“Músicos não se aposentam. Eles param quando não há mais música dentro deles”. Louis Armstrong
O
trompete, dentre os instrumentos musicais, depois da voz humana, pode-se dizer
que é um dos mais antigos de sopro, da família dos metais e o que produz o som
mais agudo da família, caracterizado por instrumentos de bocal, geralmente
fabricados de metal. Também faz parte o pistão (pistom, por metonímia) é
o sítio onde os trompetistas carregam para fazer um derivado de sons com sua técnica
e habilidade. Quem toca o trompete é chamado de trompetista. Ele nasceu da
necessidade que os pastores tinham para conduzir os seus rebanhos e para
assustar animais selvagens. Eram ainda usados à maneira de um megafone, para
fins mágicos ou rituais: cantava-se ou gritava-se para dentro do tubo para
afastar os chamados “maus espíritos”. Nessa época o instrumento não tinha
afinação ou escala, e eram feitos a partir de tubos de cana, bambu, madeira ou
osso e até conchas. Os romanos e outros povos construíram-no de metal para ser
utilizado para fins militares. Seus toques comunicavam as ordens para o
exército agir em combate. Embora os trompetes sejam instrumentos de tubo
essencialmente cilíndrico, há trompetes extra-europeus, aquelas do antigo
Egipto que são nitidamente cônicos. A partir da Idade do Bronze os trompetes
passaram a ser usadas sobretudo para fins marciais. Na Idade Média os trompetes
eram quase sempre feitos de latão, usando-se também outros metais,
marfim e cornos de animais. No entanto, tinham uma embocadura já semelhante comparativamente com performance da indústria cultural dos instrumentos atualmente: um bocal em forma de taça. Este bocal era muitas
vezes parte integrante do instrumento e não uma peça separada, como acontece
atualmente.
Até fins da Renascença predomina ainda o trompete natural, aquela que produz os sons harmônicos naturais. O trompete é constituído por corpo, chave de água, bomba de afinação, pistões, cotovelos e bocal. É utilizado em diversos gêneros musicais, sendo muito comumente encontrado na música clássica, no jazz, bandas marciais e nos mariachis. O trompete tem as notas mais agudas na família dos metais e tecnicamente um papel preponderante na orquestra, o trompete possui um conjunto de válvulas e pistões que lhe permitem tocar sequências extremamente rápidas e virtuosas, mas também uma melodia lírica e romântica acompanhada pelos restantes instrumentos. Basicamente, o trompete tem como representação social o desenvolvimento original de um tubo de metal cilíndrico em três quartos da sua extensão, tornando-se então cônico e terminando numa campana. O bocal, localizado do lado oposto da campana, pode possuir diferentes formatos, e essencialmente quanto mais raso, mais facilmente os registros altos poderão ser tocados. A distância percorrida pelo ar dentro do instrumento é controlada com o uso de pistões ou chaves, que controlam a distância percorrida no interior do instrumento. Além de controladas pelos pistões, as notas são controladas pela pressão dos lábios do trompetista e a velocidade com que o ar é soprado no instrumento. O trompete é muitas vezes confundido com o cornetim, seu “parente mais próximo”, na falta der melhor expressão.
Porém, o cornetim tem um tubo mais cônico, e o trompete tem o tubo mais cilíndrico. Isto, junto com curvas adicionais na tubulação do cornetim, dá a este um tom um pouco mais aveludado. Têm o mesmo comprimento da tubulação e, portanto, o mesmo passo, por isso a música escrita para o cornetim e a trompete é intercambiável. Outro parente, o fliscorne que é muito empregado no Jazz e música popular; e em músicas mais movimentadas, expressando outro timbre, tem tubulação mais cônica do que a trombeta tradicional, e um tom mais rico. Às vezes é aumentado com uma válvula de quarto para melhorar a entonação de algumas notas mais baixas. Desde meados do século XIX o trompete está munido de três pistões, o que lhe permite produzir cromaticamente todos os sons dentro da sua extensão. Tem um bocal hemisférico ou em forma de taça. A maioria dos modelos modernos de trompete possui três válvulas de pistão, cada uma delas aumentando o comprimento do tubo, por consequência baixando a altura da nota tocada. A primeira válvula baixa a nota em um tom (dois semitons), a segunda válvula em meio tom (um semitom) e a terceira em um tom e meio (três semitons). Usadas isoladamente e em combinação, as válvulas fazem do trompete um instrumento totalmente cromático, isto é, capaz de tocar as doze notas da escala cromática. Os trompetes menores eram designados por clarins. Os clarins com chaves surgiram na Inglaterra no princípio do século XIX, com a patente do Royal Kent Bugle, em homenagem ao Duque Britânico que foi tirada por Joseph Halliday em 1811. Esse clarim era popular e em ampla utilidade uso até 1850, caindo no desuso com o aparecimento da corneta valvulada.
Era
habitual, ao utilizar vários trompetes em conjunto, cada uma delas usar só os
harmônicos de uma determinada zona da sua extensão. Durante o período barroco
os trompetistas passaram a se especializar em cada um destes registos etnográficos inclusive
remunerados em função disso. O registo clarino, extremamente difícil, era
tocado apenas por virtuosos, capazes de tocar até ao 18º harmônico. O trompete
natural no registo de clarino tem um timbre particularmente belo, bastante
diferente do timbre do trompete de uso na atualidade. O desaparecimento, historicamente
após a Revolução Francesa, de pequenas cortes que mantinham músicos foi uma das
razões que fizeram com que os executantes de clarino desaparecessem também no
fim do século XVIII. A impossibilidade de produzir mais sons para além de uma
única série de harmônicos era a maior limitação dos instrumentos naturais. No
princípio do Barroco este problema começa a ser encarado seriamente, surgindo
as formas dos trompetes de varas. Existe em Berlim um trompete de 1615 em que o
tubo do bocal pode ser puxado para fora 56 cm, aumentando o comprimento do tubo
o suficiente para o som baixar uma terça. Vários instrumentos, já obsoletos,
foram construídos como resultado de invenções e tentativas, até a criação do
sistema comunicacional de válvulas ou pistões, idealizado pelo alemão Heinrich David Stölzel (1777-1844),
em 1815, para utilidade de uso de instrumentos de metal. Em 1939 o francês François Périnet patenteou
um sistema de válvulas chamado “gros piston” que representa a origem das
válvulas utilizadas hoje em dia nos trompetes. Surge então uma nova era, não só
para o trompete como também para outros metais, pois com esse sistema de
válvulas eles ficaram completamente cromáticos.
Durante as décadas de 1930 e 1940, o cinema norte-americano viveu a chamada “Era de Ouro”. O país se recuperava da Grande Depressão ocasionada pela primeira grande crise do capitalismo, e o cinema era uma forma de incentivo para a reconstituição moral da população. O rock and roll, reconhecido também como rock`n`roll, é um estilo musical que surgiu nos Estados Unidos no final dos anos 1940 e início dos anos 1950, com raízes nos estilos musicais norte-americanos: country, blues, R&B e gospel, e que rapidamente se espalhou para o resto do mundo ocidental. O instrumento comum neste estilo é o uso da guitarra, sempre presente nas bandas, podendo possuir um único instrumentista, ou dois com funções diferenciadas de guitarrista base e solo. Na origem e significado do “rock and roll”, também se utilizava o piano ou o saxofone frequentemente como instrumentos bases, mas estes foram substituídos ou suplantados geralmente pela guitarra a partir da metade dos anos 1950. A batida é essencialmente um blues com country com contratempo acentuado, este último quase fornecido pelo recurso utilizado por uma caixa-clara. A enorme popularidade e eventualmente o condicionamento de uma visão no mundo inteiro do rock and roll deu-lhe imprimiu um impacto social certamente único. Muito além de ser uma classificação de gênero musical, como visto pela epifania dos filmes e na televisão e de acordo com a mídia que se desenvolvia comercialmente influenciou estilos de vida, moda, atitudes e linguagem.
Poucos músicos negros de rhythm and blues, notadamente Louis Jordan, The Mills Brothers e The Ink Spots, alcançaram algum sucesso comercialmente de projeção global, embora em alguns casos da canção “Choo Choo Ch`Boogie”, de Jordan, este êxito tenha sido alcançado com canções escritas por compositores de origem branca. O gênero “western swing” da década de 1930, geralmente tocado por músicos brancos, também seduziu o blues e diretamente influenciou o “rockabilly” e o “rock and roll”, como pode ser ouvido, por exemplo, na canção “Jailhouse Rock”, de Elvis Presley, de 1957. Vale lembrar que o desenvolvimento do rock and roll foi um processo evolutivo, em que não há um registro etnográfico único que pode ser identificado como inequivocamente “o primeiro” disco de rock and roll. Candidatos para o título de “primeiro disco de rock and roll” incluem “Strange Things Happening Everyday” de Rosetta Tharpe (1944); “Rock Awhile” de Goree Carter (1949); “Rock the Joint” de Jimmy Preston (1949), que mais tarde foi regravado por Bill Haley & His Comets, em 1952; “Rocket 88” de Jackie Brenston and his Delta Cats, na verdade, Ike Turner e sua banda The Kings of Rhythm, gravada na Sun Records de Sam Phillips em março de 1951, em termos de seu grande impacto cultural norte-americano e em outros lugares do mundo, “Rock Around the Clock” de Bill Haley (1925-1981), gravada em 1954, não foi um sucesso comercial até o ano seguinte. É reconhecido como um marco, mas foi precedida de muitas gravações das décadas anteriores em que seus elementos sociais podem ser claramente detectados.
Neste
caso, faz-se necessário relacionar a música influenciada pelo sistema
doutrinário que é pensado à distância se considerarmos que os sinais ou frutos
da religião existem apenas no homem. Portanto, não há motivo para duvidar de
que só no homem a semente da religião, consiste numa qualidade que lhe é
peculiar, pelo menos num grau que não existe em qualquer outro ser vivente. A
teologia de uma organização religiosa funciona como máquina abstrata da
religião em que os homens de saber designam a rota dos rebanhos e os burocratas
do pão celeste fazem a distribuição. A metáfora do rebanho sustenta a maior
organização burocrática do planeta – a igreja. A palavra igreja, “Ecclesia” ou
“casa de Deus” tem diversos significados que tem sua repersentação social nos livros das Sagradas Escrituras,
onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O templo de
Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O edifício dedicado pelos
cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos chamavam Kyriaké,
“a casa do senhor”, em inglês veio mais tarde a se chamar “Kirk” e “Church”. Em
Roma, essa assembleia denominada “Concio”, é aquela que falava Ecclesiastes e
Concionator. No Novo Testamento, uma igreja é simplesmente um grupo de
cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos
aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam (Hebreus 12: 22-23).
É frequentemente usada para descrever grupos de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem uns aos outros e para proclamarem o evangelho de Jesus. Os sistemas comuns de superestruturas de denominações, de ligas internacionais de igrejas e de hierarquias que ligam e governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo bíblico de tais arranjos, conquanto no Novo Testamento, cristãos serviam em congregações locais. Eles eram gratos pelos seus irmãos em outros lugares. Mas não tentavam criar algum laço de organização onde de um lugar pudessem dirigir ou governar o trabalho de discípulos de outro lugar. Este modelo mais claramente se espraia se considerado o ensinamento específico sobre a organização da igreja local. É neste sentido que não há na Terra, portanto, qualquer Igreja universal à qual todos os cristãos devam obedecer, uma vez que não há nenhum poder aos quais todos os outros Estados estejam sujeitos. Nos domínios dos diversos príncipes e Estados, existem cristãos, mas cada um se sujeita ao Estado do qual é membro, não podendo, por conseguinte, sujeitar-se às ordens de qualquer outra pessoa. Uma Igreja capaz de mandar, julgar, absolver, condenar ou praticar qualquer ato é o mesmo que um Estado civil formado por cristãos; o Estado civil tem esse nome por serem seus súditos os homens, enquanto a Igreja é denominada pelo fato de seus súditos serem os cristãos.
Governo espiritual e temporal são apenas palavras/categorias trazidas ao mundo ocidental para confundir os homens, enganando-os quanto a seu soberano legítimo. No âmbito religioso, a soberania de Deus tem como representação o seu poder máximo e absoluto sobre todas as coisas existentes na Terra, de acordo com a maioria das crenças religiosas em torno da Bíblia. É preciso haver um único governante, do contrário se origina a facção e a guerra civil, entre a Igreja e o Estado, entre os espiritualistas e os temporalistas, entre a espada da justiça e o escudo da fé, e, o que é pior ainda, no próprio coração de cada cristão, entre o cristão e o homem. Chamam-se pastores os doutores da igreja, bem como os soberanos civis. Entretanto, se entre os pastores não houver alguma subordinação, de forma que haja apenas um chefe dos pastores, serão ministrados aos homens doutrinas contrárias, que poderão ser falsas, e uma delas necessariamente o será. O soberano civil é o chefe dos pastores, segundo a lei natural. Embora o poder tanto do Estado quanto da religião estivesse nas mãos dos reis, nenhum deles deixou de ser fiscalizado em seu uso, a não ser quando eram bem quistos por suas capacidades naturais ou por sua fortuna. Bill Haley nasceu em Highland Park, condado de Michigan e foi criado na Pensilvânia. Em 1946, formou seu grupo profissionalmente, ou seja, banda country chamada Down Homers, depois da qual ele passou a desenvolver sua carreira solo.
Haley lançou inúmeros compactos country nos anos 1940, sem sucesso, enquanto trabalhava de músico itinerante e DJ. O termo “DJ” (Disc Jockey) surgiu na década de 1930 para designar os “locutores de rádio que tocavam discos de vinil”. O radialista norte-americano Walter Winchell foi o primeiro a usar o termo para descrever o locutor Martin Block, que ficou famoso por tocar música popular nas rádios. Os pioneiros, como Kool Herc e Grandmaster Flash, usaram dois toca-discos para criar mixagens e emendas de músicas. O jamaicano Tom Moulton foi o primeiro DJ a usar técnicas de mixagem para criar uma música contínua, em 1962. Em 1951, ele e sua nova banda, The Saddlemen, resolveram tocar em outro estilo, gravando versões das canções “Rocket 88” e “Rock this Joint” de Jackie Brenston & Delta Cats, mas na verdade música composta e executada por Ike Turner & The Kings of Rhythm, Jackie Brenston, que assume os vocais nessa gravação era saxofonista dessa banda. O sucesso relativo alcançado por elas convenceu Haley de que ele poderia ser um roqueiro famoso. Em 1952, os Saddlemen passaram a ser Bill Haley & His Comets, e em 1952, a composição de Haley, “Crazy Man Crazy” tornou-se o primeiro rock a entrar nas paradas de sucesso americana. Em 1953, uma canção chamada “Rock Around the Clock” foi composta para Haley, mas ele só conseguiria gravá-la em 12 de abril de 1954.
Inicialmente
não obteve sucesso, mas Haley logo alcançaria fama mundial com sua versão de “Shake,
Rattle and Roll” de Big Joe Turner, que venderia milhões de cópias. Haley e sua
banda foram primordiais ao divulgar a música reconhecida como “Rock and Roll”,
isto é, comercialmente entre o público consumidor branco, depois de anos
considerada como um movimento underground. Quando “Rock Around the Clock”
apareceu na trilha sonora do filme BlackBoard Jungle (1955), encadeou
uma revolução que abriu as portas para talentos como Elvis Presley
(1935-1977). Haley continuou a emplacar sucessos nos anos 1950, como “See You
Later Alligator”, e estrelou o primeiro musical cinematográfico de rock and
roll. Sua fama logo seria ultrapassada nos EUA pelo mais famoso e mais sexy
Elvis, mas Haley continuaria a ser um grande astro na América Latina e na
Europa pelo resto de sua carreira. Seus últimos shows foram na África em 1980.
Ele foi incluído no Hall da Fama do Rock and Roll em 1987. Haley esteve
no Brasil em mais de uma oportunidade, a primeira em 1958, a segunda em 1975.
Louis
Daniel Armstrong (1901-1971), apelidado carinhosamente de Satchmo, Satch
e Pops, foi um músico e vocalista norte-americano. Satchmo é um apelido de Louis Armstrong, músico e vocalista americano, que
se refere à sua grande boca. Satchel é uma sacola escolar de
antigamente, de um tempo em que os meninos nem sonhavam com as modernas
mochilas. Ele é considerado uma das figuras mais influentes e importantes do
jazz contemporâneo, com uma longa carreira de cinco décadas, sendo notório saber
por suas habilidades como trompetista, cornetista, saxofonista. Armstrong
nasceu numa família muito pobre. Passou a juventude num bairro de Nova Orleans,
reconhecido na pobreza “as costas da cidade”. É uma cidade reconhecida pelo
legado multiculturalista, especialmente oriundo de influências francesas,
espanholas e afro-americanas, e pela sua música e pela sua culinária. É a
cidade mais populosa do estado norte-americano da Luisiana. Foi fundada
originalmente por exploradores franceses com o nome de Nouvelle Orléans,
e está localizada no Sudeste do estado, ao Sul do Lago Pontchartrain, no ponto
mais baixo do estado. A cidade abriga a Paróquia de Orleães. O seu pai, William
Armstrong, abandonou a família quando Louis ainda era criança e casou-se com
outra mulher. A sua mãe, Mary Albert Armstrong, deixou Louis com a sua tia, o
seu tio e a sua avó. Aos cinco anos ele voltou a viver com a sua mãe e via o
pai raramente. Frequentou a Fisk School for Boys onde pela primeira vez
entrou em contato com a música. Ganhou dinheiro como entregador de jornais e
sapateiro ambulante. Contudo, isso não era suficientemente suadável para manter a sua mãe
longe da contumaz proliferação da prostituição. Passou a entrar sorrateiramente em bares de
música perto de sua casa para ouvir e ver os cantores.
Louis
Armstrong nasceu na parte mais pobre de Nova Orleans em 4 de agosto de 1901.
Ele cresceu entre as ruas Gravier e Perdido, onde “[m]ais pessoas estavam
aglomeradas do que você já viu na vida”, ele disse em uma entrevista em 1954.
Quando criança, Armstrong frequentou igrejas batistas e católicas e a escola
dominical batista. Ele participou disciplinarmente de um coral da igreja,
ao qual ele credita o desenvolvimento de suas habilidades de canto. Aos 6 anos,
Armstrong começou sua educação formal na Fisk School for Boys,
localizada no que é a Loyola Avenue. A música era parte integrante do currículo
na Fisk, e a escola contratava músicos crioulos renomados para
ensinar lá. Ela também tinha seu próprio coral e apresentava operetas.
Armstrong aprendeu a ler e escrever na Fisk, mas desistiu em 1912. Em 31 de
dezembro daquele ano, Armstrong foi preso por “atirar na arma de seu padrasto
em comemoração ao Ano Novo” e foi enviado para o Colored Waifs` Home for Boys,
localizado na 301 City Park Ave. Armstrong
ficou no Colored Waifs` Home por mais de um ano, e na autobiografia Satchmo:
My Life in New Orleans, ele escreveu que estava orgulhoso dos dias que
passou lá. Armstrong eventualmente tocou na banda da escola, que marchava em
desfiles de bairro e se apresentava em piqueniques. A educação musical de
Armstrong também veio de ficar do lado de fora de clubes de música e ouvir os
trompistas Buddy Bolden, Bunk Johnson e Joe Oliver. Sendo que este último mais
tarde se tornou o mentor intelecutal e artístico de Louis Armstrong e o atraiu para Chicago para se
apresentar com ele. Depois de viajar boa parte pelo mundo ocidental, Armstrong se estabeleceu em
Nova York, onde morreu de ataque cardíaco em 6 de julho de 1971.
As seitas batistas juntamente com os predestinacionistas, especialmente os calvinistas estritos, desenvolveram a mais radical desvalorização de todos os sacramentos como meio de salvação e realizaram, assim, até as suas últimas consequências sociais, a “desmistificação” religiosa do mundo. Apenas a “luz interior” da contínua revelação podia habilitar alguém a entender verdadeiramente até mesmo as revelações bíblicas de Deus. Pelo menos de acordo com a doutrina quakers, na qual chegaram às últimas consequências, seus efeitos podiam ser estendidos e pessoas que nunca conhecerem a revelação em sua forma bíblica. Segundo Max Weber, a proposição extra ecclesiam nulla salus foi mantida apenas para a Igreja invisível dos iluminados pelo Espírito. Se a luz interior, o homem natural, mesmo aquele guiado pela razão natural, permaneceria puramente uma criatura de carne, cuja impiedade era condenada pelos batistas – inclusive pelos quakers – quase mais rigidamente ainda do que comparativamente quando pelos calvinistas. A redenção causada pelo Espírito, se por Ele esperarmos e a Ele abrirmos nosso coração, no sentido religioso, pode levar, uma vez que é divinamente causada, a um estado de tão completo domínio sobre o poder do pecado que a recaída – para não falar da perda do estado de graça – torna-se quase impossível. No metodismo, igualmente a obtenção deste estado não foi ensinada como a regra social, mas como o nível de perfeição que o indivíduo era obrigado a desenvolver.
Quase todas as comunidades religiosas batistas pretensamente desejavam no mundo religioso ser “puras” Igrejas, no sentido da inocente conduta de seus membros. Ao mesmo tempo a significação atribuída pela doutrina batista da salvação ao controle pela consciência, como a revelação de Deus ao indivíduos, imprimiu na conduta deste, e na vida profissional, um caráter cuja grande importância para o desenvolvimento de aspectos básicos do espírito do capitalismo, per se, o princípio mais importante da ética capitalista: a honestidade é a melhor política, e que já encontrara o seu documento clássico no tratado de Benjamin Franklin (1706-1790) estudado por Max Weber. E que, mesmo no julgamento do século XVII, a forma específica do ascetismo laico dos batistas, em especial dos quakers, está na adoção prática desta máxima. Por outro lado, a influência do calvinismo se exerceu na direção da libertação da energia para a aquisição privada, pois apesar de todo o legalismo formal dos representantes “eleitos”, de fato se aplica ao calvinismo a observação fática de Goethe, segundo a qual: “O homem de ação é sempre impiedoso; nenhum deles tem consciência, mas sim poder de observação”. Um sistema doutrinário é pensado à distância se considerarmos que os sinais da religião existem no homem. Para bom entendedor, não há motivo para duvidar de que só no homem concretamente a semente da religião, consiste numa qualidade que lhe é peculiarmente, pelo menos num grau que não existe em outro ser vivente.
A
teologia de uma organização religiosa funciona como “máquina abstrata da
religião” em que os homens de saber designam a rota dos rebanhos e os
“burocratas do pão celeste” fazem a distribuição. A metáfora do rebanho
sustenta a maior organização burocrática do planeta – a igreja. A palavra
igreja, Ecclesia ou “casa de Deus” tem diversos significados nos livros
das Sagradas Escrituras, onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres
religiosos. O templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O
edifício dedicado pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos
chamavam Kyriaké, “a casa do senhor”, e, na língua inglesa, veio mais
tarde a se chamar Kirk e Church. Em Roma, essa assembleia
denominada “Concio”, é aquela que falava Ecclesiastes e Concionator.
No Novo Testamento, uma igreja é simplesmente um grupo de cristãos que seguem a
Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que servem ao
Senhor, não importa onde estejam. É frequentemente usada para descrever grupos
locais de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem uns aos
outros e para proclamarem o evangelho de Jesus.
É neste ambiente de igrejas locais que encontramos homens escolhidos
para supervisionar e guiar. Os sistemas comuns de superestruturas de
denominações, de ligas internacionais de igrejas e de hierarquias que ligam e
até governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo
bíblico de tais arranjos. No Novo Testamento, os cristãos serviam juntos em
congregações. Eles eram gratos pelos seus irmãos em outros lugares.
Mas
não tentavam criar algum laço de organização onde os cristãos de um lugar
pudessem dirigir ou governar o trabalho de discípulos de outro lugar. Este
modelo se espraia se considerado o ensinamento específico sobre a organização
da igreja local. Neste último sentido, a Igreja pode ser entendida como uma
pessoa, isto é, que ela tenha o poder de querer, de pronunciar, de ordenar, de
ser obedecida, de fazer leis ou de praticar qualquer espécie de ação social. Se
não existir a autoridade de uma congregação legítima, qualquer ato praticado
por um conjunto de pessoas é um ato individual de cada um dos presentes que
contribuíram para a prática desse ato. Não um ato conjunto, como se fosse de um
só corpo. Não é um ato dos ausentes ou daqueles que, estando presentes, eram
contra a sua prática. Uma Igreja pode ser definida “como um conjunto de pessoas
que professam a religião cristã, ligadas à pessoa de um soberano, que ordena a
reunião e que determina quando não deverá haver reunião. Tendo em vista que em todos
os Estados semelhantes assembleias são ilegítimas, se não são autorizadas pelo
soberano civil, constitui também uma assembleia ilegítima a reunião da Igreja
em qualquer Estado em que tiver sido proibida” (cf. Hobbes, 1987). É compreensível que não haja na Terra,
qualquer Igreja universal à qual todos os cristãos devam obedecer, uma vez que
não há nenhum poder aos quais todos os outros Estados estejam sujeitos. Nos
domínios dos diversos príncipes e estados, existem cristãos, mas cada um deles
se sujeita ao Estado do qual é membro, não podendo o crente sujeitar-se às
ordens de qualquer outra pessoa.
Uma
Igreja capaz de mandar, julgar, absolver, condenar ou praticar qualquer outro
ato é o mesmo que um Estado civil formado por homens cristãos; o Estado civil
tem esse nome por serem seus súditos os homens, enquanto a Igreja é assim
denominada pelo fato de seus súditos serem os cristãos. Governo espiritual e
temporal são apenas palavras trazidas ao mundo ocidental para confundir os
homens, enganando-os quanto a seu soberano legítimo. É preciso haver um único
governante, do contrário se origina a facção e a guerra civil, entre a Igreja e
o Estado, entre os espiritualistas e os temporalistas, entre a espada da
justiça e o escudo da fé, e, o que é pior ainda, no próprio coração de cada
cristão, entre o cristão e o homem. Chamam-se pastores os doutores da igreja,
um título conferido por uma variedade de igrejas cristãs a indivíduos de
reconhecida importância, particularmente nos campos da teologia ou doutrina
católica, bem como os soberanos civis. Entretanto, se entre os pastores não
houver alguma subordinação hierárquica, de forma que haja apenas um chefe dos pastores,
serão ministrados aos homens doutrinas contrárias, tendo como domínio a multidão, que poderão ser falsas, e
uma delas necessariamente o será. O soberano civil é o chefe dos pastores,
segundo a lei natural. Embora o poder tanto do Estado tanto quanto o poder da
religião estivesse nas mãos dos reis, nenhum deles deixou de ser fiscalizado, a
não ser quando bem quistos pelas capacidades naturais ou por sua fortuna.
No início do outono norte-americano, em torno do mês de setembro, o trompetista, músico e ativista Louis Daniel Armstrong, lançava um compacto que faria no ano pouco sucesso nos Estados Unidos, mas que no ano de 1968 estouraria nas paradas de sucesso do Reino Unido. A música seria “What a Wonderful World” (Que Mundo Maravilhoso), composta por Bob Thiele e George David Weiss, que depois de interpretada por Armstrong, se tornaria um hino sobre a beleza da vida. A vida difícil de Armstrong em Nova Orleans tendo iniciado a vida de trabalhador ainda criança como jornaleiro e sapateiro, foi compensada com a música e com o trompete que deu sentido a sua trajetória. Em uma frase: “Every time I close my eyes blowing that trumpet of mine, I look right in the heart of good old New Orleans…It has given me something to live for”. (“Todas as vezes que eu fecho os meus olhos tocando aquele meu trompete, eu olho logo no coração da boa velha Nova Orleans… Ela deu-me algo pelo que viver.”). A gravação não venderia mais do que mil cópias naquele ano de 1967 no mercado americano. Mas foi uma inspiração para as gerações, com uma música que fala das coisas simples da vida e beleza do mundo, servindo como uma forma de combater o preconceito racial presente nos EUA e contra o clima de comunicação presente em pleno período da guerra fria e da guerra do Vietnã. Diversos interpretes cantaram a música, como o Havaiano, Israel “IZ” Kamakawiwoʻole, a banda norte-americana Ramones de punk rock, The Kills, Stacy Kent, Eva Cassidy, e muitos outros.
Nova Orleães foi fundada em 1718 por colonos franceses, sob o nome de La Nouvelle-Orléans. Estes colonos eram liderados por Jean-Baptiste Le Moyne de Bienville. O local foi escolhido para a fundação de um novo assentamento por causa de duas características: seu inusitado relevo relativamente alto em uma região de muita baixa altitude, vulnerável às enchentes e inundações, e por estar próximo a um posto comercial de tráfico francês, onde comerciantes faziam trocas simbólicas com indígenas e de uma estrada indígena. Nova Orleães tornou-se a capital da província colonial francesa de Luisiana, parte da Nova França em 1722, substituindo Biloxi, uma cidade localizada no litoral do estado do Mississippi, no Condado de Harrison. Em 1763, sob os termos do Tratado de Paris, as regiões da Luisiana a Oeste do Rio Mississippi passaram a ser controladas pelos espanhóis. Nova Orleães passou ao controle imperialista espanhol. O Tratado de Paris foi o acordo internacional pelo qual o extinto Reino da Grã-Bretanha reconheceu formal e oficialmente o fim da Guerra da Independência dos Estados Unidos e a Independência dos Estados Unidos pós-Revolução Americana.
O Tratado foi assinado no dia 3 de setembro de 1783 em Paris, visto que se
tratava de um terreno neutro para ambos os litigantes. O Congresso da
Confederação dos Estados Unidos ratificou o Tratado de Paris em 14 de janeiro
de 1784. As outras nações combatentes – França, Espanha e República das Sete
Províncias Unidas dos Países Baixos – tiveram tratados de paz separados. O Tratado
de Paris estabeleceu o seguinte: a Grã-Bretanha reconhecia a Independência
das Treze Colônias norte-americanas e lhes entregava o território compreendido
entre os Grandes Lagos, os Montes Apalaches e os rios Ohio e Mississippi; a
França recuperava alguns territórios perdidos depois da Guerra dos Sete Anos,
quais sejam, principalmente: as feitorias do Senegal e as ilhas de Santa Lúcia, São Pedro e Miquelon
e Trinidad Tobago, nas Antilhas, além do direito de pesca na Terra Nova; a
Espanha recuperava a Flórida, perdida também na complexidade da Guerra dos Sete Anos, e
a ilha de Minorca, no Mediterrâneo, ocupada pelos ingleses durante a guerra; e ao fim da guerra e após assinado o Tratado de Paris, a
Inglaterra possuiria Índia, Canadá, Senegal, parte da Luisiana e das Antilhas. Muitos
habitantes francófonos residentes da cidade ficaram descontentes com o fato socialmente desagradável que a cidade estaria sob controle espanhol, e deixaram a cidade, indo em
direção ao Quebeque ou retornando à França.
O
maior descontentamento entre a população francófona da cidade levou a uma
manifestação popular que forçou o primeiro governador da Luisiana a fugir da
cidade. Tropas espanholas acabaram com esta rebelião em 1769. Outros habitantes
francófonos pressionaram politicamente os espanhóis, através de diversos
abaixo-assinados. Em 1788, um grande incêndio, o maior da história do estado de
Luisiana, destruiu mais de 850 estruturas. Em 1795, quando a cidade ainda
estava sendo reconstruída, um novo incêndio ocorreu, destruindo cerca de 200
estruturas. Por causa dos incêndios e da colonização espanhola, muito das
estruturas do século XIX da cidade possuem características da arquitetura
espanhola. Em 1795, a Espanha cedeu aos Estados Unidos o direito de usar os
equipamentos portuários da cidade. Em 1800, através de um acordo secreto
realizado entre a Espanha e a França, a Luisiana voltou a fazer parte da
França. Os Estados Unidos souberam da compra somente em março de 1803. Em
abril, os americanos compraram a Luisiana da França. As bandeiras espanholas
içadas na cidade seriam somente substituídas por bandeiras francesas em 30 de
novembro. Em 20 de dezembro, os americanos oficialmente tomaram posse da
cidade, e substituíram então as bandeiras francesas por novas bandeiras norte-americanas.
Então, a população da cidade era de aproximadamente 10 mil habitantes. Em 1805,
Nova Orleães foi elevada à categoria de “cidade primária” (city). Em
1812, Luisiana tornou-se um Estado do Estados Unidos da América, e Nova Orleães continuou a ser a capital da região.
No
começo de 1808 o tráfico de escravos no Atlântico trouxe aproximadamente meio
milhão de africanos aos Estados Unidos, em grande quantidade para os estados do
Sul. Grande parte dos escravos vieram do Oeste da África e trouxeram fortes
tradições da música tribal. Em 1774 um visitante os descreveu, dançando ao som
do banjo de 4 cordas e cantando “a música maluca”, satirizando a maneira com
que eram tratados. Uma década mais tarde Thomas Jefferson (1743-1826) similarmente
notou “o banjar, que foi trazido da distante África”. Foi feita de
cabaça, como a bânia senegalesa ou como a akonting do África
Ocidental. Festas de abundância com danças africanas, ao som de tambores, eram
organizadas aos domingos em Place Congo, Nova Orleans, até 1843, com uma festa
similar em Nova Iorque. Escravos da mesma tribo eram separados para evitar revolta. E, pela mesma razão, nos estados da Geórgia e Mississippi
não era permitido aos escravos a utilização de tambores ou instrumentos de
sopro que fossem muito sonoros, pois poderiam ser usados no envio de mensagens
codificadas. Entretanto, muitos fizeram seus próprios instrumentos com
materiais disponíveis, e a maioria dos chefes das plantações incentivaram o
canto para que fosse mantida a confiança do grupo. A música africana foi
altamente funcional, tanto para o trabalho, quanto para os ritos.
O
maior descontentamento entre a população francófona da cidade levou a uma
manifestação popular que forçou o primeiro governador da Luisiana a fugir da
cidade. Tropas espanholas acabaram com esta rebelião em 1769. Outros habitantes
francófonos pressionaram politicamente os espanhóis, através de diversos
abaixo-assinados. Em 1788, um grande incêndio, o maior da história do estado de
Luisiana, destruiu mais de 850 estruturas. Em 1795, quando a cidade ainda
estava sendo reconstruída, um novo incêndio ocorreu, destruindo cerca de 200
estruturas. Por causa dos incêndios e da colonização espanhola, muito das
estruturas do século XIX da cidade possuem características da arquitetura
espanhola. Em 1795, a Espanha cedeu aos Estados Unidos o direito de usar os
equipamentos portuários da cidade. Em 1800, através de um acordo secreto
realizado entre a Espanha e a França, a Luisiana voltou a fazer parte da
França. Os Estados Unidos souberam da compra somente em março de 1803. Em
abril, os americanos compraram a Luisiana da França. As bandeiras espanholas
içadas na cidade seriam somente substituídas por bandeiras francesas em 30 de
novembro. Em 20 de dezembro, os americanos oficialmente tomaram posse da
cidade, e substituíram então as bandeiras francesas por novas bandeiras norte-americanas.
Então, a população da cidade era de aproximadamente 10 mil habitantes. Em 1805,
Nova Orleães foi elevada à categoria de “cidade primária” (city). Em
1812, Luisiana tornou-se um Estado do Estados Unidos, e Nova Orleães
historicamente continuou a ser a capital da região.
No
começo de 1808 o tráfico de escravos no Atlântico trouxe aproximadamente meio
milhão de africanos aos Estados Unidos, em grande quantidade para os estados do
Sul. Grande parte dos escravos vieram do Oeste da África e trouxeram fortes
tradições da música tribal. Em 1774 um visitante os descreveu, dançando ao som
do banjo de 4 cordas e cantando “a música maluca”, satirizando a maneira com
que eram tratados. Uma década mais tarde Thomas Jefferson (1743-1826) similarmente
notou “o banjar, que foi trazido da distante África”. Foi feita de
cabaça, como a bânia senegalesa ou como a akonting do África
Ocidental. Festas de abundância com danças africanas, ao som de tambores, eram
organizadas aos domingos em Place Congo, Nova Orleans, até 1843, com uma festa
similar em Nova Iorque. Escravos da mesma tribo eram separados para evitar
formações de revolta. E, pela mesma razão, nos estados da Geórgia e Mississippi
não era permitido aos escravos a utilização instrumental cotidianamente de tambores ou instrumentos de
sopro que fossem muito sonoros, pois poderiam ser usados em tese no envio de mensagens
codificadas. Entretanto, muitos escravos fizeram seus próprios instrumentos com
materiais disponíveis, e a maioria dos chefes das plantações incentivaram o
canto para que fosse mantida a perseverança na confiança do grupo. A música africana foi
altamente funcional, tanto para o trabalho, quanto para os ritos.
As
Work Songs e Field hollers incorporaram um estilo que poderia ser
ainda encontrado em penitenciárias dos anos 1960, e em um caso eram parecidas
com uma canção nativa ainda utilizada em Senegal. No porto de Nova Orleans,
estivadores negros ficaram famosos pelas suas canções de trabalho. Essas
canções mostravam complexidade rítmica com características de polirritmia do
jazz. Na tradição africana eles tinham uma linha melódica e com o padrão
pergunta e resposta, contudo, sem o conceito de harmonia do Ocidente. O ritmo
refletido no padrão africano da fala e o sistema tonal africano levaram às “blue
notes” do jazz. No começo do século XIX, um número crescente de músicos negros
aprendia a tocar instrumentos do ocidente, particularmente o violino, provendo
entretenimento para os chefes das plantações e aumentando o valor de venda
daqueles que ainda eram escravos. Conforme aprendiam a música de dança
europeia, eles parodiavam as músicas nas suas próprias danças cakewalk.
Por sua vez, apresentadores dos minstrel show, euro-estadunidenses com blackface,
estilo de maquiagem usado para sátira, popularizavam tal música internacional,
a qual era combinação de sincopas com acompanhamento harmônico europeu. Louis
Moreau Gottschalk (1829-1869) adaptou música latina e melodia de escravos para
músicas de piano de salão, com músicas tais como Bamboula, “danse
de nègres” de 1849, Fantaisie grotesque de 1855 e Le Banjo,
enquanto sua música polka Pasquinade, em torno do ano 1860, antecipou ragtime
e foi orquestrado como parte do repertório de concerto da banda de John Philip
Sousa (1854-1932), fundada em 1892. Outra influência veio dos negros que
frequentavam as igrejas. Eles aprenderam o estilo harmônico dos hinos e os
adaptavam em spirituals.
As
origens do blues não estão registradas em documentos, entretanto, elas
podem ser vistas como contemporâneas dos negros spirituals. Paul Oliver (1927-2017)
chamou a atenção à similaridade dos instrumentos, música e função social dos
griôs da savana do Oeste africano, sob influência Islâmica. Ele notou estudos
mostrando a complexidade rítmica da orquestra de tambores da costa da floresta
temperada, que sobreviveram relativamente intacta no Haiti e outras partes do Oeste
das Índias, mas não era farta nos Estados Unidos. Ele sugeriu que a música de
cordas do interior sudanês se adaptou melhor com a música popular e baladas
narrativas, dos ingleses e dos donos de escravos scots-irish e
influenciaram tanto o jazz como o blues. Desde os primórdios da história da
cidade, uma característica da cidade era sua população cosmopolita, poliglota e
multicultural. A cidade cresceu rapidamente, com grandes números de americanos,
franceses e haitianos tendo instalado-se na cidade. Durante a Guerra de 1812,
também reconhecida como Guerra Anglo-Americana, representou na esfera
política, um conflito proporcional que envolveu os Estados Unidos da América e
o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, entre 1812 e 1815. O Reino Unido
enviou uma força militar, cujos objetivos eram a captura da cidade de Nova
Orleães e o pedido de ajuda a um pirata instalado na cidade, Jean Laffite
(1780-1825). Este, porém, juntou-se com os americanos. Os britânicos foram
derrotados por forças americanas lideradas por Andrew Jackson (1767-1845) e por
piratas liderados por Laffite em 8 de janeiro de 1815, a apenas alguns
quilômetros da cidade.
Após
o término da intensa guerra, Nova Orleães prosperou economicamente, atraindo
milhares de imigrantes, a maioria, alemães ou irlandeses. A população da cidade
dobrou na década de 1830. Em 1840, Nova Orleães tinha uma população de 102 193
habitantes, e era potencialmente a quarta maior cidade do país. Nova Orleães
tornou-se extremamente ativa culturalmente, com a construção de vários teatros,
óperas e museus inaugurados na cidade, operando dia e noite. Porém, o
crescimento populacional da cidade era interrompido por vezes quase
ininterruptas por epidemias de febre amarela. As autoridades da cidade, então,
não sabiam que a causa destas epidemias eram exatamente, em sua origem, a falta
de dragagem dos pântanos localizados próximos à cidade, que “criavam um
terreno propício para a criação dos mosquitos transmissores da doença”. Dragagem
é a técnica de remover, desobstruir, limpar, escavar ou derrocar material do
fundo de corpos d`água, como rios, lagos, canais, baías e mares. O objetivo é
manter a profundidade adequada para a navegação e evitar problemas como
assoreamento. A maior destas epidemias ocorreu em 1853, e que ipso facto
matou cerca de dez mil pessoas. As narrativas sobre a derrota da febre amarela
pela medicina privilegiam ora os Estados Unidos da América ora República de Cuba,
conforme o valor atribuído a dois episódios: a formulação da hipótese da
transmissão pelo mosquito, por Carlos Juan Finlay, em 1880-1881, ou sua
demonstração pela equipe chefiada por Walter Reed, em 1900.
Não queremos perder de vista que dois outros pesquisadores, Ronald Ross e Giovanni Battista Grassi, demonstraram, em 1897-1898, que o mosquito era o hospedeiro intermediário do parasito da malária, tornou-se inevitável a suposição de que cumprisse idêntico papel na febre amarela, cujo diagnóstico clínico confundia-se com o daquela doença. A transmissão “exclusiva” pelo Aedes aegypti fora o divisor de águas entre as conjunturas de debates entre Domingos José Freire e Oswaldo Cruz, que se converteu calorosamente no mito da ciência brasileira em grande parte graças ao experimento bem-sucedido que conduziu no Rio de Janeiro para comprovar a validade da teoria de Finlay. As certezas que seu grupo sustentara inflexivelmente no Congresso Médico de 1903, e a teoria dos focos-chave que embasara a campanha da Rockefeller no Nordeste brasileiro desabaram em 1932 no vale do Canaã, no interior do Espírito Santo. As viscerotomias e os testes de imunidade realizados em diversas regiões do país confirmaram tecnicamente “as evidências de que a doença constituía problema mais complexo do que se imaginava”. Os agenciamentos humanos nas frentes de deslocamentos pelas migrações internas estavam transportando o vírus para o litoral e multiplicando a infecção de pessoas não imunes nas grandes cidades, o que fatalmente redundaria na recriação de quadro epidêmico tão grave quanto o do século XIX. A chamada Revolução de 1930, no Brasil, alterou as bases reais da campanha, que passou a ser direcionada contra as duas modalidades de febre amarela, a urbana e a silvestre. Ela adquiriu abrangência nacional sob a direção da Fundação Rockefeller.
Nova
Orleães foi a capital do Estado de Luisiana até 1849, quando então a capital do
Estado passou a ser denominada Baton Rouge. Em 1865, Nova Orleães
novamente tornou-se a capital da Luisiana até 1880, quando a capital se mudou
definitivamente para Baton Rouge. Como um centro portuário de grande
porte, Nova Orleães possuiu um papel primário no comércio de escravos, enquanto
que a cidade possuía, ao mesmo tempo, a maior comunidade afro-americana do
Estados Unidos. Em 1861, a Luisiana separou-se dos Estados Unidos e juntou-se
aos Estados Confederados da América. Ainda no mesmo ano, a Guerra Civil
Americana teve início. E não por acaso na esfera política, Nova Orleães, como um porto primário de grande
importância para a Confederação, foi um alvo primário de ataques navais da
marinha americana. Em abril de 1862, Nova Orleães foi capturada por tropas
americanas. Nenhuma batalha em defesa da cidade ocorreu, e a cidade foi tomada
sem resistência. Assim, Nova Orleães foi poupada da destruição que afetou
outras cidades-chave da Confederação. Porém, a economia de Nova Orleães entrou
em uma grande recessão, que duraria cerca de uma década, por causa do bloqueio
econômico naval da União à Confederação, reconhecida como Plano Anaconda,
e por causa da inauguração de diversas ferrovias à cidade, assim diminuindo a
importância do porto para a economia de Nova Orleães. Tropas americanas ocuparam
a cidade até 1877. Por algum tempo, o governo americano cedeu a militares e a
civis de descendência afro-americanas o governo da cidade, revoltando a maioria
dos habitantes brancos da cidade. Uma grande rebelião entre brancos e
afro-americanos ocorreu em 1866, onde cerca de 50 pessoas morreram. A partir do
final da década de 1870, a economia de Nova Orleães gradativamente veio a recuperar-se. Em
1879, a baía portuária da cidade foi ampliada. Em 1884, a cidade sediou Feira Mundial.
Bibliografia Geral Consultada.
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