de ponta-cabeça”. A arte no século XX consumou um processo iniciado no século XIX, promovendo o ingresso social da produção artística na “era de sua reprodutibilidade técnica”, para concordarmos com o Walter Benjamin de 1935. O vício e a compra desenfreada são exemplos de um processo ininterrupto como compulsão. Um consumo não movido por uma necessidade real, objetiva, mas por um desejo de posse, que cria o “amor da posse”, cujo objetivo de possuir algo com significado é essencialmente simbólico transcende a esfera da necessidade humana em termos de valor de uso e sua necessidade do dia a dia. Uma ideologia individualista, nessa sociedade afluente, ao mesmo tempo afagava e enfraquecia o eu, exaltando-lhe o poder e, simultaneamente, tornando-o cada vez mais disponível para aceitar um comando externo. Embora fossem manipuladas por colossais investimentos repetitivos como tendo corolário a propaganda, as pessoas têm a impressão de que são livres porque podem escolher entre muitas mercadorias e numerosos serviços.
Por isso, tendem a se adaptar naquilo que Herbert Marcuse (1898-1979) caracterizou insidiosamente como “conduta e pensamento unidimensional”. Há nos consumidores, uma expectativa de felicidade. Eles se dirigem ao mercado, que os induz a uma escalada de consumo, sugerindo que para ser felizes precisarão comprar cada vez mais. O aumento dos frustrados e a intensidade da frustração torna imprescindível o crescimento de uma rede discreta, mas implacável, de meios repressivos para controle social da população. O filme Concussion, no Brasil intitulado: “Um Homem entre Gigantes” tem como representação social um filme estadunidense biográfico de 2015, escrito e dirigido por Peter Landesman, baseado no romance Game Brain (2009) de Jeanne Marie Laskas, nascida em 22 de setembro de 1958, é uma escritora, jornalista e professora americana. Laskas é autora de oito livros, incluindo: A América Oculta: De Mineiros de Carvão a Cowboys, uma Exploração Extraordinária das Pessoas Invisíveis que Fazem Este País Funcionar, não ficção (2012), Concussão, livro de não ficção (2015). O filme é estrelado por Will Smith como Dr. Bennet Omalu, um patologista nigeriano que lutou contra a National Football League, (NFL) a liga esportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos. Consiste de 32 times, divididos igualmente entre duas conferências: a National Football Conference e a American Football Conference. É uma das quatro grandes ligas esportivas profissionais estadunidenses e é o principal expoente do futebol americano no mundo. É o médico que buscava refutar suas pesquisas sobre danos cerebrais sofridos pelos jogadores profissionais de futebol americano (Encefalopatia traumática crônica).
O filme também é estrelado por Alec Baldwin, Gugu Mbatha-Raw, e Albert Brooks. Columbia Pictures lançou o filme nos Estados Unidos em 25 de dezembro de 2015. Will Smith nascido na Filadélfia, é filho do ator e humorista Willard Carroll Smith Sr., e da cantora e compositora Caroline Bright. Ele cresceu em West Philadelphia, num bairro chamado Wynnefielde, e foi criado na religião batista. Ele tem três irmãos, uma irmã chamada Pamela, que é quatro anos mais velha, e os gêmeos Harry e Ellen, que são três anos mais jovens. Will Smith estudou em Nossa Senhora de Lourdes, uma escola privada católica na Filadélfia. Seus pais se separaram quando ele tinha 13 anos, mas não chegou a divórcio até por volta de 2000. Will Smith estudou na Overbrook High School, da Filadélfia. Embora amplamente divulgado, não é verdade que Smith recusou uma bolsa para estudar em Massachusetts Institute of Technology (MIT); ele nunca foi para a faculdade porque queria ser rapper. Smith foi inscrito por sua mãe em um “programa de verão de engenharia” no MIT para estudantes do Ensino Médio, mas não compareceu. Smith chegou a afirmar: “Minha mãe, que trabalhava para o Conselho Escolar da Filadélfia, tinha um amigo que era o oficial de admissões no MIT. Eu tinha notas muito altas e eles precisavam de crianças negras, mas eu não tinha intenção de ir para a faculdade”. Smith começou a fazer rap aos 12 anos e reconhecimento pela primeira vez com a dupla de hip-hop com o DJ Jazzy Jeff, com quem lançou 5 álbuns de estúdio que continham canções que alcançaram o top vinte da Billboard Hot 100, de 1985 a 1994: “Parents Just Don`t Understand”, “A Nightmare on My Street”, “Summertime”, “Ring My Bell” e “Boom! Shake the Room”. Como solista, ele lançou os álbuns Big Willie Style (1997), Willennium (1999), Born to Reign (2002) e Lost and Found (2005), com os sucessos Getting` Jiggy wit It e Wild Wild West, que lideraram o gráfico estadunidense. São quatro Grammy Awards por sua carreira musical.
Quando sua avó
encontrou um caderno com suas letras, que ele descreveu como contendo “todos os
[seus] pequenos palavrões”, ela escreveu uma nota para ele em uma página do
livro: “Caro Willard, pessoas verdadeiramente inteligentes não precisam usar
palavras como essas para se expressar. Por favor, mostre ao mundo que você é
tão inteligente quanto pensamos que você é”. Smith disse que isso influenciou
sua decisão de não usar palavrões em sua música. Willard Carroll Smith II nascido
na Filadélfia, 25 de setembro de 1968 é um ator, rapper e produtor de
cinema estadunidense. Reconhecido por seu trabalho nas indústrias
cinematográfica e musical, seus prêmios incluem um Oscar, um Globo de Ouro, um
BAFTA e quatro Grammy Awards. Os filmes em que ele apareceu arrecadaram mais de
US$10 bilhões em todo o mundo, tornando-o uma das estrelas mais lucrativas de
Hollywood. Entretanto, Smith começou sua carreira de ator estrelando como uma
versão fictícia de si mesmo no seriado The Fresh Prince of Bel-Air
(1990–1996), da NBC, pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro em 1993 e 1994.
Ele alcançou fama como protagonista nas franquias de filmes Bad Boys
(1995–2024) e Men in Black (1997–2012), onde interpretou Mike Lowrey e o
Agente J. Após estrelar os suspenses Independence Day (1996) e Enemy
of the State (1998), recebeu indicações ao Oscar de Melhor Ator por suas
interpretações de Muhammad Ali, em Ali (2001) e Chris Gardner em The
Persuit of Happyness (2006). Ele também estrelou filmes de sucesso
comercial como I, Robot (2004), Shark Tale (2004), Hitch
(2005), I Am Legend (2007), Hancock (2008), Seven Pounds (2008), Suicide
Squad (2016) e Aladdin (2019).Por sua interpretação de Richard
Williams no drama esportivo biográfico King Richard (2021), Smith ganhou
o Oscar de Melhor Ator. Na cerimônia pouco antes de vencer, Smith deu
um tapa e gritou com o apresentador Chris Rock depois que Rock fez piada
improvisada referindo-se à esposa de Smith, Jada Pinkett Smith. O evento
recebeu cobertura da mídia e críticas, com Smith finalmente
renunciando à Academia, além de ser proibido de comparecer a todos os seus
eventos por dez anos.
Theodor Wiesengrund
Adorno provocou em muitas pessoas reações de forte antipatia. Bertold Brecht,
por exemplo, achava-o pernóstico. Hannah Arendt, que o considerava presunçoso,
acusou-o de ter adotado nos Estados Unidos da América, definitivamente o nome
Adorno porque os norte-americanos tinham dificuldade para pronunciar
Wiesengrund. José Guilherme Merquior descreve Adorno como “careca, Gorducho e
baixo” e diverte-se contando que durante um curso que ministrava em Frankfurt,
entusiasmado com as passagens que lhe pareciam dialéticas, Adorno se punha na
ponta dos pés e repetia, excitado, para
os alunos: - “Minhas senhoras e meus senhores, isso é muito dialético” (“Meine
damen und herren, das ist sehr dialektisch”). Talvez a própria proposta
filosófica de Adorno tivesse, aos olhos da maioria das pessoas, algo de
irritante e provocador. Desde a leitura de História e Consciência de Classe,
de Georg Lukács, e do encontro com Walter Benjamin, na primeira metade dos anos
1920, Adorno se tornou marxista, a seu modo, pois fustigou Lukács em Notas de
literatura I (cf. Adorno, 2003: 15-45), dizendo que seu erro básico se impõe em
expressar diretamente a teoria.
Todavia, quando em seu livro História e
Consciência de Classe foi publicado, estava sendo organizado o Instituto de
Pesquisa social (cf. Jay, 2008), que passaria a funcionar nos anos seguintes em
articulação com a Universidade de Frankfurt/Main, mas preservando sua autonomia
graças ao apoio financeiro que lhe dava o comerciante e veterano socialista
Herman Weil, que havia regressado muito rico da Argentina. Felix Weil, filho do
patrocinador, redigiu o memorando que definia o projeto do social Instituto, e
no texto do memorando já se notava o eco das concepções defendidas por Lukács
em 1922: assumia-se o compromisso de empreender pesquisas voltadas para a
“compreensão da vida social em sua totalidade”. Adotava-se uma perspectiva
disposta a avaliar as questões presentes em cada campo da atividade na
inter-relação dinâmica de umas com as outras, reconhecendo a inserção delas no
processo histórico. A sede da organização foi inaugurada no campus da
Universidade de Frankfurt/Main em 22 de junho de 1924. Na prática, apesar de
seu elevado nível qualitativo, a produção teórica do Instituto de Frankfurt
doravante nos anos de 1920 não se caracterizou por uma notável criatividade.
Sobre a história social, a origem e significado do Instituto existe uma vasta
bibliografia.
Depois de 1936, o Instituto de Frankfurt deu aulas na divisão de extensão e patrocinou palestras de estudiosos europeus convidados, como Harold Laski, Morris Ginsberg e Celestin Bouglé, abertas à comunidade universitária. O mais importante, é claro, é que a visão europeia do Instituto transparecia sem seu trabalho. Como se poderia esperar, a teoria crítica foi aplicada ao problema mais proeminente da época: a ascensão do fascismo na Europa. Como assinalou Henry Pachter, muitos emigrados sem formação nem interesse político anteriores foram obrigados pelos acontecimentos a estudar o novo totalitarismo. Psicólogos como Ernest Kris examinaram a propaganda nazista, filósofos como Ernest Cassirer e a cientista política Hannah Arendt investigaram a formação do mito do Estado e as origens do totalitarismo, e romancistas como Thomas Mann (1875-1955) escreveram alegorias da desintegração alemã. Nesse aspecto, o Instituto estava singularmente equipado para fazer uma contribuição importante. Começara a estudar os problemas da autoridade antes da emigração forçada. A teoria crítica fora desenvolvida, em particular, em resposta ao fracasso da teoria marxista tradicional (cf. Jay, 2008: 166-167) para explicar a relutância do proletariado em cumprir seu papel histórico.
Uma das razões primordiais do interesse de Max Horkheimer na psicanálise rinha sido a ajuda que ela poderia fornecer para dar conta do "cimento" psicológico da sociedade. Por conseguinte, quando assumiu o projeto do Instituto em 1930, em seguida anunciou um estudo empírico sobre a mentalidade dos trabalhadores na República de Weimar. Nas Anotações que redigiu na segunda metade dos anos 1940 e publicou posteriormente em 1951 como o título, Minima Moralia, Adorno também abordou o tema das novas formas conceituais da da imersão da ideologia que apareciam nas condições da chamada “indústria cultural”. A convicção de Adorno é sempre a de que a falsidade da ideologia passa a ser perversamente mais importante à medida que ela, a ideologia, alimenta a pretensão de corresponder à realidade. E essa pretensão se fortalece ao máximo quando o sujeito é induzido a crer que alcançou uma visão global satisfatória, um conhecimento confiável no todo, do conjunto articulado das coisas compreendidas. A cultura conferiu poderes avassaladores à capacidade que a ideologia dominante possui de induzir o pensamento, atenção e mesmo do olhar, a percepção, para os pontos por ela iluminados. A indústria cultural possibilitou a criação e o funcionamento de sociedades “totalmente administradas”, que não precisam se empenhar em prescrições e imposições: a massa dos consumidores tende a aceita-las, considerando-as normais, legitimadas pelo fato de existirem.
Para a ideologia
dominante, no processode massificação das ideias “tudo é opinião”, mas algumas opiniões são falsas e outras são
corretas. O poder de persuadir os indivíduos das opiniões corretas está ligado
à capacidade da ideologia dominante de se apoiar em todo um vasto sistema
educativo, em toda uma organização de formação cultural corrompida que é
proporcionado ao amplo público consumidor. Mas eficazmente do que o conjunto
das escolas, analisadas posteriormente por Pierre Bourdieu, a indústria
cultural serve à multidão de produtos culturais simplificados, vulgarizados,
amontoados acriticamente. Os professores se convencem de que estão ajudando
seus alunos a avançar pouco a pouco na assimilação da cultura. Os alunos,
massificados, lisonjeados com a semi-cultura, satisfazem-se com o que lhes está
sendo dado, e são induzidos a preservar o que lhes parece ser o seu saber, e,
portanto, o seu patrimônio cultural, reagindo contra quaisquer objeções dos
eternos questionadores, sempre insatisfeitos, ou contra as investidas
insensatas de uma crítica radical. A cultura nem sempre foi contraditória, por
isso não devemos idealizá-la. No século XX, com a esmagadora predominância de
critérios imediatistas e utilitários, esses valores críticos da cultura sofrem
um brutal esvaziamento e as pessoas vão deixando de ter a capacidade de
reconhecê-los, se por acaso com eles se defrontarem.
A divergência entre Theodor
Adorno e Walter Benjamin não resultava de um deles ser mais desconfiado que o outro.
Ambos se recusaram a seguir a uma “militância tumultuada”, com elevados índices
de frustração e autocríticas, concessões dolorosas feitas ao longo de mais de
cinquenta. Na origem das divergências, estava a convicção de Benjamin de que,
para intervir na ação, para participar ativamente na luta de classes, era preciso
atuar de maneira coletiva, filiar-se ao instrumento da revolução e do partido.
Uma das grandes forças dos escritos de Adorno é a sua capacidade de ligar as
maiores questões metafísicas aos menores detalhes da existência humana. Como
ele argumenta na introdução a Mínima Moralia, isso, em parte, é uma herança de Friedrich
Hegel. Do ponto de vista estético, Adorno valoriza Hegel e Ludwig van Beethoven,
comparativamente, pela tensão que suas obras mantêm entre o individual e o
global, entre a parte e o todo, mas ele suspeita que, em ambos os casos, o
pequeno torna-se um mero momento no todo maior. O trabalho teórico de Adorno
busca manter essa tensão dialética, como sugere a forma de Mínima Moralia
(1949). O livro é ordenado em três sequências de fragmentos, cobrindo tópicos essenciais
da vida em família à história mundial, da experiência da criança no zoológico
às críticas de Adorno a Hegel. Os fragmentos se mantêm juntos na forma
do livro, mas não se somam entre parte e todo, em uma teoria abrangente.
Ao conectar os detalhes
aparentemente mais inocentes da vida cotidiana a absolutos morais, Adorno
parece colocar em ação uma inversão paranoica das tendências totalitárias que
ele discerne na sociedade contemporânea. Mas é apenas uma reformulação quando ele
prefacia sua queixa quanto ao cinema, o fato social de que “não restou nada de
inócuo”. No mundo da vida cotidiana a liquidação do particular pelo universal é
experimentada como sofrimento e mal-estar da civilização. Nesse cenário vão se
propagar, erroneamente, cada vez mais ideias que aspiram por um vulgar impulso
por transcendência. O desespero pelo que existe propaga as ideias, que em
outros tempos foram contidas. Qualquer um, inclusive as pessoas que se ocupam
com negócios desse mundo, considerará um desvario a ideia de que esse mundo
finito de tormento infinito seja abarcado por um plano universal divino. Theodor
Adorno refere-se a essa experiência da “via negativa” da “metafísica em queda”
como a busca da “imediatez subjetiva intacta” ou “subjetivismo do ato puro”,
experiência que nos daria o “interior dos objetos”, a redenção do materialismo
por meio da metafísica que, finalmente, revelaria a aparente verdade do mundo.
Que ele tenha, por outro lado, querido intensivamente ter contradito tal
veredito, testemunham os 370 fragmentos que compõem o livro inacabado, nos
quais Adorno trabalhou durante parcela significativa de sua vida intelectual,
de 1938 até o final de sua vida, em 1969. Seu principal objetivo diria respeito
à própria natureza e alcance da filosofia da música enquanto disciplina do
ponto de vista do conhecimento científico.
O livro deveria
fornecer a filosofia da música, ou seja, determinar decididamente a relação da
música com a lógica conceitual, no que Beethoven e Hegel são tomados como
“paradigmas” em seus domínios respectivos. O problema social da forma de
disjunção do interesse universal e particular seria, ao mesmo tempo, o problema
da filosofia moral. Nisso, podemos seguir as ponderações de Adorno. As
realidades sociais caracterizam-se pelo fato de que interesses particulares, ao
nível ideológico, se colocam como interesses gerais. Os indivíduos devem
representar seus interesses particulares, como se o interesse universal e o
particular coincidissem. Enquanto esse estado de coisas se mantiver,
encontramo-nos numa aporética situação de contradição. Por isso, a questão sobre
a vida reta ou boa, refletiu Adorno, só poderia ser respondida por meio da
“negação determinada” e isto, para ele, significava a práxis: nós poderíamos
ainda assim tentar existir decentemente, mesmo quando o estado geral social, na
condição do todo, impede-nos de fazê-lo, uma socialização heterônoma às formas
socialmente sancionadas do ângulo da moral repressiva, isto é, tendo em vista
as condições e possibilidades de se agir como representante da vida reta, a
única que seria possível no todo falso.
A ética ou a filosofia moral, ou a expressão alemã principal para “ética” é Ethik (feminino) e para “filosofia moral” é Moralphilosophie, se tornam uma luz que permite discernir do ponto de vista abstrato entre aquilo que é certo ou não do ponto de vista ético. É um dos valores que não se encontra inserido no contexto de uma religião específica, mas no contexto da lei natural que rege aquilo que é conveniente para o ser humano de acordo com sua dignidade e natureza. A moral tem sua base na liberdade do ser humano através da qual uma pessoa pode realizar boas ações, mas que também tem a liberdade de praticar atitudes injustas. A reflexão moral ajuda o ser humano a tomar consciência de sua própria responsabilidade no trabalho de crescer como pessoa, tendo sempre claro o princípio da verdade e do bem. A filosofia como reflexão moral é muito importante, uma vez que a retidão no trabalho ajuda o ser humano a melhorar como pessoa e a alcançar uma vida boa. A filosofia moral mostra a responsabilidade humana em trazer esperança à sociedade que vive, uma vez que através de ações individuais exerce influência no bem comum. Esta filosofia moral toma como fundamental os princípios da conduta humana. Estas normas éticas dignificam a pessoa através de valores como mostra a superação pessoal, o amor próprio, o respeito, o princípio do dever e a busca pela felicidade. Um princípio moral essencial é lembrar que o fim nem sempre justifica os meios.
Na trama
cinematográfica em 2002, o center aposentado dos Pittsburgh Steelers,
Mike Webster, é encontrado morto na carroceria de sua pick-up. Bennet
Omalu, um patologista forense do Instituto Médico Legal do Condado de Allegheny
(Pensilvânia), faz a autópsia do corpo, e descobre que a vítima possuía dano
cerebral grave. Ele conclui que a morte de Webster foi resultado dos efeitos de
repetidos traumas na cabeça — um distúrbio, isto é, Encefalopatia
traumática crônica (ETC), também reconhecida como “demência pugilística” ou
Síndrome Boxer, é neurodegenerativa progressiva, causada por repetidos
golpes na cabeça. Esta é caracterizada clinicamente por declínio cognitivo,
alterações de comportamento, problemas de memória e sinais parkinsonianos como
tremores, falta de coordenação e problemas com a fala. Pacientes diagnosticados
estão propensos a irritabilidade. Em 1928, o médico norte-americano Harrison
Martland (1883-1954) descreveu pela primeira vez sintomas como perda de
memória, mudanças de personalidade e alterações motoras semelhantes à doença de
Parkinson em ex-boxeadores. Ele, então, “batizou” a doença de “demência
pugilística”.
Estatisticamente 92% de
todos os casos registrados desde então foram observados em atletas. Pensa-se
que esta enfermidade afeta mais de 15% de lutadores profissionais de esportes
de combate, tais como pugilismo, muay thai, kickboxing, Artes
Marciais Mistas, reconhecidas pela sigla em inglês MMA (Mixed Martial Arts),
e futebol americano são uma modalidade de esporte de combate que inclui tanto
golpes de combate em pé quanto técnicas de luta no chão. Elas combinam
diferentes disciplinas de combate e seus aspectos técnicos sob uma única regra
de competição. Até 2002, a doença era conhecida apenas por demência
pugilística, pois havia sido detectada somente em lutadores. Neste ano, nos
Estados Unidos, foi descrito o primeiro caso da doença em um jogador da NFL, a
liga de Futebol Americano do país. Então, a partir desse caso, a doença passou
a se chamar cientificamente Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). Foi
o Dr. Bennet Omalu, um médico de ascendência nigeriano-americano responsável
pela descoberta durante autópsias: os jogadores de futebol americano tinham
uma grande probabilidade de sofrer desta enfermidade e inclusive de uma forma
muito mais aguda que em outros desportos de combate como o pugilismo, ao
contrário do que se supunha.
Alguns jogadores
ficavam com o cérebro tão afetado que eventualmente cometiam suicídio, o que
aconteceu com vários jogadores famosos. O filme Concussion (2015) demonstra
a história desta descoberta e da posterior dificuldade em que a NFL a aceitar
existência dessa condição. Na realidade histórica e socialmente falando, para
se ter uma ideia, in statu nascendi, um exame neuropatológico descobriu
que a causa mortis de Bellini, capitão da Seleção Brasileira de Futebol
campeã do mundo em 1958, foi a ETC. Hilderaldo Luís Bellini, ou simplesmente
Bellini (1930-2014), foi um futebolista brasileiro, capitão da Seleção
Brasileira de Futebol na conquista do primeiro título mundial, em 1958. Consagrou-se
como capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1958. Sua foto
levantando a Taça Jules Rimet com as duas mãos sobre a cabeça é uma das marcas
do futebol brasileiro, e passou a ser repetida por todo capitão ao levantar a
taça. Mauro foi seu reserva em 1958. Bellini era um zagueiro vigoroso, raçudo,
que se impunha dentro da área. Compensava a limitada técnica com seriedade e
lealdade aos adversários, o que lhe deu o posto de capitão da seleção em 1958. Esta
doença pode se manifestar ao fim de 12 a 16 anos das sequelas e tem caráter
progressivo, no entanto, não existe uma regra, já que alguns ex-atletas têm
menos propensão a desenvolver este mal.
A doença ficou reconhecida
com Muhammad Ali (1942-2016), que desenvolveu sintomas parkinsonianos. Com o
auxílio do antigo médico dos Steelers Julian Bailes, o colega neurologista
Steven T. DeKosky e o legista Cyril Wecht, Omalu publica um artigo com seus
achados, que é inicialmente descartado pela NFL. Ao longo dos próximos anos,
Omalu descobre que outros três ex-jogadores da NFL falecidos, Terry Long (1959-2005),
Justin Strzelczyk (1968-2004) e Andre Waters (1962-2006), tinham sintomas muito
semelhantes aos de Webster. Ele finalmente convence o recém-nomeado comissário
da NFL Roger Goodell para apresentar as suas conclusões perante uma comissão
sobre a segurança do jogador. A NFL não leva Omalu a sério; eles nem sequer lhe
permitem estar no espaço para a apresentação, forçando Bailes a fazê-lo. Omalu
é submetido a uma pressão considerável a recuar a partir de seus esforços. Cyril
Wecht é submetido a uma perseguição politicamente motivada por acusações de
corrupção, e sua esposa, Prema, perde seu bebê depois de ser perseguida. Eles
são forçados a “deixar a sua casa dos sonhos em Pittsburgh e passar para Lodi
(Califórnia), onde Omalu aceita um emprego com o escritório do legista do
Condado de San Joaquin (Califórnia)”.
No entanto, ele é justificado
quando o ex-presidente da NFLPA Dave Duerson comete suicídio devido a
crescentes problemas cognitivos; em sua nota de suicídio, Duerson admite que
Omalu estava certo. Omalu é permitido para tratar em uma conferência da NFLPA
sobre concussões e ETC. Em meio à crescente discussão do Congresso, a
NFL é forçada a levar o assunto a sério. Oferecem a Omalu um emprego como
médico examinador-chefe do District of Columbia, porém ele nega para que possa
continuar executando autópsias. No final do século XIX, e isto até meados da
década de 1960, Pittsburgh foi o maior polo siderúrgico e o maior produtor de
aço do mundo. De fato, o cognome de Pittsburgh é “Cidade do Aço”. Por causa das
siderúrgicas instaladas na região - altamente poluidoras - Pittsburgh também
foi cognominada por alguns como “Cidade Enfumaçada”. Porém, a maior parte das
siderúrgicas - que passaram a enfrentar a concorrência cada vez maior de
siderúrgicas estrangeiras - fecharam ou saíram da cidade. Em seu lugar, vieram
indústrias de alta tecnologia, biotecnologia e robóticas, levando Pittsburgh pela Wall Street Journal como Roboburgh. Pittsburgh é
uma das maiores produtoras de equipamentos robóticos do mundo, fora do Japão.
Pittsburgh nomundo ocidental contemprâneo é centro
importante de fundações e organizações de caridade e filantrópicas, como a
Heinz Foundation, que tem uma longa história de apoio a atividades culturais e
artísticas, que fizeram de Pittsburgh um polo artístico e cultural no país.
Além disso, Pittsburgh é um importante polo de educação superior dos Estados
Unidos, especialmente na área da medicina. Anteriormente à exploração e
colonização europeia, a região onde atualmente localiza-se a cidade de
Pittsburgh era habitada pelos iroqueses e pelos hurões, duas tribos nativo
americanas. Os nativos americanos utilizavam-se do Rio Ohio, do Rio Monongahela
e do Rio Allegheny para caçar e pescar, bem como meio de transporte. Os
iroqueses e os hurões eram inimigas entre si, e a região foi palco de várias
batalhas entre estas duas tribos nativo americanos. Eventualmente, os iroquois
- de natureza mais agressiva do que os iroqueses - expulsariam os hurões a
fugir da região. Até o início do século XVIII a região permaneceria inexplorada
pelos europeus, embora parcialmente na esfera de influência da Nova França e
parcialmente na esfera de influência das Treze Colônias britânicas. Em meados
da década de 1740, soldados franceses, que haviam partido de Quebec,
tornaram-se as primeiras pessoas a explorar a região. Estes soldados
reivindicaram estas terras em nome da Coroa francesa. Os franceses faziam
trocas comerciais com os iroquois - buscando basicamente por peles.
Os britânicos nas 13
colônias acreditavam que a região do Rio Ohio, onde os franceses realizavam
suas trocas comerciais com os iroqueses, era território britânico. As relações
entre os colonos franceses e britânicos na América do Norte deteriorou-se rapidamente,
desencadeando em 1754 a Guerra Franco-Indígena. Ainda em 1754, os franceses
construíram um forte, o Fort Duquesne, na confluência do Allegheny e do
Monongahela. Os britânicos comandados por George Washington, futuro líder da
Guerra da Independência dos Estados Unidos da América e Presidente dos Estados
Unidos, por sua vez, construíram o Fort Necessity, imediatamente ao Sul do Fort
Duquesne. Eventualmente, uma força francesa de 750 soldados derrotou as tropas
de Washington - três vezes menor em número - na Batalha de Necessity, forçando
Washington a render-se. Eventualmente, porém, os britânicos tomariam o controle
da região, passando a fazer parte da colônia de Pensilvânia. Eles destruíram os
remanescentes dos fortes anteriores e construíram um novo, o Fort Pitt,
imediatamente a leste do antigo Fort Duquesne. Em torno deste forte, uma vila
rural passou a crescer. Eventualmente, esta vila passou a ser chamada de
Pittsborough - sendo que posteriormente este nome mudaria para Pittsburgh. Após
o fim da guerra pela Independência, a região onde a vila de Pittsburgh estava
localizada passou a ser disputada entre os Estados de Virgínia e Pensilvânia.
Foi somente em 1781 que a vila passou a fazer parte do estado de Pensilvânia.
Em 1794, a criação de um imposto para produtos alcoólicos desencadeia a Rebelião
do Whiskey, também reconhecida como Insurreição Whiskey, foi um “tax
protest”, começando em 1791 e a insurreição em 1794. George Washington, então
presidente do país, foi obrigado a mandar tropas à região para controlar a
rebelião. Pittsburgh tornou-se imediatamente após a guerra o ponto de partida
às pessoas interessadas em viajar e desbravar o extraordinário Oeste americano.
Em 1788, Pittsburgh tornou-se a sede de condado do Allegheny,
Bibliografia Geral Consultada.
ADORNO, Theodor, Dialética do
Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
1985; GADAMER, Hans-Georg, A Atualidade do Belo: A Arte como Jogo, Símbolo e
Festa. Rio de Janeiro: Editor Tempo Brasileiro, 1985; DEJOURS, Christophe, O
Corpo entre a Biologia e a Psicanálise. São Paulo: Editora Artes Médicas,
1988; LÉVI-STRAUSS, Claude, “O Descobrimento da Representação nas Artes da Ásia
e da América”. In: Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Editor Tempo
Brasileiro, 1985; Idem, Mito e Significado. Lisboa: Edições 70, 1989; ARON,
Raymond, As Etapas do Pensamento Sociológico. 4ª edição. São Paulo:
Martins Fontes, 1993; RUBIO, Kátia, “A Psicologia do Esporte: Histórico e Áreas
de Atuação e Pesquisa”. In: Psicol. cienc. prof. Vol.19 n°3. Brasília,
1999; DECLOS, Marie-Laurence (dir.), Le Rire des Grecs. Grenoble:
Éditions Jérôme Million, 2000; ADORNO, Theodor, “Introdução à Personalidade
Autoritária”. In: Critical Theory and Society - A Reader. Tradução de
Francisco Rudiger, 1989; Idem, Dialéctica Negativa. Madrid: Ediciones
Taurus, 1992; idem, “O Ensaio como Forma”. In: Notas de literatura I.
São Paulo: Editora 34, pp. 15-45; 2003; JAY, Martin, A Imaginação Dialética:
História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950.
Rio de janeiro: Contraponto Editora, 2008; CICERO, Sulla Natura degli Dei.
Milano: Oscar Mondadori Editore, 2004; RAWLS, John, Uma Teoria da Justiça.
3ª edição. São
Paulo: Editora Martins Fontes, 2008; CRUZ, Norval Batista, Corpo,
Ancestralidade, Oralidade e Educação no Ile Aiê Omo Tifê: O Corpo de Xangô.
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira. Faculdade
de Educação. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2013; OMALU, Bennet, “Concussion
Expert: Over 90% of NFL Players Have Brain Disease”. In: Time, 22 dez.
2015; BARRABI, Thomas, NFL Concussion Lawsuit Settlement: What Frontline CTE
Data Means for The Appeal Process, 18 set. 2015; AMORIM, Roberto Ricardo
Santos, Batucadeiros: Educação Musical por Meio da Percussão Corporal.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de
Educação. Brasília: Universidade de Brasília, 2016; CHAGAS, Paulo Henrique
Barbosa Souza, O Berimbau de Naná Vasconcelos na Música Contemporânea.
Dissertação de Mestrado. Departamento de Música. Universidade de Évora, 2016; entre
outros.