Ubiracy de Souza Braga
“Se não morressemos, não apreciaríamos a vida”. Jacques-Yves Cousteau
As explorações curiosamente tendo como fundamento as conquistas do Novo Mundo até o início do século XVI os tubarões eram reconhecidos por marinheiros como “cães marinhos”. A palavra portuguesa tubarão e o termo espanhol tiburón aparecem neste século, em decorrência das navegações por águas tropicais, quando muitos relatos etnográficos revelam a diversidade e quantidade desses peixes popularizando os dois termos na Península Ibérica. Posteriormente, o termo tiburón também foi usado, sem tradução, em pesquisas em francês, alemão e inglês. A origem etimológica do nome inglês shark também é incerta. Uma teoria é que ela deriva da palavra “xoc” da língua Iucateque, de indígenas da América, ao norte e do tronco Maia, falada na Península do Iucatã no México, no norte do Belize e em partes da Guatemala, cuja pronuncia “shok” chega bem próximo da palavra shark. Evidência para esta etimologia vem do Oxford English Dictionary, utilizado pela primeira vez após o marinheiro Sir John Hawkins exibir um espécime em Londres, em 1569, tendo usado a palavra original Shark para se referir “aos grandes tubarões do Mar do Caribe”. Outro sentido original da palavra é “predador”, oriundo da palavra alemã Schorck, uma variante Schurke que tarde “foi aplicado aos peixes devido ao seu comportamento predatório”.
Em todo o mundo globalizado são reconhecidas cerca de 380 espécies destes animais, e particularmente 80 no Brasil, cujos tamanhos podem variar, em geral de 15 cm a 18 metros de comprimento, sendo que em torno de 30 espécies já provocaram, comprovada estatística de acidentes com o homem. Destas, os registros etnográficos de pesquisadores demonstram que somente 12, no imenso litoral brasileiro, são perigosas e realmente podem atacar banhistas, surfistas, pescadores e mergulhadores. Basicamente marinhos e pelágicos, habitam as águas costeiras e também oceânicas da superfície ao fundo, em praticamente quase todos os oceanos e mares. Possuem hábitos alimentares carnívoros, tendo uma dieta regular de peixes, crustáceos, lulas, polvos, tartarugas, raias e outros cações. Como seus parentes, as raias e as quimeras, a mandíbula do tubarão não é anexada ao crânio. A superfície da mandíbula, assim como as vértebras do tubarão e as guelras, necessita de suporte extra, devido à sua forte exposição ao stress físico e “à necessidade compulsória do uso de força física”. Eles têm uma camada de minúsculas placas hexagonais chamadas de tésseras, que são blocos cristalinos de sais de cálcio dispostos como um mosaico. Há analogamente referência sobre a pequena placa de metal, de marfim ou de outro material que, na antiga Roma, servia de senha, bilhete de voto ou de entrada nos teatros; ou ainda, de tábua quadrangular que, na antiga Roma, era usada pelos chefes militares para transmitir ordens aos soldados em seu comando.
Etnograficamente os tubarões têm apenas uma camada de tésseras, mas as mandíbulas de espécies de grande porte, como o tubarão-cabeça-chata, o tubarão-tigre e o tubarão-branco, têm de duas a três camadas ou mais, dependendo do tamanho do corpo. As mandíbulas de um tubarão branco podem ter até cinco camadas. No focinho, a cartilagem é esponjosa e flexível para absorver a energia dos impactos físicos. A maioria dos tubarões tem oito barbatanas. Mas só podem desviar-se de objetos à sua frente ficando à deriva, porque “suas barbatanas não permitem que nadem para trás”. Ao contrário dos peixes ósseos, os tubarões têm um espartilho dérmico complexo feito de fibras flexíveis de colágeno e disposto como uma rede helicoidal em torno de seu corpo. Isso funciona como um esqueleto externo, proporcionando fixação para os músculos de nado, e assim economizando energia. Suas escamas placoides dão-lhes vantagens hidrodinâmicas como reduzir a turbulência enquanto nadam. A pele dos tubarões pode ser tão áspera como uma lixa pela ação dessas escamas, a ponto de se ter observado que a utilização das escamas pode ferir suas presas. Algumas indústrias têm usado até mesmo a pele de tubarão para a produção de ferramentas: os oroshiganes japonês ou “lixas”. No Japão, os tradicionais fabricantes de katana usam a pele do tubarão “para cobrir o punho da espada e torná-la menos escorregadia”. A força ou potência da mordida do tubarão não é influenciada pelo quanto sua mandíbula é aberta. Mas a mandíbula superior por ser móvel se torna evidentemente mais ágil e letal.
Como outros peixes, os tubarões extraem oxigênio da água do mar ao passá-la sobre suas guelras. Alguns tubarões têm uma fenda modificada chamado de espiráculo, localizada logo atrás dos olhos, que é usada na respiração. Devido ao seu tamanho e à natureza do seu metabolismo, os tubarões têm uma maior demanda de oxigênio do que a maioria dos peixes e eles não podem contar com as correntes de água do ambiente para fornecerem um suprimento adequado de água oxigenada. Se um tubarão parar de nadar, a circulação da água cai abaixo do nível necessário para a respiração e o animal pode morrer sufocado. O processo de garantir um fluxo adequado das guelras para mover-se para frente é reconhecido na linguagem científica como “ventilação ram”. O processo de respiração per se através da circulação começa quando o sangue desoxigenado circula comunicativamente ao coração de duas câmaras do tubarão. A reoxigenação ocorre nas brânquias e o sangue flui para as artérias eferentes braquiais, que se unem para formar a aorta dorsal. O sangue flui da aorta dorsal para todo o corpo. O sangue desoxigenado do corpo flui através das veias cardinais. Entra na cavidade posterior cardeal do ventrículo do coração e o ciclo se repete num processo de comunicação.
Jacques-Yves Cousteau, filho de Daniel e Élisabeth Cousteau, nasceu em Saint-Andre-de-Cubzac, uma comuna francesa na região administrativa da Nova Aquitânia, no departamento da Gironda, França, em 11 de junho de 1910. Élisabeth Duranthon, sua mãe, era filha de um rico proprietário de terras e o pai, Daniel Cousteau, advogado. Jacques-Yves era o mais novo de dois filhos, o mais velho chamava-se Pierre-Antoine. Durante a infância, sofreu de anemia e enterite, uma doença estomacal. Aprendeu a nadar com 4 anos de idade. Em 1918, seu pai foi nomeado assessor jurídico de Eugene Higgins, um rico expatriado de Nova York, mas ele e a família Cousteau viajaram por toda a Europa. Neste período, os Cousteau viveram em Nova York, onde Jacques estudou na Holy Name School, em Manhattan. Ele aprendeu mergulho subaquático em um acampamento de verão no Lago Harvey, Vermont. Aos 13 anos de idade, foi enviado para um Internato na Alsácia, região histórica situada no nordeste da França, na planície do rio Reno. Fazendo fronteira com a Alemanha e a Suíça, a área esteve sob o controle alternado da Alemanha e da França ao longo dos séculos e reflete uma interpretação de povos e culturas. Aos 20 anos, em 1930, entra na Ecole Navale, em Brest. Sua intenção era se tornar aviador naval, mas optou por ser oficial de artilharia.
Nos anos 1933-1935 participou de numerosas campanhas no Extremo Oriente a bordo do cruzador Primauguet. Este navio foi lançado como um transatlântico, em 30 de junho de 1931, nos estaleiros da Forge et Chantiers et Ateliers de la Mediterranee, em La Seine Sur Mer, perto de Toulon, sob encomenda da Société des Services Contractuels des Messageries (Messargeries Maritimes), foi completado finalmente em outubro do ano seguinte. Era o terceiro navio de uma série de transatlânticos quase idênticos, ao lado do Felix Roussel e o Georges Philippar, tendo sido designado para as rotas marítimas entre a França e o Sudeste Asiático e Extremo Oriente, para transporte de passageiros, imigrantes, bem como também prestação de serviço postal. Possuía acomodações para 196 passageiros na primeira classe, 110 na segunda, 90 na terceira e, embora sua capacidade fosse 1.045 passageiros, para transportar até 1.898 pessoas, das quais, entre 1.183 a 1.502 no chamado steerage, uma espécie de convés inferior, sem divisórias, destinado aos imigrantes e geralmente à classe técnica de passageiros de poucas posses. Possuía 165,6 metros de comprimento por 20,3 metros de largura, com calado de 10,2 metros e arqueação bruta de 17.537 GRT e deslocamento de 21.550 toneladas. Seus dois motores Sulzer a diesel de dois tempos, tecnicamente com 10 cilindros, alcançavam, inicialmente, a potência de 2.490 nhp (11.000 CV). Em 1935, teve seu comprimento alongado para 172 metros, e um incremento nos seus motores, com um aumento de potência para 15.600 CV, e de sua velocidade média para 19 nós. Sua característica peculiar eram as duas grandes chaminés quadradas e achatadas.
Jacques Cousteau foi designado como segundo tenente na base naval em Xangai, na costa central da China, a maior cidade do país e um núcleo financeiro global. Em 1930 Cousteau ingressou na Escola Naval de Brest onde graduou-se como Oficial de Artilharia. Tinha como propósito a aviação naval, porém um acidente de carro o afastou da aviação e fez com que o seu interesse social se voltasse para o mar. Durante a sua permanência disciplinar na Marinha Francesa Cousteau se tornou Capitão de Fragata. Foi nela que começou as explorações submarinas, utilizando a comunicação social para filmar naufrágios e outros ambientes do mar Mediterrâneo através de um aquário de vidro. Em 1936 declarou amor à Simone Melchior (1919-1990) cujo pai, e avós maternos e paternos, eram almirantes da Marinha Francesa. Casaram-se em 1937. Simone Melchior nunca esteve nas sombras da vida de Jacques. Em 1936, aos 26 anos de idade um banal acidente muda sua vida. Havia um casamento marcado que Jacques queria assistir. O jovem emprestou o carro esportivo Salmson do pai, todavia, no trajeto teve um terrível acidente. Ficou gravemente ferido. Não pode retomar o treinamento para a aviação. Cousteau precisava uma maneira de se reabilitar e fortalecer seus braços quebrados, assim, resolveu nadar. Entre os anos de 1935 e 1939 Cousteau foi enviado para missões da Marinha Francesa em Shangai, no Japão e na União Soviética. Em 1936 Cousteau numa parceria com Philippe Tailliez testou o uso de óculos de proteção subaquáticos Fernez, predecessores das atuais máscaras de mergulho. Em 1937 Cousteau casa com Simone Melchior, a primeira mulher mergulhadora do mundo, com quem teve dois filhos, Jean Michel Cousteau (1938) e Philippe-Pierre Cousteau (1940).
No início da 2ª guerra mundial, Cousteau ainda servia como oficial de artilharia quando navios franceses bombardearam a base naval italiana em Gênova. Depois que a França se rendeu (1940), a parte sul do país viveu sob o regime de Vichy, nome comum do Estado Francês, liderado pelo Marechal Philippe Pétain, durante a guerra. Representa a zona livre, desocupada na parte sul da França metropolitana e o império colonial francês que cooperou com os nazistas, causando mais desespero para Cousteau. Foi recrutado para o serviço de inteligência. Em 1943 Cousteau produz com a ajuda dos amigos Philippe Tailliez e Frédéric Dumas o seu primeiro documentário Pour Dix-huit Mètres de Fondi, filmado com uma câmera de profundidade pressurizada desenvolvida pelo engenheiro Léon Vèche na Île des Emblez no mar Mediterrâneo. É a maior ilha do arquipélago. Está localizado na costa do porto de Le Brusc, na comuna de Six-Fours-les-Plages, no departamento Var, na região de Provence-Alpes-Côte d`Azur, no sudeste da França. Trabalhou em operações da Resistência militar contra os serviços de inteligência da Itália. Cousteau foi premiado com a Cruz Militar. Os dois vizinhos ganharam o primeiro prêmio ex-aequo do Congress of Documentary Film (1943), pelo primeiro filme subaquático francês: Par dix-huit mètres de fond, realizado tecnicamente sem o uso de aparelho respiratório anterior nas ilhas Emblez (Var) com Philippe Tailliez e Frédéric Dumas, usando um estojo para câmera à prova de pressão desenvolvido pelo engenheiro mecânico Léon Vèche, engenheiro de Arts e Métiers e o Naval College.
Simone Melchior Cousteau (1919-1990) foi uma exploradora francesa. Ela foi a primeira mulher mergulhadora e aquanauta, esposa e sócia de negócios do explorador submarino Jacques-Yves Cousteau .Embora nunca visível na série Undersea World of Jacques Cousteau, Simone desempenhou um papel fundamental na operação no mar. Atuando como mãe, curandeira, enfermeira e psiquiatra para a tripulação masculina por 40 anos, seu apelido era La Bergère, a Pastora. Ela levou Jacques aos homens e dinheiro que construiriam sua invenção de mergulho, ajudou a comprar seu amado navio Calypso, salvou literalmente o navio durante tempestade e garantiu que cada exploração atingisse seu objetivo. Simone nasceu em 19 de janeiro de 1919 em Toulon, França. Seu pai Henri Melchior e ambos os avôs Jules Melchior (paterno) e Jean Baehme (materno) foram almirantes da Marinha francesa. A mãe de Simone era Marguerite Melchior, carinhosamente chamada de Guitte. Ela tinha dois irmãos: Maurice e o gêmeo de Simone, Michel. Em 1924, Henri Melchior, como diretor da Air Liquide principal produtora francesa de gases industriais, mudou-se com a família para Kobe, Japão. Simone aprendeu japonês com a idade de cinco anos. Conheceu seu futuro marido, Jacques, em um coquetel em 1937. Ele era um oficial da Marinha de 26 anos e ela 17 anos. Eles se casaram em Saint-Louis-des-Invalides, em Paris, em 12 de julho de 1937.
Nas primeiras décadas do século, ainda não existia o interesse (cf. Hirschman, 1979) em pesquisar os “ambientes submarinos”. Alguns visionários já sonhavam com a possibilidade de desbravar o universo de água salgada. O tenente e ex-piloto de avião da Marinha francesa Jacques Cousteau, que morreu 25 de junho de 1997, aos 87 anos, era um visionário. Como filmou praticamente tudo o que viu, numa centena de expedições, ao longo de cinquenta anos, o desbravador francês tornou-se o maior divulgador dos oceanos que já existiu. Mas ele foi o inventor do fundo do mar por outro motivo: teve que inventar os seus próprios meios de passear pelo lado líquido do planeta. Em meados da década de 1930, os equipamentos disponíveis eram caros, coisa para profissionais e de uso militar, fora do alcance dos amadores. Sua primeira grande idéia, em 1936, nasceu com os óculos de mergulho feitos de resina de conchas pelos nativos do Taiti, na Polinésia de colonização Francesa. Depois de reconhecer pela primeira vez o fundo do mar com esse artefato, decidiu aprimorá-lo, criando a máscara de mergulho. Num passo mais ousado, a câmera de vídeo submarina, considerada o seu primeiro invento foi de fato pioneiro. Mas sua fabulosa obra-prima emergiria em 1943: o Aqualung, um “tanque de ar comprido, redondo, eficiente e simples”. Com ele, o escafandro foi aposentado e entrou em cena o “homem-rã”, o mergulhador com total liberdade de movimentos.
Depois da reconhecida Lua de Mel, o período de celebração privada que sucede ao casamento, na Suíça e na Itália, os Cousteau se estabeleceram em Le Mourillon, um distrito de Toulon. Uma das primeiras referências factuais cristã a uma lua de mel é descrita assim no Deuteronômio 24:5: - “Se um homem tiver se casado recentemente, não será enviado à guerra, nem assumirá nenhum compromisso público. Durante um ano, estará livre para ficar em casa e fazer feliz à mulher com quem casou”. Antropologicamente a Lua de Mel simplesmente descreve o período logo após o casamento quando as relações encontram-se na sua fase mais encantadora. Presume-se de forma geral que ela dure em torno de um mês de enamoramento. O primeiro prazo para isto em inglês foi honeymoon, que foi registrado já em 1546. Na cultura ocidental, o costume de recém-casados saírem de férias juntos originou-se no início do século XIX na Grã-Bretanha, um conceito emprestado da elite indiana, no subcontinente indiano. Casais da alta classe teriam um tour de noiva, por vezes acompanhados por amigos ou familiares, para visitarem parentes que não puderam comparecer à cerimônia de casamento. A prática logo se espalhou ao continente europeu e era reconhecida como: “voyage à la façon anglaise” na França a partir da década de 1820. Lua de mel no sentido moderno representa “viagem de férias” empreendida pelo casal, generalizou-se na Belle Époque, como um dos “primeiros exemplos de turismo de massa moderno”.
Eles tiveram dois filhos, Jean-Michel nascido em 6 de maio de 1938 e Philippe Pierre 30 de dezembro de 1940. Os dois filhos curiosamente nasceram na mesa da cozinha da família. Em 1942, o pai de Simone forneceu financiamento e a experiência de fabricação de Emile Gagnan na Air Liquide para construir o aqua-pulmão de Jacques Cousteau. Simone Melchior Cousteau era indiretamente a chave para este passo significativo na história social do mergulho. Ela esteve presente experimentalmente em 1943 no teste do protótipo do aqua-pulmão, no rio Marne, nos arredores de Paris. A nova invenção foi empregada para localizar e remover minas inimigas após a brutal 2ª guerra mundial. A investigação científica e exploração subaquática da família Cousteau levaram à compra do navio caça-minas Calypso em 19 de julho de 1950. Thomas Loel Guinness comprou o navio e alugou-o para Jacques Cousteau simbolicamente por um dólar ano. O capitão do grupo empresarial, foi um político ultraconservador britânico, membro do Parlamento por Bath (1931-1945), magnata dos negócios e filantropo. Originalmente, o Calypso era caça-minas britânico da guerra mundial, convertido por Cousteau em notável navio oceanográfico. Nele o explorador atravessou oceanos durante mais de 40 anos para realizar filmes emocionantes sobre o fundo do mar. Mas em janeiro de 1996, um ano antes de sua morte, o Calypso naufragou em Singapura.
Simone Melchior vendeu as joias de sua família pelo combustível do Calypso e sua pele para comprar uma bússola e um giroscópio. O Calypso é um navio francês de pesquisas hidrográficas. O navio em 1952 ealizou sua viagem inaugural para o Mar Vermelho que recebe esse nome devido a espécie de alga avermelhada (Trichodesmium erythraeum) que está presente no mar. Alguns ainda acreditam que o nome foi atribuído pelas montanhas de cor rubra ricas em ferro que surge em alguns trechos na Península do Sinai. O mar Vermelho é um golfo do oceano Índico entre a África e a Ásia. Ao sul, se comunica com o oceano Índico pelo estreito de Babelmândebe e o golfo de Áden. É famoso pela exuberância de sua vida marinha, com uma população de mais de 1000 espécies de invertebrados, incluindo 200 espécies de corais e, pelo menos cerca de 30 espécies de tubarões, como já nos referimos noutro local, um tipo de peixe de esqueleto cartilaginoso, composto de um corpo hidrodinâmico com exceção dos Squatiniformes, Hexanchiformes e Orectolobiformes pertencente à super ordem Selachimorpha. Os primeiros tubarões reconhecidos viveram há aproximadamente 400 milhões de anos.
A configuração do mar Vermelho ocorre devido à separação histórica das placas tectónicas da África e da península Arábica. O movimento começou há cerca de 55 milhões de anos e continua atualmente, o que explica a existência de uma atividade vulcânica nas partes mais profundas e nas margens. Ao norte se encontram a península do Sinai, o golfo de Ácaba (ou golfo de Aqaba ou golfo de Eilat) é um grande golfo na ponta norte do mar Vermelho, a leste da Península do Sinai e oeste do território árabe. O seu litoral é dividido entre quatro países: Egito, Israel, Jordânia e Arábia Saudita e o canal de Suez que permite a comunicação com o mar Mediterrâneo. Pioneira, Simone Melchior era a única mulher a bordo. Em 1963 se tornou a primeira aquanauta fêmea do mundo ao viver na Starfish House, um habitat subaquático, durante os quatro dias finais do projeto Conshelf II. Descrevendo sua esposa, Jacques Cousteau disse: - “Ela era a mais feliz fora do alcance das câmeras, no Ninho de Corvo de Calypso, por exemplo, procurando baleias no mar. Nada passaria por ela. Ele continuou: “Ela vive para passar hora após hora ao vento e ao sol, observando, pensando, tentando desvendar o mistério do mar”. Morreu infelizmente em 1990 de câncer, doença que abrange mais 100 diferentes tipos-ideais malignos em comum o crescimento desordenado de células, que “podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância”. Ela recebeu um funeral militar completo, durante o qual suas cinzas foram espalhadas no Mar de Mônaco.
Em 1956, Cousteau lançou seu primeiro documentário em cores, chamado como seu livro anterior, The Silent World. Este filme mudou para sempre a ideia das pessoas sobre os oceanos e a magia da vida que contêm. O documentário fundamenta um método de trabalho e processo de comunicação tornando-se no primeiro documentário submarino produzido na França. Anteriormente, em 1943, Cousteau produziu outro documentário, o Épaves (Naufrágios), onde utilizou os dois primeiros protótipos do Scaphandre Autonomo CG45, ou simplesmente Aqualung, tecnicamente o primeiro protótipo do que se tornaria o equipamento de mergulho autônomo que reconhecemos pelo nome de SCUBA criado pelo engenheiro Émile Gagnan. Em 1947 o suboficial Maurice Farques pode ser considerado em acidente de trabalho, o primeiro mergulhador a morrer utilizando o Aqualung. Em 1948 Cousteau transforma o seu documentário no seu primeiro livro que levou o mesmo nome do documentário. Em 1948 Cousteau à bordo da corveta Élie Monnier com Philipper Tailliez, Frédéric Dumas, Jean Alinart e Michel Ichac empreendeu a primeira campanha e técnica de exploração submarina envolvendo testes físicos e científicos. Nesta campanha realizaram-se a primeira exploração arqueológica com mergulho autônomo quando descobriram o naufrágio do barco romano em Mahdía na Tunísia. O antigo barco naufragado foi encontrado próximo à praia de S`Arenal, na ilha de Maiorca, na Espanha. Em meio aos destroços, foram descobertas 93 ânforas de estilo greco-romano. A técnica de interpretação sobre a embarcação remonta ao Império Romano e tem cerca de 1,8 mil anos.
Esta operação é reconhecida socialmente como “o primeiro mergulho científico da história”. Em 1949 Cousteau deixa a Marinha e funda a Campanha Oceanográfica Francesa. Em 1950 o filantropo inglês Thomas Loel Evelyn Bulkeley Guinnes arrendou para Cousteau, pela quantia simbólica de 1 franco ano, o caça minas inglês HMS J-026 então convertido em um navio oceanográfico e rebatizado com o nome de Calypso. 2Historicamente os primeiros relatos de mergulho vêm na antiguidade, quando usavam a técnica para o resgate de armamentos e alimentos. No Japão e na Coréia, há mais de 4 mil anos a. C, já existiam mergulhadores especializados em caçar pérolas no fundo do mar. A tecnologia foi se desenvolvendo e a principal responsável pelo desenvolvimento das técnicas de mergulho foram as guerras, já que para resgatar armamentos e atacar o inimigo foram criados novos métodos de trabalho para mergulhar. No século XX houve um desenvolvimento espetacular na parte dos equipamentos. Tecidos pesados foram trocados por roupas de borracha. Não se pode deixar de mencionar o francês Jacques- Yves Cousteau, que no ano de 1943, em plena ocupação nazista alemã, mergulhou pela primeira vez na Costa Provençal, tendo até 20 metros com auxílio de um aparelho que ele mesmo inventou: o chamado Aqualung, um composto híbrido que se traduz por pulmão aquático, que abriu caminho para novos e modernos equipamentos de mergulho.
O mergulho nasceu da questão da vontade humana desde Aristóteles, Cícero, Santo Tomás de Aquino, Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, a sociedade seria fruto de um impulso associativo natural do homem aliado à vontade e desejo de explorar tecnicamente o mundo submarino. Apesar de estar tão presente em nossa vida, o mar ainda é o maior, mais intrigante e desconhecido habitat terrestre. Milhares de descobertas realizadas através dos séculos por mergulhadores, além de ajudarem a narrar a história do homem, criaram um tipo de esporte que é muito praticado no mundo todo. Das técnicas milenares, utilizadas para a busca comercial de alimentos e armamentos, até as modernas tecnologias empregadas em mergulhos cada vez mais ousados e profundos, vidas ficaram pelo caminho. Mas, certamente o sonho desses mergulhadores não foi certamente em vão. A modernidade vagueia livre para quem quiser se arriscar no mergulho, sob certas condições normais de temperatura e pressão, dispõe das condições sociais e técnicas de explorar a vida marinha com grande margem de erro e segurança. Para a atleta de mergulho livre com 4 recordes mundiais e 8 latino-americanos, Karol Mariechen Meyer, praticante de mergulho em apneia. É a recordista em número de recordes mundiais para o Brasil, em toda a história social do esporte, o mergulho é um esporte possível de atualização como qualquer outro. - “Para mergulhar não precisamos ser um Pelizari, uma Tanya Streeter, basta termos vontade de estarmos na água, alguns minutos a mais sem respirar para podermos descer nas profundezas, ficar mais tempo na piscina, ou então, percorrer uma grande distância submersa”.
Os primeiros relatos etnográficos da história do mergulho são do Japão e da Coréia cerca de 4 mil anos antes dos relatos bíblicos de Cristo. O antigo presente não é representado no atual se é que o atual seja representado nesta representação. É essencial à representação representar não só alguma coisa, mas sua própria representatividade. Observa Deleuze (2018: 119 e ss.), metodologicamente no caso da memória, que o antigo e o atual presentes não são, pois, como dois instantes sucessivos na linha do tempo. Mas o atual comporta necessariamente uma dimensão a mais pela qual ele re-presenta o antigo e na qual ele também representa a si próprio. O atual presente não é tratado como objeto futuro passível de uma lembrança, mas como o que se reflete ao mesmo tempo que torna a lembrança do antigo presente. Portanto, a síntese ativa tem dois aspectos que são correlativos, conquanto não simétricos: reprodução e reflexão, rememoração e recognição, memória e entendimento. Foi frequentemente observado que a reflexão implicava algo a mais que a reprodução, mas esse algo a mais, segundo o filósofo, é só a dimensão suplementar em que todo presente se reflete como atual ao mesmo tempo que representa o antigo. Todo estado de consciência exige uma dimensão a mais do que aquele implicado pela lembrança. Conceitualmente, pode-se chamar de síntese ativa da memória o princípio e expressão da representação sob duplo aspecto: reprodução do antigo presente e reflexão do atual. A síntese ativa da memória funda-se na síntese passiva do hábito, pois esta última constitui todo presente possível em geral.
Ela difere profundamente desta: a assimetria reside no aumento constante das dimensões, em sua proliferação infinita. A síntese passiva do hábito constituía o tempo como contração dos instantes sob a condição do presente; a síntese ativa da memória o constitui como encaixe dos próprios presentes. Ipso facto, se compararmos a síntese passiva do hábito com a síntese passiva da memória, veremos quanto, na passagem de uma a outra, como mudou a repartição da repetição e da contração. De qualquer maneira, sem dúvida o presente aparece como fruto de uma contração, mas referida a dimensões totalmente diferentes. Num caso, o presente é o estado mais contraído de instantes ou de elementos sucessivos, independentes uns dos outros em si. No outro caso, o presente designa o grau mais contraído de um passado inteiro, que é em si como uma totalidade coexistente. Suponhamos, com efeito em sua conformidade com as necessidades do segundo paradoxo, que o passado não se conserve no presente da relação ao qual ele é passado, mas se conserve em si, sendo o atual presente apenas a contração máxima de todo este passado que coexiste com ele. Será necessário, primeiramente, que esse passado inteiro coexista hegelianamente consigo mesmo, em graus de descontração e de contração. O presente só é o grau mais contraído do passado que com ele coexiste se o passado coexistir primeiramente consigo mesmo numa infinidade de graus diversos de descontração e de contração, numa infinidade de níveis pertinentes de análise. É este o sentido da célebre metáfora bergsoniana do cone, ou quarto paradoxo do passado. Consideremos o que se chama repetição numa vida, mais precisamente, numa vida espiritual. Presentes se sucedem, recobrindo-se parcialmente.
Todavia temos a impressão de que, por mais fortes que sejam a incoerência e a oposição possíveis dos presentes sucessivos, cada um deles põe em jogo “a mesma vida” num nível diferente. É possível admitir o que se chama destino. O destino não consiste em relações de determinismo, que se estabelecem pouco a pouco, entre presentes que se sucedem conforme a ordem de um tempo representado. Entre os presentes sucessivos, ele implica ligações não localizáveis, ações à distância, sistemas de retomada, de ressonância e de cos, de acasos objetivos, de sinais e signos, de papéis que transcendem as situações espaciais e as sucessões temporais. Dos persentes que se sucedem e expressam um destino, dir-se-ia que eles põem em jogo sempre a mesma coisa, a mesma história, apenas com uma diferença de nível: aqui, mais ou menos descontraído, ali, mais ou menos contraído. Eis porque o destino em tese se concilia tão mal com o determinismo, mas tão bem com a liberdade: isto é, a liberdade de escolher o nível. Para o que nos interessa, a sucessão dos presentes (atuais) é apenas manifestação de alguma coisa mais profunda: a maneira pela qual cada um retoma toda a vida, mas num nível ou grau diferente do precedente, todo os níveis ou graus coexistindo e se oferecendo à nossa escolha, do fundo de um passado que jamais foi presente.
Chamamos de caráter empírico, afirma Deleuze (2018), as relações recorrentes de sucessão e de simultaneidade entre presentes que nos compõem, suas associações segundo a causalidade, a contiguidade, a semelhança e mesmo a sua oposição. Mas chamamos de caráter numênico as relações de coexistência virtual entre níveis de um passado puro, cada presente só atualizando ou representando a forma possível de um desses níveis. Em suma, o que vivemos empiricamente como uma sucessão de presentes diferentes, do ponto de vista da síntese ativa, é também a coexistência sempre crescente dos níveis de do passado na síntese passiva. Cada presente contrai um nível do todo, mas esse nível já é de descontração ou de contração. Isto é: o signo do presente é uma passagem ao limite, uma contração máxima que vem sancionar a escolha de um nível qualquer, ele próprio, em si, contraído ou descontraído, entre uma infinidade de outros níveis possíveis. A importante questão abstrata que se coloca do ponto de vista teórico- metodológico ocorre da seguinte forma: a comunicação é estabelecida entre séries heterogêneas e todo tipo de consequências ocorre no sistema. Alguma coisa passa entre as bordas; pipocam acontecimentos, fulguram fenômenos do tipo relâmpago ou raio. Dinamismos espaço-temporais preenchem o sistema, expressando ao mesmo tempo a ressonância das séries acopladas e amplitude do movimento forçado que as transborda. Sujeitos povoam o sistema, ao mesmo tempo sujeitos larvares e os eus passivos.
São eus passivos, porquês e fundem com a contemplação dos acoplamentos e das ressonâncias; sujeitos larvares, porque são o suporte ou o paciente do dinamismo. Com efeito, em sua participação necessária no movimento forçado, um puro dinamismo espaço-temporal só pode ter sentido no limiar do visível, em condições fora das quais ele acarretaria a morte de todo sujeito bem-constituído, dotado de independência e de atividade. A verdade da embriologia é que há movimentos vitais sistemáticos, deslizamentos, torções que só o embrião pode suportar: o adulto seria disso dilacerado. Há movimentos dos quais só se pode ser paciente, mas o paciente, por sua vez, só pode ser uma larva. A evolução já não se faz ao ar livre, e só o involuído evolui. O pesadelo talvez seja um dinamismo psíquico que nem o homem acordado nem mesmo o sonhador poderiam suportar, mas só o adormecido em sono profundo, em sono sem sonho. O sistema só comporta tais sujeitos, pois apenas eles podem fazer o movimento forçado ao se colocar como pacientes dos dinamismos que os expressam; mas também pelos sujeitos que o povoam, pelos dinamismos que o preenchem e, enfim, pelas qualidades e extensos que se desenvolvem a partir desses dinamismos próprios. Mas a dificuldade maior subsiste: será a diferença que relaciona o diferente ao diferente nesses sistemas intensivos? A diferença de diferença relacionará a diferença ela mesma, sem outro intermediário? É aqui devemos prestar a maior atenção ao papel respectivo da diferença, da semelhança e da identidade. Todo tipo de consequências ocorre no sistema.
No caso do notável explorador Jacques Cousteau, mutatis mutandis, a técnica era utilizada para resgatar alimentos e armamentos. Gradativamente o mergulho foi se aperfeiçoando, até que surgiram pessoas especializadas na arte do mergulho em caçar pérolas no fundo do mar. A liberdade é requisito para o reino da necessidade porque apenas o ser humano é capaz de produzir e através do pensamento abstrair o modo e a forma de relacionar-se com a natureza, erigindo a partir do processo abstrato de conhecimento um processo social composto de etapas e procedimentos específicos, discernindo em seu fazimento e utilizando-o em outros experimentos de mesmo cariz. A passagem da teoria abstrata para a necessidade prática do homem em explorar o mundo aquático/submarino acarretou no desenvolvimento do processo e método de trabalho e de crescimento da atividade. Um fato político estratégico é que as guerras intercontinentais tornaram-se peças-chave no desenvolvimento do mergulho e também no resgate para atacar os inimigos. Porém, se historicamente as pessoas mergulhavam de roupa de pano, que só foram trocadas pelas roupas borracha no século XX. O mergulho aos poucos foi recebendo ares de esporte e hoje em dia conta com disputas ao redor de todo o mundo. A história do equipamento de mergulho autônomo, reconhecido como a invenção do equipamento Aqualung, remonta à 2ª guerra mundial. Em junho de 1943, numa pequena praia da Riviera, Jacques Cousteau usava nadadeiras de borracha e testava pela primeira vez seu novo e preciso equipamento de mergulho autônomo.
O equipamento foi inspirado pelas descobertas que a precederam, em particular, a referida ao capitão Yves Le Prieur, pioneiro do mergulho autônomo, que em 1925, havia aperfeiçoado um dispositivo para permitir o uso do ar comprimido. Pela primeira vez, um homem podia respirar debaixo d'água sem nenhuma conexão com a superfície - Le Prieur inventou o aparelho respiratório subaquático autônomo de circuito aberto–mergulho. O problema é que esse dispositivo mantinha um fluxo contínuo de ar, o que limitava o tempo social de uso pelo mergulhador, pois o ar comprimido acaba muito rápido. Uma solução nasceu em Paris, durante a guerra. O engenheiro Emile Gagnan, foi um engenheiro francês e inventor, juntamente com a Marinha francesa e o Scubadive Jacques-Yves Cousteau, do “regulador de mergulho”, que havia sido criado para alimentar com gás os veículos usados pelos alemães. Melhor dizendo, a válvula de demanda usada para formar o primeiro equipamento Scubadive, o Aqualung em 1943. Esse dispositivo liberava o gás sob demanda, isto é, quando para a utilização fosse necessário. Jacques Cousteau modificou esse regulador para que ele fornecesse o ar comprimido sob demanda ao mergulhador, e a partir daí, na sequência, quando o mergulhador inspirava, o regulador permitia a passagem do ar comprimido para os pulmões do mergulhador sob baixa pressão. Não havendo mais o fluxo contínuo, o mergulhador teria mais tempo social de uso para trabalho de fundo do mar, desde então, pois o gás que saía dos cilindros de mergulho, e somente sairiam quando o mergulhador inspirava, e não mais de forma contínua. Assim nasceu o “equipamento de mergulho autônomo”, em inglês: Self Contained Underwater Breathing Apparatus (SCUBA).
Em 1953, em coautoria com Frédéric Dumas publica a sua mais famosa obra Le Monde du Silence, que em 1956 em parceira com Louis Malle foi transformada em documentário. Filmado no mar Vermelho e no Mediterrâneo conquistou dois prêmios: Oscar de Melhor Documentário e Palma de Ouro do Festival Cinematográfico de Cannes. Desta experiência Cousteau discutiu a probabilidade dos golfinhos utilizarem, de forma auxiliar, uma espécie de sonar para se localizar na água. Com o sucesso do filme Cousteau decide morar à bordo do Calypso. Ampliou sua equipe incorporando geólogos, arqueólogos, biólogos a fim aprofundar os estudos e pesquisas sobre mares e oceanos do mundo. Em 1960 um depósito de lixo radioativo seria instalado no Mar Mediterrâneo, Cousteau lançou uma campanha contra, inclusive se deitando ele mesmo sobre os trilhos dos trens que transportavam o lixo radioativo conseguindo por fim impedir o projeto. Em 1962 apresentou para uma plateia de cientistas e oceanógrafos no Congresso Mundial de Atividades Subaquáticas, onde a teoria do Homo Aquaticus, o explorador e cineasta Jacques Cousteau, que criou aparentemente sozinho, ocorre que, quanto mais fundo o homem desce na água, mais perigoso se torna respirar oxigênio puro. Com apenas 9 metros de profundidade, por exemplo, o gás se torna tóxico. É preciso manejar um jeito de encher as brânquias artificiais com nitrogênio, o principal componente do ar terrestre e não apenas oxigênio. Mas proporcionalmente quanto maior a profundidade, maior a tendência do nitrogênio de se manter dissolvido na água.
O pesquisador teve como objetivo o emprego da técnica de implante cirúrgico de brânquias artificiais permitindo aos mergulhadores retirar da água as próprias moléculas de oxigênio necessárias para a manutenção da respiração. Conceitualmente os habitats subaquáticos são estruturas subaquáticas em que as pessoas podem viver por longos períodos e realizar a maioria das funções humanas básicas de um dia de 24 horas, como trabalhar, descansar, comer, cuidar da higiene pessoal e dormir. Neste contexto, habitat é geralmente usado em sentido estrito para significar o interior e o exterior imediato da estrutura e seus acessórios, mas não o conjunto de seu ambiente marinho circundante. A maioria dos primeiros habitats subaquáticos carecia de sistemas regenerativos para os estoques de ar, água, alimentos, eletricidade e outros recursos. No entanto, alguns novos habitats subaquáticos permitem que estes recursos sejam entregues por mediações usando tubos ou gerados dentro do habitat, em vez de serem manualmente entregues.
Um habitat subaquático deve satisfazer as necessidades fisiológicas humanas e proporcionar condições ambientais adequadas, e o que é mais crítico é respirar ar de qualidade adequada. Outras questões dizem respeito à preocupação com o ambiente físico: pressão, temperatura, luz, umidade, o ambiente químico: água potável, alimentos, resíduos humanos, toxinas e o ambiente biológico: criaturas marinhas perigosas, micro-organismos, fungos. Grande parte da ciência que cobre os habitats subaquáticos e sua tecnologia projetada para atender às necessidades humanas é compartilhada com mergulho, sinos de mergulho, veículos submersíveis, submarinos e naves espaciais. Numerosos habitats subaquáticos foram projetados, construídos e utilizados em todo o mundo desde o início dos anos 60, seja pela iniciativa privada ou por agências governamentais. Eles têm sido usados quase que exclusivamente para a pesquisa e exploração, mas nos últimos anos, pelo menos, um habitat subaquático foi fornecido para o lazer e turismo. Pesquisas têm sido dedicadas especialmente aos processos fisiológicos e aos limites da respiração de gases sob pressão, para a formação de aquanautas e astronautas, bem como para a investigação dos ecossistemas marinhos.
Em 1964 Cousteau patrocinou o filme Le Monde sans Soleil. Além dos habitats submarinos dos projetos Conshelf Cousteau e sua equipe também desenvolveram uma infinidade de veículos anfíbios e submersíveis, dentre eles o veículo submarino sob a forma operacional de disco de mergulho Souscoupe Plongeante (SP-350) desenvolvido por Jean Mollard e que alcançava até 350m de profundidade e no plano global de trabalho os mini-submarinos Sea Fleas SP-500 que conseguiam submergir a 500m de profundidade, e diversos caminhões anfíbios. Além disso, pragmático, acreditava que o corpo humano evoluiria para desempenhar funções sobre a água sem a necessidade destas próteses. Cousteau previu que em dez anos haveriam casas, oficinas e escritórios permanentes no fundo do mar para prospecção de óleo, gás e minérios, além do cultivo de frutos do mar. Essas teorias vinham se desenvolvendo com a realidade técnica e laboratorial, sobre as habitações submarinas dos projetos Conshelf I, II e III, e projetos que ficaram reconhecidos por Precontinent I, II e III situados próximo à Marselha, na França, e em Sha´ab Rumi no Sudão a 10m, 30m e 102,4m de profundidade no mar.
No final da década de 1960 Philippe-Pierre Cousteau principal cinegrafista da equipe, passa a desenvolver um sentimento ambientalista e durante a filmagem do episódio The Unexpected Voyage of Pepito e Cristobal. É um fato social decorrente dos maus tratos exploratórios com os animais, comparativamente em especial aos dois lobos-marinhos-do-Cabo (Arctocephalus pusillus). Estas espécies que protagonizam o episódio, foram capturados da sua colônia numa pequena ilha dentre aquelas de povoamento na cidade do Cabo e mantidos em cativeiro para que aparecessem nos filmes pagos da série de TV que faziam amizade com a tripulação do Calypso, e per se viviam em harmonia. Contudo, Philippe-Pierre decide sair da tripulação e montar a sua própria equipe. No episódio Shark para a TV (1968) Jacques Cousteau fala sobre os tubarões, pela primeira com vez imagens fantásticas destes animais em seu habitat cria uma espécie de ranking dos mais perigosos tubarões declarando ser o Tubarão-galha-branca-oceânico (Carcharhinus longimanus) a espécie social mais perigosa. Estima-se que somente entre os anos de 1930 e 1931 cerca de 31 mil baleias-azuis (Balaenoptera musculus), biologicamente descrito como o maior mamífero do planeta com cerca de 30 metros e pesando mais de 120 toneladas cada foram capturadas e mortas na região. A população destas baleias jamais se recuperaram deste desastroso massacre humano.
O lobo-marinho nada em águas até uma profundidade de 100m, por isso a sua alimentação é constituída por peixes que habitam até essa profundidade. Na fase adulta consome por dia a 4 a 6% do seu peso por dia, pode chegar a comer 12 kg por dia em alimento se pesar em média 250 kg. Estes animais comem geralmente peixes diversos que varia de acordo com a disponibilidade do meio, polvo (cefalópodes), mexilhões (crustáceos), espécies agarradas nas rochas. O lobo-marinho procura alimento em locais rochosos e baixos próximos da costa e das suas colônias, mas devido muitas vezes a falta de alimento natural é obrigado a ir para alto mar onde encontra alimento com mais facilidade, mas em contrapartida corre o risco de ser atacado pelos predadores. Estes animais têm uma baixa natalidade mas em contrapartida vivem de 30 a 40 anos. A sua baixa natalidade deve-se ao fato biológico das fêmeas atingirem a maturidade sexual entre os 4 e 6 anos de vida. O período dos seus nascimentos dão-se entre os meses de maio e novembro, sendo que nos meses de setembro e outubro nascem mais. Cada fêmea tem normalmente uma única criação de 2 em 2 anos, quando muito raramente nascem gémeos. Os fatores de ameaça são a perturbação dos animais no seu habitat natural, provocada por pescadores e turistas, captura acidental em artes de pesca, atos de vandalismo e abate de animais. Estes animais foram alvo de armas de fogo e explosivos, utilizados pelos pescadores, que os culpavam pela redução das pescarias, mas a culpa é dos pescadores porque eles é que aperfeiçoaram os engenhos da pesca costeira e se expandiram no sector. Além dos pescadores, o turismo também se desenvolveu e foram ocupando os habitats utilizados por estes animais, onde faziam a sua reprodução.
Em 1971 Cousteau quase faliu financeiramente devido aos altos custos dos seus projetos. Havia produzido 8 dos 12 episódios que contavam com o financiamento da abc e não tinha mais condições de dar continuidade, chegando a ser cogitada inclusive a venda do Calypso, um navio francês de pesquisas hidrográficas. Foi assim denominado por seu último proprietário, Jacques-Yves Cousteau. Foi construído durante a 2ª guerra mundial como um navio caça-minas. O explorador teve uma ideia de filmar a “última fronteira”, a Antártica, para isto ele primeiro convenceu o seu filho Philippe-Pierre Cousteau a se juntar à equipe novamente, prometendo mudar um pouco o viés dos seus episódios e convenceu a abc a participar com mais dinheiro no financiamento alegando que lá eles iriam filmar muitas baleias e animais poucos reconhecidos, além de, pela primeira vez “fazer imagens submarinas sob o gelo”. Em 1972 Cousteau então vai à Antártica com o Calypso que supostamente devido à aparente fragilidade de seu casco de madeira não conseguiria passar pelo gelo. Chegando no continente gelado nenhuma baleia foi avistada até que na ilha Rei George onde depois o Brasil manteria a Estação Científica Comandante Ferraz eles encontraram uma infinidade de ossos de baleia, de várias espécies, espalhados pela praia e instalações lá armazenadas que haviam sido utilizadas por caçadores de baleia provavelmente do início do Século XIX, em uma época em que de forma predatória elas eram caçadas quase até o total extermínio.
O barco pertencia a classe Auxiliary Motor Minesweepers (YMS) e saiu do estaleiro Ballard Mariane Railway Yard em Seatle, Washington D. C. onde recebeu a designação BYMS 2026. Transferido para a Marinha Real Britânica em fevereiro de 1943 foi renomeado como HMS J-026. Durante a 2ª guerra mundial, teve a ilha de Malta como sua base e participou da Invasão Aliada da Sicília. Ao final da guerra foi devolvido aos norte-americanos e colocado a venda em 1947. O navio passou a fazer navegação entre as Ilhas de Malta e Gozo, como Calypso G. A lendária embarcação era equipada como um laboratório móvel, tornando-se mundialmente reconhecida pelos documentários de Cousteau. Em 1996 foi abalroado por outro navio, vindo a naufragar no porto de Singapura, sendo posteriormente recuperado. Desde então esteve parado no porto de La Rochelle e no porto de Concarneau, em França, as várias tentativas para recuperar o navio falharam “devido ao alto custo do reparo de manutenção”. Em 2010 a embarcação começou a ser reparada. No entanto, a sua restauração foi interrompida por conta de uma desavença entre o estaleiro naval Piriou, encarregado da obra, e a equipe de trabalho de Jacques Cousteau. Em dezembro de 2014, a justiça francesa tinha proferido uma decisão exigindo que a associação levasse o Calypso antes de 12 de março de 2015 e pagasse a conta das obras ao estaleiro em torno de 300.000 euros.
Para os que choraram inconsoláveis a morte do “homem do boné vermelho”, é bom saber que o seu trabalho continua vivo através de Jean Michel e que os próprios netos também seguiram o apelo do mar. Seu currículo é extenso: produziu mais de 75 documentários, ganhou Emmies, Peabodies e outros galardões de televisão. Participou em filmes de animação como À Procura de Nemo. Teve o reconhecimento de Al Gore, das mãos de quem recebeu o prémio de Herói Ambiental. Convenceu George W. Bush a classificar um “santuário de baleias” de bossa no Havaí como Monumento Marinho. É o primogénito de Jacques Cousteau, oceanógrafo, ambientalista, ecologista, continua a travar a cruzada do pai, a favor da preservação dos oceanos, ele faz documentários para a National Geographic, e Celine Cousteau trabalha na Ocean Futures Society, a Organização Não-Governamental (ONG) fundada por Jacques Costeau, participam nas suas expedições. Em seu livro, Jean Michel exprime também a sua mágoa e desilusão. Nem sempre as relações familiares foram fáceis. E não se pode dizer que não tenha havido motivos para isso. Casado com Simone, Jacques Cousteau manteve por mais de uma década, secretamente, uma relação extraconjugal com Francine Triplet, de quem teve dois filhos, Diane e Pierre Yves. A vida dupla durou até ao fim da sua vida e só em seu funeral em 1997, as duas famílias tiveram conhecimento da existência uma da outra.
Bibliografia geral consultada.
COUSTEAU, Jacques-Yves; DUMAS, Frédéric, Le Monde du Silence. Documentaire Paris: 1953; DURAS, Marguerite, L`Amant. Paris: Éditions de Minuit, 1984; HEMINGWAY, Ernest, El Verano Peligroso. Barcelona: Editorial Sudamericana-Planeta, 1986; BRAGA, Ubiracy de Souza, Das Caravelas aos Ônibus Espaciais. A Trajetória da Informação no Capitalismo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. Escola de Comunicação e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995; GUATTARI, Félix, Les Trois Écologies. Paris: Éditions Galilée, 1989; DEAN, Warren, A Ferro e Fogo: A História e a Devastação da Mata Atlântica Brasileira. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1996; PACCALET, Yves, Jacques-Yves Cousteau: Dans l`Océan de la Vie: Biographie. Paris: Les Éditions Jean-Claude Lattès, 1997; COUSTEAU, Alexandra, Celine Cousteau, l`Âme de la Calypso. Quebec: Les Éditions des Intouchables, 2002; TEIXEIRA, Paulo Marcelo Marini, Pesquisa em Ensino de Biologia no Brasil (1972-2004). Um Estudo Baseado em Dissertações e Teses. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2008; GOFFMAN, Erving, Estigma: La Identidad Deteriorada. Madrid: Amorrotu Editores, 2009; DAVENPORT, Tara, “Submarine Communication Cables and Law of the Sea: Problems in Law and Practice”. In: Ocean Development & International Law, vol. 43, n. 3, pp. 201-242, 2012; PANTALENA, Ana Flávia, Mergulho Recreativo na Região Metropolitana de Fortaleza (NE, Brasil): Subsídios para o Desenvolvimento Sustentável. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais. Instituto de Ciências do Mar. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2017; DELEUZE, Gilles, Diferença e Repetição. 1ª edição. Rio de Janeiro; São Paulo: Editora Paz e Terra, 2018; LAUREANO, Graziela Daniel, Subjetividade Diluída: A Força do Tempo em Marguerite Duras. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018; ZVIR, Eliane, Jacques-Yves Cousteau na Amazônia Brasileira. Programa de Pós-Graduação em História. Santa Cruz: Universidade Estadual do Centro-Oeste, 2019; BAPTISTELA, Eveline dos Santos Teixeira, Animais não Humanos e Humanos no Turismo do Pantanal Mato-Grossense: Da Representação Midiática ao Encontro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea. Faculdade de Comunicação. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso, 2020; entre outros.
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