“Uma relação social pode ter um caráter inteiramente transitório”. Max Weber
Amor à Primeira Vista tem como representação social um filme de comédia romântica norte-americano de 2023, dirigido por Vanessa Caswill e escrito por Katie Lovejoy, baseado no romance: “A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista”, de Jennifer E. Smith de 2011. O filme é estrelado por Haley Lu Richardson, Ben Hardy, Dexter Fletcher, Rob Delaney, Sally Phillips e Jameela Jamil. O filme estreou na Netflix em 15 de setembro de 2023. Caswill dirigiu a minissérie da BBC Thirteen (2016) e Little Women (2017). Ela também dirigiu o filme Love at First Sight (2023). Jennifer Elizabeth Smith nascida em 1980, é uma autora norte-americana de romances para jovens adultos, incluindo best-sellers: The Statistical Probability of Love at First Sight, Windfall e Field Notes on Love. Smith nasceu em Lake Forest, Illinois. Ela se formou na Universidade Colgate em 2003 com um diploma em inglês, e também possui um mestrado em escrita criativa pela Universidade de St. Andrews, na Escócia. Ela começou a trabalhar para um agente literário na cidade de Nova York. Seu primeiro romance, The Comeback Season, foi publicado pela Simon & Schuster em 2008. Tanto este livro quanto o segundo livro de Smith, You are Here, venderam mal. No entanto, ela encontrou seu primeiro sucesso comercial com The Statistical Probability of Love at First Sight (2012), curiosamente escrito após ter feito uma pausa na escrita. Smith continuou a trabalhar como editora na Random House enquanto também trabalhava em sua própria escrita até 2015. Atualmente, seu trabalho foi traduzido para 33 idiomas.
Em 2022, Smith publicou 11 romances, incluindo 9 romances para jovens adultos, um romance para adultos e um romance voltado para alunos do ensino fundamental. Seu primeiro livro ilustrado, The Creature of Habit, ilustrado por Leo Espinosa, foi lançado em 2021. Seu primeiro romance para adultos, The Unsinkable Greta James, foi lançado em 2022. A sociologia urbana do bairro, segundo Pierre Mayol (2013), privilegia dados quantitativos, relativos ao espaço e à arquitetura; realiza medições sobretudo em torno da superfície, topografia, fluxo dos deslocamentos, da comunicação de ruídos, etc., e analisa as imposições materiais e administrativas que entram na definição do bairro, segundo “as maneiras de morar na cidade para elucidar as práticas culturais de usuários no espaço de seu bairro”. A análise socioetnográfica da vida cotidiana, que enfeixa desde as pesquisas eruditas dos folcloristas e dos historiadores da chamada cultura popular, até aos imensos painéis poéticos, quase míticos, que a obra de James Agee (1909-1955) representa de maneira exemplar. Nasce assim um rebento de inesperada vitalidade, que talvez se pudesse chamar de “hagiografia do pobre”, gênero literário de considerável sucesso, cujas “vidas” mais ou menos bem transcritas pelos autores da pesquisa dão a ilusão doce-amarga de encontrar um povo para sempre extinto. Estas duas perspectivas antagônicas implicavam o risco de embaralhar as “cartas de nossa pesquisa” arrastando-nos atrás de dois discursos indefinidos: o da lamentação e do “barulho do cotidiano” em que se pode indefinidamente multiplicar os lances de sonda sem jamais encontrar as estruturas que o organizam a vida cotidiana em dois registros.
Em primeiro lugar, os comportamentos, cujo sistema se torna visível no espaço social da rua e que se traduz pelo vestuário, pela aplicação mais ou menos estrita dos códigos de cortesia: saudações, palavras “amistosas”, pedido de “notícias”, o ritmo do andar, o modo como se evita ou ao contrário se valoriza este ou aquele espaço público. Ipso facto, os benefícios simbólicos que se espera obter pela maneira de “se portar” no espaço do bairro: o bom comportamento “compensa”, mas que o que traz de bom? A análise tem enorme complexidade, segundo Mayol et al (2013), não depende tanto da descrição, mas da interpretação. Esses benefícios deitam suas raízes na tradição cultural do usuário, não se acham jamais totalmente presentes à sua consciência. Aparecem de maneira parcial, fragmentada, no modo como caminha, ou, de maneira mais geral, através do modo como “consome” o espaço público. Pode-se também elucidá-los através do discurso de sentido pelo qual o usuário relata a quase totalidade de suas iniciativas. O imaginário urbano, em segundo lugar, são as coisas que o soletram. Elas se impõem. Estão lá, fechadas em si mesmas, forças mudas. Elas têm caráter. Ou melhor, são “caracteres” no teatro urbano. Personagens secretos. As docas do Sena, monstros paleolíticos encalhados nas margens. O canal San-Martin, brumosa citação de paisagem nórdica. As casas abandonadas (em 1928) da Rue Vercingétorix ou da Rue de l`Quest, onde fervilham os sobreviventes de uma terrível catástrofe urbana. Por subtrair-se à lei do presente, esses objetos inanimados adquirem autonomia. São autores, heróis de legenda. Organizam em torno de si o romance da cidade. A proa aguda de uma casa de esquina, um teto provido de janelas como uma catedral gótica, a elegância de um poço na sombra de um pátio remelento: esses personagens levam sua vida própria. Assum o papel misterioso que as sociedades tradicionais atribuíam à velhice, que vem de regiões que ultrapassam o saber. Eles são testemunhas de uma história que, ao contrário daquelas dos museus ou dos livros, já não têm mais linguagem.
Historicamente, de fato, eles têm uma função que consiste em abrir uma profundidade no presente, mas sem o conteúdo que provê de sentido a estranheza do passado. Suas histórias deixam de ser pedagógicas; não mais “pacificadas” nem colonizadas por semântica. Por que o amor está, antes de mais anda, absolutamente intricado em seu objeto, e não simplesmente associado a ele: o objeto do amor em toda a sua significação categorial não existe antes do amor, mas apenas por intermédio dele. O que faz aparecer de maneira bem clara que o amor e, no sentido lato, todo o comportamento do amante enquanto tal, é algo absolutamente unitário, que não pode se compor a partir de elementos sociais preexistentes. Inúteis parecem, pois, as tentativas de considerar o amor como um produto secundário, no sentido de que seria motivado como resultante de outros fatores psíquicos primários. No entanto, ele pertence a um estágio demasiado elevado da natureza humana para que possamos situá-lo no mesmo plano cronológico e genético da respiração ou da alimentação, ou mesmo do instinto sexual. Tampouco podemos safar-nos do embaraço por esta escapatória fácil: em virtude de seu sentido metafísico, de seu significado atemporal, o amor permanece sem dúvida à primeira – ou última - ordem dos valores e das ideias, mas sua realização humana ou psicológica colocá-lo-ia num estágio ulterior de uma série longa e complexa na evolução contínua da vida. Não podemos nos satisfazer com essa estranheza recíproca de seus significados ou de suas areações. O problema de seu dualismo é aí, reconhecido e bem expresso, mas não resolvido; determo-nos nessa conclusão seria duvidar de sua solubilidade.
O amor é uma das grandes categorias sociais que dá forma ao existente, mas isso é dissimulado tanto por certas realidades psíquicas como in fieri por certos modos de representações teóricas. Não há dúvida que o efeito amoroso desloca e falsifica inúmeras vezes a imagem objetivamente reconhecível de seu objeto e, nessa medida, é decerto geralmente reconhecido, segundo Georg Simmel (1858-1918), como “formativo”, mas de uma maneira que não pode visivelmente parecer coordenada com as outras forças espirituais que lhe dão forma. Trata-se, portanto, aqui, de uma imagem já existente que se encontra modificada em sua determinação qualitativa, sem que se tenha abandonado seu nível de existência teórica, nem criado um produto de uma nova categoria. Essas modificações que o amor já presente traz à exatidão objetiva da representação nada têm a ver com a criação inicial que produz o ser amado como tal. Na verdade, todas essas categorias são coordenadas, por sua significação, quaisquer que sejam o momento ou as circunstâncias em que elas atuam. E o amor é uma delas, na medida em que cria seu objeto como produto totalmente original. É preciso, antes de mais anda, que o ser humano exista e seja conhecido, antes de ser amado. Mas esse algo que acontece não tem lugar com esse ser existente que permaneceria não modificado, foi, ao contrário, no sujeito que uma nova categoria fundamental se tornou criadora. Do mesmo modo que eu, amante, sou diferente do quer era antes – pois não é determinado “aspecto” meu, determinada energia que ama em mim, mas meu ser inteiro, o que não precisa uma transformação visível de todas as minhas outras manifestações -, também ele enquanto tal, é um outro, nascendo de outro a priori que não o ser conhecido ou temido, indiferente ou venerado.
O amor é sempre uma
dinâmica que se gera, Para Simmel (1993) por assim dizer, a partir de uma
autossuficiência interna, sem dúvida trazida, por seu objeto exterior, do
estado latente ao estado atual, mas que não pode ser, propriamente falando,
provocada por ele; a alma o possui enquanto realidade última, ou não o possui,
e nós não podemos remontar, para além dele, a um dos movens exterior ou
interior que, de certa forma, seria mais que sua causa ocasional. É esta a
razão mais profunda que torna o procedimento de exigi-lo, a qualquer título
legítimo que seja totalmente desprovido de sentido. Sequer sua atualização
dependa sempre de um objeto, e se aquilo que chamamos de desejo ou necessidade
de amor – esse impulso surdo e sem objeto, em particular na juventude, em
direção a qualquer coisa a ser amada – já não é amor, que por enquanto só se
move em si mesmo, digamos um amor em roda livre. Seguramente, a pulsão em
direção a um comportamento social poderá ser considerada uma probabilidade como
o aspecto afetivo do próprio comportamento, ele próprio já iniciado; o fato de
nos sentirmos “levados” a uma ação significa que a ação já começou
anteriormente e que seu acabamento não é outra coisa que o desenvolvimento
ulterior dessas primeiras inervações.
Onde, apesar do impulso
sentido, não passamos à ação, isso se dá seja porque a energia não basta para
ir além desses primeiros elos da ação, seja porque ela é contrariada por forças
opostas, antes mesmo que esses primeiros elos já anunciados à consciência
tenham podido se prolongar num ato visível. A possibilidade real, a ocasião
apriorística desse modo de comportamento que chamamos amor, fará surgir, se for
o caso, e levará à consciência, como um sentimento obscuro e geral, inicial de
sua própria realidade, antes mesmo que a ele se some a incitação por um objeto
determinado para levá-lo a seu efeito acabado. A existência desse impulso sem
objeto, por assim dizer incessantemente fechado em si, acento premonitório do
amor, puro produto do interior e, no entanto, já acento de amor, é a prova mais
decisiva em favor da essência central puramente interior do fenômeno amor,
muitas vezes dissimulado sob um modo de representação pouco claro, segundo o
qual o amor seria uma espécie de surpresa ou de violência vindas do exterior,
tendo su símbolo mais pertinente no “filtro do amor”, em vez de uma maneira de
ser, de uma modalidade e de uma orientação que a vida como tal toma por si
mesma – como se o amor viesse de seu objeto, quando, na realidade, vai em
direção a ele.
De fato, o amor é o sentimento que, fora dos sentimentos religiosos, se liga mais estreita e mais incondicionalmente a seu objeto. À acuidade com a qual ele brota do sujeito corresponde a acuidade igual com que ele se dirige para o objeto. O que é decisivo aqui é que nenhuma instância de caráter geral vem se interpor. Se venero alguém. É pela mediação da qualidade de certo modo geral de venerabilidade que, em sua realidade particular, permanece ligada à imagem desse por tanto tempo quanto eu o venerar. Do mesmo modo, no homem que temo, o caráter terrível e o motivo que o provocou estão intimamente ligados; mesmo o homem que odeio não é, na maioria dos casos separado em minha representação da causa desse ódio – é esta uma das diferenças entre amor e ódio que desmente a assimilação que comumente se faz deles. Mas o específico do amor é excluir do amor existente a qualidade mediadora de seu objeto, que aparece na sociedade sempre relativamente geral, que provocou o amor por ele. Ele permanece como intenção direta e centralmente dirigida para esse objeto, e revela a sua natureza verdadeira e incomparável nos casos em que sobrevive ao desaparecimento indubitável do que foi sua razão de nascer. Essa constelação, que engloba inúmeros graus, desde a frivolidade até a mais alta intensidade, é vivida segundo o mesmo modelo, seja em relação a uma mulher ou a um objeto, a uma ideia ou a um amigo, à pátria ou a uma divindade.
Isso deve ser estabelecido em primeiro lugar, se quisermos elucidar em sua
estrutura seu significado mais restrito, o que se eleva no terreno da
sexualidade. A ligeireza com que a opinião corrente alia instinto sexual a amor
lança talvez uma das pontes mais enganadoras na “paisagem psicológica”
exageradamente rica em construções desse gênero. Quando, ademais, ela penetra
no domínio da psicologia que se dá por científica, temos com demasiada
frequência a impressão de que esta última caiu nas mãos de açougueiros. Por
outro lado, o que é óbvio, não podemos afastar pura e simplesmente essa
relação. Nossa emoção sexual, afirma Simmel, desenrola-se em dois níveis de
significação. Por trás do arrebatamento e do desejo, da realização e do prazer
sentidos, diretamente subjetivos, delineia-se, consequência disso tudo, a
reprodução da espécie. Pela propagação contínua do plasma germinal, a vida
corre infinitamente, atravessando todos estágios ou levada por eles de ponta a
ponta. Por mais insuficiente, por mais preso a um estreito simbolismo humano
que esteja o conceito de objetivo e de meios em presença da misteriosa
realização da vida, devemos qualificar essa emoção sexual de meio de que a vida
se serve para a manutenção da espécie, confiando aqui a consecução desse
objetivo não mais a um mecanismo (no sentido lato) mas a mediações psíquicas.
Enfim, a pulsão,
dirigida a princípio, tanto no sentido genérico quanto no sentido hedonista, ao
outro sexo enquanto tal, parece ter diferenciado cada vez mais seu objeto, à
medida que seus suportes se diferenciavam, até singularizá-lo. Claro, a pulsão
não se torna amor pelo simples fato de sua individualização; esta última pode
ser refinadamente hedonista, ou instinto vital-teleológico para o parceiro apto
a procriar os melhores filhos. Mas,
indubitavelmente, ela cria uma disposição formativa e, por assim dizer, um
marco para essa exclusividade que constitui a essência do amor, mesmo quando
seu sujeito se volta para uma pluralidade de objetos. Não duvidamos em absoluto
que no seio do que se chama “atração dos sexos” constitui-se o primeiro factum,
ou, se quiserem, a prefiguração do amor. A vida se metamorfoseia também
nessa produção, traz sua corrente à altura dessa onda, cuja crista, porém,
sobressai livremente acima dela. Se considerarmos o processo da vida
absolutamente como um dispositivo de mios a serviço desse objetivo - a vida –
es e levarmos em conta o significado simplesmente efetivo do amor para a
propagação da espécie, então este também é um dos meios que a vida se dá para
si e a partir de si.
Na sociologia, o conceito de “individuação” é utilizado pelo sociólogo Danilo Martuccelli, na sua entrevista: “Como os indivíduos se tornam indivíduos”, ele ressalta a importância de estudar os fenômenos sociológicos através da ótica dos indivíduos, o que ele chama de teoria da individuação. Segundo o mesmo, estudar a realidade segundo as vivências históricas particulares, nos auxilia no processo social de compreensão dos mecanismos responsáveis pela produção de sujeitos em diversos contextos históricos. A individuação é um fenômeno que se mostra eficiente para desvendar os problemas sociais, portanto, uma excelente formação de estudo sociológico, podendo ser aplicada a qualquer fenômeno. Dessa forma, o entendimento de cada problema ou manifestação social deve ser analisado do microcosmo para o macrocosmo, traduzindo a nível de experiências individuais os grandes desafios coletivos de uma sociedade. A individuação dos sujeitos se desenvolve quando estes se veem envoltos pelas forças dos processos de racionalização e aceitação social condicionantes. Todos os sujeitos estão destinados a encarar as mesmas dificuldades, o que psicologicamente Martuccelli denomina de “prova”. Porém a resposta de cada um será diretamente proporcional à sua própria caraterização contida nas relações sociais de identidade, posição social, raça, gênero e recursos.
A
trama retrata a história de dois estranhos que se apaixonam perdidamente depois
de se conhecerem no aeroporto, e que tentam se reencontrar depois que seus
caminhos se separam após chegarem em seu local de destino. No dia 21 de
dezembro, no Aeroporto JFK, a narradora (Jameela Jamil) apresenta Hadley
Sullivan (Haley Lu Richardson), uma estudante estadunidense de 20 anos que
frequentemente se atrasa e está com pouca carga em seu telefone. Hadley perde
seu voo para Londres, o que a faz remarcada para o próximo. Em uma estação de
carregamento, Hadley conhece Oliver Jones (Ben Hardy), um estudante britânico
de 22 anos da Universidade Yale, que gentilmente lhe empresta seu carregador.
Eles se dão bem e combinam de jantar juntos na praça de alimentação. Durante a
conversa, Hadley revela que está indo para Londres para o segundo casamento de
seu pai, Andrew (Rob Delaney), e expressa suas dúvidas sobre a decisão dele de
se casar poucos anos após o divórcio de sua mãe. Oliver menciona estar estudando inferência estatística e realizando um projeto de pesquisa não
especificado.
O
Aeroporto Internacional John F. Kennedy é um aeroporto localizado em Queens, em
Nova Iorque, e que serve à cidade de Nova Iorque. Ele fica a 26 km do centro de
Nova Iorque, sendo o quinto aeroporto mais movimentado dos Estados Unidos e o
primeiro em movimento de voos internacionais no país. O JFK tem um tamanho
equivalente a 4 390 acres (1 776 hectares), incluindo 880 no Área do Terminal
Central (CTA). O aeroporto tem mais de 48 km de estradas e fica a 4 m acima do
nível do mar. O Aeroporto é operado pela Port Authority of New
York and New Jersey. É
um dos aeroportos mais movimentados do país, especialmente a nível de voos
internacionais, e foi inaugurado a 1° de julho de 1948, na altura com o nome de
Aeroporto de Idlewild. Em 1963, o aeroporto foi rebatizado como Aeroporto John
F. Kennedy, em homenagem ao presidente dos Estados Unidos da América que fora
recentemente assassinado em Dallas. A partir de 1977, o JFK passou a acolher os
voos do Concorde até 2003. Era o aeroporto que mais operações
recebia do Concorde, até este avião supersónico ser retirado de circulação. A
19 de Março de 2007, o JFK foi o primeiro aeroporto dos Estados Unidos da
América a receber o novo Airbus A380 com passageiros a bordo.
Como ele está carregando um saco de roupas, Hadley presume que ele também está indo para um casamento, o que ele não contesta. Depois do embarque, Hadley e Oliver seguem caminhos distintos, mas Oliver descobre que o cinto de segurança de seu assento está quebrado e é realocado para o assento ao lado de Hadley. Durante o voo, eles aproveitam a oportunidade para se conhecer melhor e acabam se apaixonando. Ao pousarem, Oliver insere seu número de telefone no celular de Hadley para que ela possa contatá-lo, mas o aparelho desliga e ela perde o número. Sem meios de localizá-lo, Hadley segue para o casamento, chegando exatamente no horário do início da cerimônia. Apesar das dificuldades em aceitar a decisão de seu pai de se casar novamente, Hadley é comovida pela bondade e consideração da noiva dele, Charlotte (Katrina Nare). Após a cerimônia, Hadley escuta amigos da família comentando com Charlotte sobre a necessidade de irem embora mais cedo para comparecer a um serviço memorial. Ao ouvir alguns detalhes, Hadley percebe rapidamente que Oliver veio a Londres para o memorial de sua mãe, e não para um casamento. Com a recepção do casamento de seu pai prevista para começar apenas em quatro horas, Hadley decide ir ao memorial. Enquanto isso, o irmão de Oliver, Luther (Tom Taylor), irá busca-lo no aeroporto para levá-lo à cerimônia, que possui um tema baseado em obras de William Shakespeare. No local, Oliver se encontra com seu pai, Val (Dexter Fletcher), e com sua mãe ainda viva, Tessa (Sally Phillips), que sofre de câncer de pulmão terminal e deseja participar de seu próprio memorial.
Oliver expressa seu descontentamento com a decisão dela de não se submeter ao tratamento, mas Tessa ressalta que, mesmo com tratamento, ela ainda morreria, então prefere viver o tempo que lhe resta de acordo com sua própria identidade. Hadley consegue localizar o serviço memorial, onde conhece a família de Oliver. Após superar a confusão inicial sobre Tessa ainda estar viva, ela finalmente encontra Oliver. Oliver se alegra ao ver Hadley e tenta suavizar seus sentimentos em relação à morte de sua mãe. Quando ela o pressiona a ser sincero e não usar estatísticas para justificar a situação, Oliver se irrita. Constrangida, Hadley decide ir embora, e apesar das desculpas de Oliver, como é normal em termos de senso comum, eles se despedem em um clima ruim. Posteriormente, Oliver faz o discurso em homenagem a Tessa. Durante sua fala, ele admite que tentou quantificar sua vida em números para entender melhor o que está vivendo. Contudo, ele reconhece que não pode reduzir a presença e o significado de sua mãe a meras estatísticas. Enquanto isso, Hadley percebe que esqueceu sua mochila no memorial e tenta voltar para a recepção do casamento a pé, mas acaba se perdendo. Ela pede emprestado o telefone de um desconhecido e liga para seu pai, que vai buscá-la junto com Charlotte. Andrew elogia sua filha por ter decidido ir ver Oliver e a ajuda a dar um fechamento aos seus sentimentos em relação ao divórcio dele com sua mãe.
Ele e Charlotte se desculpam
por terem, inadvertidamente, pressionado Hadley ao tentar envolvê-la no
casamento. Eles se reconciliam e todos seguem juntos para a recepção. No fim do
memorial, a família de Oliver faz provocações sobre Hadley, e ele afirma que é
inútil tentar algo, pois acredita que as chances do relacionamento prosperar
são pequenas. Ao encontrar a mochila de Hadley, eles descobrem o convite para o
casamento de Andrew e encorajam Oliver a procurá-la. Val comenta que, mesmo
sabendo que Tessa acabaria morrendo de câncer, ele não teria feito nada de
maneira diferente. Com isso, a família decide ir atrás de Hadley. Oliver
encontra Hadley na recepção e compartilha seus três maiores medos: germes, a
escuridão e surpresas, resultado do diagnóstico de câncer de sua mãe. Em
seguida, Hadley lhe dá a lembrança de uma surpresa agradável ao beijá-lo.
Quando ela pergunta sobre a pesquisa de Oliver, ele revela que está
investigando a probabilidade estatística do amor à primeira vista. A narradora
então revela que Hadley e Oliver passarão o resto de suas vidas juntos, serão
casados por 58 anos e terão uma filha. Não queremos perder de
vista que o raciocínio intuitivo da forma como está sendo apresentado,
revela-nos uma superficialidade na forma de compreender o mundo. Retomando ao
exemplo do homem: o mesmo não saberia explicar o porquê de nenhuma de suas
conclusões, visto que ele se baseou somente em suas antigas experiências. Os
fatos usados para formar a conclusão, não são compreendidos pelo homem, ele
apenas sabe que são tal como são e aceita isso como natural. Além dessas
substâncias e de outras, que estão em menor quantidade, o ar, por exemplo,
também apresenta gotículas de água, poeira, e sobretudo partículas de vírus,
bactérias e outro micro-organismos. Não entende ele, no plano abstrato da
teoria “como” e nem o “por que” daqueles fatos a se apresentarem daquela
maneira. Tudo que ele sabe, foi captado pelos sentidos, guardado na memória.
Utilizado no dia-a-dia como forma de entender o mundo que lhe é anterior e ao
seu redor. - “A gente não quer só
comida; A gente quer saída para qualquer parte”.
A “intuição
trabalhada”, por outro lado, tal como a entendera Gaston Bachelard, significa
assumir com essa ideia a existência de polos necessariamente presentes no
universo cultural humano. Melhor dizendo, o polo da objetividade e o polo da
subjetividade, entrelaçados e mediados nos duros e doces caminhos da
constituição da mediação científica assim como dos demais caminhos existentes,
ideia tão cara à concepção de ciência nestes tempos. O pensamento de Bachelard
se faz contemporâneo na atualidade potente de sua reflexão. Felizmente fora da
dinâmica consensual entre pesquisadores, pois é conhecido por sua filosofia não
cartesiana, não bergsoniana, não aristotélica e não kantiana, visto que sua
obra excede a epistemologia e a estética e dialoga com diferentes áreas de
saber. É representante do novo espírito científico que, ao refletir sobre o
conhecimento, problematiza o erro em sua positividade e a importância real da
retificação. Seu novo racionalismo aberto e dinâmico, histórico e factual,
inova a concepção de imaginação social, porque explora os devaneios e desconfia
das metáforas. A formação das expectativas não leva em consideração os fatores
previstos na sociedade como muito incertos. Em determinadas situações, fatos
muito incertos possam se tornar decisivos, tornando-se um guia razoável para as
decisões correntes e os eventos a que se atribui um grau elevado de confiança.
Bachelard foi um “filósofo da solidão feliz” que a procura de instantes
poéticos nos desestabiliza nas incertezas do mundo objetivo.
As motivações que
ordenam os símbolos não apenas já não formam longas cadeias de razões, mas nem
sequer cadeias. A explicação linear do tipo de dedução lógica ou narrativa
introspectiva já não basta para o estudo das motivações simbólicas. A
classificação dos grandes símbolos da imaginação em categorias motivacionais
distintas apresenta, com efeito, pelo próprio fato da não linearidade e do
semantismo das imagens, grandes dificuldades. Metodologicamente, se se parte
dos objetos bem definidos pelos quadros da lógica dos utensílios, como faziam
as clássicas “chaves dos sonhos”, segundo as estruturas antropológicas do
imaginário, cai-se rapidamente, pela massificação das motivações, numa
inextricável confusão. Parecem-nos mais sérias as tentativas para repartir os
símbolos segundo os grandes centros de interesse de um pensamento, certamente
perceptivo, mas ainda completamente impregnado de atitudes assimiladoras nas
quais os acontecimentos perceptivos não passam de pretextos para os devaneios
imaginários. Tais as questões, as classificações mais profundas de analistas
das motivações do simbolismo religioso ou da imaginação de modo geral
literária.
Uma parte de sua obra,
incluindo seus livros mais representativos sobre a tópica da intuição
trabalhada como: A Poética do Espaço (1957), A Poética do
Devaneio (1948), A Água e os Sonhos (1942) e O Ar e os
Sonhos (1943), é permeada por categorias e conceitos que fogem ao lugar
comum de análise e, sobretudo, do debate contemporâneo da ciência
institucionalizada: sonho, devaneio, poética, alquimia, tempo, imaginação. A
riqueza de Bachelard consiste fundamentalmente do ponto de vista do processo de
criação em trazer para sua produção intelectual um duplo projeto: o aspecto
diurno da sua obra, onde se inscrevem os conceitos mais ligados à
epistemologia, e o aspecto noturno, onde aparece a complementaridade dos sinais
da poesia e do sonho e, posteriormente, do devaneio e da ciência. Ao aproximar
os dois aspectos, a sua concepção de história e filosofia demonstra que a cisão
entre razão e imaginação fica bem clara se utilizarmos a via racional; mas se
usarmos a via onírica, a razão e a imaginação se articulam, se interpenetram e
se tornam complementares. No prolongamento dos esquemas explicativos, arquétipos
e simples símbolos modernos podem-se considerar o mito.
Lembramos, todavia, que não estamos tomando este termo na concepção restrita que lhe dão os etnólogos, que fazem dele apenas o reverso representativo de um ato ritual. Entendemos por mito, “um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema, tende a compor-se na narrativa”. O mito é já um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em ideias. O mito explicita um esquema ou um grupo de esquemas. Do mesmo modo que comparativamente o arquétipo promovia a ideia e que o símbolo engendrava o nome, podemos dizer que o mito promove a doutrina religiosa, o sistema filosófico ou, como bem observou Bréhier, a narrativa histórica e lendária. O método de análise em pregando a questão da convergência evidencia o mesmo isomorfismo na constelação e no mito. Enfim, para sermos breves, este isomorfismo dos esquemas, arquétipos e símbolos no seio dos sistemas míticos ou de constelações estáticas pode levar-nos a verificar a existência de protocolos normativos das representações imaginárias, bem definidos e relativamente estáveis, agrupados em torno dos esquemas originais e que antropologicamente a literatura refere-se como estruturas.
A atividade dialética
surge esboçada em princípio como atividade e a partir da análise da noção de
“corpúsculo”. Tendo como certo que o filósofo deve tentar compreender a
novidade da linguagem e ao mesmo tempo aprender a formar noções e conceitos
novos para resistir aos conhecimentos comuns e à memória cultural, Bachelard,
tentando precisar a noção de “corpúsculo”, rememora uma sequência de teses: o
corpúsculo não é um pequeno corpo. Não é fragmento de substância. O corpúsculo
não tem dimensões absolutas definidas. Só existe nos limites do espaço em que
atua. Correlativamente, se o corpúsculo
não tem dimensões definidas, não tem, portanto, forma reconhecida. Melhor
dizendo, o elemento não tem geometria. E, ipso facto, não se lhe pode atribuir
um lugar muito preciso em virtude do princípio da indeterminação na Física de
Werner Heisenberg (1927), a sua localização é submetida a tais restrições que a
função de existência situada não tem mais valor absoluto. Em várias circunstâncias,
a microfísica põe como um verdadeiro princípio a perda da individualidade do
corpúsculo. Enfim, uma última tese que contradiz o axioma fundamental do
chamado atomismo filosófico.
Complementarmente com
as suas reflexões acerca da imaginação criadora e da poética, Bachelard infere
que os corpúsculos, não sendo dados dos sentidos, “nem de perto nem de longe”,
também não são dados escondidos. No entanto, apenas é possível conhecê-los,
descobrindo-os, ou melhor, inventando-os, porque eles são a prova de que algo
está no limite da invenção e da descoberta. Admirável é, então, a referência
que Bachelard faz à noção de intuição trabalhada. Em Études, no ensaio
“Idealismo discursivo” ele sublinha que tem alguma confiança e garantia na
intuição para descrever positivamente o seu ser íntimo. Diz mesmo que o fato de
exercermos uma preparação discursiva dá à intuição uma nova Jeunesse. De
maneira que aconselha a fecharmos os olhos como uma forma de nos prepararmos
para termos uma visão do nosso ser. A intuição será a via refletida de
renunciar aos acidentes na história e significa um recurso metafísico de
compreensão “de si”. Interessa, então, a intuição trabalhada e não a intuição
imediata, a intuição que permite uma espécie de “repouso”, mesmo sabendo que na
ciência, esse “repouso” na intuição pode ser “quebrado” por uma nova
necessidade de rigor metafísico e pela necessidade de encadear mais forte as
teorias sociais.
Esta valorização
da intuição intelectual em detrimento da intuição sensível torna-se nítida
quando o realismo das primeiras intuições deve pôr-se entre parêntesis, uma vez
que a apreensão do real científico não se satisfaz com imagens primeiras. As
imagens podem ser então, boas e más, indispensáveis e perigosas, dependendo da
moderação no seu uso e da instância da redução em que as imagens devem
permanecer quando as queremos usar para descrever um mundo que não se vê, ou
fenômenos que não aparecem. Na ciência é preciso ir das imagens às ideias e
este caminho é de análise, de discussão e de ordenação. Com certeza, também de
polêmica, uma razão polêmica pode pensar-se como uma razão que tanto sabe
afirmar, como também nas prováveis em reação às negações oficiais antecedentes,
como negar afirmações anteriores a partir dos valores da verificação e da
descoberta; uma razão polêmica crítica e introduz “nãos” que passam a
desempenhar um papel pedagógico decisivo na produção de conhecimento por darem
a compreender que na interpretação toda a afirmação não é sinônimo de
conhecimento e que aquilo que é dado como verdadeiro aparece, muitas vezes, sob
um fundo de erros e de ignorâncias tomadas como antecedentes. O espírito,
exigindo aproximações sucessivas da experiência deve afastar-se daquelas teses
cartesianas da razão. O novo espírito
sabe-se que todo o problema da intuição se encontra subvertido, trabalhado.
Enfim, a reflexão teórica
não escolhe manter as práticas à distância de seu lugar, de maneira que tenha
de sair para analisá-las, mas basta-lhe invertê-las para se encontrar em casa.
Ela repete o corte que efetua. Este lhe é imposto pela história. Os
procedimentos sem discurso são coligidos e fixados em uma região que o passado
organizou e que lhes dá o papel, determinante para a teoria, de ser
constituídos em “reservas” selvagens para o saber esclarecido. Esses
procedimentos foram adquirindo um valor fronteiriço, à medida que a razão que
surgiu historicamente da Aufklärung ia determinando suas disciplinas,
suas coerências e poderes. Aparecem então como alteridades e “resistências”,
relativas às escrituras científicas cujo rigor e operatividade se vão
precisando a partir do século XVIII. Em nome do mesmo progresso, vê-se ocorrer
o diferenciamento, de um lado, das artes (ou maneiras) de fazer, cujos títulos
se multiplicam na literatura popular, objetos de crescente curiosidade dos
“observadores do homem” e, de outro lado, as ciências esboçadas por uma nova
configuração do saber.
A distinção não se
refere mais essencialmente ao binômio tradicional da “teoria” e da “prática”,
especificado pela separação entre a “especulação” que decifra o livro do
cosmos, e as “aplicações” concretas, mas visa duas operações diferentes, uma
discursiva (na e pela linguagem) e a não discursiva. Desnecessário dizer que,
desde o século XVI, a ideia de método abala progressivamente a relação entre o
conhecer e o fazer, a partir das práticas do direito, da retórica, mudadas
pouco a pouco em “ações” discursivas que se exercem em terrenos diversificados
e, portanto, em técnicas de transformação de um ambiente, impõe-se o esquema
fundamental de um discurso que organiza a maneira de pensar em maneira de
fazer, em gestão racional de uma produção em operação regulada sobre campos
apropriados. Eis o “método”, semente da cientificidade moderna. No fundo, o
método sistematiza a arte que Platão já colocava sob o signo da atividade. Mas
é por um discurso que ele ordena um saber-fazer. Portanto, a fronteira não
separa mais dois saberes hierarquizados, um especulativo, o outro ligado às
particularidades, um ocupado em ler a ordem cósmica e o outro às voltas com os
pormenores das coisas no quadro que lhe é fixado pelo primeiro, mas ela opõe as
práticas articuladas pelo discurso às que (ainda) não o são. Trocando em
miúdos, admitimos que do “saber-fazer” não discursivo, per se sem escritura (é
o discurso do método que é ao mesmo tempo escritura e ciência), qual será o
estatuto? É feito de operatividades múltiplas, mas selvagens.
Essa proliferação não obedece à lei do discurso, mas obedece já à lei da produção, valor último da economia fisiocrata e depois capitalista. Ela contesta, portanto, à escritura científica o seu privilégio de organizar a produção. Ela irrita e estimula volta e meia os técnicos da linguagem. Pede uma conquista, não como de práticas desprezíveis, mas ao contrário de saberes “engenhosos”, “complexos” e “operativos”. De Francis Bacon e Christian Wolff ou Jean Beckmann, faz-se gigantesco esforço para colonizar essa imensa reserva de “artes” e “ofícios” que, por não conseguirem ainda articular-se em uma ciência, podem ser já introduzidos na linguagem pela “Descrição” e, deste modo, levados a uma maior “perfeição”. Mediante esses dois termos, a “descrição” que depende da narratividade e a “perfeição” que tem em mira uma otimização técnica, a posição das “artes” é fixada perto, mas fora da ciência. A arte é, portanto, um saber que opera fora do discurso esclarecido e que lhe falta. Mais ainda, esse saber-fazer precede, por sua complexidade, a ciência esclarecida. O princípio de uma operação etnológica sobre essas práticas já se acha então posto: o seu isolamento social pede uma espécie de “educação” que, graças a uma inversão linguística, vai introduzi-las no campo da escritura científica.
Fato notável, desde o século XVIII ao XX, os etnólogos ou os historiadores e sociólogos consideram as técnicas respeitáveis em si mesmas. Destacam aquilo que fazem. Não sentem mais a necessidade de interpretar. Basta descrever. Ao contrário, consideram como “lendas” que significam outra coisa diferente do que dizem as histórias pelas quais um grupo situa ou simboliza suas atividades. Estranha disparidade entre o tratamento dado às práticas e o domínio aos discursos. Onde o primeiro registra uma “verdade” do fazer, o outro decodifica as “mentiras” do dizer. As breves descrições do primeiro tipo contrastam, aliás, com as interpretações prolixas que fizeram dos mitos ou das lendas um objeto privilegiado pelos profissionais da linguagem, “clérigos” com longa experiência com procedimentos hermenêuticos transmitidos dos juristas aos professores e/ou etnólogos para glosar e “traduzir” em textos científicos ou documentos referenciais. Para sermos breves, a pergunta é: existiria então uma ciência onde “tudo seja fruto da reflexão”? Seja como for, usando um vocabulário bem próximo da Enciclopédia (que mencionava o contemplar), cabe à teoria “refletir” esse “todo”. De modo ainda mais geral, para Émile Durkheim a sociedade é uma escritura que só se faz legível por ele. Aqui existe um saber já escrito nas práticas, mas ainda não esclarecido. A ciência fornecerá o espelho para torná-lo legível, com o discurso “refletindo” uma operatividade imediata e precisa, mas privada da linguagem e consciência, já sábia, mas paradoxalmente inculta. A arte constitui em relação à ciência um saber em si mesmo, desde Hegel, essencial. Posição perigosa para a ciência, pois só lhe resta poder dizer ao saber que lhe falta. Entre a ciência e a arte, considera-se não uma alternativa, mas a complementaridade e, se possível, a articulação. A literatura se muda em repertório dessas práticas desprovidas de copyright tecnológico. São elas ainda que vão ocupar um lugar privilegiado nos relatos dos clientes nas salas das instituições psiquiátricas ou dos psicanalistas. Noutras palavras, igualmente há quem forneça às práticas genuinamente sociais o escrínio de liberdade.
Bibliografia Geral Consultada.
BECKER, Howard, Los Extraños.
Buenos Aires: Editorial Tiempo Contemporâneo, 1971; GOFFMAN, Erving, Estigma:
Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1975; JAPIASSÚ, Hilton, Para ler Bachelard. Rio de Janeiro: Editor
Francisco Alves, 1976; TURNER, Victor, La Selva de los Símbolos. Madrid: Siglo Veintiuno
Editores, 1980; LELOUP, Jean-Yves, O Corpo e Seus Símbolos. Uma Antropologia
Essencial. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1998; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia
do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista:
Editora Universitária São Francisco, 2007; LLEGRO, Luís Guilherme Vieira, A
Reabilitação dos Afetos: Uma Incursão no Pensamento Complexo de Edgar Morin.
Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais.
São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007; ROCHA FILHO,
João Bernardes, Física e Psicologia. As Fronteiras do Conhecimento
Científico Aproximando a Física e a Psicologia Junguiana. Porto Alegre:
Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007; AMARAL,
Jorge Fernando Barbosa, Arnaldo Antunes: O Corpo da Palavra. Dissertação
de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, Literatura
Brasileira. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009; IANNI,
Octavio, A Sociologia e o Mundo Moderno. 1ª edição. Rio de Janeiro:
Editora Civilização Brasileira, 2011; FREITAS, Francisco Augusto Canal, Habitar
o Hábito: Reflexão e Origem da Cidade no Pensamento de Walter Benjamin.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2012; MARTUCCELLI, Danilo, La
Condition Sociale Moderne. L`Avenir d`une Inquiétude. Paris: Éditeur
Gallimard, 2017; SOUTO, Caio Augusto Teixeira, Georges Canguilhem. O Devir
de um Pensamento. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em
Filosofia. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2019; Artigo:
“Príncipe William faz Rara Declaração de Amor no Aniversário de Kate Middleton
e Mostra Foto Inédita da Princesa: A Mais Incrível”. Disponível em: https://oglobo.globo.com/2025/01/09/; entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário