“Que época terrível é esta, onde idiotas dirigem cegos?”. William Shakespeare
István Mészáros (2006) reitera que Ludwig Feuerbach, Friedrich Hegel e a economia política inglesa exerceram a mais direta influência na formação da teoria da alienação de Marx. Mas estamos interessados muito mais do que simples influências intelectuais. O conceito de alienação pertence a uma vasta e complexa problemática, com uma longa história própria. As preocupações com essa problemática – em formas que vão da Bíblia a trabalhos literários, bem como a tratados sobre direito, economia e filosofia – refletem tendências objetivas de desenvolvimento europeu, antevisto por Hegel desde a escravidão até a chamada passagem de transição do capitalismo para o socialismo. As influências intelectuais, revelando continuidades importantes que perpassam as transformações das estruturas sociais, só adquirem sua significação real se consideradas nesse quadro de pensamento objetivo de desenvolvimento social e político. Se avaliadas dessa forma, sua importância histórica, teórica e ideológica – longe de esgotar-se na mera curiosidade histórica – dificilmente poderá ser exagerada, isto é, condicionadas precisamente porque elas indicam a profundidade do abismo e das raízes de certas problemáticas, bem como da autonomia das formas as quais elas se inserem. O primeiro aspecto que consideramos é o lamento por ter sido “alienado com relação a Deus” (ou haver “perdido a Graça”) que pertence à herança da mitologia judaico-cristã.
A ordem divina, afirma-se, foi violada; o homem alienou-se dos “caminhos de Seus”, seja simplesmente pela “queda do homem” ou mais tarde pelas “idolatrias sombrias de Judá alienada”, ou ainda mais tarde, pelo comportamento dos “cristãos alienados de Deus”. A missão messiânica consiste em resgatar o homem desse estado de autoalienação que ele atraiu sobe si mesmo. Mas as semelhanças entre as problemáticas judaica e cristã vão apenas até aí; e diferenças de longo alcance prevalecem em outros aspectos. Pois a forma pela qual se vislumbra a transcendência messiânica da alienação não é uma questão indiferente. Em sua universalidade o cristianismo anuncia a solução imaginária de autoalienação na forma do “mistério de Cristo”. Esse mistério postula a reconciliação das contradições que fizeram com que grupos de pessoas se opusessem mutuamente designados como “estranhos”, “estrangeiros”, “inimigos”. Não é apenas a imagem refletida de uma forma específica de luta social, mas ao mesmo tempo também a sua “resolução” mística o que levou o materialista Marx decisivamente a escrever: - Foi só na aparência que o cristianismo superou o verdadeiro judaísmo. The Beatles representou uma banda de rock britânica, formada na cidade de Liverpool, Londres, em 1960. Com os integrantes John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, o grupo tornou-se reconhecido como o melhor e mais bem sucedido da Era do Rock.
Enraizados no skiffle, beat e o rock and roll dos anos 1950, os Beatles mais tarde experimentaram com diversos gêneros, desde baladas pop e a música indiana até a música psicodélica e o hard rock, e incorporaram elementos clássicos de maneiras inovadoras. Em meados da década de 1960, a imensa popularidade da banda tornou-se conhecida como a “Beatlemania”, mas conforme a música do grupo crescia em sofisticação, liderada pelos principais compositores Lennon e McCartney, seus membros começaram a ser percebidos como uma incorporação dos ideais compartilhados pelas revoluções socioculturais da Era. Os Beatles construíram sua reputação apresentando-se em boates de Liverpool e Hamburgo durante três anos na década de 1960. O empresário da banda Brian Epstein transformou seus integrantes em artistas profissionais, e o produtor George Martin melhorou seus potenciais musicais. Eles ganharam popularidade no Reino Unido com seu primeiro sucesso: “Love Me Do” no final de 1962. Eles adquiriram o apelido “The Fab Four”, conforme a Beatlemania crescia em território britânico no ano seguinte, e ao final de 1964 tornaram-se astros internacionais, liderando a chamada “Invasão Britânica” no mercado musical estadunidense. A parte de 1965, os Beatles produziam o que muitos consideram como seus melhores materiais, incluindo os inovadores e influenciadores álbuns Rubber Soul (1965), Revolver (1966), Sgt. Pepper`s Lonely Hearts Club Band (1967), The Beatles — comumente referido como White Album — (1968) e Abbey Road (1969). Após a separação de seus membros em 1970, eles conquistaram carreiras musicais bem-sucedidas. McCartney e Starr, os membros que estão musicalmente ativos nos palcos. John Lennon foi assassinado em dezembro de 1980, enquanto Harrison morreu de câncer de pulmão em novembro de 2001.
De
acordo com a Recording Industry Association of America (RIAA), os
Beatles são os artistas com o maior número de vendas nos Estados Unidos da
América, com 178 milhões de unidades certificadas. Eles possuem o maior número
de álbuns que chegaram ao cume da UK Albums Chart e venderam mais singles
no Reino Unido do que qualquer outro artista. Em 2008, o grupo foi listado pela
Billboard como o ato mais bem sucedido de todos os tempos nas tabelas
publicadas pela revista; até 2015, o conjunto ainda detém o recorde de mais
números um na Billboard Hot 100, com 20 canções. Eles receberam dez Grammy
Awards, um Oscar para Melhor Banda Sonora e 15 Ivor Novello
Awards. Com seus membros coletivamente incluídos na compilação da revista Time
que listou as 100 pessoas mais influentes do século 20, a banda é a “mais
bem sucedida comercialmente na história, tendo vendido mais de 600 milhões de
cópias em âmbito global”. Incluídos no celebrado grupo Rock
and Roll Hall of Fame em 1988, com todos os participantes sendo adicionados
individualmente entre 1994 e 2015, e possui cinco álbuns na lista dos 200
álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame, juntamente ao Led
Zeppelin,
O pensamento e a prática de Karl Marx e dos marxistas posteriores são um produto de seu tempo e lugar, por mais que possam ser permanentes seu valor intelectual ou suas conquistas teóricas e práticas. Portanto, devem ser analisados inserindo-os nas condições históricas em que foram formulados, ou seja, levando-se em conta tanto a situação na qual os marxistas tinham de saber agir e os problemas que dela derivam, quanto a específica combinação de materiais intelectuais com a qual construíram suas ideias. De modo geral podemos dizer que Marx derivou uma análise da chamada “lei de movimento” do capitalismo a partir da fase que ele mesmo viveu, por volta de meados do século XIX, e, mais particularmente, a partir de sua versão colonialista inglesa; e ele fez isso, na teoria como utilidade de uso, como um pensador de projeção do século, isto é, como um pensador que sofrera um certo tipo de educação, que alimentara de um corpo específico de informações e experiências, que partilhava de algumas noções comuns daquele período, etc. Isso vale igualmente para os marxistas posteriores, cujas ações e ideias políticas tiveram naturalmente como elemento formativo determinante os movimentos marxistas anteriores e as experiências e tradições dos movimentos políticos marxistas europeus que se originaram no século XX.
Não estamos longe de admitir que Marx se tornou uma “celebridade” por suas intervenções polêmicas em torno do método de análise de interpretação da história, no âmbito da crítica da economia política, na análise de conjuntura, colocando em evidência o coup d`État na França com a análise das lutas de classes e com a mudança das relações de produção. Um aspecto social de sua contribuição à construção do conhecimento na cultura do Ocidente, porém, ficou subaproveitado em dois níveis abstratos: a dimensão filosófica e, por extensão, nesta dinâmica das relações sociais reais de produção, entre burguês e proletariado, através da apropriação do trabalho, a questão da ideologia. Isto é, o sujeito transforma a si mesmo e transforma historicamente o mundo da vida material. É um conceito, baseado num movimento concreto de lutas e interesses em oposição assimétrica que não poderá ser apreendido por quem prega a pseudoneutralidade metodológica. Marx, como sabemos, escreveu satisfatoriamente, mesmo sob condições determinadas de espaço e tempo social e político entre a Alemanha rural e a Londres operária.
Para
a consciência – e a consciência filosófica considera que o pensamento que
concebe constitui o homem real e, por conseguinte, o mundo só é real quando
concebido -, portanto, o movimento das categorias surge como ato de produção
real – que concebe um simples impulso do exterior, o que é lamentado – cujo
conteúdo é o mundo; e isto é exato na medida em que a totalidade concreta
enquanto totalidade-de-pensamento, enquanto concreto-de-pensamento, é de fato
um produto do pensamento, da atividade de conceber; ele não é pois, de forma
alguma o produto do conceito que engendra a si próprio, que pensa exterior e
superiormente à observação imediata e à representação, mas um produto da
elaboração de conceitos a partir da observação imediata e da representação. O todo,
afirma Marx, na forma em que aparece no espírito como todo-de-pensamento,
é um produto do cérebro pensante, que se apropria do mundo do único modo que
lhe é possível, de um modo que difere da apropriação desse mundo pela arte,
pela religião, pelo espírito prático. Antes como depois, o objeto real conserva
a sua independência fora do espírito; e isso durante o tempo em que o espírito
tiver uma atividade meramente especulativa, meramente teórica. Por
consequência, nunca é demais repetir, também o emprego do método teórico é
necessário que o objeto de pensamento, a sociedade, esteja constantemente
presente no espírito humano como dado primeiro. Em relação à propriedade, tanto
material como no método de apreensão do real, a categoria mais simples surge, pois,
como a relação de comunidades simples de famílias ou de tribos.
Na
sociedade num estágio superior, ela aparece como a relação mais simples de uma
organização mais desenvolvida. Mas pressupõe sempre o substrato concreto que se
exprime por uma relação de posse. O dinheiro pode existir e existiu
historicamente antes de existir o capital, os bancos, o trabalho assalariado,
etc. Nesse sentido, podemos dizer que a categoria de trabalho mais simples pode
exprimir relações dominantes de um todo menos desenvolvido ou, pelo contrário,
relações subordinadas de um todo mais desenvolvido, relações que existiam já
historicamente antes que o todo se desenvolvesse no sentido que encontra a sua
expressão numa categoria concreta. Assim, abstração mais simples, que a
economia política moderna coloca em primeiro lugar e que exprime uma relação
muito antiga e válida para todas as formas de sociedade, só aparece, no
entanto, sob esta forma abstrata como verdade prática enquanto categoria da
sociedade mais moderna. Poder-se-ia dizer que esta indiferença constituída nas
relações sociais em relacionadas a forma determinada de trabalho, que se
apresenta noutros países como produto histórico, se manifesta como uma
disposição natural. Este exemplo do trabalho mostra e evidencia que até as
categorias mais abstratas, ainda que válidas – precisamente por causa de sua
natureza abstrata – para todas as épocas, não são menos, sob a forma determinada
desta mesma abstração, o produto de destas condições e só se encontram
plenamente válidas nestas e no quadro de pensamento destas relações
sociais.
Admitir
que o homem só então se converte para ele seu modo de existência natural em seu
modo de existência humano, e a natureza torna-se para ele o homem. A sociedade
é, pois, a plena unidade essencial do homem com a natureza, a verdadeira
ressureição da natureza, o naturalismo acabado do homem e o humanismo acabado
da natureza. Precisamos admitir que o indivíduo é o ser social. Deve-se evitar
antes de tudo fixar, ou inventar a “sociedade” como outra abstração frente ao
indivíduo. A atividade social e o gozo social não existem de modo algum
unicamente na forma de uma atividade imediatamente coletiva, e de um gozo
imediatamente coletivo, ainda que a atividade coletiva e o gozo coletivo, isto
é, a atividade e o gozo que se exteriorizam e confirma imediatamente na
sociedade efetiva com outros homens, encontrar-se-ão onde quer que aquela
expressão imediata da sociabilidade esteja fundada na essência de seu conteúdo
e seja adequada à sua natureza. Como consciência genérica o homem confirma sua
vida social real e não faz mais do que repetir no pensar seu modo de existência
efetivo, assim como, inversamente, o ser genérico se confirma na consciência
genérica e é para si, na sua generalidade, enquanto ser pensante. O homem – por
mais que seja um indivíduo particular, e justamente é sua particularidade que
faz dele um indivíduo e ser social individual efetivo – é na mesma medida, do
ponto de vista abstrato, conceitual, a totalidade ideal, o modo de existência
subjetivo da sociedade pensada e sentida para si, do modo na
efetividade ele existe tanto como intuição e gozo efetivo do modo de existência
social, quanto como uma totalidade de exteriorização de vida humana.
Ele
era demasiado refinado, demasiado espiritual para eliminar a crueza das
necessidades práticas a não ser elevando-se à esfera etérea. O cristianismo é o
pensamento sublime do judaísmo. O judaísmo é a aplicação prática vulgar do
cristianismo. Mas essa aplicação prática só se poderia tornar universal quando
o cristianismo, como religião aperfeiçoada, tivesse realizado, de maneira
teórica, a alienação do homem de si mesmo e da natureza. No início de 1970,
Biko tornou-se uma figura-chave no momento Durban. Em 1972, ele foi expulso da
Universidade de Natal por causa de suas atividades políticas e tornou-se
presidente honorário da Convenção do Povo Negro. Ele foi banido pelo
governo do apartheid em fevereiro de 1973, ou seja, ele “não estava autorizado
a falar com mais de uma pessoa, impossibilitando assim que ele falasse em
público”, pois politicamente era restrito à cidade distrito judiciário do Rei William
e não poderia escrever publicamente, ou com a mídia. Foi proibido citar
qualquer coisa que ele dissesse, incluindo discursos ou conversas do dia a dia.
Quando Biko foi banido, seu trânsito dentro do país estava restrito ao Cabo
Oriental, sua terra natal. Depois de voltar, ele formou uma série de
organizações sociais com base na noção de autossuficiência como a Zanempilo, o
Fundo Fiduciário Zimele que ajudou a apoiar ex-presos políticos e suas famílias.
Apesar
da representação do governo do apartheid, Biko e o Movimento da
Consciência Negra (BCM) desempenharam um papel significativo na organização
dos protestos que culminaram com a Revolta de Soweto de 16 de junho de 1976. Na
sequência da revolta social, foi recebido com a “mão pesada” da força bruta da
política estrategicamente quando a força de segurança e as autoridades
começaram a alvejar Biko ainda mais. Em 11 de setembro de 1977, a polícia
carregou-o nas costas de um Land Rover, nu e contido em algemas para levá-lo
para uma prisão com instalações hospitalares. Ele estava quase morto devido às
lesões anteriores. Ele morreu logo após a chegada na prisão, em 12 de setembro.
A polícia alegou que sua morte foi o resultado de uma greve de fome prolongada,
mas a autópsia revelou múltiplas contusões e escoriações e que ele finalmente
sucumbiu devido a uma hemorragia cerebral maciça dos ferimentos na cabeça,
reforçando a ideia de que ele havia sido brutalmente agredido por seus
captores. Donald Woods, jornalista, Editor e amigo de Biko, junto com Helen
Zille, mais tarde líder do partido político da aliança democrática, expuseram a
verdade por detrás da morte de Steve. Por causa de sua grande visibilidade, a
notícia da morte de Biko espalhou-se divulgando a natureza
repressiva do governo do apartheid.
O
seu funeral foi assistido por mais de 10 mil pessoas, incluindo numerosos
embaixadores e outros diplomatas dos Estados Unidos da América e Europa
Ocidental. O liberal branco jornalista sul-africano Donald Woods, amigo pessoal
de Biko, fotografou seus ferimentos no necrotério. Como Frantz Fanon, Stephen
Bantu Biko originalmente estudou Medicina e, como Fanon, Biko desenvolveu uma
intensa e extraordinária preocupação social para o desenvolvimento da
consciência negra, como a solução para as lutas existenciais que a existência
forma, tanto como um ser humano como igualmente um africano. Biko, portanto,
pode ser visto como um seguidor de Fanon e Aimé Césaire (1913-2008). Biko viu a
luta pela consciência africana como tendo duas fases: “libertação psicológica”
e “libertação física”. Ipso facto, a influência não-violenta de Gandhi, chamado
de o “pai da Índia” e uma “grande alma em vestes de mendigo” uma abordagem não
violenta em relação à mudança política ajudou a Índia a se tornar independente
depois de cerca de um século de controle colonial britânico, no contexto de
reflexão sobre os sentimentos morais e a análise psicológica da moralidade e
Martin Luther King (1929-1968) sobre Biko é então suspeito, como Biko sabia que
por sua luta psicológica para dar lugar a libertação física, era necessário que
ele existisse dentro das políticas do governo do apartheid, e a
não-violência passa a ser visto mais como tática e convicção pessoal. O
cantor Peter Gabriel compôs em 1980 a música Biko.
Donald
Woods foi mais tarde forçado a fugir da África do Sul para a Inglaterra, e fez
campanha contra o apartheid e quando consequentemente divulgou mais ainda a
vida e a morte de Biko, escrevendo muitos artigos de jornal e autor do livro
Biko que mais tarde foi transformado em filme de nome Cry Freedom (1987),
interpretado pelo ator Denzel Washington. Depois de um inquérito com 15 dias em
1978, um juiz magistrado disse que não havia provas suficientes para acusar os
oficiais de Estado de homicídio, pois não havia testemunhas. Em 2 de fevereiro
de 1978, com base nas provas dadas no inquérito, o procurador-geral do Cabo
Oriental declarou não processar os policiais. Em 28 de julho de 1979, o
advogado da família Biko anunciou que o governo Sul-Africano teria que pagar 78
milhões de dólares em compensação pela morte de Biko. Em outubro de 2003, o
Ministério da Justiça Sul-Africano anunciou que os cinco policiais acusados de
matar Biko não seriam processados porque o limite de tempo para a acusação
tinha decorrido da insuficiência de provas. Um ano após sua morte,
alguns de seus escritos foram recolhidos e editado sob o título: - “Eu escrevo o
que eu gosto”.
Isaach
De Bankolé, é um ator premiado com o César, nascido na República de Côte
d` Ivoire, país africano, limitado a Norte pelo Mali e pelo Burquina Fasso, a
Leste pelo Gana, a Sul pelo Oceano Atlântico e a Oeste pela Libéria e pela
Guiné. Sua capital é Iamussucro, mas a maior cidade é Abidjã. O governo
marfinês solicitou à comunidade internacional em outubro de 1985, que o país
seja designado apenas pelo nome francês Côte d`Ivoire e vários países e
organizações internacionais referendaram. Antes da colonização pelos europeus,
a Costa do Marfim tinha como representação política vários estados, incluindo
Reino Jamã, o Império de Congue e Baúle. A área tornou-se um protetorado da
França em 1843, e colônia em 1893, em meio à corrida pela sua disputa europeia pela
África. Alcançou a Independência do jugo imperialista em 1960, liderada por
Félix Houphouët-Boigny (1905-1993), que governou o país até 1993. Reconhecido
carinhosamente por Papa Houphouët, ou Le Vieux, foi o primeiro Presidente da
Costa do Marfim, cargo onde permaneceu por mais de três décadas até à sua
morte. Chefe tribal, trabalhou como assistente médico, sindicalista e
agricultor antes de ser eleito para o Parlamento francês. A Costa do Marfim
estabeleceu estreitos laços políticos e econômicos com seus países vizinhos da
África Ocidental, mantendo ao mesmo tempo relações políticas e sociais
internacionais estreitas com o Ocidente, especial a França.
O
país experimentou um golpe de Estado em 1999, seguido de duas guerras civis,
fundamentadas religiosamente, primeiro entre 2002 e 2007 e novamente durante
2010 e 2011. Em 2000, o país adotou uma nova Constituição. Ele foi
“descoberto nas ruas de Paris enquanto estudava para ser piloto de avião”. É
formado em atuação pelo Cours Simon e tem Mestrado em Matemática pela
Université de Paris. Atou nos filmes Pantera Negra (2018), sobre a história de
T'Challa, príncipe do reino de Wakanda, que perde o seu pai e viaja para os
Estados Unidos da América, onde tem contato com os Vingadores. Entre as suas
habilidades estão a velocidade, inteligência e os sentidos apurados, e Shaft
(2019), onde John Shaft Jr. pode ser um especialista em “cibersegurança” com um
diploma no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde a instituição
admite cerca de 4% dos alunos para seus cursos de nível superior, tornando-se
uma das universidades mais seletivas dos Estados Unidos da América, para não
falarmos no resto do mundo. Mas para descobrir a verdade por trás da morte
precoce de seu melhor amigo, ele precisa da orientação que provavelmente só o
vínculo afetivamente de um pai pode proporcionar.
O
filme Mirage (Délibáb), é um drama húngaro-eslovaco de 2014, dirigido
por Szabolcs Hajdu. Foi exibido na seção Contemporary World Cinema do
Festival Internacional de Cinema de Toronto, Canadá, de 2014. É um conto sobre
a Hungria moderna, tematizando questões sociais em torno do racismo, da questão
da igualdade, no âmbito das práticas poder em sintonia com a liberdade. O
Eurochannel estreia Miragem. Um jogador de futebol africano cometeu um crime e
precisa fugir. Ele encontra refúgio em uma fazenda remota no Leste Europeu.
Quando descobre que a fazenda é um campo moderno de escravos, ele é consciente
em lutar por sua liberdade e sua vida. Com um Sol singelo abraçando o
horizonte, bronzeando tudo ao seu redor e apenas o ar soprando, aparece uma
figura negra de óculos escuros e bolsa esportiva. Esse é Francis, um jogador de
futebol da Costa do Marfim, procurado pela polícia por ser suspeito de
“manipulação de resultados”. Ele continua andando e alguns quilômetros e um
endereço importante depois, chega a uma estação de trem em ruínas. Ele sobe no
que sobrou do antigo trem e acaba no meio praticamente do nada, em uma fazenda
administrada por Cisco e seus capangas armados com metralhadoras AK47, também
reconhecida como Kalashnikov, é um fuzil de assalto de calibre 7,62x39mm criado
em 1947 por Mikhail Kalashnikov (1919-2013) e produzido na União Soviética pela
indústria estatal IZH de Ijevsk.
Mikhail
Kalashnikov (1919-2013) foi um militar russo, inventor, engenheiro militar, escritor, notável por projetar armas,
especialmente o célebre fuzil de assalto AK-47 e suas melhorias o AKM e AK-74,
assim como a metralhadora RPK, e pai do engenheiro Victor Kalashnikov.
Kalashnikov era, de acordo com ele mesmo, “um funileiro autodidata que
combinava habilidades mecânicas inatas com o estudo de armamento para projetar
armas que alcançaram à ubiquidade do campo de batalha”. Apesar do Kalashnikov
sentir tristeza com a distribuição descontrolada das armas, ele se orgulhou de
suas invenções e sua reputação de confiabilidade, enfatizando que seu fuzil é
“uma arma de defesa” e “não uma arma para ofensa”. Ijevsk é a capital e a maior
cidade da Udmúrtia, na Rússia. Localiza-se no Leste da Rússia europeia. Tem
cerca de 612 mil habitantes. Foi fundada pelos russos em 1760. Designou-se
Ustinov entre 1984 e 1987. É a cidade onde-se residiu Mikhail Kalashnikov,
criador do fuzil de assalto AK-47, falecido no final de 2013 de causas
naturais. A catedral Svyato Mihailovsky em Ijevsk, República da Udmúrtia,
Rússia. A cidade se situa próximo ao rio Ij, a 40 km antes dele desaguar no rio
Kama. A cidade tem como principal atividade a indústria bélica, a empresa
estatal IZH, mais importante da cidade, produzindo rifles de assalto, pistolas,
carros e motos.
A
cidade de Ijevsk é a sede do Estádio Central Republicano e do FC Ijevsk, que
participou do Campeonato Russo de Futebol. O fuzil de assalto Avtomat
Kalashnikova - 47, (AK-47) fuzil automático Kalashnikov, modelo de 1947 surgiu
na União Soviética logo após o fim da 2ª guerra mundial inspirado no fuzil de
assalto alemão Sturmgewehr 44, sendo o fuzil mais fabricado de todos os tempos
com mais de 100 milhões de unidades. Estima-se que o número de exemplares
produzidos tanto na Rússia como sob licença em países como a Bulgária, China,
Hungria, Índia, Coreia do Norte, Romênia entre outros, chegue à cifra de 90
milhões. Países como a Finlândia e Israel também se basearam no projeto maquínico
deste fuzil para produzirem seus modelos M62 e Galil. Como uma máquina de
guerra mortífera e caracterizado por sua grande rusticidade, facilidade de utilidade
e produção-consumo em massa, simplicidade de operação tática e manutenção, além
de reconhecida estabilidade de uso em regiões desérticas em baixas e altas
temperaturas. Deixa a desejar nos requisitos precisão, ergonomia e peso.
A
fazenda, localizada em uma estância longe da civilização, está nas mãos de uma
quadrilha de bandidos, que fazem os moradores locais, que foram privados de
suas aposentadorias, e também aqueles que fogem da lei, trabalharem como
escravos. Francis encontra refúgio nessa fazenda isolada do mundo no coração do
deserto, mas logo percebe que a fazenda é, na verdade, uma colônia de escravos
nestes dias modernos. Com sua chegada, ele agita a vida dos residentes. Os
apáticos presos o veem como seu salvador, e Cisco, que governa como um “pequeno
rei, o vê como seu rival”. No entanto, Francis não deseja o papel de herói, ele
tenta fugir na primeira oportunidade, mas é impossível encontrar seu caminho na
paisagem plana e enganosa. A felicidade inicial de apenas ser livre logo se
torna uma miragem, e ele acaba voltando para onde começou. Francis, um homem de
poucas palavras, pode reagir ao sofrimento dos escravos da fazenda de várias
maneiras: pode fazer amizade com os opressores armados, fugir ou mudar a
situação vigente. Ele decide fazer o último. Sua tentativa de fuga o coloca
entre os escravos e, contra sua vontade, ele se torna um rebelde. A partida
mais difícil de sua vida começa, o que está em jogo não é apenas a sua
liberdade, mas a própria sobrevivência. Após a fuga malsucedida, o acaso
finalmente o leva a tentar derrubar o reinado dos Ciscos.
Quer
dizer, a secularização do conceito religioso de alienação foi realizada
nas afirmações concretas relacionadas com a “vendabilidade”. Em primeiro lugar,
essa secularização progrediu no interior da concha religiosa. Nada podia deter
essa tendência a converter tudo em objeto vendável, por mais “sagrado” que
tivesse sido considerado em certa fase, em sua “inalienabilidade” sancionada
por um suposto mandamento divino. O Melmoth, de Honoré Balzac é uma reflexão,
magistralmente irônica, sobre uma sociedade totalmente secularizada, na qual
“até memo o Espírito Santo tem sua cotação na Bolsa de Valores. A própria
doutrina da “queda do homem” teve de ser questionada – como foi por Lutero, por
exemplo – em nome da “liberdade” do homem. Essa defesa da “liberdade”, contudo,
revelou-se na realidade nada mais do que a glorificação religiosa do princípio
secular da “vendabilidade universal”. Foi este último que encontrou seu
adversário – ainda que utópico – em Thomas Münzer, que protestou em seu folheto
contra Lutero, dizendo ser intolerável que “toda criatura seja transformada em
propriedade – os peixes na água, os pássaros do céu, as plantas na terra”.
Visões de mundo como essa, lembra Mészáros (2006: 37), por mais profunda e
verdadeiramente que elas refletissem a natureza interior das transformações em
curso, tinham de permanecer como meras utopias, protestos ineficazes,
concebidos da perspectiva de uma antevisão sem esperanças de uma possível
negação futura da sociedade mercantil. Na época da ascensão triunfal do capitalismo,
as concepções ideológicas prevalecentes tinham de ser aquelas que assumiam uma
atitude afirmativa ante as tendências objetivas desse desenvolvimento.
Alienação
é um conceito eminentemente histórico. Se o homem é alienado, ele deve ser
alienado com relação a alguma coisa, como resultado de certas causas – o jogo
mútuo dos acontecimentos e circunstâncias em relação ao homem como sujeito
dessa alienação – mas que per se que se manifestam num contexto histórico. Do
mesmo modo, a “transcendência da alienação” é um conceito inerentemente
histórico, que vislumbra a culminação bem-sucedida do processo em direção a um
estado de coisas qualitativamente diferente. De fato, se o conceito de
alienação é abstraído do processo socioeconômico concreto, uma mera aparência
de historicidade pode pôr-se no lugar de um genuíno entendimento dos fatores
complexos envolvidos no processo histórico. Quer dizer, é uma função essencial
das mitologias transferir os problemas sócio-históricos fundamentais do
desenvolvimento humano para um plano atemporal, e o tratamento judaico-cristão
da problemática da alienação não é exceção à regra geral. Mais interessante
ideologicamente é o caso de certas teorias da alienação do século XX, nas quais
conceitos de “alienação do mundo” têm a função de engar categorias históricas e
substituí-las por mistificação. Não obstante, é uma característica social importante
da história intelectual que tenham alcançado os maiores resultados na
compreensão das múltiplas complexidades da alienação - antes do pensamento de Marx: Friedrich Hegel
acima de todos – aqueles filósofos que abordaram esse puzzle de uma maneira
histórica e teórica de forma adequada. Isto é, os filósofos que conseguiram
elaborar uma abordagem histórica dos problemas da filosofia foram aqueles que
tinham precisamente consciência da problemática da alienação e na medida em que o
tinham.
A
dificuldades do discurso de Marx em seus Manuscritos de 1844 devem-se
não somente ao fato de que se trata de um sistema in statu nascendi. As
dificuldades principais são, porém, inerentes ao método de Marx em geral, e às
características objetivas do seu tema de análise: os aspectos históricos quanto
os sistemáticos-estruturais do problema da alienação, em relação às
complexidades da vida real nas várias formas de e pensamento. Assim, ele
analisa: 1. As manifestações da autoalienação do trabalho na realidade,
juntamente com as várias institucionalizações, reificações e mediações
envolvidas nessa autoalienação prática, isto é, trabalho assalariado,
propriedade privada, intercâmbio, dinheiro, renda, lucro, valor etc. 2. Os
reflexos dessas alienações por intermédio da religião, da filosofia, do
direito, da economia política, da arte, da ciência “abstratamente material”
etc. 3. Os intercâmbios e reciprocidades entre (1) e (2); pois “os deuses são,
originalmente, não a causa, mas o efeito do erro do entendimento humano. Mais
tarde essa relação se transforma em ação recíproca”. 4. O dinamismo interno de qualquer
fenômeno particular, ou campo de investigação, em seu desenvolvimento de uma
complexidade menor para uma maior; 5. As inter-relações estruturais de vários
fenômenos sociais, bem como a gênese histórica e a renovada transformação
dialética de todo os sistemas de interrelações múltiplas; 6. Uma compilação
adicional está no fato de que Marx analisa as teorias em seu contexto histórico
concreto, além de investigar as relações estruturais de umas com as outras em
cada período particular, por exemplo, Adam Smith, filósofo moral; ao mesmo
tempo, os tipos de respostas dada por ele – tanto como um economista quanto um
moralista – em relação ao desenvolvimento do capital.
Fora
de dúvida, na concepção dialética de Marx, o conceito-chave, segundo István
Mészáros, é a “atividade produtiva humana”, que não significa simplesmente
produção econômica. Desde o princípio ela é muito mais complexa do que isso,
como de fato indicam as referências de Marx à ontologia. Essa ideia também
estrutura ativamente as múltiplas mediações específicas, nos mais variados
campos da atividade humana, por intermédio de sua estrutura própria enormemente
intrincada e relativamente autônoma. Melhor dizendo, se a “desmistificação” da
sociedade capitalista, devido ao “caráter fetichista” de seu modo de produção e
troca, tem de partir da investigação econômica possam simplesmente transferidos
para outras esferas e níveis de análise. Mesmo em relação à cultura, à
política, ao direito, à religião, à arte, à ética etc., da sociedade
capitalista, ainda é necessário encontrar aquelas complexas mediações, em
distintos níveis de generalizações histórico-filosófica, que nos permitem
chegar a conclusões confiáveis tanto sobre as formas ideológicas específicas em
questão como sobre a forma dada, historicamente concreta, da sociedade
capitalista como um todo.
Não
se pode compreender o intelectual “específico” sem identificar suas múltiplas
interconexões com um determinado sistema de mediações complexas. Em outras
palavras: devemos ser capazes de ver os elementos “atemporais” (sistemáticos)
na temporalidade e os elementos temporais nos fatores sistemáticos. O conceito
de mediações complexas está ausente da visão dos deterministas econômicos que –
ainda que inconscientemente – capitulam ante a “necessidade cega” que parece
predominar por meio do caráter fetichista do capital. Todo debate econômico
culmina num novo conceito de homem. Ao discutir os problemas cruciais da
divisão do trabalho, Marx problematiza radicalmente a explicação da natureza
humana. Podemos recordar que ele elogiou a economia política liberal por ter-se
abstraído das aparências individuais das inter-relações humanas, por ter
desenvolvido, de forma tão aguda e consistente, embora unilateral, a ideia do
trabalho como a única essência da riqueza, e por ter incorporado à propriedade
privada ao próprio homem. Ele elogiou os economistas não só porque nessas
realizações eles superaram efetivamente as limitações dos “idólatras,
fetichistas, católicos”. E por que esses avanços dos economistas
possuem também um outro lado.
A
abstração talvez coerente das aparências individuais conduziu a um novo
estranhamento do homem. A incorporação da propriedade privada no próprio homem
levou a colocá-lo na órbita da propriedade e da alienação. Marx se opõe
apaixonadamente à atitude da economia política, que não se considera o
trabalhador “como homem, no seu tempo livre-de-trabalho, mas deixa, antes, essa
política e o curador da miséria social”. Ele recusa a aceitação da reificação
sob a forma de considerar o trabalho, segundo Mészáros, “abstratamente como uma
coisa”. Ele recusa a prática de levar a extremos uma virtude que resultou,
primeiro, na superação real do velho fetichismo, mas depois implicou
necessariamente uma submissão a um novo tipo de fetichismo: o fetichismo
amadurecido em sua forma elevada, mais abstrata e universal. Na visão humanista
de Marx, a propriedade privada e suas consequências humanas têm de ser
explicadas historicamente, e não supostas ou deduzidas de uma suposição. De
acordo com o filósofo materialista, a propriedade privada é trazida à
existência pela atividade alienada e então, por sua vez afeta profundamente, é
claro, as aspirações humanas. Sua abordagem foi diretamente influenciada pelos
socialistas utópicos, e por Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e Moses Hess (1812-1875).
Mas
o que constitui algo novo nele representa\ uma insistência coerente sobre os
fundamentos últimos das inter-relações humanas, desenvolvidas pelo jovem
Friedrich Engels originalmente em seu ensaio: Esboço de uma Crítica da
Economia Política. Essa abordagem analítica, cujo centro de referência é a
atividade produtiva ou práxis – encerra em si o que emerge como sendo a
“ciência da natureza humana” não é o egoísmo, mas a socialidade, como
característica definidora da natureza humana. Ao contrário do “egoísmo”, ela
não pode ser uma qualidade abstrata inerente ao indivíduo isolado. Só pode
existir nas relações dos indivíduos uns com os outros. Como corolário, a
realização adequada da natureza humana não pode ser a concorrência – essa
“condição inconsciente da humanidade” que corresponde ao egoísmo e ao bellum
omnium contra omnes hobbesiano -, mas a associação consciente. Assim, é de
esperar que a natureza humana (“socialidade”) liberada do egoísmo
institucionalizado (a negação da socialidade) superará a “reificação”, o
“trabalho abstrato” e os “apetites imaginários”. Quer dizer, não é difícil
compreender que, enquanto a concorrência de fato representar o poder logicamente
governante da produção, ou, em outras palavras, enquanto a “eficiência do
custo” for o princípio dominante da atividade produtiva, é impossível
considerar o trabalhador um homem nas várias fases e etapas do ciclo de
produção.
A
atividade humana, sob as condições de concorrência, está destinada a continuar
sendo trabalho assalariado, uma mercadoria sujeita à “lei natural” das
sociedades objetivas, independentes, da concorrência para o atendimento das
exigências humanas de atividade autorrealizadora em oposição ao “trabalho
abstrato como negação da socialidade e para eliminação dos “apetites
imaginários”. Não por acaso, a primeira fase do desenvolvimento da alienação do
trabalho tinha de assumir uma forma política, porque a existência de um produto
agrícola excedente não contém nenhuma determinação econômica quanto à forma de
sua apropriação. Um princípio econômico de apropriação e redistribuição só pode
operar em nível bastante elevado de desenvolvimento histórico e social, segundo
Mészáros, e pressupõe uma relação já fixada politicamente entre a produção e o
processo de apropriação do trabalho. Mas onde encontrar um princípio regulador.
Toda forma original de propriedade privada é sui generis e não há razão para
supor que esse caráter social específico não tenha anda a ver com a forma
específica da propriedade anterior, sobre cuja base de acumulação primitiva de
capital se originou. As diferenciações em fases posteriores de desenvolvimento
são determinadas, pelo menos até certo ponto, pela série particular de
condições que caracterizam as fases anteriores. Isso se aplica não apenas ao
passado remoto, mas também ao presente e ao futuro.
Todavia,
postular uma propriedade comunal homogênea como superação das relações de
produção capitalistas alienantes é a-histórico. As “relações de propriedade”
constituem, evidentemente, um conceito-chave na análise da alienação; mas seria
ingênuo supor que a negação direta dessas relações de propriedade específicas
não produzirá algo igualmente específico. Assim, a questão da alienação não se
resolve de uma vez por todas simplesmente negando as relações de propriedade
capitalistas. Não devemos nos esquecer de que estamos tratando de uma série
complexa de inter-relações, das quais as “relações de propriedade” são apenas
uma parte. Mesmo assim, a análise das relações de propriedade é muito
importante em relação à alienação, porque os problemas fundamentais da
liberdade humana estão intimamente relacionados com ela. Marx coloca a seguinte
questão: como se emancipa o homem da sujeição às forças cegas da necessidade
natural? A resposta: “por sua atividade produtiva”, envolve diretamente as
relações de propriedade. Pois, necessariamente, toda produção – primitiva e
feudal, capitalista e socialista, igualmente – tem de ser regulada no quadro de
relações de propriedade específicas. O problema original da liberdade – as
relações do homem com a natureza – se modifica. Mas de que maneira e até que
ponto, uma determinada forma específica de propriedade impõe limitações à
questão da liberdade humana?
István
Mészáros (2006) responde-nos da seguinte forma. Uma nova complicação surge,
porque as limitações podem ou não aparecer também como restrições
político-jurídicas, propondo-nos que o problema da liberdade tem que ser
discutido numa relação tríplice. 1.O grau de liberdade com relação à
necessidade natural alcançada por uma determinada fase da evolução humana. As
relações de propriedade devem ser avaliadas, no caso, em função de sua
contribuição para esse fim. 2. As formas de propriedade são expressões de
relações humanas determinadas. Devemos indagar: como a margem de liberdade
obtida, isto é, a liberdade em relação à necessidade natural – é distribuída
entre os vários grupos reunidos nas relações de propriedade existentes? Em
certas condições, pode ocorrer que as condições de qualquer grau de liberdade
no sentido (1) privem a grande maioria da população de qualquer gozo da
liberdade, que é reservada a pequenos segmentos da sociedade. A liberdade,
nesse sentido essencialmente negativo, contrasta com o caráter positivo do
sentido (1), não se refere diretamente à relação entro o homem e natureza, mas
entre homem e homem. É a liberdade em relação ao poder de interferência de
outros homens. Devemos, porém, ressaltar que há uma inter-relação inerente dos
sentidos negativo e positivo da liberdade. Assim, o sentido (2) – esse sentido
essencialmente negativo – de liberdade também possui um aspecto positivo, na
medida em que encerra, necessariamente, uma referência ao conteúdo sentido. 3.
A terceira relação refere-se à “liberdade para exercer os poderes essenciais do
homem”.
Ela possui um caráter positivo, e, portanto, necessita de algo mais do que sanções legais para sua realização. De fato, a legalidade é completamente impotente para além da possibilidade de proporcionar um quadro favorável para desenvolvimentos positivos. Só podemos legislar sobre o sentido (2), essencialmente negativo, para eliminar anacronismos e estabelecer proteções contra a sua reaparição. Mesmo que a liberdade seja realizada no sentido (2) – isto é, se ela for legalmente distribuída segundo o princípio da igualdade – a questão permanece: até que ponto o homem é livre no sentido positivo? Marx descreveu esse sentido como a liberdade de exercer os “poderes essenciais” do homem. A restrição político-jurídica pode, evidentemente, interferir neste livre exercício dos poderes essenciais do homem. Porém, mesmo que esta interferência seja eliminada, a liberdade positiva não é levada à sua realização enquanto houver outros fatores que interfiram nela. Nem podemos esperar uma solução legislativa para o problema: as dificuldades inerentes à liberdade positiva devem ser resolvidas no nível em que surgem. As relações de propriedade, sob esse aspecto, devem ser avaliadas de acordo com o critério do que promovem o livre exercício dos poderes essenciais do homem. Assim, os aspectos políticos da teoria da alienação de Marx podem ser resumidos nessa relação tríplice entre a liberdade e as relações de propriedade existentes. A questão central é então: qual a contribuição de uma determinada forma de relações de propriedade para tornar o homem mais livre: 1. Da necessidade natural; 2. Do poder de interferência dos outros homens; e 3. Em relação a um exercício mais cabal de seus próprios poderes essenciais. A questão da alienação, nesse contexto, refere-se a um processo que afeta negativamente a liberdade nessa tríplice relação do homem com a natureza, com os “outros homens” e “consigo mesmo”, isto é, com seus próprios poderes essenciais. Em outros termos: a alienação, sob esse aspecto, é a negação da liberdade humana em seus sentidos negativos e positivos. A resposta política de Marx à questão de sabermos se as relações de propriedade capitalista tornam o homem mais livre nos sentidos enunciados anteriormente é um Não historicamente fundamentado e qualificado do pensamento.
Bibliografia
geral consultada.
GIANNOTTI, José Arthur, Trabalho e Reflexão. Ensaios para uma dialética da sociabilidade. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984; MÉSZÁROS, István, A Teoria da Alienação em Marx. São Paulo: Boitempo Editorial, 2006; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt, 1923-1950. Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 2008; CHEROBINI, Demetrio, Educação e Política no Pensamento de István Mészáros: Ensaio Introdutório. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Centro de Ciências da Educação. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2010; LÖWY, Michael, A Teoria da Revolução no Jovem Marx. 1ª ed., ampl. e atual. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012; Idem, A Jaula de Aço: Max Weber e o Marxismo Weberiano. 1ª edição. São Paulo: boitempo Editorial, 2014; MENEZES, Rafael Lessa Vieira de Sá, Crítica dos Direitos Humanos à Luz da Leitura de István Mészáros. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Direito. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; ALVES, Stênio Eduardo de Sousa, A Crise Estrutural do Capital de István Mészáros como uma Síntese Sui Generis: Possibilidades e Limites. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2014; ALBUQUERQUE, Rafael João Mendonça de, A Permanência do Capital na Experiência Soviética na Obra Para Além do Capital, de István Mészáros. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Maceió: Universidade Federal de Alagoas, 2019; SOUZA, Daniela Rezende de, Formação Humana em István Mészáros: Contribuições da Produção Acadêmico-Científica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Unidade Acadêmica Especial de Educação. Jataí: Universidade Federal de Jataí, 2021; SANTOS, Milena da Silva, Mészáros: Defeitos Estruturais de Controle do Capital e Estado. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2021; BRANDÃO, Daniel Silva, A Educação em István Mészáros: Reflexões por uma Prática Educacional Transformadora. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. Manaus: Universidade do Estado do Amazonas, 2022; entre outros.
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