sábado, 11 de fevereiro de 2023

Sem Palavras – Cinema, Audiologia & Sequelas da Memória.

                  “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”. Fernando Pessoa              

       

         Em meteorologia, os ventos são muitas vezes classificados de acordo com a sua intensidade, natureza e direção em que se movimentam do ponto de vista do tempo e do espaço. Os ventos súbitos de curta duração e elevada velocidade são denominados lufadas ou rajadas. Os ventos fortes de duração intermédia com cerca de um minuto são denominadas as borrascas ou também lufadas. Os ventos de longa duração segundo a escala de Beaufort têm vários nomes de acordo com a sua intensidade média, como brisa, vento forte, ventania, tempestade ou furacão. O vento ocorre em diferentes escalas, desde grandes correntes de tempestade que duram dezenas de minutos, até brisas localizadas geradas pelo aquecimento da massa terrestre que duram algumas horas, até ventos globais que resultam das diferenças de absorção da energia solar entre as diferentes regiões climatéricas da Terra. As duas principais causas da circulação atmosférica de grande escala são as diferenças de temperatura entre o equador e os polos e a rotação do planeta, ou força de Coriolis. Nos trópicos, a circulação de depressões térmicas sobre o terreno e os grandes planaltos podem criar fenômenos de monção. Nas regiões costeiras, o ciclo entre a brisa marítima e terrestre pode criar ventos locais. Em áreas de relevo acentuado, podem ser dominados pelas brisas de montanha e de vale.

Na história da civilização humana, o vento inspirou a mitologia, influenciou eventos históricos e guerras, impulsionou meios de transporte e proporcionou uma fonte de energia para o trabalho mecânico, eletricidade e recreação. O vento impulsionou a era das Descobertas e as grandes viagens marítimas pelos oceanos. Os balões de ar quente utilizam o vento para deslocações curtas, enquanto as aeronaves tiram dele partido para reduzir o consumo de combustível. Em muitas regiões, os ventos dominantes têm vários nomes locais devido aos seu impacto significativo no quotidiano. Os ventos são capazes de transformar a superfície terrestre através de erosão e sedimentação eólica, dando origem a solos férteis para a agricultura. O vento é capaz de transportar ao longo de grandes distâncias a poeira dos grandes desertos e as sementes de várias plantas, o que é fundamental para a sobrevivência de algumas espécies e das populações de insetos. O vento também influencia a propagação de incêndios florestais. Quando associado a baixas temperaturas, o vento tem um impacto negativo no gado, afetando as reservas alimentares e as estratégias de caça e defesa dos animais. As áreas de cisalhamento de vento provocadas pelos fenómenos meteorológicos podem provocar situações perigosas para a aviação e os ventos fortes podem destruir ou danificar árvores e estruturas. 

      O filme Sem Palavras (Un Homme Pressé, 2019) é baseado na autobiografia de Christian Streiff, ex- Chief Executive Officer (CEO) da Airbus e da PSA Peugeot Citroën, que em 2008 perdeu parte da memória e da fala em consequência de dois derrames cerebrais consecutivos. Isto é, um alto executivo que engloba as montadoras Peugeot e Citroen. Sua função varia de acordo com o tipo e estrutura da empresa (cf. Catmull; Wallace, 2014), mas está ligada à prosperidade do negócio. Com direção de Hervé Mimran (Nous York) e protagonizado por Fabrice Luchini (Molière) e Leïla Bekhti, uma fantástica atriz francesa de origem argelina, o longa-metragem segue Alain um empresário respeitado, acostumado às pressões que a profissão de vendas de carro e o mercado fetichista globalizado impõem, inclusive apresentações em público sobre o lançamento, com ímpeto e brusquidão, de seus produtos no mercado. Quando se fala em comunicação corporativa, a oratória é uma das características mais importantes, e um homem que “não tem tempo a perder”, pois “tempo é dinheiro”, e os negócios são a sua vida. Descansar não está em seus planos, por isso lazer e família acabam ficando em segundo plano. Mas tudo muda quando, ele sofre um grave acidente vascular cerebral (AVC), que o deixa com sequelas que afetam a fala e a memória. Agora com a ajuda da família e de uma terapeuta, ele começa a enxergar, gradativamente, que existe vida além do que ele reconhecia e melhores maneiras de aproveitar seu tempo social. Um AVC ocorre quando problemas na irrigação sanguínea do cérebro causam a morte das células, o que faz com que partes do cérebro deixem de funcionar devidamente.

           Hervé Mimran, nascido em Marselha, é um realizador e argumentista francês. Um diretor é uma pessoa que dirige a realização de uma obra audiovisual, geralmente para cinema ou televisão, mas também para gravação de música ou realização de uma transmissão de rádio, neste caso, falamos mais propriamente de “diretor no ar”. Ele é um tanto equivalente a um diretor de teatro. O diretor pode ou não ter participado da redação do roteiro do filme, em colaboração com os roteiristas e escritores de diálogos. O diretor tem prerrogativas diferentes dependendo do ramo de sua atividade e do país onde exerce. Ele pode ser ao mesmo tempo autor, artista e técnico. A partir do roteiro, ele determina os aspectos visuais e dramáticos do filme. Participa do casting de atores e técnicos principais, prospecção de locações e preparação de cenários, figurinos e acessórios, filmagem e pós-produção, bem como promoção. Para a filmagem, ele determina o posicionamento da câmera e dos atores. Ele é o encarregado de dirigir os atores, daí seu nome inglês de diretor. Dependendo dos termos de seu contrato, ele pode ou não dirigir a edição e a mixagem do filme. Empregado pela produção, o diretor deve garantir o bom andamento do processo audiovisual das filmagens. Cabe a ele respeitar a agenda e o orçamento estipulados pela relação estabelecida entre produção-consumo.

            No território que atualmente ocupa a catedral de Santiago de Compostela existia um povoado romano, que se tende a identificar como a mansão romana de Aseconia, que existiu entre a segunda metade do século I e o século V. O povoado desapareceu, mas permaneceu uma necrópole que esteve em uso, provavelmente, até o século VII. O nascimento de Santiago, como se conhece agora, está ligado à descoberta (presumível) dos restos do Apóstolo Santiago entre 820 e 835, à elevação do nível religioso dos restos, e a Universidade de Santiago de Compostela. Segundo a tradição medieval, como aparece pela primeira vez na Concórdia de Antealtares (1077), o eremita Paio alertado por luzes noturnas, que se produziam no bosque de Libredon, avisou o bispo de Iria Flavia, Teodomiro, que morreu em 847 que descobriu os restos de Santiago Maior e de dois discípulos, no lugar que posteriormente se levantaria Compostela, topônimo que poderia vir de Campus Stellae, isto é “campo de estrelas”, ou mais provavelmente de Composita Tella, “terras bem ajeitadas”, que é um eufemismo galego do termo “cemitério”. A descoberta propiciou que Afonso II das Astúrias (759 d. C. – 842 d. C.), necessitado de coesão interna e apoio externo para o seu reino, fizera uma peregrinação que anunciou no interior do seu reino e no exterior, a um novo lugar de peregrinação da cristandade num momento em que a importância de Roma decaíra e Jerusalém não era acessível por estar em poder dos muçulmanos. Pouco a pouco a cidade foi se desenvolvendo, primeiro estabeleceu-se uma comunidade eclesiástica permanente a cargo do bispo de Iria e os monges de San Paio de Antealtares. 

       A fundação da cidade está ligada à alegada descoberta dos “restos mortais do apóstolo Santiago Zebedeu, ocorrida em 812 ou 813, ou ainda, segundo outras versões ou estimativas especulativas, entre 820 e 835 ou entre 818 e 842, que deu uma importância religiosa crescente ao local”. A cidade desenvolveu-se graças à popularidade crescente como destino econômico e espiritual de peregrinação e, a partir do século XVI, também à criação da universidade. Na atualidade a cidade deve também parte da sua importância ao estatuto de capital da Galiza. Segundo a tradição medieval, cujo registo mais antigo aparece na Concórdia de Antealtares (1077), o eremita Pelágio (ou Paio), alertado por luzes noturnas que avistou no bosque de Libredão (Libredón) avisou ao bispo de Iria Flávia, Teodomiro, que deslocando-se ao local descobriu um sepulcro de pedra no local onde está agora a catedral. No sepulcro repousavam três corpos, que o bispo identificou como sendo de Santiago Maior e de dois dos seus discípulos Teodoro e Atanásio. A descoberta - ou a sua invenção - ocorreu num período em que o rei Afonso II das Astúrias estava empenhado em combater o perigo de secessão e no reforço da coesão do seu reino. Para tal declara-se o genuíno representante da tradição goda em matéria de religião e leis, visando com isso assegurar a unicidade do poder. Além disso, nomeia um herdeiro de sangue real, embora não primogénito, para governar a Galiza. 

         Mas o ato mais genial dessa política é a criação de Compostela. Aproveitando a notícia da descoberta do corpo do apóstolo, Afonso II fez uma peregrinação ao local, segundo a tradição da oralidade, foi ele o primeiro peregrino de Santiago e “ali manda construir a suas expensas uma igreja a que concede privilégios e ali fixa uma comunidade religiosa”. Em volta da igreja fixa população e funda uma povoação, como vimos que, trabalhando, desde o início goza de prerrogativas reais. Com isto, o rei asturiano consegue encontrar um padroeiro, não por acaso, mas para a sua causa contra os muçulmanos, um Santiago cavaleiro e “mata-mouros”, e ao mesmo tempo passa a ter uma cidade fiel até ao limite encravada no coração da Galiza. Santiago torna-se assim o braço estendido do monarca asturiano na Galiza. Espontaneamente assentou-se uma população de gentios heterogêneos, ainda que fundamentalmente, estava formada por emigrantes procedentes das aldeias próximas. Mas que foi aumentando à medida que se desenvolvia a peregrinação por razões religiosas e econômicas, por todo o ocidente peninsular, reforçado pelo privilégio concedido por Ordonho II no ano 915. Isto é, pelo que se estabelecia que quem quer que permanecesse quarenta dias sem ser reclamado como servo, passava a ser considerado como um homem livre com direito a residir em Compostela. É capital da comunidade autônoma da Galiza e faz parte da província da Corunha e da comarca de Santiago. 

          É uma cidade internacionalmente famosa como um dos destinos de peregrinação cristã mais importantes do mundo (cf. Mendes, 2009), cuja popularidade possivelmente só é superada, respectivamente, por Roma e Jerusalém. Ligado a esta tradição, que remonta à fundação da cidade no século IX, destaca-se a catedral de Santiago de fachada barroca, que alberga o túmulo de Santiago Maior, um dos apóstolos de Jesus Cristo. A visita a esse túmulo marca o fim da peregrinação, cujos percursos, os chamados Caminhos de Santiago, se estendem por toda a Europa Ocidental ao longo de milhares de quilômetros. Desde 1985 que o seu centro histórico (cidade velha) está incluído na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO. Em 1993 foi também incluído nessa lista o Caminho de Santiago, que tinha sido classificado como o primeiro itinerário cultural europeu pelo Conselho da Europa em 1987. Representou uma das capitais europeias da cultura em 2000. Situa-se 70 km ao Sul da Corunha, 65 km a Norte de Pontevedra, 100 km a Noroeste de Ourense e 115 km ao Norte da fronteira portuguesa de Valença. Como capital da Galiza, estão sediados o parlamento e o governo regionais de Junta da Galiza.

          É também uma importante cidade universitária, pela sua universidade, fundada em 1495. Em sua origem Compostela é um tema controverso, nomeadamente porque a possibilidade de a relacionar espiritualmente com o sepulcro de Santiago tende a que haja muitos argumentos emotivos ou baseados na tradição etnográfica. O primeiro nome medieval reconhecido do local é Libredón, que para alguns teria origem celta (“castro do caminho”) e para outros deriva do latim Liberum Donum (“concessão gratuita”). Entre os séculos IX e XI chamou-se Arcis Marmoricis, que apresenta o topônimo Arca, quase sempre indicador de um sepulcro ou uma mamoa. No século XI os registos históricos começam a mencionar Compostella como um subúrbio, ou seja, parte de uma vila, que alguns situam na zona atual da Rua do Franco. A partir do século XI esse nome passa a aplicar-se a toda a vila. Uma das versões mais divulgadas é a de que é uma derivação do latim Campus Stellae (“campo da estrela”), que evoca a estrela que indicou milagrosamente ao bispo Teodomiro a localização do túmulo de Santiago. 

       No entanto, o Cronicon Iriense (XI e XII) indica como origem do nome Compositum Tellus, que pode ser um eufemismo para cemitério. No capítulo XII da Crónica de Sampiro (século XI) refere-se “Compostella, id est bene compósita”. No capítulo XII do Códice Calixtino, do século XII, narra-se a história social e religiosa de uma mulher chamada Compostella, presumivelmente ligada à pregação do Apóstolo. Ángel Amor Ruibal (1869-1930), recordando o significado de compositum (“enterrado”) interpretou Compostela como significando “lugar onde está enterrado”. José Crespo Pozo e Luís Monteagudo consideram o topônimo anterior à tradição de Santiago, porque ele existe noutras partes da Galiza, e em El Bierzo há uma Compostilla, considerando-o uma derivação de comboros (escombros) e steel (ferro), significando “escória de minas e forjas” e relacionando-o também com o bairro da cidade de Estila. Compostela pode ainda ser um hipocorístico do antropônimo Composta. É em Santiago de Compostela que surge o primeiro jornal galego, El Catón Compostelano, em 1800. 

Em meados do século XIX já há alguma indústria, na forma de fábricas artesanais de curtumes, chocolates e refrigerantes, mas o desenvolvimento é travado pelo atraso comunicativo nas vias férreas, mas o comboio só chega à província da Corunha em 1943. No século XX Santiago assiste à expansão da ideologia galeguista, nomeadamente com a criação em 1923 do Seminário de Estudos Galegos, uma instituição com o objetivo de divulgar o patrimônio cultural galego formar investigadores, um papel que não era cumprido pela única universidade de Santiago, a única universidade galega de seu tempo. Nos alvores da II República Espanhola, no início da década de 1930, a Assembleia de Municípios da Galiza mostrou-se favorável à redação de um estatuto de autonomia, que chegaria a ser referendado e apresentado às Cortes em 1936, mas todo esse movimento político foi sufocado pelos nacionalistas durante a guerra civil, no início da qual foi fuzilado o alcaide Ánxel Casal, um destacado ativista galeguista. Durante o tempo da República, houve dois outros prefeitos democráticos, Francisco Vázquez e Raimundo López Pol. O Segundo Estatuto de Autonomia de Galiza chegou finalmente em 1981, após a queda da ditadura franquista e com ela Santiago passou a ser a capital política da Galiza, retomando um protagonismo político há muito perdido, dando um impulso à cidade que contrariou em larga medida a diminuição da sua importância do ponto de vista científico e social como cidade universitária devido à criação das universidades de Vigo e da Corunha em 1989.

Nos países de língua francesa, esse termo foi muito controverso em sua origem. Durante as décadas de 1910 e 1920, todos tentavam diferenciar cinema de teatro, e assim vários termos foram criados para designar o diretor de uma filmagem. Ricciotto Canudo propôs então “artista da tela”, mas essa palavra, pouco agradável ao ouvido, foi rapidamente rejeitada. Foi então que Louis Delluc (1890-1924) inventou a palavra cineasta, que aos poucos foi ganhando espaço no vocabulário do cinema. Na atualidade ninguém diferencia os termos diretor, diretor ou cineasta, apesar de herdarem culturalmente seus significados diferentes. Diretor seria o termo mais próximo de diretor, mas sua influência é mais ampla do que a de diretor. Nos Estados Unidos da América, o termo Diretor apareceu rapidamente. Originalmente designava a pessoa que dirigia os atores, que escolhia os cenários e o local da câmera. Mais tarde, sua carga diminuiu, convocando outros técnicos no âmbito da divisão sociológica do trabalho. O produtor se tornará a pessoa mais influente durante o projeto de um filme. Na França, o termo diretor é agora preferido ao de diretor. Segundo Georges Jean Méliès (1861-1938), em em seu livro: Visões Cinematográficas (1907), um diretor deveria “conseguir tudo, até o que parece impossível, e dar aparência de realidade aos sonhos mais quiméricos”. Assim, sua definição foi ampliada, e dedicada a tornar fictício o cenário em imagens. Mas foi a partir de 1958, com o Nouvelle Vague, um movimento artístico do cinema francês que se insere no movimento contestatório, próprio dos anos 1960, que a encenação artística e estética se tornou uma questão essencialmente teórica.      

Na França, e em alguns outros países europeus que estão sob o regime de direitos autorais, o corte final (final Edition) é compartilhado não apenas entre o diretor e o produtor, mas entre as emissoras mais importantes (os canais de televisão) que compram o direito de uso da obra por tempo determinado e para territórios determinados, e que impõem seu direito de fiscalizar a edição local final de acordo com suas clientelas. As decisões decorrentes dessas três partes são de direito e os autores da redação da obra audiovisual (roteiristas e roteiristas de diálogos) que não concordarem com a montagem final não têm outra solução senão retirar seu nome, o que acabaria por ser prejudiciais a todos eles. Os direitos do diretor variam muito entre os filmes. Vários deles estão sob o controle da equipe de produção. Mas, cada vez mais, os diretores têm um poder considerável em um set de filmagem. Este processo foi principalmente visível apenas durante a década de 1930 até a década de 1950. Há também diretores que têm amplo poder e que executam sua visão artística no set. Eles criam uma estrutura dramática geral, deixando o ator escolher suas palavras. Encontramos entre esses diretores Christopher Guest, Spike Lee ou Robert Altman. Eles controlam, com sabedoria, os aspectos técnico-metodológicos da filmagem: diálogos, movimentos, tomadas. Estamos falando da política de autores. Eles escrevem seu roteiro como roteiristas para que possam se envolver per se na história.

         Adentrando na questão da representação e conceitual da Audiologia, entre os sinais peculiares e sintomas da doença estão a incapacidade de mover ou de sentir um dos lados do corpo, dificuldades em compreender, ou em falar, sensação de que os objetos em volta se movimentam ou perda de um dos lados da visão. Na maior parte dos casos, os sinais e sintomas manifestam-se imediatamente após a decorrência. Quando a duração dos sintomas é inferior a uma ou duas horas, o episódio denomina-se “acidente isquêmico transitório” (AIT), ou mini-derramecomo também é reconhecido, acontece quando uma artéria cerebral sofre um pequeno “entupimento” ou “rompimento”, causando leves danos neurológicos à pessoa. Uma hemorragia subaracnóidea pode também estar associada a sintomas de dores de cabeça intensas. Os sintomas podem ser permanentes. Entre as complicações a longo prazo estão a pneumonia ou incontinência urinária. O principal fator de risco é a hipertensão arterial. Entre outros fatores sociais de risco estão fumar, a obesidade, colesterol elevado, diabetes, ter tido anteriormente um acidente isquêmico transitório e fibrilação auricular. É geralmente causado pelo bloqueio de um vaso sanguíneo, embora existam outras causas mormente menos comuns. No caso hemorrágico é causado por derrame, quer por hemorragia que ocorre de forma direta no cérebro quer por uma hemorragia subaracnóidea no espaço entre as meninges.               

Estas hemorragias podem ocorrer devido à rutura de um aneurisma cerebral. O diagnóstico é geralmente feito com recurso a imagiologia médica, ou ressonância magnética, acompanhada por uma avaliação física da pessoa. Podem ser realizados outros exames, como análises ao sangue ou eletrocardiograma, para determinar fatores de risco e descartar outras possíveis causas. Em 2013 cerca de 6,9 milhões de pessoas sofreram um AVC isquêmico e 3,4 milhões um AVC hemorrágico. Em 2010, encontravam-se vivas cerca de 33 milhões de pessoas que no passado tinham sofrido um AVC. Entre 1990 e 2010 o número de AVC ocorrido em cada ano diminuiu cerca de 10% nos países ditos “desenvolvidos” e aumentou cerca de 10% proporcionalmente nos países ditos “em vias de desenvolvimento”. Em 2013, os AVC representaram a segunda principal causa de morte, a seguir à doença arterial coronária, tendo sido responsáveis por 6,4 milhões de mortes em todo o mundo, habitado, urbanizado, o que corresponde a 12% do total de mortes. Cerca de 3,3 milhões de mortes foram causadas por AVC isquêmico e 3,2 milhões por AVC hemorrágico. Cerca de metade das pessoas que sofrem um AVC vivem menos de um ano. Dois terços dos AVC ocorrem em pessoas com mais de 65 anos de idade.  

Fonoaudiólogos têm formação teórica e prática acadêmica nas universidades em anatomia e fisiologia, aparelhos auditivos, implantes cocleares, eletrofisiologia, acústica, psicofisiologia, neurologia, função e avaliação vestibular, distúrbios do equilíbrio, orientação e linguagem de sinais. Fonoaudiólogos também executam a triagem auditiva neonatal, programa que foi tornado obrigatório em muitos hospitais nos Estados Unidos e Reino Unido:  Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales e Índia. Se um fonoaudiólogo ou um Audiologista determina metodologicamente que uma perda social de audição, ou anomalia vestibular está presente, irá fornecer recomendações para o paciente em relação à quais opções que podem ajuda-lo, como por exemplo, os aparelhos auditivos, implantes cocleares e/ou fornecer um adequado encaminhamento médico. Além de testar a frequência da audição, os especialistas também podem trabalhar com uma ampla variedade de clientela em reabilitação, tais como os indivíduos com zumbido, processamento auditivo, usuários de implante coclear e/ou usuários de aparelhos auditivos, desde populações pediátricas até aos idosos e, podendo realizar avaliação do zumbido e do sistema vestibular. Audiologia representa um ramo da ciência que estuda a audição, seu equilíbrio e distúrbios relacionados.

Os especialistas que possuem formação superior e que tratam pessoas com perda de audição e, de forma proativa, evitam danos relacionados, são o fonoaudiólogo ou Audiologista. Aplicando diversas estratégias de testes de audição, medições por emissões otoacústicas, videonistagmografia, e exames eletrofisiológicos, esta especialidade visa determinar se alguém pode ouvir dentro da faixa normal e, se não, quais as partes da audição, alta, média ou baixa frequências, estão afetadas, em qual grau, e onde está a lesão causando a provável perda de audição. Uma cronologia do uso das palavras Audiology e Audiologist é descrita através de uma série de jornais profissionais e comerciais americanos. A criação da palavra Audiologia foi creditada a Mayer B. A. Schier, Willard B. Hargrave, Stanley Nowak, Norton Canfield e Raymond Carhart. As tentativas de documentar o uso publicado da palavra antes de 1946 não tiveram sucesso.

O criador original do termo permanece desconhecido, mas Berger (2003) identificou as possíveis origens tendo como próceres Mayer B. A. Schier, Willard B. Hargrave, Stanley Nowak, Norman Canfield, ou Raymond Carhart. Em um perfil biográfico feito por Robert Galambos, Hallowell Davis é creditado com a criação do termo na década de 1940, dizendo que o então termo mais utilizado “treinador auricular” soava como um método de ensinar as pessoas a mexer suas orelhas. A audiologia nasceu de colaboração interdisciplinar.  A prevalência substancial de perda auditiva observada na população de veteranos após a 2ª guerra mundial (1939-1945) inspirou a criação do campo, como é reconhecido. O primeiro curso reconhecido em uma universidade nos Estados Unidos da América (EUA) para audiologistas foi oferecido pela Carhart na Northwestern University, em 1946. Raymond Thomas Carhart nasceu em 28 de março de 1912, na Cidade do México, filho de Raymond Albert e Edith (Noble) Carhart. Ele recebeu um diploma de Bacharel em Fonoaudiologia pela Dakota Wesleyan University em 1932, e os graus de Mestre em Artes (1934) e Doutor em Filosofia (1936) em Fonoaudiologia, Fonética Experimental e Psicologia na Northwestern University. O termo genérico Audiologia, do ponto de vista abstrato e conceitual, como ocorre no âmbito comparado da ciência da audição, e o conceito de centro multidisciplinar de audiologia, é, em alguns anos interessantes, mais antigo do que a emergente profissão independente da chamada Audiologia Clínica. A especialidade técnica trata os problemas em torno de captação, percepção e interpretação de sons de diversas origens.

Raymond Carhart permaneceu na Northwestern com o título de Instructor in Speech Reeducation de 1936 a 1940. Em 1940 foi promovido a Assistant Professor e em 1943 a Associate Professor. No ano seguinte, ingressou no Medical Administrative Corps, Exército dos Estados Unidos da América (EUA), como capitão. A atuou como Diretor da Clínica Acústica e também como Físico Acústico no Deshon General Hospital em Butler, Pensilvânia, até 1946. Ele então voltou para Northwestern University, onde se tornou Professor de Audiologia em 1947, cargo que ocupou até sua morte (repentina) ocorrida em 2 de outubro de 1975. Em 1948, Carhart foi nomeado Professor Assistente de Otorrinolaringologia na Faculdade de Medicina em reconhecimento ao seu trabalho no Campus de Chicago; ele logo foi nomeado professor Titular em 1952. Vários cargos administrativos também foram atribuídos a Raymond Carhart. De 1942 a 1947 foi Diretor de Educação de Surdos e Deficientes Auditivos. No último ano foi nomeado Diretor das Clínicas Auditivas; mas ele também era responsável pelos Laboratórios de Pesquisa Auditiva. Ele ocupou o cargo de Chefe do Programa de Audiologia de 1953 até pouco antes de sua morte em 1975. Carhart combinou de forma notável os papéis de professor e pesquisador. Como professor, ele era lúcido e entusiasmado com todos os níveis de alunos, tratando cada um como um indivíduo, mas esperando esforços substanciais de suas partes. Ele orientou 45 doutorandos e pós-doc na conclusão de pesquisas, e muitos deles “ascenderam aos escalões superiores de suas áreas”.

Os sentimentos de seus alunos em relação a ele foram bem resumidos na placa do retrato que eles encomendaram para o Edifício Frances Searle. Isso afirma simplesmente: “Raymond Carhart, professor, acadêmico e amigo. De seus alunos”. Como pesquisador, Carhart foi homenageado com a concessão de um Prêmio de Carreira de Pesquisa a partir de setembro de 1963 pelo Instituto Nacional de Doenças Neurológicas e Cegueira. Ele foi chamado várias vezes para avaliar projetos de pesquisa em instituições e programas educacionais, comerciais e governamentais. Suas recomendações sobre indivíduos foram amplamente procuradas. Entretanto, foi na audiologia que Carhart fez sua maior contribuição técnica e social. Em primeiro lugar, ele popularizou a palavra em si, embora não a tenha cunhado, e em segundo lugar, estabeleceu o primeiro programa acadêmico em audiologia nos Estados Unidos da América. Ele fez muito para dar à palavra e ao campo de pesquisa um significado administrativo científico. Também desenvolveu e refinou a “audiometria da fala” e usou essa “ferramenta de forma eficaz na avaliação da eficiência de aparelhos auditivos em uma grande variedade de indivíduos”. As técnicas de interpretação do audiograma de tom puro permanecem como uma de suas principais contribuições. Carhart fez seus primeiros trabalhos na acústica do trato vocal. Um sistema tem a capacidade de armazenar energia e devolvê-la para o outro que a forneceu. Esse processo funcional caracteriza os comportamentos reativos que ocorrem no trato vocal.

Ele então passou para vários problemas em psicoacústica, como mascaramento, fusão binaural e lateralização, e integração de potência tanto limiar quanto supralimiar. Ele alcançou fama epônima duradoura durante o Primeiro Congresso Internacional de Audiologia realizado em Estocolmo em 1950. Foi neste evento que ele descreveu uma mudança sociotécnica importante, anteriormente insuspeita, na audição por condução óssea - produzida por otosclerose - que desapareceu “após uma cirurgia bem-sucedida do estribo”. Esta condição ainda é reconhecida como “Carhart Notch”, fusão e lateralização binaural, e integração de potência limiar e supralimiar. Ele alcançou fama epônima duradoura no Primeiro Congresso Internacional de Audiologia realizado em Estocolmo em 1950. Muitas organizações e grupos governamentais se beneficiaram dos conselhos e serviços de Carhart, como presidente da American Speech and Hearing Association em um momento difícil na vida organizacional e membro da associação por muitos anos. Este Fellowship, juntamente com um na Acoustical Society of America e um Associate Fellowship na American Laryngological, Rhinological, and Otological Society, estava entre suas honras científicas mais queridas. Ele também foi membro do Otosclerosis Study Group, da American Otological Society e da International Society of Audiology, entre outros. Carhart serviu como consultor do Exército dos EUA entre 1946 e 1952.

Os artigos, capítulos e Relatório de Carhart somam mais de 140, de 1938 a 1975. Destes, 45% foram produzidos depois que ele se consagrou em seu Prêmio de Carreira de Pesquisa. Muitas de suas publicações foram de considerável importância. Além do prêmio de carreira e suas várias bolsas, Carhart recebeu o Prêmio de Mérito da Academia Americana de Oftalmologia e Otorrinolaringologia (1960), como Honras da American Speech and Hearing Association (1960) e Medalha Alumni da Northwestern University Alumni Association (1974). Em seu aniversário de 61 anos, seus alunos homenagearam Carhart com um colóquio de pesquisa realizado na Northwestern University. Em 2 de agosto de 1935, Carhart se casou com Mary Ellen Westfall (1854-1947), e três filhos nasceram deste casamento: Richard Alan, Robert Noble e Raymond Edgar. São cinco netos. A Sra. Carhart morreu em 24 de dezembro de 1971 e, em 31 de março de 1973, Carhart casou-se com Jeanette Davis Grunig. Carhart ocupa uma posição de destaque como fundador e principal pioneiro no campo de pesquisa da audiologia. O Edifício Frances Searle inaugurado em 1972, que alberga o Departamento de Distúrbios Comunicativos da Northwestern, concebido, planeado e construído em grande parte pelos seus esforços. Seus efeitos mais difundidos são encontrados diretamente nas impressões que ele causara em seus alunos que refletiram nos benefícios recolhidos por muitos dos “deficientes auditivos”, como resultado das décadas de pesquisa e avaliação de Raymond Carhart.  

Bibliografia geral consultada.

VERAS, Renato Peixoto; MATTOS, Leila Couto, “Audiologia do Envelhecimento: Revisão da Literatura e Perspectivas Atuais”. In: Rev. Bras. Otorrinolaringol. 73 (1) 2007; SILVA, José Maurício da, O Lugar do Pai: Uma Construção Imaginária. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2007; MENDES, Ana Catarina, Peregrinos a Santiago de Compostela: Uma Etnografia do Caminho Português. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social e Cultural. Instituto de Ciências Sociais. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2009; BROWN, Tim, Design Thinking: Uma Metodologia Poderosa para Decretar o Fim das Velhas Ideias. Rio de Janeiro: Editor Elsevier, 2010; RUSSO, Maurício Bastos, Violência no Trânsito “À Moda Brasileira”: Insegurança, Letalidade e Impunidade. Tese de Doutorado.  Programa de Pós-graduação em Sociologia. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2012; CATMULL, Edwin; WALLACE, Amy, Como Llevar la Inspiración hasta el Infinito y más Allá. Barcelona: Edición Conecta, 2014; GOMES CAMARGO, Renata, As Inteligências Múltiplas na Terapia Fonoaudiológica de Linguagem. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana. Centro de Ciências da Saúde. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2016; MELO, Luciana Pimentel; CAVALCANTI, Hannalice Gottschalck (Organizadoras), Relatos de Experiências em Audiologia. João Pessoa: Editora Universidade Federal da Paraíba, 2020; SANTOS, Lucas Líbni Ramos dos, Habilidade Gerencial e a Relação da Remuneração dos Executivos com o Gerenciamento de Resultados. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2020; SILVA, Leonardo Domingos Braga da, O Materialismo Transcendental e a Coisa em Si em ŽIŽEK. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2022; entre outros. 

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