terça-feira, 4 de novembro de 2025

Cinema Queer - Gênero de Emoção & Retrato de Uma Jovem em Chamas.

                               Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”. Hannah Arendt                                        

          Há teorias sobre emoção representadas desde a Grécia antiga como o estoicismo, as teorias de Platão e Aristóteles etc. Encontram-se teorias sofisticadas nos trabalhos de filósofos como Descartes, Spinoza e Hume. Posteriormente, as teorias das emoções ganharam força na história com os avanços da pesquisa empírica. Frequentemente, as teorias não são excludentes entre si e vários pesquisadores incorporam múltiplas perspectivas nos seus trabalhos. Teorias somáticas da emoção consideram que as respostas corporais são mais importantes que os julgamentos no fenômeno da emoção. A primeira versão dessas teorias de Willian James, em 1880, que perdeu valor no século XX, mas que ganhou popularidade mais recentemente devido às teorias singulares de John Cacioppo, Antônio Damásio, Joseph E. LeDoux e Robert Zajonc, que conseguiram evidências neurológicas. Joseph E. LeDoux é um neurocientista norte-americano que, durante duas décadas, dedicou a sua investigação a uma teoria social pioneira na área das emoções. LeDoux propôs o conceito de “circuito de sobrevivência” como base para entender processos emocionais comparados a humanos e outros animais. Tendo em conta que algumas semelhanças neurológicas entre humanos e outros animais incluem funções cerebrais utilizadas na sobrevivência animal, LeDoux foca em circuitos que estão associados a essas funções que permitem, aos organismos, sobreviverem e prosperarem diariamente, quando confrontados com desafios ou oportunidades – os circuitos de sobrevivência – e acredita que, através deles, as pesquisas sociais poderão ganhar conhecimentos na área da emoção, quer humana, quer animal.

O termo “evolução” pode referir-se à evidência que constitui o fato científico intrínseco à teoria da evolução biológica, ou, em acepção completa, à teoria em sua completude. Uma teoria científica é por definição um conjunto indissociável das evidências verificáveis reconhecidas e das ideias testáveis e testadas àquelas atreladas. Este conjunto é constituído por circuitos relacionados com defesa, manutenção de fontes de energia e nutrição, regulação de fluidos, termorregulação, reprodução, e outros. Os circuitos de sobrevivência têm a sua origem em mecanismos primordiais que estavam presentes em seres vivos mais primitivos. Com o avanço na escala evolutiva, as capacidades de sobrevivência aumentam em complexidade e sofisticação, devido à presença de receptores sensoriais e órgãos efetores especializados, e um sistema nervoso central capaz de coordenar funções corporais e interações ambientais. Estes “circuitos” estão geneticamente programados (inatos) e, para existirem aspectos específicos para cada espécie, também existem componentes centrais que estão conservados nos mamíferos, significando que são partilhados por eles, incluindo experimentalmente os casos etnográficos com seres humanos. Isto é comprovado por semelhanças a nível celular e molecular entre diferentes grupos de mamíferos. Uma consequência notável de se ativar um “circuito de sobrevivência” consiste na emergência de um estado global no organismo cujos componentes maximizam o bem-estar do animal em situações onde existem desafios ou oportunidades.

           O Filme Retrato de uma Jovem em Chamas foi selecionado para competir pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes de 2019.  O filme ganhou a Palma Queer em Cannes, tornando-se o primeiro filme dirigido por uma mulher a ganhar o prêmio.  Sciamma também ganhou o prêmio de Melhor Roteiro em Cannes. A Queer Palm representa um prêmio cinematográfico independente atribuído ao melhor filme LGBT do Festival de Cannes. Foi fundado em 2010 pelo jornalista Franck Finance-Madureira, também crítico de cinema, o Queer Palm surge em Cannes em uma onda de premiações que estão em festivais de cinema e são dedicadas a enaltecer produções com temática LGBTQIAPN+, como o Teddy Award do Festival Internacional de Cinema em Berlim. É patrocinado por Olivier Ducastel e Jacques Martineau, os realizadores de Jeanne et le Garçon Formidable (1998), um filme de drama musical romântico francês, dirigido por Olivier Ducastel e Jacques Martineau. Foi inscrito no 48º Festival Internacional de Cinema de Berlim, um filme de estrada francês de 2000. É estrelado Sami Bouajila como personagem-título, Crustacés et Coquillages, um filme de comédia dramática francês de 2005, escrito e dirigido por Olivier Ducastel e Jacques Martineau. É lançado na América do Norte como Côte d`Azur e no Reino Unido e Irlanda como Cockles & Muscles e L`Arbre et la Forêt, francês de 2010 dirigido por Olivier Ducastel e Jacques Martineau.

                                                

          A obra foi inspirada, em grande parte, na vida de Pierre Seel, um homem homossexual alsaciano deportado para o campo de Schirmeck, que descreveu suas extraordinárias experiências no livro Moi, Pierre Seel, déporté homosexuel (1994). O filme venceu o Prêmio Jean Vigo em 2009. É um campo de concentração nazista localizado na comuna de Schirmeck, na região de Bas-Rhin da Alsácia anexada, que operou de agosto de 1940 a novembro de 1944 durante a administração militar alemã na França ocupada durante a Segunda Guerra Mundial da Alsácia (1939-1945). Destinava-se a homens e mulheres da Alsácia e Mosela que resistiram ao regime totalitário e, em represália, às suas famílias. Mas, na realidade, acolheu prisioneiros de todo o mundo belicista, à medida que os destinos individuais mudavam e as leis repressivas nazistas evoluíam. Em particular, mais de cem combatentes da resistência pertencentes à rede da Aliança, 108 dos quais foram assassinados na noite de 1 para 2 de setembro de 1944, foram transportados para o campo de Struthof para execução, juntamente com outros 360 prisioneiros. As autoridades alemãs usaram nomes diferentes para o campo, que aparentemente dependiam do motivo da prisão: “campo de educação trabalhista” era usado para violações dos regulamentos de trabalho, “campo de segurança” para “manifestações antialemãs” e o termo “campo de concentração de Schirmeck” também é usado para a admissão de combatentes da resistência.

Há teorias sobre emoção desde a Grécia antiga: estoicismo, as teorias de Platão e Aristóteles etc. Encontram-se teorias sofisticadas nos trabalhos de filósofos como René Descartes, Baruch Spinoza e David Hume. Posteriormente, as teorias das emoções ganharam força na história social com os avanços da pesquisa empírica. Frequentemente, as teorias não são excludentes entre si e vários pesquisadores incorporam múltiplas perspectivas nos seus trabalhos. Teorias somáticas da emoção consideram que as respostas corporais são mais importantes que os julgamentos no fenômeno da emoção. A primeira versão moderna dessas teorias foi a de Willian James, em 1880, que perdeu valor no século XX, mas ganhou popularidade recente devido às teorias de John Cacioppo, António Damásio, Joseph E. LeDoux e Robert Zajonc, que conseguiram obter evidências neurológicas. Joseph E. LeDoux é um neurocientista norte-americano que, durante duas décadas, dedicou a sua investigação a uma teoria pioneira na área das emoções. LeDoux propôs o conceito de “circuito de sobrevivência” como base para entender processos emocionais comuns a humanos e outros animais. Algumas semelhanças neurológicas entre humanos e outros animais incluem funções cerebrais na sobrevivência animal, em circuitos que estão associados a funções que permitem, aos organismos, sobreviverem e prosperarem diariamente, quando confrontados com desafios ou oportunidades, isto é, os circuitos de sobrevivência, e acredita que, através da mediação complexa deles, os investigadores poderão ganhar conhecimentos da emoção, quer humana, quer comparativamente animal.

Este conjunto de circuitos é constituído por circuitos relacionados com defesa, manutenção de fontes de energia e nutrição, regulação de fluidos, termorregulação, reprodução, entre outros. Os circuitos de sobrevivência têm a sua origem em mecanismos primordiais que estavam presentes em seres vivos primitivos. Com o avanço na escala evolutiva, as capacidades de sobrevivência aumentam em complexidade e sofisticação, devido à presença de receptores sensoriais e órgãos efetores especializados, e um sistema nervoso central capaz de coordenar funções corporais e interações com o ambiente. Estes circuitos estão geneticamente programados e, para além de existirem aspectos específicos para cada espécie, também existem componentes centrais que estão conservados nos mamíferos, significando que são partilhados por todos eles, incluindo os humanos. Isto é comprovado por semelhanças a nível celular e molecular entre diferentes grupos de mamíferos. Uma consequência notável de se ativar um circuito de sobrevivência consiste na emergência global no organismo cujos componentes maximizam o bem-estar do animal em situações onde existem desafios ou oportunidades. Lésbica tem como representação social uma mulher que sente atração, seja sexual ou romântica, por outras mulheres. 

Os termos “lesbianidade” e “lesbianismo” são usados para designar o relacionamento ou comportamento sexual ou romântico entre mulheres e/ou pessoas não-binárias etc., independentemente da orientação sexual, como na expressão “casal lésbico”, embora haja quem use a expressão “sáfico para evitar o apagamento bissexual”. O conceito de “lésbica” para diferenciar mulheres com uma orientação “homossexual” é uma construção social do século XX. Historicamente, as mulheres não tiveram a mesma liberdade e independência para possuir relações homossexuais como os homens, mas foram perseguidas com violências específicas como o chamado “estupro corretivo”, para controlar comportamento social ou sexual da vítima, e até executadas quando questionaram papéis de gênero e estereótipos de gênero e se recusaram a ceder acesso ao corpo a homens. Em vez disso, as relações lésbicas têm sido muitas vezes consideradas inócuas e incomparáveis com as relações sexuais heterossexuais, por não cumprimento da função reprodutiva e submissão ao conceito de família patriarcal.  Como resultado, pouco da história de gênero foi documentada para dar uma descrição precisa de como a homossexualidade feminina foi expressa. Quando sexólogos no século XIX começaram a categorizar e descrever o comportamentos sociais, dificultados pela falta de conhecimento sobre a homossexualidade e sexualidade feminina, distinguiram lésbicas como mulheres que não aderem aos papéis de gênero e as “designaram incorretamente como doentes mentais”, designação que foi revertida mais tarde pela Organização Mundial de Saúde, tardiamente em 1991.

Neste período, mulheres em relacionamentos lésbicos esconderam suas vidas pessoais ou aceitaram o rótulo de “pária” e criaram uma subcultura e identidade que se desenvolveu na Europa e nos Estados Unidos, sendo algumas executadas durante o Holocausto como associais ou lésbicas, estas lésbicas eram obrigadas a usar um triângulo preto para identificação. Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) veio um período de repressão social, e sobretudo sexual, em que os governos passaram a perseguir homossexuais ativamente e as mulheres desenvolveram redes para socializar e educar umas as outras. Maior liberdade econômica e social permitiu-lhes gradualmente serem capaz de determinar como elas poderiam formar relacionamentos e famílias. Com a segunda onda do feminismo e crescimento de bolsas de estudos em história e sexualidade das mulheres no século XX, a discussão pelos direitos lésbicos foi iniciada, o que provocou um debate sobre a atração sexual como o principal componente para definir o que lésbica é. Retratos de mulheres lésbicas na mídia sugerem que a sociedade em geral tem sido, ao mesmo tempo intrigada e ameaçada por mulheres que desafiam os papéis de gênero feminino, e pari passu fascinada e horrorizada hipocritamente, com mulheres que estão romanticamente envolvidas com outras mulheres. Mulheres com uma identidade lésbica compartilham experiências que formam uma visão semelhante a uma identidade étnica: como homossexuais, elas são unificadas pela discriminação homofóbica e rejeição potencial que enfrentam de suas famílias, amigos e outros como resultado da lesbofobia. As mulheres lésbicas podem ter problemas de saúde física ou mental distintos decorrentes de discriminação, preconceito e estresse. As condições políticas e atitudes sociais também afetam negativamente a formação dos relacionamentos lésbicos e suas famílias.

Retrato de uma Jovem em Chamas (Portrait de la Jeune Fille en Feu), tem como representação social um filme francês de drama romântico histórico, de 2019, escrito e dirigido por Céline Sciamma, nascida em Pontoise, em 12 de novembro de 1978 é uma cineasta e roteirista francesa. O diretor de cinema, realizador ou cineasta, é considerado em termos gerais o criador da obra cinematográfica. Ainda que o seu papel seja diferente consoante o realizador em causa, que além de estilos diferentes, têm estratégias de trabalho igualmente diversas, o trabalho do diretor de cinema, ao supervisionar e dirigir a execução das filmagens, utilizando recursos humanos, técnicos, dramáticos e artísticos inclui: A definição da orientação artística geral que caracterizará o filme no seu todo; A análise e interpretação do roteiro do filme, adequando-o à realização cinematográfica; A direção das interpretações dos atores, tanto sob um ponto de vista técnico, ou seja, colocando-os em determinado local e enquadramento, como de um ponto de vista dramático, solicitando o gênero de emoção pretendida para a personagem; A organização e seleção dos cenários do filme. É estrelado por Noémie Merlant e Adèle Haenel. Ambientado na França no final do século XVIII, o filme narra a história de um romance entre duas jovens: uma aristocrata e um pintor contratado para pintar seu retrato. Foi o último papel de Haenel antes de se aposentar da indústria cinematográfica em 2023.

           Adèle Haenel, nascida em Paris, em 11 de fevereiro de 1989 é uma atriz francesa. Ela foi revelada no cinema ainda no início da adolescência, no filme Les Diables (2002), dirigido por Christophe Ruggia. Joseph é um garoto de 12 anos que foge de uma série de orfanatos com sua irmã autista, Chloé, a tiracolo. Chloé não suporta ser tocada e segue apenas os comandos de Joseph. Joseph é ferozmente protetor com ela enquanto eles buscam encontrar o caminho para os pais que ele acredita que os abandonaram e que eles nunca conheceram. Eles se apegam a uma falsa memória de uma casa pitoresca, que Chloé é capaz de construir usando pedaços de vidro colorido que ela carrega. Sua última tentativa logo falha quando eles são pegos e devolvidos a mais uma casa de repouso. Joseph imediatamente rouba dos colegas de quarto e exige que os dois sejam deixados sozinhos. Chloé faz progressos, no entanto, com seu cuidador, que avalia sua condição e melhora seus cuidados. Joseph se ressente dessa interferência enquanto seu roubo é descoberto por seu colega de quarto, Karim, que desenvolve um respeito relutante por ele. Sua situação piora quando uma figura de seu passado aparece e revela um segredo que enfurece Joseph, que ataca e foge novamente com Chloé. Depois de uma traumática experiência de assédio sexual pelo diretor, a qual apenas revelou em fins de 2019, Haenel voltou a trabalhar com a diretora estreante Céline Sciamma, no filme Lírios d`Água (2007), que narra a história do despertar sexual das jovens Marie (Pauline Acquart), Anne (Louise Blachère) e Floriane (Adèle Haenel) durante o verão em um subúrbio de classe média de Paris, quando elas “aprendem o significado da atração sexual e da excitação”.

Marie, que se sente atraída física e emocionalmente por Floriane, deseja fazer parte do time de nado sincronizado Stade Franas, com o objetivo de aproximar-se dela, a qual as outras integrantes não a tratam bem. Mostrando seu protecionismo, Floriane passa a proteger Marie, chegando inclusive a dar uma medalha que havia ganho. Marie diz a Anne, que se sentia rejeitada pela amiga, que estava passando um período na casa de um primo. Tendo aceitado a explicação, fala com François (Warren Jacquin), de quem ela está apaixonada. Apesar da equipe de nado sincronizado pensar que já teria feito alguma relação sexual, Floriane confessa a Marie que nunca havia feito amor com ninguém. Na parte final, Marie e Floriane se beijam no vestiário, e esta última indica que voltaria para a festa. As duas pulam na piscina, e Floriane dança sozinha, alheia ao efeito de suas ações em Marie e Anne. Posteriormente, Haenel trabalhou em diversos filmes franceses e também no teatro. Ganhou o prêmio César de melhor atriz coadjuvante em 2014 pelo filme Suzanne, e o prêmio de melhor atriz por Les Combattants, em 2015, bem como o prêmio Romy Schneider. Tornou-se mais conhecida internacionalmente a partir de seu papel no filme Retrato de uma Jovem em Chamas (2019), também realizado por Céline Sciamma. Haenel é reconhecida na França também pelo seu ativismo feminista e sua representatividade na comunidade LGBT. Tornou público seu relacionamento à época com Céline Sciamma em 2014, durante seu discurso de agradecimento pelo César.

            Emoção é uma reação a um estímulo ambiental e cognitivo que produz tanto experiências subjetivas, quanto alterações neurobiológicas significativas. Está associada ao temperamento, personalidade e motivações tanto reais quanto subjetivas. A palavra deriva do termo latino emovere, onde o e- (variante de ex-) significa "fora" e movere significa movimento. Seja para lidar com estímulos ambientais, seja para comunicar informações sociais biologicamente relevantes, as emoções apresentam diversos componentes adaptativos para mamíferos com comportamento social complexo, sendo cruciais, até mesmo, para a sua sobrevivência. Não existe uma taxionomia ou teoria para as emoções que seja geral ou aceita de forma mundial. Existe uma distinção entre a emoção e os resultados da emoção, principalmente os comportamentos gerados e as expressões emocionais. As pessoas frequentemente se comportam de certo modo como um resultado direto de seus estados emocionais, como chorando, lutando ou fugindo. Ainda assim, se pode ter a emoção sem o seu correspondente comportamento, então nós podemos considerar que a emoção não é apenas o seu comportamento e muito menos que o comportamento seja a parte essencial da emoção.

A teoria social de James-Lange propõe que as experiências emocionais são consequência de alterações corporais. A abordagem funcionalista das emoções, de Nico Frijda (1927-2015) sustenta que as emoções estão relacionadas a finalidades específicas, como fugir de uma pessoa ou objeto para obter segurança. As emoções básicas são três: positivas, neutras e negativas. As emoções complexas constroem-se sobre condições culturais ou associações combinadas com as emoções básicas. Analogamente ao modo como as cores primárias são combinadas, as emoções primárias podem ser combinadas gerando um espectro das emoções humanas. Como, por exemplo, raiva e desgosto podem ser combinadas em desprezo. Robert Plutchik (1927-2006) propôs o modelo tridimensional circumplexo para descrever a relação entre as emoções. Este modelo é similar ao círculo cromático. A dimensão vertical representa a intensidade, enquanto o círculo representa a similaridade entre as emoções. Ele determina oito emoções primárias dispostas em quatro pares de opostos. Outro significado sobre classificação das emoções refere-se a sua ocorrência no tempo. Algumas emoções ocorrem sobre o período de segundos, por exemplo, a surpresa e outros demoram anos, por exemplo, o amor.

O último poderia ser considerado como uma tendência de longo tempo para ter uma emoção em relação a um certo objeto ao invés de se ter uma emoção característica, entretanto, isto também pode ser contestado. Uma distinção é então feita entre episódios emocionais e disposições emocionais. Disposições são comparáveis a peculiaridades do indivíduo ou características da personalidade, onde quando alguma coisa ocorre, serve de gatilho para a experiência de certas emoções, mesmo sobre diferentes objetos. Por exemplo, uma pessoa irritável é geralmente disposta a sentir irritação mais facilmente que outras. Alguns estudiosos, por exemplo, Freitas-Magalhães (2009) e Scherer (2005) colocam a emoção como uma categoria mais geral de "estados afetivos". Onde estados afetivos podem também incluir fenômenos relacionados, como o prazer e a dor, estados motivacionais, por exemplo, fome e curiosidade, temperamentos, disposições e peculiaridades do indivíduo. Há, ainda, a relação entre processos neurais e emoções: através de processos de imagem por ressonância magnética funcional, já é possível investigar a emoção “ódio” e sua manifestação neural. Neste experimento, a pessoa teve seu cérebro escaneado enquanto via imagens de pessoas que ela odiava. Os resultados mostraram incremento da atividade no médio giro frontal, putâmen direito, bilateralmente no córtex pré-motor, no polo frontal, e bilateralmente no médio lobo da ínsula.

Os pesquisadores concluíram que existe um padrão distinto da atividade cerebral quando a pessoa experimenta o ódio. Outro estudo colocou ainda em questão qual de três grandes teorias de estudo da emoção, isto é, modelo circunflexo, teoria das emoções básicas ou teoria da avaliação) é capaz de corresponder melhor aos padrões de ativação cerebral. Neste caso, os participantes atribuíam uma determinada emoção a vários contos pequenos enquanto os seus cérebros eram examinados por imagem por ressonância magnética funcional. De fato, os dados obtidos neste estudo revelaram que, possivelmente e de acordo com as condições em que o estudo foi realizado, as emoções atribuídas a terceiros poderão ser descodificadas através dos padrões neuronais e que o nosso conhecimento dessas emoções é abstrato e dividido em diversas dimensões. Ipso facto, os dados sugeriram que o modelo que melhor se adequa aos padrões neuronais poderá ser o da teoria da avaliação, tendo em conta as condições em que o estudo foi realizado. As emoções básicas são as emoções mais elementares, distintas e mais contínuas no tempo entre as diversas espécies das emoções discretas, mas também podem ser consideradas as mais relacionadas com funções de sobrevivência. Estas emoções são assim designadas uma vez que não podem ser decompostas em termos semânticos ainda mais simples. Segundo esta teoria, são diversas combinações entre as emoções básicas (associadas a expressões faciais) que permitem compreender as emoções mais complexas.

O território atualmente chamado Alsácia-Mosela, na França, compreende os departamentos do Alto e do Baixo Reno (formando a Alsácia) e o departamento do Mosela (que forma a parte oriental da Lorena). É uma antiga região administrativa da França, localizada a Leste do país, junto às fronteiras alemã e suíça. Na atualidade integra a região do Grande Leste (Alsácia-Champanha-Ardenas-Lorena) e tem Estrasburgo como capital e maior cidade. A Alsácia tem uma superfície de 8 280 km², sendo a menor região da França metropolitana. Seu comprimento é de aproximadamente quatro vezes sua largura, estendendo-se sobre uma planície entre o rio Reno a leste e as montanhas dos Vosges a oeste.  Ela engloba os departamentos (Départements) do Haut-Rhin (Alto Reno), ao Sul, e Bas-Rhin (Baixo Reno), ao norte. Tem fronteiras com a Alemanha ao norte e ao leste, com a Suíça e a região francesa de Franche-Comté ao sul e com a região francesa da Lorena (Lorraine) ao Oeste. Mosela (em francês Moselle) é um departamento da França localizado na região do Grande Leste, cuja capital é a cidade de Metz. Forma parte da região histórica e cultural da Lorena. O nome do departamento vem do rio Mosela que o atravessa. Na lista dos departamentos franceses tem o número 57.

Mosela foi um dos primeiros departamentos criados pela Revolução Francesa, o 4 de março de 1790 por aplicação da lei do 22 de dezembro de 1789, dividindo a província de Lorena. Conheceu várias mudanças de fronteiras até elas serem fixadas em 1815. As cidades de Saarbrücken e Saarlouis, atualmente alemãs, fizeram brevemente parte do departamento. Nessa época, o departamento era dividido em quatro arrondissements: Metz (capital do departamento), Briey, Sarreguemines e Thionville. O departamento desapareceu em 18 de maio de 1871, após o tratado de Frankfurt, quando a Alemanha anexou a maior parte do departamento, parte do departamento da Meurthe e quase toda a Alsácia. Só o extremo Oeste da Mosela ficava francês, sendo integrado no novo departamento Meurthe-et-Moselle, formando o atual arrondissement de Briey. Os territórios tornando-se alemães incluíam a parte germanófona da Lorena, com Boulay, Sarreguemines e Sarrebourg,  regiões onde sempre se falava francês, como Metz e Château-Salins. O conjunto formava um Bezirk, cuja capital foi Metz.

Quando em 1919, o tratado de Versalhes entregou para a França os territórios lorenos perdidos, não foram reconstituídos os antigos departamentos, mas o Bezirk de Metz mudou para departamento de Mosela, com os arrondissements de Boulay-Moselle, Forbach, Metz, Sarreguemines e Thionville (parte da antiga Mosela) e os de Château-Salins e Sarrebourg (parte da antiga Meurthe). O departamento de Meurthe-et-Moselle ficou assim sem nova mudança. Durante a segunda guerra mundial, após o armistício de 22 de junho de 1940, a Mosela foi de novo anexada pela Alemanha e integrada no Gau Westmark com a Sarre e o Palatinado. A importância da população francófona induziu o Gauleiter Bürckel a pronunciar expulsões maciças de todos os elementos que lhe pareciam não ser seguros, sem considerar critérios raciais, ao contrário do seu colega Wagner, em carga do Gau Baden-Elsass, quem não queria entregar ao inimigo «o precioso sangue germânico». Aparentemente tratados pior que os moradores da Alsácia, os Lorenos expulsos se felicitaram do seu destino quando, em 1942, os alsacianos-lorenos que ficavam foram incorporados à força no exército alemão. A Mosela foi libertada, na maior parte, pelos exércitos norte-americanos em 1944, mas algumas vilas só foram libertadas mais tarde seguindo até março de 1945. Por causa da anexação de 1871, o departamento da Mosela (tal como os da Alsácia) fica no regime do concordado de 1801.

O prêmio reconhece o filme pelo tratamento dado à temática LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros), dentre as obras apresentadas em todas as seleções do festival: Un certain regard, (1978), Semana da Crítica (Semaine de la critique), Quinzena dos Realizadores e a secção da Associação do Cinema Independente para a sua Difusão (Association pour le Cinéma Indépendant et sa Diffusion, ACID). O filme foi lançado nos cinemas da França em 18 de setembro de 2019. Foi indicado ao Independent Spirit Awards, Critics` Choice Awards e Golden Globe Awards de Melhor Filme Estrangeiro e foi escolhido pelo National Board of Review como um dos cinco melhores filmes estrangeiros de 2019. O filme foi um dos três selecionados pelo Ministério da Cultura francês, para concorrer a inscrição da França no 92º Oscar de Melhor Longa-Metragem Internacional. Retrato de uma Jovem em Chamas foi eleito o 30º melhor filme de todos os tempos na pesquisa de críticos da Sight & Sound de 2022. Também foi considerado um dos melhores filmes de 2019, do século 21 e de todos os tempos. É o órgão do governo francês responsável por proteger e promover as artes e a identidade cultural francesa, gerenciando museus, monumentos históricos e centros culturais. Fundado em 1959 por Charles de Gaulle, tem o objetivo de manter e fortalecer a cultura francesa tanto no país quanto no exterior, e desde 2024 é liderado pela Ministra da Cultura, Rachida Dati.

Nascida em Saint-Rémy, Saône-et-Loire, em 27 de novembro de 1965, é uma política francesa, que foi ministra da Justiça de 18 de maio de 2007 a 23 de junho de 2010, durante a gestão do primeiro-ministro François Fillon sempre durante a presidência de Nicolas Sarkozy. Filha de pai marroquino, chamado Mbarek, e mãe argelina, chamada Fatima-Zohra, é a segunda de uma família de doze filhos, com oito irmãs e quatro irmãos. Possui tripla nacionalidade: francesa, marroquina e argelina, mas costuma declarar que é uma “francesa de origem francesa”. Cresceu e estudou em um bairro muito pobre chamado Saint-Jean, perto de Chálon-sur-saóne. Rachida começou a trabalhar aos catorze anos como entregadora de folhetos e depois como vendedora em um supermercado. Dos dezesseis aos dezoito anos, trabalhou como paramédica, prestando serviço de cuidados com idosos. Em 1987 voltou a estudar, graduando-se em administração de empresas. Passou, assim, a trabalhar em várias empresas, chegando a atuar um ano em Londres. Depois de alguns anos trabalhando no setor de gestão de empresas, decide estudar Direito no Colégio Nacional de Direito Francês, onde também se graduou como o título de magistrada. Consegue trabalhar logo como fiscal em um tribunal na cidade de Bobigny, localidade próxima a Paris e, posteriormente, em outro tribunal da cidade de Évry. Em 2002, conheceu Nicolas Sarkozy, então Ministro do Interior da França, e trabalhou com ele em um projeto de prevenção à delinquência. Em dezembro de 2006, uniu-se ao partido União por um Movimento Popular (UMP), o partido de Sarkozy, foi um partido político francês de centro-direita. Foi criado especificamente para as eleições presidenciais e legislativas de abril de 2002 e surgiu inicialmente com o nome “Union pour une majorité présidentielle” pela fusão de dois partidos do presidente Jacques Chirac. Apesar de não ter muita experiência política, Rachida foi eleita porta-voz da campanha de Sarkozy durante as eleições gerais na França. Pouco depois da vitória de Sarkozy nas eleições, este a nomeou ministra da Justiça, o que a tornou a primeira pessoa de origem Magrebe a dirigir um ministério do governo francês. Em 2016, foi selecionada pela British Broadcasting Corporation (BBC) como uma das 100 Mulheres mais importantes do ano.

Bibliografia Geral Consultada.

BARBAGLI, Marzio, Disoccupazione Intelletuale e Sistema Scolastico in Italia. Bolonha: Editore Il Mulino, 1974; HABERMAS, Jürgen, Teoría de la Acción Comunicativa. Madrid: Ediciones Taurus, 1987; CHAUÍ, Marilena de Souza, Repressão Sexual: Essa Nossa (Des)conhecida. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987; SIMMEL, Georg, Filosofia do Amor. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993; CASTLE, Terry, The Apparitional Lesbian: Female Homosexuality and Modern Culture. 1ª edição. Columbia University Press, 1995; BOURDIEU, Pierre, Os Usos Sociais da Ciência: Por Uma Sociologia Clínica do Campo Científico. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 2004; FREITAS-MAGALHÃES, Armindo, A Psicologia das Emoções - O Fascínio do Rosto Humano. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2007; BUTLER, Judith, “Vidas Precárias”. In: Contemporânea, n° 1, pp. 13-33, jan.–jun. 2011; ANDRADE, Flávio Rovani de, A Compreensão dos Elementos Pré-totalitário na Educação Segundo Hannah Arendt. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2012; OLIVEIRA, Fernando Maluf Dib, A Constituição da Identidade na Pós-Modernidade: O Simulacro da Realidade. Dissertação de Mestrado. Instituto de Ciências Sociais. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2016; BARRETT, Ruth (Editor), Female Erasure: What You Need to Know About Gender Politics` War on Women, the Female Sex and Human Rights. 1ª ed. Califórnia: Tidal Time Publishing, 2016; AZEVEDO, Adriana Fernandes Pinto de, Reconstruções Queers: Por Uma Utopia do Lar. Tese de Doutorado. Departamento de Letras. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2016; CAVALCANTI, Ana Paula Rodrigues, Relações entre Preconceitos Religioso, Preconceito Racial e Autoritarismo de Direita: Uma Análise Psicossocial. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2016; BAPTISTA, Mónica Andreia Santana, Autobiografia em Cinema. Tese de Doutorado. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2019; FAVERO, Sofia, Psicologia Suja. 1ª edição. São Paulo: Editora Devires, 2025; ALVARENGA, Breno Mota, Som e Temporalidades Queer em Autobiografias Fílmicas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual. Instituto de Artes e Comunicação Visual. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2025; entre outros.

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