
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
Analítica do Poder & Vigilância - Cinema & Dispositivos da Crítica.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
Um Dia Lindo Na Vizinhança – Cultura Ocidental & Razão Observadora.
“Essa morada é para si a noite da substância”. Friedrich Hegel
O indivíduo privatista é o mesmo que pensa ser justificada a existência do espaço público apenas na medida em que satisfaz os interesses dos indivíduos privados. O mesmo indivíduo que tolera, admite e recomenda a privatização da vida pública em que seus representantes aparentemente se constituam em modelos de probidade. Na esfera pública da cidadania, comparativamente, não obstante, quase sempre confunde princípios políticos com metas econômicas e está disposto a abrir mão da aparente moralidade e pudor quando um representante demonstra ser um bom administrador. O mesmo que exige probidade moral e pública e desrespeita as regras mínimas da convivenciabilidade em nome da satisfação de interesses privados. A distorção entre o campo social e o político decorre da moderna concepção da sociedade, a qual encara a política como um espaço de regulação da esfera privada. Arendt defendia um conceito de pluralismo no âmbito político. Graças ao pluralismo, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado entre as pessoas. O que significa o juízo? Organização e subsunção do individual e particular ao geral e universal, procedendo-se então a uma avaliação ordenada com a aplicação de parâmetros pelos quais se identifica o concreto e de acordo com decisões.
Por trás de todos esses juízos há um prejulgamento, um preconceito. Somente o caso individual é julgado, não o próprio parâmetro ou a questão de ele ser ou não uma medida adequada do objeto que está sendo medido. Num dado momento, emitiu-se um juízo sobre o parâmetro, mas agora esse juízo foi adotado, tornando-se, por assim dizer, um meio para se emitirem futuros juízos. Mas juízo pode significar algo totalmente diferente e sempre significa de fato quando nos confrontamos com algo que nunca vimos e para o que não temos nenhum parâmetro à disposição. Esse juízo que não conhece parâmetro só pode recorrer à evidência do que está sendo julgado, e seu único pré-requisito é a faculdade de julgar, o que tem muito mais a ver com a capacidade de discernir do que com a capacidade de organizar e subordinar. Tais juízos sem parâmetros nos são bastante familiares quando se trata de questões de estética e gosto, que, como observou Immanuel Kant, não se podem discutir, mas de que se pode, seguramente, discordar e concordar. Na vida cotidiana, como sabemos isso se verifica “em face de uma situação desconhecida, que fulano ou beltrano fez um juízo correto ou equivocado”.
Melhor dizendo, em toda
crise histórica, são os preconceitos os primeiros a se esboroar e deixar de ser
confiáveis, ipso facto, é essa pretensão de universalidade que distingue
muito claramente ideologia de preconceito (sempre parcial por natureza). A
ideologia afirma peremptoriamente que não devemos mais nos fiar em preconceitos
- declarados como literalmente inapropriados. A falta de padrões no mundo
moderno - a impossibilidade de formar novos juízos sobre o que aconteceu e o
que acontece todos os dias com base em padrões sólidos, reconhecidos por todos,
e de subsumir esses eventos a princípios gerais bem conhecidos, assim como a
dificuldade estreitamente associada, de se proverem princípios de ação para o
que deve acontecer agora, tem sido frequentemente descrita como niilismo
inerente à nossa época, como desvalorização de valores, uma espécie de “crepúsculo
dos deuses”, para lembramos de Nietzsche, uma catástrofe na ordem moral do
mundo. Todas essas interpretações pressupõem tacitamente que só se pode esperar
dos seres humanos juízos se tiverem parâmetros, que a faculdade de julgar não
é, mais do que a habilidade de consignar casos individuais aos seus lugares
corretos e adequados dentro de princípios gerais aplicáveis e sobre os quais
estão todos de acordo.
O ponto de partida para a constituição do sujeito é o desejo, mas não um desejo dirigido a uma coisa qualquer no mundo. O homem se torna humano quando “deseja outro desejo”. Abre-se assim, ao homem, um novo espaço de liberdade, que se manifesta antes de tudo como um desejo de reconhecimento e produz uma luta de morte por puro prestígio – o ato fundante da história, o ato antropogênico por excelência. Mas para que haja história, é preciso que haja relação social entre homens vivos. A luta não pode terminar com a aniquilação de um dos lados. Um deles, provavelmente, deve abdicar do combate, colocar a liberdade acima de sua vida, fora da relação entre “senhor-escravo”. Nela se concentrando outra atividade essencial ao projeto do homem: o trabalho intelectual como princípio de liberdade. A dialeticidade que assim se estabelece é um dos pontos culminantes do pensamento humano em todas as épocas, e sua conclusão é surpreendente e magistral: o homem integral, livre, satisfeito com o que é; o homem que se aperfeiçoa, não é o senhor nem o escravo, mas o que consegue suprimir sua sujeição. Na linguagem teórica entendemos que as palavras e expressões funcionam como representação, mas em sua periodização histórica as palavras e expressões funcionam sempre de forma distinta, porque se referem a concepção pontual de uma teoria da história.
A dificuldade própria da terminologia teórica consiste, pois, neste sentido em que, por detrás do significado usual da palavra, é preciso sempre discernir o seu significado conceptual, que é sempre diferente do significado usual empírico e casual contido na representação das fontes, nas atas, nos documentos oficiais etc. Na sua significação mais geral deve nos permitir a compreensão histórica e sociológica que tem por efeito social o conhecimento de um objeto: a narrativa da história. É assim que a história abstrata ou a história em geral não existem, no sentido exato do termo, mas apenas a história real, ou “como efetivamente ocorreu, desses objetos que enformam a experiência acumulada da humanidade. A determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealização esta supressão da exterioridade. O espírito não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, isto é, como seu princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Portanto, que o espírito finito dialeticamente segue um passo a passo e se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza.
A seguir em oposição com esta
e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu/subsumiu a oposição e
voltou a si mesmo e, per se, o espírito finito é a ideia, que girou sobre si
mesma e que existe por si em sua realidade. Todo conhecer, todo aprender, toda
visão, toda ciência, inclusive toda atividade prática, não possui nenhum outro
interesse além do aquilo que “é em si”, no interior, manifestar-se desde si
mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre
toda a diferença na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal
desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto
pertence à essência do homem. O europeu sabe de si, é objeto de si mesmo. A
determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como
livre. O homem considera a liberdade como sua substância. Se os homens “falam
mal de conhecer é porque não sabem o que fazem”. Conhecer-se, converter-se a si
mesmo no objeto (do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o
homem é livre somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do
saber, como se quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é
no espírito a existência. Esta é a única diferença da existência (Existenz),
a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e
eu sou livre somente enquanto existo como livre.
Um Lindo Dia na
Vizinhança tem
como representação social um filme biográfico dramático norte-americano de 2019
sobre o apresentador de TV Fred Rogers, dirigido por Marielle Heller e escrito
por Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster, inspirado no artigo de 1998 “Você
Pode Dizer... Herói?” de Tom Junod, publicado na Esquire. É estrelado
por Tom Hanks, Matthew Rhys, Susan Kelechi Watson e Chris Cooper. O filme
retrata Lloyd Vogel (Rhys), um jornalista problemático da Esquire que é
designado para escrever um perfil do ícone da televisão Fred Rogers (Hanks). O
filme estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 7 de setembro
de 2019 e foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos da América em 22 de
novembro de 2019 pela Sony Pictures Releasing. Arrecadou US$ 68 milhões no
mundo globalizado. Os críticos elogiaram as atuações de Tom Hanks e Matthew Rhys,
a direção de Heller e as mensagens comoventes. Foi escolhido pela revista Time
como um dos dez melhores filmes do ano. Por sua atuação, Hanks foi indicado a
Melhor Ator Coadjuvante no Oscar, bem como no Globo de Ouro, Critics` Choice,
Screen Actors Guild Awards e BAFTA Awards, entre outros.
O filme começa com uma refilmagem da sequência de abertura de Mister Rogers` Neighborhood. Fred Rogers mostra ao seu público televisivo um painel com retratos de alguns de seus amigos, incluindo o Rei Friday e o Sr. McFeely. Em seguida, ele apresenta um novo amigo, Lloyd Vogel, que, segundo ele, foi magoado e está tendo dificuldades para perdoar a pessoa que o feriu. Lloyd, jornalista da revista Esquire reconhecido por sua escrita cínica, reluta em ir ao terceiro casamento de sua irmã Lorraine porque seu pai, Jerry, com quem não tem contato há anos, estará presente. No entanto, ele comparece com sua esposa, Andrea, e o filho recém-nascido, Gavin. Quando Jerry faz um comentário insensível sobre a falecida mãe de Lloyd, Lila (a quem ele traiu e abandonou quando ela estava morrendo de câncer vinte anos antes), Lloyd fica furioso e dá um soco no pai, iniciando uma briga caótica na qual outro convidado quebra o nariz de Lloyd. A editora de Lloyd, Ellen, o designa para entrevistar Rogers nos estúdios da WQED em Pittsburgh para um artigo de 400 palavras sobre heróis. Lloyd sente que a tarefa é indigna dele, mas é informado de que nenhum dos outros heróis estava disposto a falar com ele devido à sua reputação. Ao conhecer Lloyd, Rogers se mostra indiferente à sua fama e demonstra principalmente preocupação com o ferimento no nariz de Lloyd.
A
história técnica e social da televisão começou no início do século XX por meio
de experimentos realizados por diferentes inventores sociais de seu tempo. Seu
desenvolvimento se deu graças a uma série de outros avanços tecnológicos que se
estendiam desde o século XIX. Na véspera da 1ª grande guerra (1914-1918) foi
prometido ao patriarca Shimun XIX Benyamin (1887-1918) um “tratamento
preferencial em antecipação à guerra”. Pouco depois do início da guerra, no
entanto, assentamentos assírios e armênios ao Norte de Hakkari foram atacados e
saqueados por irregulares curdos aliados ao exército otomano no genocídio
assírio. Outros foram forçados a trabalhar em batalhões e posteriormente
executados. O ponto de virada foi quando o irmão do patriarca foi feito
prisioneiro enquanto estudava em Constantinopla. Os otomanos exigiram a
neutralidade assíria e o executaram como advertência. Em troca, o patriarca
declarou guerra aos otomanos em 10 de abril de 1915. Os assírios foram atacados
por irregulares curdos apoiados pelos otomanos, levando a maioria dos assírios
de Hakkari aos cumes das montanhas, pois aqueles que ficaram em suas aldeias
foram mortos. Shimun Benjamin conseguiu mover-se despercebido para Urmia, que
estava sob controle russo, e tentou persuadi-los a enviar uma força de socorro
aos assírios sitiados. Quando os russos responderam que o pedido não era
razoável, ele retornou a Hakkari e liderou os 50 mil assírios sobreviventes
através das montanhas para a Urmia. Milhares morreram de frio e fome durante
esta marcha.
Em 1924, a Turquia expulsou os últimos habitantes cristãos da região. Para turquificar a população local, em junho de 1927 foi aprovada a Lei 1164 que permitiu a criação de Inspetorias-Gerais (Umumi Müffetişlik). A província, portanto, foi incluída na chamada Primeira Inspetoria Geral, que abrange as províncias de Hakkâri, Siirt, Van, Mardin, Bitlis, Sanlıurfa, Elaziğ e Diyarbakır. A primeira (Umumi Müffetişlik) UM foi criada em 1º de janeiro de 1928 e centrada em Diyarbakır. A UM era regida por um Inspetor Geral, que governou com ampla autoridade sobre assuntos civis, jurídicos e militares. O escritório do Inspetor Geral foi dissolvido em 1952 durante o governo do Partido Democrata. Historicamente o Hakkari ainda era proibido para cidadãos estrangeiros até 1965. A região Olağanüstü Hâl Bölge Valiliği representou “uma super-região política criada na Turquia sob a legislação do estado de emergência, como parte inclusiva ao conflito social curdo-turco”. A partir de 1994, a super-região foi reduzido, as províncias rebaixadas para a “província vizinha” e depois removidas.
Com persuasão, Lloyd
admite alguns dos problemas com seu pai, cujo pedido de desculpas e tentativa
de reconciliação Lloyd rejeitou. Rogers conta a ele suas maneiras de lidar com
a raiva, incluindo bater nas teclas de um piano. Enquanto Lloyd acompanha
Rogers em uma visita a Nova York, ele o provoca com várias perguntas pessoais
para expor a persona amigável de Rogers como uma farsa. Rogers esquiva-se da
maioria das perguntas, mas aceita gentilmente a sugestão de Lloyd de que seus
filhos podem ter tido algumas dificuldades na infância devido ao pai trabalhar
demais. Usando seus fantoches, ele gentilmente incentiva Lloyd a compartilhar
suas memórias de infância, levando Lloyd a se lembrar de um coelho de pelúcia
que ele tinha. Lloyd encerra a entrevista quando Rogers começa a perguntar
sobre seu pai. Mais tarde, ele volta para casa e encontra Andrea almoçando com
Jerry, junto com sua nova esposa, Dorothy, o que leva a um tenso confronto
entre pai e filho. Lloyd se recusa a aceitar que Jerry mudou, ainda ressentido
por ele ter deixado sua mãe. Durante a discussão, Jerry sofre um ataque
cardíaco e é levado para o hospital. Atordoado e buscando o conselho de Rogers,
Lloyd abandona o pai, apesar das objeções de Andrea, e para
Pittsburgh, interrompendo a gravação do “Mister Rogers` Neighborhood”
ao desmaiar no estúdio.
Ele se imagina em um
episódio da série, onde Rogers e Andrea (como Lady Aberlin) o encorajam a se
abrir sobre sua tristeza. Em seguida, ele tem uma visão de sua mãe, que lhe diz
que ele não precisa ficar com raiva em nome dela. Rogers e sua esposa Joanne
levam Lloyd para casa para que ele se recupere. Rogers encoraja Lloyd a pensar
nas pessoas que o amaram e o criaram, incluindo Jerry, e o incentiva a
perdoá-lo. Lloyd volta para casa e pede desculpas a Andrea por tê-la deixado com
Gavin no hospital, e visita Jerry e Dorothy em sua casa. Ele descobre que Jerry
está morrendo de estenose cardíaca, daí suas tentativas de se reconectar com
ele. Lloyd perdoa Jerry, prometendo ser um pai melhor. Mais tarde, Lorraine,
seu marido Todd e Rogers visitam Jerry. Jerry morre pouco depois da visita, e o
artigo de 10.000 palavras de Lloyd, “Can You Say... Hero?”, é publicado como
matéria de capa da Esquire. Em seu estúdio, Rogers finaliza o episódio sobre
Lloyd, mostrando a última foto em seu mural, que retrata Lloyd felizmente
reunido com sua família. Ele se despede de sua audiência televisiva e as
filmagens terminam. Enquanto a equipe se retira, Rogers permanece no estúdio,
tocando piano sozinho. Ele para brevemente, toca algumas teclas para relaxar e
retoma a música.
Em 29 de janeiro de 2018, foi anunciado que a TriStar Pictures, da Sony, havia adquirido os direitos de distribuição mundial do filme You Are My Friend, uma cinebiografia baseada em um artigo de 1998 da revista Esquire sobre o apresentador de televisão Fred Rogers, que seria interpretado por Tom Hanks. O roteiro de Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster figurou na Black List de 2013, lista dos melhores roteiros não produzidos. A direção seria de Marielle Heller; a produção ficaria a cargo de Marc Turtletaub e Peter Saraf, da Big Beach, juntamente com Youree Henley. Em julho de 2018, Matthew Rhys assinou contrato social de trabalho para interpretar o jornalista Lloyd Vogel, com a produção prevista para começar em setembro de 2018. Sendo galês, Rhys nunca tinha ouvido falar de Fred Rogers antes de lhe ser oferecido o papel. Em agosto de 2018, Chris Cooper foi adicionado ao elenco para interpretar o pai de Vogel; e em setembro, Susan Kelechi Watson foi adicionada. Em outubro de 2018, Enrico Colantoni, Maryann Plunkett, Tammy Blanchard, Wendy Makken, Sakina Jaffrey, Carmen Cusack, Harpster e Maddie Corman juntaram-se ao elenco. Em 2018, Nate Heller foi escolhido para compor a trilha sonora do filme. A diretora de cinema Marielle Heller afirmou publicamente que “o filme não era uma cinebiografia”, pois abordava a vida de Fred Rogers de forma mais limitada, concentrando-se principalmente em sua “filosofia e prática”.
Heller afirmou que um
documentário recente, na verdade, se aproximava mais de uma cinebiografia sobre
Rogers. As filmagens principais começaram em 10 de setembro de 2018, em
Pittsburgh, com vários cenários convertidos para representar a cidade de Nova
York. As filmagens também ocorreram no Fred Rogers Studio da WQED (TV), onde o
falecido apresentador de televisão gravava o programa Mister Rogers`
Neighborhood, e no Centro Comunitário Judaico em Squirrel Hill. A equipe
consultou membros da equipe original da série de televisão de Rogers e trouxe
as mesmas câmeras e monitores usados na produção fílmica original. O filme
recebeu créditos fiscais de aproximadamente US$ 9,5 milhões, contra um
orçamento de produção de US$ 45 milhões, para filmagens em Pittsburgh. A
produção foi concluída em 9 de novembro de 2018. Em 12 de outubro de 2018, o
técnico de som James Emswiller sofreu um ataque cardíaco e caiu de uma varanda
do segundo andar enquanto estava no set de filmagem em Mt. Lebanon. Ele
foi levado para o University of Pittsburgh Medical Center - Mercy, onde foi
declarado morto. Um Lindo Dia na Vizinhança estreou no Festival
Internacional de Cinema de Toronto em 7 de setembro de 2019. Originalmente,
seria lançado em 18 de outubro de 2019 pela Sony Pictures Releasing, mas em
maio de 2018, foi anunciado que o lançamento seria adiado em um mês, provvelmente para 22 de
novembro de 2019.
Um Lindo Dia na
Vizinhança
arrecadou US$ 61,7 milhões nos Estados Unidos e Canadá e US$ 6,7 milhões em
outros territórios, totalizando US$ 68,4 milhões em todo o mundo, contra um
orçamento de produção de US$ 25 milhões. Nos Estados Unidos e no Canadá, foi
lançado juntamente com Frozen 2 e 21 Bridges, e a previsão era de que
arrecadasse cerca de US$ 15 milhões em 3.231 cinemas no fim de semana de
estreia. Arrecadou US$ 4,5 milhões no primeiro dia, incluindo US$ 900.000 das
pré-estreias de quinta-feira à noite. Estreou com US$ 13,3 milhões, terminando
em terceiro lugar nas bilheterias. Caiu apenas 11% no segundo fim de semana,
arrecadando US$ 11,8 milhões e terminando em quinto lugar, e permaneceu em
quinto lugar no fim de semana seguinte com US$ 5,2 milhões. Tom Hanks foi
elogiado pela crítica por sua atuação como Fred Rogers. No site agregador de
críticas Rotten Tomatoes, o filme tem uma aprovação de 95% com base referenciada
em 372 críticas, com uma classificação média de 8/10. O consenso crítico do
site afirma o seguinte: “Assim como a amada personalidade da TV que o inspirou,
Um Lindo Dia na Vizinhança oferece uma mensagem poderosa e comovente sobre
aceitação e compreensão”. No Metacritic, o filme tem uma pontuação média
ponderada de 80 em 100 percentual, com base em 50 críticas, indicando
avaliações “geralmente favoráveis”. O público pesquisado pelo CinemaScore deu
ao filme uma nota média de “A” em uma escala de A+ a F, enquanto o público do PostTrak
deu uma média de quatro estrelas em cinco, com 66% dizendo que
definitivamente o recomendariam.
Não só na sociologia, mas no conjunto das ciências socais, encontram-se as mais diversas explicações sobre como e por que se da a mudança, a evolução, o progresso, o desenvolvimento, a modernização, a crise, a recessão, o golpe de classe, a reforma, a revolução. Para explicar as transformações sociais, em sentido amplo, o sociólogo, antropólogo, economista, politólogo, psicólogo, historiador e outros têm buscado causas, condições, tendências, fatores, indicadores, variáveis, e assim por diante. Ao analisar as condições de formação, funcionamento, reprodução, generalização, mudança e crise do capitalismo globalizado, os cientistas sociais têm proposto explicações que nem sempre se excluem. Em umas implicam outras, ou as englobam. Em primeiro lugar, uma interpretação que se generalizou bastante, desde os arquétipos comparados da Revolução Industrial, estabelece que o progresso econômico é o resultado da “criatividade empresarial”. Toda mudança, inovação ou modernização econômica substantiva tende a consumar a capacidade de criação e liderança de empresários imaginosos, inventivos ou mesmo lúdicos, capazes de articular e dinamizar os fatores da produção preexistentes e novos. Essa interpretação tem os seus principais enunciados nos escritos de economistas clássicos, seus discípulos e continuadores no século XIX e XX. Historicamente os valores sociais relacionados aos self-made man ao tycoon, ao capitão de indústria, ao pioneirismo social, à identidade entre propriedade privada, livre empresa e sociedade aberta, ligam-se à tese de que a criatividade humana é a base do progresso capitalista global.
A trivialização do conhecimento não faz
produto do conhecimento apenas um produto determinado, faz também dele um
produto qualquer. Mas as ideias podem tornar-se ideológicas na medida em que
sua estrutura socialmente obedece às estruturas socioprofissionais, sua
produção integra-se entre os outros processos de produção e a cultura torna-se
cognoscível a partir das categorias econômicas do capital e do mercado. Mas nem
a informação, nem a teoria, nem o pensamento abstrato, nem a cultura são
produtos triviais, ainda que mais não seja pelo fato de serem, ao mesmo tempo,
produtos/produtores e, mesmo comportando hologramaticamente a dimensão
socioeconômica, não poderiam ser reduzidas a isso. A redução trivializante não
teme exercer-se como sujeito sobre o conhecimento científico. Este nível
abstrato como qualquer outro é apropriado pelo pensamento, como a religião e
através da ciência, com suas relações de força e monopólios, suas lutas e suas
estratégias, seus interesses e seus ganhos. Mas, por seu lado, os estudos de
etnografias dos laboratórios, estes que parecem ter dinamismo, demonstram-nos
como se estabelecem essas mediações dos pesquisadores, em função de posições,
ou status, as lutas e a utilização de alguns truques diabólicos pelo
reconhecimento per se, pelo prestígio ou pela glória, com as negociações
necessárias ao estabelecimento de uma prova, os ritos de passagem na pesquisa e
na universidade. A motivação primeira do cientista é a notoriedade.
Mas não se pode reduzir
o interesse científico ao interesse econômico, a vontade de pesquisar ao desejo
de prestígio, a sede de conhecimento à sede de poder, em alguns casos terrenos
sim. A sociologia não pode ser considerada uma concepção que exclui o indivíduo
ou que, no máximo, o tolera. É uma concepção humanista, mas que deve implicá-lo
e explicitá-lo. Sobre a aquisição do conhecimento pesa um formidável
determinismo. Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, o
que não se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça os rumos, estabelece os
limites, ergue cercas de arame farpado e conduz-nos ao ponto onde devemos ir. E
também que conjunto prodigioso de determinações sociais, culturais e históricas
é necessário para o nascimento da menor ideia, da menor teoria. Não bastaria
limitarmo-nos a essas determinações que pesam do exterior sobre o conhecimento.
É necessário considerar, também, os determinismos intrínsecos ao conhecimento,
que são, segundo Edgar Morin, muito mais implacáveis. Em primeiro lugar,
princípios iniciais, comandam esquemas e modelos explicativos, os quais impõem
uma visão de mundo e das coisas que se governam/e controlam de modo imperativo
e proibitivo a lógica dos discursos, pensamentos, teorias. Ao organizar os
paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo dos sistemas de convicção
e de crença que, quando reinam em uma sociedade, impõem a todos a força
imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a força proibitiva do
tabu. As doutrinas e ideologias dominantes dispõem também da
força imperativa e coercitiva que evidencia aos convictos e o temor inibitório
aos desalmados.
A partir deste
fundamento, compreendemos que ordem, desordem e organização são elementos
essenciais para o entendimento da questão da complexidade, pois se desintegram
e se desorganizam ao mesmo tempo. Nesse entendimento, constata-se que o sentido
da realidade se dá por meio da relação do todo com as partes e vice e versa em
uma análise integradora em que não é pertinente examinar o fenômeno a partir de
uma única matriz de racionalidade. A desordem torna-se indispensável para a
organização social da vida humana, pois a sociedade é dependente de
acontecimentos/fatos que possam modificar a ordem já estabelecida para gerar
novos meios de organização entre os sujeitos. Há um imprinting cultural,
matriz que estrutura o conformismo, e há uma normalização que o impõe. O imprinting
é um termo que Konrad Lorentz propôs para dar conta da marca incontornável
pelas primeiras experiências do jovem animal, como o passarinho que, ao sair do
ovo, segue como se fosse sua mãe, o primeiro ser vivo ao seu alcance. Há um
imprinting cultural que marcam os humanos, desde o nascimento, com o selo da
cultura, primeiro familiar e depois da escola, prosseguindo na universidade ou
na profissão. Contrário à orgulhosa pretensão dos intelectuais e cientistas, o
conformismo cognitivo não é de modo algum uma marca de subcultura que afeta per
se as camadas fundamentalmene subalternas. Os subcultivados sofrem um imprinting e
uma normalização atenuados e, nesta dimensão social há mais opiniões pessoais diante do balcão de café
do que num coquetel literário.
Embora contrariados em
contradição com seu desenvolvimento liberal intelectual que permite a expressão
de desvios e de ideias e formas escandalosas, o imprinting e a normalização
crescem paralelamente com a aquisição real da cultura. O imprinting cultural
determina à desatenção seletiva, que nos faz desconsiderar tudo aquilo que não
concorde com as nossas crenças, e o recalque eliminatório, que nos faz
recusar toda informação inadequada às nossas convicções, ou toda objeção vinda
de fonte técnica considerada ruim. A normalização manifesta-se de maneira
repressiva ou intimidatória. Cala os que teriam a tentação de duvidar ou de
contestar. A normalização, portanto, com seus subaspectos de conformismo,
exerce uma prevenção contra o desvio e elimina-o, se ele se manifesta. Mantém,
impõe a norma do que é importante, válido, inadmissível, verdadeiro, errôneo,
imbecil, perverso. Indica os limites a não ultrapassar. As palavras que não
devem proferir. Os conceitos a desdenhar, as teorias a desprezar. O imprinting
assimila a perpetuação dos modos de conhecimento e verdades estabelecidas.
Obedece a processos de tribunais: uma cultura produz modos de conhecimento
entre os homens dessa própria cultura. Através do seu modo de conhecimento,
reproduzem a legitimidade que produz esse conhecimento. As crenças que se
impõem são fortalecidas pela fé que as suscitaram. Então, reproduzem não
somente os conhecimentos, mas as estruturas e os modos reguladores que
determinam a invariância desses conhecimentos.
A liberdade intelectual não pode ser vista apenas como determinada possibilidade de expressão. É uma noção que se torna necessário sociologizar, culturalizar, complexificar, termodinamizar. Está ligada a um contexto cultural pluralista, dialógico, conflitual agitado. Necessita não apenas das condições que se tornam, de fato, permissivas, mas, também das condições dinâmicas irradiadas pelas crises, turbulências, conflitos nas ideias e visões de mundo. Comparativamente, como ocorre no mundo físico, a termodinâmica do mundo das ideias só é fecunda, produtiva ou criadora entre certos patamares, os quais não podem ser determinados a priori. Aquém desses limiares, não há “efervescência cultural” e, além, a turbulência torna-se dispersiva ou explosiva. Não se pode determinar uma temperatura intelectual ideal, ainda mais que não há nenhum termômetro ad hoc. Mas, para concordarmos com Edgar Morin, assim como a verdadeira vida do pensamento realiza-se na temperatura cotidianamente de sua própria destruição, a verdadeira vida de uma efervescência cultural desenrola-se quase na temperatura de sua própria ebulição. Neste sentido, não queremos perde de vista se podemos conceber o complexo das liberdades, então podemos compreender que a cultura enquanto representação seja tanto libertação quanto prisão para o conhecimento ou o pensamento.
A cultura aprisiona-nos
no seu etno-sócio-centrismo, seu hic et nunc, nos seus imperativos
categóricos e proibições, nas suas normas e normalizações, nas suas limitações
e encobrimentos, nos seus artigos de fé e também de desconfiança, nas suas
verdades e nos seus erros. Mas, ao mesmo tempo, a cultura oferece-nos uma linguagem,
um saber, uma memória, um processo comunicativo, uma possibilidade de trocas
linguísticas, verificações e refutações. Quando comporta em si a pluralidade
dialógica e a abertura para as outras culturas e os outros saberes exteriores,
oferece-nos as condições e possibilidades de emanciparmos relativamente das
suas limitações e dissimulações. Com o desenvolvimento da cultura crescem,
naturalmente, o artificial e o frívolo na esfera do pensamento; além de
pequenos imprinting locais e sofísticos multiplicam-se em outros tantos
diaforismos e trissotinadas; um “alto cretinismo” instala-se nas esferas
superiores; a proliferação da abstração e da matematização mascara o real
concreto ou mesmo de análise, que deviam traduzir, mas, ao mesmo tempo crescem
e multiplicam-se as brechas que permitem as autonomias e as liberdades, as
possibilidades de acesso aos problemas essenciais e universais, mesmo se, sob a
pressão das frivolidades culturais e dos “altos cretinismos”, usado para
descrever uma pessoa de pouca inteligência e lunática, os problemas
decisivos permanecem confinados a uma minoria tola, medíocre, desviante.
Bibliografia Geral Consultada.
TOURAINE, Alain, La Produzione
della Società. Bolonha: Il Mulino, 1973; LASCH, Christopher, A Cultura
do Narcisismo: A Vida numa Era de Esperança em Declínio. Rio de Janeiro:
Editora Imago, 1983; DEBUS, Allen George, El Hombre y la Naturaleza en el
Renacimiento. México: Fondo de Cultura Económica, 1996; HALE, John, La
Civilisation de L´Europe à la Ranaissance. Sarthe-France: Éditions Perrin,
2003; BOUNANNO, Milly, L’Etat della Télévisione. Esperienze e Teorie. Roma:
Edizionne Laterza, 2006; ALLEGRO, Luís Guilherme Vieira, A Reabilitação dos
Afetos: Uma Incursão no Pensamento Complexo de Edgar Morin. Dissertação de
Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo:
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007; MORIN, Edgar, O Método
4 – As Ideias. 4ª edição. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008; CARVALHO,
Marçal Luis Ribeiro, A Questão Punitiva na Pós-modernidade: Desafios
Contemporâneos à Luz da Ética da Alteridade. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais. Porto Alegre: Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010; IANNI, Octavio, A
Sociologia e o Mundo Moderno. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 2011; FREITAS, Francisco Augusto Canal, Habitar o
Hábito: Reflexão e Origem da Cidade no Pensamento de Walter Benjamin.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2012; ABREU e LIMA, Fellipe de
Andrade, A Ideia de Cidade no Renascimento. Tese de Doutorado. Programa
de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012; HELIODORA, Barbara, Shakespeare:
O Que As Peças Contam. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014; POSTONE,
Moishe, Tempo, Trabalho e Dominação Social. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015;
AFTEL, Mandy, Essência e Alquimia. Belo Horizonte: Editor Laszlo, 2020; entre
outros.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
A Questão do Operaísmo, Vida Nervosa & Dinâmica da Luta de Classes.
- A segunda grande experiência que tive que me preparou para uma vida de envolvimento político foi quando me declarei ateia, quando tinha 19. Eu vivia com meus pais em Dolo, uma pequena cidade entre Pádua e Veneza, e minha família era muito religiosa (católica). Mas eu estava vendo muita pobreza e injustiça ao meu redor, contra os quais a igreja oficial estava fazendo muito pouco. Minha posição, que era contrária ao papel da hierarquia da igreja, foi um choque para meus pais, mas eles resistiram. Finalmente, quanto eu tinha 18 anos, decidi sair de casa para me sustentar enquanto estudava na universidade, embora meus pais tivessem dinheiro e pudessem pagar meus estudos. Eu queria ter o controle da minha vida e viver sem privilégios sociais. Trabalhei em muitos lugares, de vendedora assistente em uma livraria a ser uma representante comercial envolvida com obras de arte, e sendo bibliotecária na universidade. Dessa vez meus pais choraram muito: do seu ponto de vista, sua única filha (eu tinha três irmãos) era a mais rebelde e olhava a vida de uma maneira que sentiam que iria acabar em dificuldades.
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| A Classe Operária Vai ao Paraíso, Elio Petri (1971). |







