sábado, 15 de julho de 2023

É Tempo de Amar – Cinema & Sistema Social, Utilidade da Comunicação

  Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”. William Shakespeare    

       Le Temps d`Aimer tem como representação social um filme dramático de 2023 dirigido por Katell Quillévéré, nascida em Abidjan, em 30 de janeiro de 1980, é cineasta e roteirista francesa. É estrelado por Anaïs Demoustier e Vincent Lacoste. Nascida em 29 de setembro de 1987 é uma atriz francesa. Ela foi indicada duas vezes ao prêmio de Atriz Mais Revelação no César Awards, em 2009 por Les Grandes Personnes e em 2011 por Living on Love Alone. Em 2020, ela ganhou o César de Melhor Atriz por sua atuação no filme Alice e o Prefeito. Em abril de 2023, Demoustier foi anunciado como presidente do júri da Caméra d`Or para o Festival de Cinema de Cannes de 2023. Durante as filmagens de Marguerite & Julien, Demoustier começou a namorar seu colega de elenco, Jérémie Elkaïm. Em dezembro de 2015, foi anunciado que o casal estava esperando seu primeiro filho. Demoustier deu à luz uma filha em março de 2016. Quillévéré é filha de um trabalhador de TI e de um professor de ciências. Ela nasceu e foi criada na Costa do Marfim até os cinco anos de idade. Ela vem de uma família bretã de Finistère. Sua família retornou a Paris e, após estudar no Lycée Fénelon, escolheu carreira no cinema.

Não conseguindo uma vaga na la Fémis, ela fez um Diplôme d`Études Approfondies (DEA) na l`Université Paris-VIII, onde também estudou filosofia. Durante esse tempo, ela conheceu seu parceiro, outro futuro diretor, Hélier Cisterne. Com Sébastien Bailly, ela criou o Festival du Cinéma de Brive, dedicado a médias-metragens. Realizou uma série de curtas-metragens, sendo o primeiro: À Bras le Corps, em 2005, selecionado para a Quinzaine des Réalisateurs em Cannes e indicado ao César. Em seguida, realizou L`Imprudence, em 2007, e L`Échappée, em 2009. Seu primeiro longa-metragem, Un Poison Violence (“Amor como Veneno”), foi ambientado na Bretanha e representava a história social de uma jovem adolescente dividida entre lealdades familiares, suas crenças religiosas e as mudanças de menina para mulher. Ganhou o prêmio Jean Vigo. Seu segundo longa-metragem, Suzanne (2013), sobre uma jovem que vive uma vida normal cujo mundo é perturbado por um romance com um homem problemático que a leva a uma vida do lado errado dos trilhos. Foi exibido no Festival de Cinema de Cannes de 2013 e recebeu boas críticas do crítico do Le Monde descrevendo-a como “seguindo os passos de Maurice Pialat”. Em 2015, ela foi selecionada para ser membro do júri da seção Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes de 2015.

Após um breve caso com um soldado alemão, Madeleine, da classe trabalhadora, é publicamente envergonhada como uma “colaboradora” enquanto ainda está grávida de seu filho. Após a guerra, enquanto trabalha como garçonete no hotel Beaurivage, na Bretanha, e cria o filho do alemão, Daniel, ela conhece, se apaixona e rapidamente se casa com François, um estudante de pós-graduação em Arqueologia na Sorbonne e filho mais novo de um rico industrial. Daniel continua com raiva porque sua mãe não fala com ele sobre seu pai biológico e é expulso da escola por agredir outro aluno. Os três se mudam para Paris, mas o último amante, por assim dizer de François tenta entrar ruidosamente no apartamento deles, com François fingindo ser apenas “um amigo da faculdade que foi declarado louco após uma reclamação acadêmica”. Esse amante incendeia a casa do casal e, com ela, a tese em desenvolvimento, mas quase concluída de François. Enquanto ele a reescreve, eles se mudam para administrar uma boate na proximidade de uma base militar americana. Lá, ela recebe a notícia da morte de seu pai, de quem estava distante, e retorna para visitar seu túmulo, embora o para-brisa do carro deles esteja coberto de excrementos de moradores locais. No clube, François e Madeleine sentem-se atraídos pelo soldado negro norte-americano Jimmy e o abrigam em seu quarto, longe de um esquadrão da polícia militar dos Estados Unidos da América que verifica seus passes de licença, dos quais ele nesta oportunidade não dispõe.              

Após o fechamento do clube, Madeleine vai até o quarto e o acorda massageando sua virilha com o pé. Eles começam a fazer amor e continuam mesmo quando François entra no quarto. François começa a participar, beijando as costas de Jimmy e Madeleine nos lábios, mas quando tira as calças para fazer sexo com Jimmy, este interrompe o relacionamento e vai embora, irritado com François por tratá-lo como seu “brinquedo” e por presumir que Jimmy é gay. Madeleine confronta François sobre sua bissexualidade, mas os dois se reconciliam e fazem amor. Com a tese acadêmica concluída, o casal se casa com Jeanne e volta para Paris para que François assuma um cargo acadêmico, embora Madeleine esteja entediada com a vida burguesa. No entanto, a compulsão dele em viver em casas de campo com sua aluna menor de idade, Jean, leva a polícia a ir à casa de François e Madeleine para prendê-lo. Ela nega, mas ele é levado à delegacia e ameaçado com uma longa pena de prisão, embora Madeleine consiga esconder isso de Daniel e Jeanne. Ao retornar da delegacia sob fiança, François observa Madeleine partir para a escola com Daniel e Jeanne antes de se matar, atirando-se debaixo de um caminhão. Após o funeral de François, Jeanne promete ler todos os livros do escritório do pai ao longo da vida, começando com uma tradução de O Retrato de Dorian Gray e Daniel alista-se por cinco anos no exército. Administrando seu próprio bar e aguardando uma cirurgia de câncer, Madeleine escreve carta aos arquivos da Wehrmacht admitindo a ascendência do filho e afirmando que errou em ocultá-la, uma carta que permitirá a Daniel descobrir o pai biológico foi morto na Frente Oriental, como Madeleine acredita.

A cultura da Grécia Antiga é a base sobre a qual se eleva acultura da civilização ocidental. Como sabemos, exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega antiga teve influência na linguagem, na política, no sistema educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura moderna, particularmente durante a renascença da Europa ocidental e de resto durante os diversos reviverem neoclássicos dos séculos XVIII e XIX. Conceitos sociológicos como cidadania e democracia são gregos, ou pelo menos de pleno desenvolvimento nos manuscritos dos gregos. Os historiadores e escritores políticos cujos trabalhos sobreviveram ao tempo eram, em sua maioria, atenienses ou pró-atenienses e todos conservadores. Por isso se conhece melhor a história de Atenas do que a história das outras cidades. Esses homens concentraram seus trabalhos em aspectos políticos, militares e diplomáticos, ignorando o que veio a se conhecer modernamente por áreas de conhecimento em história econômica e social. O homem é criação propiciada pelo processo real de transformação da realidade e por uma formação ideal exagerada da imaginação que faz a essência do homem criadora. A possibilidade real, a ocasião apriorística desse modo de comportamento que chamamos amor, fará surgir, se for o caso, e levará à consciência, como um sentimento obscuro e geral, inicial de sua própria realidade, antes mesmo que a ele se some a incitação por um objeto determinado para levá-lo a seu efeito acabado.  A existência desse “impulso sem objeto”, incessantemente fechado em si, acento premonitório do amor, puro produto do interior e, no entanto, já acento de amor, é a prova mais decisiva em favor da essência central puramente interior do fenômeno amor, muitas vezes dissimulado sob um modo de representação pouco claro, segundo o qual o amor seria uma espécie de surpresa ou de violência vindas do exterior, seu símbolo no “filtro do amor”, em vez de uma maneira de ser, de uma modalidade e de orientação que a vida como tal toma por si mesma – como se o amor viesse de seu objeto, quando, na realidade, vai em direção a ele.

De fato, o amor é o sentimento que, fora dos sentimentos religiosos, se liga mais estreita e mais incondicionalmente a seu objeto. À acuidade com a qual ele brota do sujeito corresponde a acuidade igual com que ele se dirige para o objeto. É que nenhuma instância vem se interpor. Se venero alguém. É pela qualidade de venerabilidade que, em sua realidade, permanece ligada à imagem pelo tempo quanto eu o venerar, passível de adoração, contemplação e respeito. Por mais insuficiente, por mais preso a um estreito simbolismo humano que esteja o conceito de objetivo e de meios em presença da misteriosa realização da vida, devemos qualificar essa emoção sexual de meio de que a vida se serve para a manutenção da espécie, confiando aqui a consecução desse objetivo não mais a um mecanismo (no sentido lato) mas a mediações psíquicas. Enfim, a pulsão, dirigida a princípio, tanto no sentido genérico quanto no sentido hedonista, ao outro sexo enquanto tal, parece ter diferenciado cada vez mais seu objeto, à medida que seus suportes se diferenciavam, até singularizá-lo. Claro, sabemos que a pulsão não se torna amor pelo simples fato de sua individualização; esta última pode ser refinadamente hedonista, ou instinto vital-teleológico para o parceiro apto a procriar os melhores filhos. 

Mas, indubitavelmente, ela cria uma disposição formativa e, por assim dizer, um marco para essa exclusividade que constitui a essência do amor, mesmo quando seu sujeito se volta para uma pluralidade de objetos. Não duvidamos em absoluto que no seio do que se chama “atração dos sexos” constitui-se o primeiro factum, ou, se quiserem, a prefiguração do amor. A vida historicamente se metamorfoseia nessa produção social, traz sua corrente à altura dessa onda cuja crista vital, de desenvolvimento, sobressai acima dela. Se considerarmos o processo da vida como um dispositivo de meios a serviço desse objetivo e se levarmos em conta seu significado efetivo para a propagação da espécie, então este também é um dos meios que a vida se dá para si e a partir de si.

O filme foi parcialmente inspirado pela própria avó de Quillévéré, que manteve o segredo de que “seu filho mais velho havia sido concebido em um caso com um soldado alemão até muito tarde na vida”.  Em uma entrevista pré-estreia para o Festival de Cinema de Cannes, Quillévéré descreveu o filme como uma tentativa de “entrelaçar minha paixão por Maurice Pialat e Douglas Sirk”, fazendo um filme cujo enredo melodramático e sirkiano estava efetivamente em conflito com uma estética mais realista e semelhante à de Pialat, não condizente com as convenções estilísticas do melodrama tradicional. O filme entrou em produção na primavera de 2022. A dificuldade própria da terminologia teórica consiste pois em que, por detrás do significado usual da palavra, é sempre preciso discernir o seu significado conceptual, que é sempre diferente do significado usual. Um bom exemplo, ocorre quando o leitor pensa compreender imediatamente o que Marx quer dizer quando emprega uma palavra tão corrente como a palavra trabalho. No entanto, é preciso um grande esforço para discernir, por detrás da evidência familiar (ideológica) desta palavra, o conceito marxista de trabalho, e mais, para ver que a palavra trabalho pode designar vários conceitos distintos: os conceitos de processo de trabalho, de trabalho concreto, de trabalho abstrato, etc. Quando uma “terminologia teórica é boa”, lembra Louis Althusser, em Sobre o Trabalho Teórico (1978), isto é, bem determinada e bem referenciável, ela assume a função precisa de impedir as confusões entre o significado usual das palavras e o significado teórico (conceptual) das mesmas palavras. E a sua conjunção particular que produz significado novo, definido que é indiscutivelmente a produção do conceito teórico. Não pode haver discurso teórico sem a produção destas expressões específicas, que designam conceitos de determinada prática da teoria.

Isto quer dizer que a noção de cultura, a sociedade e a comunicação social vêm articular-se a uma estrutura de relações sociais (cf. Castells, 2006). No escravagismo antigo, por exemplo, nada distingue, do ponto de vista da análise comparada do modo de produção, o escravo do agricultor independente, proprietário privado individual. O que os distingue é a relação permanente com o trabalho manual. Se um se conduz como proprietário das condições materiais da reprodução de sua existência, no outro caso é o mestre que se conduz como proprietário das condições naturais da reprodução de sua existência material do escravo. Pode-se fazer a mesma comparação e distinção entre o escravo moderno, do século XIX, e o trabalhador agrícola no sistema técnico de trabalho, ao qual se articulam relações sociais diferentes. A interligação dos processos de trabalho é primeiramente de ordem técnica, na medida em que está contida nos meios de trabalho e envolve imediatamente trabalhadores em situações específicas de trabalho. Em seguida é de ordem social, basicamente quanto à escala e quanto ao sentido de conjunto para satisfazer necessidades sociais. É, de ordem tecnológica, na medida em que a produção, circulação, utilidade de uso, dos produtos resultantes do processo de trabalho interligados, representam o próprio sistema social no âmbito de determinada cultura e/ou sociedade. Produzindo e consumindo determinados produtos/mercadoria os homens primeiro tecnologicamente produzem a sociedade e as relações existentes. Um sistema de trabalho é uma estrutura onde o que está em jogo é o trabalho e a reprodução da vida. Do ponto de vista teórico-metodológico notou o extraordinário sociólogo Elias (2011) que o conceito de civilização se refere a uma grande variedade de fatos históricos e sociológicos, isto é: ao nível da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às ideias religiosas e per se aos costumes.

      

Pode se referir ao tipo de habitações ou à maneira como homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada pelo sistema judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. Rigorosamente falando, nada há que não possa ser feito de forma “civilizada” ou “incivilizada”. Daí ser sempre difícil sumariar em algumas palavras tudo o que se pode descrever como civilização. Mas também não significa a mesma coisa para diferentes nações ocidentais. Acima de tudo, é grande a diferença entre a forma como ingleses e franceses empregam a palavra, culturalmente, por um lado, e os alemães, por outro. O conceito resume em uma única palavra seu orgulho pela importância social e cultural de suas nações para o progresso do Ocidente e da humanidade. Quando no emprego que lhe é dado pelos alemães Zivilisation, significa algo de fato útil, mas, apesar disso, apenas um valor de segunda classe, compreendendo apenas a aparência externa dos seres humanos, a superfície da existência humana. A palavra pela qual os alemães se interpretam, mais do que qualquer outra expressa-lhes o sentimento de orgulho nas próprias realizações e no ser, é Kultur, pois são claramente no emprego interno da sociedade a que pertencem. O conceito francês e inglês de civilização pode inferir fatos políticos ou econômicos, religiosos ou técnicos, morais ou sociais.

O conceito alemão Kultur alude basicamente a fatos intelectuais, sociais, artísticos e religiosos e apresenta a tendência de uma nítida linha divisória entre fatos deste tipo, por um lado, e fatos políticos, econômicos e sociais, por outro lado. Os conceitos comumente apropriados em francês e inglês de civilização pode se referir a realizações, mas também a atitudes ou “comportamento”, pouco importando se realizaram alguma coisa. No conceito alemão de Kultur, em contraste, historicamente a referência a comportamento, o valor que a pessoa tem em virtude de sua mera existência e conduta, sem absolutamente qualquer realização, é de fato considerado muito secundário. O sentido alemão de Kultur encontra sua expressão mais clara derivado no adjetivo Kulturell, que descreve o caráter e valor de determinados produtos humanos, e não o valor intrínseco. O conceito inerente a Kulturell não pode ser traduzido exatamente para o francês e o inglês. A palavra kultiviert (“cultivado”) aproxima-se muito do conceito ocidental de civilização. Até certo ponto, representa a forma mais alta de ser civilizado: até pessoas e famílias que nada realizaram de kulturell pode ser kultiviert.

Tal como a palavra “civilizado”, kultiviert refere-se primariamente à forma da conduta ou comportamento da pessoa. Descreve a qualidade social das pessoas, suas habitações, suas maneiras, sua fala, suas roupas, ao contrário de kulturell, que não alude diretamente às próprias pessoas, mas exclusivamente a realizações humanas peculiares. Há outra diferença entre os dois conceitos estreitamente vinculada a isto. “Civilização” descreve um processo ou, pelo menos, seu resultado. Diz respeito a algo que está em movimento constante, movendo-se incessantemente “para a frente”. O conceito alemão de Kultur, no emprego corrente, implica uma relação diferente, com movimento. Reporta-se a produtos humanos que são semelhantes a “flores do campo”, a obras de arte, livros, sistemas religiosos ou filosóficos, nos quais se expressa a individualidade de um povo. O conceito Kultur delimita. Até certo ponto, o conceito de civilização minimiza as diferenças nacionais entre os povos: enfatiza o que é comum a todos os seres humanos ou – na opinião dos que o possuem – deveria sê-lo. Manifesta a autoconfiança de povos cujas fronteiras nacionais e identidade nacional foram plenamente estabelecidas, desde séculos, que deixaram de ser tema de qualquer discussão, peremptoriamente seja ela de caráter pública ou privada, de povos que há muito se expandiram fora de suas fronteiras e colonizaram terras muito além delas. A questão da trivialização do conhecimento não faz produto do conhecimento, apenas um produto determinado faz dele um produto qualquer.

Mas as ideias podem tornar-se ideológicas, na medida em que sua estrutura social obedece às estruturas socioprofissionais. Sua produção integra-se entre os outros processos de produção e a cultura torna-se cognoscível a partir das categorias econômicas do capital e do mercado. Mas nem a informação, nem a concepção de teoria, nem o pensamento abstrato, nem a cultura são produtos triviais, ainda que mais não seja pelo fato de serem, ao mesmo tempo, produtos/produtores e, mesmo comportando a questão urbana hologramaticamente a dimensão socioeconômica, não poderiam ser reduzidas a isso. A redução trivializante não teme exercer-se como sujeito sobre o conhecimento científico. Este nível abstrato como qualquer outro é apropriado pelo pensamento, como a religião e através da ciência, com suas relações de força e monopólios, suas lutas e suas estratégias, seus interesses e seus prováveis ganhos. Mas, por seu lado, os estudos de etnografias dos laboratórios, estes que parecem ter dinamismo, demonstram-nos como se estabelecem essas mediações complexas dos pesquisadores, em função de posições, ou status, as lutas e a utilização socialmente de “truques diabólicos” pelo reconhecimento, em sua dimensão concebida pelo prestígio ou pela glória, com as negociações necessárias ao estabelecimento da prova, os ritos de passagem na vida e na universidade. A motivação primeira do cientista é a notoriedade.

Mas não se pode reduzir o interesse científico ao interesse econômico, a vontade de pesquisar ao desejo de prestígio, a sede de conhecimento à sede de poder, em alguns casos terrenos sim. A sociologia não pode ser considerada uma concepção que exclui o indivíduo ou que, no máximo, o tolera. É uma concepção humanista, mas que deve implicá-lo e explicitá-lo. Sobre a aquisição do conhecimento pesa um formidável determinismo encouraçado de coerção. Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, o que não se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça os rumos, estabelece os limites, ergue muralhas e conduz-nos ao ponto onde devemos ir. E também que conjunto prodigioso de determinações sociais, culturais e históricas é necessário para o nascimento da menor ideia, e per se da menor teoria. Não bastaria limitarmo-nos a essas determinações que pesam do exterior sobre o conhecimento. É necessário considerar os determinismos intrínsecos ao conhecimento, que são, segundo Morin, muito mais implacáveis. Em primeiro lugar, princípios, comandam esquemas e modelos explicativos, os quais impõem visão de mundo e das coisas que se governam/controlam de modo imperativo e proibitivo a lógica dos discursos, pensamentos, teorias sociais.

Com maior razão, o mesmo vale para a arte, que é absolutamente refratária a tudo o que parece uma obrigação, porque é o domínio da liberdade. É um luxo e um adorno que talvez seja bonito ter, mas que não se pode ser obrigado a adquirir: o que é supérfluo não se impõe. Ao contrário, amoral é o mínimo indispensável, o estritamente necessário, o pão cotidiano sem o qual as sociedades civis não podem viver. A arte corresponde à necessidade de que temos de difundir nossa atividade social sem objetivo, pelo prazer de difundi-la, enquanto a moral nos obriga a seguir um caminho determinado em direção a um objetivo definido – e quem diz obrigação diz, com isso, coerção. Conquanto possa estar animada por essas ideias morais ou ver-se envolvida na evolução moral própria, a arte não é moral por si mesma. A observação estabelecida nos indivíduos, como nas sociedades, de um tal desenvolvimento intemperante das faculdades estéticas é um grave sintoma do ponto de vista da moralidade. Vale lembrar, segundo Durkheim (2010) que de todos os elementos da civilização, a ciência é o único que, em certas condições, apresenta um caráter moral. As sociedades tendem cada vez mais a considerar um dever para o indivíduo desenvolver sua inteligência, assimilando as verdades científicas que são estabelecidas. Há número de conhecimentos na história que devemos possuir.

Ninguém é obrigado a se lançar no grande turbilhão industrial; ninguém é obrigado a ser artista; mas todo o mundo é obrigado a não ser ignorante. Essa obrigação é, inclusive, sentida com tamanha força social que, em certas sociedades, não é apenas sancionada pela opinião pública, mas pela lei. Aliás, não é impossível entrever de onde vem esse privilégio especial da ciência. É que a ciência nada mais é do que a consciência levada a seu mais alto ponto de clareza. Ora, para que as sociedades possam viver nas condições de existência que lhe são dadas, é necessário que o campo da consciência, tanto individual como social, se estenda e se esclareça. Os meios em que elas vivem se torna cada vez mais complexos e, por conseguinte, cada vez mais móveis, para durar é preciso que elas mudem com frequência. Por outro lado, sabemos o quanto mais obscura uma consciência, mais é refratária à mudança, porque não vê depressa o bastante que é necessário mudar, nem em que sentido é preciso mudar; ao contrário, uma consciência esclarecida sabe preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança social. Eis porque é necessário que a inteligência guiada pela ciência adquira uma importância maior no curso da vida coletiva. Mas a ciência que todo o mundo é assim chamado a possuir não merece ser designada por esse nome. Não é a ciência, é no máximo sua parte mais geral. Ela se reduz a um pequeno número de conhecimentos indispensáveis, que só são exigidos de todos por estarem disponíveis ao alcance de todos na vida social. A ciência supera infinitamente nesse nivelamento da cultura. Ela compreende o que é vergonhoso ignorar, mas existe, como um navio na praia, que é possível saber.

Ela não supõe apenas, nos que a cultivam, essas faculdades médias que todos possuem, mas disposições especiais. Senão a uma elite, não é obrigatória; mas não é necessária a ponto de a sociedade reclamá-la imperativamente. É vantajoso estar munido dela; nada há de imoral em não a adquirir.  Paris, a capital de D’Amour, foi palco de um extraordinário e concreto romance. Ao organizar os paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo organizado dos sistemas de convicção e de crença que, quando reinam em uma sociedade, impõem a todos a força imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a força proibitiva do tabu. As doutrinas e ideologias dominantes dispõem também da força imperativa e coercitiva que evidencia aos convictos e o temor inibitório aos desalmados. A partir deste fundamento etnográfico, compreendemos que ordem, desordem e organização são elementos essenciais para o entendimento da questão da complexidade, pois se desintegram e se desorganizam ao mesmo tempo na história singular da vida. Constata-se que o sentido da realidade se dá por meio da relação do todo com as partes e vice e versa em uma análise integradora em que não é pertinente examinar como tal a partir de uma única matriz de racionalidade. Ipso facto, o conceito alemão de Kultur dá ênfase especialmente a diferenças nacionais e à identidade particular de grupos.

Em virtude disto, o conceito adquiriu em pesquisa etnológica e antropológica uma significação muito além da área linguística alemã e da situação em que se originou o conceito.  Todavia, a necessidade de comunicar-se sempre foi o motor de todo tipo de codificações expressivas, sendo a linguagem e a escrita instrumentos de comunicação oral e escrita sujeitos as limitações de espaço e lugar e a sua transmissão através da distância entre o emissor e o receptor. Simplificadamente, pode-se dividir em quatro fases a história da codificação de signos e fonemas ao serviço da relação inter-humana: mnemônica, pictórica, ideográfica e fonética. A primeira, mnemônica, historicamente se caracterizou pelo emprego de objetos reais como dados ou mensagens entre pessoas que viviam alheios e não pertenciam ao mesmo sistema convencionalmente de comunicação social. Aos antigos peruanos, escreve Albert A. Sutton (1866-1923), os chineses, e inclusive tribos mais recentes, utilizaram com muita frequência o quipo, representando cada um dos cordões usados do ponto de vista comunicativo pelos peruanos, no tempo social da monarquia Inca, na literatura comparada que formavam um método mnemônico, de interpretação, fundado nas cores e ordem dos cordões, número e disposição de nós, etc., ou série de cordas atadas para comemorar acontecimentos felizes, para servir como instrumentos de cálculo ou resguardar na memória as recordações dos mortos das tribos.

Na segunda, pictórica, a comunicação social tem como representação a imagem e se transmite mediante a pintura, a comunicando a relação dos objetos. Estas gravuras aparecem não só na pintura rupestre, e também sobre objetos variados: utensílios, armas ou artigos de valor empregados para o intercâmbio comercial. Na terceira, ideográfica, resulta de uma associação de símbolos pictográficos com objetos e ideias. Nesta fase os signos se empregam cada vez mais na representação de ideias, numa progressiva separação da estrutura do objeto que tenciona comunicar e a modelação cada vez mais simbólica que aproximará no signo alfabético, na escritura. A expressão ideográfica serviu para as formas primitivas de relatos, tal como podemos valorar na escritura ideográfica das culturas pré-colombianas ou mesopotâmicas, ainda que o máximo tipo cultural deste sistema de comunicação foi a escrita hieroglífica dos egípcios. A última, fonética, se estabelece quando o signo representa um som, fora das palavras inteiras, de sílabas ou do que depois chamamos letras, como unidade fonética menor. A invenção do alfabeto representou historicamente o ponto máximo da codificação da comunicação social e foi propiciada precisamente por aqueles povos de maior “desenvolvimento social e de maior inter-relação comercial com outros povos”. O alfabeto representou uma chave de intercomunicação e ao mesmo tempo um aríete de penetração em mãos dos povos da Antiguidade criadores das primeiras rotas de comércio marítimo e terrestre.

                    

O sistema social condiciona o sistema de comunicação. A comunicação vem unida à existência da mudança de mercadoria e à busca incessantemente de matérias-primas que já mobilizou aos antigos. As rotas comerciais e de expansão imperial depredatória da Antiguidade foram autênticos canais informativos, lentos e precários, que abasteceram aos homens de um conhecimento aproximado dos limites do mundo e das tentações dos outros considerados desde cada particular forma etnocêntrica do indivíduo na sociedade. A rota do Cabo, contornando África, viria a ser explorada pelos Holandeses, e outras potências europeias. As rotas das especiarias passavam por intermediários antes de serem revendidos na Europa medieval. Era um tempo de medo. Há mil anos, na mesma Europa que agora se prepara para ingressar, próspera e unida como nunca, no terceiro milênio do calendário cristão, os homens viviam socialmente o pior dos mundos. O irreversível desmoronamento, século após século, do que ainda restava da civilização greco-romana, depois sucedeu-se do fim do Império Romano do Ocidente, no século V, transformara o território europeu em campo de batalha onde gerações sucessivas se guerreavam interminavelmente - visigodos e vikings, bretões e saxões, vândalos e ostrogodos, magiares e eslavos, um sem-fim de povos que não por acaso entraram para a História sob a denominação coletiva de “bárbaros”.  Além da violência simbólica e física das religiões, a miséria, a ignorância e a superstição recobriam a Europa na marca do ano 1000. Os proprietários de terras transformavam seus domínios em unidades autônomas, com fortificações feitas de árvores e espinheiros e habitações cercadas de paliçadas. Registrou um observador de forma pioneira do ano 888: - “Cada qual quer se fazer rei a partir das próprias entranhas”. A cidade, como sede da política e da administração, centro do comércio e do conhecimento, à maneira de Roma, e comparativamente, Atenas ou Alexandria na Antiguidade clássica, inexistia na paisagem ocidental desse período.

Havia historicamente burgos descendentes dos centros logo fundada pelos conquistadores romanos, como também ajuntamentos de um punhado de milhares de almas, nascidos da presença, nas proximidades, de um mosteiro ou de um vale fértil, ou do fato de se situarem no centro de uma região dominada por um príncipe. Nada, porém, que se comparasse a Constantinopla (Istambul), capital do Império Romano do Oriente, com suas centenas de milhares de habitantes, abastado comércio e porto movimentado. Há cerca de mil anos, amplas extensões do continente europeu eram constituídas de florestas um mundo sombrio, estranho e ameaçador aos homens que construíam povoados, cultivavam cereais e criavam gado em grandes clareiras nas suas cercanias, numa economia de pura subsistência, da mão para a boca. A construção de castelos, abadias e mosteiros ocupava igualmente muitos braços. Mas o principal motor da atividade econômica era a guerra: a necessidade de produzir armas, acumular provisões para a tropa e pagar os mercenários em metal sonante estimulava o comércio. Perigos reais, como os animais selvagens, e terrores imaginários historicamente constituídos na Europa, como monstros e demônios, espreitavam os aldeões que adentravam a mata em busca de carne de caça e de mel, a única fonte extrativista de açúcar dos europeus de então. Entretanto, vista pelos olhos de hoje, a vida cotidiana tinha tons de pesadelo.

A culpa, por outro lado, se refere à responsabilidade dada à pessoa por um ato que provocou prejuízo material, moral ou espiritual a si mesma ou a outrem. O processo de identificação e atribuição de culpa refere-se à descoberta de quem determinou o primeiro ato ilícito ou prejudicial, e pode se dar em três planos da atividade analítica: subjetivo, intersubjetivo e objetivo. No sentido subjetivo, a culpa é um sentimento que se apresenta à consciência quando o sujeito avalia seus atos de forma negativa, sentindo-se responsável por falhas, erros e imperfeições. O processo pelo qual se dá essa avaliação é estudado pela Ética, a disciplina filosófica que estuda os fundamentos da ação moral, procurando justificar a moralidade de uma ação e distinguir as ações morais das ações imorais e amorais e pela formação em Psicologia, que trata, estuda e analisa os processos mentais e comportamentos de indivíduos e grupos humanos em diferentes situações. A psicologia, do ponto de vista técnico-metodológico, tem como objetivo a compreensão de grupos e indivíduos tanto pelo estabelecimento de princípios universais, como pelo case study específico, e tem, segundo alguns analistas, objetivo final o benefício geral da sociedade. Um pesquisador ou profissional desse campo de atividade é reconhecido como psicólogo, podendo ser classificado como cientista social, comportamental ou cientista cognitivo. A função dos psicólogos é tentar compreender metodicamente o papel psíquico das funções mentais no comportamento individual e socialmente, coletivamente e também, simultaneamente, conquanto saibamos que os processos fisiológicos e biológicos que acompanham os comportamentos e funções cognitivas.

Entretanto, o sentido religioso de culpa, pelo qual um ato da pessoa recebe uma avaliação negativa da divindade, por consistir na transgressão de um tabu ou de uma norma religiosa. A sanção religiosa é um ato social, e pode corresponder a repreensão e pena objetivas. De outra parte, a culpa religiosa pode compreender também um estado psicológico, existencial e subjetivo, que propõe a busca de expiação de faltas ante o sagrado como parte da própria experiência religiosa. O termo pecado, por exemplo, está geralmente ligado à culpa, no sentido religioso, sendo a culpa consequência do pecado cometido e arrependido por quem o cometeu. Por outro lado, a religião, principalmente neste caso o cristianismo, trata solenemente a culpa como um sentimento necessário ao arrependimento e a melhoria pessoal do infrator pois o mesmo alcança a mudança apenas se reconhecer como inadequado o ato cometido. Conforme II Coríntios, capítulo 7, verso 10, a culpa ou tristeza leva ao arrependimento para a salvação daquele que está amparado por Deus ao contrário do indivíduo, que sem este amparo, tem a culpa ou tristeza proveniente do mundo que o leva da realidade para a morte. A consequência da culpa poderá ser a mudança pessoal amparada por Deus que nos livra do pecado e das dores ou a autopunição consciente ou inconsciente daquele que carrega consigo toda a sua culpa.

O sentimento de culpa tem como representação o sofrimento humano obtido após  reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ter sido. Há também outra definição para “sentimento de culpa”, quando se viola a consciência moral pessoal, ou seja, quando pecamos e erramos, surge o sentimento de culpa. Para a psicologia humanista-existencial, especialmente a da linha de pesquisa rogeriana, a culpa é um sentimento como outro qualquer e que pode ser “trabalhado” terapeuticamente ao se abordar este sentimento com aquele que sofre. Para esta linha de raciocínio de Psicologia, um sentimento como esse, quando chega a ser considerado um obstáculo por aquele que o sente, é resultado de um inadequado crescimento pessoal, mas não é considerado uma psicopatologia. Para os teóricos rogerianos, todas as pessoas têm uma tendência a atualização que se dirige para a plena auto realização; o sentimento de culpa pode ser apenas limitação momentânea no processo de auto realização.

É bastante concebível que tampouco o sentimento de culpa produzido pela civilização seja percebido como tal, mas que em grande parte permaneça inconsciente, ou apareça como uma espécie de mal-estar, uma insatisfação, para a qual as pessoas buscam outras motivações. As religiões nunca desprezaram o papel desempenhado na civilização pelo sentimento de culpa. O sentimento de culpa, a severidade do superego, é, portanto, o mesmo que a severidade da consciência. É a percepção que o ego tem de estar sendo vigiado dessa maneira, a avaliação da tensão entre os seus próprios esforços e as exigências do superego. É o ponto-chave do ensaio “Mal-estar na Civilização” de Sigmund Freud, um médico neurologista criador da psicanálise. Freud, como se tornara reconhecido, nasceu em uma família judaica, em Freiberg in Mähren, pertencente ao Império Austríaco, atualmente, a localidade é denominada Příbor, e pertence à República Tcheca. Freud iniciou seus estudos pela utilização da técnica da hipnose no tratamento de pacientes com histeria, como forma de acesso aos seus conteúdos mentais.

Bibliografia Geral Consultada.

BAECHLER, Jean, ¿Que es la Ideologia? Buenos Aires: Ediciones Paidós, 1997; CASTELLS, Manuel, A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Volume 1. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2006; CRIGNON, Philippe, Hobbes et la Represéntation: Une Ontologie Politique. Paris: Thèse. Université de Paris 8. Saint-Denis, 2007; SILVA, Uiran Gebara, “Antiguidade Tardia como Forma de História”. In: Anos 90. Porto Alegre, vol. 16, nº 30, pp. 77-108, dezembro de 2009; DUTRA, Daniel Iturvides, Literatura de Ficção Científica no Cinema: A Transposição para a Mídia Filmica de A Máquina do Tempo de H. G. Wells. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Instituto de Estudos de Letras. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. 4ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2010; DEWEY, John, A Arte como Experiência. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010; GELLIS, André; HAMUD, Maria Isabel Lima, “Sentimento de Culpa na Obra Freudiana: Universal e Inconsciente”. In: Outros Trabalhos • Psicol. USP 22 (3) • Set 2011; ELIAS, Norbert, O Processo Civilizador, Volume 1: Uma História dos Costume. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2011; ARCHER, Michael, Arte Contemporânea. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2013; BAUMAN, Zygmunt, Cegueira Moral - A Perda da Sensibilidade na Modernidade Liquida. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2014;  MOURA BERGAMO, Thelma Maria de, Michel Foucault e os Mestres do Dizer Verdadeiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2015; SANTOS, Luiza Carolina, Quando a Leitura Encontra a Escrita: Uma Análise das Relações Estabelecidas na Comunidade de Ficção Científica da Plataforma. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Comunicação Social. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2015; LÓPEZ, Mercedes Ron, Culpa Tuya. Londres: Penguin Random House Grupo Editorial, 2017; Idem, Culpa Nossa. Lisboa: Editorial Presença, 2023; entre outros.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Embu das Artes – Jesuítas, Estância Turística & Merceologia.

  “O precário é condição predominante na criação”. Néstor García Canclini  

O Brasil colonial, no processo civilizatório global, existiu entre o século XVI e o início do XIX, quando o atual território brasileiro abrigava colônias do Reino de Portugal, fazendo parte de um conceito histórico e social mais amplo: América Portuguesa. O processo de colonização durou da primeira metade do século XVI até a primeira metade do século XIX. Antes de 1500, com a invasão dos colonialistas europeus hic et nunc, o território chamado pau-brasil era habitado por grande diversidade de povos indígenas. Segundo F. A. de Varnhagen (1816-1878) o nome Terra do Brasil, ou somente Brasil, foi dado pelos portugueses à parte mais oriental do novo continente, em virtude de haverem aí encontrado, em abundância, certo lenho, que proveu ao comércio uma tinta vermelha análoga a que até então, como esse nome, a Europa importava entre os povos da Ásia. O novo pau-brasil, que neste novo cenário de país era reconhecido com o nome de ibirapitanga, ou pau-vermelho, acha-se classificado pelos botânicos no gênero Caesalpinia, espécies deste gênero são plantas lenhosas que ocorrem em zonas tropicais e subtropicais. O nome do gênero é uma homenagem ao botânico do século XVI Andrea Cesalpino (1519-1603).

Mais tarde a denominação Brasil, veio fazer-se extensiva ao conjunto de todas as colônias portuguesas neste continente, as quais, emancipando-se, vieram a constituir o império luso-brasílico, um dos Estados de maior extensão no globo terrestre, de cuja superfície terrestre abrange aproximadamente a décima quinta parte. Em contraste com as fragmentadas possessões espanholas vizinhas, as possessões portuguesas, construídas sob a força bruta da política na América do Sul, mantiveram a sua aparente unidade e integridade territorial e linguística mesmo após a Independência, dando origem ao maior país da região. A grandeza do atual território brasileiro, construída desde o período violento da colonização portuguesa e de guerras extraterritoriais, foi resultado da interiorização da metrópole portuguesa no território sul-americano, especialmente após o descobrimento de ouro nas minas gerais. Neste sentido histórico-sociológico, o Brasil constituiu-se como uma “colônia de exploração” (cf. Almeida, 2015), cujo dinamismo consistia na exploração de produtos tropicais ou de ouro para a metrópole. Em consequência do processo civilizatório o núcleo da vida colonial estava nas plantações, na grande propriedade latifundiária e, per se enquanto durou o chamado “ciclo do ouro”, que teve início no final do sécujlo XVII, também na exploração aurífera, e no processo de ocupação da terra e de exploração de seus recursos naturais e humanos, sob a égide do capitalismo comercial.

        Em 1702, a metrópole oficializou a criação da Intendência das Minas, órgão que deveria administrar as regiões auríferas respondendo pelo policiamento, a cobrança de impostos e julgamento dos crimes ocorridos nessas localidades. Não obstante, algumas vilas tinham de preencher, forçosamente, certas funções administrativas, que se encontrava na ordem social inerente à sociedade global: uma sociedade que se organizava estamentalmente, no plano político dos chamados homens livres, e em casas, nas relações deles com os escravos. Essa ordem social coordenava e regulava, sob as mesmas normas, valores e formas de dominação, o funcionamento, o crescimento quantitativo e desenvolvimento de todos os “aglomerados rurais”, na falta de melhor expressão, ou de formação urbana. A vila aumentava de população e eventualmente podia acumular várias funções de natureza urbana. Todavia, se processava dentro de uma economia agrarista e uma  estrutura social que excluía a possibilidade da formação das cidades e funções urbanas. Por esses motivos econômicos e políticos, as vilas que se converteram em cidades, surgem dotadas de funções urbanas pouco diferenciadas, com reduzido impulso interno para desencadear o desenvolvimento social da urbanização como um processo histórico, político e social relativamente autônomo.   

           

            É preciso que se entenda que esse “padrão urbano” não representa algo em torno de uma “civilização agrária” e, muito menos, um efeito de poder dito de aculturação à colonização exploradora sob o signo de capitalismo comercial, em um contexto histórico que aumentava e, sob certos aspectos, até congestionava as funções urbanas das vilas que fossem, ecológica, econômica e socialmente pontos de lança da colonização exploradora. De outra parte, as tradições agrárias portuguesas só valiam, de fato, como princípio ordenador de uma dominação patrimonialista, por meio da qual o processo de ruralização social servia de fundamento material para a concentração da renda e de poder nas mãos das elites agrárias, seja para a urbanização parcial de seus próprios estilos de vida. No contexto histórico-social da Colônia, ambos os efeitos de poder das tradições agrárias portuguesas se agravaram e se intensificaram porque não existia aqui e nem podia existir sob o regime colonial imposto pela Coroa, nenhuma cidade que interpusesse, entre os senhores, os escravos e os homens brancos livres dependentes, uma classe insatisfeita e com condições de crescente autoafirmação social. Embora a vila e a cidade exprimissem os padrões de cultura comparada de uma “civilização agrária”, as fontes históricas e sociais de seus limitados dinamismos urbanos se achavam na própria organização estamental e escravista da sociedade colonial.

      Este aspecto estrutural civilizatório que apareceu sob o signo da “colonização espoliativa” e se manteve historicamente, porque as chamadas “estruturas coloniais” não despareceram juntamente com o regime colonial, da cidade tradicional. Não pretendíamos, com essa particularização conceitual, afirma Fernandes (1975: 139), caracterizar esse tipo de cidade em termos de um suposto tradicionalismo. Existia e dava um colorido especial aos estilos de vida de todas as camadas sociais. Entretanto, o mundo colonial brasileiro, reconhecia vários tradicionalismos. Havia um denominador comum, fornecido pela configuração de cultura dominante aglutinativa, que era de fato cultura transplantada de Portugal. Além disso, os vários aspectos de tradicionalismos ligavam-se estruturalmente em um ponto, a saber, que eram as formas de dominação patrimonialista e estamental, que definiam tradicional ou legalmente, as probabilidades de mando e os deveres de obediência. Mas, o tradicionalismo assim compreendido era algo universal e não separava, senão imperceptivelmente, pela via do trabalho, campo da cidade, o rural do urbano. O que havia de específico, não era o fato político de representação social do tradicionalismo acentuado, que nela tinha vigência. Mas, o apinhamento de funções urbanas, que se originavam da concentração ecológica, econômica e burocrática de certas atividades centrais nesse tipo de cidade.

        Historicamente a região do município de Embu das Artes era habitada por povos indígenas das etnias tupiniquins e guaranis e o surgimento da cidade está intimamente ligado à catequese indígena. Na segunda metade do século XVII, sítios começaram a se formar na região do município, com plantações de mandioca, legumes e algodão. Em 1607, Fernão Dias Paes, tio do bandeirante Fernão Dias, o “caçador de esmeraldas”, Pero Dias e Braz Esteves adquirem terras na região do município. Em 24 de janeiro de 1624, Fernão e sua esposa, Catarina Camacho, doam terras para os padres jesuítas. Em 1690, o jesuíta Belchior de Pontes transfere a missão jesuítica de Bohi ou M´Boy, criado em 1554, para o local que é a sede do município e inicia a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a velha matriz. Entre 1730 e 1734, os jesuítas constroem a sua residência anexa à igreja, formando um conjunto arquitetônico contínuo de linhas retas e sóbrias. Em 1760, por ordem da Coroa Portuguesa, os jesuítas são expulsos do Brasil. Suas terras, no entanto, eram impróprias para a cafeicultura, principal atividade econômica da época. Assim, Embu entrou em um período de retração que durou até meados do século XX, quando a capela e convento foram tombados pelo Estado que iniciou as restaurações. O Padre Belchior faleceu em 1719 e seu substituto, Domingos Machado, ordena a construção da residência dos religiosos, concluída em 1740. Em 1759, Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras (1699-1782), do Reino de Portugal, ordenou a expulsão dos jesuítas da América Portuguesa. Em 1880, foi criado, dentro da Vila de Itapecerica, o distrito de M`Boy.  

Com o efeito de poder culminando na expulsão, o aldeamento de M`Boy entra em declínio e os indígenas que ali habitavam acabaram deixando-o ou se mestiçando com os não-indígenas que viviam no povoado. No final do século XIX, a Diocese de São Paulo contrata o engenheiro Henrique Bocolini, responsável pelas primeiras obras de restauração da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Nesta época e no início do século XX, a cafeicultura, principal fonte econômica do Brasil e praticada em todo o Estado de São Paulo, não pôde ser praticada em M`Boy, pois suas terras eram impróprias. O povoamento, antigo aldeamento, tinha uma economia agrícola, com lavradores e fabricantes de cachaça, e os produtos eram vendidos em São Paulo, sobretudo na região de Pinheiros. O desenvolvimento era considerado lento pelas dificuldades de comunicação social e transportes. Nas décadas de 1920 e 1930, as olarias de M`Boy contribuíram muito para a produção de tijolos para o crescente distrito e também para a cidade de São Paulo, em pleno crescimento. Nesta época, chegam no distrito os primeiros imigrantes japoneses, hoje numerosa em Embu. Em 1938, o distrito de M`Boi teve sua denominação alterada para “Embu”, uma corruptela do antigo nome do distrito. Anos mais tarde, surge o movimento emancipacionista. Entre o final do século XIX e a década de 1940, os carros de bois eram o principal meio de comunicação.  A partir da comunidade liderada por Annis Neme Bassith, iniciou o processo emancipatório, criando a cidade de Embu em 1959. Em 18 de fevereiro de 1959, a Lei Estadual n° 5285 eleva o distrito de Embu à categoria de município, desmembrado de Itapecerica da Serra. 

Era 1554 quando um grupo de jesuítas fundou o aldeamento de Bohi, depois M`Boy mirim, situada a meio caminho entre o mar e o sertão paulista. A missão tinha o objetivo de catequizar os índios locais, com a ideia de, mais tarde, aproveitá-los como força de trabalho. Em 1607 as terras da aldeia passam para as mãos de Fernão Dias, tio do bandeirante Fernão Dias, o Caçador de Esmeraldas. Em 1562, por força de um levante armado que culminou em um ataque dos índios da Confederação dos Tamoios à vila de São Paulo de Piratininga, atual cidade de São Paulo e a outros núcleos de povoamento e colonização portuguesa, a Companhia de Jesus instalou, entre agosto e setembro de 1562, postos de defesa e colonização avançados. Itapecerica da Serra tem origem em uma aldeia de índios pacificados pelos Jesuítas provavelmente a 3 de setembro de 1562, sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres, com o propósito de ser um posto avançado de colonização, catequização e de defesa contra ataques indígenas. No século XVII, o núcleo indígena foi ampliado com os indígenas trazidos da aldeia de Carapicuíba pelo sertanista Afonso Sardinha, reconhecido por Velho. Em 1589 ele e seu filho, Afonso Sardinha, o Moço, descobriram, em suas excursões, minério de ferro no Morro de Araçoiaba, próximo à cidade de Iperó, estado de São Paulo. O Velho, morreu depois do filho, em 1616. Em 1624 as terras são doadas à Companhia de Jesus.

 Inicia-se então a construção da Igreja do Rosário, área para a qual foi transportada a antiga aldeia de M`Boy. Em 1689, a capela de Itapecerica contava com mais de novecentas almas sob a posse do padre Diogo Machado, da Companhia de Jesus. No século XVIII, entre 1730 e 1734, os jesuítas constroem seus alojamentos em área anexa à igreja, com ela formando um só conjunto arquitetônico. Na época, foram reunidos ali vários padres-artistas, que trabalharam na decoração da igreja. As verbas necessárias às caras douraduras dos entalhes das paredes de madeira e das imagens foram possibilitadas pela venda do algodão, que cultivavam em grande escala. Fazia parte do território do antigo município de Santo Amaro, instalado em 7 de abril de 1833 quando foi separado de São Paulo. Em 1841, Itapecerica tornou-se freguesia, tendo a patrona, N. S dos Prazeres e vigário o padre Bento Pedroso de Camargo, nomeado por dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade. Nossa Senhora dos Prazeres é um dos títulos pelo qual a Igreja Católica venera a Virgem Maria, a Santíssima Mãe de Deus. A devoção teve origem em Portugal, no final do século XVI, e sua festa é celebrada na segunda-feira após o segundo domingo do Tempo Pascal.

Em 8 de maio de 1877 foi elevada à categoria social de vila com a denominação de Itapecerica, quando se emancipou do antigo município de Santo Amaro, que em 1935 foi reintegrado e se tornou distrito paulistano. Em 19 de dezembro de 1906, através da Lei Estadual nº 1.038 Itapecerica foi elevada à categoria de Cidade. Em 1930, com a construção da Estrada de Ferro Mairinque-Santos (Sorocabana), que passa pela cidade atravessando o bairro da Aldeinha, houve uma certa expansão da economia da cidade. Em 30 de Novembro de 1944, Itapecerica passou denominar-se Itapecerica “da Serra” para diferenciar-se de sua homônima nas Minas Gerais e por estar na zona fisiográfica de Paranapiacaba. Em 1959, foi criada a Comarca de Itapecerica da Serra, composta pelos atuais municípios de Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra que na época eram Distritos da Cidade de Itapecerica da Serra. Em 1960 com a conclusão da Rodovia Régis Bittencourt BR-116, que passa pela região em direção ao Sul, o acesso foi melhorado, tendo a inauguração da rodovia contado com a presença do presidente da República Juscelino Kubitschek, reconhecido pelas iniciais JK, médico, oficial da Polícia Militar e político brasileiro. 

Foi o 21º presidente do Brasil, entre 1956 e 1961. Juscelino Kubitschek concluiu o curso de humanidades do Seminário de Diamantina e em 1920 mudou-se para Belo Horizonte. Em 1927, formou-se em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e em 1930 especializou-se em urologia em Paris. Em dezembro de 1931, casou-se com Sarah Lemos, com quem teve a filha Márcia, em 1943. O casal também adotou Maria Estela em 1947. Em 1931, ingressou na Polícia Militar como médico. Neste período, trabalhou na Revolução Constitucionalista e tornou-se amigo do político Benedito Valadares (1892-1973) que, ao ser nomeado interventor federal em 1933, nomeou Juscelino Kubitschek como seu chefe de gabinete. Em 1934, foi eleito deputado federal, mas teve seu mandato cassado quando do golpe do Estado Novo. Com a perda do mandato, retornou à medicina. Em 1940, foi nomeado prefeito de Belo Horizonte por Valadares, permanecendo neste cargo até outubro de 1945. No final do mesmo ano foi eleito deputado constituinte pelo Partido Social Democrático. Em 1950, venceu Bias Fortes nas prévias do PSD para a escolha do candidato do partido ao Governo de Minas nas eleições daquele ano. Na eleição geral, derrotou seu concunhado Gabriel Passos e foi empossado em 31 de janeiro de 1951. Nele criou a Companhia Energética de Minas Gerais, e também priorizou as estradas e a industrialização. 

Nas décadas seguintes, a rodovia possibilitou a chegada de industrias, melhorando consideravelmente a economia do município. Contudo, na década de 1950, o município itapecericano detinha um sério problema de repasse de verbas, não sendo exclusivamente devido sua grande extensão territorial, sendo incapaz de manter o desenvolvimento industrial nessa área. Em decorrência desta dificuldade, movimentos emancipacionistas ganharam força na região. O município começa a ganhar destaque na década de 1960, quando vários artistas, entre pintores, escultores, músicos e cantores, acabam encontrado no município de Embu o local perfeito para criar, desenvolver e praticar sua arte. Dentre os principais artistas de Embu das Artes estão: Cássio M`Boy, professor de vários artistas era reconhecido de membros da Semana de Arte Moderna de 1922; Tadakiyo Sakai (1914-1981), escultor nipo-brasileiro e ceramista e discípulo de Cássio; Solano Trindade, fez produção artística da cultura afro-brasileira e introduziu a tradição dos orixás; Assis do Embu e Ana Moysés. A arte embuense ganha destaque principalmente no ano de 1964, com a abertura do Primeiro Salão das Artes. Sakai desde pequeno, demonstrou o gosto pela pintura, desenho e escultura. Sua démarche começa em 1928 no Brasil aos 14 anos.

Morou anteriormente em Pinheiros, Taboão da Serra, fixando-se em Embu das Artes. Reconhecido internacionalmente como escultor em terracota, iniciou-se nas artes em 1951, sob orientação de Cássio M`Boy e dos escultores Bruno Giorgi e Victor Brecheret. Atualmente, na região central de Embu das Artes, há o Memorial Sakai, que tem como objetivo valorizar e recuperar a memória e o trabalho do artista. Além de museu, o Memorial Sakai é uma escola gratuita com formação da arte em cerâmica. No município, também há a Escola Estadual Tadakiyo Sakai, situada no bairro Vila Olinda. No final dos anos 1960, outros artistas e membros hippies se fixam em Embu. Seus trabalhos eram expostos nos finais de semana, originando a Feira de Artes de Embu das Artes, que ocorre todos os fins de semana desde 1969 e é um motor turístico da cidade. Embu das Artes é um município metropolitana, na microrregião de Itapecerica da Serra, no estado de São Paulo. Localiza-se na Zona Sudoeste da Grande São Paulo, em conformidade com a lei estadual nº 1.139, de 16 de junho de 2011 e, consequentemente, com o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana de São Paulo. Sua população estimada em 2020 foi de 276,535 habitantes. A sua área é de 70,398 km², o que resulta em uma densidade demográfica de 3 888,3 hab./km². 

Havia o São Paulo Feminino equipe de futebol feminino do São Paulo Futebol Clube, multiesportivo localizado na cidade de São Paulo. O São Paulo é considerado um dos pioneiros do futebol feminino do país de acordo com comentaristas e historiadores, como Thomaz Mazzoni e José Witter. Apesar disso, não há muitos registros anteriores da década de 1990. Criada em 1997, a equipe são-paulina foi dissolvida em 2000 mesmo após ter conquistado duas edições do Campeonato Paulista e uma Taça Brasil. O primeiro registro em competições oficiais organizadas pela federação estadual e pela Confederação Brasileira é datado de 1997. Nos três anos seguintes, venceria a Copa Eduardo José Farah, realizada em Cubatão e o Paulista, ambos em 1999. Nesta temporada, o elenco formado consistia da base original do Saad Esporte Clube, que na época era o principal clube do cenário nacional feminino. A agremiação possuiu em sua equipe feminina cinco atletas da seleção brasileira que conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. Posteriormente, tentativas de retornar o cenário feminino ocorreram em 2001, 2005 e 2015; e voltou a se estabelecer de fato em 2017, com o Centro Olímpico. Além das duas conquistas estaduais, o clube também conquistou a segunda divisão do nacional em 2019.   

 É considerado, oficialmente, uma estância turística. Embu das Artes é um dos 29 municípios paulistas considerados estâncias turísticas pelo Estado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância turística, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais. Também há sociedades esportivas, tal como o Clube de Futebol Vasco do Embu. A comunicação é forte. O município e a região contam com jornais relevantes, tais como o Jornal São Paulo Repórter. Sua história social trouxe uma especialização imprevista: ser uma cidade especialmente vocacionada para acolher artistas. Isto aporta dividendos econômicos e turísticos à cidade. Por causa disso, em 2011, a denominação oficial da cidade foi alterada de Embu para Embu das Artes. A Associação Desportiva Embu das Artes representa um clube brasileiro de futebol feminino de Embu das Artes. Tem como presidente o administrador Alex Macedo de Souza. Foi fundado em fevereiro de 2011, em parceria com a Secretaria de Esportes de Embu das Artes, visa à fomentação e desenvolvimento do futebol feminino. 

Apesar de continuar configurando como uma das principais protagonistas do país, a equipe não conseguiu superar a Portuguesa/Sant`anna, que foi a responsável por eliminar o São Paulo no estadual e no Brasileiro de 1998. Esses dois jogos foram os dois únicos reveses sofridos no período compreendido entre 1998 e 2000. A primeira desconstituição da modalidade ocorreu em março de 2000, sendo que o São Paulo tentou retomar sem sucesso em duas oportunidades, em 2001 e 2005. A continuidade da equipe feminina prosseguiu após dez anos de ausência; em 2015, o clube estreou com goleada sobre o São Bernardo e liderou o seu grupo na primeira fase do estadual, inclusive vencendo a equipe do São José, que na época era a atual campeã da Libertadores da América e respectivamente do Mundial. No mesmo campeonato, o São Paulo alcançou a decisão eliminando Santos e XV de Piracicaba, terminando com o vice-campeonato. Apesar dos resultados, o clube apresentou dificuldades financeiras e de gestão.

Em princípio, a diretoria afirmou que os patrocinadores se responsabilizariam integralmente com o custo do projeto; contudo, a modalidade foi encerrada antes do término do estadual por causa da ausência de patrocínios. Como principal investidor o Centro de Apoio Profissionalizante, Educacional e Social demonstrou instabilidade resultando em atrasos de salários. O clube assumiu a dívida da empresa com o elenco, que aumentou de forma considerável pelos juros dos vencimentos. Após 2 anos de inatividades, o São Paulo reativou a modalidade com a parceria com o Centro Olímpico, iniciando a categoria de base que conquistou títulos expressivos. Em 14 de janeiro de 2019, o clube anunciou o retorno às competições estaduais e nacionais, juntamente com a confirmação da contratação da atacante Cristiane. Sob o comando técnico de Lucas Piccinato, a equipe conquistou o título da segunda divisão do Brasileiro contra o Cruzeiro, além de obter o segundo lugar da Copa Paulista e do Campeonato Paulista. Neste sentido, a cidade tradicional representa um elo de sociabilidade do campo com o interior e com o exterior das Colônias. Tanto podia condensar os interesses locais ou regionais por natureza dos nativos ou nativistas, quanto podia organizar os interesses de colonizadores, através da coroa e prepostos ou dos agentes particulares da colonização.

Do outro lado, ela selecionava, assimilava e redistribuía o fluxo social de modernização, compatível ou com o regime colonial ou com as formas de dominação reconhecida patrimonialista. Tudo isso quer dizer: era tradicional por suas vinculações estruturais e dinâmicas com a ordem estamental e escravista da sociedade colônia. A cidade originária em questão, pode ser chamada de tradicional, portanto, porque traduzia o cosmos material e mortal da sociedade colonial: tinha reduzidas possibilidades de influenciá-lo, através de suas funções urbanizadoras; em contrapartida, não possuía meios para resguardar essas funções de suas influências sociodinâmicas, que faziam dela uma fronteira histórica do campo e, ao mesmo tempo, a cidadela em que eclodiam ou se resolviam os pequenos e os grandes interesses do mundo colonial. A duração da cidade tradicional surge como um fenômeno urbano à parte. É um produto histórico, mas também se apresenta como uma configuração estrutural típica. O meio sociocultural jamais libertou esse tipo de cidade das maras que a prendiam à tutelagem direta ou indireta do campo. Com a expansão cafeeira da República Velha, muitas cidades nasciam e se desenvolviam segundo esse modelo primordial agrário-exportador arcaico.

         Não queremos perder de vista que se o século XVII, o das bandeiras, foi o século da expansão territorial, da conquista e do povoamento, o século XVIII, do ouro doravante com o declínio do patriarcalismo rural, no Norte, e do movimento das bandeiras, ao Sul, o século do desenvolvimento das cidades, onde se formara e já ganhava corpo a nova classe social, ansiosa de domínio, e já bastante forte para enfrentar o exclusivismo das famílias de donos de terras. Das diversas áreas coloniais, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, é a de Minas Gerais onde mais cedo se processou a diferenciação no sentido urbano. Em Minas Gerais, o século XVIII é de diferenciação intensa, escreve Gilberto Freyre, e às vezes em franco conflito com as tendências para a integração, católico, português; e é em Minas que, sob o extrativismo e formação de classes, dominadas pelos grandes “magnatas das minas”, se desenvolveu com um vigoroso espírito nativista, a fase mais brilhante da civilização, no período colonial. A cidade já se ocupa com a instrução; cresce o interesse pelas coisas do espírito, e os senhores de lavras abastados mandam os filhos a universidade de Coimbra ou a Montpellier em seus estudos. No caso das Minas Gerais, lembra a poética de Milton Nascimento, reconhecido como um dos mais influentes e talentosos artistas da M PB. Carioca de nascença e mineiro de coração, criado em Três Pontas, na bela canção Morro Velho: – “Filho de branco e do preto correndo pela estrada atrás de passarinho. Pela plantação adentro crescendo os dois meninos, sempre pequeninos”.

Em 23 de outubro de 2009 - mutatis mutandis - o Prefeito de Embu, Chico Brito, deu início ao processo administrativo para que o município fosse, oficialmente, chamado de Embu das Artes. Em 25 de novembro, o prefeito e o vice deram início ao ato a favor da realização de um plebiscito para a coleta de assinaturas. Para que fosse acrescentado ao nome do município a denominação “das Artes”, foi necessário a realização de um plebiscito em que pelo menos um por cento (1%) dos eleitores do município deveriam participar. O plebiscito foi anexado a um projeto de Lei que foi enviado pelos poderes executivo e legislativo embuense para sanção do prefeito. Em seguida, o documento foi protocolado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que convocou uma eleição para mudança social do nome. Segundo o prefeito, a oficialização do município para “Estância Turística de Embu das Artes” representou a garantia afetiva de sua identidade e que não fosse mais confundida com Embu-Guaçu, município possui uma área territorial de 155,641 km² e sua população foi estimada em 69 385 habitantes, conforme dados estatísticos do IBGE de 2019. As três primeiras assinaturas do abaixo-assinado foram do prefeito Chico Brito, de Annis Neme Bassith, um dos líderes do processo de emancipação, e do Presidente da Câmara Municipal Silvino Bomfim. O prefeito declarou: - Isso é um desejo da população e dos vereadores. Dificilmente você vai encontrar alguém contra.

O abaixo-assinado passou por toda a cidade através da campanha “Embu das Artes - Todo Mundo Quer”, lançada pela prefeitura. O plebiscito ocorreu em 1º de maio de 2011 e 66,48% dos eleitores optaram pela nova denominação. Em 6 de setembro de 2011, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin sancionou a Lei Estadual 14.537/11, que, oficialmente, passou a denominar o município como “Embu das Artes”. Embu, é um município da Região Metropolitana de São Paulo, na Microrregião de Itapecerica da Serra, no estado de São Paulo. A escolha por Embu das Artes foi realizada por plebiscito, realizado no dia 1º de maio, em que 74.286 eleitores optaram pela alteração com a inclusão do nome referido às artes. A cidade representa um dos 29 municípios paulistas considerados “estâncias turísticas” pelo governo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por lei estadual. Há desde agosto de 2014 no estado setenta (70) estâncias denominadas: turísticas (32), balneárias (15), climáticas (12) e hidrominerais (11). Estância turística é um título concedido pelo governo do estado de São Paulo, a municípios que apresentem características sociais turísticas e determinados requisitos condicionados pelo lazer, recreação, recursos naturais e culturais específicos. Devem dispor de infraestrutura e serviços técnicos administrativos dimensionados à atividade. O número de cidades classificadas como municípios de interesse turístico e como estâncias turísticas continua o mesmo, 140 e 70 respectivamente. As cidades de Campos Novos Paulista, Igaraçu do Tietê e Poá foram reclassificadas como de interesse turístico.

As mudanças sociais seguem as normas da Lei Complementar 1.261/2015, que determina que, a cada três anos, seja encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo um Projeto de Lei revisional dos municípios turísticos. Baseado em um “ranqueamento técnico” elaborado pela Secretaria de Turismo do Estado, “até três estâncias turísticas que obtiverem menor pontuação poderá ser reclassificadas a municípios de interesse turístico”. Os três Municípios de Interesse Turístico (MIT) com maior pontuação, por sua vez, podem virar estâncias turísticas. Por serem classificadas como destinos turísticos já consolidados, as estâncias recebem um valor de repasse maior, em comparação aos MITs. De acordo com a Secretaria de Estado do Turismo, em 2020 foram destinados às cidades turísticas do Estado R$ 223,3 milhões e, em 2019, os repasses chegaram a R$ 185,3 milhões. Para ser considerado um MIT, do ponto de vista técnico-metodológico é preciso que a cidade tenha “potencial turístico, capacidade de serviço médico emergencial, meios de hospedagem local, ou na região, serviços de alimentação e de informação turística. Além de dispor de infraestrutura capaz de atender a população fixa e visitantes, no que se refere a abastecimento de água potável e coleta de resíduos. No caso das estâncias é necessário que o município seja consolidado com um turismo efetivo de fluxo permanente de visitantes, e possua atrativos turísticos de uso público e caráter permanente, sejam eles naturais, culturais ou artificiais.

Para que uma cidade receba uma classificação, é necessário que um deputado estadual apresente à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, um projeto de Lei que objetive a classificação de município como estância turística ou como de interesse turístico. Tal status garante a esses municípios “uma verba maior por parte do estado para a promoção do turismo regional”. Como vimos, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância turística, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais. Segundo o prefeito, uma das primeiras medidas será a alteração das placas, que indicam a entrada da cidade, da Rodovia Regis Bittencourt e do Rodoanel, que servirá para orientar melhor os turistas que vêm ao município em busca do artesanato local, que caracteriza o trabalho na cidade.  A questão mais importante é a identidade da cidade como origem de sua capacidade de manutenção. – “Não podemos ter uma cidade com dois nomes. Será a única cidade do país que terá o nome das artes. Muitos turistas passam direto porque estão procurando Embu das Artes. Nós vamos poder colocar ao longo de toda a rodovia o nome da cidade”.

A confiança em sistemas abstratos é a condição do distanciamento tempo-espaço e das grandes áreas de segurança na vida cotidiana que as instituições modernas oferecem em comparação com o mundo tradicional. Neste sentido, as rotinas que estão integradas aos sistemas abstratos, para Giddens (1991), representa a condição do distanciamento tempo-espaço e das grandes áreas de segurança na vida cotidiana que as instituições modernas oferecem em comparação com o mundo tradicional. As rotinas que estão integradas aos sistemas abstratos são centrais à segurança ontológica em condições de modernidade. Contudo, esta situação cria também novas formas de vulnerabilidade psicológica, e a confiança em sistemas abstratos não é psicologicamente gratificante como a confiança em pessoas o é. O que é possível admitir que há uma conexão direta entre as tendências globalizantes da modernidade e o que o sociólogo chama de “transformação da intimidade” nos contextos da vida cotidiana; que a transformação da intimidade pode ser analisada em termos da adição de mecanismos de confiança; e que as relações de confiança pessoal, nestas circunstâncias, estão intimamente relacionadas à situação na qual a construção do eu se torna um projeto reflexivo. A este respeito as religiões tradicionais são diferentes dos sistemas abstratos,  personalizadas permitem uma transferência direta da confiança individual.

Em geral as explicações sociológicas de transformação da intimidade têm no mais das vezes justaposto o caráter comunal das ordens tradicionais à impessoalidade da vida social moderna. Uma concepção que pode ser amplamente associada ao conservadorismo político, retrata o desenvolvimento da modernidade como rompendo as velhas formas de “comunidade”, em detrimento das relações pessoais nas sociedades modernas. Este ponto de vista foi proeminente no fim do século XIX e ainda tem seus representantes na ordem do dia. A esfera da vida pública, por outro lado, tornou-se “excessivamente institucionalizada”. O resultado é que a vida pessoal se torna atenuada e privada de pontos de referência firmes: há uma volta para dentro, para a subjetividade humana e o significado e a estabilidade são buscados no eu interior. Ideias semelhantes tem sido analisada no outro lado do espectro político, às vezes influenciados diretamente pelo marxismo. Embora sua linguagem seja menos de “sociedade de massas” e mais a de capitalismo e transformação em mercadoria, sua tese geral não é totalmente diferente do primeiro grupo de autores, na medida em que as instituições modernas são vistas como tendo assumido grandes áreas da vida social despojando-as do conteúdo significativo que elas já tiveram. 

A ideia do declínio da comunidade tem sido eficazmente criticada à luz de pesquisa empírica em regiões urbanas e muita coisa se concluiu sobre essas investigações no sentido de as questionar. E, para sermos breves, uma dessas dificuldades principais neste debate diz respeito, segundo a interpretação de Giddens, aos termos pelos quais ele tem sido conduzido. Isto é, o “comunal” tem sido oposto ao “social”, o “impessoal” com o “pessoal” – e, a partir de uma perspectiva diferente, o “Estado” com a “sociedade civil” – como se estas fossem todas variantes da mesma coisa. Mas a noção de comunidade, como a aplicada às culturas pré-modernas ou modernas, compreende diversos conjuntos de elementos que devem ser distinguidos. Eles podem ter relações comuniais em relação ao lugar; laços de parentesco; relações de intimidade pessoal entre pares (amizade); e relações de intimidade sexual. Se os desembaraçarmos, podemos desenvolver um ponto de vista diferente a partir de cada um. No sentido conceitual de uma “afinidade encaixada” ao lugar, a “comunidade” tem sido de fato em grande parte destruída, embora se possa discutir o quão longe foi este processo em contextos específicos, o que demonstra que os laços de parentesco de certos tipos sociais permanecem fortes em alguns contextos nas sociedades modernas dificilmente significa que o parentesco desempenha o papel que já desempenhou na estrutura da vida cotidiana para a maioria das pessoas.   

Enfim, a vasta extensão de sistemas abstratos associada à modernidade transforma a natureza da amizade. É claro que a amizade é com frequência um modo de “reencaixe”, mas ela não está diretamente envolvida nos próprios sistemas abstratos, que superam explicitamente a dependência a laços pessoais. O oposto de “amigo” já não é mais “inimigo”, nem mesmo “estranho”, ao invés disto é “conhecido”, “colega”, ou “alguém que não conheço”. Acompanhando esta transição, a honra é substituída pela lealdade que não tem outro apoio a não ser o afeto pessoal, e a sinceridade é substituída pelo que podemos chamar de autenticidade: a exigência de que o outro seja aberto e bem-intencionado. Um amigo não é alguém que sempre fala a verdade, mas alguém que protege o bem-estar emocional do outro. O “bom amigo” que pode ser compreendido como alguém cuja benevolência é disponível mesmo em tempos difíceis, é o substituto para o “honorável companheiro”. Em cenários pré-modernos, a confiança básica é fendida em relações de confiança na comunidade, laços de parentesco e amizades. Embora estas conexões sociais possam envolver intimidade emocional, não é condição da manutenção de confiança pessoal. Laços pessoais institucionalizados e códigos de sinceridade e honra ou informalizados fornecem estruturas de confiança. Inversamente, a confiança pessoal nos outros é um meio fundamental por onde relações sociais de um tipo distanciado, que se estendem até “territórios inimigos”, são estabelecidas. 

As rotinas que são estruturadas por sistemas abstratos têm um caráter vazio, amoralizado e isto vale também para a ideia de que o impessoal submerge cada vez mais o pessoal. Mas não se trata simplesmente de uma diminuição da vida pessoal em prol de sistemas impessoalmente organizados – mas de uma transformação genuína da própria natureza do pessoal. Relações pessoais cujo principal objetivo é a sociabilidade, informadas pela lealdade e autenticidade, tornam-se uma parte das situações sociais de modernidade da mesma forma que as instituições abrangentes de distanciamento tempo-espaço. É bastante errôneo, contudo, realçar a impessoalidade dos sistemas abstratos contra as intimidades da vida pessoal como a maior parte das explicações sociológicas correntes tendem a fazer. A vida pessoal e os laços sociais em que ela envolve estão profundamente entrelaçados com os sistemas abstratos de mais longo alcance. A confiança em pessoas não é enfocada por conexões personalizadas no interior da comunidade local e das redes de parentesco. A confiança pessoal torna-se um projeto, a ser “trabalhado” pelas partes envolvidas e requer a abertura do indivíduo para o outro. Onde ela não pode ser controlada por códigos normativos fixos, a confiança tem que ser ganha, e o meio de fazê-lo consiste em abertura e cordialidade demonstrativos. 

Bibliografia geral consultada.

ODÁLIA, Nilo (Org.), Varnhagen: História. São Paulo: Editora Ática, 1979; CANCLINI, Néstor García, Culturas Híbridas: Estratégias para Entrar y Salir de la Modernidad. México: Editorial Grijalbo, 1989; MARTINS, Ivan Barbosa, A Formação do Embu no Período Colonial. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em História. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007; BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony; LASCH, Scott, Modernização Reflexiva: Política, Tradição e Estética na Ordem Social Moderna2ª edição. São Paulo: Editora Unesp, 2012; BEDIN, Andrea Gomes, Igreja Nossa Senhora do Rosário, Embu das Artes (SP): Arte e Educação Jesuíticas. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2015; ARENA, Angela Maria, Patrimônio Arquitetônico e Urbano: Reflexões sobre os Parâmetros de Intervenção e sua Prática nas Edificações Protegidas do Centro Histórico de Embu das Artes. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu, 2014; ALMEIDA, Rodolfo Rodrigues de, Doutrina e Catequese em São Paulo de Piratininga: Adaptação e Ressignificação. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em História. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2015; AZEVEDO, Mauro Pisaneschi, O Processo de Transformação Socioespacial de Embu das Artes: Um Diálogo com a Metropolização de São Paulo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; ARAÚJO, Catherine Oliveira, Mapeamento do Alunado com Transtorno do Espectro Autista no Município de Embu das Artes: Perfil Clínico e Escolar. Tese de Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2018; SILVA, Angélica Brito, “Do Aldeamento de Mboy à Formação do Museu de Arte Sacra dos Jesuítas em Embu das Artes (SP)”. In: Estudos Avançados, 35 (102), 2021; OLIVEIRA, Luiz Eduardo Meneses de, “Pombalismo e Antipombalismo no Brasil: Representações das Reformas do Ensino no Centenário e no Bicentenário do Marquês de Pombal”. In: Rev. Bras. Hist. Educ vol.22.  Maringá 2022 Epub 09-Dez-2021; HAUBERT, Mariana; FAGUNDES, Murilo; FAGUNDES, Emilly Behnke, “Alckmin confirma Lara Resende, Arida e Barbosa na transição”. In: https://www.poder360.com.br/08/11/2022; ROSA, Marlize; REIS, Rodrigo, “Povos Indígenas em Contextos Urbanos na América Latina: Algumas Considerações a partir da Realidade Brasileira”. In: Espaço Ameríndio. Porto Alegre, vol. 17, n° 1, pp. 1-39, jan./abr. 2023; entre outros.