segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Herói por Encomenda – Comédia & Utilidade de Uso das Forças Armadas.

Espíritos grandiosos sempre encontraram oposição violenta de mentes medíocres”. Albert Einstein  (1879-1955)          

        A coruja de Minerva levanta o seu voo quando as sombras da noite estão a se reunir. Qual é a coordenação entre um fazer e um ver, nesta linguagem ordinária onde o primeiro domina de maneira tão evidente? Voltando à fenomenologia de Michel de Certeau (1925-1986), a questão metodológica se espraia finalmente, na base dessas narrações cotidianas, a relação entre o itinerário: uma série discursiva de operações e o mapa: uma descrição redutora totalizante das observações, isto é, entre duas linguagens simbólicas e antropológicas do espaço. Dois polos da experiência, da cultura ordinária ao discurso científico, se passam de um para o outro nos relatos. Entre os séculos XV e XVI, o mapa ganha autonomia. Sem dúvida, a proliferação das figuras narrativas que povoam durante muito tempo navios, animais e personagens de todo o tipo, têm ainda por função similar indicar as operações de viagem, guerreiras, construtoras, políticas ou comerciais, que possibilitam uma fabricação de um plano geográfico. A vida, a civilização, no caso da conquista sobre o território africano e o caso brasileiro. A caravela pintada da expedição marítima que permitiu a representação topográfica das costas. Equivale a um descritor de “percurso” que o mapa ganha progressivamente dessas figuras. Coloniza o espaço, transformado pela geometria euclidiana e mais, por uma complexidade descritiva, recebidos de uma tradição e outros produzidos por uma observação, assegurando a passagem aos outros, em seu próprio simulacro, ou seu estado de signo que parece-nos formar a Ideia, o conceito puro da diferença subvertida em seu estado de inocência.

          Na mitologia grega o mocho-galego (Athene noctua) tradicional representa Atena, a deusa virgem da sabedoria, ou Minerva, sua encarnação sincrética na mitologia romana. Devido a esta bela associação, a ave muitas vezes referida como a coruja de Atena ou coruja de Minerva, tem sido utilizada como símbolo do reconhecimento, sabedoria, perspicácia e erudição em todo o pensamento ocidental. As razões por trás da associação de Atena e da coruja perderam-se no tempo. A associação entre a coruja e a deusa continuou através de Minerva na mitologia romana, embora esta última por vezes adote o animal como uma ave sagrada ou favorita. O filósofo idealista do século XIX, Friedrich Hegel dialeticamente notou de forma célebre que “a coruja de Minerva abre suas asas somente com o início do crepúsculo”, o que significa que a filosofia passa a compreender a condição histórica, da mesma forma que ultrapassa longe. A filosofia não pode ser prescritiva, porque entende em retrospectiva. Esta história corrobora o ensino que faz o ideal aparecer como contrapartida para o real, de forma a compreender o mundo em substância, para moldá-lo num plano de análise intelectual. Quando a filosofia pinta sua cinza em cinza, uma forma de vida torna-se velha, e por meio da cinza não pode ser rejuvenescida, mas apenas reconhecida numa civilização determinada. 

            Friedrich Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a história detalhada de sua formação. A Fenomenologia vem a ser uma história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à Ciência. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema, o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento do sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder alcançar a transformação da representação numa noção clara e exata. Assim, temos a passagem abstrata, para o conceito claro e concreto através do acúmulo de determinações.

                                                    


Aquilo que por movimento dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. Metodologicamente a determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em oposição com esta em identidade, porque suprimiu a oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia, mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria realidade.

A Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza, produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim à Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas de Friedrich Hegel ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor dizendo, para Hegel, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência. Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro lugar, ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada. O homem é essencialmente razão.

O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a cada um. A razão não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, por exemplo, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto de si mesmo, então o homem é por si. A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos.

O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade humana, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem: a liberdade. O europeu sabe de si, afirma Hegel, é objeto de si mesmo. A determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como livre. O homem considera a liberdade como sua substância. Se os homens falam mal de conhecer é porque não sabem o que fazem. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto (do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do saber, como se quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a existência. Portanto isto é o segundo, esta é a única diferença da existência (Existenz) a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e eu sou livre somente enquanto existo como livre. A terceira determinação é que o que existe em si, e o que existe por si são somente uma e mesma coisa. Isto quer dizer evolução. O em si que já não fosse em si seria outra coisa.

Por conseguinte, haveria ali uma variação, mudança. Na mudança existe algo que chega a ser outra coisa. Na evolução, em essência, podemos também sem dúvida falar da mudança, mas esta mudança deve ser tal que o outro, o que resulta, é ainda idêntico ao primeiro, de maneira que o simples, o ser em si não seja negado. Para Friedrich Hegel a evolução não somente faz aparecer o interior originário, exterioriza o concreto contido já no em si, e este concreto chega a ser por si através dela, impulsiona-se a si mesmo a este ser por si. O espírito abstrato assim adquire o poder concreto da realização. O concreto é em si diferente, mas logo só em si, pela aptidão, pela potência, pela possibilidade. O diferente está posto ainda em unidade, ainda não como diferente. É em si distinto e, contudo, simples. É em si mesmo contraditório. Posto que é através desta contradição impulsionado da aptidão, deste este interior à qualidade, à diversidade; logo cancela a unidade e com isto faz justiça às diferenças. Também a unidade das diferenças ainda não postas como diferentes é impulsionada para a dissolução de si mesma. O distinto (ou diferente) vem assim a ser atualmente, na existência. Porém do mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como tal é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do diferente consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a unidade verdadeiramente concreta.

É algo concreto, algo distinto. Entretanto contido na unidade, no em si primitivo. O gérmen se desenvolve assim, não muda. Se o gérmen fosse mudado desgastado, triturado, não poderia evoluir. Na alma, enquanto determinada como indivíduo, as diferenças estão enquanto mudanças que se dão no indivíduo, que é o sujeito uno que nelas persiste e, segundo Hegel, enquanto momentos do seu desenvolvimento. Por serem elas diferenças, à uma, físicas e espirituais, seria preciso, para determinação ou descrição mais concreta, antecipar a noção do espírito cultivado. As diferenças são: 1) curso natural das idades da vida, desde a criança, desde a criança, o espírito envolvido em si mesmo – passando pela oposição desenvolvida, a tensão de uma universalidade ela mesma ainda subjetiva em contraste com a singularidade imediata, isto é, como o mundo presente, não conforme a tais ideais, e a situação que se encontra, em seu ser-aí para esse mundo, o indivíduo que, de outro lado, está ainda não-autônomo e em si mesmo não está pronto (o jovem) – para chegar à relação verdadeira, ao reconhecimento da necessidade e racionalidade objetivas do mundo já presente, acabado; em sua obra, que leva a cabo por si e para si, o indivíduo retira, por sua atividade, uma confirmação e uma parte, mediante a qual ele é algo, tem uma presença efetiva e um valor objetivo (homem); até a plena realização da unidade com essa objetividade do conhecer: unidade que, enquanto real, vem dar na inatividade da rotina que tira o interesse, enquanto ideal se liberta dos interesses mesquinhos é das complicações do presente exterior (o ancião). 

O espírito manifesta aqui sua independência da própria corporalidade, em poder desenvolver-se antes que nela torne. Com frequência, crianças têm demonstrado um desenvolvimento espiritual que vai muito mais rápido que sua formação corporal. Esse foi o caso histórico, sobretudo em talentos artísticos indiscutíveis, em particular no gênio da música. Também em relação ao fácil apreender de variados conhecimentos, especialmente na disciplina matemática; e tal precocidade tem-se mostrado não raramente também em relação a um raciocínio de entendimento, e mesmo sobre objetos éticos e religiosos. O processo de desenvolvimento do indivíduo humano natural decompõe-se então em uma série de processos, cuja diversidade se baseia sobre a relação do indivíduo para com  o gênero, e funda a diferença da criança, do homem e do ancião. Essas diferenças são as apresentações das diferenças do conceito. A idade da infância é o tempo da harmonia natural, da paz do sujeito consigo mesmo e com o mundo. Um começo tão sem-oposição quanto a velhice é um fim sem-oposição. As oposições que surgem ficam sem interesse mais profundo. A criança vive na inocência, sem sofrimento durável; no amor aos seus pais, e no sentimento de ser amado por eles.

Na Roma antiga, o gênio representava o espírito ou guia de uma pessoa, ou mesmo de uma gens inteira. Um termo relacionado é genius loci, o espírito de um local específico. Por contraste a força interior que move todas as criaturas viventes é o animus. Um espírito específico ou daimon pode habitar uma imagem ou ícone, dando-lhe poderes sobrenaturais. Gênios são dotados de excepcional brilhantismo, mas frequentemente também são insensíveis às limitações da mediocridade bem como são emocionalmente muito sensíveis, algumas vezes ambas as coisas. O termo prodígio indica simplesmente a presença de talento ou “gênio excepcional” na primeira infância. Os termos prodígio e criança prodígio são sinônimos, sendo o último um pleonasmo. Deve-se ter em consideração que é perigoso tomar como referência as pontuações em testes aplicados de QI quando se deseja fazer um diagnóstico razoavelmente correto de genialidade. Há que se levar em consideração que em todos as pontuações, e em todas as medidas, existe uma incerteza inerente, bem como os resultados obtidos nos testes representam a performance alcançada por uma pessoa em determinadas condições, não refletindo necessariamente toda a capacidade da pessoa em condições ideais. A contribuição histórica e cultura dos filósofos pré-socráticos à matemática, enquanto ciência, inequivocamente não são discutíveis e em grande parte fruto de tradição bem documentada.

Um ex-agente das forças especiais trabalha como segurança para uma jornalista que está entrevistando um ditador. No meio da entrevista, ocorre um golpe militar e eles são forçados a fugir para a selva, onde precisam sobreviver. Freelance inúmeras vezes escrito como free-lance, ou free lance, freelancer, ou “trabalhador freelancer”, são termos comumente com utilidade de uso ​​para uma pessoa que é autônoma e não necessariamente comprometida com um empregador específico a longo prazo. Trabalhadores freelancers são às vezes representados por uma empresa ou agência temporária de emprego que revende mão de obra para clientes; outros trabalham de forma independente ou usam associações profissionais ou sites para conseguir trabalho. Embora o termo “contratante independente” fosse usado em um registro diferente do inglês para designar as classes fiscais e de emprego desse tipo de trabalhador, o termo “freelancing” é mais comum nas indústrias culturais e criativas, e o uso desse termo pode indicar participação social nelas. Dependendo do setor, as práticas de trabalho freelance variam e mudaram ao longo do tempo social. Em alguns setores, como consultoria, freelancers podem “exigir que os clientes assinem contratos por escrito”. No jornalismo ou na escrita, freelancers podem “trabalhar de graça” ou realizar “trabalhos sob encomenda” para construir sua reputação ou um relacionamento com uma publicação. Alguns freelancers podem fornecer “orçamentos de trabalho por escrito e solicitar depósitos dos clientes”.

O pagamento por trabalho freelancer também depende do setor, das habilidades, da experiência e da localização. Freelancers podem cobrar por dia, hora, por peça ou por projeto. Em vez de uma taxa fixa ou honorário, alguns freelancers adotaram um método de precificação baseado no valor percebido dos resultados para o cliente. Por tradição, os acordos de pagamento podem ser antecipados, percentuais antecipados ou na conclusão. Para projetos mais complexos, um contrato pode definir um cronograma de pagamento com base em marcos ou resultados. Uma das desvantagens do trabalho freelancer é que não há pagamento garantido e o trabalho pode ser altamente precário. Para garantir o pagamento, muitos freelancers usam plataformas de pagamento online para se proteger ou trabalham com clientes locais que podem ser responsabilizados. A questão da propriedade dos direitos autorais de uma obra, em contrapartida surge, quando seu autor a produz em nome de um cliente. A questão é regida pela lei de direitos autorais, que varia de país para país. Em análise comparada a propriedade padrão é do cliente em alguns países e do autor freelancer em outros. O grau em que a propriedade moral ou econômica de uma obra para locação pode ser modificada contratualmente varia de país para país.

            Um estudo da McKinsey de 2018 concluiu que até 162 milhões de pessoas na Europa e nos Estados Unidos da América (EUA) exercem alguma forma de trabalho independente. Isto representa 20 a 30 por cento de toda a população em idade ativa. O número total de freelancers nos EUA é inexato, em 2013, o relatório governamental mais recente sobre contratantes independentes foi publicado em 2005 pelo Departamento de Trabalho dos EUA, Bureau of Labor Statistics. Naquela época, havia aproximadamente 10,3 milhões de trabalhadores nos Estados Unidos estatisticamente com 7,4% da força de trabalho empregados como contratantes independentes de todos os tipos. Em 2011, Jeffrey Eisenach, economista da George Mason University, estimou que o número de freelancers havia crescido em 1 milhão. Enquanto em 2012, o Aberdeen Group, uma empresa de pesquisa privada, estimou que 26% ou aproximadamente 81 milhões da população dos Estados Unidos fazia parte da força de trabalho contingente, uma categoria de trabalho casual que inclui freelancers. Em 2013, o Freelancers Union estimou que 1 em cada 3 trabalhadores nos Estados Unidos era autônomo, isto é, aproximadamente 42 milhões, com mais de quatro milhões (43%) desses trabalhadores autônomos como membros da classe criativa, um estrato de trabalho especificamente associado a indústrias autônomas, como trabalhadores do conhecimento, tecnólogos, escritores profissionais, artistas, animadores e trabalhadores da mídia. Em 2016, o Sindicato dos Freelancers estimou que 35% da força de trabalho era autônoma com aproximadamente 55 milhões.

Essa força de trabalho arrecadou cerca de US$ 1 trilhão com o trabalho autônomo em 2016; uma parcela significativa da economia dos EUA. Em 2017, um estudo da MBO Partners estimou que o número total de americanos autônomos com 21 anos ou mais era de 40,9 milhões. O número total de freelancers no Reino Unido também é inexato; no entanto, os números do Gabinete de Estatísticas Nacionais mostram que a proporção de trabalhadores remotos aumentou de 9,2% em 2001 para 10,7% em 2011. No entanto, estima-se que existam cerca de 1,7 milhões de freelancers no Reino Unido. O trabalho freelancer é uma forma de trabalho com gênero. O Relatório da Indústria Freelancer de 2012 estimou que mais de 71% dos freelancers são mulheres entre 30 e 50 anos. Pesquisas de outras áreas específicas do trabalho freelancer apresentam tendências semelhantes. A pesquisa demográfica sobre o Amazon Mechanical Turk revelou que a maioria de seus trabalhadores norte-americanos são mulheres. A pesquisa de Catherine McKercher sobre o jornalismo no mercado de trabalho global como profissão demonstrou que, embora as organizações de mídia ainda sejam dominadas por homens, o inverso é verdadeiro para jornalistas e editores freelancers, cujas fileiras são principalmente mulheres.                   

Freelance tem como representação social um filme de comédia de ação norte-americano de 2023, dirigido por Pierre Morel e escrito por Jacob Lentz em sua estreia como roteirista. É estrelado por John Cena, Alison Brie, Juan Pablo Raba e Christian Slater. O filme foi lançado pela Relativity Media em 27 de outubro de 2023, arrecadando US$ 10,2 milhões. Comédia de ação é um gênero híbrido que combina elementos de ficção de ação com a atuação comédia. Embora os primeiros filmes de ação originalmente apresentassem dublês e humor, a acadêmica Cynthia King escreveu que o gênero só se consolidou como um pilar do gênero de filmes de ação americano na década de 1980, quando atores com experiência em comédia, como Eddie Murphy, começaram a assumir papéis em filmes de ação. O gênero aborda várias narrativas e estilos, como filmes de amigos, filmes de super-heróis e cinema de ação de Hong Kong com vários atores, como Jackie Chan. A comédia de ação também tem sido um tema recorrente na televisão, com séries como The Dukes of Hazzard (1979–1985) e Peacemaker (2022). A acadêmica Yvonne Tasker descreveu a maioria dos filmes de ação pós-clássicos de Hollywood como “mais ou menos híbridos”. São filmes ambientados em vários cenários e espaços sem uma única paisagem definidora e podem se tornar complicados na categorização, o que às vezes é reconhecido por meio de designadores hibridizados, como comédia de ação.

Academicamente Cynthia King afirma que o filme de comédia de ação só se consolidou como um pilar do gênero de filmes de ação americanos na década de 1980, quando atores renomados com experiência em comédia, como Eddie Murphy (foto), começaram a assumir papéis sociais em filmes de ação. King referiu-se aos filmes de comédia de ação como sendo tipicamente reservados para filmes de ação onde o humor desempenha um papel prevalentemente muito mais central. Esses filmes assumem vários outros formatos, como filmes de amigos envolvendo parceiros incompatíveis, como as séries de filmes Máquina Mortífera (1987-1998) e Hora do Rush (1998-2006), cinema de ação de Hong Kong através do trabalho de atores como Jackie Chan e muitos outros. King também descreveu os filmes de super-heróis mais cômicos, como Mystery Men (1999), Hancock (2008) e The Green Hornet (2011) como pertencentes ao gênero. Entretanto, elementos de filmes de comédia de ação em sua categorização existiam nos primeiros trabalhos cinematográficos, como as sequências de perseguição em filmes anteriores a 1915, como The Lonedale Operator (1911), que fornecem padrões de edição de filmes de ação posteriores, como Wheels on Meals (1984). Comédias posteriores do “cinema mudo”, como aquelas com Charlie Chaplin e Buster Keaton, como Easy Street (1917) e The General (1926), apresentavam “perseguições, piadas e acrobacias que serviriam de inspiração para cenas de ação cômicas e não cômicas em filmes de ação posteriores”. Eles incluem Chaplin e Keaton usando materiais no palco, armas ou adereços, para causar e causar efeito para adicionar força às ações corporais.

Em seu livro, Lights, Camera, Action: Crafting an Action Script (2005), Gregory Sarno disse que o filme de comédia de ação que nem todos os filmes que contêm conflito e humor eram comédias de ação, afirmando que filmes que subtramas carregadas de ação como Big Momma`s House (2000) ou Dumb & Dumber (1994) eram comédias mais diretas, pois a ação não tinha um papel integral na narrativa do filme. King ecoou isso, dizendo que os filmes são melhor categorizados como comédias diretas, como Night at the Museum (2006) ou Loaded Weapon 1 (1993), já que “a maior parte da ação foi enquadrada comicamente, sem violência ou perigo sério”. Ela também disse que filmes de ação que contêm frases de efeito sarcásticas como “Vá em frente, faça meu dia” de Sudden Impact (1983) não eram comédias de ação. Mark Gallagher, em Action Figures: Men, Action Films and Contemporary Adventure Narratives (2006), as comédias de ação geralmente apresentam uma espécie de tema de peixe fora d`água, como o personagem de Murphy em conflito com comunidades brancas de classe média alta e procedimentos policiais convencionais na série de filmes Beverly Hills Cop (1984-2024).

Muitos periódicos e jornais oferecem a opção de assinatura fantasma, quando um redator freelancer assina com um editor, mas seu nome não consta na assinatura do(s) artigo(s). Isso permite que o redator receba benefícios, mesmo sendo classificado como freelancer, independentemente de qualquer organização estabelecida. Em alguns países, isso pode levar a problemas tributários (por exemplo, as chamadas violações do IR35 no Reino Unido). A assinatura fantasma tem pouca influência na definição de se um redator é freelancer ou empregado nos EUA. Freelancers frequentemente precisam lidar sozinhos com contratos, questões jurídicas, contabilidade, marketing e outras funções empresariais. Se optarem por pagar por serviços profissionais, isso pode, às vezes, gerar despesas significativas. A jornada de trabalho pode se estender além do dia e da semana de trabalho padrão. A Comissão Europeia não define “freelancers” em nenhum texto legislativo. No entanto, a Comissão Europeia define um trabalhador independente como alguém que “exerce uma atividade lucrativa por conta própria, nas condições estabelecidas pela legislação nacional”. No exercício de tal atividade, o elemento pessoal reveste-se de especial importância e tal exercício implica sempre um elevado grau de independência na execução das atividades profissionais. Esta definição provém da Diretiva (2010/41/UE) relativa à aplicação do princípio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres que exerçam uma atividade independente.

O Fórum Europeu de Profissionais Independentes define freelancers como: "um subconjunto altamente qualificado de trabalhadores autônomos, sem empregadores nem empregados, que oferecem serviços especializados de natureza intelectual e baseada no conhecimento". Profissionais independentes trabalham de forma flexível em uma variedade de ocupações criativas, gerenciais, científicas e técnicas; não constituem um grupo homogêneo e, como tal, não podem ser considerados ou investigados como um todo. Geralmente, caracterizam-se por uma grande parcela de autonomia, alta produtividade laboral, desempenho intensivo em conhecimento, comprometimento social e uma grande dose de empreendedorismo e especialização. Nos EUA, em 2009, agências federais e estaduais começaram a aumentar sua supervisão de freelancers e outros trabalhadores que os empregadores classificam como contratados independentes. O US Government Accountability Office (GAO) recomendou que o Secretário do Trabalho fizesse com que sua Divisão de Salários e Horas “se concentrasse na classificação incorreta de funcionários como contratados independentes durante investigações direcionadas”. O aumento da regulamentação visa garantir que os trabalhadores sejam tratados de forma justa e as empresas não classifiquem incorretamente os trabalhadores como “contratados independentes” para evitar o pagamento de impostos trabalhistas e contribuições apropriados para indenização trabalhista e seguro-desemprego.

Ao mesmo tempo, esse aumento na fiscalização está afetando empresas cujos modelos de negócios são baseados no uso de trabalhadores não empregados, bem como profissionais independentes que optaram por trabalhar como contratados independentes. Por exemplo, as editoras de livros tradicionalmente terceirizam certas tarefas, como indexação e revisão, para indivíduos que trabalham como contratados independentes. Contadores e advogados autônomos tradicionalmente contratam seus serviços para escritórios de contabilidade e advocacia que precisam de assistência. O Serviço de Receita Federal dos EUA oferece algumas orientações sobre o que constitui trabalho autônomo, mas os estados promulgaram leis mais rígidas para abordar como os contratados independentes devem ser definidos. Por exemplo, uma lei de Massachusetts afirma que as empresas podem contratar contratados independentes apenas para executar trabalho que esteja “fora do curso normal dos negócios do empregador”, o que significa que os trabalhadores que trabalham no negócio principal da empresa devem ser classificados como funcionários. De acordo com este estatuto, uma empresa de engenharia de software não pode terceirizar trabalho para um consultor de engenharia de software, sem contratar o consultor como funcionário. A empresa poderia contratar um profissional autônomo que trabalhasse como eletricista, decorador de interiores ou pintor. Isso levanta questões correlatas sobre a prática comum de consultoria, pois uma empresa contrataria uma consultoria de gestão ou um consultor autônomo para atender a necessidades específicas do negócio que não estejam “fora do curso normal dos negócios do empregador”.

Sob a aparência de diversão, tem-se uma doutrinação ideológica. Em geral esse herói ainda que em si seja considerado insubstituível, conta com algum auxiliar mágico, que pode ser desde um assistente, uma pistola especial ou até uma singular habilidade. O vilão pode ser desde um agente russo, a máfia, uma potência interestelar, um vizinho ganancioso até um dragão especial ou um robô estragado. No fim o herói vence e é recompensado, de preferência pelo sorriso do chefe e a companhia de uma das beldades. Quanto mais essas narrativas têm todas o mesmo substrato, tanto mais elas precisam sofisticar a sua parafernália (como se mostra tipicamente nos filmes de 007). Aparentemente uma época esclarecida, nenhuma foi mais dominada por mitos e mistificações do que a nossa. O herói da narrativa trivial é um pseudo-herói; só aparentemente ele arrisca a vida; de fato, já de antemão se sabe que ele vai vencer. Ele serve para assegurar que o sistema vigente é superior. E ele efetivamente o é, no momento, a ponto de este tipo de narrativa ser preponderante. Quanto mais este herói é um pseudo-herói, tanto mais se necessita fazer dele um super-herói. Quanto mais fracos os homens numa sociedade, tanto mais eles precisam de super-heróis. E tanto mais super-heróis eles recebem para se manterem fracos. Esses “heróis” aparentemente correm grandes perigos e só no último instante salvam a situação e a si mesmos, um resultado já esperado pelo espectador ou leitor, pois pertence a poética normativa e ao código do gênero: isto corresponde à situação do próprio receptor. Apesar dos perigos em seu dia-a-dia para sobreviver, é-lhe assegurado que, no fim, tudo vai dar certo.

Que tudo acabe dando certo é o que mais deseja o instinto de sobrevivência. Por outro lado, existe aí implícito um sonho de justiça e de valorização dos mais fracos, que é transferido para o reino da fantasia. O automatismo do trivial é um conservadorismo. O seu Happy End é a restauração da situação anterior à violação inicial da norma. Está aí implícita a tese de que a felicidade é a manutenção do status quo. O que está, aliás, plenamente correto para aqueles que são mais beneficiados pela situação. O automatismo subjacente à variação de superfície corresponde também à vigência das mesmas estruturas de poder e trabalho, o cansaço dos operários após um pesado dia de trabalho. A pessoa não tem mais, então, condições físicas para uma atenção concentrada: só quer ainda relaxar. A televisão é o seu relax-center mais barato. O automatismo da estrutura profunda corresponde ao automatismo do trabalho em série e se respalda no desinteresse quanto a efetivas mudanças sociais. Cria-se a ficção de que, por mais coisas que aconteçam ante os olhos do espectador ou do leitor, ele mesmo jamais é atingido nem envolvido por elas, ele mesmo não tem anda a ver com isso. A noite lhe é ensinada não se envolver o que acontece à sua volta durante o dia. É-lhe também ensinado que o melhor é manter o status quo, enquanto outros é que se encarregarão de “fazer justiça”.

A trivialidade é o modo dominante de produção e consumo de narrativas porque corresponde ao modo de produção dominante de mercadorias, ou melhor, é este modo de produção no setor das narrativas enquanto mercadorias. A atenção concentrada e demorada que é exigida pela natureza única da grande obra de arte, ao invés de ser liberada e desinibida pela automatização, funciona como ocasional oásis dentro dessa preponderância mesmice sob a aparência de diversidade. As obras triviais tendem ao happy end, assim como as obras literárias mais artísticas tendem ao bad end. Este final infeliz pode, contudo, funcionar como um modo de esconjurar a infelicidade na vida, assim como o final feliz corresponde ao desejo de felicidade inerente a todo ser humano. Se todo herói grego é produto da hybris, mantendo em si essa duplicidade de deus e homem, fato que acaba se revelando ao longo do seu percurso, tal dupla dimensão tende a se configurar também nos heróis triviais e, de modo mais fragrante, nos super-heróis. O mocinho de far-west geralmente parece primeiro um bom mocinho que não quer meter-se em encrencas, mas depois aparece o seu lado mais heroico, divino. Um simples e medroso jornalista como Clark Kent se torna o Super-Homem. Uma simples secretária se transforma num passe de mágica, na Mulher-Maravilha. O Pateta, com alguns amendoins, se transforma no Super-Pateta. E todos eles são defensores da justiça e da lei. Por outro lado, certas figuras de carne e osso passam a corporificar, nos meios de comunicação, determinadas figuras míticas do passado: um boxeador peso-pesado é um novo Hércules; uma atriz é o próprio mito da eterna juventude; outra é uma Afrodite revivida.

A dimensão de divindade que está por trás de cada uma dessas figuras serve para conferir uma enorme autoridade a elas no momento em que passam a recomendar determinados produtos para o consumo da população. Não só elas são mercadorias de consumo público, mas servem para estimular o público a consumir mercadorias, tanto mais quanto menos necessárias elas forem. No caso dos super-heróis importados, em geral eles não são pessoalmente proprietários do capital. Batman constitui uma exceção; também o fato de ele ter como que uma dupla personalidade - a de cidadão normal e a de super-herói - configura a natureza híbrida clássica: homem e deus. Para enfrentar heróis tão super, os vilões acabam tendo de ser supervisões: deuses dos infernos, demônios disfarçados de gente, bonecos do mal. Assim também, figuras populares como Nossa Senhora dos Navegantes são como que reencarnações da deusa Diana, uma deusa da fertilidade, assim como a própria Penélope já o era. Em torno de cada uma dessas deusas há como que uma disputa para saber quem será o seu companheiro e, portanto, rei. Esses ritos propiciatórios da reza não só antropomorfizam a natureza como naturificam o rei; o rei precisa ser forte, para representar as forças fecundadoras da natureza. Por isso o rei precisa ser, aparentemente, substituído toda vez que perde a sua força. A não ser que ele coloque alguém - o rei Momo - em seu lugar por alguns dias, durante os quais este goza de todos os privilégios: o carnaval. Após esses dias, o rei substituto será sacrificado: quarta-feira de cinzas. O rei é um herói por excelência de um povo, ainda que seja um rei simbólico: serve para a autoafirmação desse povo; é a vitalidade personificada.

A risada do herói é a própria alegria de viver. Esquerda volver! Assim como existe a narrativa trivial de direita, existe a de esquerda: a primeira afirma o status quo, a segunda propõe modificá-lo. Toda vez que uma revolução se instaura num país, ela precisa produzir muita literatura trivial de esquerda para se legitimar e obter apoio para as mudanças que ela procura implementar. Mas esse tipo de narrativa também existe antes de qualquer revolução, como expressão das reivindicações das classes baixas. A narrativa trivial de esquerda procura simplesmente demonstrar que a classe alta, e tudo o que a ela pertence, é o baixo por natureza. É, nesse sentido, o alto tudo o que pertencer à classe baixa: dentro do mesmo padrão de clichês repetitivos da trivialidade de direita. É claro que esse “esquerdismo” (termo usado por falta de outro melhor, mas no qual teria de ser detalhada a dialética a ele inerente) pode variar conforme a época e o momento. O grau de esquerdismo pode variar: do legal ao ilegal. De certo modo, um Dom Diego/Zorro, à medida que luta contra a dominação espanhola do México, é um herói trivial de esquerda assim como Robin Hood também o é. A ideologia deste - roubar dos ricos para dar aos pobres - pode aparecer em folhetins nordestinos entronizando Lampião como herói (ainda que isso não corresponda à verdade histórica): essa ideia de redistribuição da riqueza em soluções individuais, sem alterar radicalmente o sistema da propriedade fundiária, corresponde a uma perspectiva política que se poderia chamar de social democrata.

A carência basicamente de trivialidade de esquerda é que, ao fazer do alto simplesmente o baixo, e do baixo o elevado, ele não só desconhece a natureza complexa e contraditória da realidade como também imagina que a classe baixa, ainda que seja vista como depositária da esperança de redenção da história, possa ser melhor do que o todo da sociedade em que vive. A narrativa trivial pode ser um espelho mágico em que cada classe contempla a outra, mas tende a contemplar apenas sua própria imaginação quanto à outra classe. No momento em que a narrativa trivial mostrasse a Branca de Neve dos anões operários, teria o seu espelho quebrado em estilhaços pelos poderes vigentes: mas a narrativa artística surge contemporaneamente da possibilidade anunciada pelos estilhaços. Feminino/masculino. A narrativa trivial feminina pode usar diferentes veículos: a fotonovela, a novela-cor-de-rosa, a telenovela, o cinema água-com-açúcar etc. De um modo geral destina-se ao público feminino, o que caracteriza também o seu enredo. Basicamente tem se aí sempre uma heroína, uma mocinha com diversas virtudes, e um herói romântico, cheios de excepcionais qualidades. São como que deuses sobre a terra. Estão predestinados a casarem um com o outro. Mas, para que haja enredo, surgem vários empecilhos entre eles, o mais frequente o fato de ela ser pobre e ele ser rico.

É claro que o que ela mais quer é “dar o golpe do baú”, só que exatamente isso é que não pode ser reconhecido. No fim, depois de diversas peripécias, tem-se o final feliz, com o casamento desses maravilhosos seres. A moral da história é, à primeira vista, a tese de que “o amor tudo vence”. Subjacente a ela, há, porém, uma outra tese, que é, basicamente, a de que a melhor coisa na vida é pertencer a classe alta (o que não deixa de estar correto até certo ponto) e que o melhor que se tem a fazer é se identificar com ela e amá-la através de todas as dificuldades e alegrias. Essas narrativas triviais femininas podem ser, portanto, classificados, como “de direita”. São “femininas” dentro de um padrão bem estereotipado, pois as próprias narrativas são estereotipadas, assim como o seu público. Elas são a antítese e o complemento das narrativas triviais “masculinas”. Nessas narrativas, a estruturação da sociedade em classes aparece como um problema, mas como um problema a ser resolvido individualmente, pela mobilidade social, pela possibilidade de ascensão social. Potencialmente seria possível haver a narrativa trivial feminina de esquerda, mas é uma categoria completamente sufocada entre nós, em vista das relações de poder vigentes. Uma série como Malu Mulher caminharia nessa direção. A narrativa trivial feminina de esquerda é entre nós ainda mais restrita do que a masculina porque a mulher vive ainda mais sufocada do que o homem. Um dos fundadores do movimento cinematográfico reconhecido como Nouvelle Vague e um dos maiores ícones da história do cinema do século XX, em quase 25 anos de carreira como diretor Truffaut dirigiu 26 filmes, conseguindo conciliar um grande sucesso de público e de crítica na maior parte deles. Os temas da obra foram as mulheres, a paixão e a infância. Além da direção cinematográfica, ele foi também roteirista, produtor e ator.

Junto com Jean-Luc Godard, Truffaut foi uma das mais influentes figurações do novo cinema francês e inspirou Steven Spielberg, Quentin Tarantino, Brian De Palma e Martin Scorsese.  Nascido na capital francesa em 6 de fevereiro de 1932, François era filho de Roland Lévy e Jeanine de Montferrand. O garoto jamais conheceu o pai biológico e foi criado pelos avós maternos - já que a mãe o rejeitara. O avô era um homem rígido, enquanto a avó despertou no menino a paixão pela literatura e música. Com sete anos, François viu o primeiro filme no cinema, Paradis Perdu, de Abel Gance. Dali em diante, interessou-se assiduamente pela sétima arte. Aos 10 anos, François perdeu a avó e foi morar com a mãe, que estava casada com Roland Truffaut, um arquiteto católico. Este acabou registrando o garoto com o seu sobrenome. Foi o mais difícil da infância de Truffaut. Rechaçado tanto pela ausência paterna pelo “pai adotivo” quanto pela mãe, seu espírito rebelde transformou-o em mau aluno na escola e o induziu a cometer alguns atos de delinquência, como pequenos furtos. Esta fase de convívio com os pais inspiraria futuramente na construção socialmente de seu primeiro longa-metragem cinematográfico, o autobiográfico Os Incompreendidos. Truffaut costumava faltar às aulas para assistir a muitos filmes secretamente, muitas vezes com o colega de classe Robert Lachenay, considerado seu grande amigo na infância. Aos 14, abandonou a escola e passou a viver de pequenos trabalhos e alguns furtos.                 

A paixão pelo cinema fez o jovem Truffaut fundar, em 1947, um cineclube, chamado Cercle Cinémane. Aquela era uma época de enorme efervescência cultural na França do pós-Segunda Guerra Mundial, e os cineclubes, lotados, eram o local para se assistir às projeções e discuti-las depois. Mas o Cercle não teria vida longa, já que ele concorria com o Travail et Culture, cineclube do escritor e crítico de cinema André Bazin. Quando este soube que o Cercle estava à beira da falência, foi conhecer o jovem Truffaut e, sensibilizado com o menino cinéfilo, passou a ser uma espécie de tutor para François. A influência de Bazin na vida de Truffaut foi decisiva, que se tornou autodidata - esforçava-se para ver três filmes por dia e ler três livros por semana. Ele até chegou a fazer um acordo com o pai adotivo, que lhe custearia despesas derivadas de sua vida cinéfila. Em troca, Roland Truffaut exigiu que François arrumasse um emprego estável e abandonasse o seu cineclube de vez. Mas o garoto descumpriu o acordo, e como forma de punição Roland Truffaut o internou em um reformatório juvenil de Villejuif e passou sua custódia para a polícia. Os psicólogos do reformatório contactaram Bazin, que prometeu um emprego no Travail et Culture. Sob liberdade condicional, Truffaut foi internado em um lar religioso de Versailles, depois foi expulso por mau comportamento.

Sobre a literatura do Leste europeu já se disse alhures que os autores daquele lado frio da Europa parecem compreender o que há de mais vergonhoso dentro de nós. Tudo aquilo que tentamos esconder, eles mostram com certo desprezo. Como se fosse uma banalidade risível. Todos os nossos medos e anseios, as nossas bobagens estupidamente humanas e além-fronteiras, nossas barbáries, nosso ciúme, mesquinhez, delinquência e humor universal. Está tudo ali, retratado fielmente da forma que é. Sem limites e sem disfarces ou máscaras sociais pela sua capacidade sem igual de compreender nossas fraquezas, sua generosidade em perdoar a raça humana por sua notória embriaguez. Há algo de lúcido nestes autores que raramente encontramos nos escritores de outras nações. Na República Tcheca, por exemplo, 70% da população não acreditam em Deus. Suas igrejas estão sendo transformadas em hotéis e há um profundo desprezo pelas coisas transcendentais do espírito. Mas lendo os autores tchecos, temos a impressão de que sua descrença é proveniente de sua profunda compreensão sobre as falhas e nossos erros humanos. Se acreditassem que o ser humano é feito à imagem e semelhante de Deus, então teriam que conceber uma nova divindade desajustada e infinitamente imperfeita. Mesmo que a grande massa da produção social literária seja trivial e atenda às necessidades dominantes no mercado, a maior parte do apetite pela narrativa trivial é atendida pela televisão. Isso poderia liberar uma parte da produção literária para um tipo de produção mais refinado, mas este espaço tenderia a ser preenchido por alguns programas de televisão. Sendo comercial, a televisão não tem interesse em promover a leitura enquanto concorrência. Não se deve confundir o instrumento de comunicação com as relações de poder que nele instrumentalizam a manipulação.

Apesar da aparência de variação e da grande variação das aparências, a narrativa trivial se caracteriza pela repetição e pelos clichês, a nível de enredo, personagens, temário, valores e final. Existe a “narrativa trivial de direita” e a “narrativa trivial de esquerda”; existe a “narrativa trivial masculina” e a “narrativa trivial feminina”. Exatamente porque a sua estrutura profunda é tão repetitiva é que a estrutura de superfície da narrativa trivialmente precisa ser tão variada. Corresponde a uma idade mental infantil, não-desenvolvida ou regressiva. Direita volver! Nas narrativas triviais de direita aparece a diferença entre o socialmente alto e o baixo, como nas obras clássicas, mas procurando criar, provocar e reforçar uma fascinação não-crítica do baixo pelo alto. Para tanto, a classe alta não precisa aparecer nem atuar diretamente: basta que os valores e interesses que ela representa sejam os preponderantes. São narrativas triviais por causa das características já mencionadas quanto ao automatismo de sua estrutura profunda: são incapazes de apreender ou mostrar a natureza contraditória e complexa da realidade. Elas usam diferentes veículos: cinema, tevê, revistas em quadrinhos, novelas etc. Os nomes dos super-heróis que constituem as dominantes desses sistemas podem variam: Capitão Marvel, Buck Rogers, Kojac etc. O herói pode ser branco ou inclusivamente preto, homem ou mulher, atuar sozinho ou em grupo, ser um policial ou um cidadão, ser de carne e osso ou ser um super-herói de tevê ou de revista em quadrinhos, ser rico ou ser pobre etc.: a sua função básica é sempre a mesma. Ele é o defensor da lei.

A lei é, para ele, aplicação da justiça. É a lei que ele defende - geralmente a favor do governo, mas podendo inclusive fazer com que ele se volte algum momento contra algum representante governamental - é, por baixo de todos os mil escamoteamentos, a lei da propriedade privada, a lei da estrutura vigente nesta sociedade. A própria lei não é vista como gerada em função de certos interesses e não de outros etc. Sempre se tem a mesma estrutura profunda: uma norma é violada, uma norma subordinada à lei maior da manutenção da propriedade privada; o herói procura o vilão que a violou: o violador é encontrado e punido; violas ressoam para o herói. A divisão entre bem e mal é rigidamente maniqueísta; bom herói é quem defende a lei; mau é quem vai contra a lei. A própria lei nunca é discutida nem questionada: ela é absoluta. Este herói masculino de direita é de certo modo um pseudo-herói: sempre já se sabe que no fim ele vai vencer. Ele é “masculino” porque geralmente é um homem (ainda que a Mulher Maravilha e as Panteras façam o mesmo tipo de papel) e porque em geral esse tipo de narrativa se volta para um público formada por homens (que até preferem ficar curtindo belas garotas desempenharem esses papéis cheios de golpe de judô). Ele é de “direita” dentro da simples divisão que se coloca em nossa era entre a defesa do capitalismo e a luta em favor do socialismo. A estrutura profunda dessas narrativas representa e constitui orientação que é política. Sob a aparência de diversão, tem-se uma doutrinação ideológica.

Em geral esse herói ainda que em si seja considerado insubstituível, conta com algum auxiliar mágico, que pode ser desde um assistente, uma pistola especial ou até uma singular habilidade. O vilão pode ser desde um agente russo, a máfia, uma potência interestelar, um vizinho ganancioso até um dragão especial ou um robô estragado. No fim o herói vence e é recompensado, de preferência pelo sorriso do chefe e a companhia de uma das beldades. Quanto mais essas narrativas têm todas o mesmo substrato, tanto mais elas precisam sofisticar a sua parafernália tipicamente nos filmes de 007. Uma época esclarecida, nenhuma foi mais dominada por mitos e mistificações comparativamente do que a nossa. O herói da narrativa trivial é um pseudo-herói; só aparentemente ele arrisca a vida; de fato, já de antemão se sabe que ele vai vencer. Ele serve para assegurar que o sistema vigente é superior. E ele efetivamente o é, no momento, a ponto de este tipo de narrativa ser preponderante. Quanto mais este herói é um pseudo-herói, tanto mais se necessita fazer dele um super-herói. Quanto mais fracos os homens numa sociedade, tanto mais eles precisam de super-heróis. E tanto mais super-heróis eles recebem para se manterem fracos. Esses “heróis” aparentemente correm grandes perigos e só no último instante salvam a situação e a si mesmos, um resultado já esperado pelo espectador ou leitor, pois pertence a poética normativa e ao código do gênero: isto corresponde à situação do próprio receptor. Apesar dos perigos em seu dia-a-dia para sobreviver, é-lhe assegurado que, no fim, tudo vai dar certo.    

Que tudo acabe dando certo é o que mais deseja o instinto de sobrevivência. Por outro lado, existe aí implícito um sonho de justiça e de valorização dos mais fracos, que é transferido para o reino da fantasia. O automatismo do trivial é um conservadorismo. O seu Happy End é a restauração da situação anterior à violação inicial da norma. Está aí implícita a tese de que a felicidade é a manutenção do status quo. O que está, aliás, plenamente correto para aqueles que são mais beneficiados pela situação. O automatismo subjacente à variação de superfície corresponde também à vigência das mesmas estruturas de poder e trabalho, o cansaço dos operários após um pesado dia de trabalho. A pessoa não tem mais, então, condições físicas para uma atenção concentrada: só quer ainda relaxar. A televisão é o seu relax-center mais barato. O automatismo da estrutura profunda corresponde ao automatismo do trabalho em série e se respalda no desinteresse quanto a efetivas mudanças sociais. Cria-se a ficção de que, por mais coisas que aconteçam ante os olhos do espectador ou do leitor, ele mesmo jamais é atingido nem envolvido por elas, ele mesmo não tem anda a ver com isso. A noite lhe é ensinada não se envolver o que acontece à sua volta durante o dia. É-lhe também ensinado que o melhor é manter o status quo, enquanto outros é que se encarregarão de “fazer justiça”.

A trivialidade representa o modo dominante de produção e consumo de narrativas porque corresponde ao modo de produção dominante de mercadorias, ou melhor, é este modo de produção no setor das narrativas enquanto mercadorias. A atenção concentrada e demorada que é exigida pela natureza única da grande obra de arte, ao invés de ser liberada e desinibida pela automatização, funciona como ocasional oásis dentro dessa preponderância mesmice sob a aparência de diversidade. As obras triviais tendem ao happy end, assim como as obras literárias mais artísticas tendem ao bad end. Este final infeliz pode, contudo, funcionar como um modo de esconjurar a infelicidade na vida, assim como o final feliz corresponde ao desejo de felicidade inerente a todo ser humano. Se todo herói grego é produto da hybris, mantendo em si essa duplicidade de deus e homem, fato que acaba se revelando ao longo do seu percurso, tal dupla dimensão tende a se configurar também nos heróis triviais e, de modo mais fragrante, nos super-heróis. O mocinho de far-west geralmente parece primeiro um bom mocinho que não quer meter-se em encrencas, mas depois aparece o seu lado mais heroico, divino. Um simples e medroso jornalista como Clark Kent se torna o Super-Homem. Uma simples secretária se transforma num passe de mágica, na Mulher-Maravilha. O Pateta, com alguns amendoins, se transforma no Super-Pateta. E todos eles são defensores da justiça e da lei. Por outro lado, certas figuras de carne e osso passam a corporificar, nos meios, determinadas figuras míticas do passado: um boxeador peso-pesado é um novo Hércules; uma atriz é o próprio mito da eterna juventude; outra é uma Afrodite revivida.

A dimensão de divindade que está por trás de cada uma dessas figuras serve para conferir uma enorme autoridade a elas no momento em que passam a recomendar determinados produtos para o consumo da população. Não só elas são mercadorias de consumo público, mas servem para estimular o público a consumir mercadorias, tanto mais quanto menos necessárias elas forem. No caso dos super-heróis importados, em geral eles não são pessoalmente proprietários do capital. Batman constitui uma exceção; também o fato de ele ter como que uma dupla personalidade - a de cidadão normal e a de super-herói - configura a natureza híbrida clássica: homem e deus. Para enfrentar heróis tão super, os vilões acabam tendo de ser supervisões: deuses dos infernos, demônios disfarçados de gente, bonecos do mal. Assim também, figuras populares como Nossa Senhora dos Navegantes são como que reencarnações da deusa Diana, uma deusa da fertilidade, assim como a própria Penélope já o era. Em torno de cada uma dessas deusas há como que uma disputa para saber quem será o seu companheiro e, portanto, rei. Esses ritos propiciatórios da reza não só antropomorfizam a natureza como naturificam o rei; o rei precisa ser forte, para representar as forças fecundadoras da natureza. Por isso o rei precisa ser, aparentemente, substituído toda vez que perde a sua força. A não ser que ele coloque alguém - o rei Momo - em seu lugar por alguns dias, durante os quais este goza de todos os privilégios: o carnaval. Após esses dias, o rei substituto será sacrificado: quarta-feira de cinzas. O rei é um herói por excelência de um povo, ainda que seja um rei simbólico: serve para a autoafirmação desse povo; é a vitalidade personificada.  

Bibliografia Geral Consultada.

COTTIER, Georges, L`Athéisme du Jeune Marx: Ses Origines Hégéliennes. Paris: Editeur Vrin, 1969; NAPOLEONI, Claudio, Smith, Ricardo, Marx. Considerazioni sulla Storia del Pensiero Econômico. Torino: Boringhieri Editore, 1970; LABARRIÉRE, Pierre-Jean, Structures et Mouvement Dialectique dans la Phénoménologie de L’Esprit de Hegel. Paris: Éditions Aubier, 1975; CHAPLIN, Charles, Mis Primeros Años. Buenos Aires: Emecê Editores, 1981; KUNDERA, Milan, La Identidad. Traducido del francês por Beatriz de Moura. Barcelona: Tusquets Editores, 1998; SARNO, Gregory, Luzes, Câmera, Ação: Criando um Roteiro de Ação. New York: Littlebear Productions, 2005; GALLAGHER, Mark, Bonecos de Ação: Homens, Filmes de Ação e Narrativas de Aventura Contemporâneas. Londres: Editor Palgrave Macmillan, 2006; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007; ANTUNES, Ricardo, The Meanings of Work. Essay on the Affirmation and Negation of Work. Leiden/Boston: Brill/HM Book Editor, 2013; BÜLL, Sandra, Quantas Vidas Vive um Trabalhador? Trabalho e Cultura Popular. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2016; SILVA, Selmo Nascimento de, Greves e Lutas Insurgentes: A História da AIT e as Origens do Sindicalismo Revolucionário. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2017; VIEIRA, Regina Stela Corrêa, Cuidado como Trabalho no Mundo: Uma Interpretação do Direito do Trabalho a partir da Perspectiva de Gênero. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Faculdade de Direito. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018; BITEL, Anton, Derramamento de sangue heroico: como o estilo de Hong Kong foi roubado por Hollywood. Londres: Instituto Britânico de Cinema, 2019; BARROWMAN, Kyle, “Origens do Filme de Ação”. Em Kendric, James (Org.), Um Companheiro para o Filme de Ação. Estados Unidos: Blackwell Publishing, 2019; CAPARROZ, Leo, “Freelancers perderam espaço e dinheiro para as IAs generativas”. In:  https://vocesa.abril.com.br/carreira/05/03/2025; entre outros.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Theo Kojak - Antologia Dramática & Herança Greco-Americana.

                                           Se queres a verdadeira liberdade, deves fazer-te servo da filosofia”. Epicuro

                 

          Anthologiai eram coleções de pequenos poemas e epigramas gregos, porque na cultura grega a flor simbolizava os sentimentos mais refinados que somente a poesia pode expressar. A palavra vem do grego antigo ἀνθολογία (anthología, “coleta de flores”), de ἀνθολογέω (anthologéō, “eu colho flores”), de ἄνθος (ánthos, “flor”) + λέγω (légō, “eu colho, pego, coletar”), inventado por Meleagro de Gadara, um poeta e compilador de epigramas em torno de 60 a. C, originalmente como Στέφανος στέφανος (stéphanos, “guirlanda”) para descrever uma coleção de poesia, renomeada antologia. Uma série antológica ou série de antologia contemporaneamente é uma série de rádio, televisão ou filme que abrange diferentes gêneros e apresenta uma história diferente e um conjunto diferente de representação de personagens em cada episódio, temporada, segmento ou curta. Estes geralmente têm um elenco diferente em cada episódio, mas várias séries no passado, como Four Star Playhouse (1952), empregavam uma trupe permanente de atores que apareciam em um drama diferente a cada semana. Algumas séries antológicas, como Studio One (1947), começaram no rádio e depois se expandiram para a televisão.  Muitos programas populares de rádio antigos eram séries de antologia.

Em algumas séries, como Inner Sanctum Mysteries (1941-1952), a única constante era o anfitrião, que introduzia e concluía cada apresentação dramática. Um dos primeiros programas foi The Collier Hour, transmitido na NBC Blue Network de 1927 a 1932. Como a primeira grande antologia dramática do rádio, adaptou histórias sociais e seriados do Collier`s Weekly (1888) em um movimento calculado para aumentar as assinaturas e competir paralelamente, foi uma decisão emocional, impulsionada pela admiração simultânea com o The Saturday Evening Post, uma revista americana publicada seis vezes por ano. Passa a ser semanalmente de 1897 até 1963 e, quinzenalmente até 1969. Das décadas de 1920 a 1960, foi uma das revistas de maior circulação e influência entre a classe média americana, com ficção, não ficção, charges e reportagens que chegavam a dois milhões de lares por semana. Exibido na quarta-feira anterior à distribuição de cada semana da revista, o programa logo passou para os domingos, a fim de evitar spoilers com dramatizações de histórias que apareciam simultaneamente na revista. Telly Savalas, nascido Aristotles Savalas, em Garden City, Long Island, Nova Iorque, em 21 de janeiro de 1922 e falecido na Universal City, Califórnia, em 22 de janeiro de 1994, foi um ator de televisão e cinema dos Estados Unidos, filho de imigrantes gregos. 

Serviu como soldado na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e estreou como ator tardiamente em seriados televisivos no final dos anos 1950. Antes de ser escalado como Kojak, era conhecido apenas por papéis de bandido, muitos deles rodados na Itália. Também foi indicado para o Oscar, em 1963, por sua atuação coadjuvante em Birdman of Alcatraz (1962). Através do personagem de detetive Kojak, em 1973, que Telly Savalas tornou-se internacionalmente reconhecido, além de ganhar um Emmy pela atuação na série. A fama fez com que chegasse a gravar dois discos de canções românticas. Com o fim do seriado, retirou-se da vida artística e a se dedicar ao golfe, seu hobby favorito. Além de interpretar Kojak, também interpretou Ernst Stavro Blofeld, um supervilão fictício da série de romances e filmes James Bond, criado por Ian Fleming, On Her Majesty`s Secret Service, um filme britânico de ação, aventura, drama, romance, thriller e espionagem de 1969, o sexto da série 007. O ator australiano George Lazenby interpreta Bond pela primeira e única vez substituindo Sean Connery, que voltaria em Diamonds are Forever. O editor dos filmes Peter R. Hunt, pediu aos produtores Harry Saltzman e Albert R. Broccoli para dirigir a realização do filme. Em 1979 teve papel relevante no filme “Dramático Reencontro no Poseidon”, sequência de “O Destino de Poseidon”. Morreu em 1994 de câncer de bexiga. Foi enterrado na ala George Washington do Forest Lawn Memorial Park, em Los Angeles, Estados Unidos. Em sua lápide, uma reconhecida citação de Platão: “A hora da partida chegou, e seguimos nossos caminhos: eu para morrer, e você para viver. O que é melhor só Deus sabe”.                                


Kojak é uma série de TV norte-americana produzida pela rede de TV CBS, entre 23 de outubro de 1973 e março de 1978, assumindo o horário da série sobre detetives, Cannon (1971-1976), que passou a ser exibida uma hora antes. A série teve 125 episódios, divididos em cinco temporadas. Ela foi estrelada pelo ator Telly Savalas no papel-título. Charmoso e com um estilo que incorpora alguns elementos da malandragem das ruas de Nova York, Theo Kojak era um competente e extravagante tenente de polícia, que trabalhava no 13º Distrito, zona Sul de Manhattan, o mais antigo e densamente povoado dos cinco burgos que formam a cidade estadunidense de Nova Iorque. Nos anos 1980 o personagem retornou em duas ocasiões, em telefilmes de maior duração. Em 1989 a ABC tentou reviver a série, mas não obteve sucesso e o projeto foi abandonado na primeira temporada. Em 2005 foi relançada por um canal a cabo, com o ator Ving Rhames no papel de Kojak, sem também obter maior êxito. O detetive Theo Kojak, ou simplesmente Kojak (Savalas) foi visto pela primeira vez numa pequena participação no telefilme The Marcus-Nelson Murders (1973). Este filme, baseado em caso real, serviu de inspiração para o personagem Kojak. O sucesso foi imediato, e a Columbia Broadcasting System (CBS) decidiu criar a série com o personagem, que estreou dois meses depois. O nome do primeiro episódio foi traduzido para O Cerco do Terror. Fundada em 1927, em Nova Iorque, a CBS faz parte das três maiores redes de televisão estadunidenses, ao lado da NBC e da ABC. Possui importantes instalações técnicas de produção e operações no CBS Broadcast Center e na sede da Paramount no One Astor Plaza, ambas em Nova Iorque, além da Television City e do CBS Studio Center, em Los Angeles.

Manhattan e o condado de Nova Iorque consistem na Ilha de Manhattan e de várias outras pequenas ilhas adjacentes: Roosevelt Island, Randall`s Island, Wards Island, Governors Island, Liberty Island, parte de Ellis Island, e U Thant Island; assim como Marble Hill, uma pequena seção continental de terra, adjacente ao The Bronx. A cidade de Nova Iorque começou no extremo Sul de Manhattan, se expandiu para o Norte, e então, entre 1874 e 1898, incorporou terras dos condados ao seu redor. Apesar de manter um certo ar conservador, Kojak muitas vezes usava de métodos que aprendia nas ruas, escandalizando seus superiores. Ele comandava uma equipe que incluía os detetives Stavros (George Savalas, irmão de Telly e às vezes identificado como Demóstenes nos créditos de abertura), Saperstein (Mark Russel) e Rizzo (Vince Conti). Faziam parte do elenco ainda o detetive-chefe Frank McNeil (Dan Frazer), ex-parceiro de Kojak nas ruas, e o tenente Bobby Crocker (Kevin Dobson). Algumas particularidades do detetive (sua calvície lustrosa e a mania de chupar pirulitos, por exemplo), aumentaram ainda mais a simpatia do público pelo personagem. Por sua atuação como Kojak, Savalas recebeu um Prêmio Emmy de melhor ator em série dramática de televisão e o seriado recebeu o Globo de Ouro de melhor série dramática em 1975. No Brasil, a série foi apresentada nos anos 1970 pela Rede Globo de TV em horário nobre. A popularidade foi tanta que o nome Kojak tornou-se sinônimo de calvície, e o personagem acabou virando até marchinha de carnaval. Por conta desse sucesso, ele fez visitas promocionais ao país. Em 1989, a série foi reapresentada nas madrugadas de terça-feira da Rede Manchete, com sede no Rio de Janeiro fundada em 5 de junho de 1983 pelo empresário e jornalista Adolpho Bloch, antes do encerramento de sua programação. Em 2014 estreou na Rede Brasil.                                                           

Os greco-americanos ​​são americanos de ascendência grega total ou parcial. Eles somam pelo menos 1,2 milhão, dos quais 264.066 (22%) com mais de cinco anos de idade falam grego em casa. Os Estados Unidos abrigam o maior número de gregos fora da Grécia, seguidos por Chipre e Austrália. Os greco-americanos têm as maiores concentrações na cidade de Nova York, Boston, e Chicago, mas se estabeleceram em grandes áreas metropolitanas por todos os Estados Unidos. Em 2000, Tarpon Springs, Flórida, abrigava a maior comunidade de greco-americanos proporcionalmente, com pouco mais de 10%. Na região da cidade de Nova York, Astoria, no Queens, abriga uma vibrante comunidade grega e um bairro grego oficial. Bairros gregos oficialmente designados pelas cidades existem em Chicago, Detroit e Tarpon Springs, na região de Tampa. Enclaves da comunidade grega também foram encontrados em outras áreas metropolitanas, como na região da Baía de São Francisco, Los Angeles, Filadélfia e em áreas rurais como Campbell, Ohio. Há também fortes comunidades gregas em Boston, no Vale do Lago Salgado e na Carolina do Norte, especialmente nas áreas de Charlotte e Asheville. O primeiro grego a pisar em solo americano foi Johan Griego (João, o Grego), em 1492. Ele era membro da expedição de Cristóvão Colombo. Pelo menos dois outros gregos o seguiram depois; eram irmãos que navegaram com Colombo em sua segunda (1493) e terceira (1498) expedições. Historiadores espanhóis e ingleses mencionam três gregos que navegaram com Fernão de Magalhães em 1520 em sua viagem à Patagônia.

            O bairro se define como uma organização coletiva de trajetórias individuais. A organização da vida cotidiana se articula na prática ao menos segundo dois registros: 1. Os comportamentos, cujo sistema se torna visível no espaço social da rua e que se traduz pelo vestuário, pela aplicação mais ou menos estrita dos códigos de cortesia, o ritmo de andar, o modo como se evita ou ao contrário se valoriza este ou aquele espaço público. 2. Os benefícios simbólicos que se espera socialmente obter pela maneira de “se portar” no espaço do bairro aparecem como o lugar onde se manifesta um “engajamento” social: uma arte de conviver com parceiros (vizinhos, comerciantes) que estão ligados a você pelo fato concreto, mas essencial, da proximidade e da repetição. Existe uma regulação articulando um ao outro esses dois sistemas com o auxílio do conceito de conveniência, que surge no nível dos comportamentos, representando um compromisso pelo qual cada pessoa, renunciando à anarquia das pulsões individuais, contribui para a vida coletiva, retirando daí benefícios simbólicos necessariamente protelados. Ipso facto, pela relação social “saber comportar-se”, o usuário se obriga a respeitar para que seja possível a vida cotidiana. A contrapartida desse tipo de imposição é para o usuário a certeza de ser reconhecido e, portanto, considerado afetivamente por seus pares, e fundar assim em benefício próprio uma relação de forças nas diversas trajetórias que percorre.

O bairro é por definição, segundo Michel de Certeau, um domínio do ambiente social, pois constitui para o usuário uma parcela conhecida do espaço urbano na qual positiva ou negativamente ele se sente reconhecido. Pode-se, portanto apreender o bairro, simplificadamente, como esta porção do espaço público em geral em que se insinua um “espaço privado particularizado” pelo fato do uso quase cotidiano desse espaço social integrado. A fixidez do habitat dos usuários, o costume recíproco do fato da vizinhança, os processos de reconhecimento que se estabelecem graças à coexistência concreta em um mesmo território urbano, todos esses elementos práticos se nos oferecem como imensos campos de exploração em vista de compreender um pouco melhor esta grande desconhecida que é a nossa vida cotidiana. O bairro surge como o domínio onde a relação espaço/tempo é a mais favorável para um usuário ordinário que deseja deslocar-se por ele a pé saindo de sua casa. Por conseguinte, é o pedaço da cidade atravessado por um limite distinguindo o espaço privado do espaço público: é o que resulta de uma caminhada, da sucessão de passos numa calçada, pouco a pouco significada pelo seu vínculo orgânico com a residência. Diante do conjunto da cidade, atravancado por códigos que o usuário não domina, mas que deve assimilar para poder viver aí, em face de uma configuração in statu nascendi dos lugares impostos pelo urbanismo, diante dos desníveis sociais internos ao espaço urbano, o usuário sempre consegue criar para si algum lugar de aconchego, itinerários para o seu uso ou seu prazer, que são as marcas que ele soube, por si mesmo, impor ao espaço urbano.                                 

Metodologicamente o bairro é uma noção dinâmica, que necessita de progressiva aprendizagem. Vai progredindo mediante a repetição do engajamento do corpo do usuário no espaço público até exercer uma apropriação. A trivialidade desse processo, partilhado por cidadãos, torna inaparente a sua complexidade enquanto prática cultural e a sua urgência para satisfazer o desejo urbano dos usuários da cidade.  Pelo fato do seu uso habitual, o bairro pode ser considerado como a privatização progressiva do espaço público. O bairro constitui o termo médio de uma dialética existencial entre o dentro e o fora. E é na tensão entre esses dois termos, um dentro e um fora, que vai aos poucos se tornando o prolongamento de um dentro, que se efetua a apropriação do espaço. Um bairro poder-se-ia dizer, é assim uma ampliação do habitáculo; pelo usuário, ele se resume à soma das trajetórias individuais inauguradas a partir do seu local conscrito na origem de sua habitação. Não é propriamente uma superfície urbana transparente para todos ou estatisticamente mensurável, mas antes as condições e possibilidades oferecidas a cada um de inscrever na cidade um sem-número de trajetórias cujo núcleo irredutível continua sendo sempre a esfera do privado.  Existe a elucidação de uma analogia formal entre o bairro e a moradia: cada um deles tem, com os limites que lhe são próprios, a mais alta taxa de controle pessoal possível, pois tanto aqueles como esta são os únicos lugares vazios onde, de maneira diferente, se pode fazer aquilo que se quiser.

O limite público/privado, que parece ser a estrutura fundadora do bairro para a prática de um usuário, não é apenas uma separação, mas dialeticamente constitui uma separação que une. Michel de Certeau (1925-1986) chama atenção para a relação entrada/saída, dentro/fora se imiscui comparativamente dentre relações sociais como casa/trabalho, conhecido/desconhecido e assim por diante, mas representa sempre uma relação social entre uma pessoa e o mundo material e social, condicionado por uma dialética constitutiva da autoconsciência que vai haurir, nesse movimento de ir e vir, de mistura social e de recolhimento íntimo, a certeza de si mesma enquanto imediatamente social. Essa diferença entre a essência e o exemplo, entre a imediatez e a mediação, quem faz não somos nós apenas, mas a encontramos na própria certeza sensível; e deve ser tomada na forma em que nela se encontra, e não como nós acabamos de determina-la. Na certeza sensível, que é uma relação inexorável na vida, por exemplo, um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou como a essência: o objeto. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, mas por meio do Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto faz que seja conhecido ou não. 

Permanece mesmo não sendo conhecido – enquanto o saber não é, se o objeto não souber que pode ser. Trata-se da singularidade de apreensão do objeto. O indivíduo, ator, identidade, grupo social, classe social, etnia, minoria, movimento social, partido político, corrente de opinião pública, poder estatal, todas estas “manifestações de vida”, não mais se esgotam no âmbito da sociedade nacional, o que nos faz admitir que a diferenciação em comunidades locais, tribos, clãs, grupos étnicos, nações e até mesmo Estados, perderam ao menos algo do seu significado anterior. Na chamada “sociedade global” generalizam-se as relações sociais, processos e as estruturas de dominação e apropriação, antagonismo e integração. Modificam-se os indivíduos, as coletividades, as instituições, as formas culturais, os significados das coisas, gentes e ideias, vistos em configurações histórico-sociais. Se as ciências sociais nascem e desenvolvem-se como forma de autoconsciência científica da realidade social, pode-se imaginar que elas podem ser seriamente desafiadas quando essa realidade já não é mais a mesma. A formação da sociedade global pode envolver novos problemas epistemológicos, além de históricos e/ou ontológicos. É o êxtase do estranhamento absoluto que na realidade é fruto de análise e interpretação.

Seus nomes são listados como: Nikolao, Ioanni e Mattheo. Outro grego, Dom Doroteo Teodoro, era um marinheiro que desembarcou na chamada Baía de Boca Ciega, no sítio arqueológico de Jungle Prada, na atual São Petersburgo, Flórida, com a expedição de Narváez em 1528. Ele foi fundamental na construção das jangadas que os sobreviventes da expedição construíram e navegaram desde o atual Rio St. Mark, na Flórida, até naufragarem perto da Ilha de Galveston, no Texas. Teodoro foi capturado por nativos enquanto navegavam ao longo da costa do Golfo em direção ao Oeste e nunca mais foi visto. Presume-se que ele tenha sido morto pelos nativos. Dom Doroteo Teodoro é considerado o primeiro grego a ter pisado em solo que hoje faz parte dos Estados Unidos. Pedro de Candia (“Petros, o Cretense”), um aventureiro e soldado grego de Creta, é reconhecido por ser um tenente de Francisco Pizarro que conquistou o império do Peru e fundou a cidade de Lima. Quando Francis Drake (1540-1596) chegou a Valparaíso, Chile, em 1578, encontrou lá um piloto grego chamado Ioannis que atuou como piloto de Drake até acidade de Lima, Peru. Dez anos depois, Thomas Cavendish (1560-1592) encontrou um piloto grego chamado Georgio, que conhecia as águas do Chile. Ambos os pilotos gregos devem ter estado na região por muitos anos para terem conhecimento suficiente das águas para atuarem como pilotos de navios visitantes. Em 1592, o capitão grego Juan de Fuca (1536-1602) de nome original: Ioannis Fokas ou Apostolos Valerianos, navegou pela costa do Pacífico sob a bandeira espanhola, em busca da lendária Passagem Noroeste entre o Pacífico e o Atlântico.

Ele relatou ter descoberto uma massa de água, um estreito que leva seu nome: o Estreito de Juan de Fuca, que faz parte da fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos. Há um relato de que um grego cretense chamado Konopios operava um café na Nova Inglaterra em 1652. Os registros mostram que um grego, Michael Dry (Youris), tornou-se cidadão naturalizado por ato da Assembleia Geral de Maryland em 1725. Isso faz de Dry o primeiro grego reconhecido por residir permanentemente no que são os Estados Unidos. Cerca de 500 gregos de Esmirna, Creta e Mani se estabeleceram em New Smyrna Beach, Flórida, em 1768. A colônia não prosperou e os colonos se mudaram para Santo Agostinho em 1776. Em novembro de 1777, uma capela grega foi estabelecida em Santo Agostinho, onde os gregos podiam orar com seus próprios ritos. Quase 200 anos depois, a capela foi designada Santuário Nacional Ortodoxo Grego de São Fócio pela Igreja Ortodoxa Grega e existe até hoje como um remanescente de sua presença, tendo sido construída sobre o local da Casa Avero, considerada o primeiro local de culto ortodoxo grego nos Estados Unidos. O primeiro estudioso greco-americano notável foi John Paradise. 

Ele foi persuadido a imigrar para a América por Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, a quem conheceu na Europa. Paradise casou-se com uma integrante da notável família Ludwell (1810-1852), uma das famílias coloniais mais proeminentes da Virgínia. Evstratii Delarov (1744-1808), natural do Peloponeso, foi o primeiro explorador e comerciante grego documentado a chegar ao Alasca. De 1783 a 1791, ele foi responsável por todas as operações comerciais russas nas Ilhas Aleutas e no Alasca. Ele é considerado o primeiro governador de fato do Alasca. Michel Dragon, um comerciante grego que participou da Guerra da Independência Americana como tenente. Registros antigos mostram que Michel Dragon (Michalis Dracos) e Andrea Dimitry (Andrea Drussakis Demetrios) se estabeleceram em Nova Orleans por volta de 1799. Michel Dragon foi tenente na Revolução Americana e Andrea Dimitry (1775-1852) participou da Guerra de 1812. Andrea casou -se com a filha de Michel Dragon, Marianne Celeste Dragon, e estabeleceu uma pequena comunidade em Nova Orleans. O casamento entre eles em 1799 foi o primeiro casamento conhecido entre gregos na América. Seu filho foi o embaixador dos Estados Unidos na Costa Rica e Nicarágua, Alexander Dimitry. Outro refugiado grego chamado George Marshall também veio para os Estados Unidos por volta desse período. Ele nasceu em Rodes em 1782. Marshall ingressou na Marinha dos Estados Unidos em 1809 e escreveu Marshall`s Practical Marine Gunnery. Marshall teve uma carreira naval de sucesso e tornou-se mestre artilheiro. Seu filho, George J. Marshall, também serviu na marinha. Seu genro era George Sirian. Devido aos problemas com o Estreito de Gibraltar, os Estados Unidos estavam desesperados por comércio com a Europa. Piratas extorquiam americanos, o que levou a duas Guerras da Barbária. Eventualmente, os Estados Unidos formaram o Esquadrão do Mediterrâneo. 

Muitos navios americanos viajaram para o Império Otomano, nomeadamente para Ayvalık. A Guerra da Independência Grega começou em 1821 e durou até 1830. Os americanos estabeleceram missionários na Grécia. Entre os missionários estava Jonas King. Os proeminentes abolicionistas americanos Samuel Gridley Howe (1801-1876) e Jonathan Peckham Miller (1797-1847) participaram na Guerra Grega. Jonathan Peckham Miller adotou o órfão grego Lucas M. Miller. Samuel Gridley Howe também recolheu vários refugiados e trouxe-os para Boston. Alguns dos refugiados que ele trouxe incluíam John Celivergos Zachos e o escritor Christophorus Plato Castanis. A Nova Inglaterra e Boston tornaram-se o lar de inúmeros refugiados gregos durante a década de 1820. Alguns deles foram: o escritor Petros Mengous, Photius Fisk, Gregory Anthony Perdicaris, Evangelinos Apostolides Sophocles, George Colvocoresses e Garafilia Mohalbi. Havia uma grande presença grega no Mount Pleasant Classical Institute e em outras universidades locais. Centenas de órfãos gregos chegaram à Nova Inglaterra. Alguns contribuíram significativamente para os Estados Unidos da América. O Movimento de Escravos Gregos foi iniciado por abolicionistas de Boston. O Movimento dos Escravos Gregos começou na década de 1820, durante o fluxo de jovens refugiados para a Nova Inglaterra. O movimento contribuiu para inúmeras pinturas, esculturas, poemas, ensaios e canções. A morte da escrava grega Garafilia Mohalbi (1817-1830) foi um gatilho para a comoção. Ela foi retratada em muitos poemas e canções. O Movimento dos Escravos Gregos foi tão popular na mídia americana que o escultor Hiram Powers criou a obra “A Escrava Grega”. O Movimento dos Escravos Gregos representou na esfera política uma estratégia abolicionista para abolir a escravidão nos Estados Unidos. O tema acabou se disseminando, alguns exemplos incluem: “O Mercado de Escravos” (pintura de Gérôme), “O Mercado de Escravos” (pintura de Boulanger) e “O Mercado de Escravos” de Otto Pilny. Alguns dos jovens refugiados gregos se tornaram abolicionistas.   

 

John Celivergos Zachos tornou-se um educador proeminente. Ele também foi um ativista dos direitos das mulheres e abolicionista. Photius Fisk foi outro abolicionista que lutou pela causa antiescravagista. Gregory Anthony Perdicaris foi um milionário rico que criou a estrutura para as companhias de gás e eletricidade. George Colvocoresses foi um capitão da Marinha dos Estados Unidos. O Estreito de Colvos recebeu esse nome em sua homenagem. George Sirian foi outro marinheiro da Marinha dos Estados Unidos. O Prêmio George Sirian de Serviço Meritório leva seu nome. Harvard criou um departamento inteiro dedicado a Evangelinos Apostolides Sophocles. O órfão grego Lucas Miltiades Miller tornou-se um congressista dos EUA. Na Guerra Civil Americana, os greco-americanos lutaram por ambos os lados, União e Confederação, com gregos proeminentes como George Colvocoresses (1847-1932), John Celivergos Zachos (1820-1898) e Photius Fisk (1809-1890) participando da guerra pelo lado da União. Uma Companhia Grega dentro da Milícia Confederada da Louisiana foi formada para gregos que lutaram pelos Estados Confederados da América. Após a Guerra Civil, a comunidade grega continuou a prosperar em Nova Orleans, Louisiana. Em 1866, a comunidade era numerosa e próspera o suficiente para ter um consulado grego e a primeira igreja ortodoxa grega oficial nos Estados Unidos. Durante esse período, a maioria dos imigrantes gregos para o Novo Mundo vinha da Ásia Menor e das ilhas do Egeu ainda sob domínio otomano. Em 1890, havia quase 15.000 gregos vivendo nos Estados Unidos.                       

A imigração aumentou na década de 1890 e no início do século XX, em grande parte devido às oportunidades, ao deslocamento causado pelas dificuldades do domínio otomano, às Guerras Balcânicas e à 1ª Guerra Mundial. A maioria desses imigrantes vinha do Sul da Grécia, das províncias do Peloponeso, Lacônia e Arcádia. Historicamente cerca de 450.000 gregos chegaram aos Estados Unidos entre 1890 e 1917, a maioria trabalhando nas cidades do Nordeste dos Estados Unidos; outros trabalharam na construção de ferrovias e em minas no Oeste dos Estados Unidos; outros 70.000 chegaram entre 1918 e 1924. Cada onda de imigração contribuiu para o crescimento do helenismo nos Estados Unidos. A imigração grega nessa época era composta por mais de 90% de homens, em contraste com a maioria dos outros fluxos migratórios europeus para os Estados Unidos, como os de origem italiana e irlandesa, que apresentavam uma média de 50% a 60% de homens. Muitos imigrantes gregos esperavam trabalhar e retornar à sua terra natal após acumularem capital e dotes para suas famílias. No entanto, a perda de sua pátria devido ao genocídio grego e à troca de populações de 1923 entre a Grécia e a Turquia, que deslocou 1.500.000 gregos da Anatólia, Trácia Oriental e Ponto, fez com que os imigrantes econômicos iniciais se estabelecessem permanentemente nos Estados Unidos. Os gregos foram desnaturalizados de jure de suas terras natais e perderam o direito de retornar, e suas famílias foram consideradas refugiadas. Além disso, os primeiros limites de imigração amplamente implementados nos Estados Unidos contra imigrantes não europeus ocidentais foram feitos em 1924, criando um incentivo para que os imigrantes solicitassem a cidadania, trouxessem suas famílias e se estabelecessem permanentemente nos Estados Unidos. Menos de 30.000 imigrantes gregos chegaram aos Estados Unidos entre 1925 e 1945, a maioria dos quais eram “noivas por correspondência” para homens gregos solteiros e membros da família que vinham se juntar a parentes.

Os eventos do início da década de 1920 forneceram o estímulo para as primeiras organizações religiosas e cívicas nacionais greco-americanas permanentes. Em 1922, como resposta à campanha e às ações anti-gregas da organização terrorista KKK, foi fundada a Associação Educacional Progressista Helênica Americana para combater cultural e politicamente os sentimentos xenófobos dirigidos aos contingentes de imigrantes gregos, “promovendo a não-violência, a divulgação educacional e a plena americanização da comunidade grega”. O sentimento anti-imigração, particularmente entre os jornais de propriedade de William Randolph Hearst (1863-1951), forneceu o background para julgamentos sensacionais na década de 1920, incluindo a condenação de Alexander Pantages (1867-1936), imigrante grego e pioneiro do cinema, em 1929. Sua sentença de 50 anos de prisão foi posteriormente anulada. Após 1945, os gregos voltaram a chegar em grande número, fugindo da devastação econômica causada pela Segunda Guerra Mundial e pela Guerra Civil Grega. De 1945 a 1982, aproximadamente 211.000 gregos imigraram para os Estados Unidos. Esses imigrantes mais recentes foram menos influenciados pelas fortes pressões de assimilação cultural das décadas de 1920 e 1930 e revitalizaram a identidade greco-americana em áreas como a mídia em língua grega. Alexander Pantages foi um empresário de vaudeville greco-americano e um dos primeiros produtores de filmes. Ele criou um grande e poderoso circuito de teatros no oeste dos Estados Unidos e no Canadá. No auge de seu império, Pantages possuía ou administrava 84 teatros nos Estados Unidos e Canadá. Em 1929, ele “foi acusado de estuprar uma dançarina de 17 anos chamada Eunice Alice Pringle. 

Ele foi considerado culpado, mas absolvido em apelação”. A publicidade negativa levou à venda de seus negócios e ele deixou permanentemente de ser uma força no ramo de exibições ou vaudeville. Ele é praticamente esquecido nos relatos históricos do desenvolvimento inicial do cinema. Ele morreu em fevereiro de 1936. Há controvérsia sobre o ano de seu nascimento, mas é provável que ele tenha nascido em 1867 na ilha de Andros, Grécia. Andros (em grego: Άνδρος) é uma ilha e unidade regional da Grécia, situada ao Norte do arquipélago das Cíclades (Kiklades), localizado uns 10 km a Sudeste de Eubeia, e a 10 km a norte de Tinos. Sua área é de 374 km², tem cerca de 40 km de comprimento e uma largura máxima de 16 km. É montanhosa e com vales férteis. A população é de 10 009 habitantes (2001). A capital é a cidade homônima de Andros. Entre outubro e novembro de 1827 houve desembarque de um pequeno destacamento de marines para caçar piratas na ilha. Sugere-se que ele tenha nascido “Péricles” Pantages, mas mudou seu nome para “Alexandre” quando ouviu falar de Alexandre, o Grande. Em uma correspondência pessoal entre Rodney Pantages, filho de Alexandre, e Arthur Dean Tarrach, biógrafo de Pantages, essa afirmação, entretanto, é negada. Aos nove anos, ele fugiu de casa enquanto acompanhava seu pai em uma viagem de negócios ao Cairo, Egito. Rodney Pantages administrou o Hollywood Pantages Theater, construído por seu pai em 1929, até que a família Pantages o vendeu em 1949 para a RKO Theatres e marcou a primeira vez desde a virada do século que a família Pantages não possuía um cinema em Los Angeles.                          

Eunice Irene Pringle (1912-1996) foi uma aspirante a dançarina, notável por acusar o proprietário de cinema de Los Angeles, Alexander Pantages, de estupro em 1929, o que resultou em um julgamento sensacional. Pringle alegou que Pantages a havia atacado em 9 de agosto de 1929, em um pequeno escritório anexo ao seu teatro no centro da cidade, depois que ela foi vê-lo para discutir sua audição. A cobertura jornalística do julgamento, particularmente pelo Los Angeles Examiner de William Randolph Hearst, foi hostil a Pantages, que tinha sotaque grego, enquanto retratava Pringle como a vítima inocente. Em inúmeras reportagens no Examiner, desde o momento em que o caso foi divulgado no jornal em 10 de agosto de 1929 até o fim do julgamento, Pantages foi retratada como solitária, distante, fria, sem emoção, efeminada e europeia, enquanto Pringle, nascida nos Estados Unidos, foi retratada como “a jovem de 17 anos mais doce desde Clara Bow”. Havia retratos com sua família, explosões de lágrimas no tribunal e longas entrevistas na imprensa, que a retratavam com um senso de decoro e empatia. Pantages não concedeu entrevistas durante o julgamento. Pantages foi considerado culpado e condenado a 50 anos. Sua condenação foi anulada em apelação e ele foi absolvido em um novo julgamento igualmente sensacional em 1931.         

Mitos de Hollywood alegam que Joseph P. Kennedy, o patriarca da famosa família americana, pagou a Pringle US$ 10.000 para entrar no escritório de Pantages e acusá-lo de estupro, com o objetivo de destruir sua reputação e perspectivas de negócios e forçar Pantages a aceitar a oferta de Kennedy para comprar a rede de cinemas Pantages. Pantages havia se recusado veementemente a vender quando Kennedy o abordou inicialmente. A condenação destruiu a reputação de Pantages. Apesar do sucesso em seu recurso, ele vendeu sua rede de lojas para a Warner Bros. Após o incidente, Pringle se afastou do mundo do entretenimento. Posteriormente, circulou uma história de que Pringle teria implicado Kennedy em “uma confissão realizada em seu leito de morte, enquanto este se encontrava em meio a um evidente envenenamento por cianeto, logo após o julgamento”. O suposto incidente é descrito na biografia de Kennedy escrita por Ronald Kessler, “Sins of the Father”, bem como em “Hollywood Babylon II”, de Kenneth Anger. Em 1935, Pringle casou-se com Robert White, herdeiro de uma empresa de móveis. Após se divorciar de White, ela se casou com Richard Ellis Worthington, um psicólogo, em 1947. Eles viveram em Chicago por alguns anos antes de se mudarem para o Condado de San Diego em 1955. O casal teve uma filha, Marcy. Pringle faleceu em 1996, aos 84 anos.

Em seguida, foi para o mar e passou os dois anos seguintes trabalhando como marinheiro. Chegou aos Estados Unidos no início da década de 1880. Seus laços com sua terra natal parecem voláteis; ele nunca mais pisou na Grécia, embora tenha ajudado seus parentes financeiramente e até mesmo trazido seu irmão, Nicholas, para morar nos Estados Unidos. Ele costumava se autodenominar “Rei Grego”, talvez emulando o “Super Judeu” de Louis B. Mayer. Após dois anos no mar, desembarcou no Panamá e passou algum tempo ajudando os franceses a escavar o Canal do Panamá, mas, após contrair malária, foi aconselhado por um médico a se mudar para climas mais frios. Seguiu para o norte, parando brevemente em Seattle, mas acabando por se estabelecer em São Francisco, onde trabalhou como garçom e também, por um curto período e sem sucesso, como boxeador. Deixou São Francisco em 1897 e rumou para o Território de Yukon, no Canadá, durante a Corrida do Ouro de Klondike, foi uma migração entre 1896 e 1899 de cerca de 100.000 garimpeiros para a região de Klondike em Yukon, no Noroeste do Canadá. O ouro foi descoberto por mineradores locais em 16 de agosto de 1896 e, quando as notícias chegaram a Seattle e São Francisco no ano seguinte, desencadeou uma debandada de garimpeiros. Alguns ficaram ricos, mas a maioria foi em vão. A corrida foi imortalizada na cultura popular, por exemplo, em artefatos, filmes, jogos, literatura e fotografias, acabando na próspera cidade mineradora de Dawson City. Durante o tempo em que viveu no frio intenso de Dawson City, trabalhou como garçom e porteiro na Ópera de Dawson City, economizando dinheiro para investir no ramo do entretenimento local.

Posteriormente, administrou o local, apresentando espetáculos com uma companhia teatral. O empreendimento terminou quando a Ópera foi destruída por um incêndio em 9 de janeiro de 1900, mas Pantages e a companhia providenciaram a construção de um novo teatro, com iluminação elétrica e chaminés de tijolos. Originalmente programado para abrir menos de duas semanas após o incêndio, em 26 de fevereiro de 1900, o Teatro Orpheum teve sua primeira "noite típica de 'vinho, mulheres e música'", fechando às 2h30 da manhã seguinte e arrecadando mais de US$ 3.000 (equivalente a US$ 113.388 em 2024) com "vinho e outras 'bebidas'". Em junho, Pantages adquiriu um projetor e tornou os filmes parte regular da programação do Orpheum. No outono de 1900, ele e a artista Kathleen 'Kate' Rockwell começaram a trabalhar e a viver juntos, depois que ela deixou a trupe que a havia trazido do norte de Victoria, BC , em agosto do ano anterior, e se juntou à companhia Orpheum de Pantages. Em novembro de 1902, ela retornou a Victoria, arrendando o Teatro Orpheum em fevereiro de 1903, para apresentar vaudeville e filmes. Embora os detalhes de sua partida do Yukon sejam desconhecidos, Pantages era proprietário e gerente do teatro em abril de 1903.

Imigrantes gregos fundaram mais de 600 restaurantes na área metropolitana de Nova York entre as décadas de 1950 e 1970. A imigração da Grécia para os Estados Unidos atingiu o pico entre as décadas de 1950 e 1970. Após a admissão da Grécia na União Europeia em 1981, o número anual de imigrantes nos Estados Unidos caiu para menos de 2.000. Nos últimos anos, a imigração grega para os Estados Unidos tem sido mínima; na verdade, o saldo migratório tem sido positivo para a Grécia. Mais de 72.000 cidadãos americanos vivem na Grécia (1999); a maioria deles são greco-americanos. A religião predominante entre os gregos e greco-americanos é o cristianismo ortodoxo grego. Há um número considerável de americanos descendentes das comunidades judaicas sefarditas e romaniotas, que são menores na Grécia. Uma Igreja Ortodoxa Grega é qualquer uma das três classes de igrejas cristãs, cada uma associada de alguma forma ao cristianismo grego, aos cristãos de língua árabe do Levante ou, de forma mais ampla, ao rito usado no Império Romano do Oriente. O significado mais amplo refere-se a “todo o corpo do cristianismo ortodoxo (calcedônio), às vezes também chamado de ortodoxo oriental, católico grego ou geralmente Igreja Grega”. Um segundo significado, mais restrito, refere-se a “qualquer uma das várias igrejas independentes dentro da comunhão mundial do cristianismo ortodoxo [oriental] que mantêm o uso da língua grega em contextos eclesiásticos formais”. Nesse sentido, sociologicamente as Igrejas Ortodoxas Gregas são o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e suas dependências, os Patriarcados de Alexandria, Antioquia e Jerusalém, a Igreja da Grécia e a Igreja de Chipre.

O terceiro significado refere-se à Igreja da Grécia, uma Igreja Ortodoxa Oriental que opera dentro das fronteiras modernas da Grécia. Historicamente, o termo “Ortodoxo Grego” tem sido usado para descrever todas as igrejas ortodoxas orientais, visto que o termo “grego” pode se referir à herança do Império Bizantino. Durante os primeiros oito séculos da história cristã, a maioria dos principais desenvolvimentos intelectuais, culturais e sociais da Igreja Cristã ocorreu no Império Bizantino ou em sua esfera de influência, onde a língua grega era amplamente falada e usada na maioria dos escritos teológicos. A capital do império, Constantinopla, foi um importante centro inicial do cristianismo, e suas práticas litúrgicas, tradições e doutrinas foram gradualmente adotadas em toda a Ortodoxia Oriental, ainda fornecendo os padrões básicos da Ortodoxia contemporânea. Assim, os ortodoxos orientais passaram a ser chamados de ortodoxos “gregos”, da mesma forma que os cristãos ocidentais passaram a ser chamados de católicos “romanos”. No entanto, a designação “grega” foi abandonada pelas igrejas eslavas e outras igrejas ortodoxas orientais como parte dos despertares nacionais dos seus povos, começando já no século X d.C. Assim, no início do século XXI, geralmente apenas as igrejas mais intimamente ligadas à cultura e etnia grega ou bizantina eram chamadas culturalmente de “ortodoxas gregas” na linguagem popular de senso comum. A ortodoxia grega foi definida como uma tradição religiosa enraizada na preservação da identidade grega. Em 2022, o governo dos Estados Unidos da América estimou estatisticamente que de 81 a 90% da população da Grécia se identificava como ortodoxa grega.

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