“Os afetos
atravessam o corpo como flechas, são armas de guerra”. Félix Guattari (1990)
Para o que nos interessa, socialização e individualização de um ser humano são nomes diferentes para o mesmo processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros e é, ao mesmo tempo, diferente de todos os outros. O mais das vezes, as teorias sociológicas deixam sem resolver o problema da relação entre o indivíduo e a sociedade. Como ocorre no filme O Lenço Amarelo (1977), as teorias sociológicas deixam sem resolver o problema da relação entre o indivíduo e a sociedade, entre o indíduo e as relações de trabalho. Quando se fala que uma criança se torna um indivíduo humano por meio da integração em determinadas figurações como, por exemplo, em famílias, em classes escolares, em comunidades aldeãs ou em Estados, assim como mediante a apropriação e reelaboração de um patrimônio simbólico especificamente social, conduz-se o pensamento por entre dois grandes perigos da teoria e das ciências humanas: o perigo de partir de um indivíduo a-social, como de um agente que existe por si mesmo; e o perigo de postular um “sistema”, um “todo”, em suma uma sociedade que existiria para além do ser humano singular, para além dos indivíduos reais. Isto é, o convívio dos seres humanos em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na desintegração, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É isso que o conceito de figuração exprime. O giant Max Weber (1864-1920) tentou “resolver” esse problema central da sociologia.
Os seres humanos, em virtude de sua interdependência fundamental uns dos outros, agrupam-se sempre na forma prática de figurações específicas. Diferentemente das configurações de ouros seres vivos, essas figurações não são fixadas nem com relação ao gênero humano, nem biologicamente. Vilarejos podem se tornar cidades; clãs podem se tornar pequenas famílias; tribos podem se tornar Estados. Seres humanos biologicamente invariáveis podem formar figurações variáveis. Essas figurações possuem peculiaridades estruturais e são representantes de uma ordem de tipo particular, formando, respectivamente, o campo de investigação de um ramo da ciência de tipo particular, as ciências sociais em geral e, também, a sociologia. A dificuldade cognitiva encontrada frequentemente neste contexto baseia-se, em última análise, em duas atitudes básicas complementares. Seres humanos singulares convivem uns com os outros em figurações determinadas. Os seres humanos singulares se transformam. As figurações que eles formam uns com os outros também se transformam. Mas as transformações dos seres humanos singulares, e as transformações das figurações que eles formam uns com os outros, apesar de inseparáveis e entrelaçadas entre si, são transformações em planos diferentes e de tipo diferente. Um ser humano singular pode ter relativa autonomia em relação a determinadas figurações, mas em relação às figurações em geral, quando muito, em casos extremos o caso exemplar da loucura. Seria talvez preciso renunciar a crer que o poder enlouquece e que em compensação a renúncia ao poder é uma das condições, segundo Foucault, “para que se possa se tornar sábio”.
O segredo do sexo não é, sem dúvida, a realidade fundamental em relação à qual se dispõem todas as incitações a falar de sexo – quer tentem quebrá-lo quer o reproduzam de forma obscura, ela própria maneira de falar. Trata-se, ao contrário, de um tema que faz parte da própria mecânica dessas incitações, assinala, Michel Foucault (1984: 36): maneira de dar forma à exigência de falar, fábula indispensável à economia infinitamente proliferante do discurso sobre o sexo. O que é próprio das sociedades não é o terem condenado o sexo a permanecer na obscuridade, mas sim o terem-se devotado a falar dele sempre, valorizando-o como o segredo. Através de tais discursos multiplicaram-se as condenações judiciárias das perversões menores, anexou-se a irregularidade sexual à doença mental; da infância à velhice foi definida uma norma do desenvolvimento sexual e cuidadosamente caracterizados todos os desvios possíveis; organizaram-se controles pedagógicos e tratamentos médicos; em torno das mínimas fantasias, os moralistas e, também e sobretudo, os médicos, trouxeram à baila todo o vocabulário enfático da abominação: isso equivaleria a buscar meios de reabsorver em proveito de uma sexualidade centrada na genitalidade tantos prazeres sem fruto? Toda esta atenção loquaz com que nos alvoroçamos em torno da sexualidade, há dois ou três séculos, não estaria ordenada em função de uma preocupação elementar: assegurar o povoamento, reproduzir a força de trabalho, reproduzir a forma das relações sociais; em suma, proporcionar uma sexualidade economicamente útil e politicamente conservadora? Não sabemos ainda se é esse, afinal de contas, o objetivo.
Em todo o caso, não foi por redução que se procurou atingi-lo. O século XIX e o nosso foram, antes de mais nada, a idade da multiplicação: uma dispersão de sexualidades, um reforço de suas formas absurdas, uma implantação das “perversões”. Nossa época foi iniciadora de heterogeneidades sexuais. O planeta Terra vive um período de intensas transformações técnico-científicas, em contrapartida das quais engendram-se fenômenos de desequilíbrios ecológicos que, se não forem remediados, no limite, ameaçam a vida em sua superfície. Paralelamente a tais perturbações, os modos de vida humanos individuais e coletivos evoluem no sentido de uma progressiva deterioração. As redes de parentesco tendem a se reduzir ao mínimo, a vida doméstica vem sendo gangrenada pelo consumo da mídia, a vida conjugal e familiar se encontra frequentemente “ossificada”, na falta de melhor expressão, por uma espécie de padronização dos comportamentos, as relações de vizinhança estão geralmente reduzidas a sua mais pobre expressão. É a relação social da subjetividade com sua exterioridade - seja ela social, cultural, animal, vegetal, cósmica - que se encontra assim comprometida numa espécie de “movimento geral de implosão e infantilização regressiva”. A alteridade tende a perder toda a aspereza. O turismo, por exemplo, se resume quase a viagem “sem sair do lugar”, no seio das redundâncias de imagens e de comportamento social seletivo de grupos.
Todos
os estudiosos do processo civilizador enfrentam um enorme emaranhado de
problemas sociais. Para mencionar alguns dos mais importantes, temos, em
primeiro lugar, a questão mais geral: o processo civilizador constitui uma
mudança na conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica.
Mas, evidentemente pessoas isoladas no passado não planejaram essa mudança.
Pretendendo efetivá-la gradualmente através de medidas conscientes racionais,
deliberadas. A civilização não é, nem o é a racionalização, um produto da
racionalidade humana ou o resultado de um planejamento calculado a longo prazo.
Podemos imaginar em tese que o processo civilizador tenha sido posto em
movimento por pessoas necessárias, dotadas de perspectiva histórica, de um
controle específico, inclusivo dos afetos de curto prazo, já que essa
perspectiva e esse autodomínio pressupõem um processo civilizador. Mas
aconteceu sem um planejamento algum, o que não quer dizer por isso que tenha
ocorrido sem um tipo específico de ordem, na vida e nas estruturas sociais e históricas que a governam. Tomada como um todo, essa mudança não
foi racionalmente planejada, mas tampouco se reduziu ao aparecimento e
desparecimento aleatórios de modelos desordenados.
Um município é uma divisão administrativa com estatuto corporativo e que, geralmente, possui governo e (ou) jurisdição próprios. O termo município também é usado para significar a instituição dirigente de um município, como uma prefeitura. Um município é uma subdivisão administrativa de uso geral, ao contrário de um distrito, que tem fins especiais. O termo é derivado do francês municipalité e do latim municipium, antiga designação romana. É um território dotado de personalidade jurídica e de certa autonomia, constituído por órgãos administrativos e políticos. Quando o território é designado pelo termo municipalidade, muitas vezes se implica que ele não tem, de fato, personalidade jurídica. Por “município”, entende-se o espaço territorial, por vezes com zona rural e urbanizada, dentro de um Estado e administrado por uma prefeitura. Nas Américas Central, América do Norte e América do Sul, o poder local desempenhou com muita eficiência o processo colonizador no que se refere à ocupação das terras e à fixação da população que se mobilizava em busca de terra, trabalho e liberdade.
No
decorrer dos séculos XIX e XX sucederam momentos de centralização e de
descentralização política nos países civilizados do Ocidente. Como consequência
das revoluções liberais ocorridas quase que simultaneamente em 1848 houve
períodos de maior autonomia do poder local. Entretanto, todo esse
processo sofreu lamentáveis recuos com a implantação posterior dos regimes
totalitários de ideologia nazifascista, o que pode ser observado através da
leitura das constituições dos países e das próprias necessidades de
fortalecimento do poder político central. Na atualidade, entretanto, percebe-se
no mundo uma preponderante tendência em rumo à descentralização. Ainda que o
poder local esteja organizado de maneiras diferentes, com variadas designações,
na prática as comunidades têm exercido a autonomia político-administrativa nas
regiões mais desenvolvidas economicamente. Mesmo nos países de regime unitário,
nota-se uma inclinação descentralizadora no que se refere à competência sobre
assuntos que envolvem o cotidiano de cada cidadão e à eletividade dos
representantes da comuna.
A
Carta Europeia de Autonomia Local, aprovada em 1985 pelo Conselho da
Europa, considerou no seu preâmbulo a organização do poder local como um dos
principais fundamentos de todo regime democrático. Segundo o seu Artigo 1º,
deve o princípio da autonomia local ser reconhecido pela legislação interna dos
países membros e, tanto quanto possível, pelas suas próprias constituições. Nos Estados
Unidos da América, berço do federalismo e da democracia contemporânea, não
houve a constitucionalização do poder local. A Constituição de 1787,
caracterizada histórica e politicamente como sintética, não cuidou de detalhar a maioria dos assuntos e
conferiu ao Estado-membro o poder para tratar de suas questões nevrálgicas internamente. Por
isso, encontra-se uma enorme variedade organizacional e administrativa nas
comunidades norte-americanas, diversificando-se de Estado para Estado, sendo
que, em alguns destes entes, muitas vezes fabuloso, não há nenhuma uniformidade do poder local.
Não obstante, o local government é marcado profundamente pela autonomia
e pela participação democrática da população que se baseia em suas arraigadas
tradições políticas.
Todo o conjunto dessa organização social dos
relacionamentos humanos se fez acompanhar de correspondentes mudanças nas
maneiras, na estrutura da personalidade do homem, cujo resultado provisório é
nossa forma de conduta e de sentimentos civilizados. A conexão entre essas
mudanças específicas na estrutura da personalidade, assim como esses mecanismos
de integração são relevantes, de modo mais geral para a compreensão do processo
civilizador. A questão conceitual sobre a civilização, para Norbert Elias (1993), não é razoável, nem
racional, como também não é irracional. É posta em movimento cegamente e
mantida em movimento pela dinâmica autônoma de uma rede de relacionamentos, por
mudanças específicas na maneira como as pessoas se veem obrigadas a conviver.
Mas é absolutamente impossível que possamos extrair dela alguma coisa mais
razoável, alguma coisa que funcione melhor em termos de nossas necessidades e
objetivos. Porque é precisamente em combinação com o processo civilizador que a
dinâmica cega dos homens, entremisturando-se em seus atos e objetivos,
gradualmente leva a um campo de ação maias vasto para a intervenção planejada
nas estruturas social e individual – intervenção está baseada num
reconhecimento cada vez maior da dinâmica não planejada. Isto é per se importante.
As
formações políticas e as instâncias executivas parecem totalmente incapazes de
apreender essa problemática abstrata decorrente no conjunto de suas
implicações. Apesar de estarem começando a tomar uma consciência parcial dos
perigos mais evidentes que ameaçam o meio ambiente natural de nossas
sociedades, elas geralmente se contentam em abordar o campo dos danos
industriais e, ainda assim, unicamente numa perspectiva tecnocrática, ao passo
que só uma articulação ético-política, a que Felix Guattari chama ecosofia,
entre os três registros ecológicos, a saber: o do meio ambiente, o das relações
sociais e o da subjetividade humana é que per se poderia esclarecer
convenientemente tais questões. O que está em questão é a maneira de viver
daqui em diante sobre esse planeta, no contexto da aceleração das mutações
técnico-científicas e do considerável crescimento demográfico. Em função do
contínuo desenvolvimento do trabalho maquínico pela revolução
informática, as forças produtivas vão tornar disponível uma quantidade cada vez
maior do tempo de atividade humana potencial.
Mas com que finalidade socialmente condicionada? A do desemprego, da marginalidade
opressiva, da solidão, da ociosidade, da angústia, da neurose, ou a da cultura,
da criação, da pesquisa, da reinvenção do ambiente, do enriquecimento dos modos
de vida e de sensibilidade? No chamado 3º Mundo, como no “mundo desenvolvido”,
são blocos inteiros da subjetividade coletiva que se afundam ou se
encarquilham em arcaísmos, como é o caso, por exemplo, da assustadora
exacerbação dos fenômenos de “integrismo religioso”. Não haverá verdadeira
resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de
que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural reorientando
os objetivos da produção de bens materiais e imateriais. Essa revolução deverá
concernir, portanto, não só às relações sociais tradicionalmente amparadas de forças visíveis
em grande escala, mas também aos domínios moleculares de sensibilidade, de
inteligência e de desejo.
Uma
finalidade do trabalho social regulada de maneira unívoca por uma economia de
lucro e por relações de poder só pode, no momento, levar a dramáticos impasses
– o que fica manifesto no absurdo das tutelas econômicas que pesam sobre o 3º
Mundo e conduzem algumas de suas regiões a uma pauperização absoluta e
irreversível; fica igualmente evidente em países como a França, onde a proliferação
de centrais nucleares faz pesar o risco das possíveis consequências de acidentes
do tipo Chernobyl sobre uma grande parte da Europa. Sem falar do caráter quase delirante
da estocagem de milhares de ogivas nucleares que, à menor falha técnica, ou
humana, poderiam mecanicamente conduzir a um extermínio coletivo.
Através de cada um desses parti pris exemplares, segundo Guattari (1990),
encontra-se o mesmo questionamento social e político dos modos dominantes de
valorização das atividades humanas, a saber: 1. o do império de um mercado
mundial que laminam os sistemas particulares de valor, que coloca num mesmo
plano de equivalência os bens materiais, os bens culturais, as áreas naturais
etc.
2. o que coloca o conjunto das relações sociais e das relações
internacionais sob a direção das máquinas policiais e militares. Os Estados,
entre essas duas pinças, veem seu tradicional papel de mediação reduzir-se cada
vez mais e se colocam, na maioria das vezes, a serviço conjugado das instâncias
do mercado mundial e dos complexos militar-industriais. Essa situação é mais
paradoxal quando vemos o fim os tempos em que o mundo se encontrava sob a égide
do antagonismo Leste-Oeste, projeção amplamente imaginária da oposição classe
operária/burguesia no seio dos países capitalistas. Será que isso quer dizer
que as novas problemáticas multipolares das três ecologias virão pura e
simplesmente substituir as antigas lutas de classe, seus aparelhos e seus mitos
de referência? Certamente tal substitutibilidade não será tão mecânica assim.
Entretanto, parece provável que essas idênticas problemáticas, que correspondem
a uma complexificação extrema dos contextos sociais, econômicos e
internacionais, tenderão a se deslocar cada vez mais para o primeiro plano. Os
antagonismos de classe herdados do século XIX contribuíram para forjar campos bipolarizados
de subjetividade. Mas durante a segunda metade do século XX, através da
sociedade de consumo, do welfare, da mídia, a subjetividade operária “linha
dura” se desfez com a subsunção dos partidos.
Ainda que as segregações e as hierarquias jamais tenham sido tão intensamente vividas, uma mesma camada imaginária se encontra chapada sobre o conjunto das posições subjetivas. Um mesmo sentimento difuso de pertinência social descontraiu as consciências de classe, mesmo se deixarmos de lado a constituição de polos subjetivos violentamente heterogêneos como os que surgem no mundo muçulmano. Os países ditos de revolução socialistas, também introjetaram os sistemas de valor “unidimensionalizantes” dos regimes políticos erestruturados no Ocidente. O antigo igualitarismo de fachada do mundo comunista dá lugar, assim, ao serialismo de mídia (mesmo ideal de status, mesmas modas, mesmo rock etc.). No que concerne ao eixo Norte-Sul, dificilmente pode-se imaginar que a situação melhore de maneira considerável. Certamente é concebível que a progressão das técnicas agroalimentares acabe por permitir a modificação dos dados teóricos do drama da fome no mundo. Mas na prática, enquanto isso, seria totalmente ilusório pensar que a ajuda internacional, da maneira como é hoje concebida e dispensada, resolva duradouramente qualquer problema que seja! A instauração a longo prazo de imensas zonas de miséria, fome e morte parece daqui em diante fazer parte integrante do monstruoso sistema de “estimulação” do “capitalismo mundial integrado”. Em todo caso, é sobre tal instauração que repousa a implantação das Novas Potências Industriais, centros de hiperexploração, chamados “tigres asiáticos”: Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e assim por diante.
Para
entendermos melhor esta questão, do ponto de vista antropológico, foi na região
sudoeste da ilha da Tasmânia, localizada na Austrália, que a etno-história
Verde começou. Ela não possui caráter de disciplina, constituindo-se apenas em
um método de estudo: trata-se de um campo de pesquisa que está por definir-se.
O significado varia amplamente pelo contexto econômico-social e por quem está
por trás das máscaras sociais. Melhor dizendo, como afirma Caetano Veloso, na música “Você é linda” (1983), nos olhos de gueixa “Kabuki, máscara. Choque entre o azul e o cacho de acácias”. Mais precisamente, a criação do primeiro Partido Verde se
deu em meio a um controverso projeto político do governo australiano com a
tese: “o de transformar o Lago Pedder em um lago artificial para poder
construir uma hidrelétrica na região”. Um grupo de ecologistas do United
Tasmanian Group, se une para tentar impedir o anseio do governo pela
realização da obra. No entanto, os esforços dos ecologistas foram minados pela
autoridade pública australiana. O Lago Pedder, além de passar de “lago natural
para lago artificial”, deixou de abrigar espécies da fauna australiana,
resultando em efeito irreversível para a diversidade de seres vivos e
em desequilíbrio do ecossistema local.
Essa triste história social, contudo, possibilitou uma série de conquistas político-afetivas, que resultam como uma resposta aos modos de vida destrutivos da sociedade global moderna. O que era reconhecido como United Tasmanian Group, em 1972, se tornou Green Party. O Partido Verde nasceu simultaneamente na Tasmânia e na Nova Zelândia. A Nova Zelândia é notável por seu isolamento geográfico: está situada a cerca de 2 000 km a sudeste da Austrália, separados através do mar da Tasmânia e os seus vizinhos mais próximos ao norte são a Nova Caledônia, Fiji e Tonga. Devido ao seu isolamento, o país desenvolveu uma fauna distinta dominada por pássaros, alguns dos quais foram extintos após a chegada dos seres humanos e dos mamíferos introduzidos por eles. A maioria da população da Nova Zelândia é de ascendência europeia (67,6%), sobretudo britânica, enquanto os nativos maoris, ou descendentes, sem desconsiderar o papel social das organizações do terceiro setor nas tentativas de barrar ações do governo que sejam insustentáveis e ecologicamente inviáveis. É importante ressaltar que na própria estrutura governamental diminui as instâncias de veto das ações do governo, facilitando a aprovação de políticas públicas prejudiciais à população e ao ambiente.
Em
outras palavras, há momentos em que se sente que é imprescindível estar dentro
do governo para conseguir construir políticas públicas sustentáveis, limpas e
saudáveis. O Lago Pedder é um lago natural, agora represado, localizado no
sudoeste da Tasmânia, Austrália. Um lago artificial e o desvio de alguns rios
foram formados quando o lago original foi inundado pelo represamento em 1972
pela Comissão hidrelétrica. - “O novo Lago Pedder tem uma área com cerca de 240
km² e é considerado o maior lago de água doce na Austrália. Do ponto de
referência dos opositores da barragem do lago original deve ser conhecido como
o reservatório Huon-Serpentine. O lago está localizado no Parque Nacional do
Sudoeste, o que lhe dá um importante valor biogeográfico e natural” (cf.
Buckman, 2008). A insularidade da Tasmânia e da região selvagem da Tasmânia em
particular, tem contribuído para a sua singularidade e ajudou a protegê-la
contra o impacto das espécies exóticas que afetou seriamente a fauna do
continente.
Tasmânia
foi cortada ecologicamente na história natural, econômica e social da Austrália
continental pelas enchentes do Estreito de Bass acerca de pelo menos
8000 anos atrás, assim, isolando os aborígenes habitantes. Os aborígenes
tasmanianos, vale lembrar, foram até o advento do explorador europeu Abel
Tasman, o maior grupo humano isolado na história social do mundo. Isto é
importante, mas deve-se considerar que algumas das 500 gerações sobreviveram
sem influência externa. Pesquisas e escavações em vales fluviais interiores têm
localizado 37 sítios de caverna, todos considerados por terem sido ocupados
aproximadamente entre 30.000 e 11.500 anos no sentido formativo da
etno-história. Recentes descobertas de arte rupestre em três locais de caverna
demonstraram que tinha um significado cerimonial. Artefatos de pedra dispersos,
pedreiras e abrigos de rocha nas terras altas da Tasmânia indicam uma
distintiva adaptação a este ambiente.
filme
O Lenço Amarelo (1977; 2004), na cidade em Louisiana, Martine (Kristen
Stewart) viaja com Gordy (Eddie Redmayne), jovem que acabara de conhecer. Pelo
caminho eles conhecem Brett (William Hurt), saído recentemente da prisão norte-americana e está
indo carente e saudoso atrás da esposa. Os três embarcam numa viagem repleta de surpresas e
descobertas sobre seus sentimentos. A Louisiana é o 20º menor estado em área e
o 25º mais populoso dos 50 estados dos Estados Unidos da América. Faz fronteira com o
estado do Texas a oeste, Arkansas ao norte, Mississippi a leste e o Golfo do México
para o sul. Uma grande parte de sua fronteira oriental é demarcada pelo rio
Mississippi. É o único estado com subdivisões políticas denominadas “paróquias”,
que são equivalentes territoriais dos chamados condados, tornando-se um
dos dois únicos estados não subdivididos em condados, o outro o Alasca. A
capital do estado é Baton Rouge e sua maior cidade é a famosa Nova Orleans. Parte das terras do estado foi formada de sedimentos arrastados
pelo rio Mississippi, deixando enormes deltas e vastas áreas de pântanos
costeiros.
Em primeiro lugar, o filme O Lenço Amarelo (2008) é um “drama de estrada” romântico norte-americano. É um remake do clássico japonês de mesmo nome: O Lenço Amarelo da Felicidade, dirigido por Yôji Yamada, em 1977, um cineasta e roteirista japonês. Foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro na edição de 2004 pela realização da obra Tasogare Seibei, drama japonês de 2002, dirigido e escrito por Yamada que completa a trilogia Samurai com Kakushi ken: Oni no tsume, ambientado no Japão da década de 1860. Seibei é um samurai confinado a uma vida como burocrata para cuidar das duas filhas e da mãe depois que ficou viúvo. Sua vida pode mudar quando Tomoe, o seu amor da infância, se divorcia do marido. A trama gira em torno de samurais durante um período de mudança nas estruturas hierárquicas e de classe do Japão e Bushi no Ichibun, literalmente Honra do Guerreiro (2006) é ambientado no Japão do período Edo.
Historicamente
Período Edo, ou Idade da Paz Ininterrupta (1603-1868), é um período da
história do Japão que foi governado pelos xoguns da família Tokugawa, no
período de março de 1603 a maio de 1868, o primeiro xogum desta era
estabelecido por Tokugawa Ieyasu na cidade de Edo (Tóquio) três anos após a
batalha de Sekigahara. Foi um período de isolamento político-econômico
do país e rígido controle interno, regulando os feudos através do Código de
Leis. Em 1868, o período terminou com a Restauração Meiji, quando o governo
imperial (tenno) recuperou sua autoridade, marcando o fim das ditaduras
personalistas feudais, iniciando um processo de modernização econômica do
Japão. Em 268 anos o Japão passou por um período de relativa paz e de
valorização social das artes em geral, como o teatro kabuki, a pintura
em madeira, arte do chá, escrita e a educação. Também se desenvolveram a
agricultura e a construção civil básica, no setor de estradas, que
posteriormente, contribuíram para a rápida industrialização do país.
No cinema é o último da aclamada trilogia, seguindo Crepúsculo Samurai (2002) e A Lâmina Oculta (2004). O filme envolve samurais e uma história de traição e vingança. Bushi no Ichibun é uma história de amor. O tema é sobre um samurai chamado Shinnojo e o nobre trabalho na cozinha, usualmente o dos “provadores de comida do governante”. Ambientado no sul dos Estados Unidos, The Yellow Handkerchief (2008) é estrelado por William Hurt, como Brett Hanson, um ex-presidiário que embarca em uma “viagem solitária” com a sua possível reintegração à sociedade para fora da vigilância da prisão. Literalmente Hanson pega carona com dois adolescentes problemáticos, Martine (Kristen Stewart), de 15 anos, e Gordy (Eddie Redmayne), de 19 anos, pós-furacão Katrina em Louisiana, com o objetivo de resgatar sua ex-esposa May (Maria Bello) e o amor há muito tempo perdido. Ao longo da estrada, os três particularmente refletem sobre sua existência, ao mesmo tempo em que lutam por aceitação social e encontram seu caminho não apenas na identificação pela Louisiana, mas pelo próprio conteúdo de sentido pela vida. Dirigido por Udayan Prasad, um diretor de televisão e cinema britânico nascido na Índia. Ele é reconhecido por seus filmes Brothers in Trouble (1995) e My Son the Fanatic (1997), este último baseado em livro de Hanif Kureshi. O filme foi produzido para o mercado cinematográfico por Arthur Cohn, exibido no Festival Sundance de Cinema em 2008, e teve lançamento posterior em 26 de fevereiro de 2010, pela Samuel Goldwyn Films.
Historicamente
o estado da Louisiana tem mais tribos nativas norte-americanas do que comparativamente
a qualquer outro estado do sul dos Estados Unidos. Incluindo quatro que são
reconhecidas pelo governo federal, dez que são reconhecidas pelo estado e
outras quatro que ainda não receberam reconhecimento. Alguns ambientes urbanos
da Louisiana, por outro lado, uma herança multicultural e multilíngue,
sendo tão fortemente influenciados por uma miscigenação de culturas francesas,
haitianas, espanholas, franco-canadenses, nativas americanas e africanas do
século XVIII, que são consideradas excepcionais nos Estados Unidos antes da
compra do território em 1803. O atual estado americano de Louisiana tinha sido
uma colônia francesa, chamada État de Louisiane e, por um breve período
histórico, espanhola, chamada de Luisiana. Os colonos importaram
numerosos trabalhadores pagos como “utilidade de uso” para ampliar o mercado de
consumo e produção de trabalho escravo no século XVIII. Muitos vieram de povos
da mesma região tribal, territorial, em partes territoriais da África
Ocidental, concentrando assim sua cultura; os filipinos chegaram com a
imigração durante a Louisiana colonial.
No
ambiente pós-guerra civil, os anglo-americanos aumentaram a pressão pela
anglicização linguística para modificar palavras estrangeiras, a fim de
torná-los mais fácil de soletrar, pronunciar ou compreender, e em 1921, o
inglês passou a ser a única língua de instrução nas escolas da Louisiana “antes
que uma política de multilinguismo fosse revivida em 1974”. Não há língua
oficial, por isso, mas a Constituição do estado enumera “o direito do povo de
preservar, fomentar e promover suas respectivas origens históricas,
linguísticas e culturais”. Com base nas médias nacionais, a Louisiana
frequentemente tem uma classificação estatística baixa entre os estados
confederados nos Estados Unidos da América em termos de saúde, educação, e
desenvolvimento, e alta em medidas de pobreza. Em 2018, a Louisiana foi
classificada como o estado menos saudável, com altos níveis de mortes
relacionadas a drogas e consumo excessivo de álcool, enquanto teve a maior taxa
de homicídios nos Estados Unidos desde pelo menos a década de 1990.
A
racionalidade de opiniões e ações é um tema nevrálgico cuja elaboração se deve
originalmente à filosofia. Pode-se dizer, até mesmo, que o pensamento
filosófico tem sua origem no fato de a razão corporificada no conhecer, no
falar e no agir tornar-se reflexiva. O tema fundamental da filosofia é a razão.
A filosofia empenha-se desde o começo por explicar o mundo como um todo,
mediante princípios encontráveis na razão, bem como a unidade na diversidade
dos fenômenos. E não o faz em comunicação com uma divindade além do mundo, nem
pela retrogradação ao fundamento de um cosmo que abranja a natureza e a
sociedade. O pensamento grego não visa a uma teologia, nem a uma cosmologia
ética no sentido das grandes religiões. Ele visa sim à ontologia. Se há
algo em comum às doutrinas filosóficas, é a intenção de pensar o ser ou a
unidade do mundo pela via de uma explanação das experiências da razão em seu
trato consigo mesma. Mas hoje em dia, sem temor a erro, a filosofia já não pode
remeter-se ao mundo, à natureza, à história ou à sociedade como um todo, no
sentido de um saber totalizante.
Os substitutivos teóricos de imagens
de mundo perderam valor não em virtude do avanço fáctico das ciências
empíricas, mas também, e principalmente, pela consciência reflexiva que
acompanhou esse avanço. Por meio dessa consciência, segundo Jürgen
Habermas, o pensamento filosófico retrocede de maneira autocrítica a um ponto
anterior a si mesmo; com a pergunta sobre o que é capaz de conquistar com suas
competências reflexivas no âmbito das convenções científicas, o
pensamento filosófico transforma-se em metafilosofia. Aí o tema se transforma,
e ainda assim continua o mesmo. Onde quer que se tenha formado núcleos
temáticos mais rijos na filosofia contemporânea, a uma argumentação mais
coerente, seja em lógica epistemológica, nas teorias da linguagem e do
significado em ética ou na teoria da ação, até mesmo em estética, o
interesse logo se volta às condições formais da racionalidade do saber e do conhecer,
do entendimento verbal mútuo e do agir, seja no cotidiano, seja no plano das
experiências metodicamente instituídas ou do discurso metodicamente
instituídos. Com isso, a teoria da argumentação ganha significado especial,
porque é dela a questão-tarefa de reconstruir os pressupostos e condições
formal-pragmáticas de um comportamento explicitamente racional. Se esse diagnóstico do conhecimento não
conduz à direção errada, e se está mesmo certo ao afirmar que a filosofia em
suas correntes pós-metafísicas e pós-hegelianas construtivas aflui ao ponto de convergência
de uma teoria da ciência e da racionalidade, de que maneira a sociologia pode fazer valer
suas competências no que diz respeito à problemática da racionalidade?
Parece que o pensamento filosófico que abandona a referência à totalidade perde também o comedimento em relação a si mesmo. Ao objetivo de uma análise formal dessas condições de racionalidade não se deixam associar esperanças ontológicas por teorias materialmente substanciais sobre a natureza, a história, a sociedade etc., tampouco esperanças transcendental-filosóficas de uma reconstrução apriorística do aparato de um sujeito específico não empírico, de uma consciência em geral. Fracassaram todas as tentativas de fundamentação última em que continuassem vivas as intenções da filosofia original. Nessa situação, desponta uma nova constelação na relação entre filosofia e ciências. Como se pode ver pelo exemplo da epistemologia ou da história das ciências, ocorre entre as explanações formais das condições de racionalidade e análise empírica da corporificação e desenvolvimento histórico das estruturas da racionalidade um imbricamento bastante peculiar. As teorias das ciências empíricas modernas – estejam elas voltadas à linha do empirismo lógico, do racionalismo crítico ou do construtivismo metódico – revelam uma pretensão normativa e universalista já desprovida de qualquer resguardo proporcionado por assunções fundamentalistas de natureza ontológica ou transcendental-filosófica.
A pretensão dessas ciências só pode ser checada com base na evidência de exemplos contrários, e só é possível ampará-la, afinal, caso a teoria reconstrutiva logre tomar aspectos internos da história das ciências e, assim, poder prepará-los de modo que seja possível explicar sistematicamente a história das ciências. O que vale para um arcabouço de racionalidade cognitiva tão complexo como a ciência moderna aplica-se também a outras formas reconhecidas do espírito objetivo, ou seja, a corporificações da racionalidade ora cognitiva e instrumental, ora até mesmo prático-estética. Quanto aos conceitos fundamentais, é preciso que investigações desse tipo, empiricamente direcionadas, se apresentem de tal modo que seja possível associá-las a reconstruções racionais de nexo de sentido e soluções de problemas. Nas ciências sociais, é a sociologia que está mais intimamente ligada, em seus conceitos fundamentais, à problemática da racionalidade. Como bem se revela através do método de comparação com outras disciplinas, isso se deve a razões objetivas ligadas à história das ciências humanas. Consideremos inicialmente a ciência política. Ela teve de se emancipar do direito natural racional.
Também o direito natural moderno ainda tomava como ponto de partida da análise a concepção arcaico-europeia, segundo a qual a sociedade se representa como uma coletividade constituída politicamente e integrada por meio de normas do direito. As novas concepções do direito formal burguês ofereceram a possibilidade de agir construtivamente e esboçar a ordem jurídico-política como um mecanismo racional, sob ponto de vistas normativos. E disso uma ciência política de orientação empírica teria de se desprender de maneira radical. Pois tal ciência ocupa-se da política enquanto sistema parcial da sociedade e, com isso, desencarrega-se da tarefa de conceber a interpretação da sociedade como um todo. Na contracorrente em relação ao normativismo do direito natural, exclui da consideração científica as questões prático-morais sobre a legitimidade, ou as trata como questões empíricas de uma crença na legitimidade, que cabe apreender caso a caso por um viés sobretudo descritivo. Dessa forma, ela rompe sua ligação com a problemática da racionalidade. É bastante diferente do que acontece com a economia política que se interessa pela questão sobre como a dinâmica do sistema econômico tinha efeito sobre as ordens que, normativamente, integravam a sociedade. Disso a economia, que se tornou uma ciência especializada, acabou por se desprender autonomizando-se.
A
partir dessa perspectiva parcial, instrumental, pode minimizar os problemas da
racionalidade, reduzindo-os a considerações sobre o equilíbrio econômico e a
perguntas acerca da escolha racional. Em face disso, a sociologia surgiu como
disciplina cuja competência abrangeria exatamente os problemas deixados de lado
tanto pela política e quanto pela economia do trabalho, em seus respectivos
percursos até se tornarem ciências especializadas. Seu tema são as
transformações sociais que impele das relações o conjunto do processo da integração social ocasionadas das mediações complexas estruturadas de sociedades
europeias, mais antigas e mediante a autonomização e diferenciação de um sistema
econômico regulado pela estruturação e expressão de mercado. A sociologia
torna-se a ciência de interpretação da crise par excellence, que se
ocupa dos aspectos anômicos da dissolução de sistemas sociais tradicionais e da
formação de sistemas sociais modernos. Sob essas condições iniciais a
sociologia também poderia ter se restringido a um subsistema único. Do ponto de
vista da história das ciências, de qualquer modo, a sociologia da religião e a
do direito formam o cerne da nova disciplina.
Neste aspecto, a sociologia de Norbert Elias (2006) compreende que, o conceito de figuração, distingue-se de muitos outros conceitos teóricos da sociologia por incluir expressamente seres humanos em sua formação. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há concretamente figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de vida conjunta em grupos sociais grandes e pequenos é, de certa maneira, singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra. Isto é, sociologicamente, por meio do singular no mundo simbólico específico da figuração já existente alhures no modo de pensar, sentir e agir de seres humanos é o que dispõe a vida. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso real dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos aprendidos.
Sem
sua apropriação, sem o aprendizado, por exemplo, de uma determinada língua
especificamente social, os seres humanos não seriam capazes de se orientar no
seu mundo, nem de se comunicar uns com os outros. Um ser humano adulto que não
teve acesso aos símbolos da língua e representação do conhecimento de
determinado grupo humano permanece fora de todas as figurações humanas
e, portanto, não é propriamente um ser humano. O crescimento de um jovem em no
âmbito das representações das figurações humanas, como processo e experiência,
assim como o aprendizado de um determinado esquema de autorregulação na relação
com os seres humanos, é condição de indispensável desenvolvimento rumo à
humanidade. Quando Norbert Elias representa a questão das figurações que os indivíduos
humanos formam uns com os outros, diz ele, dispomos de “uma imagem e de um instrumento
conceitual mais adequado à realidade” e com cujo auxílio podemos evitar o
tradicional dilema da sociologia: - “aqui o indivíduo, ali a sociedade”, dilema
que se baseia em um jogo científico, com palavras ou com valores.
Max Weber tentou resolver esse problema abstrato central da sociologia, qual seja, o da relativa autonomia das figurações frente aos indivíduos que as formam, criando o conceito de tipo ideal, e portanto, admitindo que figurações enquanto tais não existem n arealidade a não ser como “abstrações idealizadas” de aglomerados menos ordenados de agentes individuais e de suas ações orientadas expressamente para outros agentes. Mas não percebia que as figurações que os seres humanos formam uns com os outros são tão reais quanto cada um desses seres considerados por si só. Ele também percebeu que a representação sociológica da realidade abstrata das figurações, no caso analítico de Émile Durkheim, existia fora do ser humano singular, ou quando muito, apenas mediante o conceito de “interpenetração de indivíduo e sociedade”, que indica bem claramente a aceitação de uma existência separada dos dois planos inseparáveis da existência humana como persiste na religião. Os pensadores clássicos da sociologia, para não falarmos dos contemporâneos, quase sem exceção, procuram apresentar sua teoria da ação de maneira que as categorias que a integram atinjam os aspectos mais importantes da transição de comunidade para a sociedade. Em um plano metodológico, o problema do acesso interpretativo ao campo dos objetos simbólicos considerados é tratado de maneira correspondente; a compreensão de orientações racionais da ação torna-se o ponto de referência para a compreensão de todas as orientações da ação.
Ao
analisar a sociedade por meio do método da “compreensão de sentido”, Max Weber (1992) procede de tal modo que se precisam referir os casos mais complexos ao
caso-limite da compreensão do agir racional-finalista: a compreensão do agir
subjetivamente orientado ao êxito que requer ao mesmo tempo uma valoração social
objetivamente desse mesmo agir segundo critérios da racionalidade de correção.
Por fim, evidencia-se o nexo entre essas decisões metodológicas e vinculadas à
conceitualidade básica e a questão central sobre como o racionalismo ocidental
pode ser explicado. Esse nexo poderia ser contingente, poderia ser simplesmente
um sinal de que havia se ocupado desse questionamento, e de que esse previsível
interesse antes casual, havia logrado chegar aos fundamentos heurísticos da
formação abstrata da teoria. Quando se desfaz o liame entre os processos utilizados
de modernização e o conceito de racionalização, e quando se submetem esses
processos a outros pontos de vista, isso é o bastante para que, por um lado, os
fundamentos ligados à teoria da ação desprendam-se de quaisquer conotações da
racionalidade da ação e, por outro, a metodologia da compreensão de sentido se
desprenda do problema entre as questões ligadas à significação e questões
ligadas à validade. Apenas no Ocidente existe a ciência em um estágio de desenvolvimento que atualmente reconhecemos como válido. Isto é, fatores a que se pode atribuir na civilização ocidental, e somente nela, terem surgido fenômenos culturais dotados de um desenvolvimento universal em seu valor e significado.
Bibliografia geral consultada.
FOUCAULT, Michel, História da Sexualidade I: A Vontade de Saber. 5ª edição. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984; GUATTARI, Félix, As Três Ecologias. Campinas (São Paulo): Editora Papirus, 1990; Idem, Caosmose: Um Novo Paradigma Estético. 1ª edição. São Paulo: Editora 34, 1992; WEBER, Max, Economia y Sociedad. Esbozo de Sociologia Comprensiva. México: Fondo de Cultura Económica, 1992; pp. 25 e ss.; BERNSTEIN, Richard; GIDDENS, Anthony; RORTY, Richard, “et al”, Habermas y la Modernidad. Madrid: Catedra Ediciones, 1994; KEROUAC, Jack, Pé na Estrada. Porto Alegre: L & PM Editor, 2004; NAGEL, Robert, “Estados e Localidades: Um Comentário sobre o Comunitarismo de Robert Nisbet”. In: Publius, vol. 34, nº 4, 2004; CLAVAL, Paul, La Pensée Geographique. Paris: Presses Universitaires de France, 1982; Idem, La Geographie du XXeme Siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 2004; ELIAS, Norbert, Ensaios & Escritos (1): Estado, Processo, Opinião Pública. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006; PEIXOTO, Elza Margarida de Mendonça, Estudos de Lazer no Brasil: Apropriação da Obra de Marx e Engels. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. Campinas: Universidade de Campinas, 2007; BUCKMAN, Greg, Tasmania`s Wilderness Battles. A History. Austrália: George Allen & Stanley Unwin Editor, 2008; ROUILLÈ, André, A Fotografia: Entre Documento e Arte Contemporânea. São Paulo: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, 2009; MAFFESOLI, Michel, Saturação. São Paulo: Editoras Iluminuras, 2010; HABERMAS, Jürgen, Teoria do Agir Comunicativo. Volume 1. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012; BRAGA, Ubiracy de Souza, “A Exegese da Arte, o Amarelo”. In: Jornal O Povo. Fortaleza, 21 de fevereiro de 2015; GOFFMAN, Erving, Manicômios, Prisões e Conventos. São Paulo: Editora Perspectiva, 2015; BENZAQUEM, Guilherme Figueredo, “Quando o Indivíduo se Transforma: Reflexões a partir de Mead, Goffman e Garfinkel”. In: Ponto e Vírgula – São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nº 24, 2º semestre de 2018; REINA, Alessandro, O Cinema Novo como Fator de Educação por Intermédio da Prática Cineclubista. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2022; entre outros.
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