quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Um Dia Lindo Na Vizinhança – Cultura Ocidental & Razão Observadora.

                                                                     “Essa morada é para si a noite da substância”. Friedrich Hegel                                

                   

         O indivíduo privatista é o mesmo que pensa ser justificada a existência do espaço público apenas na medida em que satisfaz os interesses dos indivíduos privados. O mesmo indivíduo que tolera, admite e recomenda a privatização da vida pública em que seus representantes aparentemente se constituam em modelos de probidade. Na esfera pública da cidadania, comparativamente, não obstante, quase sempre confunde princípios políticos com metas econômicas e está disposto a abrir mão da aparente moralidade e pudor quando um representante demonstra ser um bom administrador. O mesmo que exige probidade moral e pública e desrespeita as regras mínimas da convivenciabilidade em nome da satisfação de interesses privados. A distorção entre o campo social e o político decorre da moderna concepção da sociedade, a qual encara a política como um espaço de regulação da esfera privada. Arendt defendia um conceito de pluralismo no âmbito político. Graças ao pluralismo, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado entre as pessoas. O que significa o juízo? Organização e subsunção do individual e particular ao geral e universal, procedendo-se então a uma avaliação ordenada com a aplicação de parâmetros pelos quais se identifica o concreto e de acordo com decisões. 

           Por trás de todos esses juízos há um prejulgamento, um preconceito. Somente o caso individual é julgado, não o próprio parâmetro ou a questão de ele ser ou não uma medida adequada do objeto que está sendo medido. Num dado momento, emitiu-se um juízo sobre o parâmetro, mas agora esse juízo foi adotado, tornando-se, por assim dizer, um meio para se emitirem futuros juízos. Mas juízo pode significar algo totalmente diferente e sempre significa de fato quando nos confrontamos com algo que nunca vimos e para o que não temos nenhum parâmetro à disposição. Esse juízo que não conhece parâmetro só pode recorrer à evidência do que está sendo julgado, e seu único pré-requisito é a faculdade de julgar, o que tem muito mais a ver com a capacidade de discernir do que com a capacidade de organizar e subordinar. Tais juízos sem parâmetros nos são bastante familiares quando se trata de questões de estética e gosto, que, como observou Immanuel Kant, não se podem discutir, mas de que se pode, seguramente, discordar e concordar. Na vida cotidiana, como sabemos isso se verifica “em face de uma situação desconhecida, que fulano ou beltrano fez um juízo correto ou equivocado”.

Melhor dizendo, em toda crise histórica, são os preconceitos os primeiros a se esboroar e deixar de ser confiáveis, ipso facto, é essa pretensão de universalidade que distingue muito claramente ideologia de preconceito (sempre parcial por natureza). A ideologia afirma peremptoriamente que não devemos mais nos fiar em preconceitos - declarados como literalmente inapropriados. A falta de padrões no mundo moderno - a impossibilidade de formar novos juízos sobre o que aconteceu e o que acontece todos os dias com base em padrões sólidos, reconhecidos por todos, e de subsumir esses eventos a princípios gerais bem conhecidos, assim como a dificuldade estreitamente associada, de se proverem princípios de ação para o que deve acontecer agora, tem sido frequentemente descrita como niilismo inerente à nossa época, como desvalorização de valores, uma espécie de “crepúsculo dos deuses”, para lembramos de Nietzsche, uma catástrofe na ordem moral do mundo. Todas essas interpretações pressupõem tacitamente que só se pode esperar dos seres humanos juízos se tiverem parâmetros, que a faculdade de julgar não é, mais do que a habilidade de consignar casos individuais aos seus lugares corretos e adequados dentro de princípios gerais aplicáveis e sobre os quais estão todos de acordo.

                                    


O ponto de partida para a constituição do sujeito é o desejo, mas não um desejo dirigido a uma coisa qualquer no mundo. O homem se torna humano quando “deseja outro desejo”. Abre-se assim, ao homem, um novo espaço de liberdade, que se manifesta antes de tudo como um desejo de reconhecimento e produz uma luta de morte por puro prestígio – o ato fundante da história, o ato antropogênico por excelência. Mas para que haja história, é preciso que haja relação social entre homens vivos. A luta não pode terminar com a aniquilação de um dos lados. Um deles, provavelmente, deve abdicar do combate, colocar a liberdade acima de sua vida, fora da relação entre “senhor-escravo”. Nela se concentrando outra atividade essencial ao projeto do homem: o trabalho intelectual como princípio de liberdade. A dialeticidade que assim se estabelece é um dos pontos culminantes do pensamento humano em todas as épocas, e sua conclusão é surpreendente e magistral: o homem integral, livre, satisfeito com o que é; o homem que se aperfeiçoa, não é o senhor nem o escravo, mas o que consegue suprimir sua sujeição. Na linguagem teórica entendemos que as palavras e expressões funcionam como representação, mas em sua periodização histórica as palavras e expressões funcionam sempre de forma distinta, porque se referem a concepção pontual de uma teoria da história.

 A dificuldade própria da terminologia teórica consiste, pois, neste sentido em que, por detrás do significado usual da palavra, é preciso sempre discernir o seu significado conceptual, que é sempre diferente do significado usual empírico e casual contido na representação das fontes, nas atas, nos documentos oficiais etc. Na sua significação mais geral deve nos permitir a compreensão histórica e sociológica que tem por efeito social o conhecimento de um objeto: a narrativa da história. É assim que a história abstrata ou a história em geral não existem, no sentido exato do termo, mas apenas a história real, ou “como efetivamente ocorreu, desses objetos que enformam a experiência acumulada da humanidade. A determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealização esta supressão da exterioridade. O espírito não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, isto é, como seu princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Portanto, que o espírito finito dialeticamente segue um passo a passo e se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza.

A seguir em oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu/subsumiu a oposição e voltou a si mesmo e, per se, o espírito finito é a ideia, que girou sobre si mesma e que existe por si em sua realidade. Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade prática, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que “é em si”, no interior, manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem. O europeu sabe de si, é objeto de si mesmo. A determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como livre. O homem considera a liberdade como sua substância. Se os homens “falam mal de conhecer é porque não sabem o que fazem”. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto (do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do saber, como se quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a existência. Esta é a única diferença da existência (Existenz), a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e eu sou livre somente enquanto existo como livre.

Um Lindo Dia na Vizinhança tem como representação social um filme biográfico dramático norte-americano de 2019 sobre o apresentador de TV Fred Rogers, dirigido por Marielle Heller e escrito por Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster, inspirado no artigo de 1998 “Você Pode Dizer... Herói?” de Tom Junod, publicado na Esquire. É estrelado por Tom Hanks, Matthew Rhys, Susan Kelechi Watson e Chris Cooper. O filme retrata Lloyd Vogel (Rhys), um jornalista problemático da Esquire que é designado para escrever um perfil do ícone da televisão Fred Rogers (Hanks). O filme estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 7 de setembro de 2019 e foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos da América em 22 de novembro de 2019 pela Sony Pictures Releasing. Arrecadou US$ 68 milhões no mundo globalizado. Os críticos elogiaram as atuações de Tom Hanks e Matthew Rhys, a direção de Heller e as mensagens comoventes. Foi escolhido pela revista Time como um dos dez melhores filmes do ano. Por sua atuação, Hanks foi indicado a Melhor Ator Coadjuvante no Oscar, bem como no Globo de Ouro, Critics` Choice, Screen Actors Guild Awards e BAFTA Awards, entre outros.

           O filme começa com uma refilmagem da sequência de abertura de Mister Rogers` Neighborhood. Fred Rogers mostra ao seu público televisivo um painel com retratos de alguns de seus amigos, incluindo o Rei Friday e o Sr. McFeely. Em seguida, ele apresenta um novo amigo, Lloyd Vogel, que, segundo ele, foi magoado e está tendo dificuldades para perdoar a pessoa que o feriu. Lloyd, jornalista da revista Esquire reconhecido por sua escrita cínica, reluta em ir ao terceiro casamento de sua irmã Lorraine porque seu pai, Jerry, com quem não tem contato há anos, estará presente. No entanto, ele comparece com sua esposa, Andrea, e o filho recém-nascido, Gavin. Quando Jerry faz um comentário insensível sobre a falecida mãe de Lloyd, Lila (a quem ele traiu e abandonou quando ela estava morrendo de câncer vinte anos antes), Lloyd fica furioso e dá um soco no pai, iniciando uma briga caótica na qual outro convidado quebra o nariz de Lloyd. A editora de Lloyd, Ellen, o designa para entrevistar Rogers nos estúdios da WQED em Pittsburgh para um artigo de 400 palavras sobre heróis. Lloyd sente que a tarefa é indigna dele, mas é informado de que nenhum dos outros heróis estava disposto a falar com ele devido à sua reputação. Ao conhecer Lloyd, Rogers se mostra indiferente à sua fama e demonstra principalmente preocupação com o ferimento no nariz de Lloyd.                  

         A história técnica e social da televisão começou no início do século XX por meio de experimentos realizados por diferentes inventores sociais de seu tempo. Seu desenvolvimento se deu graças a uma série de outros avanços tecnológicos que se estendiam desde o século XIX. Na véspera da 1ª grande guerra (1914-1918) foi prometido ao patriarca Shimun XIX Benyamin (1887-1918) um “tratamento preferencial em antecipação à guerra”. Pouco depois do início da guerra, no entanto, assentamentos assírios e armênios ao Norte de Hakkari foram atacados e saqueados por irregulares curdos aliados ao exército otomano no genocídio assírio. Outros foram forçados a trabalhar em batalhões e posteriormente executados. O ponto de virada foi quando o irmão do patriarca foi feito prisioneiro enquanto estudava em Constantinopla. Os otomanos exigiram a neutralidade assíria e o executaram como advertência. Em troca, o patriarca declarou guerra aos otomanos em 10 de abril de 1915. Os assírios foram atacados por irregulares curdos apoiados pelos otomanos, levando a maioria dos assírios de Hakkari aos cumes das montanhas, pois aqueles que ficaram em suas aldeias foram mortos. Shimun Benjamin conseguiu mover-se despercebido para Urmia, que estava sob controle russo, e tentou persuadi-los a enviar uma força de socorro aos assírios sitiados. Quando os russos responderam que o pedido não era razoável, ele retornou a Hakkari e liderou os 50 mil assírios sobreviventes através das montanhas para a Urmia. Milhares morreram de frio e fome durante esta marcha.

Em 1924, a Turquia expulsou os últimos habitantes cristãos da região. Para turquificar a população local, em junho de 1927 foi aprovada a Lei 1164 que permitiu a criação de Inspetorias-Gerais (Umumi Müffetişlik). A província, portanto, foi incluída na chamada Primeira Inspetoria Geral, que abrange as províncias de Hakkâri, Siirt, Van, Mardin, Bitlis, Sanlıurfa, Elaziğ e Diyarbakır. A primeira (Umumi Müffetişlik) UM foi criada em 1º de janeiro de 1928 e centrada em Diyarbakır. A UM era regida por um Inspetor Geral, que governou com ampla autoridade sobre assuntos civis, jurídicos e militares. O escritório do Inspetor Geral foi dissolvido em 1952 durante o governo do Partido Democrata. Historicamente o Hakkari ainda era proibido para cidadãos estrangeiros até 1965. A região Olağanüstü Hâl Bölge Valiliği representou “uma super-região política criada na Turquia sob a legislação do estado de emergência, como parte inclusiva ao conflito social curdo-turco”. A partir de 1994, a super-região foi reduzido, as províncias rebaixadas para a “província vizinha” e depois removidas.                   

Com persuasão, Lloyd admite alguns dos problemas com seu pai, cujo pedido de desculpas e tentativa de reconciliação Lloyd rejeitou. Rogers conta a ele suas maneiras de lidar com a raiva, incluindo bater nas teclas de um piano. Enquanto Lloyd acompanha Rogers em uma visita a Nova York, ele o provoca com várias perguntas pessoais para expor a persona amigável de Rogers como uma farsa. Rogers esquiva-se da maioria das perguntas, mas aceita gentilmente a sugestão de Lloyd de que seus filhos podem ter tido algumas dificuldades na infância devido ao pai trabalhar demais. Usando seus fantoches, ele gentilmente incentiva Lloyd a compartilhar suas memórias de infância, levando Lloyd a se lembrar de um coelho de pelúcia que ele tinha. Lloyd encerra a entrevista quando Rogers começa a perguntar sobre seu pai. Mais tarde, ele volta para casa e encontra Andrea almoçando com Jerry, junto com sua nova esposa, Dorothy, o que leva a um tenso confronto entre pai e filho. Lloyd se recusa a aceitar que Jerry mudou, ainda ressentido por ele ter deixado sua mãe. Durante a discussão, Jerry sofre um ataque cardíaco e é levado para o hospital. Atordoado e buscando o conselho de Rogers, Lloyd abandona o pai, apesar das objeções de Andrea, e para Pittsburgh, interrompendo a gravação do “Mister Rogers` Neighborhood” ao desmaiar no estúdio.

Ele se imagina em um episódio da série, onde Rogers e Andrea (como Lady Aberlin) o encorajam a se abrir sobre sua tristeza. Em seguida, ele tem uma visão de sua mãe, que lhe diz que ele não precisa ficar com raiva em nome dela. Rogers e sua esposa Joanne levam Lloyd para casa para que ele se recupere. Rogers encoraja Lloyd a pensar nas pessoas que o amaram e o criaram, incluindo Jerry, e o incentiva a perdoá-lo. Lloyd volta para casa e pede desculpas a Andrea por tê-la deixado com Gavin no hospital, e visita Jerry e Dorothy em sua casa. Ele descobre que Jerry está morrendo de estenose cardíaca, daí suas tentativas de se reconectar com ele. Lloyd perdoa Jerry, prometendo ser um pai melhor. Mais tarde, Lorraine, seu marido Todd e Rogers visitam Jerry. Jerry morre pouco depois da visita, e o artigo de 10.000 palavras de Lloyd, “Can You Say... Hero?”, é publicado como matéria de capa da Esquire. Em seu estúdio, Rogers finaliza o episódio sobre Lloyd, mostrando a última foto em seu mural, que retrata Lloyd felizmente reunido com sua família. Ele se despede de sua audiência televisiva e as filmagens terminam. Enquanto a equipe se retira, Rogers permanece no estúdio, tocando piano sozinho. Ele para brevemente, toca algumas teclas para relaxar e retoma a música.

Em 29 de janeiro de 2018, foi anunciado que a TriStar Pictures, da Sony, havia adquirido os direitos de distribuição mundial do filme You Are My Friend, uma cinebiografia baseada em um artigo de 1998 da revista Esquire sobre o apresentador de televisão Fred Rogers, que seria interpretado por Tom Hanks. O roteiro de Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster figurou na Black List de 2013, lista dos melhores roteiros não produzidos. A direção seria de Marielle Heller; a produção ficaria a cargo de Marc Turtletaub e Peter Saraf, da Big Beach, juntamente com Youree Henley. Em julho de 2018, Matthew Rhys assinou contrato social de trabalho para interpretar o jornalista Lloyd Vogel, com a produção prevista para começar em setembro de 2018. Sendo galês, Rhys nunca tinha ouvido falar de Fred Rogers antes de lhe ser oferecido o papel. Em agosto de 2018, Chris Cooper foi adicionado ao elenco para interpretar o pai de Vogel; e em setembro, Susan Kelechi Watson foi adicionada. Em outubro de 2018, Enrico Colantoni, Maryann Plunkett, Tammy Blanchard, Wendy Makken, Sakina Jaffrey, Carmen Cusack, Harpster e Maddie Corman juntaram-se ao elenco. Em 2018, Nate Heller foi escolhido para compor a trilha sonora do filme. A diretora de cinema Marielle Heller afirmou publicamente que “o filme não era uma cinebiografia”, pois abordava a vida de Fred Rogers de forma mais limitada, concentrando-se principalmente em sua “filosofia e prática”.     

Heller afirmou que um documentário recente, na verdade, se aproximava mais de uma cinebiografia sobre Rogers. As filmagens principais começaram em 10 de setembro de 2018, em Pittsburgh, com vários cenários convertidos para representar a cidade de Nova York. As filmagens também ocorreram no Fred Rogers Studio da WQED (TV), onde o falecido apresentador de televisão gravava o programa Mister Rogers` Neighborhood, e no Centro Comunitário Judaico em Squirrel Hill. A equipe consultou membros da equipe original da série de televisão de Rogers e trouxe as mesmas câmeras e monitores usados ​​na produção fílmica original. O filme recebeu créditos fiscais de aproximadamente US$ 9,5 milhões, contra um orçamento de produção de US$ 45 milhões, para filmagens em Pittsburgh. A produção foi concluída em 9 de novembro de 2018. Em 12 de outubro de 2018, o técnico de som James Emswiller sofreu um ataque cardíaco e caiu de uma varanda do segundo andar enquanto estava no set de filmagem em Mt. Lebanon. Ele foi levado para o University of Pittsburgh Medical Center - Mercy, onde foi declarado morto. Um Lindo Dia na Vizinhança estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 7 de setembro de 2019. Originalmente, seria lançado em 18 de outubro de 2019 pela Sony Pictures Releasing, mas em maio de 2018, foi anunciado que o lançamento seria adiado em um mês, provvelmente para 22 de novembro de 2019.

Um Lindo Dia na Vizinhança arrecadou US$ 61,7 milhões nos Estados Unidos e Canadá e US$ 6,7 milhões em outros territórios, totalizando US$ 68,4 milhões em todo o mundo, contra um orçamento de produção de US$ 25 milhões. Nos Estados Unidos e no Canadá, foi lançado juntamente com Frozen 2 e 21 Bridges, e a previsão era de que arrecadasse cerca de US$ 15 milhões em 3.231 cinemas no fim de semana de estreia. Arrecadou US$ 4,5 milhões no primeiro dia, incluindo US$ 900.000 das pré-estreias de quinta-feira à noite. Estreou com US$ 13,3 milhões, terminando em terceiro lugar nas bilheterias. Caiu apenas 11% no segundo fim de semana, arrecadando US$ 11,8 milhões e terminando em quinto lugar, e permaneceu em quinto lugar no fim de semana seguinte com US$ 5,2 milhões. Tom Hanks foi elogiado pela crítica por sua atuação como Fred Rogers. No site agregador de críticas Rotten Tomatoes, o filme tem uma aprovação de 95% com base referenciada em 372 críticas, com uma classificação média de 8/10. O consenso crítico do site afirma o seguinte: “Assim como a amada personalidade da TV que o inspirou, Um Lindo Dia na Vizinhança oferece uma mensagem poderosa e comovente sobre aceitação e compreensão”. No Metacritic, o filme tem uma pontuação média ponderada de 80 em 100 percentual, com base em 50 críticas, indicando avaliações “geralmente favoráveis”. O público pesquisado pelo CinemaScore deu ao filme uma nota média de “A” em uma escala de A+ a F, enquanto o público do PostTrak deu uma média de quatro estrelas em cinco, com 66% dizendo que definitivamente o recomendariam.

Não só na sociologia, mas no conjunto das ciências socais, encontram-se as mais diversas explicações sobre como e por que se da a mudança, a evolução, o progresso, o desenvolvimento, a modernização, a crise, a recessão, o golpe de classe, a reforma, a revolução. Para explicar as transformações sociais, em sentido amplo, o sociólogo, antropólogo, economista, politólogo, psicólogo, historiador e outros têm buscado causas, condições, tendências, fatores, indicadores, variáveis, e assim por diante. Ao analisar as condições de formação, funcionamento, reprodução, generalização, mudança e crise do capitalismo globalizado, os cientistas sociais têm proposto explicações que nem sempre se excluem. Em umas implicam outras, ou as englobam. Em primeiro lugar, uma interpretação que se generalizou bastante, desde os arquétipos comparados da Revolução Industrial, estabelece que o progresso econômico é o resultado da “criatividade empresarial”. Toda mudança, inovação ou modernização econômica substantiva tende a consumar a capacidade de criação e liderança de empresários imaginosos, inventivos ou mesmo lúdicos, capazes de articular e dinamizar os fatores da produção preexistentes e novos. Essa interpretação tem os seus principais enunciados nos escritos de economistas clássicos, seus discípulos e continuadores no século XIX e XX. Historicamente os valores sociais relacionados aos self-made man ao tycoon, ao capitão de indústria, ao pioneirismo social, à identidade entre propriedade privada, livre empresa e sociedade aberta, ligam-se à tese de que a criatividade humana é a base do progresso capitalista global.

  A trivialização do conhecimento não faz produto do conhecimento apenas um produto determinado, faz também dele um produto qualquer. Mas as ideias podem tornar-se ideológicas na medida em que sua estrutura socialmente obedece às estruturas socioprofissionais, sua produção integra-se entre os outros processos de produção e a cultura torna-se cognoscível a partir das categorias econômicas do capital e do mercado. Mas nem a informação, nem a teoria, nem o pensamento abstrato, nem a cultura são produtos triviais, ainda que mais não seja pelo fato de serem, ao mesmo tempo, produtos/produtores e, mesmo comportando hologramaticamente a dimensão socioeconômica, não poderiam ser reduzidas a isso. A redução trivializante não teme exercer-se como sujeito sobre o conhecimento científico. Este nível abstrato como qualquer outro é apropriado pelo pensamento, como a religião e através da ciência, com suas relações de força e monopólios, suas lutas e suas estratégias, seus interesses e seus ganhos. Mas, por seu lado, os estudos de etnografias dos laboratórios, estes que parecem ter dinamismo, demonstram-nos como se estabelecem essas mediações dos pesquisadores, em função de posições, ou status, as lutas e a utilização de alguns truques diabólicos pelo reconhecimento per se, pelo prestígio ou pela glória, com as negociações necessárias ao estabelecimento de uma prova, os ritos de passagem na pesquisa e na universidade. A motivação primeira do cientista é a notoriedade.

Mas não se pode reduzir o interesse científico ao interesse econômico, a vontade de pesquisar ao desejo de prestígio, a sede de conhecimento à sede de poder, em alguns casos terrenos sim. A sociologia não pode ser considerada uma concepção que exclui o indivíduo ou que, no máximo, o tolera. É uma concepção humanista, mas que deve implicá-lo e explicitá-lo. Sobre a aquisição do conhecimento pesa um formidável determinismo. Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, o que não se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça os rumos, estabelece os limites, ergue cercas de arame farpado e conduz-nos ao ponto onde devemos ir. E também que conjunto prodigioso de determinações sociais, culturais e históricas é necessário para o nascimento da menor ideia, da menor teoria. Não bastaria limitarmo-nos a essas determinações que pesam do exterior sobre o conhecimento. É necessário considerar, também, os determinismos intrínsecos ao conhecimento, que são, segundo Edgar Morin, muito mais implacáveis. Em primeiro lugar, princípios iniciais, comandam esquemas e modelos explicativos, os quais impõem uma visão de mundo e das coisas que se governam/e controlam de modo imperativo e proibitivo a lógica dos discursos, pensamentos, teorias. Ao organizar os paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo dos sistemas de convicção e de crença que, quando reinam em uma sociedade, impõem a todos a força imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a força proibitiva do tabu. As doutrinas e ideologias dominantes dispõem também da força imperativa e coercitiva que evidencia aos convictos e o temor inibitório aos desalmados.

A partir deste fundamento, compreendemos que ordem, desordem e organização são elementos essenciais para o entendimento da questão da complexidade, pois se desintegram e se desorganizam ao mesmo tempo. Nesse entendimento, constata-se que o sentido da realidade se dá por meio da relação do todo com as partes e vice e versa em uma análise integradora em que não é pertinente examinar o fenômeno a partir de uma única matriz de racionalidade. A desordem torna-se indispensável para a organização social da vida humana, pois a sociedade é dependente de acontecimentos/fatos que possam modificar a ordem já estabelecida para gerar novos meios de organização entre os sujeitos. Há um imprinting cultural, matriz que estrutura o conformismo, e há uma normalização que o impõe. O imprinting é um termo que Konrad Lorentz propôs para dar conta da marca incontornável pelas primeiras experiências do jovem animal, como o passarinho que, ao sair do ovo, segue como se fosse sua mãe, o primeiro ser vivo ao seu alcance. Há um imprinting cultural que marcam os humanos, desde o nascimento, com o selo da cultura, primeiro familiar e depois da escola, prosseguindo na universidade ou na profissão. Contrário à orgulhosa pretensão dos intelectuais e cientistas, o conformismo cognitivo não é de modo algum uma marca de subcultura que afeta per se as camadas fundamentalmene subalternas. Os subcultivados sofrem um imprinting e uma normalização atenuados e, nesta dimensão social há mais opiniões pessoais diante do balcão de café do que num coquetel literário.

Embora contrariados em contradição com seu desenvolvimento liberal intelectual que permite a expressão de desvios e de ideias e formas escandalosas, o imprinting e a normalização crescem paralelamente com a aquisição real da cultura. O imprinting cultural determina à desatenção seletiva, que nos faz desconsiderar tudo aquilo que não concorde com as nossas crenças, e o recalque eliminatório, que nos faz recusar toda informação inadequada às nossas convicções, ou toda objeção vinda de fonte técnica considerada ruim. A normalização manifesta-se de maneira repressiva ou intimidatória. Cala os que teriam a tentação de duvidar ou de contestar. A normalização, portanto, com seus subaspectos de conformismo, exerce uma prevenção contra o desvio e elimina-o, se ele se manifesta. Mantém, impõe a norma do que é importante, válido, inadmissível, verdadeiro, errôneo, imbecil, perverso. Indica os limites a não ultrapassar. As palavras que não devem proferir. Os conceitos a desdenhar, as teorias a desprezar. O imprinting assimila a perpetuação dos modos de conhecimento e verdades estabelecidas. Obedece a processos de tribunais: uma cultura produz modos de conhecimento entre os homens dessa própria cultura. Através do seu modo de conhecimento, reproduzem a legitimidade que produz esse conhecimento. As crenças que se impõem são fortalecidas pela fé que as suscitaram. Então, reproduzem não somente os conhecimentos, mas as estruturas e os modos reguladores que determinam a invariância desses conhecimentos.  

A liberdade intelectual não pode ser vista apenas como determinada possibilidade de expressão. É uma noção que se torna necessário sociologizar, culturalizar, complexificar, termodinamizar. Está ligada a um contexto cultural pluralista, dialógico, conflitual agitado. Necessita não apenas das condições que se tornam, de fato, permissivas, mas, também das condições dinâmicas irradiadas pelas crises, turbulências, conflitos nas ideias e visões de mundo. Comparativamente, como ocorre no mundo físico, a termodinâmica do mundo das ideias só é fecunda, produtiva ou criadora entre certos patamares, os quais não podem ser determinados a priori. Aquém desses limiares, não há “efervescência cultural” e, além, a turbulência torna-se dispersiva ou explosiva. Não se pode determinar uma temperatura intelectual ideal, ainda mais que não há nenhum termômetro ad hoc. Mas, para concordarmos com Edgar Morin, assim como a verdadeira vida do pensamento realiza-se na temperatura cotidianamente de sua própria destruição, a verdadeira vida de uma efervescência cultural desenrola-se quase na temperatura de sua própria ebulição. Neste sentido, não queremos perde de vista se podemos conceber o complexo das liberdades, então podemos compreender que a cultura enquanto representação seja tanto libertação quanto prisão para o conhecimento ou o pensamento.                              

A cultura aprisiona-nos no seu etno-sócio-centrismo, seu hic et nunc, nos seus imperativos categóricos e proibições, nas suas normas e normalizações, nas suas limitações e encobrimentos, nos seus artigos de fé e também de desconfiança, nas suas verdades e nos seus erros. Mas, ao mesmo tempo, a cultura oferece-nos uma linguagem, um saber, uma memória, um processo comunicativo, uma possibilidade de trocas linguísticas, verificações e refutações. Quando comporta em si a pluralidade dialógica e a abertura para as outras culturas e os outros saberes exteriores, oferece-nos as condições e possibilidades de emanciparmos relativamente das suas limitações e dissimulações. Com o desenvolvimento da cultura crescem, naturalmente, o artificial e o frívolo na esfera do pensamento; além de pequenos imprinting locais e sofísticos multiplicam-se em outros tantos diaforismos e trissotinadas; um “alto cretinismo” instala-se nas esferas superiores; a proliferação da abstração e da matematização mascara o real concreto ou mesmo de análise, que deviam traduzir, mas, ao mesmo tempo crescem e multiplicam-se as brechas que permitem as autonomias e as liberdades, as possibilidades de acesso aos problemas essenciais e universais, mesmo se, sob a pressão das frivolidades culturais e dos “altos cretinismos”, usado para descrever uma pessoa de pouca inteligência e lunática, os problemas decisivos permanecem confinados a uma minoria tola, medíocre, desviante. 

Bibliografia Geral Consultada.

TOURAINE, Alain, La Produzione della Società. Bolonha: Il Mulino, 1973; LASCH, Christopher, A Cultura do Narcisismo: A Vida numa Era de Esperança em Declínio. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1983; DEBUS, Allen George, El Hombre y la Naturaleza en el Renacimiento. México: Fondo de Cultura Económica, 1996; HALE, John, La Civilisation de L´Europe à la Ranaissance. Sarthe-France: Éditions Perrin, 2003; BOUNANNO, Milly, L’Etat della Télévisione. Esperienze e Teorie. Roma: Edizionne Laterza, 2006; ALLEGRO, Luís Guilherme Vieira, A Reabilitação dos Afetos: Uma Incursão no Pensamento Complexo de Edgar Morin. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007; MORIN, Edgar, O Método 4 – As Ideias. 4ª edição. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008; CARVALHO, Marçal Luis Ribeiro, A Questão Punitiva na Pós-modernidade: Desafios Contemporâneos à Luz da Ética da Alteridade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010; IANNI, Octavio, A Sociologia e o Mundo Moderno. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2011; FREITAS, Francisco Augusto Canal, Habitar o Hábito: Reflexão e Origem da Cidade no Pensamento de Walter Benjamin. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2012; ABREU e LIMA, Fellipe de Andrade, A Ideia de Cidade no Renascimento. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012; HELIODORA, Barbara, Shakespeare: O Que As Peças Contam. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014; POSTONE, Moishe, Tempo, Trabalho e Dominação Social. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015; AFTEL, Mandy, Essência e Alquimia. Belo Horizonte: Editor Laszlo, 2020; entre outros.

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