sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Amor em Verona – Humanismo, Cinema & Comédia Romântica.

 O amor não vê com os olhos, vê com a mente; por isso é alado, e cego e tão potente”. William Shakespeare

        Amor em Verona (Love in the Villa) tem como representação social um filme de comédia romântica norte-americano de 2022, escrito, dirigido e produzido por Mark Steven Johnson, nascido em 30 de outubro de 1964 é cineasta norte-americano. Johnson começou sua carreira escrevendo os filmes da Warner Bros Entertainment, Grumpy Old Men (1993), e sua sequência Grumpier Old Men (1995). É uma empresa de mídia norte-americana com sede na Warner Bros. Studios em Burbank, município na Califórnia, Estados Unidos da América, subsidiária da Warner Bros. Discovery. O escritor e cineasta também escreveu e dirigiu dois filmes baseados em extraordinárias histórias sociais em quadrinhos, Demolidor (2003) e Motoqueiro Fantasma (2007), assim como o filme Simon Birch (1998). É uma forma de arte que conjuga texto e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos, geralmente publicadas no formato de revistas, livros ou em tiras veiculadas dentro de revistas e jornais. Steven Johnson também escreveu a história do filme Christopher Robin (2018) e dirigiu o filme da Netflix Love, Guaranteed (2020). Mais recentemente Johnson escreveu e dirigiu Love in the Villa também para a Netflix. É estrelado por Kat Graham, Tom Hopper e Raymond Ablack. Julie Hutton segue seu sonho de visitar a romântica Verona, na Itália, logo após um término, apenas para descobrir que sua vila está com reservas duplicadas, então ela tem que dividi-la com um britânico aparentemente cínico. O filme foi lançado na Netflix em 1º de setembro de 2022.

            Love in the Villa é um filme de comédia romântica norte-americano de 2022, escrito, dirigido e produzido por Mark Steven Johnson. É estrelado por Kat Graham, Tom Hopper e Raymond Ablack. Julie Hutton segue seu sonho de visitar a romântica Verona, na Itália, logo após um término, apenas para descobrir que sua vila está com reservas duplicadas, então ela tem que dividi-la com um britânico cínico. Historicamente entre os séculos XIII e XIV, a cidade foi governada pela família della Scala. Sob o governo da família, em particular de Cangrande I della Scala, a cidade experimentou grande prosperidade, tornando-se rica e poderosa e sendo cercada por novas muralhas. A Era della Scala é preservada em vários monumentos ao redor de Verona. Duas das peças de William Shakespeare (1564-1616) se passam em Verona: Romeu e Julieta que também apresenta a visita de Romeu a Mântua e Os Dois Cavalheiros de Verona. Não se sabe se Shakespeare já visitou Verona ou a Itália, mas suas peças atraíram muitos visitantes para Verona e cidades vizinhas. Verona também foi o local de nascimento de Isotta Nogarola (1418-1466), que é considerada a primeira grande humanista feminina da história social e uma das mais importantes humanistas do Renascimento. Em novembro de 2000, a cidade foi declarada Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) fundada em 1946 para promover a paz através da colaboração internacional em educação, ciência, cultura e comunicação, estabelecendo normas e protegendo o patrimônio cultural e natural para um futuro mais equitativo e pacífico por causa de sua estrutura urbana e arquitetura.

       William Shakespeare nasceu e foi criado em Stratford-upon-Avon, chamada na Era elizabetana, época especialmente estimulante para os artistas. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592 William começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários da companhia de teatro chamada Lord Chamberlain`s Men, mais tarde reconhecida como King`s Men. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada de Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua aparência física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que lhe são atribuídas teriam sido escritas por outros autores. Shakespeare produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta década de 1606, Rei Lear, incluindo Hamlet (1623), e Macbeth (1623), consideradas algumas das obras literárias mais importantes na língua inglesa.  Na sua última fase literária produtiva, escreveu um conjunto de peças classificadas como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros dramaturgos. Diversas peças foram publicadas, em edições com variados graus de qualidade e precisão durante sua vida. Em 1623, John Heminges e Henry Condell, dois atores amigos de Shakespeare, publicaram o First Folio, uma coletânea das obras dramáticas que incluía quase todas as peças reconhecidas como de sua autoria. Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só viria a atingir o nível em que se encontra no século XIX.                                      


Os românticos, especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de bardolatria. No século XX sua obra foi adotada e redescoberta repetidamente por novos movimentos, tanto na academia quanto na performance. Suas peças permanecem muito populares, são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos no mundo globalizado. A professora da terceira série Julie Hutton é fascinada por Verona, cenário de Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Na tentativa de explicar por que está tão animada com a viagem, ela tenta, sem sucesso, expor seus alunos à história de amor centenária. Julie repassa detalhadamente o itinerário que planejou para a tão esperada viagem a Verona com seu namorado Brandon, com quem está casada há quatro anos. Arrasado, ele termina abruptamente o relacionamento. Julie, então, se vê viajando sozinha para o que esperava ser uma semana de romance. Após um voo desconfortável na classe econômica, suas malas são perdidas e ela tem uma corrida estressante de táxi com a Uberto. Ao chegar à vila, Julie descobre que ela foi reservada duas vezes, pois havia sido anunciada em dois sites diferentes de compartilhamento de apartamentos. O proprietário, Silvio, sugere que ela divida o lugar com Charlie, o outro inquilino e especialista em vinhos, já que a feira europeia que anualmente de vinhos Vinitaly está monopolizando a disponibilidade de acomodações. Ele descarta isso como se fosse o destino deles. Julie se apressa para seguir seu roteiro lotado, mas logo é forçada a abandoná-lo. Desanimada, ela retorna à vila e descobre que Charlie leu seu diário pessoal. Ele compara voltar para uma “ex” a vestir uma calcinha suja depois do banho. Julie desliga na cara de Brandon.

Charlie explica seu trabalho com uma importadora de vinhos do Reino Unido, na qual precisa obter direitos de exclusividade sobre vinhos a preços baixos para maximizar seus lucros. Logo depois, Julie descobre suas alergias extremas quando gatos de rua entram em grande número ao quebrar uma janela. Quando ela reclama dele ao telefone com seu amigo Rob, ele sugere que ela o expulse. Julie compra muitas azeitonas verdes, um conhecido atrativo para gatos, envolve Charlie com elas e abre a janela. Ele acorda coberto de vergões e dor, e imediatamente “declara guerra” contra ela. Ao sair do apartamento, Charlie encontra as malas dela sendo entregues pela companhia aérea. Ele as devolve, dizendo que ela estava internada em uma instituição e quer que sejam doadas. Julia se vinga trocando as fechaduras e, em seguida, entra em contato com a polícia para denunciar Charlie como ladrão. Após ser libertado da prisão, ele volta ainda mais furioso. Ele cria um santuário público com trechos do diário de Julie sobre seu término com Brandon. Charlie faz uma trégua e se oferece para compartilhar uma refeição com ela. Ele prepara pastissada de caval, um prato típico de Verona. Quando Julie descobre que é de cavalo, eles acabam em uma “guerra de comida”. A polícia é acionada quando a comoção chega à praça abaixo. Avisado de que poderá passar a noite na prisão se perturbar a paz novamente, Charlie pede desculpas a Julia. 

Ele admite que substituiu o cavalo por cogumelos portobello, e eles passam a noite se embebedando com vinho. Caminhando pela cidade, Julie faz um pedido na Fontana Madonna Verona e, em seguida, leva-os à estátua de bronze de Julieta, onde ambos fazem seus pedidos. No dia seguinte, ela leva Charlie para o passeio de Julieta, para que ele possa vê-la com os olhos de um romântico. Julie revela que seus pais excessivamente românticos a levaram a estabelecer padrões elevados; ele explica que cresceu com quatro irmãos e sem mãe. Naquela noite, no evento da Vinitalia, Julie conta a Carlo Caruso como seu vinho é maravilhoso, bloqueando inadvertidamente a oferta da empresa de Charlie. Charlie a convida para dançar e eles quase se beijam. Ao retornar à vila, sua noiva Cassie está lá para surpreendê-lo, o que o deixa surpreso, pois estavam de folga. Brandon aparece de manhã. À noite, ele e Julie acabam sendo convidados para dividir uma mesa com Cassie e Charlie. Julie fica muito bêbada e eles vão embora. Charlie termina com Cassie, segue os outros e, inadvertidamente, vê Brandon pedi-la em casamento. Charlie não percebe a rejeição de Julie. Silvio convence Charlie a procurar Julie. Quando ele o faz, ambos percebem que se apaixonaram.

            A obra de Isotta Nogarola atesta a sua extraordinária erudição, as suas capacidades literárias e a profundidade do seu pensamento, tendo imposto um modelo que seria seguido pelas mulheres letradas que nos séculos seguintes se debateram para poder expressar as suas ideias. Na sua obra mais reconhecida, “De pari aut impari Evae atque Adae peccato” (1451), ou “Diálogo sobre Adão e Eva”, ela discute o “mito de Eva”, ou o “mito do pecado original”, inaugurando um debate filosófico que se arrastou durante vários séculos na Europa a respeito do gênero e da natureza da mulher. Os rapazes estudavam as disciplinas do movimento que viria a ser conhecido como o humanismo, que começou em Florença no século XIV, e se espalhou pela Itália, e que constituía o estilo de aprendizagem clássica seguido pelas famílias nobres. Ao focar os seus interesses nas culturas romana e grega clássicas, os eruditos acreditavam que a educação humanística produziria pessoas mais capacitadas e uma melhor compreensão do conhecimento. As escolas estavam preparadas para ensinar poesia, gramática, retórica, história e filosofia moral, o que ajudaria qualquer jovem no seu futuro político. Um verdadeiro humanista costumava escrever cartas para um grupo já respeitado e reconhecido, e esperar por uma resposta. Se a resposta trouxesse apoio e louvor ao aprendiz em potencial, essa notícia iria se espalhar, ganhando terreno para a construção da sua carreira. 

Muitas das famílias mais poderosas providenciavam para que as suas filhas recebessem igualmente a mesma educação literária e filosófica que era dada aos rapazes que estudavam as disciplinas do movimento que viria a ser reconhecido como o humanismo, que começou em Florença no século XIV, e se espalhou extraordinariamente pela Itália, e que constituía o estilo de aprendizagem clássica seguido pelas famílias nobres. Ao centralizar os seus interesses nas culturas romana e grega clássicas, os eruditos acreditavam que a educação humanística produziria pessoas decerto mais capacitadas e uma melhor compreensão do conhecimento em torno da existência humana. As escolas estavam preparadas para ensinar poesia, gramática, retórica, história e filosofia moral, o que ajudaria qualquer jovem ao investimento no seu futuro político. Um verdadeiro humanista costumava escrever cartas para um grupo já respeitado e reconhecido, e esperar por uma resposta. Se a resposta trouxesse apoio e louvor ao aprendiz em potencial, essa notícia iria se espalhar, ganhando terreno para a construção da sua carreira. Muitas das famílias mais poderosas providenciavam para que as suas filhas recebessem igualmente a mesma educação literária e filosófica que era dada aos rapazes. Isotta Nogarola nasceu no seio de uma família nobre de Verona, que partilhava um interesse comum pela cultura e que mantinha uma forte tradição de educação das suas filhas, tendo produzido mulheres letradas ao longo de várias gerações. Ângela Nogarola (1360-1420), irmã do pai de Isotta, Leonardo, foi uma poetisa com alguma notoriedade. Isotta Nogarola teve dez irmãos, sete dos quais sobreviveram à idade adulta. Durante a sua vida, a Itália passava pelo Renascimento do século XV. Uma nova forma de apreciar a arte, a educação e o enriquecimento da cultura sombreavam, ipso facto, a cultura italiana. Politicamente, a Itália estava dividida entre cidades-estados governadas por famílias extremamente ricas e Gênova, Florença e Veneza são alguns exemplos.

É próprio da concepção de teoria per se admitir a crítica externa, conforme as regras aceita pela continuidade que cuida, suscita e critica as teorias. O campo de existência das teorias é recente e frágil. Constituiu-se pela primeira vez há vinte séculos em Atenas, onde a instauração da filosofia abriu uma esfera livre de debate de ideias sem sanção, exclusão, nem liquidação dos participantes. Depois, a ciência europeia criou o seu próprio campo, onde toda teoria deve obedecer às regras empíricas, regras lógicas limitadoras e aceitar a verificabilidade que poderiam desmenti-las. Um sistema de ideias permanece teoria enquanto aceita a regra do jogo competitivo e crítico, enquanto manifesta maleabilidade interna: capacidade de adaptação e modificação na articulação entre seus subsistemas, assim como a possibilidade de abandonar um subsistema e de substituí-los por outro. Uma teoria é capaz de modificar as suas variáveis que se definem nos termos do seu sistema de pensamento. Em consequência, as características fechadas dela são contrabalanceadas pela busca de concordância entre a coerência e dos dados que evidencia: é isso que constitui a racionalidade. Depende da interpretação daqueles que habitam o mundo onde se aplica. A teoria sobrevive das trocas simbólicas, linguísticas e científicas com o mundo real da imaginação humana. Enquanto teoria metaboliza o real para sobreviver. O tipo aberto é ligado às regras pluralísticas estruturais que alimenta.

As esferas filosófica e científica são de existência democrática em geral para as teorias da sociedade. Dizer concepção de abertura teórica necessita de condições externas favoráveis significa dizer que todas as formas de sistema de ideias tendem a fechar-se por si mesmo. O dogmatismo e a ortodoxia não são tendências naturais, contrabalançadas somente por condições sociais exteriores. Racionalidade e racionalização têm um mesmo tronco comum, a busca de coerência. Mas, enquanto a racionalidade está aberta ao que resiste à lógica e mantém o diálogo com o real, a racionalização integra à força o real na lógica do sistema e crê, então, possuí-lo. Essa tendência racionalizadora equivale aqui à profunda tendência idealista de todo sistema de ideias a absorver a realidade que nomeia, designa, descreve, explica. Sob certo ponto de vista noológico, os sistemas de ideias não se alimentam somente de energias e paixões humanas, evidenciadas pela tradição do empirismo lógico. Ipso facto no âmbito da formação da complexidade centrifugam e esvaziam o real que evidenciam. Desvelando as “leis” que governam o mundo, as teorias da ciência aspiram à soberania dessas leis. 

A inveterada tendência a tomar o mapa pelo território, a palavra pela coisa, a ideia pela realidade, depende do espírito humano, de sua aptidão crítica e autocrítica, favorecida pelas situações culturais pluralistas e abertas. O “remédio” só pode estar na abertura do sistema, o qual depende da abertura do espírito humano. A partir do ideário do Renascimento, o mundo é requestionado (cf. Hale, 2003); depois que Cristóvão Colombo (1451-1506) do chão aumentou a Terra e Copérnico e Galileu diminuíram-na no céu. Deus é requestionado, assim como o homem; a interdependência dessas reflexões determina uma problematização generalizada, de fato alongada. A perda dos antigos fundamentos de inteligibilidade e de crença suscita a procura incessante de novos fundamentos e a formação ininterrupta de novos sistemas filosóficos, os quais levantam mais questões do que fornecem respostas, o que relança em constante permanência a busca. E, assim, a noosfera filosófica europeia desenvolve-se com uma intensidade prodigiosa apresentando duas faces opostas e atreladas: de um lado, uma atividade critica, que já não se exerce apenas, nem principalmente, sobre a religião, mas sobre os próprios sistemas racionais (racionalizadores), sobre as ideias dominantes, os princípios, os fundamentos; por outro lado, a elaboração ininterrupta de sistemas, até o maior de todos, Friedrich  Hegel; a partir dele a história da filosofia será um corpo a corpo sem tréguas entre o pensamento antissistemático. A cultura serve como laboratório noológico, onde se pode poder observar a formação, o florescimento dos sistemas, seus conflitos, suas simbioses, suas trocas, suas corrupções, suas escleroses, as suas mutações, os seus rejuvenescimentos, mas também as suas agonias.

Na história social e da técnica do Renascimento não existia o que se poderia chamar de “economia italiana”. Havia muitas economias, algumas diversas de âmbito regional e outras de âmbito internacional, localizadas todas elas na unidade geográfica e espacial da península. Duas cidades à beira de rios e duas às margens dos mares, Milão e Florença, Genova e Veneza, formavam o quadrilátero da prosperidade da Itália durante a Renascença. Nenhuma delas possuía população superior a 100 mil habitantes. Mas, em contrapartida, tinham energia e disposição suficiente para capitanear a liderança econômica da península, como tino para estenderem seus interesses tanto para o coração da Europa em direção às cidades alemãs, francesas a flamengas como para Constantinopla e o restante do Levante. Dedicavam-se como atividade econômica ao comércio de luxo: seda, brocados, âmbar, especiarias, ouro e prata, como às atividades que atendiam o consumo cotidiano, como têxteis, tendo em vista que em Florença, além da Casa dos Médici (cf. Abreu e Lima, 2012), foi um poderoso centro lanífero. Veneza também acolheu uma formidável indústria naval para dar sustento ao seu império de comunicação marítimo que se estendia pelas ilhas gregas e alcançava vários portos do mar Negro. A comunicação marítima gerou uma burguesia pródiga, sequiosa de ostentar posição de mando e desejosa de preservar-se através da cultura e do patrocínio das artes.

A competição entre as diversas cidades fez a glória dos artistas de seu tempo histórico e social, muitos deles foram cobiçados por várias cortes que os prodigalizavam com recursos monetários, promoção e prestígio. Não por acaso, em geografia urbana, hinterlândia corresponde a uma área geográfica que pode se tratar de um município ou um conjunto de municípios servida por um porto e a este conectada por uma rede de transportes, através da qual recebe e envia mercadorias ou passageiros do porto ou para o porto. Trata-se, portanto, da área de influência pragmático de uma cidade portuária que, por concentrar significativa atividade econômica, pode engendrar uma rede urbana, constituída por centros urbanos menores. Posteriormente, o conceito passou a ser utilizado também no caso de cidades não portuárias que são “cabeças-de-rede”. O termo pode ser aplicado à área que circunda um centro de comércio, ou de setor de serviços e da qual provêm os seus clientes. O conceito foi aplicado à área de ex-colônias na África, apesar de não serem parte da colônia, eram por ela influenciadas. A mãe de Isotta, Bianca Borromeo, viúva e iletrada, pois seu marido havia morrido entre os anos 1425 e 1433, providenciou para que ela e as suas irmãs Ginevra e Laura tivessem uma boa educação, tendo aprendido latim e grego numa idade precoce, primeiro sob a orientação de Matteo Bosso e mais tarde de Martino Rizzoni (1404-1488), um dos mais brilhantes alunos de Guarino da Verona (1370-1460), sendo um dos mais respeitados poetas, humanistas e pensadores italianos.

 Nogarola e suas irmãs tiveram praticamente a mesma educação que um rapaz de uma família abastada teria recebido, com exceção da retórica, que era considerada irrelevante para a aprendizagem de uma mulher, pois supostamente ela nunca teria oportunidade de falar em público. Isotta e a sua irmã mais velha Ginevra Nogarola (1417-1464) tornaram-se suficientemente competentes nos Studia Humanitatis para que a sua reputação social se difundisse pela região e elas começassem a se corresponder em latim clássico com outros intelectuais. Isotta demonstrou ser uma estudante extremamente hábil, tendo criado obras literárias que começaram a conquistar reconhecimento por toda a região. Aos dezoito anos já era famosa. A sua eloquência em Latim era muito respeitada, e a sua fama não provinha apenas do grande volume de conhecimentos que ela parecia possuir, mas também da inovação do seu gênero. Em 1437, ela escreveu uma carta para Guarino de Verona o qual deixou a carta sem resposta, humilhando-a publicamente. Meses mais tarde Isotta decide enviar uma segunda carta queixando-se da sua falta de resposta que a tinha coberto de ridículo: “Toda a cidade se ri de mim, o meu gênero troça de mim, em nenhum lugar tenho um refúgio seguro, os burros [mulheres] mordem-me, os touros [homens] investem sobre mim com os seus cornos”, suplicando a sua ajuda para recuperar a reputação perdida, pondo cobro às “Scelestae linguae que me chamam torre de audácia e dizem que deveria ser enviada para os confins da terra pela minha ousadia”. E “já existem tantas mulheres no mundo”, lamentava-se, “por que então nascer mulher para ser desprezada pelos homens, tanto em palavras como por atos”. A resposta a segunda carta foi prontamente recebida. Na sua missiva, escrita em tom paternalista, Guarino aconselhava-a a ser forte em face dos ataques, mas também a abandonar uma atividade que não era adequada para o seu sexo e a casar-se. Segundo Veronese, Isotta deveria dissociar-se do seu sexo e cultivar a sua alma masculina – “tornar-se um homem” – para atingir os seus objetivos e ser estimada pelos homens, podendo assim participar no mundo acadêmico masculino.

Os detalhes precisos da história inicial de Verona permanecem um mistério, assim como a origem do seu nome. Uma teoria é que era uma cidade dos Euganei, que foram obrigados a cedê-la aos Cenomanos (550 a.C.). Com a conquista do Vale do Pó, o território veronês tornou-se romano por volta de 300 a.C. Verona tornou-se uma colônia romana em 89 a.C. Foi classificada como município em 49 a.C., quando seus cidadãos foram atribuídos à tribo romana Poblilia ou Publicia. A cidade tornou-se importante porque estava na intersecção de várias estradas. Estilicão, um comandante militar do exército romano, derrotou Alarico e seus visigodos aqui em 402. Mais tarde, Verona foi conquistada pelos ostrogodos em 489, e a dominação gótica da Itália começou. Diz-se que Teodorico, o Grande, construiu um palácio lá. Permaneceu sob o poder dos godos durante toda a Guerra Gótica (535–552), exceto por um único dia em 541, quando o oficial bizantino Artabazes fez uma entrada. As deserções dos generais bizantinos sobre o saque tornaram possível para os godos recuperarem a posse da cidade. Em 552, os romanos sob o general Valeriano tentaram em vão entrar na cidade, mas foi somente quando os godos foram totalmente derrubados que eles politicamente a renderam.

Em 569, foi tomada por Alboíno, rei dos lombardos, em cujo reino era, em certo sentido, a segunda cidade mais importante. Lá, Alboíno foi “morto por seu próprio povo com a conivência de sua esposa” em 572. Os duques de Treviso frequentemente residiam lá. Adalgiso, filho de Desidério, em 774 fez sua última resistência em Verona a Carlos Magno, que havia destruído o reino lombardo. Verona se tornou a residência ordinária dos reis da Itália, o governo da cidade se tornando hereditário na família do conde Milo, progenitor dos condes de São Bonifácio. De 880 a 951, os dois Berengários residiram lá. Sob o domínio do Sacro Império Romano e da Áustria, Verona era alternativamente conhecida em alemão como Berna, Welsch-Bern ou Dietrichsbern. Otto I cedeu a Verona o marquesado dependente do Ducado da Baviera, no entanto, a crescente riqueza das famílias burguesas eclipsou o poder dos condes e, em 1135, Verona foi organizada como uma comuna livre. Em 1164, Verona se juntou a Vicenza, Pádua e Treviso para criar a Liga Veronesa, que foi integrada à Liga Lombarda em 1167 para lutar contra Frederico I Barbarossa. A vitória foi alcançada na Batalha de Legnano em 1176, e o Tratado de Veneza foi assinado em 1177, seguido pela Paz de Constança em 1183.

Quando Ezzelino III da Romano foi eleito podestà em 1226, converteu o cargo público em um senhorio permanente. Em 1257, causou o massacre de 11 mil paduanos na planície de Verona (Campi di Verona).  Após sua morte, o Grande Conselho elegeu Mastino I della Scala como podestà, e ele converteu a “signoria” extraordinariamene em posse familiar, embora deixando aos burgueses uma participação no governo. Não conseguindo ser reeleito podestà em 1262, efetuou um golpe de estado e foi aclamado Capitano del Popolo, com o comando das tropas comunais. Longas discórdias internas ocorreram antes que ele conseguisse estabelecer este novo cargo, ao qual estava anexada a função de confirmar o podestà. Em 1277, Mastino della Scala foi morto pela facção dos nobres. O reinado de seu filho Alberto della Scala como capitano (1277–1302) foi um período de guerra incessante contra os condes de San Bonifacio, que foram auxiliados pela Casa de Este. De seus filhos, Bartolomeo, Alboino e Cangrande I della Scala (1291–1329), apenas o último compartilhou o governo (1308); ele foi grande como guerreiro, príncipe e patrono das artes; ele protegeu Dante, Petrarca e Giotto. Por guerra ou tratado, ele trouxe sob seu controle as cidades de Treviso (1308), Vicenza (1311) e Pádua (1328). Naquela época, antes da Peste Negra, a cidade abrigava mais de 40 mil pessoas. Cangrande foi sucedido por Mastino II (1329–1351) e Alberto, filhos de Alboino. Mastino continuou a política de seu tio, conquistando Bréscia em 1332 e levando seu poder além do Míncio. 

Ele comprou Parma (1335) e Lucca (1339). Depois do Rei da França, ele foi o príncipe mais rico de seu tempo. Uma poderosa liga foi formada contra ele em 1337 – Florença, Veneza, os Visconti, os Este e os Gonzaga. Após uma guerra de três anos, os domínios dos Scaliger foram reduzidos a Verona e Vicenza (a filha de Mastino, Regina-Beatrice della Scala, casou-se com Barnabé Visconti). O filho de Mastino, Cangrande II (1351–1359), era um tirano cruel, dissoluto e desconfiado; não confiando em seus próprios súditos, ele se cercou de mercenários brandenburgianos. Ele foi morto por seu irmão Cansignorio (1359-1375), que embelezou a cidade com palácios, dotou-a de aquedutos e pontes e fundou o tesouro do estado. Ele também matou seu outro irmão, Paolo Alboino. O fratricídio parece ter se tornado um costume familiar, pois Antônio (1375-1387), irmão biológico de Cansignorio, assassinou seu irmão Bartolomeu, despertando assim a indignação do povo, que o abandonou quando Gian Galeazzo Visconti, de Milão, o guerreou. Tendo esgotado todos os seus recursos, ele fugiu de Verona à meia-noite de 19 de outubro de 1387, pondo fim à dominação scaligeriana, que, no entanto, sobreviveu em seus monumentos. O ano de 1387 é o ano da Batalha de Castagnaro, travada entre Giovanni Ordelaffi, de Verona, e John Hawkwood, de Pádua. Este último saiu vitorioso. O filho de Antônio, Canfrancesco, tentou em vão recuperar Verona (1390). Guglielmo (1404), filho natural de Cangrande II, teve mais sorte; com o apoio do povo e dos Carraresi, expulsou os milaneses, mas morreu dez dias depois. Após um período de domínio Carrese, Verona submeteu-se a Veneza (1405).

Os últimos representantes dos Scaligeri viveram na corte imperial e tentaram repetidamente recuperar Verona com a ajuda de revoltas populares. De 1508 a 1517, a cidade esteve sob o poder do Imperador Maximiliano I. Houve numerosos surtos de peste e, em 1629-1633, a Itália foi atingida pelo seu pior surto dos tempos modernos. Cerca de 33 mil pessoas morreram em Verona mais de 60% da população em 1630-1631. Em 1776, um método de toque de sinos foi desenvolvido, chamado de arte de toque de sinos veronesa. Verona foi ocupada por Napoleão em 1797, mas na segunda-feira de Páscoa a população se revoltou e expulsou os franceses. Foi então que Napoleão pôs fim à República de Veneza. Verona tornou-se território austríaco quando Napoleão assinou o Tratado de Campo Formio em outubro de 1797. Os austríacos assumiram o controle da cidade em 18 de janeiro de 1798. Ela foi tomada da Áustria pelo Tratado de Pressburg em 1805 e tornou-se parte do Reino da Itália de Napoleão, mas foi devolvida à Áustria após a derrota de Napoleão em 1814, quando se tornou parte do Reino da Lombardia-Veneza, controlado pela Áustria. 

O Congresso de Verona, que se reuniu em 20 de outubro de 1822, fez parte de uma série de conferências ou congressos internacionais, iniciados com o Congresso de Viena em 1814-1815, que marcaram a continuação da aplicação do “Concerto da Europa”. Após a Terceira Guerra da Independência Italiana (1866), Verona, juntamente com o resto de Vêneto, tornou-se parte de uma Itália unida. Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), com a adesão da Itália à Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN), Verona recuperou sua importância estratégica, devido à sua proximidade geográfica com a Cortina de Ferro. A cidade tornou-se sede das Forças Terrestres Aliadas do Sul da Europa e teve, durante toda a chamada Guerra Fria, uma forte presença militar, especialmente americana, que diminuiu desde então. (1947-1991) foi um período de tensão político-ideológica entre os blocos capitalista e comunista, liderados pelos Estados Unidos da América e pela União Soviética, respetivamente. Não houve confronto bélico direto entre as duas superpotências, mas ideológico, devido à ameaça nuclear, mas sim conflitos indiretos, corridas armamentista e espacial, espionagem e a criação de alianças militares como a Organização do Tratado Atlântico Norte e o Pacto de Varsóvia (1955). O conflito terminou, levando à predominância do capitalismo. As características da Guerra Fria foram: conflito ideológico e geopolítico entre o capitalismo, defendido pelos EUA, e o comunismo, apoiado pela URSS. 

O mundo foi dividido em dois grandes blocos político-ideológicos, cada um liderado por uma das superpotências, e cada bloco defendia a sua visão política e económica. Ausência de Confronto Direto: A ameaça de uma guerra nuclear impediu um conflito direto entre os EUA e a URSS, o que deu origem ao nome Fria. Alianças Militares: Foram formadas a OTAN, liderada pelos EUA, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela URSS, para garantir a proteção mútua dos países membros. Corrida Armamentista e Espacial: As superpotências competiram para desenvolver novas armas e tecnologias, culminando numa corrida pelo domínio do espaço, incluindo a chegada do homem à Lua. Conflitos Indiretos: Os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialista Soviética apoiaram lados opostos em guerras como a da Coreia e a do Vietname, além de influenciarem a política e a economia de diversos países. Espionagem e Propaganda: A espionagem era uma ferramenta importante, e a propaganda era utilizada politicamente para desqualificar um sistema e promover o outro. Queda do Muro de Berlim: O Muro, símbolo da divisão entre o leste e o oeste da Europa, caiu em 1989, abrindo caminho para a reunificação da Alemanha e o fim da divisão de blocos. Colapso da União Soviética: Em 1991, a União Soviética desintegrou-se, marcando o fim definitivo da Guerra Fria e o fim da ordem geopolítica bipolar. Predomínio do Capitalismo: Com o fim da URSS, o sistema capitalista tornou-se o sistema hegemónico em grande parte do mundo contemporâneo.

Bibliografia Geral Consultada,

DEBUS, Allen George, El Hombre y la Naturaleza en el Renacimiento. México: Fondo de Cultura Económica, 1996; ARMELLA, Virginia Aspe, “Lo Maravilloso - To Thaumaston - Un Elemento Olvidado en la Poética”. In: Signos Filosóficos, (8) 51-70; 2002; HALE, John, La Civilisation de L´Europe à la Ranaissance. Sarthe-France: Éditions Perrin, 2003; CAROLA, Carlos Renato, “Pandora, Eva e Sofia: A Naturalização da Desigualdade de Gênero na História do Pensamento Ocidental”. In: Gênero e Trabalho Infantil na Pequena Mineração: Brasil, Peru, Argentina, Bolívia. Rio de Janeiro: CETEM/CNPq, 2006, pp.23-40; LAGO, Gustavo de Carvalho Pinheiro, Conectividade: Um Estudo sobre o Amor Pós-Moderno. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009; BLENKINSOPP, Joseph, Creation, Un-creation, Re-creation: A Discursive Commentary on Genesis 1-11. Londres: OCLC, 2011; ENNS, Peter, The Evolution of Adam: What the Bible Does and Doesn`t Say About Human Origins. Michigan: Editor Brazos Press, 2012; ABREU e LIMA, Fellipe de Andrade, A Ideia de Cidade no Renascimento. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012; LEONARDI, Evandro Marcos, Conflito Civil e Liberdade no Pensamento Republicano de Maquiavel. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2015; NOGUEIRA, Liliana Grubel, O Mercador no Livro de Arte do Comércio (1458), de Benedeto Cotrugli (1416-1469). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2019; RIBEIRO, Raquel Ferreira, Macbeth e a Adaptação do Herói Trágico Shakespeariano no Cinema. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Letras. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2022; BIONDO, Valéria, Franklin e seus Aforismos Educativos: Um Modo de Existência e de Conduta Moral e da Racionalização da Sexualidade. Tese de Doutorado em Educação Escolar. Faculdade de Ciências e Letras. Araraquara: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, 2023; URBINA, Carlos, “¿Por qué Pacioli y no Cotrugli?”. In: Contaduría. Universidad De Antioquia, (86), 137–158, 2025; entre outros.           

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