“Aplicar o
conceito de hospitalidade vai além da técnica”. Geraldo Castelli (2005)
Estudiosos do processo
civilizador enfrentam um enorme emaranhado de problemas sociais.
Para mencionar alguns dos mais importantes, temos, em primeiro lugar, a questão
mais geral: o processo civilizador constitui uma mudança na conduta e
sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica. Mas, evidentemente
pessoas isoladas no passado não planejaram essa mudança. Pretendendo efetivá-la
gradualmente através de medidas conscientes racionais, deliberadas. A civilização
não é, nem o é a racionalização, um produto da racionalidade humana ou resultado de um planejamento calculado a longo prazo. Podemos imaginar (cf. Cardoso, 2019) em tese que
o processo civilizador tenha sido posto em movimento por pessoas necessárias. Dotadas
de perspectiva histórica, de um controle social específico, inclusivo dos afetos de
curto prazo, já que essa perspectiva e esse autodomínio pressupõem um processo
civilizador. Mas aconteceu sem planejamento algum, o que não quer dizer sem um tipo específico de ordem. Tomada como um todo,
essa mudança não foi “racionalmente planejada”, tampouco se reduziu ao
aparecimento e desparecimento aleatórios de modelos sociais desordenados.
Essa organização social dos
relacionamentos humanos se fez acompanhar de correspondentes mudanças nas
maneiras, na estrutura da personalidade do homem, cujo resultado
provisório é nossa forma de conduta e de sentimentos civilizados. A conexão
entre essas mudanças específicas na estrutura da personalidade, assim como
esses mecanismos de integração são relevantes, de modo mais geral para a
compreensão do processo civilizador. A civilização, para Elias (1993), dialeticamente, ou de “modo dialético”, para sermos breves, seguindo os preceitos da dialética, especialmente por meio do diálogo, não é razoável, nem racional, como também não é irracional. É posta em
movimento cegamente e mantida em movimento pela dinâmica autônoma de uma rede
de relacionamentos, por mudanças específicas na maneira com a qual determinadas
pessoas se veem obrigadas a conviver. Mas é absolutamente impossível que
possamos extrair dela alguma coisa mais razoável, alguma coisa que funcione
melhor em termos de nossas necessidades e objetivos. Porque é precisamente em
combinação com o processo técnico e social civilizador que a dinâmica cega dos homens,
entremisturando-se em atos sociais e objetivos, leva a um campo de ação
mais vasto para a intervenção planejada nas estruturas social e individual –
intervenção baseada num reconhecimento cada vez maior da dinâmica não
planejada. Uma universidade privada ou pública que modela indivíduos para uma função ou cargo, preparando-os sem honestidade intelectual levam-no ao fracasso.
Em primeiro lugar é preciso compreendermos
algumas questões em torno da hospitalidade que, por sinal antecedem,
outrossim, a relação técnica, e, portanto, política da administração singular
do espaço no Brasil. Vamos então retomar a velha discussão de Ariès que
repensada na pena de Norbert Elias (1897-1990) e Michel Foucault (1926-1984), no caso das práticas que
produzem efeitos de poder político, transcendem o modo habitual antevisto por Gaston
Bachelard (1884-1962) quando materializa a poética do espaço (1961).Historicamente o quarto de dormir
tornou-se uma das áreas mais privadas e íntimas da vida humana. Isto é, a
família nuclear, base de tudo, continua a ser o único enclave legítimo, socialmente sancionado
para esta prática e muitas outras funções humanas. Suas paredes visíveis e
invisíveis vedam os aspectos mais privados, íntimos, irrepreensivelmente
“animais” da existência humana, à vista de outras pessoas. Na sociedade
medieval, essa função não fora assim privatizada e separada do resto da vida
social. Era normal receber visitantes em quartos com camas, e as camas tinham
valor de prestígio relacionado com sua opulência. Lembra Elias, que era comum que muitas pessoas passassem a noite no mesmo quarto: na classe
alta, o senhor com seus serviçais; a dona da casa com sua dama ou damas de
companhia; em outras classes homens e mulheres no mesmo quarto, e não raro,
hóspedes que passam a noite. Os que dormiam vestidos despiam-se.
A Regra de São Benedito (Regula
Benedicti), escrita por Bento de Núrsia no século VI, é um conjunto de preceitos
destinados a regular a vivência de uma comunidade monástica cristã, regida por
um abade. Escrita numa altura em que pululavam, por toda a Cristandade,
inúmeras regras, começou a ter sucesso sobretudo a partir do século VIII,
quando os Carolíngios ordenaram que fosse a única regra monástica autorizada
nos seus territórios - e a partir daí, esse preceito estendeu-se ao resto da
Europa, sobretudo com o advento da reforma gregoriana. Foi também adotada, com
igual sucesso, pelas comunidades Regrantes femininas. Pode-se dizer que a regra
tem sido um guia, ao longo histórico da sua existência, para as comunidades da
Cristandade Católica e, desde a Reforma Protestante, aplicável às tradições
Anglicana e Protestante. O espírito da Regra resume-se em dois pontos: o lema
da Ordem de São Bento (Pax), que nasceria séculos mais tarde,
como resultado da agremiação de mosteiros que partilhavam a mesma regra; e
ainda o tradicional ora et labora (“reza e trabalha”), súmula da vida
que cada monge deve levar. A Regra de São Bento (cf. Vauchez, 1995) já
era seguida nos séculos X e XI por todos os monges do Ocidente. A regra na vida social era
adaptada e possuía certa diversidade dada às condições modelares de cada abadia, mas se
fixava nos princípios e formas da vida religiosa. A fonte dos acontecimentos da
vida de São Bento são os Diálogos de São Gregório Magno, redigidos em 593, baseados em fatos narrados por monges que o conheceram.
A
nudez no banho é realmente necessária no dia-a-dia para manter a higiene
humana, em vista que os banhos podem ser individuais ou coletivos, os banhos
podem ser praticados em espaços públicos ou privados, sendo naturais ou em
construções humanas. A Civilização do Vale do Indo praticava banhos coletivos “como
forma de purificar suas almas”. Em países escandinavos, é popular “o uso de
saunas”. No Japão, Sentō e Onsen são “locais de banhos coletivos”. O banho em
rios, lagos e praias são os espaços públicos mais comuns, atualmente, o banho
de rio é pouco praticado, sendo mais comum em lagos ou em praias quando
reservados para isso. Espaços abertos como fontes de praças raramente são
utilizados. Em representações artísticas, o banho é um tema recorrente
utilizado por pintores para representar a beleza da nudez feminina, como se
percebe em obras dos mais variados nomes da pintura clássica. Inspiration
(1915), o primeiro filme norte-americano não pornográfico que apresentou cenas
de nudez. A representação da nudez em filmes norte-americanos sempre foi controversa.
Vários filmes da era silenciosa de Hollywood já apresentavam nudez de uma forma
artística e não sexual.
De modo geral as pessoas dormiam nuas na sociedade leiga e, nas ordens monásticas, inteiramente vestidas ou vestidas de acordo com o rigor em torno das regras sociais. A regra de são Benedito – datando pelos menos o século VI – exigia que os membros da ordem dormissem com suas vestimentas e até mesmo conservassem o cinto. No século XII, quando a ordem se tornou mais próspera e poderosa, e menos severas as restrições ascéticas, os monges de Cluny tiveram permissão para dormir sem roupas. Os cistercianos, à época em que lutavam por reformas, voltaram à velha regra beneditina. Em duzentos anos (909-1109), Cluny teve apenas seis abades, sendo quatro deles canonizados: Odão, Odilo, Máiolo e Hugo de Cluny. Roupas de dormir especiais nunca são mencionadas nas regras monásticas e ainda menos nos documentos, poemas épicos, ou ilustrações deixadas pela sociedade secular. Isto se aplicava também às mulheres. No mínimo, era incomum ir para a cama com a roupa de uso diário. Isto despertava a suspeita de que a pessoa pudesse ter algum defeito corporal – por que outra razão o corpo devia ser ocultado? – e de fato isto usualmente acontecia. No Roman de la Violette, por exemplo, a criada, surpresa, pergunta à patroa por que ela vai dormir de camisa e esta última explica que “é por causa de uma marca que tem no corpo”. Esta despreocupação com o corpo nu, e o que demonstra quanto à fronteira da vergonha, é vista com especial clareza nas maneiras ao banho.
A atriz e nadadora
Annette Kellerman nua em cena do filme: A Daughter of the Gods (1916). Em
resposta às objeções de vários grupos conservadores, as cenas de nudez foram
proibidas de filmes produzidos pelos grandes estúdios em 1934 pelo Código das
Produções da Motion Picture Association of America nos Estados Unidos da América - reconhecido
popularmente pelo nome de Código Hayes. Tal Código dizia que os filmes só
poderiam ser exibidos nos cinemas norte-americanos após receberem um selo de
aprovação de um júri formado por membros da MPAA. A forte censura regeria até o
ano de 1964, quando o filme The Pawnbroker - que mostrava os seios
completamente nus de uma mulher - recebeu aprovação do júri da MPAA.
Anteriormente a esse filme, apenas alguns documentários e filmes estrangeiros
mostravam cenas de nudez sem serem perseguidos pela censura do Código das
Produções. Em 1959, o filme The Immoral Mr. Teas se tornou o primeiro
filme da chamada “indústria erótica” a ser exibido em cinemas, pois, antes
disso, os filmes pornográficos eram exibidos em bordéis como forma de estimular
os clientes). Com a instituição voluntária do sistema de classificação por
faixa etária pela MPAA em 1968, a nudez finalmente pôde ser legitimamente
incluída num filme comercial de sucesso. Desde então, vários filmes começaram a
praticar a nudez como utilidade de uso em níveis variados; no entanto, a nudez
frontal ainda é mais presente no cinema europeu que norte-americano, onde a
violência é aceita na mídia do que a nudez, ao contrário da Europa.
Segundo o papa Gregório I (590-604), São
Bento foi filho de uma família nobre romana da região de Nórcia, uma comuna italiana da região da Úmbria, província de Perugia, com cerca de 4. 695 habitantes, próximo à
cidade italiana de Espoleto onde realizou seus primeiros estudos. Foi enviado a
Roma para estudar retórica e filosofia, mas, tendo-se decepcionado com a decadência
moral da cidade, abandona logo a capital e retira-se para Enfide em 500.
Ajudado por um abade chamado Romano, instalou-se em uma gruta de difícil
acesso, a fim de viver como eremita. Depois de três anos nesse lugar,
dedicando-se à oração e ao sacrifício, foi descoberto por alguns pastores, que
divulgaram a fama de santidade. A partir de então, foi visitado constantemente
por pessoas que buscavam conselhos e direção espiritual. Foi eleito abade de um
mosteiro em Vicovaro, no centro da península Itálica. Por causa do regime de
vida exigente, os monges tentaram envenená-lo, mas, no momento em que dava a
bênção sobre o alimento, saiu da taça que continha o vinho envenenado uma
serpente e o cálice que se fez em pedaços. Com isso, São Bento resolve deixar a
comunidade e retornando à vida solitária, vivendo consigo mesmo: “habitare
secum”. Em 503, recebeu discípulos e fundou doze pequenos mosteiros. Em 529,
por causa da inveja do sacerdote Florêncio, tem de se mudar para Monte Cassino,
onde fundou o mosteiro que viria a ser o fundamento histórico-teológico da
expansão da Ordem Beneditina.
É
neste episódio que Florêncio lhe enviou de presente um pão envenenado, mas
Bento deu o pão a um corvo que todos os dias vinha comer de suas mãos e ordenou
à ave que o levasse para longe, onde não pudesse ser encontrado. Durante a
saída de Bento para Monte Cassino, Florêncio, sentindo-se vitorioso, saiu ao
terraço de sua casa para ver a partida do monge. Entretanto, “o terraço ruiu e
Florêncio morreu”. Um dos discípulos de Bento, Mauro, foi pedir ao mestre que
retornasse, pois o inimigo havia morrido, mas Bento chorou pela morte de seu
inimigo e também pela alegria de seu discípulo, “a quem impôs uma penitência
por regozijar-se pela morte do sacerdote”. Em 534, começou a escrever a Regula
Monasteriorum. Morre em 21 de março de 547, tendo antes anunciado a alguns
monges que iria morrer e seis dias antes mandado abrir sua sepultura. Sua irmã
gêmea Escolástica havia falecido em 10 de fevereiro do mesmo ano. As
representações sociais ou abstratas, no âmbito da teologia de São Bento
geralmente demonstram, junto com o santo, o “livro da Regra dos Mosteiros, um
cálice quebrado e um corvo com um pão na boca, em memória ao pão envenenado que
recebeu do sacerdote invejoso”.
São Bento de Núrsia (480-547) é irmão gêmeo de Santa Escolástica (480-542). Ela preceituava a pobreza, a virgindade, a obediência, a oração e o trabalho, bem como a obrigação de hospedar peregrinos e viajantes em seus mosteiros, dar assistência aos pober e promover o ensino. Por este motivo, ao lado dos seus mosteiros, havia semper uma escola, razão pela qual ainda, a ordem tornou-se um dos centros culturais da Idade Média, com suas bibliotecas reunindo o que restara das obras e ensinamentos da Antiguidade. Embora a fundação da ordem seja anterior a ele, considera-se que terá verdadeiramente tomado impulso a partir da reunião de vários mosteiros que professavam a regra por ele escrita, iso muito antes de sua morte. Mais tarde, os monges dessa ordem passaram a ser reconhecidos como beneditinos. A ordem está espalhada por quase todo o mundo, com mosteiros masculinos e femininos de monges e monjas de clausura. Seguindo o seu exemplo e inspiração, diversos fundadores de ordens religiosas tem baseado as normas e regras de seus mosteriros na regra deixada por Bento, cujo princípio é Ora et Labora, o que quer dizer Reza e Trabalha. Santa Escolástica é uma santa católica, nascida no Reino Ostrogótico e gêmea de São Bento de Núrsia, pai do monaquismo. Escolástica buscava a santidade desde jovem que iniciou sua vida consagrada a Deus antes de seu irmão.
Em épocas posteriores, segundo a análise histórica e pontual de Norbert
Elias (2011: 160), causou surpresa saber que os cavaleiros medievais eram atendidos no
banho por mulheres; do mesmo modo, eram elas que lhes lavavam à cama a bebida
de despedida da noite. Parece ter sido prática comum, pelo menos nas cidades,
despir-se em casa antes de ir para a casa de banhos. – “É muito frequente”, diz
um observador, “ver o pai, nada mais usando que calções, acompanhado da esposa
e dos filhos nus, correr pelas ruas, de sua casa para os banhos... Quantas
vezes vi mocinhas de dez, doze, quatorze, dezesseis e dezoito anos inteiramente
nuas, exceto por uma curta bata, muitas vezes rasgada, e com trajo de banho
esmulambado, na frente e atrás! Com isto aberto aos pés e com as mãos
decorosamente às costas, correndo de suas casas no meio-dia pelas longas ruas
em direção aos banhos. E quantos corpo nus de rapazes de dez, doze, quatorze e
dezesseis anos correndo ao lado delas”.
Esta despreocupação desaparece
lentamente no século XVI e mais rapidamente nos séculos XVII, XVIII e XIX, no
início nas classes altas e muito mais devagar nas baixas. Até então, todo o
estilo de vida, com a maior intimidade dos indivíduos, tornava a vista do corpo
nu, pelo menos no lugar apropriado, incomparavelmente mais comum do que nos
primeiros estágios da Era Moderna. – “Chegamos à conclusão surpreendente”,
disse alguém com referência à Alemanha, “que... a vista da nudez total era
regra diária até o século XVI. Todos se despiam inteiramente à noite antes de
ir dormir e da mesma maneira nenhuma roupa era usada nos banhos a vapor”. E
isto por certo não se aplicava apenas à Alemanha. As pessoas adotavam uma
atitude menos inibida – ou poderíamos dizer, mais infantil – com relação ao
corpo e a muitas de suas funções. Os costumes ligados ao ator de ir dormir,
porém, mostram menos isso do que os hábitos de banho. Contudo, uma camisola
especial começou a ser adotada lentamente, mais ou menos na ocasião em que
acontecia o mesmo com o garfo e o lenço. Tal como outros “implementos de civilização”,
espalhou-se de forma bem gradual pela Europa. E, como eles, era símbolo de uma
mudança decisiva que ocorria nessa época nos seres humanos. Aumentava a
sensibilidade com tudo aquilo que entrava em contato com o corpo. A vergonha passou a acompanhar formas de
comportamento que antes haviam estado livres desse sentimento.
A
moda no período de 1795-1820 em países europeus e com influência europeia viu o
triunfo final da nudez ou dos estilos informais sobre os brocados,
rendas, perucas e pó de arroz do início do século XVIII. Após a Revolução
Francesa, ninguém queria parecer um membro da aristocracia francesa, e as
pessoas começaram a usar roupas mais como uma forma de expressão individual do
verdadeiro eu do que como uma mera indicação de seu status social. Como
resultado, as mudanças que ocorreram na moda na virada do século XIX deram a
oportunidade de apresentar novas identidades públicas que também forneceram
percepções sobre seu eu privado. Katherine Aaslestad indica como “a moda,
incorporando novos valores sociais, emergiu como um local-chave de confronto
entre tradição e mudança”. Para o vestido feminino, o dia-a-dia da saia e do
estilo da jaqueta eram práticos e diplomáticos, lembrando a mulher da classe
trabalhadora. A moda feminina seguia os ideais clássicos, e os espartilhos
apertados foram temporariamente abandonados em favor da figura natural de
cintura alta. Essa figura natural foi enfatizada por ser capaz deixar o corpo nu visível por baixo da roupa.
Seios visíveis faziam parte desse visual clássico, e alguns os
caracterizaram na moda como exclusivamente estéticos e sexuais. Na
Grã-Bretanha, a era da Regência na Inglaterra cobriu os anos em que o rei
George III foi considerado incapaz para governar e seu filho, o príncipe de
Gales, governou a Inglaterra como príncipe regente antes de sua ascensão como
rei George IV. Mas a definição mais ampla do período, caracterizado por
tendências na moda, arquitetura, cultura e política, começa com a Revolução
Francesa de 1789 e termina com a ascensão da Rainha Vitória ao poder, iniciando
a chamada Era Vitoriana e terminando o período da Regência. Os nomes de pessoas
populares que viveram época são famosos ainda em nossos dias atuais: Napoleão I Bonaparte e
Josefina, Madame Récamier, Jane Austen, Percy Bysshe Shelley, Lord Byron, Beau
Brummell, Lady Emma Hamilton, Rainha Luísa da Prússia (1776-1810) seu marido e mais. Beau
Brummell (1778-1840), introduziu as calças longas, um arquétipo da moda masculina, alfaiataria de linho imaculado sem
adornos como os ideais de representação da moda masculina.
Na
Alemanha, as cidades-Estado republicanas abandonaram suas roupas tradicionais,
modestas e práticas e começaram a seguir as tendências da moda francesa e
inglesa de vestidos de manga curta e jaquetas Spencer. As tendências da moda
americana emulavam os vestidos franceses, mas de uma maneira atenuada com xales
e túnicas para lidar com a transparência de chemise. No entanto, na
Espanha, membros da aristocracia, bem como cidadãos da classe baixa, se uniram
e se rebelaram contra os ideais e a moda do iluminismo francês, vestindo-se
como majas e majos para conter seu “orgulho espanhol”. No final
do século XVIII, estava ocorrendo uma grande mudança na moda que eram além das
mudanças no mero estilo e indumentária, mas também para mudanças nos ideais
filosóficos e sociais. Antes dessa época, historicamente a questão do estilo, da identidade e das tradições do Ancien
Régime impediam a conceituação hegeliana de “Eu”. Em vez disso, a identidade era
considerada maleável; sujeito a alterações dependendo das roupas que a pessoa vestia.
No entanto, na década de 1780, o novo estilo “natural” permitiu que o Eu
interior transcendesse suas roupas.
O processo psicológico já descrito
na Bíblia – “percebendo que estavam nus, ficaram envergonhados” – isto é, um
avanço da fronteira da vergonha, um movimento em direção a mais comedimento –
repete-se aqui, como aconteceu tantas vezes no curso da história. Desaparece a
despreocupação em mostrar-se nu, como também em satisfazer necessidades
corporais na frente dos outros. Tornando-se menos comum na vida social esse
espetáculo, adquire uma nova importância a descrição do corpo nu na arte. Mais
do que até então, torna-se uma imagem onírica um emblema de desejos
irrealizados. Para usarmos a palavra de Friedrich Schiller (cf. Maia, 2021), torna-se “sentimental”, em
comparação com a “ingenuidade” de fases anteriores. Na sociedade da corte na
França – onde levantar-se e ir dormir, pelo menos no caso dos grandes senhores
e senhoras, estão incorporados solidamente à vida social – a camisola, como
todas as formas de vestuário que aparecem na vida comunitária do homem, assume
funções representativas à medida que se desenvolve. Isto muda quando, com a
ascensão das classes subalternas, levantar-se e deitar-se tornam-se coisas
íntimas na vida social da família
nuclear.Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico.
Por volta
dos treze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, na
qual acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens,
deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em
seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de
loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espirituais. No dia 17 de
dezembro de 1961, ocorreu a Tragédia do Gran Circus Norte-Americano, na
cidade de Niterói no Rio de Janeiro, considerada uma das maiores fatalidades em
todo o mundo circense. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria,
crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, José acordou
alegando ter ouvido “vozes astrais”, segundo suas próprias palavras, que o
mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O
Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio onde hoje
encontra-se a Policlínica Militar de Niterói. Plantou jardim e horta sobre as
cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas
também de muita tristeza.
Aquela
foi sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real
sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que
confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade.
Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido”, ou “Profeta
Gentileza”. Contrariando a lenda popular, Gentileza sempre reafirmava: - “Sou
papai de cinco filhos, três femininos e dois masculinos, não perdi ninguém no
incêndio do circo!”. Após deixar o local que foi denominado “Paraíso
Gentileza”, o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem
andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças,
nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens
e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito
pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o
chamavam de louco, ele respondia: - “Sou maluco para te amar e louco para te
salvar”. O Profeta Gentileza, também oferecia, em gesto de gentileza, flores e
rosas para as pessoas que cruzavam seu caminho nas ruas do Rio de Janeiro.
Seu
verdadeiro nome de nascimento era José Datrino, nascido em 1917. Antes de
tornar-se “Profeta Gentileza”, Datrino possuía uma empresa de transporte de
cargas e residia, com sua família, no bairro de Guadalupe. O Profeta Gentileza
também morou na cidade de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, onde fazia
pregações de frente ao prédio onde está instalado o INSS, isso ocorreu por
volta dos anos 1977 e 1978. Fazia pregações e realmente chamava a atenção dos
estudantes que falavam palavrões perto dele. A partir de 1980, escolheu 56
pilastras do Viaduto do Gasômetro, que vai do Cemitério do Caju até o Terminal
Rodoviário do Rio de Janeiro, numa extensão de aproximadamente 1,5 km. Ele
encheu as pilastras com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do
mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização. Durante a Eco-92, o
Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os
representantes dos povos e incitava-os a viverem a gentileza e a aplicarem
gentileza em toda a Terra. A partir de 2000, os murais foram tombados pelos
órgãos de proteção da prefeitura do Rio de Janeiro, entretanto “em 2016
sofreram atos de vandalismo”.
As gerações que se seguiram à 1ª
grande guerra (1914-18), nos seus livros de etiqueta, lembram com certa ironia
– e não se um leve estremecimento – esse período, quando a descrição de funções
como dormir, despir-se e vestir-se era imposta com especial severidade, a
simples menção das mesmas já sendo objeto de proibições relativamente pesadas.
Um livro inglês de boas maneiras diz em 1936, talvez com leve exagero, mas por
certo não de todo sem justificação: - Durante a Era Elegante antes da
Guerra, acampar ao ar livre era a única maneira através da qual escritores
respeitáveis podam abordar a questão do sono. Nesses dias senhores e senhoras
não iam para a cama à noite – eles se retiravam. Como faziam isso não era da
conta de ninguém. O escritor que pensasse de maneira diferente descobria que
era excluído das bibliotecas circulantes. A transição da camisola para o pijama para um traje de dormir mais “socialmente apresentável” – constitui
um sintoma desta situação.A mudança não é, como se pensa algumas vezes, apenas um ou, quem sabe, “uma
liberação e descontrole de ânsias instintivas”, mas o desenvolvimento de uma
forma que se ajusta “a nosso padrão avançado de delicadeza e da específica
atual vida social que coloca o indivíduo”.
O
ato de dormir não é mais tão íntimo e segregado como no estágio
precedente. Há mais situações em que pessoas veem estranhos dormindo,
despindo-se ou vestindo-se. As roupas de dormir da fase precedente despertavam
sentimentos de vergonha e embaraço exatamente porque eram relativamente
informes. Não havia intenção de que fossem vistas por pessoa fora do círculo
familiar. Por um lado, a camisola do século XIX assinala uma época em que a
vergonha e o embaraço no tocante à exposição do corpo eram tão intensas e internalizadas
que as formas corporais tinham que ser inteiramente cobertas, mesmo que o
indivíduo estivesse sozinho ou no círculo familiar mais íntimo; por outro,
caracteriza uma época na qual a esfera “íntima” e “privada”, por quer era tão
severamente separada do resto a vida social, não fora ainda em grande extensão
articulada e padronizada. Esta combinação peculiar de sentimentos fortemente
internalizados, compulsivos, de delicadeza, ou moralidade, com a falta
de padronização social no relativo a “esferas de privacidade” é característica
do social no século XIX e não pouco da nossa.
Os
exemplos dão uma ideia, segundo a teoria de Norbert Elias, aproximada de
como dormir, tornando-se, aos poucos, uma situação mais íntima e privada, é
separado da maioria das demais relações sociais, e como as regras passadas aos
jovens assumem uma conotação moralística específica, com o aumento dos
sentimentos de vergonha. O contraste como o período posterior torna-se muito
mais claro se lembrarmos que essas regras se dirigiam inegavelmente a pessoas
que iam dormir despidas. Que desconhecidos dormissem na mesma cama, a julgar
pela maneira como a situação foi discutida, não parecia estranho nem de nenhuma
aneira impróprio, mesmo na época de Erasmo. Nas citações do século XVIII a
tendência não continua em linha reta, em parte, porque ela não se limita mais,
predominantemente, à classe alta. Mas no entretempo, mesmo em outras classes,
tornou-se indubitavelmente mais raro que jovens dividissem a cama com outra
pessoa: - “Se for forçado por necessidade inevitável a dividir a cama com outra
pessoa ... em uma viagem, não é correto ficar tão perto que o perturbe ou
mesmo o toque”, escreve La Salle, e “você não deve nem se despir nem ir para a
cama na presença de qualquer outra pessoa”. Na edição de 1774, os detalhes são
mais uma vez evitados.
O
sentimento de vergonha que cerca as relações sexuais humanas têm aumentado e
mudado muito no processo de civilização. Isto se manifesta com especial clareza
na dificuldade experimentada por adultos, nos estágios mais recentes de
civilização, em falar com crianças sobre essas relações. O que se coloca aqui
no tocante ao processo civilizador nada é amis do que o problema geral da
mudança histórica. Tomada como um todo, essa mudança não foi racionalmente
planejada, mas tampouco se reduziu ao aparecimento e desaparecimento aleatórios
de modelos desordenados. Como teria sido isso possível? Mas a questão é a
seguinte. Como pode acontecer que surjam no mundo humano formações sociais que
nenhum ser isolado planejou e que, ainda assim, são tudo menos formações de
nuvens, sem estabilidade ou estrutura? Essa ordem nem é racional – se por ela
entendemos que resultaria intencionalmente da deliberação e do propósito de
pessoas isoladas; nem irracional, se que remos dizer com isso que ela tenha
surgido de maneira incompreensível. Ela às vezes foi identificada com a ordem
da Natureza. Friedrich Hegel, principalmente interpretou como um tipo de
Espírito supraindividual, e o conceito hegeliano de “astúcia da razão” mostra o
quanto o filósofo se preocupava com o fato de que o planejamento das ações
humanas dá origem a numerosas coisas que ninguém realmente pretendeu. Os
hábitos mentais que tendem a nos prender a pares de opostos, como racional e
irracional ou espírito e natureza não se mostram inadequados.
Ipso
facto essa reorganização dos relacionamentos afetivos humanos se fez
acompanhar de correspondentes mudanças nas maneiras, na estrutura da personalidade
do homem, cujo resultado provisório é nossa forma de conduta e de sentimentos
civilizados. A conexão entre essas mudanças específicas na estrutura das
relações humanas e as modificações correspondentes na estrutura da
personalidade, e, portanto, desses mecanismos de integração é relevante para a
compreensão do processo civilizador. Mas só se percebermos no âmbito da análise
a força irresistível com a qual uma estrutura social determinada, uma forma
particular de entrelaçamento social, orienta-se, impelida por suas tensões,
para uma mudança específica e, assim, para outras formas de mentalidade humana,
na modelação do maleável aparato psicológico, como se pode observar repetidas
vezes na história humana, desde os tempos mais remotos até o presente. E só
então, por conseguinte, poderemos entender que a mudança psicológica que a
civilização implica esteja sujeita a uma ordem e direção muito específicas,
embora não tivessem estas sido planejadas por pessoas isoladas, nem produzidas
por medidas “razoáveis” propositais. A civilização não é “razoável”, nem
“racional”, como também não é irracional. É posta em movimento cegamente e
mantida em movimento pela dinâmica autônoma de uma rede de relacionamentos, por
mudanças específicas na maneira como as possamos extrair dela alguma coisa mais
“razoável”, alguma coisa que funcione em termos da combinação das necessidades e
objetivos. Porque é precisamente em combinação com o processo civilizador que a
dinâmica “cega dos homens”, entremisturando-se em seus atos e objetivos,
gradualmente leva a um campo de ação mais vasto para a intervenção planejada
nas estruturas social e individual – intervenção esta que está baseada num
conhecimento cada vez maior da dinâmica não planejada dessas próprias estruturas
sociais.
A
cidade de Guaramiranga está situada na Área de Proteção Ambiental da Serra de
Baturité. As terras da atual Guaramiranga eram habitadas por várias etnias. A
principal delas era a Kanyndé. Com a criação da Missão da Palma,
durante o século XVIII, para a “evangelização” forçada dos indígenas, e a
expansão da pecuária e as plantações de café no século XIX, consolidou-se o domínio
do centro urbano Guaramiranga. Localizado no Maciço de Baturité, tem como
principal elevação o Pico Alto, com 1 115 metros acima do nível do mar. Foi
registrado a ocorrência de caolim, uma variedade da argila, em seu território.
As principais fontes de água fazem parte da bacia Metropolitana, sendo elas os
rio Pacoti e os riachos Candeias e Sinimbútantos, todos afluentes do rio
Aracoiaba. A região possui uma vegetação diversificada, variando desde a
caatinga arbustiva densa, floresta subcaducifólia tropical, floresta úmida
semiperenofólia, floresta úmida semicaducifólia, floresta caducifólia à mata
ciliar. O clima da região é tropical úmido, com pluviometria média de 1 668 mm
anuais e chuvas concentradas de janeiro a julho.
O turismo representa um componente competitivo
da economia do município, graças a atrativos como o clima serrano, belas
paisagens e eventos acolhidos durante todo o ano, como o tradicional Festival de Jazz
e Blues. Guaramiranga é conhecida também por “cidade das flores”. A
origem desse título reside na tradição do cultivo de rosas no Maciço de
Baturité. Guaramiranga é um dos mais disputados destinos de carnaval dos
cearenses, pois oferece opção para aqueles contingentes que preferem ficar
longe do forró e do axé, que normalmente são dominantes no litoral do estado.
Nesse período, a cidade abriga o Festival de Jazz e Blues de
Guaramiranga, um evento que conta com a participação de artistas renomados da
música nacional e internacional. Nas noites frias da pequena cidade, a música
entretém uma multidão de apreciadores, que lotam as ruas e hospedagens, muitas
vezes improvisando barracas de acampamento e casas alugadas por moradores.
Além
das atrações culturais, Guaramiranga é reconhecida pelos atrativos naturais.
Por estar localizada no Maciço de Baturité, região serrana a 865 metros acima
do nível do mar, as temperaturas são amenas, geralmente entre 16 e 25º, embora,
no mês de julho, a temperatura em torno de 12°C. Por essas condições
climáticas, é popularmente conhecida como “suíça cearense”. A vegetação é
composta de mata atlântica. As trilhas ecológicas são uma forte atração da
região. Há, ainda, a Cachoeira do Perigo, localizada em Baturité. Nas rotas
turísticas de Guaramiranga há também o Pico Alto, local de maior altitude no
Maciço de Baturité, com 1115 metros, e, consequentemente, de menores
temperaturas, que podem chegar a 10°C em julho. Lá existe um mirante onde os
visitantes podem ver o pôr do sol. Juntamente com as cidades de Palmácia,
Pacoti, Mulungu e Aratuba, faz parte da Rota Turística Serra de Guaramiranga. Os
prédios históricos e seu valor afetivo são outra característica do município. A
Pousada dos Capuchinhos, antes um mosteiro, é um dos principais pontos
turísticos da cidade, mesmo para aqueles que não estejam lá hospedados: os
cantos gregorianos são tradição, entoados nas manhãs do antigo prédio
religioso. A beleza do antigo mosteiro se estende por seus jardins e fontes.
Teoria
da Firma foi um conceito criado pelo economista britânico Ronald Coase
(1910-2013), no artigo The Nature of Firm, de 1937. Filho da classe
trabalhadora, Coase se apaixonou pelas economias de mercado, sendo agraciado
com o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel de 1991, por sua
produção acadêmica da área da microeconomia, desenvolvendo a Teoria da Firma,
e pelo seu trabalho denominado O Problema do Custo Social, que é
considerado uma mudança de paradigma na área de legislação econômica bem como o
trabalho mais citado na mesma. A mais importante obra de Ronald Coase, The
Firm, the Market and the Law, foi traduzida para a língua portuguesa em
2016 e publicada pela Forense Universitária, na Coleção Paulo Bonavides,
dirigida pelo ministro Dias Toffoli e pelo professor Otavio Luiz Rodrigues
Junior. Sob o título A firma, o Mercado e o Direito, foi
antecedido de Estudo Introdutório do ministro Antônio Carlos
Ferreira e por Patrícia Candido Alves Ferreira.
Segundo
Coase, o objetivo com o seu artigo The Nature of Firm “foi estabelecer
uma base lógica para a firma e indicar o que determina a gama de atividades que
desenvolve”. Procurou responder ao questionamento sobre “a origem do
crescimento das firmas”, propondo que elas crescerão enquanto for mais barato
racionalizar os custos de transação de um determinado produto internamente, do
que adquiri-lo diretamente no mercado. Para o economista britânico, era
importante responder tal questão, pois a teoria econômica até então se
preocupava com um funcionamento do mercado não realista, ignorando o
funcionamento de algo tão importante para o funcionamento das modernas
economias de mercado: as firmas. Em suas palavras: “A principal razão
pela qual é lucrativo estabelecer uma firma pareceria ser que existe um custo
na utilização do mecanismo de preços”, uma vez que seria bastante oneroso a
celebração de inúmeros contratos para cada transação de troca. Assim, cria-se a
firma para que o custo dessas inúmeras transações seja reduzido. Para ele a
operação de um mercado tem seus custos e, ao estabelecer uma organização
e permitir que alguma autoridade, por exemplo, o “empresário” direcione os
recursos, são economizados determinados custos de mercado.
A
primeira observação familiar da crítica de Émile Durkheim (1858-1917), é que a corporação
tem contra si seu próprio passado histórico. De fato, ela é tida como
intimamente solidária do antigo regime político e, por conseguinte, como
incapaz de sobreviver a ele. Na história da filosofia, o que permite considerar
as corporações de ofício uma organização temporária, boa apenas para uma época
e uma civilização determinada, é, ao mesmo tempo, sua grande antiguidade e a
maneira como se desenvolveram na história. Se elas datassem unicamente da Idade
Média, poder-se-ia crer, de fato que, nascidas com um sistema político, deviam
necessariamente desaparecer com ele. Mas, na realidade, têm uma origem bem mais
antiga. Em geral, elas aparecem desde que as profissões existem, isto é, desde
que a atividade deixa de ser puramente agrícola. Se não parecem ter sido
conhecidas na Grécia, até o tempo da conquista romana, é porque os ofícios,
sendo desprezados, eram exercidos exclusivamente por estrangeiros e, por isso
mesmo, achavam-se excluídos da organização legal da cidade. Mas em Roma,
comparativamente, elas datam pelo menos dos primeiros tempos da República; uma
tradição chegava até a atribuir sua criação ao rei Numa, um sabino escolhido
como segundo rei de Roma.
Sábio,
pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim
como dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário. É
verdade que, por tempo, elas tiveram de levar uma existência bastante humilde,
pois os historiadores e os monumentos só raramente as mencionam; não sabemos
muito bem como eram organizadas. Desde de Cícero, segundo Durkheim (2010) sua
quantidade tornara-se considerável e elas começavam a desempenhar um papel.
Nesse momento, diz J.-P. Waltzing (1857-1929), “todas as classes de trabalhadores
parecem possuídas pelo desejo de multiplicar as associações
profissionais”.Uma forma de atividade
generalizada que tomou lugar na vida não pode, evidentemente, permanecer tão
desregulamentada, em seu desempenho e atividade, sem que disso resulte os impactos
sociais sobre a divisão do trabalho e as mais profundas perturbações. Mas
sofrer no trabalho não é uma fatalidade. É, em particular, como decorre e
testemunhamos, uma fonte de desmoralização geral real. Pois, precisamente
porque as funções econômicas absorvem o maior número de cidadãos, para o pleno
desenvolvimento da vida social, há uma multidão de indivíduos, como dizia
Freud, cuja vida transcorre quase toda no meio industrial e comercial; a
decorrência disso é que, como tal meio é pouco marcado pela moralidade, a maior
parte da existência transcorre fora de toda e qualquer ação moral. A tese
expressa como uma espécie de antídoto da civilização, e que o sentimento do
dever cumprido se fixe fortemente em nós, é preciso que as próprias
circunstâncias em que vivemos permanentemente desperto.
A
atividade de uma profissão só pode ser regulamentada eficazmente por “um grupo
próximo o bastante dessa mesma profissão para conhecer bem seu funcionamento,
para sentir todas as suas necessidades e poder seguir todas as variações
destas”. O único grupo que corresponde a essas condições é o que seria formado
por todos os agentes de uma mesma condição reunidos num mesmo corpo. E que a
sociologia durkheimiana conceitua de corporação ou grupo profissional. É na
ordem econômica que o grupo profissional existe tanto quanto a moral
profissional. Desde que, não sem razão, com a supressão das antigas
corporações, não se fizeram mais do que tentativas fragmentárias e incompletas
para reconstituí-las em novas bases sociais.Os únicos agrupamentos dotados de permanência são os que se chamam
sindicatos, seja de patrões, seja de operários. Temos aí in
statu nascendi o começo e o princípio ético de uma organização profissional,
mas ainda de forma rudimentar e sem “vocação como ciência”. Isto porque, em primeiro lugar, um sindicato é uma associação privada, sem autoridade legal, desprovida, por conseguinte, de qualquer poder regulamentador.
O número deles é teoricamente ilimitado, mesmo no interior de
uma categoria industrial; e, como cada um é independente dos outros, se não se
constituem em federação e se unificam, não há neles nada que exprima a unidade
da profissão em seu conjunto de práticas e saberes sociais. Não só os sindicatos
de patrões e de empregados são distintos uns dos outros, o que é legítimo e
necessário, como não há entre eles contatos regulares. Não existe organização
social comum que os aproxime sem fazê-los perder sua individualidade e na qual
possam elaborar em comum uma regulamentação que, estabelecendo suas relações
mútuas, imponha-se a ambas as partes com a mesma autoridade; por conseguinte, é
sempre a “lei dos mais forte” que resolve os conflitos, e o estado de guerra
subiste inteiro. Salvo no caso de seus atos pertencentes à esfera moral comum
estão na mesma situação. A tese sociológica é a seguinte: para que uma moral e
um direito profissionais possam se estabelecer nas diferentes profissões, é
necessário, pois, que a corporação, em vez de permanecer um agregado confuso e
sem unidade, se torne, ou antes, volte a ser, um grupo definido, organizado,
uma instituição pública.
Em
administração e microeconomia, firmas “são organizações que produzem e vendem
bens e serviços, que contratam e utilizam fatores de produção, que podem ser
classificados em primárias ou secundárias”. Segundo essa teoria, as firmas
trabalham com o lado da oferta de mercado, que vão oferecer aos consumidores,
como bens e serviços produzidos. As firmas são de extrema importância para os
mercados. Elas organizam o capital e trabalho para realizar a produção e são as
responsáveis pelo processo de valorização às matérias-primas utilizadas no
processo e uso de tecnologia. As empresas produzem conforme a procura do
mercado e a oferta é ajustada por que estão dispostos a consumir. A Teoria
da Firma (Fagundes, 2021) não o interesse específico
de definir a empresa do ponto de vista jurídico ou contábil. Ela é vista como
uma “unidade técnica de produção, propriedade de indivíduos ou famílias que
compram fatores de produção para produção de bens econômicos e serviços”. Em
2009 Oliver Williamson ganhou o Prêmio de Ciências Econômicas sobre os limites
da firma.
A teoria da produção abrange os
conceitos de produção e produtividade. Em conjunto com as teorias
dos custos e dos rendimentos, ela permite a uma firma determinar qual “a
quantidade ideal a ser produzida”. Na teoria da produção no estágio I o
produto total cresce a taxas crescentes e decrescentes até o ponto onde a
produtividade marginal do fator variável iguala a produtividade média deste
fator em seu máximo, no estágio II o produto total cresce a taxas
decrescentes até o seu máximo, sendo a produtividade marginal do fator variável
sempre decrescente até o ponto onde ela iguala-se a zero, no estágio III
o produto total é decrescente sendo a produtividade marginal do fator variável
decrescente e negativa. A função de produção representa as possibilidades
técnicas de produção eficiente - ou seja, sem desperdício - de uma
empresa. É fácil notar que qualquer fator fixo, no longo prazo, também varia. O
aluguel do espaço utilizado pode ser constante por alguns meses, e sua variação
anual pode até ser desconsiderada. Não é correto considerar que esse fator seja
fixo em um prazo determinado de dez anos. Portanto, a definição de fatores
fixos e variáveis está ligado ao conceito abstrato de curto e longo prazos. Na teoria
da firma, a compreensão do curto prazo é definida como o espaço de tempo em que
há pelo menos um fator fixo envolvido na produção de uma firma. A teoria da
firma é o ramo de estudo que visa entender o funcionamento das empresas,
partindo do princípio de que elas buscam a maximização dos lucros. A
divisão do trabalho e a industrialização foram responsáveis por aumentar a
produtividade.
Bibliografia
geral consultada.
VAUCHEZ, André, A
Espiritualidade na Idade Média Ocidental. Rio de Janeiro: Editor Jorge
Zahar, 1995; LÉVI-STRAUSS, Claude, Tristes Trópicos. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1996; SIFFERT FILHO, Nelson Fonte, A Teoria dos Contratos Econômicos
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Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1996; CASTELLI, Geraldo, Hospitalidade
na Perspectiva da Gastronomia e da Hotelaria. Rio de Janeiro: Editora
Saraiva, 2005;SACCOL, Amarolinda
Iara da Costa Zanela, A Teoria da Hospitalidade e o Processo de Adoção de
Tecnologias da Informação Móveis e Sem Fio. Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em Administração. Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005; ELIAS, Norbert, O Processo Civilizador. Volume 1: Uma História dos Costumes. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2011; LOPES, Fernanda Tarebal, Entre o Prazer e o Sofrimento:
História de Vida, Drogas e Trabalho. Tese de Doutorado. Centro de Pós-Graduação
e Pesquisas em Administração. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas
Gerais, 2013;YADO, Thaís Harumi Manfré, Sentidos do Espaço Urbano: Os Dizeres de Gentileza Dentro e Fora da Cidade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Centro de Educação e Ciências Humanas. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2016; LIMA, Glessia Silva de, Inovação
na Pequena Empresa: Desvendando Conceitos, Modelos e Políticas de Inovação.
Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas.
Escola de Administração de Empresas. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2018; SILVEIRA, Bianca Resende Campos, Formação Profissional, Hotelaria e Acolhimento Turístico: Possíveis Inter-relações no Campo do Hotel-Escola. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Turismo. Brasília: Universidade de Brasília, 2019; MAIA, Nertan Dias Silva, Sobre o Conceito de Educação Estética em Friedrich Schiller: Um Estudo Comparativo entre as Cartas a Augustenburg e Sobre a Educação Estética do Homem. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Centro de Ciências Sociais. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2021; VALDUGA, Manoela
Carrillo; COSTA, Carlos Manuel Martins da; BREDA, Zélia Maria de Jesus, “A Percepção
da Hospitalidade na Cidade do Rio de Janeiro”. Disponível em: https://rbtur.org.br/vol. (16) 2022; entre outros.
“Não
se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. Nelson
Rodrigues
O chamado Novo Mudo, para a visão do navegador que se aproxima, impõe-se primeiramente como um perfume, bem diferente daquele sugerido desde Paris por uma assonância verbal, e difícil de descrever para quem não o aspirou. De início, parece que os cheiros marinhos das semanas das semans precedentes já não circulam livremente; batem num muro invisível; assim imobilizados, já não solicitam uma atenção agora disponível para odores de outra floresta altenando com perfumes de estufa, quintaessência do reino vegetal cujo frescor específico estivesse tão concentrado ques e traduziria em uma embriaguez olfativa, última nota de um poderoso acorde arpejado como que para isolar e fundir simultaneamente os temos sucessivos de aromas de frutas diversas. Só compreenderão, afimava Lévi-Strauss (1996: 74), os que meteram o nariz no miolo de uma pimenta exótica recém-debulhada, depois de terem cheirada em algum botequim do sertão brasileiro, a trança melosa e preta do fumo de rolo, folhas de tabaco fermentadas e enroladas em cordas de vários metros; e que na união desses oodores primos irmãos reencontrarem essa América que foi, por milênios, aúnica a possuir-lhes o segredo. A várias centenas de metros de metros acima das vagas, essas montanhas erguem suas paredes de pedra polida, amontoado de formas provocantes e alucinantes, como às vezes se observam em castelos de areia corroídos pela onda mas que não suspeitaríamos que, pelo menos em nosso planeta, pudeseem existir em tão larga escala. Essa impressão de enormidade é bem típica da América. Semtimo-la por outro lado, nas cidades como no campo; sentia-a no itoral e nos plnaltos do Brasil central, nos Andes bolivianos e nas Rochosas do Colorado, nos arredores do Rio, nos subúrbios de Chicago e nas ruas de Nova York. O Pão de Açúcar, o Corcovado, todos esses pontos turísticos tão enaltecidos que lembram ou rememoram ao viajante que peneta na baía de Guanabara cacos perdidos nos quatro cantos de uma boca desdentadata.
A baía de Guanabara é ampla e
considerada uma das mais “abrigadas” do mundo, devido ao espaço estreito contínuo
de sua barra, em torno de 1.600 metros. No interior da baía de Guanabara há
inúmeras ilhas e ilhotas; contornando suas margens há uma série de montanhas na
cidade do Rio de Janeiro. Possuindo uma área aproximada de 400 km² e
profundidades além de 40 metros, em sua margem oeste, localiza-se a cidade do
Rio de Janeiro com seu porto; na margem leste, a cidade de Niterói; na parte
norte, junto à Ilha do Governador, encontra-se um dos principais terminais
petrolíferos do país. A Ilha do Governador é uma ilha localizada no lado
ocidental do interior da baía de Guanabara. Faz parte da Zona Norte do Rio de
Janeiro e foi um bairro único no município do Rio de Janeiro durante
1960 a 1981, posteriormente subdividida nos atuais bairros segundo o Decreto
Municipal 3. 157 de 23 de julho de 1981. Com uma área de 40,81 km², a Ilha do
Governador compreende quatorze bairros que são: Bancários, Cacuia, Cocotá,
Freguesia, Galeão, Jardim Carioca, Jardim Guanabara, Moneró, Pitangueiras,
Portuguesa, Praia da Bandeira, Ribeira, Tauá, Zumbi e população total de
211 mil habitantes. No início do século XX, os bondes chegaram à ilha, de Cocotá à Ribeira (1922), percurso estendido posteriormente
até ao Bananal e a outros bairros.
Esta primeira forma de transporte
público se desenvolveu a partir das rotas de transporte industrial que
surgiram pela primeira vez na década de 1820, utilizando os recém-inventados
aço e ferro. Eram versões locais das linhas de diligência e recolhiam os
passageiros de uma rota regular, sem a necessidade de ser pré-contratados.
Tranvias sobre trilhos eram uma melhoria sobre as diligências. A baixa
resistência ao rolamento das rodas de metal ou ferro e dos trilhos de aço
permitiu que os animais transportassem uma maior carga que as diligências em um
passeio mais suave. O tranvia a cavalo combinou o baixo custo, flexibilidade e
segurança da energia animal com a eficiência, suavidade e capacidade do trilho.
Um elétrico (português europeu) ou bonde (português brasileiro), trâmuei
ou tranvia é um meio de transporte público tradicional em grandes cidades da
Europa como Varsóvia, Basileia, Zurique, Helsinque, Lisboa e Porto, ou das
Américas, como São Francisco, Rio de Janeiro e Toronto. Movimenta-se sobre
carris (trilhos) que, em geral, encontram-se instalados nas partes mais antigas
das cidades, uma vez que a sua implantação data, também de modo geral, da
segunda metade do século XIX. Destinado ao transporte de passageiros, constitui-se em um meio comunicação rápido, com prioridade sobre os demais meios de transporte.
Bondes
circulando sobre os Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, 1955. Também é neste
século que se instalaram as unidades militares: a Base Aérea do Galeão, os
quartéis da Corporação de Fuzileiros Navais e a Estação Rádio da Marinha, em
que o bairro se constituía num balneário frequentado principalmente pela classe
média do município do Rio de Janeiro. Em 23 de julho de 1981, através do
Decreto nº 3.157, do prefeito Júlio Coutinho (1980-1983), no tempo do governador
Chagas Freitas (1971-1975) e do Rio de Janeiro (1979-1983), da Ilha do
Governador foi oficialmente extinto e transformado definitivamente nos “quatorze
bairros oficiais”. Tradicionalmente residencial, apresenta características
mistas, compreendendo ainda indústrias, comércio e serviços. Em ambas as
margens da baía da Guanabara, estão localizados os grandes estaleiros que
constroem e que reparam embarcações. A baía é ladeada por dois morros que
constituem uma proteção ecológica. São importantes para narrar a
história da cidade do Rio de Janeiro, desde 1565. Para proteger a boca da baía a posse das terras definidas pelo Tratado de
Tordesilhas (1494) construiriam a
Fortaleza de Santa Cruz e a de São João.
Além
dessas, com a mesma finalidade, no século XVIII, foi erguida, mas para dentro
da baía a Fortaleza de Lage. Formatava-se um triângulo de segurança,
pretendendo proteger a cidade e seu movimentado porto. Testemunha de séculos da
história do Brasil e do Rio de Janeiro, em particular, a bacia hidrográfica da
Baía de Guanabara compreende 35 rios, que nela deságuam, e 53 praias
litorâneas. Ela, que continua a ser o principal meio de acesso à cidade,
impôs sua importância política como ponto fundamental para a movimentação da
economia. Com o crescimento de outros centros urbanos no entorno da região, seu
traçado original aos poucos foi sendo tragado. A ocupação irregular, os aterros
e a poluição contribuíram para a alteração do relevo natural. O ecossistema
sobrevive ao impacto de utilidade de uso através dos processos de ocupação. O Tratado
de Tordesilhas (cf. Garcia, 1994) representou Acordo assinado em 7 de junho de 1494, celebrado entre o Reino de
Portugal e a Coroa de Castela para dividir as terras “descobertas e por
descobrir” por ambas as Coroas fora da Europa.
Este
tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa de
Castela, resultantes da viagem do Genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), que um
ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o para
Isabel, a Católica (1474-1504). O tratado definia como linha de demarcação o
meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo
Verde, situada a meio caminho entre estas ilhas portuguesas e as ilhas das
Caraíbas descobertas por Colombo, no tratado referidas como “Cipango” e
Antília. Os territórios originados a leste deste meridiano pertenceriam a
Portugal e os territórios a Oeste, a Castela. O tratado foi ratificado por
Castela a 2 de julho e por Portugal a 5 de setembro de 1494. Algumas décadas
mais tarde, na sequência da chamada “questão das Molucas”, o outro lado
da Terra seria dividido assumindo como demarcação a leste, a questão do
antimeridiano correspondente ao meridiano de Tordesilhas, pelo Tratado de
Saragoça, consagrado em 22 de abril de 1529. Do lado português estiveram presentes
Rui de Sousa, senhor de Sagres e Beringel, o seu filho João Rodrigues de Sousa,
almotacém-mor, e Aires de Almada, corregedor dos feitos civis na Corte e do
desembargo real; a embaixada era secretariada por Estêvão Vaz e tinha como
testemunhas burocráticas João Soares de Siqueira, Rui Leme e Duarte Pacheco
Pereira.
O
Reino de Leão surgiu a partir do Reino das Astúrias. Castela era, em princípio,
um Condado dentro do Reino de Leão. Por parte de Castela e Aragão, o
mordomo-mor D. Henrique Henríquez, D. Gutierre de Cárdenas, comendador-mor, e o
doutor Rodrigo Maldonado; secretariados por Fernando Álvarez de Toledo, levavam
três testemunhas, Pêro de Leão, Fernando de Torres e Fernando Gamarra. No
contexto político das Relações Internacionais, a sua assinatura ocorreu num
momento de transição conservadora entre a hegemonia do Papado, poder até
então universalista, e a afirmação do poder singular e secular dos monarcas
nacionais, uma das muitas múltiplas facetas da transição da Idade Média para a
Idade Moderna. Para as negociações do Tratado e a sua assinatura, D. João II de
Portugal (1477, 1481-1495) designou como embaixador a sua prima de Castela,
filha de uma infanta portuguesa, a D. Rui de Sousa. Os originais de cada idioma
encontram-se depositados no Archivo General de Índias, na Espanha, e no Arquivo
Nacional da Torre do Tombo, em Portugal.Em 1750, o Tratado de Tordesilhas deixou de vigorar com a assinatura do Tratado
de Madri – quando ambas as Coroas estabeleceram novos limites fronteiriços
para a divisão territorial compartilhada pelas colônias sul-americanas, concordando
que seus rios e montanhas seriam usados para demarcação dos limites.
Das
quinze maiores pontes do mundo em extensão, sete ficam na China, três nos Estados
Unidos da América e uma no Brasil. A mais antiga data de 1969 e a mais recente
de 2018. Metodologicamente ponte pênsil ou ponte suspensa representa
um tipo de ponte sustentada por cabos ou os chamados “tirantes de suspensão”. Os
cabos de suspensão devem ser ancorados em cada extremidade da ponte, pois
qualquer carga aplicada à ponte é transformada em tensão sobre esses cabos
principais. Os cabos principais continuam além dos pilares até os suportes no
nível do convés e continuam ainda as conexões com as âncoras contidas no solo.
A estrada é suportada por cabos ou hastes verticais de suspensão, chamados
cabides. Em algumas circunstâncias, as torres podem sentar-se em um penhasco ou
na margem do desfiladeiro, onde a estrada pode prosseguir diretamente para o vão
principal; caso contrário, a ponte geralmente terá dois vãos menores, que
correm entre um par de pilares e a estrada, que podem ser apoiados por cabos
suspensos ou suas próprias treliças. Neste caso, haverá pouco arco nos
cabos principais externos. As sucessoras da aplicação da tecnologia
são as pontes estaiadas.
As primeiras pontes suspensas
eram “cordas penduradas em um abismo”, com um convés possivelmente no mesmo
nível ou pendurado abaixo das cordas, de modo que a corda tivesse uma forma
de catenária. A curva catenária tem um formato semelhante a letra U ou a um
arco de parábola e é bastante comum, estando presente, por exemplo, no design
de alguns arcos arquitetônicos. A forma que conhecemos de ponte pênsil foi
formada no início do século XIX. Um dos primeiros exemplos desse tipo de tempo
são as pontes de Menai e Cowny inaugurada em 1826 no norte do País de Gales e
na zona oeste de Londres. Desde então pontes como essas começaram a ser
construídas em algumas partes do mundo. Esse tipo de construção de ponte foi a
única encontrada para transpor grandes distâncias e não interferir no tráfego
de barcos. Ponte Pênsil de São Vicente, construída em 1914, liga a ilha de São
Vicente aos bairros da Prainha, Japuí e Parque Estadual do Xixová, abriga
importante porção de Mata Atlântica conservada e destacada da Serra do Mar, parte
continental do mesmo município, no estado de São Paulo.Foi uma das primeiras pontes suspensas do
Brasil e transporta veículos e pedestres entre o Morro dos Barbosas e Japuí. A
proposta da ponte foi idealizada pela Comissão de Saneamento de Santos em 1910
com o propósito de servir de suporte à instalação de uma tubulação para
conduzir o esgoto coletado nas cidades de Santos e São Vicente para lançamento
no Oceano Atlântico, na Ponta de Itaipu, localizada na cidade de Praia Grande.
Boa parte da população da região no início do século XX era vítima de doenças
ocasionadas pela ausência dominante de saneamento básico, como febre amarela,
cólera, leptospirose e peste bubônica, entre outras. Neste aspecto de saúde o
projeto do sistema de esgotamento sanitário foi criado pelo engenheiro
sanitarista Saturnino de Brito.
Em
1910, uma comissão sob a coordenação do engenheiro Miguel Presgrave contratou a
empresa Trajano e Medeiros & Cia para elaboração do projeto em consórcio
com uma empresa de Dortmund, da Alemanha. O engenheiro alemão August Kloenne
criou o projeto da ponte, que previa um vão de 180 metros entre torres, com 6,4
metros de largura e 5 metros de altura acima da maré máxima. A suspensão seria
constituída por 16 cabos de aços, ancorados em quatro blocos de ancoragem e
apoiados em quatro torres metálicas revestidas de concreto. Desde a radical década
de 1930 o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) dá apoio tecnológico
para manutenção e conservação da ponte. Em 1936, a Seção de Estruturas e
Fundações do Instituto executou o primeiro trabalho na obra: uma prova de carga
estática para avaliar a capacidade de resistência da ponte para passagem de
veículos, sob a supervisão do engenheiro Telêmaco van Langendonck. Na década de
1940 foram realizados ensaios nos reforços de cabos danificados por corrosão.
Cocotá
é um bairro da zona Norte do município do Rio de Janeiro. Localiza-se na ilha
do Governador. O bairro recebeu este nome por abrigar a praia de Cocotá.
Floresceu pela proximidade com o bairro Cacuia. Possui um comércio bem
diversificado e alguns referenciais históricos, como a Biblioteca Regional, o
parque Poeta Manuel Bandeira e a paróquia de São Sebastião. O nome indígena, Cog-etá
ou Cog-atá, ou seja, “roças”, refere-se aos cultivos feitos pelos
primeiros habitantes da Ilha do Governador. A região era conhecida como praia
da Olaria, devido ao fato de, na segunda metade do século XIX, ter havido na
região a produção de artefatos de cerâmica para a construção civil. No final do
século XIX, o espanhol Ramón Rodríguez y Rodríguez construiu em Cocotá uma
fábrica de cal (caieira), no local onde hoje está o edifício Sobre as Ondas. O
bonde começou a circular em 1922, partindo da praia Ribeira até a praia Cocotá
e, como lembrança dessa época, existe ainda a estação de bondes Santa
Cruz, na esquina da estrada da Cacuia com a rua Capitão Barbosa, hoje com outra
utilidade de uso.
Em
1938, houve registro de um loteamento na praia da Olaria, dando origem a
diversas ruas. Vias importantes do bairro correspondem a estrada da Cacuia, a
rua Tenente Cleto Campelo e a avenida Paranapuã. O comércio é expressivo e no
bairro ficam o Centro Cultural Euclides da Cunha, o Fórum da Ilha do Governador
e a igreja de São Sebastião, além de um posto de vistoria do Detran, uma
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) nas proximidades da Praia da Olaria, uma
concessionária FIAT (Fabbrica
Italiana Automobili Torino) é uma das marcas da Stellantis, um dos maiores
fabricantes de automóveis do mundo, com sede mundial na cidade de Turim, norte
da Itáliae uma unidade da rede de supermercados Supermarket,
localizada na rua Tenente Cleto Campelo. Nessa mesma rua, ficam agências dos
bancos Itaú, Bradesco e Caixa Econômica Federal. O antigo saco e praia da
Olaria receberam aterros para a implantação do Parque Poeta Manuel Bandeira,
também conhecido como Aterro do Cocotá, inaugurado em 19 de abril de 1978,
tornando-se então uma das maiores áreas de lazer da ilha do Governador.
Na
Baia de Guanabara onde se localiza historicamente o importante porto comercial
do Rio de Janeiro, centro de operação de algumas das maiores empresas de
navegação existentes, havia um grande número de estaleiros. Para facilitar o
encalhe das embarcações, os estaleiros estavam localizados na parte mais
protegida dos ventos dominantes de nordeste, e das correntezas da baía, em
locais com adequado calado, principalmente nas imediações de ponta de Areia, em
Niterói e nas ilhas adjacentes. O maior
contingente de operários navais era formado pelos trabalhadores encarregados
dos reparos nos navios da maior empresa brasileira de navegação, a Companhia de
Navegação Lloyd Brasileiro, de propriedade do Patrimônio Nacional, que mantinha
linhas ao de longo curso e de cabotagem. Cerca de 3 mil operários navais trabalhavam
nos dois diques secos e nas oficinas da empresa, na ilha do Mocanguê Pequeno, e
mais 420, em outras instalações com oficinas e pequenas carreiras, na ilha da
Conceição. Havia também alguns poucos trabalhando na ilha do Mocanguê Grande.
Os operários navais do Lloyd tinham uma longa tradição de luta e forma muitos atuantes
na luta por seus interesses durante toda a tradição dos Operários Navais. Outro
grande contingente de operários navais desenvolvia suas atividades nos dois
diques secos e oficinas da Companhia Nacional de Navegação Costeira, na ilha do
Viana, contígua à ilha do Mocanguê Pequeno. Antiga propriedade de Henrique
Lage, essa empresa pertencia ao patrimônio nacional.
O
terceiro grande grupo de operários navais era constituído pelos 800 empregados
da Companhia Comércio e Navegação Ltda., que trabalhavam na reparação dos navios
da empresa, no dique seco denominado Dique Lahmeyer, nas oficinas e nas demais
instalações, localizada na ponta da Areia, e os 200 empregados na carreira, nas
oficinas e instalações complementares, na ilha do Caju. Os demais operários
navais eram distribuídos entre vários estaleiros, de propriedade privada. Os
operários navais empregados pela firma inglesa Wilson & Sons trabalhavam em
suas instalações na ilha da Conceição, bem como nas suas outras instalações na
ponta da Areia. Ao largo da Conceição,
ficava fundeado o dique flutuante da Eletrovapo, empresa fundada por
funcionários da empresa portuguesa de serviços marítimos Cia. Eletrovapo de
Serviços Marítimos, em Niterói. As empresas inglesas investiram pesado na
aquisição e implantação de serviços públicos como os de luz, transporte: ferrovias,
barcos e bondes), água, gás e esgoto. Além dos serviços, os ingleses passaram a
implantar plantas fabris no estrangeiro. A Inglaterra não se contentava mais em
produzir para o mundo comprar. Ela queria que o mundo também produzisse; mas
com capital seu. E com os capitais, muitos trabalhadores ingleses e escoceses se
dirigiram aos continentes europeu e americanos do Norte e dos Sul para atuar na
consolidação desse propósito. Com sua expertise do ponto de vista técnico
e de planejamento eles atuavam na instalação e no reparo de máquinas,
organização da produção, estruturação e planejamento de atividades e fluxos.
O
indivíduo, ator, identidade, grupo social, classe social, etnia, minoria,
movimento social, partido político, corrente de opinião pública, poder estatal,
todas estas “manifestações de vida” não mais se esgotam no âmbito da sociedade
nacional, o que nos faz admitir que a diferenciação em comunidades locais,
tribos, clãs, grupos étnicos, nações e até mesmo Estados, perderam ao menos
algo do seu significado anterior. Na sociedade global, de outra parte,
generalizam-se as relações, os processos e as estruturas de dominação e
apropriação, antagonismo e integração. Modificam-se os indivíduos, as
coletividades, as instituições, as formas culturais, os significados das
coisas, gentes e ideias, vistos em configurações histórico-sociais. Se as
ciências sociais nascem e desenvolvem-se como forma de autoconsciência
científica da realidade social, pode-se imaginar que elas podem ser seriamente
desafiadas quando essa realidade já não é mais a mesma. Nesse sentido é que a
formação da sociedade global pode envolver novos problemas epistemológicos,
além de ontológicos.
Na
orla marítima, a partir do Centro de Armamento da Marinha, até o porto de Niterói,
passando pela Comércio, estavam situados alguns dos estaleiros mais citados
pelos antigos operários navais, tai como os Estaleiros Toque-Toque, de M. S.
Lino e Cia, Saveiro (antigo Laterais, ou Lightrage dos ingleses), Brazilian
Coal, Guanabara (antigo Civilhidro) e Hidráulica. Há referência, também, aos estaleiros
Camuirano, Atlântida e Estevar, aos estaleiros das empresas Transmarítima
Comercial, Mag Navegação e Comércio, companhia Nacional de Saneamento, Empresa
Fluminense de Serviços Marítimos e ao Estaleiro São Domingos, dedicado ao
reparo das barcas do serviço de transporte de passageiros entre o Rio de
Janeiro e Niterói, da Frota Cantareira. Os Estaleiros Caneco e Netuno
situavam-se no Caju, no Rio de Janeiro. Os
trabalhadores desses estaleiros, dique, oficinas e demais instalações de reparo
de embarcações eram os operários navais. Os operários que tiveram um papel mais
destacado na classe consideram que os operários navais tiveram um papel
importante na construção naval do país, recorrendo a vários meios de
comunicação, como resoluções de congressos operários e outras manifestações,
inclusive uma rememorada concentração em frente ao Ministérios de Viação e
Obras Públicas. A implantação da construção naval é atribuída ao período desenvolvimentista
de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, médico, oficial da Polícia Militar
mineira, foi o 21º presidente entre 1956 e 1961. JK concluiu o curso de
humanidades do Seminário de Diamantina e em 1920 mudou-se para Belo
Horizonte. Na esfera política o enfrentamento entre operários navais, patrões e
Governo, no Movimento de 1953, se verifica em função de seu trabalho especializado
no reparo das embarcações.
Os
reparos abrangiam serviços tais como: remoção de ferrugem e pintura, serviços
de carpintaria na tolda (primeira coberta de embarcação) e no colbro (forro de
madeira dos porões), serviços de marinharia, obras de metalurgia, como por
exemplo, troca de chapas do costado do navio, reparos de máquina de navios etc.
Além disso, havia os inúmeros serviços de limpeza entre os quais se destaca, pela
porosidade e pelas condições de insalubridade, a limpeza de fundo-duplo. Esse
serviço se constituiu no ponto de entrada no estaleiro de grande número de
operários navais. O fundo duplo é constituído por uma série de compartimentos
no fundo do navio, abaixo da linha d`água, normalmente contendo água salgada,
nos quais se acumulam gorduras provenientes das cargas depositadas nos porões
dos navios. O trabalho consistia em entrar, por ínfimas aberturas, nesses
compartimentos escuros e sem ventilação, de onde exalava um terrível odor de
fermentação e gordura, para remover todo este material, deixando a área
impecável. O trabalho era realizado, em geral, agachado, com os pés enfiados
até os joelhos na massa gordurosa. Segundo Barsted (1982: 36), muitos
trabalhadores morreram nesse serviço, não raramente eletrocutados nos fios
usados para iluminar a área de trabalho. O trabalhador que demonstrava adequada
proficiência e produtividade nesse serviço e aceitasse o regime de trabalho “sem
reclamação”, era considerado apto para ingresso nas oficinas dos estaleiros. A limpeza
de fundo-duplo foi, para esses trabalhadores, um verdadeiro rito de passagem. Os
operários navais também são definidos pela sua atuação política mais visível no
conflito social básico da classe operária, no período denominado “Época dos
Operários Navais”, especificamente no Movimento de 1953.
Movimento
social em que constituíram uma das facções politicamente mais combativas no
curso do Movimento dos marítimos, principalmente na Greve de Junho,
quando, durante dez dias, cerca de 100 mil marítimos, de todo o Brasil, de empresas
autárquicas e privadas, paralisaram o seu trabalho, imobilizando os 300 navios que
constituíram toda a Marinha Mercante Nacional, embarcações de transporte de passageiros,
embarcações portuárias, diques, estaleiros e oficinas de reparação naval e
respectivos escritórios, inclusive das empresas de navegação. No curso desse
movimento e da Greve de Junho, os operários navais se diferenciaram dos
demais marítimos pela unidade de ação e combatividade, particularmente pela
criação de um poder dual que desalojou do seu sindicato os dirigentes sindicais
pelegos, conquistou uma série de direitos e contribuiu decisivamente na construção
de sua identidade social. A reversão momentânea, ou melhor, a neutralização parcial,
da situação de dominação de classe, durante os dez dias da Greve de Junho,
e a percepção da unidade de ação de toda a classe dos marítimos, evidenciada
pela imobilidade das embarcações e pelo silêncio dos estaleiros, em contraste
com a sua vivência cotidiana da diferenciação e do fracionamento dos
trabalhadores, deixou uma profunda impressão naqueles que viveram essa
extraordinária experiência. Sua singularidade e expressão política se tornava
mais visível exatamente pela não-aplicação de sua força física ao processo de
trabalho. Os marítimos do Lloyd e de outras empresas do Patrimônio Nacional
tinham conseguido, em agosto de 1945, o direito à sindicalização, num momento
em que o presidente Getúlio Vargas necessitava do apoio dos trabalhadores para
a condução e permanência de sua política.
Vale
lembrar que nessa época, quando não havia ainda a construção naval em empresas,
os vários grupos de marítimos trabalhavam, basicamente, para um único tipo de empresa,
as empresas de navegação. No entanto, apesar de seus empregadores estarem agrupados
num único sindicato, o Sindicato Nacional dos Armadores, tendo se originado da Conferência
de Cabotagem, numa época em que a navegação de longo curso brasileira, em
caráter regular, era exercida somente pela empresa estatal Lloyd Brasileiro foi
uma companhia estatal ou paraestatal, de navegação brasileira. Fundada em 19 de
fevereiro de 1894, no ano de vigência da Constituição que se sucedeu a
Proclamação da República, após o governo do marechal Deodoro da Fonseca. A
partir de 1942 adotou o nome Sindicato Nacional das Empresas de Navegação
Marítima, conservando, porém, o logotipo, símbolo e sigla Syndarma, em âmbito
nacional as empresas de navegação marítima. Por mais de seis décadas, movido
pelas transformações que incidiram na atividade marítima comercial brasileira,
teve seu papel incrementado, ultrapassando largamente o de caráter meramente
classista (patronal) para assumir o de representação oficial da navegação
marítima comercial do Brasil. Os trabalhadores marítimos, em contrapartida,
estavam distribuídos por 17 sindicatos de trabalhadores.
Pela
incorporação ou “encampação” de diversas empresas de navegação. Como sendo um
dos vencedores da 2ª guerra mundial, o Brasil incorporou navios Alemães a sua
frota estatal apreendidos durante o período de Guerra. As empresas estatais
produtivas resultaram também de uma determinação política para evitar a
desnacionalização de um setor econômico estratégico ou como alternativa para
onerosas importações, ambos representando uma dependência indesejável nos
fatores externos, que podem transformar-se em um impedimento crítico num país a
caminho do desenvolvimento. Portanto, em muitos casos, a intervenção estatal é
resultado de escolhas políticas feitas sob regras específicas de decisão que
poderiam ser mais ou menos democráticas. Da mesma maneira, o resultado real
pode ser também positivo ou negativo, dependendo de como e porque uma
intervenção específica foi implementada. A intervenção direta do Estado na
economia, mediante a criação de empresas estatais, ou indireta, através da
regulação, pautou-se pelo esforço de promover a industrialização e o crescimento
econômico. Coube ao Estado complementar as atividades do setor privado, investindo
em infraestrutura e em áreas onde o capital necessário era muito grande, o
retorno muito baixo, ou o período de maturação muito longo. Tais investimentos,
por essas razões, não atraíam o capital privado nacional e/ou estrangeiro. As
embarcações foram vendidas pelo governo na década de 1990. A empresa foi
extinta em outubro de 1997, durante o governo do presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) com o plano nacional de desestatização. O principal objetivo do
programa consistia em pôr um fim à expansão “desordenada” do setor público.
Propunha, ainda, a implantação de atividades sistemáticas de controle das
empresas estatais e a criação das condições necessárias para transferência do
controle de empresas para o setor privado.
Em
2003, beneficiado pelo Projeto Rio Cidade da Prefeitura, no mandato do prefeito
César Maia, sendo o que permaneceu mais tempo no cargo por 12 anos. O Aterro do
Cocotá passou por ampla reforma, ganhando ciclovia, campos de futebol com grama
sintética, duas quadras de voleibol, quadras de tênis, quadra de futsal, uma
grande pista de skate (skate park) da modalidade street,
onde também se realizam festivais de hip hop, além da Lona Cultural
Renato Russo. Luis Gonzaga fez uma música em homenagem a Praia de Cocotá, que é
encontrada com facilidade nos sites de vídeos e de músicas. A mais recente
grande obra beneficiando o Cocotá e a ilha do Governador foi a construção do
novo Terminal Hidroviário do Cocotá, inaugurado no dia 16 de novembro de 2006.
As obras duraram um ano e meio e o trajeto das barcas e catamarãs é único:
praça XV-Cocotá-praça XV. O terminal hidroviário possui integração com linhas
de ônibus da região e dois estacionamentos. Substituiu o da Ribeira, que foi
desativado. Porém, o serviço opera somente de segunda a sexta-feira. Cocotá
possui, como característica, festas comemorativas realizadas no entorno do
parque Poeta Manuel Bandeira (1886-1968). Na década de 1970, o Esporte Clube
Cocotá funcionava como palco dos ensaios semanais da famosa escola de samba do
bairro, a União da Ilha do Governador.
Historicamente
em 30 de abril de 1982, a ponte foi tombada pelo Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Artístico Nacional. Sociologicamente veículo
é uma máquina que transporta pessoas ou carga. Os veículos incluem bicicletas,
veículos motorizados: motocicletas, carros, caminhões, ônibus, veículos sobre
trilhos: trens, bondes, et cetera, embarcações; navios, barcos, veículos
anfíbios: hovercraft, aeronaves: aviões, helicópteros e espaçonaves. Os
veículos terrestres são classificados de forma pelo que é usado para aplicar as
forças de direção ao solo: rodas, rastos, trilhos, et cetera. OInternational
Organization for Standardization (ISO)-3833-1977 representa
o padrão técnico-metodológico, também usado internacionalmente na legislação,
para tipos, termos e definições de veículos rodoviários. Na década de 1990 o
IPT participou do processo de reforma, com o objetivo de habilitá-la para
suportar o tráfego de veículos.
O
hovercraft foi desenvolvido em 1953 pelo inventor britânico Sir
Christopher Sydney Cockerell (1910-1999), condecorado por seu trabalho como
engenheiro em 1969. Na nomenclatura Hovercraft, veículo de colchão de ar,
aerobarco ou aerodeslizador é um veículo que se apoia num colchão de ar. É
capaz de atravessar diversos tipos de solo e também pode deslocar-se na água.
Através de um simples experimento envolvendo o motor de um aspirador de pó e
dois tubos cilíndricos, empurrado para fora sob pressão, tornando possível
movê-lo facilmente sobre várias superfícies. Este princípio o permitiria
deslocar-se sobre a lama, água, terrenos alagados e também sobre terra firme. A
empresa britânica Saunders Roe, fabricante de aviões desenvolveu o primeiro hovercraft
viável para transporte de passageiros, o qual conduziu vários programas experimentais
de teste entre 1959 e 1961, incluindo uma travessia do Canal da Mancha, um
braço de mar que faz parte do oceano Atlântico e que separa a ilha da
Grã-Bretanha do norte da França e une o mar do Norte ao Atlântico. Descobriu-se
que a flutuação do hovercraft melhoraria com a adição de uma “saia” de
tecido flexível ou de borracha em volta de sua borda, para reter ar. Essa
bainha impede que se espalhe evitando balanços e movimentos inesperados.
Em francês ele é chamado La Manche (A
Manga), em alemão der Ärmelkanal (O Canal da Manga) e em inglês English
Channel (Canal Inglês). Mancha é derivado de “Manche”, em francês, que foi
traduzido erroneamente para “Mancha” por portugueses e espanhóis. Em francês “Manche”
não quer dizer per se “Mancha”, mas “Manga” (peça do vestuário),
em português e espanhol. O canal tem aproximadamente 563 km (350 milhas) de
comprimento e sua parte mais larga é de 240 km (150 milhas). Seu ponto mais
estreito (o estreito de Dover) tem apenas 33 km (c. 20 milhas), de Dover até o
cabo Gris Nez. Neste ponto mais estreito do canal, é comum aventureirosde
diversas nacionalidades tentarem fazer a travessia do canal a nado, inclusive
com algumas tentativas resultando em morte, como foi o caso da brasileira
Renata Câmara Agondi (1963-1988). Foi uma nadadora brasileira de maratona
aquática, famosa por ter tentado atravessar a nado o Canal da Mancha, e por
ter morrido nesta tentativa. Foi atleta do Clube de Regatas Saldanha da Gama,
antes de integrar a equipe da Associação Santa Cecília de Esportes e, após, ela
ainda atuaria pelo Clube Internacional de Regatas. Em curto espaço de tempo,
transformou-se em principal competidora da categoria no estado de São Paulo e entre
as melhores do país. Aos 23 anos, em 1986, a nadadora santista decidiu deixar o
Brasil, após dezenas de provas, e competir na Europa. Foi a primeira mulher
brasileira a fazer a Travessia Capri-Nápoles, na Itália, uma prova tradicional
de 36 km. Ela chegou em 3º lugar, entre as mulheres, com o tempo de 9 horas 27
minutos e quatro segundos, e ainda ficou com o título de vice-campeã da
categoria profissional, e na 6ª posição na competição geral, superando o
também brasileiro Igor de Souza, que terminou em 7º lugar.
Após
isto, resolveu atravessar o Canal da Mancha. A tentativa ocorreu no dia 23 de
agosto de 1988. Porém, a técnica de Renata, Judith Russo, percebeu um erro: o
capitão do barco começou a pilotar paralelamente em direção à costa. Após dez
horas e 45 minutos, os tripulantes do barco acharam que Renata estava em
perigo, já que devido ao erro na rota, não conseguiram chegar perto da França. Uma boia foi jogada para que ela saísse da água, o que causaria a
desclassificação. Indignada com o gesto, Renata nadou rápido para se afastar do
barco e completar a travessia. Mas esse sprint causou uma “síndrome de
esgotamento de estresse”, que matou a brasileira. Depois do ocorrido, houve uma
grande mudança na natação mundial, principalmente em águas abertas, com relação
à segurança. As normas e regulamentos foram drasticamente modificadas. Atualmente,
a Maratona Aquática Internacional de Santos é chamada de Troféu Renata
Agondi, em homenagem à brasileira. O documentário Renata, baseado no
livro Revolution 9, lançado inicialmente em VHS em agosto de 2002, e
dirigido por Rudá de Andrade (1930-2009), cineasta e escritor, filho de Oswald
de Andrade e Patrícia Galvão, a reconhecida Pagu.
Nas
ciências sociais, segundo Jürgen Habermas (2012: 202), os procedimentos de
interpretação racional contam com uma reputação questionável, apenas crítica. A
crítica ao platonismo modelar vinculado às ciências econômicas demonstra que
alguns intérpretes contestam o teor empírico e a fertilidade elucidativa dos
modelos racionais de decisão; restrições às abordagens cognitivistas da ética
filosófica e reparos à crítica da ideologia formada na tradição
hegeliano-marxista (cf. Flickinger, 1986) revelam que outros, por sua vez,
duvidam da possibilidade de uma fundamentação prático-moral de normas de ação e
da compensação entre interesses particulares e interesses passíveis de
generalização; e a difundida crítica à cientificidade da psicanálise revela que
muitos já consideram problemática a concepção do inconsciente freudiano e o
conceito do significado duplo e potencialmente manifesto, que se considera
próprio às exteriorizações de vivências. São restrições que se baseiam em
assunções empiristas questionáveis. Ações comunicativas exigem uma
interpretação racional. No agir comunicativo o ponto de partida da interação
torna-se dependente de que os envolvidos tenham sido capazes de acordo sobre um
julgamento intersubjetivamente válido de suas referências ao mundo.
Segundo esse modelo de ação, uma interação
só pode lograr êxito à medida em que os envolvidos cheguem a um consenso uns
com os outros; e esse consenso, por sua vez, depende de posicionamentos do tipo
sim/não em face de preensões potencialmente baseadas em razões. A tarefa
de descrever os nexos do agir comunicativo não consiste simplesmente em
explanação o mais precisa possível do sentido das exteriorizações simbólicas
que compõem a sequência observada? Certamente precisamos distinguir entre as
realizações interpretativas de um observador que tenha a intenção de entender o
sentido de uma exteriorização simbólica, de um lado, e as realizações
interpretativas pessoais dos participantes da interação social, de outro, os
quais coordenam suas ações por meio do mecanismo de entendimento. Diversamente
dos que têm envolvimento direto, o intérprete não está empenhado em chegar a
uma interpretação passível de consenso, para que possa conciliar seus
planos de ação em interação com os outros atores. Mas talvez as realizações
interpretativas de observador e participante se distingam somente em sua função
e não em sua estrutura. Ações comunicativas não podem ser interpretadas de
outro modo senão de um modo racional. A sociologia tem de procurar um acesso
compreensivo a seu campo objetal porque encontra nele processos de entendimento
pelos quais e nos quais o campo objetal já se havia constituído de antemão,
antes de qualquer intervenção teorética.
O campo de objetos das ciências sociais em geral abrange tudo a que a descrição “parte constituinte de sua vida”. O que
significa essa expressão pode ser aclarado intuitivamente por meios de
remissões aos objetos simbólicos que criamos ao falar e agir: a começar por
exteriorizações imediatas, como atos da fala, atividades voltadas a um fim,
cooperações, passando por sedimentos dessas exteriorizações, como textos,
transmissões orais, documentos, obras de arte, teorias, objetos da cultura
material, bens, técnicas, et cetera, até construtos criados por via indireta,
aptos a organizar-se, que se estabilizam por si mesmos tais como instituições,
sistemas sociais e estruturas de personalidades. Falar e agir são conceitos
inexplicados, aos quais recorremos quando queremos aclarar, mesmo de maneira
provisória, o pertencer a um mundo da vida sociocultural, o ser-parte de
um mundo como esse. O problema do “compreender” nas ciências humanas e sociais
ganhou importância metodológica sobretudo porque o cientista não consegue obter
acesso à realidade simbolicamente pré-estruturada somente por meio da
observação. E porque a compreensão de sentido não se deixa controlar
metodicamente da mesma maneira que a observação em experimentos científicos. O
cientista social não tem acesso diverso ao mundo a vida do que tem o leigo em
ciências sociais. De certa maneira, ele já tem de fazer parte do mundo da via
cujas partes constituintes pretende descrever e explicar.
Rudá
de Andrade formou-se em cinema na Itália, onde trabalhou com Vittorio de Sica. Em
meados dos anos 1960, foi responsável pela criação do Departamento de Cinema da
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde
lecionou por dez anos. Sob a orientação do crítico e ensaísta Paulo Emílio
Salles Gomes, organizou o que se consagrou a Cinemateca Brasileira. Foi
conservador da Cinemateca Brasileira, da qual era também conselheiro. No auge
da ditadura, em 1970, Rudá de Andrade e amigos como Paulo Emílio e Francisco
Luís Almeida Sales, empreenderam outro projeto ambicioso, o Museu da Imagem
e do Som (São Paulo), o MIS, que dirigiu entre 1970 e 1981, com a ideia de
transformá-lo num polo de exibição de filmes fora do circuito comercial e de
exposições de cunho histórico. Na literatura, destacou-se em 1983, ao receber o
25º Prêmio Jabuti, na categoria biografia e/ou memórias, por Cela 3 - A
Grade Agride (editora Globo, 2007), um livro autobiográfico de viagem a um
mundo praticamente desconhecido: o das prisões europeias. Publicou também as
obras completas do pai, Oswald de Andrade. Foi comunista, militou em sindicatos
e, durante a ditadura de 1964-1984, viveu um bom período na clandestinidade.
Também acolheu perseguidos políticos em bordéis paulistanos e organizou a fuga
de alguns deles para fora do país.
Os
termos esporte ou desporto radical, de aventura ou de ação são usados para
designar desportos com maior grau de risco físico, dado às condições de altura,
velocidade ou outras variantes em que são praticados. A Travessia do Canal da
Mancha é uma aventura que pode ser enquadrada na modalidade “natação de águas
abertas”. Tal travessia é feita, como diz o nome, no Canal da Mancha, e
comumente em sua parte mais estreita que é o estreito de Dover. Atravessar o
Canal da Mancha não é tarefa fácil mesmo para um ser humano dos mais
experimentados em natação. É muito difícil fazer a travessia em linha reta
visto que a força das ondas e das correntes marítimas atrapalham muito. A
exemplo, cita-se o caso do primeiro aventureiro registrado da Era moderna, o
capitão Webb teve de nadar 61 km em ziguezague para alcançar o final do
estreito de Dover. O primeiro ser humano a fazer a travessia foi o soldado
italiano que fugiu para escapar Giovan Maria Salati, o primeiro com o âmbito de
atravessar sem aparelho foi o capitão da marinha mercante britânica Matthew
Webb em agosto de 1875 percorrendo todo o estreito de Dover em 21 horas e 45
minutos e nesta ele não usou colete salva-vidas.
O
britânico radicado na França, Thomas William Burgess (1872-1950) medalhista olímpico, foi o
segundo a fazer a travessia. O primeiro português foi Joaquim Batista Pereira
em 21 de agosto de 1954, terminando como vencedor da clássica prova
internacional. O primeiro brasileiro a atravessar o Canal da Mancha foi Abílio
Couto em 1958, este então quebrando o recorde mundial duas vezes. Fez a
primeira travessia em 12 horas e 45 minutos. Posteriormente, também fizeram a
mesma travessia os brasileiros Kay France, em 19 de agosto de 1979, a primeira
mulher latino-americana a realizar tal feito, Rogério Lobo, em 1989, e Dailza
Damas Ribeiro, em 1992, após 19 horas nadando. A nadadora paulista Renata
Agondi foi a primeira brasileira a morrer durante a travessia em agosto de 1988
com 25 anos. A profundidade do Canal da Mancha varia de 120 metros na porção
ocidental até 45 metros na oriental. A circulação marítima no canal da Mancha é
uma das mais intensas do mundo, com mais de 250 navios por dia. A essa
circulação intensa há que somar a dos ferries que ligam a França à
Grã-Bretanha por via marítima. O Eurotúnel constitui uma excelente e rápida
alternativa de viagem. Devido à utilização das mais avançadas técnicas de
engenharia é praticamente impossível a presença de acidentes.
Em
finais do século XIX e no primeiro quartel do século XX as competições em águas
abertas tiveram uma grande aceitação. Até, porque, devido à existência de
poucas piscinas, as competições de natação desenrolavam-se utilizando os meios
aquáticos naturais. Os primeiros desportistas da natação procuravam vencer
desafios difíceis e, por vezes, extravagantes. A necessidade de alcançar
grandes feitos, em diferentes domínios, era uma constante. Os jornais da época
publicitavam disputas, desafios públicos para que alguns homens, do desporto
náutico, cometessem esta ou aquela façanha ou medissem forças numa prova
definida. Quanto mais difícil melhor era para atrair as audiências. Juntavam-se
para assistirem a esses duelos onde o espírito de
honraera posto em causa e que o cumprimento integral do proposto era
prestigioso. Estas competições foram caindo em desuso, por um lado, pelo
aumento do número de piscinas existentes, por outro, devido à poluição que
gradualmente foi tomando conta dos recursos hídricos naturais.
A
Medalha Pierre de Coubertin é uma honraria esportiva–humanitária concedida pelo
Comitê Olímpico Internacional (COI) a atletas e pessoas envolvidas com o
esporte que demonstrem alto grau de esportividade e espírito olímpico durante a
disputa dos Jogos. Ela tem o seu nome em homenagem ao criador dos Jogos
Olímpicos modernos, Barão Pierre de Coubertin. Diferente das medalhas de ouro,
prata e bronze, esta medalha - que é toda feita de ouro - não tem relação com o
desempenho técnico do competidor, mas com suas qualidades morais e éticas e a
demonstração do mais puro espírito esportivo em situações difíceis ou
inusitadas acontecidas durante as disputas. Por este motivo, a medalha é
considerada pelo COI como sua mais alta honraria, tendo sido outorgada apenas a poucas personalidades ligadas ao COI e ao espírito olímpico e a atletas que participaram das Olimpíadas. Três dos agraciados foram condecorados
post mortem: o tcheco Emil Zatopek, o alemão Luz Long e o canadense
Richard Garneau.
Tornaram-se
célebres as travessias do Canal da Mancha e as longas maratonas natatórias que
ocorriam nos rios e no mar de todo o mundo. Há uns anos a esta parte, estas
competições tem renascido e algumas delas são já consideradas um marco na
Europa. Hoje as provas são divididas entre as de distância inferior e superior
a 10 km. Nos campeonatos mundiais, são realizadas três provas da modalidade,
nas distâncias de 5 km, 10 km e 25 km, sempre para mulheres e homens. Tal como
a natação desportiva, a natação sincronizada, os saltos ornamentais e o polo
aquático, as provas de natação de águas abertas são regidas pela Federação
Internacional de Natação. Em 27 de Outubro de 2005, o Comité Olímpico
Internacional decidiu integrar a natação de águas livres no programa dos Jogos
Olímpicos de Verão de 2008. Uma só prova, a de 10 km, passou a ser disputada simultaneamente
por homens e mulheres. No mês seguinte, a Organización Deportiva
Panamericana (ODEPA) incluiu a modalidade no programa dos Jogos
Pan-americanos do Rio de 2007, quando também fez a estreia em edições de Jogos
Pan-americanos. Na competição do triatlo, o percurso de natação é efetuado
em águas abertas. Triatlo é uma palavra grega que designa um evento composto simultaneamente
por três modalidades. Atualmente, o nome triatlo é em geral aplicado a uma
combinação atlética de natação, ciclismo e corrida, nessa ordem e sem
interrupção entre as diversas modalidades.
O
primeiro hovercraft realmente desenvolvido para o transporte de
passageiros era o veículo Vickers VA-3, durante o qual no verão de 1961
transportou regularmente passageiros ao longo da costa norte do País de Gales,
desde a localidade de Wallasey até Rhyl. O tempo da jornada em trem entre
Wallasey e Rhyl é de aproximadamente 1h 23m e cobre uma distância aproximada de
59 km. Isso inclui um tempo médio de conexão de cerca de 36 min. Operado por
Transport for Wales, o serviço de trem entre Wallasey e Rhyl parte de Bidston e
chega a Rhyl. Era impulsionado por duas turbinas de avião e movido a hélice.
Durante a década de 1960, a Saunders Roe desenvolveu vários projetos em tamanho
maior que poderiam transportar passageiros, incluindo o SR-N6, que operou uma
linha para a Ilha de Wight por vários anos. As operações se iniciaram a 24 de
julho de 1965 usando o SR-N6, que carregava satisfatoriamente 38 passageiros.
Em 1970 os SR-N4 maiores hovercrafts britânicos estavam operando em serviço,
transportando automóveis e passageiros através do Canal da Mancha, entre Dover
(Reino Unido) e Calais (França). Foi extinto quando o Eurotúnel unindo a França
à Inglaterra tornou mais rápido o tráfego do canal. Dois modernos hovercrafts
aumentaram para 98 passageiros que fazem esta linha, e mais de 20 milhões de
passageiros usaram o serviço até 2004.
O
sucesso comercial dos hovercraftssofreu com o rápido aumento do
preço dos combustíveis no final dos anos 1970, em seguida ao conflito no
Oriente Médio. Outros tipos de embarcações, como os aerobarcos utilizam
menos combustível e podem efetuar a maioria das tarefas de um hovercraft no
transporte aquático. Os hovercrafts têm sido desenvolvidos tanto para
atividades civis quanto militares, porém, excetuando-se a travessia para a Ilha
de Wight, os hovercrafts desapareceram das Ilhas Britânicas. Tem
crescido o número de pequenos hovercrafts de construção ou montagem caseiras,
utilizados para o lazer e para competições, principalmente em lagos interiores
e rios, mas também em áreas pantanosas e em alguns estuários. Tipicamente, os hovercrafts
têm dois ou mais motores separados. Do ponto de visa técnico um dos motores
é responsável pelo levantamento do veículo ao empurrar o ar para o interior da
saia de borracha, chamado hélices de sustentação. Um ou mais motores
adicionais são usados para proporcionar força para deslocar o barco na direção
desejada, chamadas hélices propulsoras. A direção é determinada pelo uso
hábil de lemes. Comparado a um automóvel de mesmo peso, o hovercraft se
mostra superior na economia de combustível porque precisa de menos força
para se deslocar, pois enfrenta um atrito menor. Enquanto o hovercraft
atrita apenas com o ar, um automóvel comum teria a resistência muitas vezes
precária do solo urbano.
O
Instituto orientou a substituição do tabuleiro de madeira e verificou a
condição dos cabos de aço no interior das presilhas, os quais estavam bastante
danificados por corrosão. Em 2013 teve início um novo projeto de recuperação da
ponte, elaborado pela empresa Engeti e baseado nos dados, conclusões e
recomendações apresentados pelo IPT ao Departamento de Estrada de Rodagem
do Estado de São Paulo, órgão responsável pela conservação da ponte. Foi
recomendada a troca dos cabos de aço, por estarem com capacidade resistente
reduzida. A troca de cabos de aço já foi realizada em pontes na China, na
África e na Escócia, mas acontecerá pela primeira vez no Brasil: os cabos
antigos serão substituídos por novos fabricados na Itália. O IPT acompanhou,
junto com representantes do Departamento de Estrada de Rodagem (DER), da
Engeti e da empresa Concrejato, responsável pela execução técnica da obra, os
ensaios em amostras dos cabos, realizados em laboratórios italianos. Originalmente
concebida em 1910 como uma maneira de transportar o esgoto da cidade de Santos
e São Vicente, a construção começou em 1911 e a ponte foi inaugurada em maio de
1914. Foi restaurada em 2015, com os cabos corroídos substituídos com outros trabalhos de reparação.
A
terra é o sustento de todo gesto de dedicação. A terra dá frutos ao florescer. Concentra-se
vasta na pedra e nas águas, irrompe concentrada na flora e na fauna. Este
ensaio de pensamento não apresenta de modo algum, o construir a partir da
arquitetura e das técnicas de construção. Investiga, bem ao contrário, o
construir para reconduzi-lo ao âmbito a que pertence aquilo que é. Parece que
só é possível habitar o que se constrói. Nem precisamos inferir sobre o que é
habitar, pois só é possível habitar o que se constrói. Mas nem todas as
construções são habitações. Uma ponte, um hangar, um estádio, uma usina
elétrica são construções e não habitações; a estação ferroviária, a
autoestrada, a represa, o mercado são construções e não habitações. Essas
várias construções estão, porém, no âmbito de nosso habitar, metodologicamente um
âmbito que ultrapassa essas construções sem limitar-se a uma habitação. Na
autoestrada, o motorista de caminhão está em casa, embora ali não seja a sua
residência; na tecelagem, a tecelã está em casa, mesmo não sendo ali a sua
habitação. Na usina elétrica, o engenheiro está em casa, mesmo não sendo ali a
sua habitação. Entretanto, essas construções oferecem ao homem um abrigo.
Nelas,
o homem de certo modo habita e não habita, se por habitar entende-se
simplesmente possuir uma residência. Habitar seria, em todo caso, o fim que se
impõe a todo construir. Habitar e construir encontram-se, assim, numa relação
de meios e fins. Pensando desse modo, porém, tomamos habitar e construir por
duas atividades separadas, o que não deixa de ser uma representação
correta. As relações essenciais não se deixam, contudo, representar
adequadamente através do esquema meio-fim. Construir não é, em sentido próprio,
apenas meio para habitação. Construir já é em sim mesmo habitar. Quem nos diz
isso? Quem nos oferece de fato uma medida para dimensionarmos o vigor essencial
do que seja habitar e construir? Em primeiro lugar, o acesso à essência de uma
coisa nos advém da linguagem. Isso só acontece quando prestamos atenção
ao vigor próprio da linguagem. Enquanto essa atenção não se dá,
desenfreiam-se palavras, escritos, programas, numa avalanche sem fim. O homem
se comporta como se ele fosse criador e senhor da linguagem, ao passo
que ela permanece sendo a senhora do homem.
As análises teóricas sobre o legado metodológico
de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), desencadeadas no centenário de seu
nascimento, tiveram o dom de resgatar um capítulo esquecido em sua obra que
dedicou a carreira acadêmica a compreender a alma nacional. Trata-se de uma
dissertação de mestrado, defendida por Sérgio Buarque em 1958 na Escola Livre
de Sociologia e Política de São Paulo, intitulada: Elementos Formadores da
Sociedade Portuguesa na Época dos Descobrimentos. O ensaio adormecia no
acervo do historiador, confiado à Universidade de Campinas depois de sua morte.
Edgar De Decca ficou surpreso e intrigado com o que encontrou. - “Há uma
impressionante linha de continuidade entre essa dissertação e o clássico: Raízes
do Brasil, publicado em 1936”. Alguma coisa foi alterada na percepção de
Sérgio Buarque. Perde força no trabalho de mestrado aquilo que se transformou
no traço mais marcante da obra Raízes do Brasil, que representa um
ensaio histórico sobre o que faltou e o que foi negado na constituição da nossa
identidade. Em Raízes do Brasil, a análise histórica parte do critério
da ausência: à nossa cultura faltou uma ética do trabalho disciplinar, o
Estado racional se ausentou mediante o patriarcalismo e sobretudo sobre o
paternalismo.
E, em virtude disso, vicejou o
caráter cordial do brasileiro – que privilegia as relações pessoais e
busca a intimidade no convívio social, conceito cunhado por Sergio Buarque e
confundido com benevolência. Essa exploração humana dos trópicos não se
processou, em verdade, por um empreendimento metódico e racional, não suscitou
de uma vontade construtora e enérgica: fez antes com desleixo e certo abandono.
Dir-se-ia mesmo que se fez apesar de seus autores. E o reconhecimento desse
fato não constitui, para Sérgio Buarque, menoscabo à grandeza do esforço
português. Isto porque existe uma ética do trabalho, como existe uma ética
da aventura. Assim, o indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor
moral positivo às ações que sente ânimo de praticar e, inversamente, terá por
imorais e detestáveis as qualidades próprias do aventureiro – audácia,
imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem – tudo, enfim,
quanto se relacione com a concepção espaçosa do mundo, característica desse
tipo. As energias e esforços que se dirigem ao imediata são enaltecidos pelos
aventureiros; as energias que visam à estabilidade, à paz, à segurança pessoal
e os esforços sem perspectiva de rápido proveito material passam, ao contrário,
por viciosos e desprezíveis para eles. Nada lhes parece mais estúpido e
mesquinho do que o ideal do trabalhador.
Essa
exploração humana dos trópicos não se processou, em verdade, por um
empreendimento metódico e racional a economia, não disciplinou uma vontade
construtora e enérgica: fez antes com desleixo e certo abandono. Dir-se-ia
mesmo que se fez apesar de seus autores. E o reconhecimento desse fato não
constitui, para Sérgio Buarque, menoscabo à grandeza do esforço português. Isto
porque existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura. Assim,
o indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que
sente ânimo de praticar e, inversamente, terá por imorais e detestáveis as
qualidades próprias do aventureiro – audácia, imprevidência,
irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem – tudo, enfim, quanto se
relacione com a concepção espaçosa do mundo, característica desse tipo. Por
outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma recompensa imediata são
enaltecidos pelos aventureiros; as energias que visam à estabilidade, à paz, à
segurança pessoal e os esforços sem perspectiva de proveito material
passam, ao contrário, por viciosos e desprezíveis. Nada lhes parece
mais estúpido e mesquinho do que o ideal do trabalhador.
Na
obra da conquista e colonização dos chamados novos mundos contemporâneos coube
ao “trabalhador”, papel muito limitado, quase nulo. A época predispunha aos
gestos e façanhas audaciosos, galardoando bem os homens de grandes voos. E não
foi fortuita a circunstância de se terem encontrado neste continente radiante e
de riqueza ímpar, empenhados nessa obra, principalmente as nações onde o tipo
do trabalhador, encontrou ambiente menos propício. Essa pouca disposição para o
trabalho, ao menos para o trabalho sem compensação próxima, essa indolência,
como diz o deão Inge, não sendo evidentemente um estímulo às ações aventurosas,
não deixa de constituir, com notável frequência, o aspecto negativo do ânimo
quer gera as grandes empresas. Como explicar, sem isso, que os povos ibéricos
mostrassem tanta aptidão para a caça aos bens materiais em fins do século
XVIII? - “Um português” comentava certo viajante em fins do século XVIII, “pode
fretar um navio para o Brasil com menos dificuldade do que lhe é preciso para
ir de cavalo de Lisboa ao Porto”. E essa ânsia de prosperidade sem custo, de
títulos honoríficos, de posições e riquezas fáceis, tão notoriamente
característica da gente de nossa terra, não é bem uma das manifestações mais cruas
do espírito de aventura?
Neste
ponto, precisamente, os portugueses e seus descendentes imediatos foram
inexcedíveis. Procurando recriar aqui o ambiente de sua origem, fizeram-no com
uma facilidade que ainda não encontrou, talvez, segundo exemplo na história.
Aos portugueses e, em menor grau, aos castelhanos, coube, sem dúvida, a
primazia no emprego do regime que iria servir de modelo à exploração
latifundiária e monocultora adotada depois por outros povos. E a boa qualidade
das terras do Nordeste brasileiro para a lavoura altamente lucrativa de
cana-de-açúcar fez com que essas terras se tornassem o cenário onde, por muito
tempo, se elaboraria em seus traços mais nítidos o tipo de organização agrária
mais tarde característico das colônias europeias situadas na zona tórrida. E
verificou-se, frustradas as primeiras tentativas de emprego do braço indígena,
que o recurso mais fácil estaria na introdução de escravos africanos. O que o
português vinha buscar era, sem dúvida, a riqueza, mas riqueza que custa ousadia,
não riqueza que custa o labor do trabalho humano criativo. Não foi, certamente,
uma “civilização” (cf. Palmeira, 1971) tipicamente agrícola o que instauraram
os portugueses com a lavoura açucareira.
Não
o foi, em primeiro lugar, porque a tanto não conduzia o gênio aventureiro que
os trouxe à América; em seguida, por causa da escassez da população do reino,
que permitisse emigração em larga escala de trabalhadores rurais, e finalmente
pela circunstância de a atividade agrícola não ocupar então, em Portugal,
posição de primeira grandeza. Poucos indivíduos sabiam dedicar-se a vida
inteira a um só mister sem se deixaram atrair por outro negócio aparentemente
lucrativo. Mais raros seriam os casos em que um mesmo ofício perdurava na mesma
família por mais de uma geração, como acontecia em terras onde a estratificação
social alcançara maior grau de estabilidade. Da tradição portuguesa, pouca
coisa se conservou entre nós que não tivesse sido modificada ou relaxada pelas
condições adversas do meio. Talvez seja o modo de o homem lidar com esse
assenhoramento que impele o seu ser para a via da estranheza, mass não ainda de
estranhamento. É salutar o cuidado com o dizer; é preciso saber do que se
fala.
Mas
esse cuidado é em vão se a linguagem apenas a nos servir como um meio de
expressão. Dentre todos os apelos que nos alam e que nós homens podemos a
partir de nós mesmos contribuir para se deixar dizer, a linguagem é o mais
elevado e sempre o primeiro. O que diz então construir? A palavra do antigo
alto-alemão usada para dizer construir, buan, significa habitar. Diz:
permanecer. Morar. O significado próprio do verbo bauen (construir), a
saber, habitar, perdeu-se. Um vestígio encontra-se resguardado ainda na palavra
Nachbar, vizinho. Ipso facto, o Nachbar (vizinho) representa
o Nachgebur, o Nachgebauer, aquele que habita a proximidade. Sem
dúvida, a antiga palavra buan não diz apenas que “construir” é o próprio
“habitar”, mas também nos acena como devemos pensar o habitar, mas também nos
acena como devemos pensar o habitar que aí se nomeia. Quando se fala em
habitar, representa-se costumeiramente um comportamento que o homem cumpre e
realiza em meio a vários outros modos sociais de comportamento. A palavra bauen
(construir), porém, significa ao mesmo tempo: proteger e cultivar,
a saber, cultivar o campo, cultivar a vinha. Construir significa cuidar do
crescimento que, por si mesmo, dá tempo aos seus frutos. No sentido de proteger
e cultivar, construir não é o mesmo que produzir. A construção de navios, a
construção de um templo produz, ao contrário, de certo modo a sua obra. Em
oposição ao cultivo, construir diz edificar.
Ambos
os modos de construir – construir como cultivar, em latim, colere,
cultura, e construir como edificar construções, aedificare – estão
contidos no sentido próprio de bauen, isto é habitar. No sentido de habitar, ou seja, no sentido de
ser e estar sobre a terra, construir permanece, para a experiência cotidiana do
homem, aquilo que desde sempre é, como a linguagem diz de forma tão bela,
“habitual”. Isso esclarece porque acontece um construir por detrás dos
múltiplos modos de habitar, por detrás das atividades de cultivo e edificação.
Essas atividades acabam apropriando-se com exclusividade do termo bauen (construir)
e com isso da própria coisa nele designada. O sentido próprio de construir, a
saber, o habitar, cai no esquecimento. Parece que esse acontecimento se refere
a uma transformação semântica ocorrida no mero âmbito das palavras. Na verdade,
porém, aí se abriga algo muito decisivo: o fato de não mais fazer a experiência
de que habitar constitui o ser do homem, e de que não mais se pensa, em sentido
pleno, que habitar é o traço fundamental do ser-homem. Que a linguagem logo
retome o significado próprio da palavra bauen, testemunha, no entanto, o
caráter originário desses significados.
É
que, nas palavras essenciais da linguagem, o que nelas se diz propriamente cai,
com muita facilidade, no esquecimento, em favor do que se diz num primeiro
plano. O homem ainda não chegou a pensar o mistério desse processo. A linguagem
retrai para o homem o seu dizer simples e elevado. Mas isso não chega a
emudecer o seu apelo inicial. O apelo apenas silencia. O homem não precisa
atenção a esse silêncio. Isto quer
dizer: trabalhar na construção de um caminho. Por isso a tendência é
conselheira: considerar sobretudo o caminho e não ficar preso às várias
sentenças e aos diversos títulos. O caminho é um caminho do pensamento. Todo
caminho de pensamento passa, de maneira mais ou menos perceptível e de modo
extraordinário, pela linguagem. Questionando a técnica pretende-se com
isto preparar um relacionamento livre com a técnica. Livre é o relacionamento
capaz de abrir-nos à essência da técnica. Da resposta à essência é possível
fazer a experiência dos limites de tudo que é técnico. A técnica não é igual à
essência da técnica. A sua essência não é, de forma alguma,
nada de técnico.
A
maneira mais teimosa, porém, de nos entregarmos à técnica, de acordo com uma
lição antiga, é entendermos que a essência de alguma coisa é aquilo que ela é,
como aquilo que é afirmativo na dialética hegeliana. Questionar a
técnica significa perguntar o que ela é. Pertence à técnica a produção e o uso
de ferramentas, aparelhos e máquinas, como a ela pertencem estes produtos e
utensílios em si mesmos e as necessidades a que eles servem. O conjunto de tudo
isso é a técnica. Ela própria é também um instrumento. A concepção corrente da
técnica de ser ela um meio de trabalho e uma atividade guiada pela razão
humana pode se chamar, portanto, para a hermenêutica filosófica a “determinação
instrumental e antropológica da técnica”. Na universidade sabemos que o homem
de certo modo habita e per se não habita. Se por habitar entende-se
simplesmente uma residência. Quando se fala em habitar, representa-se
costumeiramente um comportamento que o homem cumpre e realiza em meio a vários
outros modos sociais de comportamento. Não habitamos simplesmente, mas construir
significa originariamente habitar. E a antiga palavra construir diz que o
homem é à medida que habita. Construir significa cuidar do crescimento que dá
tempo aos seus frutos. No sentido de proteger e cultivar, construir não é o
mesmo que produzir. Note Bem: em oposição ao cultivo, construir diz edificar.
Ambos
os modos de construir – construir como cultivar, em latim, “colere”, cultura, e
construir como edificar construções, “aedificare” – estão contidos no sentido
próprio de “bauen”. No sentido de habitar, ou construir, permanece, para a
experiência cotidiana do homem. Aquilo sempre é linguagem de forma tão
exclusiva e bela, habitual. Isto esclarece porque acontece um construir por
detrás dos múltiplos modos de habitar, por detrás das atividades de cultivo e
edificação. O sentido próprio de construir, a saber, habitar, cai no esquecimento.
Em que medida construir pertence ao habitar? Quando construir e pensar são indispensáveis
para habitá-lo. Ambos são, no entanto, insuficientes para habitá-lo se cada um
se mantiver isolado, distantes, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao
outro. Construir e pensar pertence ao habitar. Permanecem em seus limites.
Sabem, quando aprendemos a pensar, que tanto um como outro provém da longa experiência de convívio disciplinar e de um exercício incessante de
pensar.
Na
investigação, isto é, especificamente teórica, deve-se determinar e
chegar a conceber o questionado. No questionado reside, pois, o perguntado,
enquanto o que previamente se intenciona, aquilo em que o questionamento
alcança sua importância. Enquanto procura, o questionamento necessita de uma
orientação, prévia do procurado. Para isso, o sentido do ser já nos deve estar
sendo de alguma maneira disponível. Este estado indeterminado de uma
compreensão do ser já sempre disponível no limiar de um mero conhecimento
verbal, mas esse estado indeterminado de uma compreensão do ser já sempre
disponível é, em si mesmo, um fenômeno positivo abrangente que necessita de
esclarecimento. Uma investigação científica sobre o sentido do ser não pode
pretender dar este esclarecimento em seu início. A interpretação social dessa
compreensão mediana do ser só pode conquistar através de um fio condutor com a
elaboração do conceito do ser. É a partir da claridade do conceito e dos
modos de compreensão explicitamente nela inerentes que se deverá decidir o que
significa essa compreensão.Quer do ser
obscura e ainda não sendo esclarecida. E quais espécies de obscurecimento ou
impedimento, são possíveis e necessários para um esclarecimento explícito do
sentido do alcançado do ser.
A
imediata compreensão do ser vaga e mediana pode também estar impregnada de
teorias tradicionais e opiniões sobre o ser, de modo que tais teorias
constituam, secretamente, fontes primárias de compreensão geral dominante. O
procurado quando ocorre questionamento do ser em sua essência não é algo
inteiramente desconhecido, embora seja, de início, algo completamente
inapreensível. O questionado da questão a ser elaborada é o ser, o que
determina o ente como ente, como o ente já é sempre compreendido, em qualquer
discussão que se pretenda. O ser dos entes não é em si apenas um outro. Se
questionado, o ser exige, um modo próprio de demonstração que se distingue
essencialmente da descoberta em si de um ente. Acentua o perguntado, o sentido
do ser, requer uma conceituação própria que, por sua vez, também se diferencia
dos conceitos em que o ente alcança a determinação de seu significado. Na
medida em que o ser se constitui o questionado e ser diz sempre ser de
um ente, o que resulta como interrogado na questão do ser é o próprio ente.
Este é como que interrogado em seu ser.
Mas
para se poder apreender sem falsificações os caracteres de seu ser, o ente já
deve se ter feito acessível antes, melhor dizendo, tal como é realizado em si
mesmo. Quanto ao interrogado, a questão do ser exige que se conquiste e
assegure previamente um modo adequado de acesso ao ente. Chamamos de “ente”, na
tradição hermenêutica, muitas coisas e em sentidos diversos na existência
humana. Ente é tudo que falamos, tudo que entendemos, com que nos comportamos
dessa ou daquela maneira, ente é também o que e como nós mesmos somos. Ser está
naquilo que é como é, na realidade, no ser simplesmente dado (Vorhandenheit),
no teor e recurso, no valor e validade, na pre-sença, no “há”. Em qual dos
entes deve-se ler o sentido do ser? De que ente deve partir a saída para o ser?
O ponto de partida é arbitrário ou será que possui primazia na elaboração da
questão do ser? Qual é este ente exemplar e em que sentido possui primazia? Em
verdade o ente pode vir a ser determinado de um conceito explícito sobre o sentido
do ser.
A
maior ponte da América Latina cruza a Baía de Guanabara, ligando as cidades do
Rio de Janeiro e Niterói. A Baía de Guanabara é uma baía oceânica localizada no
estado do Rio de Janeiro, no sudeste do Brasil. Habitada pelos índios Temiminós,
foi des-coberta pela expedição exploradora portuguesa de 1501, cujo
comando é atribuído por alguns autores a Gaspar de Lemos, navegador português do
século XVI. Comandou um dos navios da frota de Pedro Álvares Cabral, que chegou
ao Brasil em 22 de abril de 1500. Os Temiminós foram uma tribo Tupi que habitou
a Ilha do Governador, São Cristóvão, Niterói e o sul do atual estado do
Espírito Santo no século XVI. Era inimiga tradicional dos seus vizinhos Tupinambás
na baía de Guanabara, mas possuíam muitos traços culturais em comum com estes e
com as outras tribos tupis, como a língua, crenças, costumes como a prática do
canibalismo ritual e agricultura de subsistência baseada em queimadas. Os colonizadores
a confundiram com a foz de um grande rio, ao qual denominaram Rio de Janeiro,
por ter sido descoberto no mês de janeiro.
Os
indígenas tinham já uma designação Tupi para identifica-la: Iguaá-Mbara
(iguaá = enseada do rio, e mbará = mar), ou então guana (seio) bara
(mar), “mar do seio”, em referência a seu formato arredondado e à fartura de
pesca que proporcionava, ou ainda conforme a palavra kûárana pará: “mar
do que se assemelha a enseada”, pela junção de kûá, (enseada), rana,
“semelhança” e pará, “mar”). O nome é uma alusão ao fato concreto de antes da
invasão portuguesa a baía não ter a entrada tão estreita como existe, pois, o
conjunto dos morros Cara de Cão, Pão de Açúcar e Urca formavam uma ilha chamada
Ilha da Trindade e não aparentemente a ideia de uma península, como
ocorre tendo como usufruto um “aterramento” realizado no século XVI.O conceito de seu projeto remonta a
1875, visando a ligação entre os dois centros urbanos vizinhos, separados pela
baía de Guanabara ou por uma viagem terrestre de mais de 100 km, que passava
pelo município de Magé (RJ). À época havia sido concebida a construção de uma
ponte e, posteriormente, de um túnel. Somente no século XX, em
1963, foi criado um Grupo de Trabalho para estudar um projeto para a construção
de uma via rodoviária.
Em
29 de dezembro de 1965, uma comissão executiva foi formada para cuidar do
projeto definitivo de construção de uma ponte. O Presidente Costa e Silva
assinou decreto em 23 de agosto de 1968, autorizando o projeto de construção da
ponte, idealizado pelo ministro dos transportes, Mário Andreazza, sob a gestão
de quem a ponte foi iniciada e concluída. O projeto da ponte Rio Niterói
foi preparado por um consórcio de duas empresas. A firma Noronha Engenharia,
sediada no Rio de Janeiro, preparou o projeto dos acessos no Rio de Janeiro e
em Niterói, assim como a ponte de concreto sobre o mar. A firma Howard,
Needles, Tammen and Bergendorf, dos Estados Unidos da América, projetou o
trecho mormente dos vãos principais em estrutura de aço, incluindo as fundações
e os pilares. Os engenheiros responsáveis pelo projeto da ponte de concreto
foram Antônio Alves de Noronha Filho e Benjamin Ernani Diaz e o engenheiro
responsável pela ponte de aço foi o norte-americano James Graham. A
apresentação oficial do projeto de realização da Ponte Rio-Niterói aconteceu no
dia 14 de novembro de 1968 na Escola de Engenharia da Universidade Católica de
Petrópolis (UCP).
O relevo que a enquadra, de
contornos irregulares, conforma um porto de abrigo natural, favorável à
atividade econômica humana, da qual são exemplos as cidades do Rio de Janeiro e
de Niterói. Principal acesso à cidade do Rio de Janeiro durante séculos, acabou
tragada pelo crescimento urbano a partir da segunda metade do século XX.
Atualmente, conta com um tráfego intenso de navios, e embarcações em geral para
transportes de pessoas, sendo significativa também a circulação das balsas,
catamarãs e aerobarcos que ligam o centro do Rio de Janeiro à Ilha de Paquetá,
à Ilha do Governador, ao centro de Niterói e a Charitas (Niterói). O trajeto
para Niterói pode ser feito, desde 1974, pela Ponte Presidente Costa e Silva
(1974-1979), reconhecida como Ponte Rio-Niterói. Atualmente, a ponte é a
maior do hemisfério sul em concreto protendido e a maior da América Latina. A
estrutura recebe mais de 150 mil passageiros por dia, segundo informações da
concessionária Ecoponte, em dias de fluxos normais. Também é noticiado
pela imprensa como maior vão em linha reta do mundo e o maior conjunto de
estruturas protendidas da América. A importância da Rio–Niterói na Região do Rio de Janeiro tomou tais proporções, que é comum que seus
habitantes se refiram à obra como “a Ponte”, que é da importância da via de
comunicação entre os dois estados.
Niterói
é um município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no estado
do Rio de Janeiro. Foi a capital estadual, como indicado pela sua coroa mural
dourada, exclusiva de capitais, entre 1834-1894 e novamente entre 1903-1975.
Com população estimada em 513 584 habitantes, segundo os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística de 2019, e uma área de 133. 757 km²,
ostenta o mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do Rio
de Janeiro e o sétimo maior entre os municípios do Brasil em 2010.
Individualmente, é o segundo município com maior média de renda domiciliar per
capita mensal do Brasil e aparece na 13ª posição entre os municípios do
país segundo os indicadores sociais referentes à educação. Foi capital estadual
fluminense até a fusão entre os estados do Rio de Janeiro e da Guanabara em
1974. Distante 15 km da Cidade do Rio de Janeiro e possui como acessos à Ponte
Rio de Janeiro-Niterói e Avenida do Contorno, ambas em trechos da BR-101, a
Alameda São Boaventura, trecho urbano da RJ-104, a Avenida Everton Xavier,
trecho urbano da RJ- 108. Pode-se chegar à cidade por meio das linhas de ferry
reconhecidas como barcas.
A
cidade é um dos principais centros financeiros, comerciais e industriais do
estado, sendo a 12ª entre as 100 melhores cidades brasileiras “para se fazer
negócios”. Niterói vem registrando um alto índice de investimentos na cidade,
principalmente imobiliários e comerciários, advindos tanto da herança de ter
sido a capital estadual, como por sua proximidade geográfica com o município do
Rio de Janeiro. Absorve um intenso desenvolvimento das atividades de exploração
de petróleo offshore na Bacia de Santos e da Bacia de Campos.
Escritórios de serviços especializados, hospitais, universidades, museus e shopping-centers
proporcionam opções de entretenimento às famílias e pessoas. Ao mesmo tempo, o
município está absorvendo uma série de investimentos industriais importantes
nos setores estatais ligados à cadeia produtiva de petróleo e gás. Destaca-se a
reinauguração de estaleiros, com a reforma e a manutenção de plataformas e
estruturas offshore, além da construção de embarcações para o transporte
de passageiros. A Bacia Campos abrange uma área com cerca de 100 mil km²,
estendendo-se do Espírito Santo, na cidade de Vitória, até o litoral norte do
Rio de Janeiro, na cidade de Arraial do Cabo. Esse nome segue orientação do
Código de Nomenclatura Estratigráfica Internacional.
Segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística de 2010, o
produto interno bruto nominal de Niterói foi de 11,2 bilhões de reais,
figurando como o quinto maior do estado, depois da capital fluminense, de Duque
de Caxias, Campos dos Goytacazes e Macaé, além de ser o 45º município mais rico
do Brasil. Somente no setor de petróleo, a região responde por cerca de 70% do
parque estadual instalado do setor, concentrando desde empresas de offshore
a estaleiros. A cidade é o segundo maior empregador formal do Estado do Rio de
Janeiro, embora ocupe o quinto lugar quanto ao número de habitantes, que
correspondem a 4,11% do total da população da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro. Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas em junho de 2011,
classificou Niterói como “a cidade com população mais rica do Brasil”, por
possuir 30,7% dela inserida na classe A. Considerando as classes A e B, Niterói
também aparece em primeiro lugar, com 42,9% de sua população inserida nessas
classes. Está entre as cidades mais alfabetizadas do Brasil, além de apresentar
a menor incidência de pobreza, a população com maior renda mensal per capita
e o índice de longevidade municipal do Estado do Rio de Janeiro. Segundo
levantamento do Instituto Trata Brasil, com base no ano de 2014, a
cidade encontra-se na 12ª posição nacional apresentando 100% do abastecimento
de água tratada. Em relação ao tratamento de esgoto o município aparece na 9º
colocação e está entre as 10 cidades que tratam mais de 80% do seu esgoto.
Niterói
polariza o Leste Metropolitano, sub-região da metrópole do Rio de Janeiro que
inclui, além de Niterói, os municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá e
Maricá. Niterói é, portanto, um subnúcleo regional dentro da área
metropolitana, auxiliar do núcleo metropolitano, que, por sua vez, polariza
toda a metrópole do Rio de Janeiro. No início dos anos 2000, a cidade de
Niterói passa por mais avanços como uma capital cultural, com a inauguração do Caminho
Niemeyer, em 2002, e da Praça Juscelino Kubitschek, em 2003. Em 2004, é
inaugurado o terminal hidroviário de Charitas, outro projeto de Oscar Niemeyer,
abrindo mais opção de ligação com a praça XV no Rio de Janeiro. Em 2005, a
prefeitura da cidade obteve êxito nas negociações para a inclusão de Niterói no
Roteiro Niemeyer, importante iniciativa do Ministério do Turismo que
inclui as cidades de Brasília, Belo Horizonte e Niterói, que entre nós reúnem o
conjunto mais expressivo de obras do laureado arquiteto comunista. Em abril de
2007, foi inaugurado o Teatro Popular de Niterói através da rampa helicoidal
onde se chega ao foyer em torno de 580 m², e daí para a área ambiental da
plateia, que pode abrigar cerca de 350 pessoas e um espaço exterior com a
capacidade máxima de público para 20 000 lugares.
Em
abril de 2010, houve uma grande tragédia na cidade, ocorrida no Morro do Bumba,
onde 267 pessoas morreram após as chuvas que causaram o desabamento de
encostas. Esse desastre foi um movimento de massa, mais precisamente um
deslizamento de lixo, que se iniciou devido a combinação de despejo de entulhos
de obras no topo do morro e uma chuva muito intensa. A região era um antigo “lixão”
que foi desativado e posteriormente recoberto de solo e urbanizado. O poder
público ofertou na área energia elétrica, água e esgoto, o que atraiu pessoas
para a área que foi densamente habitada. Anos depois, sem haver nenhum indício
da antiga ocupação da área, pessoas habitavam a região sem conhecer o que havia
no subsolo. As casas do local foram construídas em cima de um lixão desativado,
num terreno fragilizado e que não suportou a quantidade de chuvas de verão.
Inclusive os bairros próximos são bairros com o menor índice de desenvolvimento
humano da cidade. Após o deslizamento do Morro do Bumba, a cidade passou a
esbarrar em outro problema: o crescimento acelerado e desordenado iniciado na
década dos anos 2000, principalmente impulsionado pela chegada de novos
moradores, provenientes da cidade do Rio de Janeiro. Eles emigraram para
Niterói com o objetivo de fugir da violência urbana, que tinha níveis elevados.
Com isso, bairros como Icaraí passaram a registrar um aumento exponencial de
construções de prédios de condomínios ao mesmo tempo em que o crescimento
populacional passou a atingir também bairros afastados como a Região Oceânica
como um todo, além da região da Pendotiba.
De
modo a tentar resolver esses problemas, a última administração do prefeito
Jorge Roberto Silveira (2009-2012) tomou algumas medidas para tentar melhorar o
fluxo de veículos nos horários de pico, como a conversão da Avenida Roberto
Silveira em via de mão única e a construção de um mergulhão ligando as avenidas
Jansen de Melo e Marquês de Paraná, sendo que esta é cercada de muitas
controvérsias e cuja conclusão foi no governo do prefeito Rodrigo Neves. Há, todavia,
a construção do Corredor Metropolitano da Alameda São Boaventura, que consiste
em uma pista exclusiva para ônibus, de forma a desafogar esta via de comunicação.
Além destes, foi concluída em 2020 a obra de revitalização da avenida Marquês
de Paraná. Na eleição municipal de 2012, Jorge Roberto Silveira abdicou da
candidatura à reeleição, alegando estar tratando um câncer de garganta, e
lançou Felipe Peixoto, jovem deputado estadual pelo Partido Democrático
Trabalhista (PDT), que teve, como concorrentes, Rodrigo Neves, Flávio Serafini
e Sergio Zveiter. Em uma disputa acirrada, Rodrigo Neves, do Partido dos
Trabalhadores (PT), venceu, com 52,55 % dos votos válidos, o pedetista Felipe
Peixoto.
Rodrigo Neves Barreto nasceu em São Gonçalo,
em 28 de junho de 1976. É o segundo município mais populoso do estado, atrás
apenas da capital do estado, o Municipio mais populoso do Leste Fluminense, e o
16º mais populoso do País. É um político filiado ao Partido Democrático
Trabalhista (PDT). Foi vereador, deputado estadual, secretário estadual de
Assistência Social e prefeito de Niterói por dois mandatos. Formado em Ciências
Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), durante a juventude Rodrigo
Neves integrou a entidade União Niteroiense de Estudantes Secundaristas
(UNES), onde defendeu bandeiras como o passe-livre no transporte público urbano
para os estudantes, e foi líder do movimento pela ética na política que ficou
reconhecido como movimento “dos caras pintadas” em Niterói. Filiado ao Partido
dos Trabalhadores (PT), Rodrigo Neves foi vereador de Niterói nas legislaturas
1997-2000, quando a partir de abril de 1998, substituiu o titular João Batista
Petersen Mendes, falecido naquele ano, e 2001-2004. Foi reeleito para o
quadriênio 2005-2008 com 6.086 votos, sendo o mais votado.Em 2006, candidatou-se ao cargo de deputado
estadual, conseguindo ser eleito com 41.288 votos. Foi candidato ao cargo de
prefeito da cidade de Niterói pela primeira vez em 2008, tendo conquistado a
segunda posição, perdendo para o candidato do Partido Democrático Trabalhista,
o ex-prefeito Jorge Roberto Silveira.
Em
2010, conseguiu ser reeleito deputado estadual com 38.856 votos. Em 2011,
ocupou a secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, e nas
eleições municipais de 2012, foi eleito prefeito da cidade de Niterói com
132.001 (52,55%) votos, derrotando Felipe Peixoto do PDT no segundo turno. Em
abril de 2014, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro multou o
prefeito Rodrigo Neves por irregularidades no atendimento às vítimas das chuvas
de abril de 2010. Neves foi penalizado por falha no acompanhamento e
fiscalização da concessão de aluguel social, no âmbito do Programa Morar
Seguro, entre agosto e dezembro de 2011, quando era o secretário estadual de
Assistência Social e Direitos Humanos. Seis meses depois das chuvas de abril
que atingiram o Rio de Janeiro e deixaram mais de 250 pessoas mortas no estado
- quase todas vítimas de deslizamentos de terra - sobreviventes falam das
cicatrizes que os temporais deixaram em suas vidas. A catadora de latas Kátia
Morais, moradora do Morro dos Prazeres, no bairro Santa Teresa, no Centro do
Rio de Janeiro, chora ao relembrar a tragédia, que deixou 15 parentes mortos. -
“Eu perdi minha irmã, meu irmão, dois sobrinhos, cunhados e uma tia e mais nove
primos. Foram 15 pessoas no total”, desabafa a catadora de latas, com marejados
de lágrimas nos olhos. Em 6 de abril, 34 pessoas morreram quando 13
casas foram varridas por um deslizamento local.
A
Emenda Constitucional n° 26/2000, incluiu no Artigo 6º da Constituição da
República o direito à moradia. Em cumprimento aos Artigos 182 e 183 da mesma
Constituição, foi promulgada a Lei 10.257 de 2001 (o Estatuto da Cidade),
responsável por instituir diretrizes de execução das políticas públicas
habitacionais do país. Para coordenar a execução destas políticas públicas
habitacionais, foi criado, em 1º de janeiro de 2003, o Ministério das Cidades
extinto em 1º de janeiro de 2019. O qual instituiu uma nova Política Nacional
de Habitação em 2004, cujo principal instrumento é o Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social (SNHIS), criado e regido pela Lei n° 11.124
de 2005, cuja vigência se estende até o presente, sendo gerido pelo atual
Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Essa mesma Lei prevê o Plano
Nacional de Habitação, principal instrumento de combate déficit habitacional,
configurando-se como um projeto que não é de longo prazo, pois
enquadra-se para o período de 2009 a 2023.
Em
2015, Rodrigo Neves se desligou do Partido dos Trabalhadores (PT) e filiou-se
ao Partido Verde (PV) visando as eleições do ano seguinte, quando se candidatou
à reeleição contra Felipe Peixoto (PSB) e o deputado estadual Flavio Serafini
(PSOL), também seus oponentes na eleição anterior. Foi reeleito no segundo
turno, dessa vez com 130.473 votos. No fim de 2017, Rodrigo deixou o Partido Verde
e se filiou ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) para assumir a
coordenadoria da campanha de Ciro Gomes à Presidência da República no ano
seguinte. Em outubro de 2020, a dois meses de encerrar seu mandato, recebeu o
prêmio de reconhecimento da Organização das Nações Unidas, do Congresso Smart
City e da Fira de Barcelona, a instituição de feiras de negócios de Barcelona,
pela atuação de Niterói no combate à Pandemia. Em 23 de julho de
2022, foi oficializado candidato do PDT ao Governo do Estado do Rio de Janeiro,
tendo o ex-presidente da Ordem dos Advogados Brasileiros Felipe Santa Cruz como
candidato a vice-governador pelos partidos PDT, PSD, Patriota, Agir e Cidadania,
formam a coligação “Pra mudar com quem sabe governar”. Em 10 de dezembro de
2018, Rodrigo Neves foi preso por policiais civis na Operação Alameda
sob a acusação de corrupção e formação de quadrilha em “suposto
esquema que envolvia o pagamento de propina por empresários do setor de
transportes a agentes públicos da cidade”.
De
acordo com a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPF-RJ),
entre os anos de 2014 e 2018 teriam sido desviados aproximadamente R$ 10,9
milhões dos cofres públicos para pagamentos ilegais. A ação foi um
desdobramento da Operação Lava Jato no âmbito estadual, onde o MPF-RJ
compartilhou a delação premiada do empresário e réu confesso, Marcelo Traça,
ex-presidente da Fetranspor, e de provas, autorizado pelo Juízo da 7ª Vara
Federal. Em 12 de março de 2019, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro (TJERJ) concedeu Habeas corpus à Rodrigo Neves e a outros quatro
acusados, porém com medidas cautelares, como não poder sair do estado ou do
país, o recolhimento de seus passaportes e a proibição de manter contato entre
eles ou com as testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Eles não
poderiam deixar a cidade de Niterói por mais de oito dias sem autorização do
juízo. Assim, no dia 13 de março de 2019, Rodrigo Neves foi libertado para
reassumir a Prefeitura de Niterói.
Ele
afirmou sua inocência e alegou à época que não teve chance de se defender.Em dezembro de 2020, o Ministério Público
Federal (MPF) denunciou o então prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, e outras
oito pessoas por corrupção e fraude em licitações do município. A ação entregue
ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) narra dois esquemas criminosos
mantidos desde 2013: em licitações marcadas por fraude e por corrupção na
publicidade oficial e BRT Transoceânica e pagamentos indevidos a conselheiros
do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ). De acordo com o
TCE/RJ, auditorias identificaram irregularidades nas licitações e nos aditivos
contratuais nesses dois fatos, com prejuízos aos cofres públicos superiores a
R$ 60 milhões. O processo acabou extinto pelo Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro em julho de 2022 por falta de provas. O Corredor
Viário TransOceânicaobjetiva implantar um meio de comunicação de transporte
eficiente, propiciando a ligação rápida do conjunto de bairros que formam a chamada
Região das Praias Oceânicas até o bairro de Charitas. Haverá interligações
intermodais, minimizando consideravelmente os problemas técnicos e sociais de
mobilidade urbana nessa adorável Região da Cidade de Niterói.
A
Transoceânica tem a extensão de 11,2km, dos quais aproximadamente 1,4km
correspondem ao túnel a ser executado entre os bairros de Cafubá e Charitas. O
corredor contará com 13 estações distribuídas ao longo de todo o traçado, com
coberturas que atingem 500 metros, sendo a estação de Charitas o ponto de
interligação com a rede hidroviária. A demanda prevista para o sistema do
corredor viário é estimada em 78.000 passageiro/dia dentro do próprio corredor
e em 90.000 passageiros/dia no sistema completo, que considera também as
ligações com a rede de ônibus municipal que operará complementando essa nova
infraestrutura. Para a implantação da TransOceânica foi realizado o estudo de
demanda do Corredor BRT, e neste produto foi estimada a demanda e oferta
atualmente nas linhas da rede de comunicação e transportes, adicionando-se as
demandas de barcas e ônibus intermunicipais na Região Oceânica. O resultado
deste estudo foi a informação do tempo de viagem atual no trecho do corredor
viário e a estimativa deste mesmo tempo após a implantação do projeto, estas
informações compõe a linha de base e a meta, respectivamente, dos indicadores
“Redução do tempo médio de viagem nas horas de pico no Corredor
Transoceânica/BRT” e “Redução do Gasto médio de combustível nas horas de
pico no Corredor Transoceânica/BRT”. Todavia, isso não é tudo!
O
projeto da ponte Rio de Janeiro-Niterói foi preparado por um consórcio
de duas empresas. A firma Noronha Engenharia, sediada no Rio de Janeiro, desenvolveu
o projeto dos acessos no Rio de Janeiro e em Niterói, assim como a ponte de
concreto sobre o mar da baia de Guanabara. A firma Howard, Needles, Tammen and
Bergendorf, dos Estados Unidos, projetou o trecho dos vãos centrais e,
portanto, principais da ponte em estrutura de aço, incluindo as fundações e os
pilares. Os engenheiros responsáveis pelo projeto técnico da ponte de concreto
foram Antônio Alves de Noronha Filho e Benjamin Ernani Diaz e o engenheiro
responsável pela ponte de aço foi o norte-americano James Graham. A
apresentação oficial do projeto da Ponte Rio-Niterói aconteceu no dia 14 de
novembro de 1968 na Escola de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis
(UCP). Na cerimônia estavam presentes: o general-Presidente Costa e Silva
(1974-1979), o Ministro Mário Andreazza, o engenheiro Eliseu Rezende, diretor
do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens e o Grão-Chanceler e Reitor da
Universidade Católica de Petrópolis, Dom José Fernandes Veloso. As obras
tiveram início em janeiro de 1969.
A
obra teve início, simbolicamente, em 9 de novembro de 1968, com a presença da
Rainha do Reino Unido, Elizabeth II e de Sua Alteza Real, o Príncipe Filipe,
Duque de Edimburgo, ao lado do ministro Mário Andreazza. O canteiro principal
da Ponte Rio de Niterói do Consórcio Construtor Guanabara se localizava na Ilha
do Fundão, pertencente à Universidade Federal do Rio de Janeiro. Havia, também,
canteiros secundários em Niterói. As firmas executoras da superestrutura
em aço foram Dormann & Long, Cleveland Bridge e Montreal Engenharia. A
estrutura foi toda fabricada na Inglaterra em módulos, que chegaram ao Brasil
por transporte marítimo. A fabricação final da ponte de aço, com os elementos
pré-soldados da Inglaterra, foi realizada na Ilha do Caju, na Baia de Guanabara.
A montagem das vigas de aço também foi feita pelas mesmas firmas fabricantes da
estrutura. O banco responsável por parte do financiamento da obra foi N M
Rothschild & Sons. Não foi permitida a participação única de empresas
inglesas no processo de licitação da fabricação dos vãos principais de aço.
Para concretizar a realização da obra, o Ministro da Fazenda, Delfim Netto (cf.
Hespanhol, 2017) o eng. Eliseu Resende e a Rotschild & Sons assinaram, em
Londres um documento que assegurava o fornecimento de estruturas de aço, com um
comprimento de 848 metros, incluindo os vãos de 200 metros +300 metros +200 metros
e dois trechos adicionais de 74 metros, empréstimo de US$ 22 milhões com bancos
britânico.
Em
1971, o contrato de licitação para construção da obra foi rescindido devido a
atraso nas obras, e a construção passou a ser feita por um novo consórcio das
construtoras Camargo Correa, Mendes Junior e Construtora Rabello designado
Consórcio Construtor Guanabara, sendo concluído três anos depois. A ligação
rodoviária foi entregue em 4 de março de 1974, com extensão total de 13,29 km,
dos quais 8,83 km são sobre a água, e 72 metros de altura em seu ponto mais elevado,
e com um vão central de 300 metros, e com previsão de um volume diário de 4 868
caminhões, 1 795 ônibus e 9 202 automóveis, totalizando 15 865 veículos.
Atualmente é considerada a maior ponte, em concreto protendido, do hemisfério
sul e atualmente é a 11ª maior ponte do mundo. No ano em que foi concluída, era
a segunda maior ponte do mundo, perdendo apenas para a Causeway do lago
Pontchartrain nos Estados Unidos da América (EUA). Ela continuou no posto de
segunda maior ponte do mundo até 1985 quando foi concluída a Ponte Penang na
Malásia.
Antônio
Delfim é um economista, professor universitário e político brasileiro filiado
ao Partido Progressista (PP). Foi membro da equipe de planejamento do governo
paulista de Carlos Alberto de Carvalho Pinto em 1959, membro do Conselho
Consultivo de Planejamento (Consplan), órgão de assessoria à política econômica
do Governo Castelo Branco em 1965 e do Conselho Nacional de Economia. Foi
secretário de Fazenda do governo paulista de Laudo Natel em 1966 e 1967,
ministro da Fazenda de 1967 a 1974 e embaixador do Brasil na França entre 1974
e 1978, ministro da Agricultura em 1979 e do Planejamento de 1979 a 1985.
Deputado Constituinte por São Paulo de 1987 a 1988 e federal por São Paulo
desde 1988. Em dezembro de 1968, Delfim Netto foi um dos signatários do Ato
Institucional nº 5 (AI-5), decreto da ditadura militar (Swensson Junior,
2007) que conferiu ao presidente da República Federativa do Brasil o poder de
decretar a intervenção nos estados e municípios, suspender os direitos civis e
políticos de cidadãos e cassar mandatos eletivos em geral de parlamentares federais,
estaduais e municipais.
Participou
do Grupo de Planejamento do governo Carvalho Pinto e do Conselho do Fundo de
Expansão da Indústria de Base de São Paulo. Entre 1966 e 1967, Delfim Netto foi
secretário de Fazenda em São Paulo, no primeiro governo Laudo Natel. Em 1967
Delfim Netto foi convidado por Costa e Silva para ocupar o cargo de Ministro da
Fazenda. Em 13 de dezembro de 1968 votou a favor do Ato Institucional nº5,
sugerindo inclusive um aprofundamento do poder do presidente de intervir na
economia. Durante o regime Militar, entre 1969 e 1974, foi ministro da fazenda.
Neste período, a Caixa Econômica Federal e a Casa da Moeda passaram a ser
empresa pública e foi criado o Conselho Interministerial de Preços introduzindo
alterações profundas em toda a sistemática de acompanhamento da evolução dos
preços e custos industriais no País. Criação do Banco Multinacional Brasileiro
liderado pelo Banco do Brasil e do European Brazilian Bank com sede em
Londres. Em 12 de julho de 1972 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar
de Cristo de Portugal. Em 2005 ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB), o que gerou protestos da base política peemedebista, em parte pela
forte ligação de seu nome com a ditadura militar golpista em 1º de abril
de 1964. Não se reelegeu em 2006 e não se candidatou a cargos eletivos em 2010.
Com a saída de Celso Russomanno volta a se filiar na legenda com Paulo Maluf. É
considerado por Maria da Conceição Tavares um economista
estruturalista.
No
período de sua edificação a travessia era gratuita, não existindo a cobrança de
pedágio. A condução na política pública era que o investimento fosse quitado
por recursos obtidos através do pedágio num prazo de oito anos, mas que o
usuário deveria continuar a pagar o valor após a liquidação da dívida do Estado.
Em 1995 foi feita uma concorrência para concessão da administração da ponte
para a iniciativa privada, que foi vencida pelo consórcio Ponte S/A, antiga
Companhia de Concessões Rodoviárias, é empresa brasileira de concessão de
infraestrutura, transportes e serviços, uma das líderes na administração de
rodovias no Brasil. Em 2009 foi realizada repintura das faixas, estreitando-as,
quando a Ponte passou de 3 para 4 faixas de rolamento em cada sentido. Porém,
tal obra é considerada apenas um paliativo, visto que a capacidade de tráfego
da Ponte Rio-Niterói encontra-se à beira do esgotamento, havendo
congestionamentos em grande parte do dia. Cinco operários morreram durante a
construção do vão central da ponte, devido à grande altura em relação ao nível
do mar. Um engenheiro em reportagem de 22 de maio de 2013 afirmou que morreram
em média 40 funcionários nos 05 anos da obra onde trabalhavam 10 mil operários.
Só em um acidente morreram 10 funcionários incluído 3 engenheiros.
Em
18 de março de 2015, a ponte foi leiloada mais uma vez, com a EcoRodovias
ganhando a concessão de 30 anos, já a partir de maio desse ano, entre essas
obras, que foram iniciadas em 2016, estão o mergulhão da Praça Renascença, a
ligação da ponte com a chamada Linha Vermelha e a construção da Avenida
Portuária. A EcoRodovias é uma empresa de infraestrutura focada na gestão e
operação de concessões rodoviárias com sede na cidade de São Paulo. A empresa é
listada no novo mercado da B3 desde 2010, com 36% das suas ações detidas pelo
mercado. O controle é dos grupos C.R. Almeida e Grupo Gavio. Fundada em 1958
pelo engenheiro civil Cecílio do Rego Almeida com a denominação de Engenharia e
Construções CR Almeida Ltda., em 1965 passou a ser conhecida por CR Almeida S/A
Engenharia e Construções. Em 1969, diversificou suas atividades quando
incorporou a empresa Britanite (IBQ Indústrias Químicas) e na atualidade, a
empresa atua na área de concessões rodoviárias (Ecovias, Ecopistas,
Ecosul, Ecovia e Rodovia das Cataratas, Ecoponte, Ecovias do Cerrado, Eco 050,
Eco 135), e obras de infraestrutura de grande porte, nacionais e
internacionais.
Em
2012, o Grupo vendeu 66% das ações da empresa Britanite, dividido entre a
peruana Brescia e a chilena Enaex (33% cada) e em agosto de 2015, o grupo
chileno Sigdo Koppers, da empresa Enaex, comprou 100% das ações da Britanite e
desta forma o Grupo saiu da área química. Dentre as principais obras realizadas
pela concessionária, destacam-se a construção da pista descendente
(Pista Sul) da Rodovia dos Imigrantes do km 41 ao 62,58. A obra entregue à
população em 17 de dezembro de 2002, foi realizada com uma das mais atuais
técnicas de construção sem prejudicar equilíbrio ecológico da região da Serra
do Mar, importante resquício da Mata Atlântica no estado de São Paulo. Atualmente,
o Grupo EcoRodovias é uma das principais companhias de infraestrutura do
Brasil, com dez concessionárias de rodovias que totalizam 2,6 mil km de
extensão. A EcoRodovias é um dos maiores grupos de infraestrutura e logística
intermodal do Brasil. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que
gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas. Ipso facto, objetiva
criar valor de forma “sustentável” através do chamado empreendedorismo e
gestão de sinergias no portfólio de negócios em infraestrutura, alinhando-os
por meio da cultura, princípios de gestão e governança.
A
Ponte Rio-Niterói é a principal via de comunicação entre as cidades do Rio de
Janeiro e Niterói, além do interior do estado do Rio de Janeiro, sobretudo a
Região dos Lagos e litoral Norte Fluminense. Inaugurada em 4 de março de 1974 a
maior ponte do Hemisfério Sul teve seu estudo de viabilidade econômica
financiado pela Finep. A obra é um marco extraordinário da engenharia nacional
e detém recordes importantes, como ter maior vão em viga contínua do mundo e
ser uma das maiores pontes do planeta em volume espacial. Grandioso, o projeto
pode ser dividido em três seções principais: a ponte sobre a baía da Guanabara
e as vias de acesso nas cidades do Rio e de Niterói. Engenheiros apontam os
nove quilômetros erguidos sobre o mar como a parte mais complexa de toda a
construção civil, por ter envolvido do ponto de vista técnico a perfuração do
subsolo oceânico na busca por um terreno rochoso que suportasse a estrutura da
ponte. Para fazer de carro a travessia Rio-Niterói antes da ponte, era preciso
fazer o percurso rodoviário em torno da longa volta na Baía de Guanabara, ou pegar uma grande barca, que navegava lentamente e transportava 54 veículos por vez, o que poderia levar até duas horas entre
espera e comunicação efetiva do transporte.
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Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Social. Niterói:
Universidade Federal Fluminense, 2012; HESPANHOL, Gian Carlo Maciel Guimarães, Um Estudo sobre o Pensamento Econômico de Delfim Netto. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História Econômica. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de História. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; ALVES, Priscila Castro, Qualidade de
Vida e Esgotamento Profissional do Professor Universitário. Tese de Doutorado.
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde. Uberlândia: Universidade
Federal de Uberlândia, 2017; REGO, Marcos Lopez; FAILLACE JUNIOR, José Ernesto
Mattoso, “Eu te Amo meu Brasil: O Projeto da Ponte Rio-Niterói como Símbolo do Desenvolvimento
e Aniquilação da Guanabara”. In: XLVI Encontro da Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, 21-23 de setembro de 2022; entre
outros.