quarta-feira, 1 de maio de 2024

Anarquia - Consciência & Relojoaria na Suíça Sindicalista.

                                                    Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem”. Marcel Proust

         Marcel Proust (1871-1922) foi um escritor francês, reconhecido pela sua obra À la Recherche du Temps Perdu, que foi publicada em sete partes entre 1913 e 1927. Oriundo de família rica e culta, de origem judaica de mãe, e católica de pai professor de medicina em Paris, Proust foi uma criança de saúde frágil, e teve toda a vida marcada por graves dificuldades respiratórias causadas pela asma. Muito jovem, frequentava salões aristocráticos onde conheceu artistas e escritores, o que lhe proporcionou a fama de “socialite diletante”. Aproveitando a fortuna, viveu sem ter empregos e em 1895 inicia um romance que permanece em estado de fragmentos, publicado em 1952, postumamente, sob o título Jean Santeuil. Em 1900, abandona o projeto e viaja para Veneza e Pádua para descobrir obras de arte, seguindo os passos de John Ruskin (1819-1900), de quem publicou artigos e traduziu dois de seus livros: La Bible d`Amiens e Sésame et the Lilies. Em 1907, Proust inicia sua magnífica grande obra À la Recherche du Temps Perdu, cujos volumes foram publicados entre 1913 (Du Côté de chez Swann) e 1927, em parte após sua morte; o segundo volume, À Lombre des Jeunes Filles en Fleurs, ganhou o Prêmio Goncourt em 1919.

Proust morreu em 1922, de uma bronquite maltratada: foi enterrado no cemitério Père-Lachaise em Paris, acompanhado por um grande público que saudava um escritor importante e que as gerações seguintes colocaram no mais alto nível, fazendo dele um mito literário. O ensaio Em Busca do Tempo Perdido é tanto uma grande reflexão sobre o tempo e memória afetiva, quanto uma reflexão sobre o amor, ciúme, questões existenciais, no qual o homoerotismo ocupa um lugar importante. Também é uma vasta comédia humana de mais de duzentos personagens. Proust recria “lugares reveladores”, sejam os “lugares da infância” na casa da tia Léonie em Combray ou, “salões parisienses” que opõem círculos aristocráticos e burgueses, mundos estes evocados por vezes de forma ácida, por um narrador cativante e irônico. Esse teatro social é animado por personagens muito diversos, cujas características cômicas Proust não esconde: são figuras muitas vezes inspiradas em pessoas reais, o que torna Em busca do tempo perdido, em parte, um roman à clef e a pintura de “uma época”. A marca de Proust também está em seu estilo com frases muitas vezes muito longas, que seguem a espiral da criação em construção, buscando atingir uma totalidade da realidade que sempre escapa. Marcel Proust é o escritor francês cuja obra é a mais traduzida e publicada no mundo. Ele foi considerado por muitos um dos maiores autores de todos os tempos.

O relógio é utilizado como “medidor do tempo” desde a Antiguidade, em variados formatos que o distinguem das mais antigas invenções com utilidade social humanas. Relojoaria é tanto o termo que designa o seu fabricante, como a loja comercial onde são vendidos. Entre os primeiros relógios, ou horológios, quer dizer, em português mais antigo, que se tem conhecimento, estão os “relógios de Sol”. Relógios simples de água ou areia são reconhecidos por ter existido na Babilônia e no Egito em torno do século XVI a. C. A história etnográfica registra que apareceu na Judeia, mais ou menos em 600 a. C., com os relógios de água (clepsidras) e os relógios de areia (ampulhetas). Em 725 d. C., Yi Xing, um monge budista chinês desenvolveu um relógio mecânico que tinha um complexo sistema de engrenagens e 60 baldes de água que correspondiam aos 60 segundos que fazia uma revolução completa em 24 horas. Em 797 (ou 801), o califa de Bagdá, Harune Arraxide, presenteou Carlos Magno (742-814), com um elefante asiático chamado Abul Abbas e um relógio mecânico de onde saía um cavaleiro que anunciava as horas. Magno inventou a diversidade política como rei dos francos a partir de 768, rei dos lombardos a partir de 774 e imperador dos romanos a partir do ano 800. No início da Idade Média, Carlos Magno uniu parte da Europa ocidental e Europa central. Foi o primeiro imperador a governar da Europa ocidental desde a queda do Império Romano cerca de três séculos antes.  

Isso indica que os primeiros relógios mecânicos provavelmente foram inventados pelos asiáticos. Contudo, embora exista controvérsia sobre a construção do primeiro relógio mecânico, o papa Silvestre II é considerado no mundo ocidental o primeiro inventor. Os primeiros relógios mecânicos, muito rudimentares, surgiram por volta de 1200 no Norte da Europa, na região onde se constituiu a atual Alemanha. Outros grandes construtores e aperfeiçoadores de relógios foram Ricardo de Walinfard (1344), Santiago de Dondis (1344), seu filho João de Dondis que ficou reconhecido como Horologius, e Henrique de Vick (1370). Por volta de 1500, Peter Henlein (1479-1542), na cidade de Nuremberg, fabricou o primeiro relógio com utilidade de uso social de bolso. Até que, em 1595, Galileu Galilei (1564-1642) descobre o isocronismo, um conceito fundamental na Engenharia que descreve a capacidade de um sistema ou dispositivo de manter um ritmo constante. Com os relógios mecânicos surge uma grande variedade de técnicas históricas e sociais de registro da passagem do tempo.  Os relógios podem ser classificados através de pêndulo, de quartzo ou cronômetros. Os primeiros relógios úteis foram os relógios de bolso. Eram raros e tidos como verdadeiras “joias”, pois poucos tinham um. Os relógios de bolso eram símbolo da alta aristocracia.

O tempo do dia em horas ocorreu quando o astrofísico Galileu Galilei definiu as regras do movimento pendular e sua regularidade social. Diz-se que o isocronismo do pêndulo foi descoberto por Galileu quando, numa missa, observou a oscilação de um candelabro suspenso do teto da igreja, tendo medido o período através da contagem dos seus batimentos cardíacos. Seja como for, Galileu viria a usar o pêndulo nas suas experiências com o plano inclinado. Isso foi por volta de 1600 e somente uns 100 anos depois é que surgiriam “os ponteiros indicadores de minutos”. Por essa ocasião, os relógios já eram olhados mercadologicamente como “joias” e caracterizavam-se pela representação social de beleza e riqueza. Os famosos relógios suíços tiveram origem em Genebra, por volta do século XVI e um nome é registrado como o iniciador de tudo: Daniel Jeanrichard (1665-1741), é um relojoeiro de Neuchâtel considerado primus inter pares o fundador da indústria relojoeira in statu nascendi nas montanhas do Jura. Se sua existência histórica está fora de dúvida, por outro lado, a questão de sua importância e de seu papel social exatamente permanece historicamente sem solução. Figura guardiã relojoeira de Neuchâtel, Daniel Jeanrichard foi logo devido ao comércio mitificado.

Descenessário dizer que a indústria relojoeira evoluiu rapidamente e tornou-se um marco naquele país, tanto pelo designer como pelo domínio da tecnologia de precisão. Com o advento dos relógios de quartzo, os suíços perderam a hegemonia mundial e nunca mais a recuperaram. Os relógios de quartzo são muito mais baratos e precisos do que os relógios mecânicos. O relógio de pulso tem uma história bastante interessante que envolve o brasileiro Santos Dumont (1873-1932) que vivia sujando a roupa ao tirar o relógio do bolso, com as mãos manchadas de óleo enquanto trabalhava nos seus modelos de aviões. Para evitar esse contratempo, pediu a seu amigo Cartier que fabricasse um relógio que pudesse ser acomodado no pulso, e esse foi o primeiro relógio de pulso fabricado na França e chegou a ser chamado de Santos Watch. O “relógio de pulso” já era reconhecido, mas raramente usado: o exército inglês havia encomendado 1500 relógios a um fabricante suíço para colocar no pulso de militares, considerando que seriam mais úteis assim, durante a batalha. Mas foi depois do episódio com Santos Dumont que Cartier passou a fabricar relógios em série de pulso, criou fama como fabricante e difusor de sua utilidade de uso e produção-consumo no mundo ocidental.

Horologia é o estudo ou a ciência e arte relacionada aos instrumentos de medição de tempo. Relógios, e cronógrafos são exemplos de instrumentos usados para medir o tempo. E Christiaan Huygens, um dos nomes mais destacados da Física, Astronomia e Matemática do Século XVII. Uma das principais contribuições de Huygens foi a invenção do relógio de pêndulo em 1656. Pouco tempo depois, o artesão holandês Salomon Coster construiu um relógio de pêndulo baseado no projeto de Huygens, e que atrasava apenas oito minutos por semana, uma precisão fantástica para sua época. Em 1673 Huygens publicou uma de suas obras mais importantes, Horologium Oscillatorium, contendo suas investigações sobre os relógios de pêndulo. Vale a pena mencionar que, juntamente com o “Discurso sobre as Duas Novas Ciências” de Galileo (1638) e o Principia Mathematica de Newton (1687), o livro de Huygens é considerado uma das obras fundamentais da Mecânica Clássica.  A horologia tem uma longa história de tecnologia e há vários museus e bibliotecas especializadas no assunto. Um exemplo é o Observatório de Greenwich, que também é a fonte para o Primeiro Meridiano de longitude 0° 0` 0”. Um dos mais completos museus de Horologia é o Museu Internacional de Horologia em La Chaux-de-Fonds (Suíça). Aqueles especializados em horologia são chamados horologistas.

Horologia é um comércio especializado que começou como relojoeiro - e esta foi uma área inovadora de atividade que se tornou procurada em torno de 1350. Um dos primeiros relógios de que temos conhecimento foi criado pelo inventor italiano, Giovanni de Dondi de Pádua (1330-1388), que construiu seu Plantarium of Astrarium: um “relógio astronômico considerado a maravilha” de sua época. Embora o original tenha desaparecido, uma réplica foi feita com base em descrições detalhadas deixadas por seu criador. Por volta de 1410, os primeiros relojoeiros desenvolvem a mola principal. Combinado com o fusee, essa inovação tecnológica possibilitou a criação dos primeiros “relógios domésticos” verdadeiramente portáteis e, à medida que os componentes foram diminuindo, pavimentou o caminho para a produção de relógios para o mercado de consumo. Os primeiros relógios mecânicos aparecem quase simultaneamente na Itália, Suíça, Alemanha e França por volta do final de 1400, e o processo de miniaturização de relógios começa, quando as pessoas abastadas na época tratam essa nova maravilha como um objeto de distinção. Historicamente, as primeiras notícias do desenvolvimento das guildas em relojoaria são de 1554, quando Thomas Bayard se tornou o primeiro “orologista” (relojoeiro) em Genebra, seguido por Martin Duboule no final do século XVI.  Genebra era uma espécie de “refúgio seguro”, protegendo os protestantes da Europa - que curiosamente eram relojoeiros, vinham de lá da França e da Itália.

Várias regiões que fazem parte da Suíça francófona viram o início da indústria relojoeira, a saber: Genebra, o Pays de Vaud, a aldeia de La Sagne nas montanhas de Neuchâtel, o vale de Joux e suas aldeias, Le Chenit, Le Brassus, “berço fabricantes de relógios famosos”, como Audemars Piguet, Jaeger-LeCoultre, Breguet, Blancpain. Essas regiões receberam um histórico afluxo de refugiados huguenotes franceses, após o Edito de Fontainebleau, após uma primeira onda de imigração que chegou um século antes, após os massacres de Saint-Barthélemy na França. A partir de 1541, o reformador Jean Calvin proibiu os sinais de riqueza em Genebra, forçando ourives e outros joalheiros, que gozavam de grande reputação no exterior, a recorrer à relojoaria. Os regulamentos dos ourives de 1566 proibiam a fabricação de cruzes, cálices e outros objetos usados ​​no culto católico, obrigando os artesãos a recorrerem à “caixa do relógio”: os relógios eram embutidos em caixas, dentro de verdadeiras joias, que escondemos em nossas roupas. Jean Petitot (1607-1691) e Jean-Étienne Liotard (1702-1789) tornar-se-ão mais tarde notáveis ​​embaixadores do know-how de Genebra em “termos das miniaturas de esmalte que adornam as caixas de música, espelhos e relógios”. O primeiro relojoeiro francês, Thomas Bayard, natural de Vézelize, na Lorena, é qualificado pelo registo de habitantes como o chamado 6 de novembro de 1554 de ourives e “orologista”.

Segundo Christopher Small (2022), em entrevista: - Encontrei Schäublin no lobby de nosso hotel durante sua estada na Coreia e partimos para um passeio pelo Jeonjuchun, o rio que atravessa o centro da cidade. No final do dia, a luz que atravessa Jeonjuchun, uma cidade baixa com abundantes fachadas de vidro viradas umas para as outras, é espantosa. Enquanto caminhávamos e falávamos, Schäublin foi eloquente ao discutir seu filme, mas distraído, sua atenção atraída por muitas das formas de luz solar pálida que se refratava como grades nas paredes cinzentas ao nosso redor. O rigoroso, mas bem-humorado filme de Schäublin, é tão rico quanto estranho, para emprestar a expressão shakespeareana. A Europa de 1876 era marcada pelo rápido avanço do capitalismo e pelo espectro do comunismo libertário na consciência coletiva. Poucos lugares no continente experimentaram, nesse período, uma democracia radical e uma industrialização tão profunda e abrangente como a Suíça, que aqui é retratada como um lugar de grande convulsão política, mas também prenhe de emoções reprimidas. A “agitação” do título, no original “Unruhe” ou “Unrest”, é a mesma usada para um componente indispensável na relojoaria, também reconhecido como “roda de balanço”.

A protagonista (Clara Gostynski) passa seus dias encaixando com “mãos firmes cada novo mecanismo com uma pequena pinça”. Sem a agitação, o sistema orquestral de relojoaria nesses relógios deixaria de funcionar; a própria cronometragem perderia seu significado. As transformações paralelas que moldam o mundo dos relojoeiros são as do tempo padronizado – contra o qual o próprio município resiste, com seus quatro fusos horários – e da anarquia, representada pela chegada do cartógrafo e pensador anarquista Pyotr Kropotkin (1842-1921) à região. Sobre Kropotkin, Schäublin “fala dele com carinho”, mas, sobretudo, como um vetor para outras ideias. Quando você começa a investigar essa história social do anarquismo, da relojoaria e da região, “você se depara com ele muito rapidamente”. - “Nas memórias de Kropotkin ele fala muito sobre a Suíça, sobre essas oficinas de relojoaria, sobre a quantidade maciça de seu pensamento político e filosófico que ali se desenvolveu”. No entanto, Kropotkin não é uma figura heroica, mas sim um “observador de bom humor”, trabalhando pacientemente em seus mapas e interagindo socialmente com os habitantes da cidade, inclusive com a polícia local, que frequentemente e educadamente bloqueiam sua passagem por várias ruas da cidade por razões as mais arcanas. - Com certeza, a ideia de que deveríamos falar tanto sobre esses anarquistas famosos – Mikhail Bakunin, Pyotr Kropotkin, Emma Goldman – é questionável de uma perspectiva anarquista, diz Schäublin. “Eu sabia que tinha que resistir a esse impulso de centralizar meu filme em torno de figuras específicas em vez de no movimento coletivo, ou nas pessoas simples que tentam trazê-lo à sua realidade”.

Em meio a uma frase, Schäublin avança para tirar outra fotografia, com sua Leica de 35mm, de um retângulo de luz solar empoeirada iluminando o entulho em um terreno baldio entre dois edifícios. Ao voltar, ele pede desculpas e murmura palavras impressionadas sobre um poste de iluminação nas proximidades, antes de voltar à sua linha de raciocínio: “Sim, é o 150º aniversário do nascimento do movimento anarquista em Saint-Imier este ano, que cai exatamente quando nosso filme estará sendo visto pela primeira vez. Uma estranha e feliz coincidência”. Cyril Schäublin pesquisou o assunto intensamente, aproveitando-se do trabalho de seu próprio irmão antropólogo, assim como de várias fontes acadêmicas altamente credenciadas de toda a Suíça. - “Bakunin morreu em Berna. Estudantes russos vinham em hordas a Zurique. A Suíça foi um dos primeiros lugares onde mulheres podiam estudar na universidade, por exemplo. Eles vieram e tiveram acesso à literatura revolucionária dos anos 1870, o que era proibido e censurado na maioria dos países europeus, especialmente em monarquias como a Alemanha e a Itália”. Ele se afastou novamente antes de acrescentar: “Na Suíça, os anarquistas imprimiam jornais e os contrabandeavam por boa parte da Europa. - “Até mesmo”, disse ele sorrindo e olhando diretamente para mim, “para a Inglaterra”.

Nossa conversa é fragmentada; as ideias, num contínuo vai-e-vem, se misturam entre as inúmeras distrações do mundo, às quais Schäublin mostra-se sobrenaturalmente sensível. Esse caos delicado parece apropriado para o realizador de um filme sobre como suportar um pouco de caos pode reequilibrar uma vida de trabalho, sobre como caminhos ocultos só se revelam quando de alguma maneira são reencenados. Além disso, as cenas feitas com diálogos simples têm um caráter inusitado em “Unrest”; Schäublin dispensa os cenários típicos, costurando suas imagens para que os intérpretes não apareçam em cena enquanto falam, mas somente depois de terem deixado de falar. Estamos agora nos aproximando do rio, deixando para trás as ruas frenéticas do centro da cidade, passeando como os dois personagens aristocráticos que discutem a teoria anarquista do filme. Quando observo que nunca vi pessoas falando – resmungando, na verdade – dessa maneira em um filme histórico, ele parece feliz. - “Bem, algo que me surpreende na maioria dos filmes históricos é que as pessoas parecem falar de maneira excessivamente empolada – como se cada palavra importasse, e muito. Mas eu apenas tentei imaginar que no século XIX havia tanta casualidade na linguagem como hoje”.

O Massacre da Noite de São Bartolomeu ou a Noite de São Bartolomeu foi um episódio da história da França na repressão ao protestantismo, engendrado pelos reis franceses católicos. Esses assassinatos aconteceram em 24 de agosto de 1572, em Paris, no Dia de São Bartolomeu. Estima-se que entre “5 mil e 30 mil pessoas tenham sido mortas”, dependendo da fonte estatística atribuída. As matanças foram organizadas e começaram em 24 de agosto de 1572 durando vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas. Números precisos para as vítimas nunca foram compilados, e até mesmo nos escritos de historiadores modernos há uma escala considerável de diferença, que tem variado de 2 mil vítimas por um apologista católico, até a afirmação de 70 000, pelo contemporâneo apologista huguenote duque de Sully, que escapou por pouco da morte. Este massacre veio dez anos depois do Édito de Saint-Germain, pelo qual Catarina de Médici tinha oferecido trégua aos protestantes. Em 1572, causalmente quatro incidentes inter-relacionados têm lugar após o casamento real de Margarida de Valois, irmã do rei da França, com Henrique III de Navarra, chefe da dinastia dos huguenotes, representando uma aliança que supostamente deveria acalmar as hostilidades entre protestantes e católicos romanos, e fortalecer as aspirações ao trono de Henrique III de Navarra. Vale lembrar que Margarida de Valois nasceu em 14 de maio de 1553, no Castelo de Saint-Germain-en-Laye; foi a sétima criança e a terceira filha de Henrique II e de Catarina de Médici. Seus irmãos a apelidaram de Margot. Três de seus irmãos se tornariam reis da França: Francisco II, Carlos IX e Henrique III.

Em 22 de agosto, um agente de Catarina de Médici, a mãe do rei da França de então, Carlos IX de França, que tinha apenas 22 anos e não detinha verdadeiramente o controle, um católico chamado Maurevert, invadiu de madrugada a casa do almirante Gaspar II de Coligny, líder huguenote de Paris, e o assassinou, o que enfureceu os protestantes. Nas primeiras horas da madrugada de 24 de agosto, no dia de São Bartolomeu, dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris, numa série coordenada de ataques planejados pela família real. Este foi início de um massacre mais vasto, apesar de o rei ter enviado mensageiros às províncias para manter os termos do tratado de 1570. Começando em 24 de agosto e durando até outubro, houve uma onda organizada de assassínios de huguenotes em doze cidades francesas, tais como: Toulouse, Bordéus, Lyon, Bourges, Ruão e Orleães. Relatos de rua de cadáveres arremessados nos rios afirmam uma visível contaminação, de modo que ninguém comia peixe, pelas condições insalubres do local. Não foi o primeiro nem o último ataque massivo aos protestantes franceses, outros ataques ocorreriam. E “foi o pior dos massacres religiosos do século”. Por parte da Europa, “imprimiu nas mentes protestantes a indelével convicção que o catolicismo era uma religião sanguinária e traiçoeira”.

O historiador Claude Manschrek traz o relato de um contemporâneo da seguinte maneira: -“As ruas estavam cobertas de corpos mortos, os rios ficaram manchados, as portas e os portões do palácio respingados com sangue. Carroças carregadas de cadáveres, homens, mulheres, garotas e até mesmo crianças eram jogadas no Sena, enquanto que torrentes de sangue corriam em muitas áreas da cidade (...). Uma menininha foi banhada no sangue de seus pais assassinados e ameaçada com o mesmo destino caso viesse um dia tornar-se huguenote”. Os políticos ficaram horrorizados, mas diversos católicos dentro e fora da França consideraram os massacres, ao menos inicialmente, o lavamento mediante um iminente golpe de Estado huguenote. A cabeça cortada de Coligny foi aparentemente enviada ao papa Gregório XIII, apesar de não ter ido mais longe do que Lyon, e o papa Gregório XIII enviou ao rei a condecoração da Rosa de Ouro. O papa encomendou um Te Deum para ser cantado em ação de graças (uma prática que persistiu em anos seguintes) e uma medalha foi cunhada com a frase Ugonottorum strages 1572 mostrando um anjo empunhando uma cruz e espada perto dos protestantes mortos.

Nos anos seguintes, ele foi seguido por relojoeiros de Autun, Dijon e Avignon, ao todo mais de quinze. A chegada em 1587 de Charles Cusin, que veio de Autun, antecede o nascimento de uma corporação em 1601 com o nome de “Maîtrise des horlogers de Genève”, no modelo da jurande des orfèvres de 1566. O acesso ao comércio é restrito de apenas um aprendiz por mestre, mas aberto a estrangeiros, que fundaram esta Maîtrise. Os montadores de caixas em 1698 e os gravadores em 1716, por sua vez, constituíam seu próprio domínio, escapando à jurisdição dos relojoeiros e ourives. Durante as guerras religiosas, Jean Calvino, o reformador protestante instalado em Genebra em 1536, deu as boas-vindas aos refugiados huguenotes, que aumentaram o número de seus partidários. A proibição do uso de objetos decorativos empurrou os ourives para a formação corporativa da relojoaria, estabelecendo a relojoaria de Genebra. Calvino proíbe os habitantes, em nome da tola moral protestante, de usar joias, interpretados acessórios supérfluos de sedução. Os joalheiros de Genebra estão se convertendo em relojoaria e incrustando relógios com pedras preciosas. Esses relógios fogem da noção de joia de Calvin e, portanto, podem desenvolver a relojoaria de luxo. Quanto aos dogmas religiosos calvinistas eram muito rigorosos e favoreciam a moderação, ourives em Genebra foram proibidos em 1556, de fazer joias e objetos de idolatria, tendo em vista que ipso facto,  “eles voltaram sua atenção para a fabricação de caixas de relógio”.

As seitas batistas juntamente como os predestinacionistas, especialmente os calvinistas estritos, desenvolveram a mais radical desvalorização de todos os sacramentos como meio de salvação e realizaram, assim, até as suas últimas consequências sociais, a “desmistificação” religiosa do mundo. Apenas a “luz interior” da contínua revelação podia habilitar alguém a entender verdadeiramente até mesmo as revelações bíblicas de Deus. Pelo menos de acordo com a doutrina de orientação dos quakers, na qual chegaram às últimas consequências, seus efeitos de poder podiam ser estendidos e pessoas que nunca reconhecerem a revelação em sua forma bíblica. Segundo Max Weber, a proposição extra ecclesiam nulla salus foi mantida apenas para a Igreja invisível dos iluminados pelo Espírito. Se a luz interior, o homem natural, mesmo aquele guiado pela razão natural, permaneceria puramente uma criatura de carne, cuja impiedade era condenada pelos batistas – inclusive pelos quakers – quase mais rigidamente ainda do que comparativamente quando pelos calvinistas.  A redenção causada pelo Espírito, se por Ele esperarmos e a Ele abrirmos nosso coração, no sentido religioso, pode levar, uma vez que é divinamente causada, a um estado de tão completo domínio sobre o poder do pecado que a recaída – para não falar da perda do estado de graça – torna-se quase impossível explorar este trajeto.

Como mais tarde no metodismo, igualmente a obtenção deste estado não foi ensinada como a regra social, mas como o nível de perfeição que o indivíduo era obrigado a desenvolver. Todas as comunidades batistas desejavam no mundo religioso ser “puras” Igrejas, no sentido da inocente conduta de seus membros. Ao mesmo tempo a significação atribuída pela doutrina batista da salvação ao controle pela consciência, como a revelação de Deus aos indivíduos, imprimiu na conduta deste, e na vida profissional, um caráter cuja grande importância para o desenvolvimento de aspectos básicos do espírito do capitalismo, per se, o princípio mais importante da ética capitalista: a honestidade é a melhor política, e que já encontrara o seu documento clássico no tratado de Benjamin Franklin estudado por Max Weber. E que, mesmo no julgamento do século XVII, a forma específica do ascetismo laico dos batistas, em especial dos quakers, está na adoção prática desta máxima. Por outro lado, a influência do calvinismo se exerceu mais na direção da libertação da energia para a aquisição privada, pois apesar de todo o legalismo formal dos representantes “eleitos”, de fato socialmente se aplica ao calvinismo a observação fática de Goethe, segundo a qual: - “O homem de ação é sempre impiedoso; nenhum deles tem consciência, mas sim poder de observação”. Um sistema doutrinário é pensado à distância se considerarmos que os sinais da religião existem no homem. Não há motivo algum para duvidar de que só no homem, a semente da religião, consiste numa qualidade que lhe é peculiar, pelo menos num grau que não existe em outro qualquer ser vivente no nosso planeta Terra.

 A relojoaria era vista, no mundo católico, como “uma espécie de feitiçaria”. Isso cheirava a diabo. E assim, os relojoeiros, que na maioria das vezes eram “liberais” e inovadores, descobriram que podiam praticar seu ofício muito melhor em um território menos hostil, onde ninguém fingiria ter vendido suas almas ao Diabo, na medida em que os primeiros julgamentos da Santa Inquisição datam de 1574 e foram em massa para a Suíça, que se tornou a capital da indústria de relojoaria. De acordo com registros em 1601 ocorre a Fundação da Corporação Genevana de Relojoeiros. As regras adotadas atestam que após um aprendizado de pelo menos cinco anos, os candidatos ao título de Mestre tinham que fazer “um pequeno relógio com um alarme para usar ao redor do pescoço e um relógio quadrado em dois níveis para ficar em uma mesa”. Este é o momento em que os primeiros relógios marcados se desenvolveram, já que o uso de marcas era comum em guildas e corporações medievais. Na metade da década de 1600, Christian Huygens melhorou as observações de Galileu no pêndulo, aplicando-o ao relógio e 25 anos depois, inventando a mola espiral, melhorando significativamente sua precisão. E este foi o momento da primeira crise da supremacia da relojoaria suíça.

A Sociologia do poder de Max Weber (1864-1920) havia resumido sob a expressão racionalidade formal, as condições ideal-típicas que torna possível a ponderabilidade das ações sociais sob o aspecto instrumental, a eficácia dos meios disponíveis; e sob o aspecto estratégico e de probabilidade em termos de legitimidade no acerto da escolha dos meios segundo preferência, meios e condições periféricas dadas. A denominação “formal” destina-se em especial a esse segundo aspecto da “racionalidade eletiva”, que por isso diferencia então do julgamento material dos próprios valores subjacentes às preferências dos sujeitos. Ele aplica esse conceito como sinônimo de “racionalidade teleológica”. Trata-se da estrutura de orientações da ação determinada pela racionalidade cognitivo-instrumental, mediante a desconsideração de parâmetros de uma racionalidade moral-prática ou estético-prática. Cadeias prolongadas de ações podem ser julgadas de maneira sistemática sob o aspecto da validade da verdade e da eficácia simbólica de sua interpretação, mas que podem ser bem como calculadas e Vallée de Joux.

A obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (2003) é considerada o grande ensaio de Max Weber e seu texto mais reconhecido. A primeira parte desta obra foi publicada em 1904 e a segunda veio a público em 1905, depois da viagem do autor e de sua esposa Marianne Schnitger (1870-1954), destacada feminista e escritora aos Estados Unidos da América. Analisando o processo em seu conjunto, Weber verifica que dos dogmas e, em especial, dos impulsos morais do protestantismo, derivados após a reforma de Lutero, surge uma forma de vida de caráter metódico, disciplinado e racional. Da base moral do protestantismo surge não só a valorização religiosa do trabalho e da riqueza, mas também uma forma de vida que submete toda a existência do indivíduo a uma lógica férrea e coerente: uma personalidade sistemática e ordenada. Sem estes impulsos morais não seria possível compreender a ideia de vocação profissional, concepção que subjaz as figuras modernas do operário e do empresário. A moral presente na vida social dos círculos protestantes possui uma relação sociológica de afinidade eletiva com o comportamento (espírito) que subjaz ao sistema econômico e, mormente disciplinar, ainda que não derive deste fator unicausal, trata-se de um impulso vital para o entendimento do mundo social tanto moderno quanto contemporâneo.

Por volta anual de 1675, a relojoaria britânica começa a florescer: inventores como Edward Barlow (Booth), Daniel Quare e Thomas Tompion desenvolvem sistemas para um relógio de quartzo-repetidor, Thomas Mudge “inventa o escapamento de alavanca”, a base dos movimentos modernos de relógios e o francês De Beaufré que trabalha na Inglaterra, “introduz joias nos relógios”, uma inovação que os torna muito mais precisos que as alternativas suíças. A relojoaria suíça, no período de 1675 a 1750, é tecnicamente inferior à relojoaria britânica. Durante esta Era de Ouro, os relógios de bolso britânicos representam o estado da arte da relojoaria, assegurando-lhes um domínio sobre a indústria relojoeira que continuaria por quase um século, que iria retornar aos suíços na metade do tempo. Durante esta época, assistimos às primeiras falsificações - e à primeira tentativa das autoridades de reprimi-las, protegendo a qualidade da produção e, de certa forma, ensinando à Suíça os princípios que aprenderam tão bem com o desenvolvimento da “Swiss-made”, codificado durante o século XX. Em 1698, um ato de Guilherme III da Inglaterra tornou ilegal a exportação de caixas de relógios da Inglaterra sem movimentos.

Essa decisão foi apoiada pelo fato sucessivo de que grandes quantidades de caixas vazias haviam sido exportadas para países estrangeiros, onde eles tinham sido equipados com movimentos de baixo grau, carregando os nomes de fabricantes de Londres e os relógios vendidos como ingleses. Na mesma lei, também é ordenado que, de acordo com a lei britânica, qualquer pessoa que faça um relógio coloque seu nome e local de residência. Novas tecnologias transformam uma cidade relojoeira na Suíça do século XIX. Josephine, uma jovem operária, produz a roda do calibre que oscila no coração do relógio mecânico. Exposta a novas formas de organizar o dinheiro, o tempo e o trabalho, ela se envolve com o movimento anarquista local. O filme Agitação (Unrest), tem a direção do cineasta suíço Cyril Schäublin. A princípio, o partido político era dominado por radicais socialistas. O partido praticava uma fundamental estratégia de oposição ao governo, culminando com uma greve geral, ocorrida em 1918. Em 1919, graças à adoção do voto proporcional, o partido conseguiu eleger um número maior de deputados: de 20, passou para 41 representantes. É um partido político fundado em 1888, que é denominado social-democrata. Os primeiros verdadeiros concorrentes dos suíços surgiram na segunda metade do século XIX, quando os relojoeiros norte-americanos passaram a produzir componentes de relógio do ponto de vista da organização do trabalho em massa. Estas pequenas peças eram tão precisas que podiam ser usadas para os mais diferentes modelos. 

        No Noroeste da Suíça, as montanhas Jura seguem ao longo da fronteira com a França. Um lugar perfeito para o caminhante descansar e desfrutar da natureza. E, no entanto, essa área isolada também abriga uma indústria mundialmente famosa: relógios suíços. O escasso solo jurássico e o severo clima de montanha nunca facilitaram a agricultura aqui, então os agricultores da região sempre buscaram outras maneiras de sobreviver aos longos meses de inverno. Para isso, no século 18, camponeses da pequena aldeia de La Chaux-de-Fonds começaram a fabricar peças de relógio em suas casas. Esta nova indústria caseira floresceu e rapidamente atraiu mais trabalhadores; a cidade cresceu posteriormente - e se adaptou às necessidades dos relojoeiros. Um novo plano de cidade foi traçado em 1794: as estradas foram feitas largas e corriam na direção sudoeste, a fim de fornecer o máximo de luz solar possível aos trabalhadores em seus bancos. Em 1829, luzes de gás foram instaladas respectivamente na Place du Carrousel, Rue de Rivoli e Place Vendôme. Mais do que isso. A população cresceu de cerca de 400 mil habitantes em 1640 para 650 mil em 1780. Em 1857, as avenidas foram acesas e as ruas de Paris na década de 1860, eram iluminadas por 56 mil lâmpadas a gás.  Uma nova avenida, a Champs-Élysées, estendeu a cidade a Oeste de Étoile, enquanto o bairro Faubourg Saint-Antoine, no Leste da cidade e habitado pela classe trabalhadora, ficava mais lotado de trabalhadores pobres que migravam de outras regiões da França.

Paris foi o centro de uma explosão de atividades filosófica e científica reconhecida como Era do Iluminismo. Diderot e d`Alembert publicaram sua Encyclopédie em 1751, e os Irmãos Montgolfier lançaram o primeiro voo tripulado em um balão de ar quente em 1783, dos jardins do Castelo de la Muette. Paris era a capital financeira da Europa continental, o principal centro europeu de publicação de livros, de moda e de fabricação de móveis finos e artigos de luxo. No verão de 1789, Paris se tornou o palco central da Revolução Francesa. Em 14 de julho, uma multidão apreendeu o Arsenal des Invalides, adquirindo milhares de armas, e invadiu a Bastilha, símbolo da autoridade real. A primeira Comuna de Paris, ou conselho da cidade, reuniu-se no Hôtel de Ville e, em 15 de julho, elegeu prefeito, o astrônomo Jean Sylvain Bailly. Luís XVI e a família real foram trazidos para Paris e feitos prisioneiros no Palácio das Tulherias. Em 1793, quando a revolução se tornou cada vez mais radical, o rei, a rainha e o prefeito foram guilhotinados no Reino do Terror, juntamente com mais de 16 mil pessoas em toda a França. A propriedade da aristocracia e da igreja foi nacionalizada, e as igrejas da cidade foram fechadas, vendidas ou demolidas. Uma sucessão de facções revolucionárias governou Paris até 9 de novembro de 1799, quando Napoleão Bonaparte tomou o poder como primeiro cônsul. A população de Paris havia diminuído 100 mil habitantes durante a extraordinária Revolução social, radicalmente, mas entre 1799 e 1815 aumentou em 160 mil novos residentes, chegando a 660 mil.

Napoleão substituiu o governo eleito de Paris “por um prefeito que reportava apenas a si próprio”. Também passou a erguer monumentos para a glorificação militar, incluindo o Arco do Triunfo, e melhorou a infraestrutura negligenciada pela prefeitura da cidade com novas fontes, o Canal de l`Ourcq, o Cemitério do Père-Lachaise e a primeira ponte metálica, a Pont des Arts. No período histórico da Restauração, as pontes e praças de Paris foram devolvidas aos seus nomes pré-Revolução, mas a Revolução de Julho de 1830 em Paris trouxe um monarca constitucional, Luís Filipe I, ao poder. A primeira linha ferroviária para Paris foi inaugurada em 1837, iniciando um novo período de migração maciça das províncias para a cidade. Luís Filipe foi derrubado por uma revolta popular nas ruas de Paris em 1848. Seu sucessor, Napoleão III (1808-1873), e o recém-nomeado prefeito do Sena, Georges-Eugène Haussmann, lançaram um gigantesco projeto de obras públicas para construir novas avenidas, uma nova casa de ópera, um mercado central, novos aquedutos, canos de esgoto e parques, incluindo o Bois de Boulogne e o Bois de Vincennes. Em 1860, Napoleão III também anexou as cidades vizinhas e criou oito novos arrondissements, expandindo Paris aos seus limites atuais. Durante a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), Paris foi sitiada pelo exército prussiano. Após meses de bloqueio, fome e bombardeio pelos prussianos, a cidade foi forçada a se render em 28 de janeiro de 1871. Em 28 de março o governo revolucionário Comuna de Paris tomou o poder em Paris. A Comuna manteve-se por dois meses, até que reprimida pelo exército durante a Semana Sangrenta, no final de maio de 1871. 

Na história política contemporânea a Comuna de Paris representou o primeiro governo operário de homens e mulheres, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da chamada “resistência popular” ante a invasão por parte do Reino da Prússia. A história comparada registra algumas experiências incipientes de regimes comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas tem como representação social e política a Comuna de Paris que surge no bojo da insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monarquistas francamente favoráveis à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar Paris, onde o comitê central da Guarda Nacional passou a exercer comando e autoridade. A Comuna de Paris é considerada a primeira República proletária da história que adotou uma política radical de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores. O poder comunal manteve-se durante cerca de setenta e dois dias. Seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com dados estatísticos mais de 20 mil Communards foram executados pelas forças de Thiers. O governo durou de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor como tropas francesas, pois a Comuna fora um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional transferido para Versalhes após a derrota na guerra franco-prussiana.

Os alemães tiveram que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris. Da Comuna de Paris até nossos dias, quase sempre em meio a enfrentamentos sangrentos, é uma história na qual figuram Louise Michel e Rosa Luxemburgo, Walter Benjamin, André Breton e Daniel Guérin, chegando até ao subcomandante Marcos e aos Altermundistas. A direita política inscreve-se numa visão ou “posição específica” que aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal ou desejável. Esta postura política geralmente justifica esta posição com base em lei natural ou tradição. A palavra “direita” tem sido utilizada para se referir a diferentes posições políticas na démarche da história. Os termos “política de direita” versus “política de esquerda” foram cunhados durante a revolução clássica francesa, e referiam-se ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês; os que estavam sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar foram amplamente favoráveis ao antigo regime, o Ancien Régime. A original Direita na França foi formada como uma reação contra a Esquerda e era composta por políticos que defendiam a hierarquia, a tradição e o clericalismo. A expressão “le droite” tornou-se politicamente proeminente na França após a restauração da monarquia em 1815, quando ela foi aplicada para descrever a ultra-monarquia. Em países de língua inglesa, o termo não foi utilizado até o século 20, quando passou a descrever discretamente a posição que políticos e ideólogos defendiam no plano de governo que apresentavam.  A população urbana havia enfrentado, após a Revolução Francesa, uma revolta em fevereiro de 1848, responsável por destituir o “rei burguês”, como havia sido interpretado, Luís Filipe d`Orleans, dando fim à monarquia de julho e instaurando a Segunda República Francesa.

Após um golpe de Estado por Luís Bonaparte, reconhecido popularmente como “O Outro 18 de Brumário”, Bonaparte instaurou o Segundo Império Francês e proclamou-se com soberba Napoleão III. Não por acaso no governo de Napoleão III, a França envolveu-se em atritos constantes com a Prússia, relacionados à sucessão espanhola. Com um telegrama falsificado por Otto Von Bismarck, ofensivo ao povo francês, Napoleão III declarou guerra à Prússia. No entanto, o exército prussiano estava mais bem preparado, vencendo facilmente os franceses. Depois de algumas poucas semanas, o exército francês foi finalmente forçado a capitular na fortaleza de Sedan. O Imperador Napoleão III foi feito prisioneiro e o Segundo Império Francês entrou em colapso, mesmo que a nova República tenha decidido prolongar a guerra por meses. O Tratado de Frankfurt foi assinado: A França foi obrigada a entregar a província a Alsácia-Lorena para a Alemanha. O imperador foi feito prisioneiro em Sedan. Foi proclamada a na historiografia especializada em política de Terceira República legitimando um governo provisório de defesa nacional para o qual Louis Adolphe Thiers foi eleito presidente. Foi formado por uma federação de representantes de bairro.

Este tratado polarizou a política francesa em relação à Alemanha pelos próximos 40 anos. A reconquista da Alsácia-Lorena, as “províncias perdidas”, tornou-se uma obsessão caracterizada por um revanchismo que seria um dos motivos mais poderosos do envolvimento da França na Primeira Guerra Mundial. Os militares alemães defenderam o controle da região da Alsácia, até os Vosges (cordilheira) e a área entre Thionville (Diedenhofen) e Metz como requisito para a proteção da Alemanha. Mais importante ainda, os militares alemães consideravam o controle da rota entre Thionville e Metz como a área de controle mais importante se houvesse uma futura guerra com a França. Sem uma mudança de fronteira para o Oeste, a fronteira do novo império com a França teria sido amplamente dividida entre os estados de Baden e Baviera, cujos governos estavam menos entusiasmados com a perspectiva de ter uma França vingativa à sua porta. Também teria exigido o estacionamento de forças imperiais substanciais dentro das fronteiras desses estados, possivelmente comprometendo sua capacidade de exercer a considerável autonomia que os estados do Sul foram capazes de manter no tratado de unificação. Uma mudança na fronteira aliviou esses problemas. A nova fronteira política em grande parte e não inteiramente seguiu a fronteira linguística.

O fato social de que a maioria da população no novo território da Terra Imperial (Reichsland) falava dialetos germânicos, e anteriormente fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico até que foram gradualmente obtidos pela França nos dois séculos anteriores, permitiu Berlim justificar a anexação por motivos nacionalistas. No entanto, a conquista de áreas de língua francesa, como a cidade de Metz, provocou indignação na França e foi usada como um dos principais argumentos para o revanchismo francês. Os recursos naturais da Alsácia-Lorena (minério de ferro e carvão) não parecem ter desempenhado um papel na luta da Alemanha pelas áreas anexadas. A anexação militar foi o principal objetivo declarado junto com a unificação do povo alemão. Ao mesmo tempo, a França perdeu 1 447 000 hectares, 1 694 aldeias e 1 597 000 habitantes. Também perdeu 20% de seu potencial de mineração e siderurgia. O tratado de comércio de 1862 com a Prússia não foi renovado, mas a França concedeu à Alemanha, para comércio e navegação, uma cláusula de nação mais favorecida. A França respeitaria integralmente as cláusulas do Tratado de Frankfurt até 1914. A França também teve que efetuar um pagamento integral de 5 000 000 000 de francos em ouro, com um bilhão em 1871, antes de qualquer retirada das forças alemãs que ocorreu em setembro de 1873.

Uma das suas primeiras proclamações foi a “abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas”. A guarda nacional se misturou aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, covarde, fugiu, junto com suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comitê Central da federação dos bairros ocupou este vácuo de poder, e se instalou na prefeitura. O comitê era formado por blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, proudhonistas e uma miscelânea de indivíduos não afiliados politicamente, a maioria trabalhadora braçal, escritores, simpatizantes e artistas. Eleições foram realizadas em todos os níveis da administração pública. A polícia foi abolida e substituída pela guarda nacional. A educação foi secularizada. A previdência social foi instituída e uma comissão de inquérito sobre o governo anterior. Decidiu-se por trabalhar pela abolição da escravidão do salário: 90 representantes foram eleitos, 25 trabalhadores e a maioria foi constituída de pequeno-burgueses, mas os trabalhadores revolucionários maioria. Em semanas, a recém-nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados. Como Louise Michel construiu sua imagem? Através do que os historiadores denominam erroneamente o espontaneismo pelo seu “romantismo”, ou seja, seu gosto pela desmedida, seu gosto pela erudição e pela aventura. Jules Michelet testemunha o que as mulheres, no “imaginário feminino”, representaram ao espírito da luta do século XIX.

Louise Michel ganhou sua grandeza política por encarnar o século XIX. Seus companheiros e suas companheiras históricas nela se reconheciam, e ela não desmereceu suas amizades. Pagou um preço alto pela sua vida de mulher: um celibato ostentado como arma de liberação, que relegou Louise Michel durante um bom tempo às lembranças acadêmicas empoeiradas do passado. Nossa juventude turbulenta era pouco inclinada a entusiasmar-se por esse gênero de modelo. Aliás, ainda hoje apenas os anarquistas federados a celebram. Numerosos são os que preferem a marxista Rosa Luxemburgo, talvez em função de sua afirmação interpretada e compreendida do ponto de vista da política e da sexualidade. Róża Luksemburg foi uma filósofa e importante economista marxista, polaco-alemã. Tornou-se, portanto, mundialmente reconhecida pela militância revolucionária ligada à socialdemocracia da Polônia (SDKP), ao Partido Socialdemocrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Socialdemocrata Independente da Alemanha (USPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD). Em 1915, após o SPD apoiar a participação alemã na 1ª grande guerra, Rosa Luxemburgo fundou, ao lado de Karl Liebknecht, a Liga Espartaquista. Em 1° de janeiro de 1919, a Liga transformou-se no KPD. Em novembro de 1918, durante a Revolução Espartaquista, ela fundou o jornal: Die Rote Fahne (“A Bandeira Vermelha”), para dar suporte aos ideais da Liga. Contudo, Luxemburgo considerou o Levante Espartaquista de janeiro de 1919 em Berlim como um grande erro. Ela apoiaria a insurreição que Liebknecht iniciou sem seu conhecimento. Quando a revolta foi esmagada pelas Freikorps, milícias patriotas compostas por veteranos da 1ª guerra que estavam desiludidos com a República de Weimar, estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, em 1919 e que durou até ao início de 1933, tendo como sistema de governo uma democracia representativa semipresidencial, mas que rejeitavam igualmente o marxismo e o avanço comunista, Luxemburgo, Liebknecht e alguns de seus seguidores foram capturados e assassinados. Róża foi fuzilada e seu corpo jogado covardemente no curso d`água, reconhecido Landwehrkanal, em Berlim, a história política “sem solução” de continuidade do comunismo, enquanto movimento social contemporâneo de início com os ideólogos originalmene de esquerda da Revolução Francesa.

Uma linha direta descendente liga a chamada “conspiração dos iguais” de Charles Babeuf, através de Felipe Buonarotti, às associações revolucionárias de Blanqui dos anos 1830; e essas, por sua vez, se ligam – através da Liga dos justos, formada pelos exilados alemães inspirada por eles, – e que depois se tornará Liga dos Comunistas, a Marx e Engels, que redigiram sob a encomenda da Liga, o Manifesto do Partido Comunista. Portanto, é natural que a projetada “Biblioteca” de Marx e Engels, de 1845, devesse iniciar com dois ramos da literatura: Babeuf e Buonarotti, seguidos por Morely e Mably, que representavam a ala abertamente comunista, seguidos pelos críticos de esquerda da igualdade da Revolução Francesa e pelo Cercle Social, de Herbert, Jacques Roux, Leclerc, e assim por diante. Todavia, o interesse teórico do que Friedrich Engels definiria como “um instrumento ascético que se inspirava em Esparta”, não era muito grande. Tão pouco os escritores conjunturais de 1830 e 1840, parecem ter impressionado favoravelmente Marx e Engels. Aliás, Marx afirmava que precisamente por causa do primitivismo e da unilateralidade de seus primeiros escritos teóricos do movimento “não foi por acaso que o comunismo viu surgir diante de si outras doutrinas socialistas, como as de Fourier, Proudhon, etc.; foi por necessidade”. Mesmo tendo lido os seus escritos, inclusive os de figuras relativamente menores, como Lahautière (1813-1882) e Pillot (1808-1877), Marx devia pouco à análise social e política que consistia, na formulação da luta de classe como luta entre os proletários e os seus exploradores capitalistas. Para sermos breves, lembramos da distinção que o comunismo babouvista e neobabouvista foi importante por dois principais motivos como apresentaremos brevemente.

Em primeiro lugar, ao contrário da maior parte das teorias socialistas utópicas, estava empenhado a fundo na atividade política, e, portanto, não representava apenas uma teoria revolucionária, mas também uma doutrina embora limitada da práxis política, da organização, da estratégia e da tática. Seus principais representantes nos anos 1830 – Laponneraye (1808-1849), Lahautière, Dézamy, Pillot e, sobretudo, Blanqui – eram ativos revolucionários. Isso, juntamente com o nexo entre eles inspirados na Revolução Francesa que Marx estudou a fundo, tornava-os extremamente importantes para o desenvolvimento de seu pensamento político. Em segundo lugar, mesmo se os escritores comunistas eram em suas maiorias intelectuais marginais, o movimento comunista dos anos 1830 exerceu uma evidente atração sobre os trabalhadores em geral. Além disso, se Lorenz von Stein destacou esse fato político, ele não deixou de impressionar também Marx e Engels que mais tarde, recordou o caráter proletário do movimento comunista dos anos 1840, distinguindo-o do burguês de quase todo o socialismo utópico. Ipso facto, desse movimento francês, – que adotou o nome de comunista por volta de 1840, – os comunistas alemães, inclusive adotaram o nome da própria doutrina influenciada.

Rosa Luxemburgo defendeu o materialismo dialético de Marx e a concepção de história. A mudança social qualitativa radical para a classe trabalhadora conduziria Luxemburgo em uma época de revolução, que ela admitiu que havia chegado. Estava determinada a levar o capitalismo a seus limites para desenvolver a consciência de classe. A fim de obter organização e essa consciência, os trabalhadores tinham que ir à greve para testar a luta entre contrários à exploração; isso não seria exequível através de adesão “cega” à organização de um partido. Uma característica peculiar do pensamento de Róża deve-se o seu posicionamento em relação ao cristianismo. Vale lembrar que ela escreveu um opúsculo denominado: O Socialismo e as Igrejas (1905), onde, embora fosse claramente ateia, atacou menos a religião enquanto tal e mais a política reacionária da Igreja. Essa liberdade não é absoluta, mas relativa, posto que em sociedade, o ser humano deve exercê-la no limite em que as leis e as regras permitem. E nesse ponto, há sociedades relativamente avançadas, para seu tempo, livres, abertas e democráticas, enquanto outras permaneceram estagnadas, fechadas, opressivas e retrógradas.

          Nesta obra afirmou que muitos socialistas eram mais fidedignos aos preceitos originais do cristianismo do que o clero conservador, pois os socialistas lutavam por uma ordem social de igualdade, liberdade e fraternidade, e, portanto, os padres deveriam acolher favoravelmente o socialismo, se quisessem religiosamente aplicar o preceito cristão de “amar o próximo, como a si mesmo”. Além disso, denunciava o clero que apoiava os ricos, que exploram e oprimem os pobres, afirmando que ele estaria em contradição explícita com os ensinamentos cristãos, tal clero não serviria a Cristo, mas em sua interpretação ao modelo de capitalismo. Os primeiros cristãos seriam comunistas apaixonados e denunciavam a injustiça social. Essa causa seria do movimento socialista que traria aos pobres o Evangelho da fraternidade e da igualdade, chamando o povo para estabelecer na terra o reino da liberdade e do amor pelo próximo. Em vez de se envolver na batalha filosófica apenas no plano das ideias, em nome do materialismo histórico e dialético de Karl Marx e Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo procurava salvar a dimensão social da tradição cristã para transmiti-la em verdade ao movimento operário.

           Em 1833, no coração do Vallée de Joux, na Suíça, Antoine LeCoultre (1803-1881) transformou o pequeno celeiro de sua família em um ateliê de relojoaria e começou a criar relógios particularmente de grande precisão. Ele foi um inventor que equilibrou intelecto e imaginação, dedicando-se ao desafio disciplinar de medir o tempo. Obcecado pela precisão, ele se encarregou de criar as ferramentas necessárias para desenvolver as menores peças e produzir os calibres mais precisos. Após a sua fundação, a Jaeger-LeCoultre tornou-se oficialmente a primeira Manufatura de relógios no Vallée de Joux, reunindo todos os aspectos técnicos e sociais de produção do artesanato relojoeiro sob o mesmo teto. Essa abordagem representou uma revolução técnica para a indústria. Naquela época, quase todos os relojoeiros trabalhavam em casa. Cada um tinha sua própria especialidade e segredos pessoais de artesão. Em 1888, a Manufatura era a empresa mais importante da região, como confirmam as estatísticas industriais do Cantão de Vaud. Isso não era apenas devido ao uso de máquinas e à sua extraordinária capacidade de produção, mas também ao fato de empregar, na época, 480 trabalhadores, entre homens e mulheres.

          Uma Igreja capaz de mandar, julgar, absolver, condenar ou praticar qualquer outro ato é o mesmo que um Estado civil formado por homens cristãos; o Estado civil tem esse nome por serem seus súditos os homens, enquanto a Igreja é assim denominada pelo fato de seus súditos serem os cristãos. Governo espiritual e temporal são apenas palavras trazidas ao mundo ocidental para confundir os homens, enganando-os quanto a seu soberano legítimo. É preciso haver um único governante, do contrário se origina a facção e a guerra civil, entre a Igreja e os membros do Estado, entre os espiritualistas e os temporalistas, entre a espada da justiça e o escudo da fé, e, o que é pior ainda, no próprio coração de cada cristão, entre o cristão e o homem. Chamam-se pastores os doutores da igreja, um título conferido por uma variedade de igrejas cristãs a indivíduos de reconhecida importância, particularmente nos campos da teologia ou doutrina católica, bem como os soberanos civis. Se entre os pastores não houver alguma subordinação, de forma que haja apenas um chefe dos pastores, serão ministrados aos homens doutrinas contrárias, que poderão ser falsas, e uma delas necessariamente o será. O soberano civil é o chefe dos pastores, segundo a lei natural. Embora o poder tanto do Estado quanto da religião estivesse nas mãos dos reis, nenhum deles deixou de ser fiscalizado, a não ser quando bem quistos pelas capacidades naturais ou por sua fortuna.

Bibliografia Geral Consultada.

KOLLONTAI, Alexandra, Women Workers Struggle for their Rights. Bristol: Falling Wall Press, 1973; RAMETTA, Gaetano, Concetto del Tempo: Eternitá e Darstellung Speculativa nel Pensiero di Hegel. Padova: Editore Franco Angeli, 1975; LÖWY, Michael, Redenção e Utopia: O Judaísmo Libertário na Europa Central (Um Estudo de Afinidade Eletiva). São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1989; BAITELLO JR., Norval, O Animal que Parou os Relógios. São Paulo: Annablume Editora, 1997; WEBER, Max, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 2ª edição. São Paulo: Editora Pioneira, 2003; OLIVEIRA, Kepler de; SARAIVA, Maria de Fátima, Astronomia e Astrofísica. 2ª edição. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2004; GALISTON, Peter, Os Relógios de Einstein e o Mapas de Poincaré: Impérios do Tempo. Lisboa: Editora Gradiva, 2005; KOSELLECK, Reinhardt, Futuro Passado: Contribuição à Semântica dos Tempos Históricos. Rio de Janeiro: Editora Contraponto; Editora PUC-Rio, 2006; ROSA, Hartmut, Accélération. Une Critique Sociale du Temps. Paris: La Découverte, 2010; VALLE, Camila Oliveira do, A Comuna de Paris de 1871. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2013; HARTOG, François, Regimes de Historicidade: Presentismo e Experiências do Tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014; LIMA, Eduardo André Rodrigues, Nihilismo e Afirmação da Vida em Hans Jones. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2015; POSTONE, Moishe, Tempo, Trabalho e Dominação Social. São Paulo: Boitempo Editorial. 2015; PINHEIRO, Fernando Filinto Machado, A Doutrina da Predestinação em João Calvino e suas Conotações Agostinianas: Reflexos no Elã Missionário Presbiteriano do Brasil no Século XIX. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2017; QUAESNER, Giselle, Solidariedade: Um Estudo Anarquista a partir da História Oral Temática. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade. Curitiba: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2023; LEMOS, Ana Gabrielli, Desenvolvimento e Caracterização de Filmes Biopoliméricos contendo Vidro B'ioativo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Materiais. Sorocaba: Universidade Federal de São Carlos, 2023; entre outros.

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