terça-feira, 7 de maio de 2024

Alienação & Arte - Um Conceito Teórico, Histórico e Representacional.

                                                               Que época terrível é esta, onde idiotas dirigem cegos?”. William Shakespeare

István Mészáros (2006) reitera que Ludwig Feuerbach, Friedrich Hegel e a economia política inglesa exerceram a mais direta influência na formação da teoria da alienação de Marx. Mas estamos interessados muito mais do que simples influências intelectuais. O conceito de alienação pertence a uma vasta e complexa problemática, com uma longa história própria. As preocupações com essa problemática – em formas que vão da Bíblia a trabalhos literários, bem como a tratados sobre direito, economia e filosofia – refletem tendências objetivas de desenvolvimento europeu, antevisto por Hegel desde a escravidão até a chamada passagem de transição do capitalismo para o socialismo. As influências intelectuais, revelando continuidades importantes que perpassam as transformações das estruturas sociais, só adquirem sua significação real se consideradas nesse quadro de pensamento objetivo de desenvolvimento social e político. Se avaliadas dessa forma, sua importância histórica, teórica e ideológica – longe de esgotar-se na mera curiosidade histórica – dificilmente poderá ser exagerada, isto é, condicionadas precisamente porque elas indicam a profundidade do abismo e das raízes de certas problemáticas, bem como da autonomia das formas as quais elas se inserem. O primeiro aspecto que consideramos é o lamento por ter sido “alienado com relação a Deus” (ou haver “perdido a Graça”) que pertence à herança da mitologia judaico-cristã. 

A ordem divina, afirma-se, foi violada; o homem alienou-se dos “caminhos de Seus”, seja simplesmente pela “queda do homem” ou mais tarde pelas “idolatrias sombrias de Judá alienada”, ou ainda mais tarde, pelo comportamento dos “cristãos alienados de Deus”. A missão messiânica consiste em resgatar o homem desse estado de autoalienação que ele atraiu sobe si mesmo. Mas as semelhanças entre as problemáticas judaica e cristã vão apenas até aí; e diferenças de longo alcance prevalecem em outros aspectos. Pois a forma pela qual se vislumbra a transcendência messiânica da alienação não é uma questão indiferente. Em sua universalidade o cristianismo anuncia a solução imaginária de autoalienação na forma do “mistério de Cristo”. Esse mistério postula a reconciliação das contradições que fizeram com que grupos de pessoas se opusessem mutuamente designados como “estranhos”, “estrangeiros”, “inimigos”.  Não é apenas a imagem refletida de uma forma específica de luta social, mas ao mesmo tempo também a sua “resolução” mística o que levou o materialista Marx decisivamente a escrever: - Foi só na aparência que o cristianismo superou o verdadeiro judaísmo. The Beatles representou uma banda de rock britânica, formada na cidade de Liverpool, Londres, em 1960. Com os integrantes John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, o grupo tornou-se reconhecido como o melhor e mais bem sucedido da Era do Rock. 

Enraizados no skiffle, beat e o rock and roll dos anos 1950, os Beatles mais tarde experimentaram com diversos gêneros, desde baladas pop e a música indiana até a música psicodélica e o hard rock, e incorporaram elementos clássicos de maneiras inovadoras. Em meados da década de 1960, a imensa popularidade da banda tornou-se conhecida como a “Beatlemania”, mas conforme a música do grupo crescia em sofisticação, liderada pelos principais compositores Lennon e McCartney, seus membros começaram a ser percebidos como uma incorporação dos ideais compartilhados pelas revoluções socioculturais da Era. Os Beatles construíram sua reputação apresentando-se em boates de Liverpool e Hamburgo durante três anos na década de 1960. O empresário da banda Brian Epstein transformou seus integrantes em artistas profissionais, e o produtor George Martin melhorou seus potenciais musicais. Eles ganharam popularidade no Reino Unido com seu primeiro sucesso: “Love Me Do” no final de 1962. Eles adquiriram o apelido “The Fab Four”, conforme a Beatlemania crescia em território britânico no ano seguinte, e ao final de 1964 tornaram-se astros internacionais, liderando a chamada “Invasão Britânica” no mercado musical estadunidense. A parte de 1965, os Beatles produziam o que muitos consideram como seus melhores materiais, incluindo os inovadores e influenciadores álbuns Rubber Soul (1965), Revolver (1966), Sgt. Pepper`s Lonely Hearts Club Band (1967), The Beatles — comumente referido como White Album — (1968) e Abbey Road (1969). Após a separação de seus membros em 1970, eles conquistaram carreiras musicais bem-sucedidas. McCartney e Starr, os membros que estão musicalmente ativos nos palcos. John Lennon foi assassinado em dezembro de 1980, enquanto Harrison morreu de câncer de pulmão em novembro de 2001. 

De acordo com a Recording Industry Association of America (RIAA), os Beatles são os artistas com o maior número de vendas nos Estados Unidos da América, com 178 milhões de unidades certificadas. Eles possuem o maior número de álbuns que chegaram ao cume da UK Albums Chart e venderam mais singles no Reino Unido do que qualquer outro artista. Em 2008, o grupo foi listado pela Billboard como o ato mais bem sucedido de todos os tempos nas tabelas publicadas pela revista; até 2015, o conjunto ainda detém o recorde de mais números um na Billboard Hot 100, com 20 canções. Eles receberam dez Grammy Awards, um Oscar para Melhor Banda Sonora e 15 Ivor Novello Awards. Com seus membros coletivamente incluídos na compilação da revista Time que listou as 100 pessoas mais influentes do século 20, a banda é a “mais bem sucedida comercialmente na história, tendo vendido mais de 600 milhões de cópias em âmbito global”.  Incluídos no celebrado grupo Rock and Roll Hall of Fame em 1988, com todos os participantes sendo adicionados individualmente entre 1994 e 2015, e possui cinco álbuns na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame, juntamente ao Led Zeppelin, uma banda britânica de rock pesado formada em Londres, em 1968.

O pensamento e a prática de Karl Marx e dos marxistas posteriores são um produto   de seu tempo e lugar, por mais que possam ser permanentes seu valor intelectual ou suas conquistas teóricas e práticas. Portanto, devem ser analisados inserindo-os nas condições históricas em que foram formulados, ou seja, levando-se em conta tanto a situação na qual os marxistas tinham de saber agir e os problemas que dela derivam, quanto a específica combinação de materiais intelectuais com a qual construíram suas ideias. De modo geral podemos dizer que Marx derivou uma análise da chamada “lei de movimento” do capitalismo a partir da fase que ele mesmo viveu, por volta de meados do século XIX, e, mais particularmente, a partir de sua versão colonialista inglesa; e ele fez isso, na teoria como utilidade de uso, como um pensador de projeção do século, isto é, como um pensador que sofrera um certo tipo de educação, que alimentara de um corpo específico de informações e experiências, que partilhava de algumas noções comuns daquele período, etc. Isso vale igualmente para os marxistas posteriores, cujas ações e ideias políticas tiveram naturalmente como elemento formativo determinante os movimentos marxistas anteriores e as experiências e tradições dos movimentos políticos marxistas europeus que se originaram no século XX. 

Não estamos longe de admitir que Marx se tornou uma “celebridade” por suas intervenções polêmicas em torno do método de análise de interpretação da história, no âmbito da crítica da economia política, na análise de conjuntura, colocando em evidência o coup d`État na França com a análise das lutas de classes e com a mudança das relações de produção. Um aspecto social de sua contribuição à construção do conhecimento na cultura do Ocidente, porém, ficou subaproveitado em dois níveis abstratos: a dimensão filosófica e, por extensão, nesta dinâmica das relações sociais reais de produção, entre burguês e proletariado, através da apropriação do trabalho, a questão da ideologia. Isto é, o sujeito transforma a si mesmo e transforma historicamente o mundo da vida material. É um conceito, baseado num movimento concreto de lutas e interesses em oposição assimétrica que não poderá ser apreendido por quem prega a pseudoneutralidade metodológica. Marx, como sabemos, escreveu satisfatoriamente, mesmo sob condições determinadas de espaço e tempo social e político entre a Alemanha rural e a Londres operária.

Para a consciência – e a consciência filosófica considera que o pensamento que concebe constitui o homem real e, por conseguinte, o mundo só é real quando concebido -, portanto, o movimento das categorias surge como ato de produção real – que concebe um simples impulso do exterior, o que é lamentado – cujo conteúdo é o mundo; e isto é exato na medida em que a totalidade concreta enquanto totalidade-de-pensamento, enquanto concreto-de-pensamento, é de fato um produto do pensamento, da atividade de conceber; ele não é pois, de forma alguma o produto do conceito que engendra a si próprio, que pensa exterior e superiormente à observação imediata e à representação, mas um produto da elaboração de conceitos a partir da observação imediata e da representação. O todo, afirma Marx, na forma em que aparece no espírito como todo-de-pensamento, é um produto do cérebro pensante, que se apropria do mundo do único modo que lhe é possível, de um modo que difere da apropriação desse mundo pela arte, pela religião, pelo espírito prático. Antes como depois, o objeto real conserva a sua independência fora do espírito; e isso durante o tempo em que o espírito tiver uma atividade meramente especulativa, meramente teórica. Por consequência, nunca é demais repetir, também o emprego do método teórico é necessário que o objeto de pensamento, a sociedade, esteja constantemente presente no espírito humano como dado primeiro. Em relação à propriedade, tanto material como no método de apreensão do real, a categoria mais simples surge, pois, como a relação de comunidades simples de famílias ou de tribos.

Na sociedade num estágio superior, ela aparece como a relação mais simples de uma organização mais desenvolvida. Mas pressupõe sempre o substrato concreto que se exprime por uma relação de posse. O dinheiro pode existir e existiu historicamente antes de existir o capital, os bancos, o trabalho assalariado, etc. Nesse sentido, podemos dizer que a categoria de trabalho mais simples pode exprimir relações dominantes de um todo menos desenvolvido ou, pelo contrário, relações subordinadas de um todo mais desenvolvido, relações que existiam já historicamente antes que o todo se desenvolvesse no sentido que encontra a sua expressão numa categoria concreta. Assim, abstração mais simples, que a economia política moderna coloca em primeiro lugar e que exprime uma relação muito antiga e válida para todas as formas de sociedade, só aparece, no entanto, sob esta forma abstrata como verdade prática enquanto categoria da sociedade mais moderna. Poder-se-ia dizer que esta indiferença constituída nas relações sociais em relacionadas a forma determinada de trabalho, que se apresenta noutros países como produto histórico, se manifesta como uma disposição natural. Este exemplo do trabalho mostra e evidencia que até as categorias mais abstratas, ainda que válidas – precisamente por causa de sua natureza abstrata – para todas as épocas, não são menos, sob a forma determinada desta mesma abstração, o produto de destas condições e só se encontram plenamente válidas nestas e no quadro de pensamento destas relações sociais.

Admitir que o homem só então se converte para ele seu modo de existência natural em seu modo de existência humano, e a natureza torna-se para ele o homem. A sociedade é, pois, a plena unidade essencial do homem com a natureza, a verdadeira ressureição da natureza, o naturalismo acabado do homem e o humanismo acabado da natureza. Precisamos admitir que o indivíduo é o ser social. Deve-se evitar antes de tudo fixar, ou inventar a “sociedade” como outra abstração frente ao indivíduo. A atividade social e o gozo social não existem de modo algum unicamente na forma de uma atividade imediatamente coletiva, e de um gozo imediatamente coletivo, ainda que a atividade coletiva e o gozo coletivo, isto é, a atividade e o gozo que se exteriorizam e confirma imediatamente na sociedade efetiva com outros homens, encontrar-se-ão onde quer que aquela expressão imediata da sociabilidade esteja fundada na essência de seu conteúdo e seja adequada à sua natureza. Como consciência genérica o homem confirma sua vida social real e não faz mais do que repetir no pensar seu modo de existência efetivo, assim como, inversamente, o ser genérico se confirma na consciência genérica e é para si, na sua generalidade, enquanto ser pensante. O homem – por mais que seja um indivíduo particular, e justamente é sua particularidade que faz dele um indivíduo e ser social individual efetivo – é na mesma medida, do ponto de vista abstrato, conceitual, a totalidade ideal, o modo de existência subjetivo da sociedade pensada e sentida para si, do modo na efetividade ele existe tanto como intuição e gozo efetivo do modo de existência social, quanto como uma totalidade de exteriorização de vida humana.

Ele era demasiado refinado, demasiado espiritual para eliminar a crueza das necessidades práticas a não ser elevando-se à esfera etérea. O cristianismo é o pensamento sublime do judaísmo. O judaísmo é a aplicação prática vulgar do cristianismo. Mas essa aplicação prática só se poderia tornar universal quando o cristianismo, como religião aperfeiçoada, tivesse realizado, de maneira teórica, a alienação do homem de si mesmo e da natureza. No início de 1970, Biko tornou-se uma figura-chave no momento Durban. Em 1972, ele foi expulso da Universidade de Natal por causa de suas atividades políticas e tornou-se presidente honorário da Convenção do Povo Negro. Ele foi banido pelo governo do apartheid em fevereiro de 1973, ou seja, ele “não estava autorizado a falar com mais de uma pessoa, impossibilitando assim que ele falasse em público”, pois politicamente era restrito à cidade distrito judiciário do Rei William e não poderia escrever publicamente, ou com a mídia. Foi proibido citar qualquer coisa que ele dissesse, incluindo discursos ou conversas do dia a dia. Quando Biko foi banido, seu trânsito dentro do país estava restrito ao Cabo Oriental, sua terra natal. Depois de voltar, ele formou uma série de organizações sociais com base na noção de autossuficiência como a Zanempilo, o Fundo Fiduciário Zimele que ajudou a apoiar ex-presos políticos e suas famílias.

Apesar da representação do governo do apartheid, Biko e o Movimento da Consciência Negra (BCM) desempenharam um papel significativo na organização dos protestos que culminaram com a Revolta de Soweto de 16 de junho de 1976. Na sequência da revolta social, foi recebido com a “mão pesada” da força bruta da política estrategicamente quando a força de segurança e as autoridades começaram a alvejar Biko ainda mais. Em 11 de setembro de 1977, a polícia carregou-o nas costas de um Land Rover, nu e contido em algemas para levá-lo para uma prisão com instalações hospitalares. Ele estava quase morto devido às lesões anteriores. Ele morreu logo após a chegada na prisão, em 12 de setembro. A polícia alegou que sua morte foi o resultado de uma greve de fome prolongada, mas a autópsia revelou múltiplas contusões e escoriações e que ele finalmente sucumbiu devido a uma hemorragia cerebral maciça dos ferimentos na cabeça, reforçando a ideia de que ele havia sido brutalmente agredido por seus captores. Donald Woods, jornalista, Editor e amigo de Biko, junto com Helen Zille, mais tarde líder do partido político da aliança democrática, expuseram a verdade por detrás da morte de Steve. Por causa de sua grande visibilidade, a notícia da morte de Biko espalhou-se divulgando a natureza repressiva do governo do apartheid.

O seu funeral foi assistido por mais de 10 mil pessoas, incluindo numerosos embaixadores e outros diplomatas dos Estados Unidos da América e Europa Ocidental. O liberal branco jornalista sul-africano Donald Woods, amigo pessoal de Biko, fotografou seus ferimentos no necrotério. Como Frantz Fanon, Stephen Bantu Biko originalmente estudou Medicina e, como Fanon, Biko desenvolveu uma intensa e extraordinária preocupação social para o desenvolvimento da consciência negra, como a solução para as lutas existenciais que a existência forma, tanto como um ser humano como igualmente um africano. Biko, portanto, pode ser visto como um seguidor de Fanon e Aimé Césaire (1913-2008). Biko viu a luta pela consciência africana como tendo duas fases: “libertação psicológica” e “libertação física”. Ipso facto, a influência não-violenta de Gandhi, chamado de o “pai da Índia” e uma “grande alma em vestes de mendigo” uma abordagem não violenta em relação à mudança política ajudou a Índia a se tornar independente depois de cerca de um século de controle colonial britânico, no contexto de reflexão sobre os sentimentos morais e a análise psicológica da moralidade e Martin Luther King (1929-1968) sobre Biko é então suspeito, como Biko sabia que por sua luta psicológica para dar lugar a libertação física, era necessário que ele existisse dentro das políticas do governo do apartheid, e a não-violência passa a ser visto mais como tática e convicção pessoal. O cantor Peter Gabriel compôs em 1980 a música Biko.

Donald Woods foi mais tarde forçado a fugir da África do Sul para a Inglaterra, e fez campanha contra o apartheid e quando consequentemente divulgou mais ainda a vida e a morte de Biko, escrevendo muitos artigos de jornal e autor do livro Biko que mais tarde foi transformado em filme de nome Cry Freedom (1987), interpretado pelo ator Denzel Washington. Depois de um inquérito com 15 dias em 1978, um juiz magistrado disse que não havia provas suficientes para acusar os oficiais de Estado de homicídio, pois não havia testemunhas. Em 2 de fevereiro de 1978, com base nas provas dadas no inquérito, o procurador-geral do Cabo Oriental declarou não processar os policiais. Em 28 de julho de 1979, o advogado da família Biko anunciou que o governo Sul-Africano teria que pagar 78 milhões de dólares em compensação pela morte de Biko. Em outubro de 2003, o Ministério da Justiça Sul-Africano anunciou que os cinco policiais acusados de matar Biko não seriam processados porque o limite de tempo para a acusação tinha decorrido da insuficiência de provas. Um ano após sua morte, alguns de seus escritos foram recolhidos e editado sob o título: - “Eu escrevo o que eu gosto”.

Isaach De Bankolé, é um ator premiado com o César, nascido na República de Côte d` Ivoire, país africano, limitado a Norte pelo Mali e pelo Burquina Fasso, a Leste pelo Gana, a Sul pelo Oceano Atlântico e a Oeste pela Libéria e pela Guiné. Sua capital é Iamussucro, mas a maior cidade é Abidjã. O governo marfinês solicitou à comunidade internacional em outubro de 1985, que o país seja designado apenas pelo nome francês Côte d`Ivoire e vários países e organizações internacionais referendaram. Antes da colonização pelos europeus, a Costa do Marfim tinha como representação política vários estados, incluindo Reino Jamã, o Império de Congue e Baúle. A área tornou-se um protetorado da França em 1843, e colônia em 1893, em meio à corrida pela sua disputa europeia pela África. Alcançou a Independência do jugo imperialista em 1960, liderada por Félix Houphouët-Boigny (1905-1993), que governou o país até 1993. Reconhecido carinhosamente por Papa Houphouët, ou Le Vieux, foi o primeiro Presidente da Costa do Marfim, cargo onde permaneceu por mais de três décadas até à sua morte. Chefe tribal, trabalhou como assistente médico, sindicalista e agricultor antes de ser eleito para o Parlamento francês. A Costa do Marfim estabeleceu estreitos laços políticos e econômicos com seus países vizinhos da África Ocidental, mantendo ao mesmo tempo relações políticas e sociais internacionais estreitas com o Ocidente, especial a França.

O país experimentou um golpe de Estado em 1999, seguido de duas guerras civis, fundamentadas religiosamente, primeiro entre 2002 e 2007 e novamente durante 2010 e 2011. Em 2000, o país adotou uma nova Constituição. Ele foi “descoberto nas ruas de Paris enquanto estudava para ser piloto de avião”. É formado em atuação pelo Cours Simon e tem Mestrado em Matemática pela Université de Paris. Atou nos filmes Pantera Negra (2018), sobre a história de T'Challa, príncipe do reino de Wakanda, que perde o seu pai e viaja para os Estados Unidos da América, onde tem contato com os Vingadores. Entre as suas habilidades estão a velocidade, inteligência e os sentidos apurados, e Shaft (2019), onde John Shaft Jr. pode ser um especialista em “cibersegurança” com um diploma no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde a instituição admite cerca de 4% dos alunos para seus cursos de nível superior, tornando-se uma das universidades mais seletivas dos Estados Unidos da América, para não falarmos no resto do mundo. Mas para descobrir a verdade por trás da morte precoce de seu melhor amigo, ele precisa da orientação que provavelmente só o vínculo afetivamente de um pai pode proporcionar.

O filme Mirage (Délibáb), é um drama húngaro-eslovaco de 2014, dirigido por Szabolcs Hajdu. Foi exibido na seção Contemporary World Cinema do Festival Internacional de Cinema de Toronto, Canadá, de 2014. É um conto sobre a Hungria moderna, tematizando questões sociais em torno do racismo, da questão da igualdade, no âmbito das práticas poder em sintonia com a liberdade. O Eurochannel estreia Miragem. Um jogador de futebol africano cometeu um crime e precisa fugir. Ele encontra refúgio em uma fazenda remota no Leste Europeu. Quando descobre que a fazenda é um campo moderno de escravos, ele é consciente em lutar por sua liberdade e sua vida. Com um Sol singelo abraçando o horizonte, bronzeando tudo ao seu redor e apenas o ar soprando, aparece uma figura negra de óculos escuros e bolsa esportiva. Esse é Francis, um jogador de futebol da Costa do Marfim, procurado pela polícia por ser suspeito de “manipulação de resultados”. Ele continua andando e alguns quilômetros e um endereço importante depois, chega a uma estação de trem em ruínas. Ele sobe no que sobrou do antigo trem e acaba no meio praticamente do nada, em uma fazenda administrada por Cisco e seus capangas armados com metralhadoras AK47, também reconhecida como Kalashnikov, é um fuzil de assalto de calibre 7,62x39mm criado em 1947 por Mikhail Kalashnikov (1919-2013) e produzido na União Soviética pela indústria estatal IZH de Ijevsk.

Mikhail Kalashnikov (1919-2013) foi um militar russo, inventor, engenheiro  militar, escritor, notável por projetar armas, especialmente o célebre fuzil de assalto AK-47 e suas melhorias o AKM e AK-74, assim como a metralhadora RPK, e pai do engenheiro Victor Kalashnikov. Kalashnikov era, de acordo com ele mesmo, “um funileiro autodidata que combinava habilidades mecânicas inatas com o estudo de armamento para projetar armas que alcançaram à ubiquidade do campo de batalha”. Apesar do Kalashnikov sentir tristeza com a distribuição descontrolada das armas, ele se orgulhou de suas invenções e sua reputação de confiabilidade, enfatizando que seu fuzil é “uma arma de defesa” e “não uma arma para ofensa”. Ijevsk é a capital e a maior cidade da Udmúrtia, na Rússia. Localiza-se no Leste da Rússia europeia. Tem cerca de 612 mil habitantes. Foi fundada pelos russos em 1760. Designou-se Ustinov entre 1984 e 1987. É a cidade onde-se residiu Mikhail Kalashnikov, criador do fuzil de assalto AK-47, falecido no final de 2013 de causas naturais. A catedral Svyato Mihailovsky em Ijevsk, República da Udmúrtia, Rússia. A cidade se situa próximo ao rio Ij, a 40 km antes dele desaguar no rio Kama. A cidade tem como principal atividade a indústria bélica, a empresa estatal IZH, mais importante da cidade, produzindo rifles de assalto, pistolas, carros e motos.

A cidade de Ijevsk é a sede do Estádio Central Republicano e do FC Ijevsk, que participou do Campeonato Russo de Futebol. O fuzil de assalto Avtomat Kalashnikova - 47, (AK-47) fuzil automático Kalashnikov, modelo de 1947 surgiu na União Soviética logo após o fim da 2ª guerra mundial inspirado no fuzil de assalto alemão Sturmgewehr 44, sendo o fuzil mais fabricado de todos os tempos com mais de 100 milhões de unidades. Estima-se que o número de exemplares produzidos tanto na Rússia como sob licença em países como a Bulgária, China, Hungria, Índia, Coreia do Norte, Romênia entre outros, chegue à cifra de 90 milhões. Países como a Finlândia e Israel também se basearam no projeto maquínico deste fuzil para produzirem seus modelos M62 e Galil. Como uma máquina de guerra mortífera e caracterizado por sua grande rusticidade, facilidade de utilidade e produção-consumo em massa, simplicidade de operação tática e manutenção, além de reconhecida estabilidade de uso em regiões desérticas em baixas e altas temperaturas. Deixa a desejar nos requisitos precisão, ergonomia e peso.

A fazenda, localizada em uma estância longe da civilização, está nas mãos de uma quadrilha de bandidos, que fazem os moradores locais, que foram privados de suas aposentadorias, e também aqueles que fogem da lei, trabalharem como escravos. Francis encontra refúgio nessa fazenda isolada do mundo no coração do deserto, mas logo percebe que a fazenda é, na verdade, uma colônia de escravos nestes dias modernos. Com sua chegada, ele agita a vida dos residentes. Os apáticos presos o veem como seu salvador, e Cisco, que governa como um “pequeno rei, o vê como seu rival”. No entanto, Francis não deseja o papel de herói, ele tenta fugir na primeira oportunidade, mas é impossível encontrar seu caminho na paisagem plana e enganosa. A felicidade inicial de apenas ser livre logo se torna uma miragem, e ele acaba voltando para onde começou. Francis, um homem de poucas palavras, pode reagir ao sofrimento dos escravos da fazenda de várias maneiras: pode fazer amizade com os opressores armados, fugir ou mudar a situação vigente. Ele decide fazer o último. Sua tentativa de fuga o coloca entre os escravos e, contra sua vontade, ele se torna um rebelde. A partida mais difícil de sua vida começa, o que está em jogo não é apenas a sua liberdade, mas a própria sobrevivência. Após a fuga malsucedida, o acaso finalmente o leva a tentar derrubar o reinado dos Ciscos.

Quer dizer, a secularização do conceito religioso de alienação foi realizada nas afirmações concretas relacionadas com a “vendabilidade”. Em primeiro lugar, essa secularização progrediu no interior da concha religiosa. Nada podia deter essa tendência a converter tudo em objeto vendável, por mais “sagrado” que tivesse sido considerado em certa fase, em sua “inalienabilidade” sancionada por um suposto mandamento divino. O Melmoth, de Honoré Balzac é uma reflexão, magistralmente irônica, sobre uma sociedade totalmente secularizada, na qual “até memo o Espírito Santo tem sua cotação na Bolsa de Valores. A própria doutrina da “queda do homem” teve de ser questionada – como foi por Lutero, por exemplo – em nome da “liberdade” do homem. Essa defesa da “liberdade”, contudo, revelou-se na realidade nada mais do que a glorificação religiosa do princípio secular da “vendabilidade universal”. Foi este último que encontrou seu adversário – ainda que utópico – em Thomas Münzer, que protestou em seu folheto contra Lutero, dizendo ser intolerável que “toda criatura seja transformada em propriedade – os peixes na água, os pássaros do céu, as plantas na terra”. Visões de mundo como essa, lembra Mészáros (2006: 37), por mais profunda e verdadeiramente que elas refletissem a natureza interior das transformações em curso, tinham de permanecer como meras utopias, protestos ineficazes, concebidos da perspectiva de uma antevisão sem esperanças de uma possível negação futura da sociedade mercantil. Na época da ascensão triunfal do capitalismo, as concepções ideológicas prevalecentes tinham de ser aquelas que assumiam uma atitude afirmativa ante as tendências objetivas desse desenvolvimento.

Alienação é um conceito eminentemente histórico. Se o homem é alienado, ele deve ser alienado com relação a alguma coisa, como resultado de certas causas – o jogo mútuo dos acontecimentos e circunstâncias em relação ao homem como sujeito dessa alienação – mas que per se que se manifestam num contexto histórico. Do mesmo modo, a “transcendência da alienação” é um conceito inerentemente histórico, que vislumbra a culminação bem-sucedida do processo em direção a um estado de coisas qualitativamente diferente. De fato, se o conceito de alienação é abstraído do processo socioeconômico concreto, uma mera aparência de historicidade pode pôr-se no lugar de um genuíno entendimento dos fatores complexos envolvidos no processo histórico. Quer dizer, é uma função essencial das mitologias transferir os problemas sócio-históricos fundamentais do desenvolvimento humano para um plano atemporal, e o tratamento judaico-cristão da problemática da alienação não é exceção à regra geral. Mais interessante ideologicamente é o caso de certas teorias da alienação do século XX, nas quais conceitos de “alienação do mundo” têm a função de engar categorias históricas e substituí-las por mistificação. Não obstante, é uma característica social importante da história intelectual que tenham alcançado os maiores resultados na compreensão das múltiplas complexidades da alienação - antes do pensamento de Marx: Friedrich Hegel acima de todos – aqueles filósofos que abordaram esse puzzle de uma maneira histórica e teórica de forma adequada. Isto é, os filósofos que conseguiram elaborar uma abordagem histórica dos problemas da filosofia foram aqueles que tinham precisamente consciência da problemática da alienação e na medida em que o tinham.

A dificuldades do discurso de Marx em seus Manuscritos de 1844 devem-se não somente ao fato de que se trata de um sistema in statu nascendi. As dificuldades principais são, porém, inerentes ao método de Marx em geral, e às características objetivas do seu tema de análise: os aspectos históricos quanto os sistemáticos-estruturais do problema da alienação, em relação às complexidades da vida real nas várias formas de e pensamento. Assim, ele analisa: 1. As manifestações da autoalienação do trabalho na realidade, juntamente com as várias institucionalizações, reificações e mediações envolvidas nessa autoalienação prática, isto é, trabalho assalariado, propriedade privada, intercâmbio, dinheiro, renda, lucro, valor etc. 2. Os reflexos dessas alienações por intermédio da religião, da filosofia, do direito, da economia política, da arte, da ciência “abstratamente material” etc. 3. Os intercâmbios e reciprocidades entre (1) e (2); pois “os deuses são, originalmente, não a causa, mas o efeito do erro do entendimento humano. Mais tarde essa relação se transforma em ação recíproca”. 4. O dinamismo interno de qualquer fenômeno particular, ou campo de investigação, em seu desenvolvimento de uma complexidade menor para uma maior; 5. As inter-relações estruturais de vários fenômenos sociais, bem como a gênese histórica e a renovada transformação dialética de todo os sistemas de interrelações múltiplas; 6. Uma compilação adicional está no fato de que Marx analisa as teorias em seu contexto histórico concreto, além de investigar as relações estruturais de umas com as outras em cada período particular, por exemplo, Adam Smith, filósofo moral; ao mesmo tempo, os tipos de respostas dada por ele – tanto como um economista quanto um moralista – em relação ao desenvolvimento do capital.

Fora de dúvida, na concepção dialética de Marx, o conceito-chave, segundo István Mészáros, é a “atividade produtiva humana”, que não significa simplesmente produção econômica. Desde o princípio ela é muito mais complexa do que isso, como de fato indicam as referências de Marx à ontologia. Essa ideia também estrutura ativamente as múltiplas mediações específicas, nos mais variados campos da atividade humana, por intermédio de sua estrutura própria enormemente intrincada e relativamente autônoma. Melhor dizendo, se a “desmistificação” da sociedade capitalista, devido ao “caráter fetichista” de seu modo de produção e troca, tem de partir da investigação econômica possam simplesmente transferidos para outras esferas e níveis de análise. Mesmo em relação à cultura, à política, ao direito, à religião, à arte, à ética etc., da sociedade capitalista, ainda é necessário encontrar aquelas complexas mediações, em distintos níveis de generalizações histórico-filosófica, que nos permitem chegar a conclusões confiáveis tanto sobre as formas ideológicas específicas em questão como sobre a forma dada, historicamente concreta, da sociedade capitalista como um todo.

Não se pode compreender o intelectual “específico” sem identificar suas múltiplas interconexões com um determinado sistema de mediações complexas. Em outras palavras: devemos ser capazes de ver os elementos “atemporais” (sistemáticos) na temporalidade e os elementos temporais nos fatores sistemáticos. O conceito de mediações complexas está ausente da visão dos deterministas econômicos que – ainda que inconscientemente – capitulam ante a “necessidade cega” que parece predominar por meio do caráter fetichista do capital. Todo debate econômico culmina num novo conceito de homem. Ao discutir os problemas cruciais da divisão do trabalho, Marx problematiza radicalmente a explicação da natureza humana. Podemos recordar que ele elogiou a economia política liberal por ter-se abstraído das aparências individuais das inter-relações humanas, por ter desenvolvido, de forma tão aguda e consistente, embora unilateral, a ideia do trabalho como a única essência da riqueza, e por ter incorporado à propriedade privada ao próprio homem. Ele elogiou os economistas não só porque nessas realizações eles superaram efetivamente as limitações dos “idólatras, fetichistas, católicos”. E por que esses avanços dos economistas possuem também um outro lado.

A abstração talvez coerente das aparências individuais conduziu a um novo estranhamento do homem. A incorporação da propriedade privada no próprio homem levou a colocá-lo na órbita da propriedade e da alienação. Marx se opõe apaixonadamente à atitude da economia política, que não se considera o trabalhador “como homem, no seu tempo livre-de-trabalho, mas deixa, antes, essa política e o curador da miséria social”. Ele recusa a aceitação da reificação sob a forma de considerar o trabalho, segundo Mészáros, “abstratamente como uma coisa”. Ele recusa a prática de levar a extremos uma virtude que resultou, primeiro, na superação real do velho fetichismo, mas depois implicou necessariamente uma submissão a um novo tipo de fetichismo: o fetichismo amadurecido em sua forma elevada, mais abstrata e universal. Na visão humanista de Marx, a propriedade privada e suas consequências humanas têm de ser explicadas historicamente, e não supostas ou deduzidas de uma suposição. De acordo com o filósofo materialista, a propriedade privada é trazida à existência pela atividade alienada e então, por sua vez afeta profundamente, é claro, as aspirações humanas. Sua abordagem foi diretamente influenciada pelos socialistas utópicos, e por Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e Moses Hess (1812-1875).  

Mas o que constitui algo novo nele representa\ uma insistência coerente sobre os fundamentos últimos das inter-relações humanas, desenvolvidas pelo jovem Friedrich Engels originalmente em seu ensaio: Esboço de uma Crítica da Economia Política. Essa abordagem analítica, cujo centro de referência é a atividade produtiva ou práxis – encerra em si o que emerge como sendo a “ciência da natureza humana” não é o egoísmo, mas a socialidade, como característica definidora da natureza humana. Ao contrário do “egoísmo”, ela não pode ser uma qualidade abstrata inerente ao indivíduo isolado. Só pode existir nas relações dos indivíduos uns com os outros. Como corolário, a realização adequada da natureza humana não pode ser a concorrência – essa “condição inconsciente da humanidade” que corresponde ao egoísmo e ao bellum omnium contra omnes hobbesiano -, mas a associação consciente. Assim, é de esperar que a natureza humana (“socialidade”) liberada do egoísmo institucionalizado (a negação da socialidade) superará a “reificação”, o “trabalho abstrato” e os “apetites imaginários”. Quer dizer, não é difícil compreender que, enquanto a concorrência de fato representar o poder logicamente governante da produção, ou, em outras palavras, enquanto a “eficiência do custo” for o princípio dominante da atividade produtiva, é impossível considerar o trabalhador um homem nas várias fases e etapas do ciclo de produção.

A atividade humana, sob as condições de concorrência, está destinada a continuar sendo trabalho assalariado, uma mercadoria sujeita à “lei natural” das sociedades objetivas, independentes, da concorrência para o atendimento das exigências humanas de atividade autorrealizadora em oposição ao “trabalho abstrato como negação da socialidade e para eliminação dos “apetites imaginários”. Não por acaso, a primeira fase do desenvolvimento da alienação do trabalho tinha de assumir uma forma política, porque a existência de um produto agrícola excedente não contém nenhuma determinação econômica quanto à forma de sua apropriação. Um princípio econômico de apropriação e redistribuição só pode operar em nível bastante elevado de desenvolvimento histórico e social, segundo Mészáros, e pressupõe uma relação já fixada politicamente entre a produção e o processo de apropriação do trabalho. Mas onde encontrar um princípio regulador. Toda forma original de propriedade privada é sui generis e não há razão para supor que esse caráter social específico não tenha anda a ver com a forma específica da propriedade anterior, sobre cuja base de acumulação primitiva de capital se originou. As diferenciações em fases posteriores de desenvolvimento são determinadas, pelo menos até certo ponto, pela série particular de condições que caracterizam as fases anteriores. Isso se aplica não apenas ao passado remoto, mas também ao presente e ao futuro.

Todavia, postular uma propriedade comunal homogênea como superação das relações de produção capitalistas alienantes é a-histórico. As “relações de propriedade” constituem, evidentemente, um conceito-chave na análise da alienação; mas seria ingênuo supor que a negação direta dessas relações de propriedade específicas não produzirá algo igualmente específico. Assim, a questão da alienação não se resolve de uma vez por todas simplesmente negando as relações de propriedade capitalistas. Não devemos nos esquecer de que estamos tratando de uma série complexa de inter-relações, das quais as “relações de propriedade” são apenas uma parte. Mesmo assim, a análise das relações de propriedade é muito importante em relação à alienação, porque os problemas fundamentais da liberdade humana estão intimamente relacionados com ela. Marx coloca a seguinte questão: como se emancipa o homem da sujeição às forças cegas da necessidade natural? A resposta: “por sua atividade produtiva”, envolve diretamente as relações de propriedade. Pois, necessariamente, toda produção – primitiva e feudal, capitalista e socialista, igualmente – tem de ser regulada no quadro de relações de propriedade específicas. O problema original da liberdade – as relações do homem com a natureza – se modifica. Mas de que maneira e até que ponto, uma determinada forma específica de propriedade impõe limitações à questão da liberdade humana?

István Mészáros (2006) responde-nos da seguinte forma. Uma nova complicação surge, porque as limitações podem ou não aparecer também como restrições político-jurídicas, propondo-nos que o problema da liberdade tem que ser discutido numa relação tríplice. 1.O grau de liberdade com relação à necessidade natural alcançada por uma determinada fase da evolução humana. As relações de propriedade devem ser avaliadas, no caso, em função de sua contribuição para esse fim. 2. As formas de propriedade são expressões de relações humanas determinadas. Devemos indagar: como a margem de liberdade obtida, isto é, a liberdade em relação à necessidade natural – é distribuída entre os vários grupos reunidos nas relações de propriedade existentes? Em certas condições, pode ocorrer que as condições de qualquer grau de liberdade no sentido (1) privem a grande maioria da população de qualquer gozo da liberdade, que é reservada a pequenos segmentos da sociedade. A liberdade, nesse sentido essencialmente negativo, contrasta com o caráter positivo do sentido (1), não se refere diretamente à relação entro o homem e natureza, mas entre homem e homem. É a liberdade em relação ao poder de interferência de outros homens. Devemos, porém, ressaltar que há uma inter-relação inerente dos sentidos negativo e positivo da liberdade. Assim, o sentido (2) – esse sentido essencialmente negativo – de liberdade também possui um aspecto positivo, na medida em que encerra, necessariamente, uma referência ao conteúdo sentido. 3. A terceira relação refere-se à “liberdade para exercer os poderes essenciais do homem”.

Ela possui um caráter positivo, e, portanto, necessita de algo mais do que sanções legais para sua realização. De fato, a legalidade é completamente impotente para além da possibilidade de proporcionar um quadro favorável para desenvolvimentos positivos. Só podemos legislar sobre o sentido (2), essencialmente negativo, para eliminar anacronismos e estabelecer proteções contra a sua reaparição. Mesmo que a liberdade seja realizada no sentido (2) – isto é, se ela for legalmente distribuída segundo o princípio da igualdade – a questão permanece: até que ponto o homem é livre no sentido positivo? Marx descreveu esse sentido como a liberdade de exercer os “poderes essenciais” do homem. A restrição político-jurídica pode, evidentemente, interferir neste livre exercício dos poderes essenciais do homem. Porém, mesmo que esta interferência seja eliminada, a liberdade positiva não é levada à sua realização enquanto houver outros fatores que interfiram nela. Nem podemos esperar uma solução legislativa para o problema: as dificuldades inerentes à liberdade positiva devem ser resolvidas no nível em que surgem. As relações de propriedade, sob esse aspecto, devem ser avaliadas de acordo com o critério do que promovem o livre exercício dos poderes essenciais do homem. Assim, os aspectos políticos da teoria da alienação de Marx podem ser resumidos nessa relação tríplice entre a liberdade e as relações de propriedade existentes. A questão central é então: qual a contribuição de uma determinada forma de relações de propriedade para tornar o homem mais livre: 1. Da necessidade natural; 2. Do poder de interferência dos outros homens; e 3. Em relação a um exercício mais cabal de seus próprios poderes essenciais. A questão da alienação, nesse contexto, refere-se a um processo que afeta negativamente a liberdade nessa tríplice relação do homem com a natureza, com os “outros homens” e “consigo mesmo”, isto é, com seus próprios poderes essenciais. Em outros termos: a alienação, sob esse aspecto, é a negação da liberdade humana em seus sentidos negativos e positivos. A resposta política de Marx à questão de sabermos se as relações de propriedade capitalista tornam o homem mais livre nos sentidos enunciados anteriormente é um Não historicamente fundamentado e qualificado do pensamento.

Bibliografia geral consultada.

GIANNOTTI, José Arthur, Trabalho e Reflexão. Ensaios para uma dialética da sociabilidade. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984; MÉSZÁROS, István, A Teoria da Alienação em Marx. São Paulo: Boitempo Editorial, 2006; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt, 1923-1950. Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 2008; CHEROBINI, Demetrio, Educação e Política no Pensamento de István Mészáros: Ensaio Introdutório. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Centro de Ciências da Educação. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2010; LÖWY, Michael, A Teoria da Revolução no Jovem Marx. 1ª ed., ampl. e atual. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012; Idem, A Jaula de Aço: Max Weber e o Marxismo Weberiano. 1ª edição. São Paulo: boitempo Editorial, 2014; MENEZES, Rafael Lessa Vieira de Sá, Crítica dos Direitos Humanos à Luz da Leitura de István Mészáros. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Direito. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; ALVES, Stênio Eduardo de Sousa, A Crise Estrutural do Capital de István Mészáros como uma Síntese Sui Generis: Possibilidades e Limites. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2014; ALBUQUERQUE, Rafael João Mendonça de, A Permanência do Capital na Experiência Soviética na Obra Para Além do Capital, de István Mészáros. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2019; SOUZA, Daniela Rezende de, Formação Humana em István Mészáros: Contribuições da Produção Acadêmico-Científica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Unidade Acadêmica Especial de Educação. Jataí: Universidade Federal de Jataí, 2021; SANTOS, Milena da Silva, Mészáros: Defeitos Estruturais de Controle do Capital e Estado. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2021; BRANDÃO, Daniel Silva, A Educação em István Mészáros: Reflexões por uma Prática Educacional Transformadora. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. Manaus: Universidade do Estado do Amazonas, 2022; entre outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário