“Senhor, uma andorinha só não faz verão”. Miguel de Cervantes
A Filosofia da natureza é a expressão usada para descrever o estudo da natureza, tanto do ponto de vista que chamamos científica, ou empírica, quanto do ponto de vista metafísico, de uma ciência geral de movimento e mudança, o movimento sendo entendido como qualquer tipo de mudança, como mudança de qualidade ou de lugar. Como o nome sugere a filosofia natural é interessada com esses movimentos e mudanças que ocorrem naturalmente, tal como geração, crescimento, e movimentos espontâneos como do coração e digestão, a queda de corpos e os movimentos circulares das esferas celestes. Num sentido mais restrito ela se destinava a todo o trabalho de análise e síntese de experiências comuns adicionados aos argumentos relativos à descrição e compreensão da natureza. O termo ciência, todavia, emergirá historicamente um pouco mais tarde, depois das descobertas científicas de Galileo di Vincenzo Bonaulti de Galilei, reconhecido Galileu Galilei, René Descartes e Sir Isaac Newton para o desenvolvimento da investigação experimental independente e de natureza matemática, governada por um método.
Fora de dúvida, algumas emoções estudadas por
intermédio dos pesquisadores naturalistas são, evidentemente, consideradas
primárias e universais. Contudo, lembra Le Breton (2019: 256 e ss.), não há
acordo em relação ao repertório das emoções de base, pretensamente inatas e
fisiologicamente descritíveis. Mas a simples identificação das emoções de base
gera enormes dificuldades. Além de contrariar a realidade concreta humana, em
nome das quais se realiza tal digressão, ela ainda enfrenta um importante
desmentido: nenhuma estrutura neurofisiológica justifica a distinção de tais
emoções. A botânica propugnada por tais pesquisadores classifica a afetividade,
a embala em celofane e a estoca num herbário. Ela está condenada para sempre
trabalhar sobre uma forma ideal típica, seguindo o exemplo de obras que
propõem chaves gestuais nas quais cada desenho ilustra uma fisionomia: a
alegria, a dor, a cólera ou certamente, o genuíno tratamento de desprezo.
A divisibilidade infinita do espaço implica a do tempo, como fica evidente pela natureza do movimento. Mas podemos aqui observar, afirma Hume (2009), que nada pode ser mais absurdo que o costume de atribuir uma dificuldade aquilo que pretende ser uma demonstração. As demonstrações não são comparativamente como as probabilidades, em que podem ocorrer dificuldades, e um argumento pode contrabalançar outro, diminuindo a prática de sua autoridade. Uma demonstração ou é irresistível, ou não tem força alguma. Portanto, falar em objeções e respostas, em contraposição de argumentos numa questão como essa, é o mesmo que confessar que a razão humana é um simples jogo de palavras, ou que a pessoa que assim se exprime não está à altura desses assuntos. Há demonstrações difíceis de compreender, por causa do caráter abstrato de seu tema; nenhuma demonstração, porém, uma vez compreendida, pode conter dificuldades que enfraqueçam sua autoridade.
É uma máxima estabelecida da metafísica que tudo que a mente concebe claramente inclui a ideia da existência possível, ou, em outras palavras, que nada que imaginamos é absolutamente impossível. Não poderia haver descoberta mais feliz para a solução de todas as controvérsias em torno das ideias que as impressões sempre precedem as ideias, e que toda ideia contida na imaginação apareceu primeiro em uma impressão correspondente. As percepções deste último tipo são todas tão claras e evidentes que não admitem discussão, ao passo que muitas de nossas ideias são tão obscuras que é quase impossível, mesmo para a mente humana que as forma, dizer qual é exatamente sua natureza e composição. Façamos uma aplicação desse princípio, a fim de descobrir algo mais sobre a natureza de nossas ideias de espaço e tempo. Melhor dizendo, que as ideias da memória são mais vivas e fortes que as da imaginação, e que a primeira faculdade pinta seus objetos em cores mais distintas que as que possam ser usadas pela última. Ao nos lembrarmos de um acontecimento passado, sua ideia invade nossa mente com força, ao passo que, na imaginação, a percepção é fraca e lânguida, e apenas com muita dificuldade pode ser conservada firme e uniforme pela mente durante todo o período considerável de tempo.
Temos aqui uma diferença sensível entre as duas espécies de ideias. Mas há uma outra diferença, não menos evidente, entre esses dois tipos de ideias. Embora nem as ideias da memória nem as da imaginação, nem as ideias vívidas nem as fracas possam surgir na mente antes que impressões correspondentes tenham vindo abrir-lhes o caminho, a imaginação não se restringe à mesma ordem na forma das impressões originais, ao passo que a memória está de certa maneira amarrada quanto a esse aspecto, sem nenhum poder de variação. É evidente que a memória preserva a forma original sob a qual seus objetos se apresentaram. A principal função da memória não é preservar as ideias simples, mas sua ordem e posição. Esse princípio se apoia em aspectos comuns e vulgares do dia a dia que podemos nos poupar o trabalho de continuar insistindo nele. Como a imaginação pode separar todas as ideias simples, e uni-las novamente da forma que bem lhe aprouver, nada seria mais inexplicável que as operações dessa faculdade, se ela não fosse guiada por alguns princípios universais, que a tornam, em certa medida, uniforme nos momentos e vivência e lugares praticados.
Fossem as ideias inteiramente soltas e desconexas, apenas o acaso as ajuntaria; e seria impossível que as mesmas ideias simples se reunissem de maneira regular em ideias complexas se não houvesse algum laço de união entre elas, alguma qualidade associativa, pela qual uma ideia naturalmente introduz outra. Esse princípio de união entre as ideias não deve ser considerado uma conexão inseparável, tampouco devemos concluir que, sem ele a mente não poderia juntar duas ideias – pois nada é mais livre que essa faculdade. Devemos vê-lo apenas como uma força suave, que comumente prevalece, e que é a causa pela qual, entre outras coisas, as línguas se correspondem de modo tão estreito umas às outras: pois a natureza de alguma forma aponta a cada um de nós as ideias simples mais apropriadas para serem unidas em uma ideia complexa. As qualidades não dão origem a tal associação, e que levam a mente, dessa maneira, de uma ideia a outra, são três, a saber: semelhança, contiguidade no tempo e no espaço, e causa e efeito. Dois objetos podem ser considerados como estando inseridos nessa relação, seja quando um deles é a causa de qualquer ação ou movimento do outro, seja quando o primeiro é a causa da existência do segundo.
Pois como essa ação ou movimento não é senão o próprio objeto, considerado sob
um certo ângulo, e como o objeto continua o mesmo em todas as suas diferentes
situações, é fácil imaginar de que forma tal influência dos objetos uns sobre
os outros pode conectá-los na imaginação. Podemos prosseguir com esse
raciocínio, observando que dois objetos estão conectados pela relação causa e
efeito não apenas quando produz um movimento ou uma ação qualquer no outro, no
outro mas também quando tem o poder de os produzir. Essa é a fonte das relações de interesse e dever através dos quais os homens se
influenciam mutuamente na sociedade que se ligam pelos laços de governo e
subordinação. Um senhor é aquele que, por sua situação da força ou
acordo, tem o poder de dirigir, sob alguns aspectos particulares, as ações de
outro homem.
Um juiz é aquele que, em todos os casos litigiosos entre membros da sociedade, é capaz de decidir, com sua opinião a quem cabe a posse ou a propriedade de determinado objeto. Quando uma pessoa possui certo poder, nada mais é necessário para convertê-lo em ação que o exercício da vontade; e isso, em todos os casos, é considerável possível, e em muitos, provável – especialmente no caso da autoridade, em que a obediência do súdito é um prazer e uma vantagem para seu superior. Está claro que, no curso de nosso pensamento social e na constante circulação de nossas ideias, a imaginação passa facilmente de uma ideia a qualquer outra que seja semelhante a ela. Assim como existe o nascimento de uma semiologia e sociologia da celebridade e até mesmo mais recentemente, uma economia da celebridade e tal qualidade, por si só, constitui um vínculo afetivo e uma associação suficiente para a fantasia. É também evidente que, com os sentidos, ao passarem de um objeto a outro, precisam fazê-lo de modo regular, tomando-os sua contiguidade uns em relação aos outros, a imaginação adquire, por um longo costume, o mesmo método de pensamento, e percorre as partes do espaço e do tempo ao conceber seus objetos.
Quanto à conexão realizada pela relação de causa e efeito, basta observar que nenhuma relação produz uma conexão mais forte na fantasia e faz com que uma ideia evoque mais prontamente outra ideia que a relação de causa e efeito entre seus objetos. Para compreender toda a extensão dessas relações sociais, devemos considerar que dois objetos estão conectados na imaginação. Não somente quando um deles é imediatamente semelhante ou contíguo ao outro, ou quando é a representação da causa. Mas quando entre eles encontra-se inserido um terceiro objeto, que mantém com ambos alguma dessas notáveis relações. Dentre as três relações mencionadas, a de causalidade é a de maior extensão. Na história da história da humanidade diversas transformações ocorreram quanto ao número de habitantes na Terra. Desse modo, é possível perceber períodos nos quais o número de habitantes era modesto e outros, como o atual, com números considerados bastante elevados. O crescimento populacional significa uma alteração no número de uma população de forma positiva. O crescimento populacional ocorreu no decorrer da história, às vezes em ritmo compassado, outras vezes de maneira veloz, um bom exemplo é o século XX, período no qual houve maior crescimento da população. Fazendo uma retrospectiva quanto ao número da população mundial, é possível traçar uma comparação entre o passado, o presente e o futuro. Cerca de 300 milhões de pessoas era a população mundial há 2.000 anos. A população permaneceu sem apresentar crescimento relevante em extensos períodos, uma vez que havia momentos de apogeu no crescimento populacional e outros de profundos declínios.
A noção de edifício, em sentido estrito, permite fazer referência a qualquer construção realizada pela ação humana. Um teatro ou uma igreja são edifícios. No entanto, a linguagem do dia-a-dia recorre ao termo para mencionar as construções verticais que tenham mais de um andar. Aedificĭum é uma construção fixa que serve de alojamento humano ou que permite realizar várias atividades comerciais, políticas e sociais. Os edifícios estão relacionados com os prédios, os arranha-céus ou as torres, que servem de residência permanente às pessoas ou cujas instalações abrigam escritórios. Em termos de propriedade, há que se referir aos edifícios públicos que pertencem ao Estado, os edifícios privados, quando o proprietário é uma pessoa singular ou coletiva de sociedade anônima. Relativamente ao seu valor de uso, existem edifícios governamentais que albergam delegações do governo, edifícios industriais, onde se desenvolvem atividades técnicas produtivas, edifícios comerciais, compostos por uma grande variedade de lojas, edifícios militares, como os que agrupam os setores militares e os edifícios residenciais, usados como habitações verticais, entre outros. Edifícios inteligentes são aqueles que oferecem aos seus ocupantes um ambiente produtivo, com alto nível de segurança e conforto, por meio de soluções integradas, quando utilizam fontes alternativas de energia e comunicação entre os diversos sistemas operantes no prédio. Arranha-céus são edifícios habitáveis com mais de 40 andares. Eles tiveram origem na década de 1880. Muitos arquitetos e urbanistas debatem a altura ascendente dessas obras pós-modernas, já que elas causam poluição visual, gastos exorbitantes na manutenção e, sobretudo, mudanças no microclima das cidades. O que não podemos negar é que os arranha-céus são importantes para a arquitetura e construção civil, trazendo novas técnicas e uso de novos materiais. O reconhecido provérbio sobre o pássaro: - “Uma andorinha não faz a primavera”, recua à Aristóteles, Ética a Nicomaco.
A ignorância de uma mente infinita frente a uma finitude não representa a indiferença. O reconhecimento da ignorância é uma ignorância instruída, douta. Contudo, a natureza intelectiva se sente atraída por conhecer o incompreensível. É o retorno, nos atrai uma pregustação natural, que nos impulsa a seguir buscando. Tem uma aspiração até a sabedoria, até Deus, ainda reconhecendo que o sábio é agora quem descobre que não pode alcançar a Deus, a plenitude do reconhecer. Deus é esquivo, inalcançável. A douta ignorância não é transcendente, a sabedoria não vem de fora infundida, mas é dentro de si mesma. Isto cria uma dissenção com a modernidade, como na Bíblia. O conhecimento surge de si mesmo na aporia de Hegel. A mente se adequa e cresce, mesmo sabendo que nunca alcançará o Absoluto, mas vai avançando. A douta ignorância tem a relação em si que a razão avança e aproxima-se do conhecimento. O conhecimento se fundamenta no sensível, na experiência, na assimilação, mas isso não é o verdadeiro conhecimento. O verdadeiro conhecimento é o que se desprende da experiência. A razão é a que deve determinar as coisas, o distinguir não é o Absoluto, mas há coisas não distinguíveis que confundimos. Para poder encontrar o verdadeiro conhecimento, tem que se separar das características das coisas e encontrar a essência das próprias coisas.
E
tem-se que buscar o que faz a coisa ser o que é, desprendendo-se de tudo o que
não o faz único, para encontrar a qualidade ou categoria essencial. O que
permite encontrar a qualidade no pequeno limite. O filósofo é quem busca, com
humildade, o conhecimento e a sabedoria. Deste ponto de vista, filosofia
significa amor à sabedoria. O filósofo é o amigo, o amante para o conhecimento,
aquele que demanda a verdade, não aquele que acha que a possui. Mas o que
interroga, não é aquele que se fecha em certezas supostamente definitivas. O
filósofo tem uma qualidade que entendemos ser a “douta ignorância”. Ela
equivale a uma disposição do espírito, a uma abertura da mente em relação à
procura da verdade. Ao reconhecer a sua própria ignorância, o filósofo sabe que
a consciência de que nada sabe é um princípio para superar as ilusões do falso
saber, do reino das aparências, ou de um saber que, apesar de limitado, se
considera ilimitado. Quando devidamente praticado, o lema socrático “só sei que
nada sei” (Το μόνο που ξέρω ότι δεν ξέρω τίποτα), se é verdade, permite
que nos libertemos da tirania do hábito a que está submetido quem julga possuir
a verdade como um Direito.
A ignorância como inibição, repetimos, não por acaso pode aparecer em casos limitados e ligados a situações pontuais. A “não aprendizagem” pode corresponder a uma retração intelectual do “eu” (moi). Entendo, com isso, uma retração do inconsciente lógico que dá a imagem de um “eu” (moi) ignorante. Essa retração pode aparecer, segundo Freud, em três ocasiões: a primeira, quando os órgãos intervenientes na ação de aprender sexualizam-se; a segunda, quando o sujeito evita o sucesso, apresentando, no momento preciso de obtê-lo, um comportamento de fracasso de si mesmo. É preciso levar em conta que o saber está sempre submetido ao interdito; e a terceira, quando o “eu” (moi) requer toda a energia disponível, por exemplo, durante o período de luto. A dificuldade de aprender parece estar ligada aí à falta de resignação das aprendizagens que representam a situação perdida. É necessário acreditar, então, que a ignorância, no sujeito que aprende, representa seu modo de viver a relação com o “outro do conhecimento”, um jeito de resolver a alternativa dramática, posta já a Adão e Eva, na mitologia cristã entre o saber e a ignorância. Para o sujeito superar sua perturbação, é preciso restituir ao ser à atividade cognitiva da alegria que foi pervertida sob a forma de ignorância. No século passado, na Áustria, o jovem estudante Törless, tímido e inteligente observava o comportamento sádico de seus amigos da escola, e não toma nenhuma providência, quando estes escolhem como vítima uma colega da sala de aula, até que a tortura vai longe demais. Adaptação do aclamado livro, o filme: Der Young Törless (1996) de Robert Musil, esta obra prima, deu internacionalidade ao movimento do chamado Cinema Novo Alemão, e ganhou em 1996 no Festival de Cannes, o Prêmio da Crítica Internacional para o já bastante premiado diretor, Volker Schlondorff.
Chama-se etologia a ciência dedicada ao estudo do comportamento dos animais. No caso das aves, a observação do comportamento se torna muito interessante e prazerosa devido à diversidade, à curiosidade e, muitas vezes, à complexidade e beleza. As andorinhas representam um grupo de aves pertencentes à família Hirundinidae. São graciosas e ágeis. Voam, realizando longas migrações. Estatisticamente existem no mundo cerca de 80 espécies de andorinhas. Exceto na Antártida, pois esta ave não vive em lugares de baixa temperatura. A andorinha, em geral, é de cor azul, com o peito acinzentado claro. Elas são aves de pequeno porte, com asas longas e pontiagudas, com a cauda geralmente bifurcada, bico e patas curtas. É monogâmica, possuindo um parceiro durante toda a sua existência. Por essa razão está associada ao amor e à fidelidade. Esta ave remete à partida e ao regresso, pois, parte no inverno e regressa na primavera, por vezes, ao mesmo lugar que havia deixado. Devido à essa característica, a andorinha simboliza os movimentos cíclicos da existência que oscilam entre o Yin (inverno) e Yang (primavera), e a tudo relacionado a esses aspectos: a renovação, mudanças e ao renascimento. Sua alimentação consiste de insetos que capturam com o bico aberto, durante o deslocamento no voo. Cada andorinha consome cerca de 10.000 insetos por dia, pois necessita de consumo de calorias notável para poder desenvolver-se plenamente. Os ninhos são comumente feitos com lama, restos vegetais e a saliva.
Geralmente ocorrem em barrancos, árvores, estábulos, barracões, garagens, pontes, túneis, barragens, entre outros. O ninho é usado durante anos seguidos, pois com a mudança das estações as andorinhas, migram para outro lugar, mas depois que passa esta estação, elas retornam para o mesmo ninho que haviam deixado antes de migrarem. Viajam longas distâncias, migrando em busca de alimentos e, para isso, se direcionam às regiões quentes. As andorinhas migram de um lugar que esteja no inverno, para ir para outro local com o clima mais ameno ou quente. A andorinha mede entre 16 e 20 centímetros de comprimento, mas quando abre suas asas, pode alcançar 35 centímetros. Seu peso não é muito maior do que esses números. Fica entre 15 e 25 gramas. A plumagem da andorinha recebe vários tons de cores e chega a brilhar no período noturno. Suas penas recebem coloração de azul metálico que quase alcança a tonalidade preta. O queixo do pássaro recebe tom avermelhado e sua cabeça, tom azul. Combinações de cores que sem dúvida geram efeito comunicacional muito apreciável. As asas são pontiagudas, as patas, pequenas, o mesmo quanto ocorre ao bico. A cauda é visivelmente bifurcada. Pouca diferença há entre as andorinhas machos e fêmeas. As cores são idênticas e distribuídas nas mesmas partes. A andorinha fêmea tem penas mais curtas e recebe no abdômen uma sombra mais pálida. A andorinha mais comum no Brasil é a Progne chalybea, reconhecida como andorinha-grande. Essa espécie tem penas castanho-cinzentas no peito e penas azuis nas laterais. Etnograficamente é uma ave primaveril, que anuncia a chegada da primavera quando os dias estão mais longos para viver. O campo começa a encher-se de flores e o ar de grande variedade de sons e música. Estamos no início da primavera. As aves vivem com alvoroço a nova estação, disparando pelo céu em busca de um par para iniciar mais um ciclo de vida.
As andorinhas são encontradas ao
redor do mundo. A maioria voa longas distâncias para escapar do frio e encontrar
alimento, pois os insetos voadores desaparecem durante o inverno. Voam em
grandes bandos durante o dia e passam a noite em bosques ou pântanos.
Percorrem, às vezes, grandes distâncias e retornam sempre ao local de origem,
geralmente na primavera. A andorinha é ave migratória; algumas espécies
nidificam na América do Norte e passam a estação do inverno no Brasil. As
andorinhas voam contra o vento e realizam longos voos planados para pegar
insetos. Dormem nos beirais dos telhados ou em fendas diversas. Algumas
espécies constroem ninhos de estrume ou barro, dando-lhes grande resistência
com o acréscimo de sua própria saliva. Outras nidificam em galhos ocos ou em
buracos em pedras ou barrancos, nos quais escavam galerias. Os ovos, brancos,
são chocados pelo casal, que dorme junto no ninho, fato quase incomum entre as
aves. A incubação dura 15 dias em média. Os pais se revezam na alimentação dos
filhotes, que começam a abandonar o ninho com cerca de um mês de vida. A
andorinha é um tipo de ave que é difundida no mundo. Pode ser
encontrada em quase todas as partes dos Estados Unidos continentais e grande
parte do Canadá.
Na história desde a Antiguidade
que o aparecimento e desaparecimento das aves inquietavam os naturalistas, que
não tinham a certeza se as aves migravam ou hibernavam. Sabemos através de
pesquisa concreta que 5 milhões de aves terrestres de 190 espécies deixam a
Europa e a Ásia em direção a África, e que algo similar ocorre na América do
Norte, com mais de 200 espécies a migrar para Sul. A pergunta é que por que as
aves migram continua a ser intrigante para os investigadores. Os benefícios têm
que ser substanciais porque os custos energéticos e os riscos da migração são
muito elevados. Pensa-se que mais de metade dos passeriformes terrestres
que nidificam no hemisfério norte não regressam da sua migração para sul. A
grande vantagem da migração é que permite que haja atividade ao longo de todo o
ano, não sendo necessário recorrer a hibernação ou estivação, podendo as aves
explorar recursos alimentares sazonais enquanto vivem em regiões com clima
favorável a sua reprodução. Podem também evitar o reduzido número de horas do
dia do inverno mais próximo dos polos e maximizar o tempo que podem despender a
alimentar-se, bem como explorar booms de disponibilidade de alimento em zonas do globo em bons períodos do ano. Outras aves fogem da
escassez de locais de nidificação e da competição com outras espécies.
Aves representam conceitualmente uma classe de seres
vivos vertebrados endotérmicos caracterizada pela presença de penas, um bico
sem dentes, oviparidade de casca rígida, elevado metabolismo, um coração com
quatro câmaras e um esqueleto pneumático resistente e leve. As aves estão
presentes em todas as regiões do mundo e variam significativamente de tamanho,
desde os 5 cm do colibri até aos 2,75 metros da avestruz. São a classe de
tetrápodes com o maior número de espécies vivas, aproximadamente dez mil, das
quais mais de metade são passeriformes. As aves apresentam asas, que são mais
ou menos desenvolvidas dependendo da espécie. Os únicos grupos reconhecidos sem
asas são as moas e as aves-elefante, ambos historicamente extintos. As asas,
que evoluíram a partir dos membros anteriores, oferecem às aves a capacidade de
voar, embora a especiação tenha produzido aves singulares não voadoras, como as
avestruzes, pinguins e diversas aves endémicas insulares. Os sistemas digestivo
e respiratório das aves estão adaptados ao voo. Algumas espécies que
habitam ecossistemas aquáticos, como os pinguins e a família dos patos,
desenvolveram a capacidade técnica de nadar.
As aves, e em particular os fringilídeos de Darwin (2009), tiveram um papel importante no desenvolvimento da teoria da evolução por seleção natural de Darwin. O registo fóssil indica que as aves são os sobreviventes dos dinossauros, tendo evoluído a partir de dinossauros emplumados dentro do grupo terópode dos saurísquios. As primeiras aves apareceram durante o período cretácico, há cerca de 100 milhões de anos, e estima-se que o último ancestral comum tenha vivido 95 milhões de anos. As evidências de ácido desoxirribonucleico (ADN), composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias completas de cada ser vivo, indicam que as aves se desenvolveram extensivamente durante a extinção do Cretáceo-Paleogeno que matou os dinossauros não avianos. As aves na América do Sul sobreviveram a este evento, tendo depois migrado para as várias partes do mundo habitado através de várias passagens terrestres, ao mesmo tempo que se diversificavam em espécies durante os períodos de arrefecimento global. Algumas aves primitivas dentro do grupo Avialae datam do período Jurássico. É um clado que contém as aves e os dinossauros mais próximos. Jacques Gauthier nomeou o clado em 1986, para incluir as Aves e o Archaeopteryx, baseado em caracteres morfológicos. Constitui um arranjo muito controverso e discutido entre os notáveis paleontólogos. Muitos destes ancestrais das aves, como o reconhecido Archaeopteryx, não tinham plena capacidade técnica de voo e muitos deles apresentavam características primitivas físicas como a formação de mandíbula em vez de bico e também cauda vertebrada.
A capacidade de voar proporcionou às aves uma diversificação extraordinária, pelo que hoje em dia vivem e reproduzem-se em praticamente todos os habitats terrestres e em todos os lugares dos sete continentes. As várias espécies reconhecidas de tentilhões demonstraram o poder do método hipotético-dedutivo darwinista, que baseando-se em anotações detalhadas da morfologia, habitat e comportamento em grupo destes pássaros, representam um dos argumentos mais aceitos em seu clássico livro sobre a origem das espécies. A andorinha de celeiro é reconhecida por usar características e construções paisagísticas feitas pelo homem, especialmente celeiros, como locais de nidificação. Na América do Norte, ele pode ser identificado pelo longo garfo na cauda. Nenhuma outra espécie de engolida é tão difundida ou aparece em maior número. Sobre sua caracterização a andorinha macho adulta pode ser identificada por sua cabeça azul escura e por penas azuis na frente ou no topo das asas e cauda. As penas mais longas da asa e da cauda são pretas. Tem uma testa avermelhada e garganta e partes inferiores mais claras também tingidas de vermelho. A fêmea tem coloração mais clara, pode ter partes inferiores mais brancas e tem um “garfo” mais estreito na cauda. Andorinhas de celeiro imaturas são menos profundamente coloridas na cabeça e nas costas. Na ausência de edificações feitas pelo homem, as andorinhas-celeste aninham-se naturalmente em abrigos rochosos como cavernas ou penhascos. Na atualidade eles são comumente vistos em celeiros e muitas vezes pontes, galerias e outras estruturas humanas em geral próximas da água. Como outras andorinhas, eles são reconhecidos como folhetos graciosos. Em voo, as penas da cauda se estendem e suas pontas das asas parecem muito pontiagudas. Eles são reconhecidos por voar baixo enquanto os pássaros procuram por insetos para comer em pleno voo. As estações ocorrem por causa da inclinação da Terra em relação ao Sol. O movimento do planeta em torno do Sol, dura um ano. Este movimento recebe o nome de translação e a sua principal consequência é a mudança das estações do ano. Se a Terra não se inclinasse em seu eixo, não existiriam as estações. Cada dia teria 12 horas de luz e 12 horas de escuridão. E como o eixo do planeta Terra forma um ângulo com seu plano orbital, existe o verão e o inverno, dias longos e dias curtos. Durante o verão, os dias amanhecem mais cedo e as noites chegam mais tarde. Ao longo dos três meses desta estação, o sol se volta, lentamente para a direção norte e os raios solares diminuem sua inclinação. No início do outono, os dias e as noites têm a mesma duração: 12 horas. Isso é porque a posição do sol está exatamente na linha abstrata do Equador. Porém, o Sol, vai continuar se distanciando aparentemente para norte. A partir daí, os raios solares atingem o mínimo de inclinação no início do inverno, e, ao contrário do verão, os dias serão mais curtos e as noites mais longas.
Então,
o Sol vai começar a se deslocar na direção sul. Começando então a primavera e
os dias e as noites terão a mesma duração. Portanto, as estações do ano e a
inclinação dos raios solares variam com a mudança da posição da Terra em
relação ao Sol. Quando o Polo Norte se inclina em direção ao Sol, o hemisfério
Norte se aquece ao calor do verão. Seis
meses mais tarde, a Terra percorreu metade de sua órbita. Agora o Polo Sul fica
em ângulo na posição do Sol. Comparativamente é verão na Austrália e faz frio
na América do Norte. Do latim: Autumn, também reconhecido como o tempo da
colheita e das safras, é nesta época que ocorrem as grandes colheitas. A safra
diz respeito ao plantio feito com a chegada das chuvas. É nesse período do ano
que as condições climáticas estão próprias para o início de lavouras como a do
milho, por exemplo. Os dias ficam mais curtos e mais frescos. As folhas e
frutas, maduras começam a cair no chão. Os jardins e parques ficam coberto de
folhas. Isto ocorre por que os países do hemisfério Norte precisam se preparar
ecologicamente para o inverno. É necessário armazenar comida suficiente para
todos, sem desperdício, para que nada faltar.
Com o início da estação observadores, assim como os fotógrafos e admiradores da natureza podem preparar o foco das lentes ou seus binóculos porque a estação mais florida do ano tem início: a primavera. De forma distinta a época de estação do verão oferece condições para as andorinhas se alimentarem bem. As andorinhas voando em bando no “céu”, também, sinalizam a época de verão. Daí o velho ditado: “Uma andorinha não faz verão”. A andorinha fêmea põe de 4 ou 8 ovos e tanto a fêmea como o macho, ficam chocando os ovos, cerca de 25 dias. A migração é uma deslocação regular entre habitat, e não deve ser confundida com divagações empíricas sobre deslocamentos ocasionais e movimentos dispersivos. Trata-se de um fenômeno intencional e voluntário, uma viagem de certa envergadura e duração. Tem caráter periódico de um cíclico padrão de ir e vir que se repete de forma sazonal e implica espaços geográficos bem definidos. O movimento migratório envolve a população de uma espécie, e não só de uns tantos indivíduos. Os lugares de origem e destino são antagônicos do ponto de vista sociológico e ecológico. A vida da espécie a deslocar-se sazonalmente está dividida entre dois períodos sedentários e dois dinâmicos entre habitat, que se sucedem alternadamente. Durante a primavera, o indivíduo está ligado à área de procriação, onde encontra condições ideais para se reproduzir. No final do verão inicia a migração pós-nupcial que o conduz à área onde passará o inverno. Permanece para que na primavera, possa empreender a viagem de regresso.
É por esta razão que se chama a migração pré-nupcial. Como diz Beto Guedes na canção Amor de Índio (1978): - Se todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor. A massa que faz o pão vale a luz do teu suor. Lembra que o sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de viver. No inverno te proteger, no verão sair pra pescar. No outono te conhecer, primavera poder gostar. No estio me derreter, pra na chuva dançar e andar junto. O destino que se cumpriu de sentir teu calor e ser todo. Não queremos perder de vista neste aspecto o notável Clube da Esquina expressão usada para se referir a um grupo de músicos, compositores e letristas, surgido na década de 1960 em Belo Horizonte. Tendo cantores e compositores como por exemplo, Milton Nascimento, Toninho Horta, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes e Márcio Borges, a musicalidade do Clube da Esquina é intensamente caracterizada como inovadora. Como característica desta tendência musical, têm-se uma espécie de fundição das inovações trazidas pela Bossa Nova com elementos do jazz, do rock, principalmente dos Beatles, música folclórica dos negros e mineira, música erudita e música hispânica. Nos anos 1970, esses artistas tornaram-se referência de qualidade na chamada Música Popular Brasileira (MPB) pelo alto nível de performance e disseminaram suas inovações e influência a nível mundial. Clube da Esquina surgiu da grande amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô), no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, na década de 1960. O início dessa amizade se deu em 1963, depois que Milton chegou à capital para estudar e trabalhar. Milton acabara de chegar de Três Pontas, cidade onde morava a família e onde tocava na banda W`s Boys com o pianista Wagner Tiso; com Marilton foi tocar na noite, no grupo Evolusamba. Compondo e tocando com os amigos, despontava o talento, pondo o pé na estrada e na fama ao vencer o Festival de Música Popular Brasileira e ao ter uma de suas composições, a extraordinária Canção do sal, gravada pela estreante Elis Regina. Muitos membros possuíam participação antes do disco de 1972, e mantiveram carreira durante os anos de 1972 e 1978.
Os
fatores que, num dado momento, desencadeiam a migração das aves, não são de fácil
explicação. Muitas das espécies das aves do hemisfério Norte começam a sua
migração em direção ao Sul, quando ainda existem recursos alimentares mais do
que suficientes para a sua sobrevivência. Estas aves não têm maneira de saber
que passado algumas semanas a temperatura vai descer e que o alimento vai
escassear. O momento do início da migração é provavelmente regulado pelo seu
sistema glandular. As glândulas produzem substâncias químicas, as hormonas.
Está-se em crer que são as variações na produção das hormonas que estimulam a
migração das aves. À medida que os dias se tornam mais pequenos, surgem
variações na produção de hormonas. Como consequência as aves começam a preparar
o seu voo migratório. Contudo, esta variação hormonal não explica por exemplo,
porque é que diferentes espécies comportamentais localizadas na mesma região
começam a sua migração antes de outras, ou ainda, porque é que aves da mesma
espécie não começam a sua migração ao mesmo tempo. Assim, o início da época da
migração não parece depender exclusivamente da duração dos dias, mas também de
fatores, como o clima e a disponibilidade de alimento.
A andorinha-azul é uma ave migratória, que faz um percurso de 8 a 20 mil quilômetros entre a América do Norte, onde vive se reproduz, e a América do Sul, para onde vem no inverno em busca de temperatura mais amenas. Dentre as espécies de andorinha encontradas no Brasil, é considerada grande. Seu padrão de voo é típico de andorinhas, com planeios curtos alternados com batidas longas de asas. No leste e no noroeste da América no Norte, fazem seus ninhos em construções civis, como cabaças perfuradas e caixas de madeira, enquanto no oeste utilizam cavidades naturais, muitas vezes construídas por espécies de pica-pau. As andorinhas-azuis e outras 434 aves foram ilustradas por John James Audubon e impressas, em tamanho real, em 1827, no livro Birds of América. A andorinha-azul possui uma longa história de interação com os seres humanos. Nos Estados Unidos e no Canadá, há centenas de anos são parte da cultura das etnias indígenas. Em 2007, quando o PMCA e a York University implantaram os primeiros geolocalizadores em andorinhas-azuis, permitiu identificar as rotas migratórias e a duração desta viagem através dos continentes. A viagem pode compreender de 8 a 20 mil km de distância, dependendo do grupo de andorinhas. Imagina-se que a população que chega ao Sudeste do Brasil nos primeiros dias do verão venha do Canadá, enquanto as aves que ficam na Amazônia se reproduzam no Leste dos Estados Unidos da América. O migrante mais impressionante é a andorinha-do-mar ártica, que procria no norte do Círculo Ártico, mas voa quase 18 mil km para o sul, em direção à Antártica, quando chega o inverno ao norte.
O Ártico representa uma região em torno do Polo
Norte (latitude 90°). Seu clima é caracterizado por invernos frios e verões
frios. A precipitação vem principalmente na forma de neve. As áreas dentro do
Círculo Polar Ártico (66 ° 34′ de latitude) apresentam alguns dias no verão em
que o Sol nunca se põe e alguns dias durante o inverno em que nunca
nasce. A duração dessas fases varia de um dia para locais no Círculo Ártico a
vários meses perto do Polo, que é o meio do Hemisfério Norte. Entre o Círculo
Ártico e o Trópico de Câncer (23° 26 de latitude) fica a zona temperada do
Norte. As mudanças nessas regiões entre o verão e o inverno são geralmente
amenas, em vez de calor ou frio extremo. No entanto, um clima temperado pode
ter um clima muito imprevisível. As regiões tropicais entre o Trópico de Câncer
e a linha do equador, 0° de latitude, são geralmente quentes durante o ano e
tendem a experimentar uma estação chuvosa durante os meses de verão e uma
estação seca durante os meses de inverno. No hemisfério norte, os objetos que
se movem através ou acima da superfície da Terra tendem a virar para a direita
por causa do efeito Coriolis. Como resultado, fluxos horizontais de ar ou água
em grande escala tendem a formar giros que giram no sentido horário. A sombra de um relógio de sol se move no
sentido horário nas latitudes ao norte do ponto subsolar. Durante o dia, nessas
latitudes, o Sol tende a subir ao máximo na posição ao sul. Entre o Trópico de
Câncer e o Equador, o Sol pode ser visto ao norte, diretamente acima, ou ao sul
ao meio-dia, dependendo da época do ano. No hemisfério sul, o Sol do meio-dia
está predominantemente no norte. Quando vista do hemisfério norte, a Lua parece
invertida em comparação com uma vista do hemisfério sul. O Polo Norte está
voltado para longe do centro galáctico da Via Láctea.
Sociologicamente
é também um pássaro proibido do ciclo reprodutivo na cidade devido às
mudanças bruscas na arquitetura, o aumento do transporte rodoviário urbano, o
tráfego aéreo e uso de máquinas que faz da poluição sonora um dos principais
desafios políticos das cidades. A poluição sonora não compromete apenas o
sistema auditivo, mas afeta o funcionamento do sistema social como um todo. Algumas
cidades começaram a adotar medidas técnicas e sociais para controlar a ininterrupta
barulheira. Em Kakinada, cidade localizada no distrito de Govari Oriental, no
estado indiano de Andhra Pradesh, foram instalados sensores em pontos
estratégicos para detectar mudanças de impacto tecnológico nas emissões
sonoras. O objetivo é prover o governo de técnicas para limitar a circulação de
veículos em determinados horários de pico e reavaliar os padrões do tráfego
aéreo. Estações de monitoramento da empresa de tecnologia francesa Kerlink
foram equipadas com sensores da indiana Oizom para medir a poluição do ar. A
poluição sonora afeta os animais, deixando-os extremamente estressados,
atrapalhando seus instintos de caça, sua reprodução e interferindo em sua
comunicação. Os mais prejudicados são os animais marinhos, pois nos ambientes
subaquáticos o som se propaga com mais rapidez. Por isso, o nível de ruídos é
extremamente alto em ambientes aquáticos, devido a motores de barcos e navios,
plataformas petrolíferas, dentre outros fatores sociais, afetando
principalmente os golfinhos e baleias, que têm como meio de comunicação os
sonares.
O resumo abstrato espontâneo do animal, segundo Durand (1977: 73 e ss.), tal como ele se apresenta à imaginação sem as derivações e as especializações secundárias é constituído por um verdadeiro esquema: o esquema do animado. Para a “criança pequena”, se já não é um truísmo, como para o próprio animal, a inquietação é provocada pelo movimento rápido e indisciplinado. Todo animal selvagem, pássaro, peixe ou inseto, é mais sensível ao movimento que à presença formal ou material. O pescador de trutas sabe muito bem que só os seus gestos demasiado bruscos parecerão insólitos ao peixe. O teste do psiquiatra e psicanalista freudiano suíço, reconhecido por desenvolver um teste projetivo como o teste da mancha de tinta de Rorschach, confirma esse parentesco no psiquismo humano entre o animal e o seu movimento. Geralmente as porcentagens de respostas animais e de respostas cinestésicas são inversamente proporcionais, compensando-se mutuamente: o animal não é mais que o resíduos morto e estereotipado da atenção ao movimento vital. Quanto mais elevada é a porcentagem de respostas animais, mais o pensamento está envelhecido, rígido, convencional ou invadido por humor depressivo. A grande proporção de respostas animais representa sintomaticamente de um bloqueamento da ansiedade. O aparecimento da animalidade na consciência é, portanto, sintoma de uma depressão da pessoa até os limites próprios da ansiedade. Uma das primitivas manifestações ocorre através do formigamento, “imagem fugidia, mas primeira”. Não retenhamos pela etimologia da palavra o trabalho das formigas que aparenta a imagem destas últimas à da serpente fossadora.
Desnecessário dizer que as trevas noturnas constituem o primeiro símbolo do tempo, e entre quase todos os primitivos como entre os indo-europeus ou semitas “conta-se o tempo por noites e não por dias”. As nossas festas noturnas, o São João, o Natal e a Páscoa, seriam a sobrevivência dos primitivos calendários noturnos. A noite negra aparece assim como a própria substância do tempo. A noite recolhe na sua substância maléfica todas as valorizações negativas precedentes. As trevas, pode-se afirmar, são sempre caos e ranger de dentes. O bom senso não chama à hora crepuscular a hora “entre cão e lobo”? Nós próprios mostramos como ao negrume estavam ligados a agitação, a impureza e o barulho. O tema do bramido, do grito, da “boca do senhor” é isomorfo das trevas e Gaston Bachelard cita Lawrence, para quem “o ouvido pode ouvir mais profundamente que os olhos podem ver”. O ouvido é assim o sentido da noite. Ao longo de três páginas, Bachelard mostra-nos que a obscuridade é amplificadora do barulho, é ressonância. As trevas da caverna retêm nelas o grunhido do urso e o respirar dos monstros. Mais ainda, as trevas são o próprio espaço de toda a dinamização paroxística, de toda a agitação.
O negrume é a própria “atividade”, e toda uma infinidade de movimentos é desencadeada pela falta de limites das trevas, nas quais o espírito provoca cegamente o “nigrum, nigrius nigro”. Das ligações isomórficas resulta que a negrura é sempre valorizada negativamente. No nível espetacular da ideologia o diabo é quase sempre negro ou contém algum negror. Os exemplos se multiplicam: o antissemitismo não seria talvez outra fonte desta hostilidade natural pelos tipos étnicos escuros. – “os negros na América assumem também uma tal fixação da agressão dos ovos hospedeiros”, diz Otto Fenichel, “tal como entre nós os ciganos... são acusados com razão ou sem ela de toda a espécie de malfeitorias”. Acrescentaremos que se explica assim na Europa o ódio imemorial do mouro, que se manifesta nos nossos dias pela segregação espontânea dos norte-africanos que residem na França. O mouro torna-se uma espécie de diabo, de papão, tanto nas figuras grotescas que ornamentam as igrejas da Espanha, como Anjou, onde “o gigante Maury se embosca num rochedo perto de Angers e espreita os bateleiros do Manine para os engolir com os respectivos barcos. Vemos assim que a distância entre este Maury e o Ogro não é grande. O ogro, tal como o diabo, tem frequentemente pelo negro ou barba escura. É sobretudo interessante notar, segundo Durand (1997), que esta “negrura” do mal é admitida pelas populações de pele negra.
Podemos acrescentar à mesma lista de reprovados “jesuítas”, de quem Rosenberg fazia a encarnação cristã do espírito do mal. O anticlericalismo popular inspira-se também na França. O teatro ocidental veste sempre de negro as personagens reprovadas ou antipáticas: Tartufo, Basílio, Bártolo, Mefistófeles ou Alceste. A ferocidade de Otelo tem assim o mesmo fundo que a perfídia de Basílio. São estes elementos engramáticos que explicam, em grande parte, o sucesso insensato da apologia racista do Siegfried branco, gigante e louro, vencedor do mal e dos homens negros. Uma vez que as trevas se ligam à cegueira, vamos encontrar nesta linhagem isomórfica, mais ou menos reforçada pelos símbolos da mutilação, a inquietante figura do cego que numerosas valorizações negativas são vistas pela consciência, digamos populista, como são reconhecidos os apelidos de caolho, zarolho ou cego. Um casal de andorinhas na China antiga era visto como símbolo de fidelidade. O retorno das andorinhas servia como marcadores temporais quanto à chegada do equinócio, ocasião em que se realizavam rituais de fecundidade. Na acultura islâmica, a andorinha é símbolo de boa companhia devido à fidelidade para com a parceira e por privilegiar a união familiar. É por isso chamado de “pássaro do paraíso”. Mas para os persas era símbolo de solidão, despedida, devido ao instinto da sua vida nômade. Enfim, para sermos otimistas, concordamos com a assertiva da antropologia do imaginário que considera em todas as épocas e sob todas os incidentes históricos os grandes regimes antinômicos da imagem.
É apenas no contexto sociológico que
colabora na modelagem dos arquétipos em símbolos e constituí a derivação
pedagógica. Há uma “tensão” sociológica crescente que especifica o simbolismo
do arquétipo e do esquema universal na expressão social precisa do conceito por
intermédio do signo de uma linguagem bem diferenciada. Sua tese é o que explica
ao mesmo tempo que uma língua, não se traduza nunca completamente noutra
língua, e que, no entanto, uma tradução, utilizando o semantismo dos mitemas,
seja sempre possível. Este paradoxo inintencional na tradução resume a
ambiguidade psicossocial do símbolo. Damourette e Pichon mostrou bem como uma
língua como o francês organizava a seu modo a repartição das sexuisemelhanças,
primeiro rejeitando o neutro que é o assimilado em francês ao masculino. Toda a
repartição de tipo sexuisemelhante é dirigida pela concepção ativa do masculino
e passiva do feminino. Em francês, tudo o que é diferenciado, dessexualizado,
tudo aquilo a que se empresta uma alma ativa, tudo o que está definido numa
delimitação precisa, metódica e de algum modo arterial é masculino. Pelo
contrário, tudo o que representa uma substância imaterial, abstrata, tudo o que
sofre uma atividade exógena, tudo o que evoca uma fecundidade mecânica é
feminino. É evidente que tal matriz linguístico nunca passa numa tradução. Mas
essa matriz linguisticamente bem especificado vem atuar sobre o fundo universal
das representações mais elementares da feminilidade e da masculinidade. Por
detrás da derivação social da língua persistem na sua universalidade os
arquétipos e símbolos mais gerais sobre os quais vêm aturar incidentes
sociológicos. O trajeto antropológico do sujeito para o seu ambiente
funda uma generalidade compreensiva que nenhuma explicação, mesmo simbólica,
pode transpor per se totalmente. Isto quer dizer o seguinte: que a
história não explica o conteúdo arquetípico, pertencendo a própria história ao
domínio do imaginário.
Bibliografia
geral consultada.
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